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1 Capítulo V - FUNÇÕES QUÍMICAS INORGÂNICAS Ementa: Funções inorgânicas - Diferenciação e propriedades Os compostos da química inorgânica estão divididos em quatro grupos, segundo o conceito de Arrhenius: ácidos, bases, sais e óxidos. Cada um dos compostos destes grupos recebe um sistema de nomenclatura dinâmica, baseado na composição da espécie em questão e no número de oxidação (NOx). a) ÓXIDOS São substâncias formadas por apenas dois tipos de elementos químicos, sendo que o oxigênio é o elemento mais eletronegativo. São divididos em 5 subgrupos: Óxidos Básicos, Óxidos Ácidos, Óxidos Neutros, Óxidos Anfóteros e Óxidos Salinos (ou Duplos). Óxidos básicos São formados por metais das famílias 1A ou 2A + oxigênio. Esses óxidos reagem com a água para formar bases e reagem com ácidos para formar sal + água. Óxido de (Nome do Metal) - o nome do metal poderá ser acompanhado pelos sufixos OSO/ICO ou NOx em algarismos romanos quando o metal tiver mais de um NOx. Exemplos e nomenclatura de óxidos básicos Óxido de sódio Na2O Óxido de magnésio MgO Óxido de ferro II ou Óxido ferroso FeO Óxido de ferro III ou Óxido férrico Fe2O3 Óxidos ácidos (também chamados Anidridos) São formados por oxigênio + ametal e reagem com a água para formar ácidos. (Mono/Di/Tri/Tetra/etc...) + óxido de + (Mono/Di/Tri/Tetra/etc...)(Nome do Ametal) Em alguns casos, usa-se o nome anidrido, normalmente para ametais que formam vários óxidos. anidrido + [hipo ou per](Nome do Ametal)(ico ou oso) Exemplos e nomenclatura de óxidos ácidos anidrido bórico B2O3 anidrido carbônico ou dióxido de carbono CO2 anidrido nitroso N2O3 anidrido nítrico N2O5 ou pentóxido de dinitrogênio anidrido sulfuro SO2 anidrido sulfúrico SO3 trióxido sulfúrico anidrido hipocloroso Cl2O anidrido cloroso Cl2O3 anidrido clórico Cl2O5 anidrido perclórico Cl2O7 Óxidos neutros Não reagem com a água, mas reagem com oxigênio quando for possível aumentar o NOX do cátion. Muitas vezes não existe uma regra geral para estes compostos. Exemplo: - CO - monóxido de carbono 2 - NO - óxido nítrico - NO2 - dióxido de nitrogênio Óxidos Anfóteros Reagem com a água podendo formar ácidos ou bases. Exemplo: ZnO - óxido de zinco. Óxidos salinos (ou duplos) São formados da junção de dois óxidos, do mesmo metal, com nox diferentes. Reagem apenas com ácidos fortes. Com exceção do Pb2O3, os cátions possuem NOX +8/3. Óxido + duplo/salino de + nome do metal + nox dos óxidos formadores Exemplo: - Fe3O4 - óxido duplo de ferro II-III - Pb2O3 - óxido salino de chumbo II-IV Peróxidos São compostos inorgânicos que possuem em sua estrutura (O2) -2 + metal. O NOx do oxigênio nestes compostos vale -1. Nomenclatura - (Peróxido de) + (nome do metal) Exemplos: - H2O2 - peróxido de hidrogênio (água oxigenada); - Na2O2 - peróxido de sódio; - MgO2 - peróxido de magnésio. Obs.: apesar das fórmulas possuírem índices iguais, não podemos simplificá-las como escrever HO ao invés de H2O2, pois a simplificação não mostra a realidade do composto Caráter ácido e básico dos óxidos - Óxido básico ou óxido iônico: metal de nox baixo + oxigênio Óxido Básico + água = Na2O + H2O --> 2 NaOH Óxido Básico + Ácido = Na2O + H2SO4 --> Na2SO4 - Óxidos ácido: não metal, semi metal ou metal de nox 4 + oxigênio Os óxidos reagem com água tanto produzindo ácidos quanto produzindo bases. Os óxidos de metais geralmente produzem bases em águas e reagem com ácidos (produzindo sal+água) – são chamados óxidos básicos: MgO + H2O -> Mg(OH)2 MgO + 2 HCl -> MgCl2+ H2O Os óxidos de não metais geralmente reagem com a água produzindo ácidos e também reagem com bases (produzindo sal+água) – são chamados óxidos ácidos: SO2+ H2O -> H2SO3 CO2+ NaOH -> Na2CO3+ H2O Os óxidos de alguns elementos entre metais e não metais reagem tanto com bases quanto com ácido, sendo substâncias anfotéricas: Al2O3+ 6 HCl -> 2 AlCl3+ 3 H2O 3 Al2O3+ 2 NaOH + 3H2O -> 2 Na[Al(OH)4] A Figura 1 mostra a distribuição do caráter ácido na Tabela Periódica. Figura 1 – O caráter ácido e básico dos óxidos na Tabela Periódica nox +1 +2 +3 Consultar Peter Atkins - Princípios de Química pg 105-111 ver item J.4 e figura J.3 Exemplos 1 - Dar a nomenclatura para: a) CuO; b) Ag2O; c) CO2; d) K2O 2 - Escrever a fórmula de: a) óxido de magnésio; b) óxido de lítio; c) óxido niquélico; d) óxido cobaltoso B) BASES Base é um composto que recebe prótons do ácido e se dissocia em água liberando íons hidróxido (OH - ) como único ânion. Classificação de bases - de acordo com o número de hidroxilas: monobásica ou base monohidroxilada (hidróxido de amônio NH4OH; hidróxido de sódio NaOH), dibase (hidróxido de cálcio Ca(OH)2; hidróxido de ferro II ou hidróxido ferroso Fe(OH)2), tribase (hidróxido de ferro III ou hidróxido férrico Fe(OH)3, hidróxido de alumínio Al(OH)3) e tetrabase (Sn(OH)4); - de acordo com a força: bases fortes (hidróxidos de metais alcalinos), bases moderadas (hidróxidos de metal alcalino terrosos) e bases fracas (hidróxido de amônio e demais bases); - de acordo com a solubilidade: solúveis (hidróxidos de metais alcalinos e hidróxido de amônio), parcialmente solúveis (hidróxido de metais alcalino terrosos) e pouco solúveis (as demais). Nomenclatura de bases 1ª maneira: 4 - Hidróxido de (Nome do metal ou grupo ligado á hidroxila) - usado quando o metal ou grupo ligado à hidroxila possui apenas um NOx. Exemplos: - hidróxido de sódio (NaOH); - hidróxido de amônio (NH4OH); - hidróxido de alumínio (Al(OH)3) 2ª maneira (quando o metal tem 2 NOx): Hidróxido de (nome do metal) seguido do sufixo oso (para o menor NOx) ou ico (para o maior NOx) Exemplos - hidróxido férrico {Fe(OH)3} - ferro (Fe) com NOx = +3; - hidróxido ferroso {Fe(OH)2} - ferro (Fe) com NOx = +2. 3ª maneira (quando o metal tem 2 ou mais NOx): Hidróxido de (nome do metal) + NOx em algarismos romanos (opcionalmente entre parêntesis) - hidróxido de ferro (III) {Fe(OH)3} - ferro (Fe) com NOx = +3; - hidróxido de ferro (II) {Fe(OH)2} - ferro (Fe) com NOx = +2. Observação - Como a carga da Hidroxila, (OH) - , é sempre igual a -1, para identificar o NOx do metal ou grupo ligado à hidroxila, basta olhar qual o índice do grupo OH - (na fórmula): - KOH - como não há índice no grupo OH - , indica que a carga do metal potássio é +1; - Ca(OH)2 - o índice 2 indica que a carga do cálcio é +2; - Al(OH)3 - o índice 3 indica que a carga do alumínio é +3; - Pb(OH)4 - o índice 4 indica que a carga do chumbo é +4. Indicadores ácido-básico Indicador Cor ácida Cor básica Fenoftaleína Incolor Vermelho Tornassol Vermelho Azul Alaranjado de metila vermelho Amarelo Exemplos 1 - Dar a nomenclatura para: a) Cu(OH)2; b) AgOH; c) Pb(OH)4; d) KOH 2 - Escrever a fórmula de: a) hidróxido de magnésio; b) hidróxido de lítio; c) hidróxido niquélico; d) hidróxido cobaltoso C) ÁCIDOS É um composto que contem hidrogênio e reage com água para formar íon hidrogênio (íon H + também chamado de próton e pode ser representado como o íon H + hidratado = íon oxônio ou hidrônio H3O + ) HNO3 + H2O H + + NO3 - (reação química simplificada mostrando próton ou íon hidrogênio) HNO3 + H2O H3O + + NO3 - (reação química completa mostrando o íon hidrônio)5 Classificação de ácidos 1 - quanto ao número de elementos químicos binário (HCl, H2S), ternário (HNO3, H2SO4) e quaternário (HCNO ácido ciânico, HCNS ácido tiociânco). 