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Controle de vocabulário Recuperação da informação Arquivologia Aguiar
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Manuela Eugênio Maia
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pela designação da rubrica. Ainda nessa perspectiva, Calderon (2003, p.89) corrobora com Ribeiro ao afirmar que embora, na estrutura do quadro de classificação, as informações sejam organizadas de modo lógico e hierárquico, refletindo as funções e as atividades de uma organização e situando os documentos em suas relações, [...], por não haver base temática no quadro, isso diferencia dos sistemas de classificação e o torna insuficiente como instrumento para recuperação de assuntos. Monção (2006) afirma que na classificação, o Assunto é uma das categorias que a constitui. Todavia conforme aponta a literatura (SCHELLEMBERG, 2004; BEARMAN, 1985-1986; LODOLINI, 1991, CRUZ MUNDET, 1997, DUCHEI, 1977, 1992; entre outros (MONÇÃO, 2006, p.40). Complementa ao dizer que o Assunto não tem a mesma legitimidade das 192 categorias estrutural e funcional. Ele aparece como opção, para circunstâncias [...]” (MONÇÃO, 2006, p.40). Monção (2006) conclui ao afirmar que o “Assunto é o elemento que fornece acesso pontual; portanto, Assunto é uma atividade complementadora, na metalinguagem da área” (MONÇÃO, 2006, p.44) (grifo do autor). Monção (2006) parte da “premissa que a organização que parte do nível da série traz consigo o resgate da dimensão do conteúdo do documento arquivístico enquanto critério, o qual, por sua vez, tem no Assunto um de seus pontos de acesso” (MONÇÃO, 2006, p.41) (grifo do autor). Monção (2006, p.44) aponta a importância de compreender melhor as diferenças e relações entre as categorias função e assunto. Segundo a autora a função é um conceito chave nas práticas de organização de documentos arquivísticos – ele orienta os métodos de organização dos acervos arquivísticos e possibilita “identificar o valor do documento e a série documental, dando visibilidade às atividades desenvolvidas pelo produtor do arquivo e a relação de um documento com outro” (MONÇÃO, 2006, p.44). Monção (2006) afirma em seu estudo que o Assunto, “embora sem um consenso no nível conceitual, está inserido no fazer arquivístico.[...] o grande desafio da pesquisa sobre o Assunto em arquivos é delimitar o seu escopo semântico, ou seja, as significações que ele abarca e o seu escopo metodológico, relativamente à noção corolária, Função” (MONÇÃO, 2006, p.42) (grifo do autor). Gonçalves (1998, p.23) ressalta que No âmbito arquivístico, o emprego do termo “assunto” gera inúmeras confusões, sendo ora entendido como função, ora como “tema”. Seria conveniente que o uso do termo “assunto” fosse evitado, pois se refere, mais propriamente, ao conteúdo estrito de um documento. Assim, um relatório sobre as atividades de alunos e professores de uma escola municipal nas comemorações do Dia da Brasilidade estará associado à função “desenvolvimento de atividades pedagógicas” (ou outra 193 similar), mas poderá ser remetido a “assuntos” ou temas diversos (ensino, civismo, nacionalismo, etc). A exposição feita por Gonçalves (1998) sugere a utilização do vocabulário controlado como um instrumento de recuperação temática da informação arquivística de modo a ampliar a representação de conteúdos documentais (“esgotar um tema”) e possibilitar a busca através de diversos pontos de acesso temáticos. Segundo a autora a noção de assunto na literatura é “pouco expressiva”. Mas já possui legitimidade na agenda investigativa da área ao apontar os autores Herrera (1995) e Fernanda Ribeiro (2003), além dos trabalhos apresentados no evento I soggetti e altri apparati di indicizzazione in archivistica: ipotesi di lavoro, contribuindo como “dispositivo intelectual capaz de trazer a lume entendimentos que podem concorrer, significativamente, para a legitimação acadêmico-científica, por assim dizer, da noção de Assunto” (MONÇÃO, 2006, p.37). Ao discutir a pertinência da categoria Assunto nas práticas organizativas da arquivística, é importante diferenciar os termos “fundo documental” e “coleção”. O conceito de “fundo” na arquivística opõe-se a acepção de “coleção”, o primeiro compreende um conjunto de documentos produzidos, acumulados e organizados involuntariamente num contexto organizacional, ou seja, reflete o contexto funcional, orgânico e estrutural de um conjunto de documentos – o fundo documental. Enquanto que coleção é a reunião de documentos, sua organização é orientada pela identificação de elementos informativos de natureza temática (pode-se atribuir o tema a partir dos elementos informativos: cronologia, geográfico, ou assunto), pode estar atrelado a uma política de aquisição e desenvolvimento de coleções. Pode-se dizer que o tratamento inadequado de um acervo (fundo) arquivístico pode torná-lo apenas uma coleção de itens documentais, caso não seja considerado o princípio da proveniência (respeito aos fundos) como elemento norteador para classificar, avaliar e descrever documentos arquivísticos. 194 Silva (2002) afirma que “a noção muito usada de coleção, aplicada, de início, sincreticamente, a livros, documentos e objectos vários, passou ao longo do século XX a servir de linha separadora do patrimônio cultural bibliográfico e museístico do patrimônio arquivístico (diplomas e documentos régios, jurídico- administrativos e políticos, [...]. Quando Natalis de Wailly desenvolveu o conceito de fundo para organização de arquivos”. Nesse sentido coleção e colecionismo ficaram conotados com a acumulação intencional, aleatória e temática de objectos, enquanto fundo tem, [...] “pretereintencional” e não temático, ou seja, os documentos são supostamente produzidos como conseqüência de uma ordem (e rotina) administrativa e institucional anterior à vontade das pessoas ou dos funcionários que os produzem série”. (SILVA, 2002, p. 575) Caya (1982) contrapõe a utilização do assunto como método para organização de documentos arquivísticos ao afirmar que “[...] todo documento de arquivo faz parte de um conjunto definido pelo contexto no qual foi criado, o assunto propriamente não constitui nunca o elemento descritivo mais importante; as descrições do contexto e da operação que o produziu não têm nenhum sentido fora da realidade que ele reflete” (CAYA, 1982 apud BELLOTTO, 1988, p.67). Acrescenta ao dizer que “a descrição do material arquivístico depende mais da estrutura do conjunto dos documentos do que dos assuntos abordados pelos componentes” (CAYA, 1982 apud BELLOTTO, 1988, p.67-68) Segundo Ducheim (2003) “se em lugar deste método, fundamentado sobre a natureza das coisas, se propusesse uma ordem teórica, como seria o caso dos temas ou dos assuntos, os arquivos cairiam em uma desordem difícil de remediar” (DUCHEIM, 2003, p.3 apud LEÃO, 2006, p.28). Em diversas épocas, em especial no final do século XIX os acervos arquivísticos eram organizados com base nos princípios da classificação do conhecimento (CDD, CDU). A utilização do princípio temático como prática organizativa das instituições arquivísticas foi responsável pelo obscurecimento e destruição da inteligibilidade funcional, orgânico e estrutural de muitos 195 acervos arquivísticos antes da inauguração do “princípio da proveniência criado pelo historiador francês Natalis de Wally em 1841”. A classificação temática é fruto do projeto positivista do século XIX, sendo adotado para subsidiar a pesquisa historiográfica – a partir do olhar da disciplina (história) e do historiador, era considerado o conteúdo informacional, independente de seu contexto. Nesse sentido complementa Silva et al (2002, p.108) ao dizer que a influência do positivismo preconizou “a verificação documental como método ao serviço da análise histórica, [vindo