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Controle de vocabulário Recuperação da informação Arquivologia Aguiar
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Manuela Eugênio Maia
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estática e fisicista concernentes aos elementos: documento, acervo e dos estoques para uma visão que contemplem o deslocamento, conforme demonstra a figura a seguir (Idem). Documento Informação Acervo Usuário Estoque função e utilização da informação Figura 2. Mudanças de paradigmas Fonte: (Smit, 2000, p.5) Smit (2000) afirma que a sedimentação das práticas profissionais, a bibliografia própria, os eventos científicos promovidos isoladamente e as associações profissionais contribuem para o isolacionismo dos profissionais arquivistas, bibliotecários/documentalistas e museólogos ao obstruírem os fluxos e as trocas de informações (SMIT, 2000, p.28). Ribeiro (2004a) ressalta que o deslocamento da noção estática do documento em direção de uma noção orientada pela dinâmica informacional, impacta diretamente no perfil do Profissional da Informação, em especial do Arquivista, ao dizer que tal ênfase dada à informação, pressupõe a formação de um perfil profissional capaz de gerir e manipular informações, esse modelo formativo contrapõe com um modelo estático do “tradicional arquivista, conservador de testemunhos ou guardador de documentos”. Enfatiza ao dizer que “a própria designação “arquivista” perde sentido se passarmos a falar de informação contextualizada e pensada sistemicamente, pois a distinção ou a fronteira entre arquivos, bibliotecas ou centros de documentação é tênue, imprecisa, ou mesmo desprovida de fundamento [...]” (RIBEIRO, 2004, p.9). De acordo com Pinheiro e Fonseca (2002) “a idéia de promover uma cooperação entre os trabalhos desenvolvidos por arquivos, bibliotecas e outros organismos de documentação surge em 1934 com Paul Otlet no Traité de 34 Documentation” (PINHEIRO, 2002; FONSECA, 1979 apud MATOS; CUNHA, 2003, p.1). O “Traité de Documentation” expressa os ideais e idéias da disciplina Documentação, surgida no final do século XIX enquanto disciplina, com a finalidade de instituir novas práticas para satisfazer as necessidades de recuperação e disseminação de conteúdos documentais, contribuindo para minimizar os efeitos resultantes do “caos documentário”. Em oposição à concepção organizativa orientada e centrada no e para o acervo, a Documentação inaugurou uma preocupação central: a organização de conteúdos informativos orientados para a transferência e uso social dos conteúdos dos documentos. A discursividade da Documentação impôs o (re)conhecimento dos conteúdos informativos dos registros documentais e forçou o deslocamento do paradigma do ‘documento’ para o paradigma da ‘informação’. Orientam-se suas ações a partir da valorização dos conteúdos documentais em detrimento da perspectiva descritiva e físicista do documento defendido por muito tempo pela Biblioteconomia e a Arquivística. Para responder as demandas informacionais exigidas pelo dinâmico contexto técnico-científico, surgiram os Centros de Documentação para operacionalizar os construtos teóricos, conceituais, técnicos e metodológicos promulgadas pela Documentação. São concebidos como um sistema de tratamento e organização orientado para a disseminação de conteúdos documentais, visando superar os modelos estáticos e conservadores dos estoques de registros do conhecimento. Enquanto as bibliotecas tradicionais desenvolviam práticas organizativas em torno das ações de coleta e desenvolvimento de coleções das generalidades do conhecimento humano, os Centros de Documentação, desde seu surgimento, desenvolveram ações organizativas em torno da informação científica e especializada, enfatizando o tratamento temático dos conteúdos documentais e a elaboração de técnicas de análise e indexação com a finalidade de otimizar os fluxos de produção e recuperação de informação e de conhecimentos especializados. Os ideais da Documentação promulgadas por Otlet e La Fontaine instauraram uma nova visão paradigmática ao ampliar a noção de documento, 35 e ao valorizar o acesso e divulgação de seus conteúdos em substituição de uma concepção historicista, culturalista, operacionalizada pelas práticas e atividades de organização e tratamento de documentos. A Documentação ao re (visitar) o conceito de documento e implementar a noção do conteúdo como elemento indissociável do conceito de documento e o consagramento da informação, contribuiu para insinuar uma visão sistêmica acerca das instituições Arquivísticas, Bibliotecas e Centros de Documentação a partir da 'informação' como dispositivo integrador. Em Conferência realizada pela UNESCO no ano de 1974, afirmou-se a necessidade da “definitiva integração dos serviços de bibliotecas, informação e arquivos [e que] esse princípio de integração não deveria ser apenas retórico, mas de adoção indispensável, em nível organizacional e em termos de política de planejamento, pesquisa e de formação de recursos humanos” (COSTA, 1990, p.146). Segundo Silva e Ribeiro a partir de 1974, foram realizados diversos eventos com a finalidade de formalizar e integrar esforços para a harmonização dos programas de ensino das áreas de Biblioteconomia e Arquivologia (SILVA, RIBEIRO, 2002, p.137). Fonseca (1979) “classifica de "coroamento" das iniciativas já referidas, a realização da Conferência Inter-governamental sobre a Planificação das Infra- estruturas de Documentação, de Bibliotecas e de Arquivos, organizada pela Unesco” (MATOS; CUNHA, 2003, p.1). “[...] Nesta perspectiva, durante a Conferência Geral da Unesco, em sua 19ª seção, foi criado o Programa Geral de Informação [...], reforçando a necessidade de cooperação mais estreita entre as diversas profissões consagradas à informação” (MULLER, 1984 apud MATOS; CUNHA, p.1). Os empreendimentos investigativos com a finalidade de compreender as questões sobre distanciamentos, aproximações, diferenças e similaridades institucionais entre arquivos, bibliotecas contou com a participação de diversos autores, Mason (1990), Ponjuán Dante (1993), Smit (1993, 1994, 1997), Welch (1994), Zitara (1994), Valentim (1995), Marchiori (1996) e Guimarães (1997), com sistematização teórica acerca do assunto em questão (GUIMARÃES, 2000, 54). Guimarães (2000) afirma que o 36 rol das chamadas Três Marias”, elucidativa metáfora proposta por Johanna Smit (1993), foram norteadas por questões ligadas ao Poder Público, [...] em atividades geralmente ao bom andamento da Administração Pública, [...] em constantes duelos com teóricos entre a formação humanista e a técnica, e com uma imagem profissional ainda não muito clara no âmbito da sociedade. [...] (GUIMARÃES, 2000, p.55). Embora, considerando alguns estudos que estabelecem proximidades e interfaces de objetivos institucionais entre bibliotecas, centros de documentação e arquivos (Bernam 1993, Mueller 1984, Tees 1988 e 1991) (SMIT, 2000, p.29). São evidenciadas na literatura nacional, discussões que buscam enfatizar mais as diferenças do que as semelhanças entre ambas. As diferenças evidenciadas na literatura apontam para a distinção entre os documentos custodiados por essas instituições, ao privilegiarem a origem e a função dos documentos como elementos norteadores para demarcação das diferenças e, conseqüentemente, dos princípios teóricos e metodológicos aplicados nos processos de organização e representação dos conteúdos documentais em cada uma delas, além de delimitar espaços de atuação profissional entre Arquivistas, Bibliotecários e Documentalistas. Reiterando essa idéia Smit (2000, p. 8), afirma que por tradição evidenciam-se diferenças e especificidades das práticas dos profissionais que atuam nessas instituições em detrimento das semelhanças.