2 - quanto ao número de hidrogênios ionizáveis monoácido (HNO3, HClO, H3PO2), diácido (H2CO3, H3PO3), triácido (H3PO4), tetrácido (H4SiO4, H4P2O7). 3 - quanto a presença de oxigênio no ânion - Hidrácidos (não apresentam átomos de oxigênio, formados por hidrogênio mais um elemento) . Exemplo: (HCN) - Oxiácidos (apresentam átomos de oxigênio; formados por hidrogênio, oxigênio mais um elemento). Exemplo: HClO4 4 - quanto a força forte (HCl. HBr, HI, HNO3), semi forte (HNO2) e fraco (HCN, H3BO3). Nomenclatura de ácidos Ácido + nome do ânion trocando a terminação Terminação do ânion Terminação do ácido eto (hidrácido) idrico (hidrácido) ito (oxiácido) oso (oxiácido) ato (oxiácido) Ico (oxiácido) Nomenclatura dos Hidrácidos Ácido + Nome do elemento químico ligado ao hidrogênio + ídrico Exemplos: - ácido clorídrico (HCl); ácido bromídrico (HBr) - ácido fluorídrico (HF); ácido iodídrico (HI) - ácido sulfídrico (H2S); ácido cianídrico (HCN) Nomenclatura dos Oxiácidos Ácido + prefixo (se necessário) + elemento central + sufixo De acordo com o elemento central (o primeiro é o hidrogênio e o terceiro é o oxigênio) temos o prefixo OSO para o menor NOx (Número de Oxidação) e ICO para o maior NOx: - Coluna 14 ou 4A: - ácido carbônico (H2CO3) - carbono (C) com Número de Oxidação (NOx) = +4 (único ácido inorgânico com carbono). - Coluna 15 ou 5A: - ácido nitroso (HNO2) - nitrogênio (N) com NOx = +3; - ácido nítrico (HNO3) - nitrogênio (N) com NOx = +5. - Coluna 16 ou 6A: - ácido sulfuroso (H2SO3) - enxofre (S) com NOx = +4; - ácido sulfúrico (H2SO4) - enxofre (S) com NOx = +6. 6 - Coluna 17 ou 7A: - ácido hipocloroso (HClO) - cloro (Cl) com NOx = +1 (o prefixo HIPO é obrigatório quando temos o elemento central com carga 1); - ácido cloroso (HClO2) - cloro (Cl) com NOx = +3; - ácido clórico (HClO3) - cloro (Cl) com NOx = +5; - ácido perclórico (HClO4) - cloro (Cl) com NOx do Cl = +7 (o prefixo PER é obrigatório quando temos o elemento central com carga 7, como em Permanganato de potássio). Observações - seguem a mesma nomenclatura os ácidos formados pelos elementos iodo (I) e bromo (Br), pertencentes também à coluna 17 ou 7A; - o elemento flúor (F) também pertencente à coluna 17 ou 7A não forma oxiácidos. Exemplo 1 - Dar a nomenclatura para: a) H2S; b) H2SO3; c) H2SO4; d)HClO4 D) SAIS Compostos inorgânicos com um pelo menos um Cátion diferente de H+ e pelo menos um ânion diferente de (OH) - . Obtenção de sais Podem ser obtidos pela neutralização entre um ácido e uma base → sal + água HCl + NaOH NaCl + H2O HNO3 + Ba(OH)2 Ba(NO3)2 + 2 H2O Fe(OH)3 + H2SO4 Fe2(SO4)3 + 3 H2O Classificação de sais a) quanto a natureza dos íons presentes a1) sal neutro: produto da neutralização completa (NaCl, K3PO4); a2)sal ácido (ou hidrogenossal): possuem íon H + (NaHCO3, BaHPO4); a3) sal básico (ou hidroxissal): possuem íon OH - (CaOHCl, Al(OH)2Br); b) quanto a solubilidade b1) solúvel (sal de metal alcalino, de amônio, nitratos e acetatos); b2) pouco solúveis (consultar tabela de solubilidade devido as inúmeras exceções). Nomenclatura de sais Considerando os 3 subgrupos: Sais neutros, Sais ácidos e Sais básicos, cada grupo apresenta uma diferença na nomenclatura, pois a nomenclatura depende dos reagentes envolvidos da reação de neutralização que formam o sal em questão. Sais neutros Uma reação comum de formação de sais é: ácido + base = sal + água. Assim, o nome do sal deriva do ácido e da base que o formam. A primeira parte do nome do sal (ânion) deriva do ácido, com a seguinte variação: Sufixo do sal | Sufixo do ácido eto | ídrico ito | oso ato | ico Exemplo 7 HCl + NaOH = NaCl + H2O Ácido + Base = Sal + Água ácido clorídrico + hidróxido de sódio = cloreto de sódio + água O ácido clorídrico doou o ânion Cl - que passou a chamar cloreto; O hidróxido de sódio doou o cation Na + , que manteve o nome, sódio. Sais Ácidos ou Hidrogenossais São sais provenientes da neutralização parcial de um ácido, resultando num sal que possui pelo menos um átomo de hidrogênio que não foi neutralizado pela base. Sal = (Mono/Di/Tri/etc. Hidrogeno) + (Nome do ânion) + (Nome do Cátion) Exemplo H3PO4 + NaOH = NaH2PO4 + H2O (Ácido) + (Base) = (Sal ácido) + água (Ácido fosfórico) + (Hidróxido de sódio) = (Diidrogeno fosfato de sódio) + água NaH2PO4 - Diidrogeno fosfato de sódio (cuidado para não colocar o h do hidrogeno, pois não existe em português desta forma!!!); Obs.: nomenclatura comum para sais ácidos: NaHCO3 - hidrogeno carbonato de sódio (nome oficial), bicarbonato de sódio (nome comum), carbonato ácido de sódio (nome comum). Sais básicos ou hidroxissais São sais provenientes da neutralização parcial de uma base, resultando num sal que possui pelo menos uma hidroxila que não foi neutralizada pelo ácido. (Mono/Di/Tri/etc. + hidróxi) + (nome do ânion) + (nome do cátion) Exemplo HNO3 + Ca(OH)2 = Ca(OH)NO3 + H2O (Ácido) + (Base) = água + (Sal básico) (Ácido nítrico) + (Hidróxido de cálcio) = (hidróxi nitrato de cálcio + água) Obs.: podemos também escrever monoidróxi nitrato de cálcio. Pb(OH)3Cl - triidróxi cloreto de chumbo IV (ou plumbico); Pb(OH)2Cl2 - diidróxi cloreto de chumbo IV (ou plumbico). Obs.: nomes comuns para sais Pb(OH)3Cl - cloreto tribásico de chumbo IV (ou plumbico); Pb(OH)2Cl2 -cloreto dibásico de chumbo IV (ou plumbico). D) HIDRETOS METÁLICOS São compostos inorgânicos nos quais temos um metal ligado ao hidrogênio, tendo o hidrogênio NOx = -1. Nomenclatura - (Hidreto de) + (nome do metal) Exemplos: - NaH - hidreto de sódio; - LiH - hidreto de lítio; - KH - hidreto de potássio; - MgH2 - hidreto de magnésio E) NITRETOS 8 Nitretos são compostos inorgânicos que apresentam como anion o elemento nitrogênio com estado de oxidação -3 (N -3 ) geralmente ligado a metais. Estes compostos têm uma vasta gama de propriedades e aplicações. Entre estas, pode-se citar: • refratários • lubrificantes - BN • ferramentas de corte - Si3N4 • isolantes - BN, Si3N4 • semiconductores - GaN, AlN • tratamento de metais(metal coatings) - TiN, Fe2N • células de combustíveis, Li3N Esta família de compostos, que possui o nitrogênio na sua composição, em particular com elementos que possuem eletronegatividade menor ou igual a do nitrogênio. Dependendo do elemento ligante, os nitretos formados podem ser classificados em 5 categorias (Figura 2.), dependendo da sua estrutura eletrônica e do tipo de ligação em: • intersticiais, • covalentes, • intermediários, • iônicos (saltlike) • voláteis. As propriedades físicas e químicas dos nitretos estão diretamente relacionadas com: i - diferença de eletronegatividade entre os elementos formadores, ii - diferença de de raio atômico e iii - natureza da ligação química. Quando o nitrogênio combina-se com metais, de tal forma que a diferença de eletronegatividade e raio atômico são grandes, o nitrogênio tende a acomodar-se nos interstícios da rede metálica. Já quando esta diferença é pequena, o nitreto formado é essencialmente covalente, nesta incluem-se os do Grupo 13 (B, Al, Ga, In e Tl), e são compostos não metálicos. Os metais de transição,Grupo 3 a 12, formam os nitretos intermediários que se decompõem rapidamente e são quimicamente instáveis (Co, Mn, Fe e Ni). Finalmente, os nitretos formados a partir dos metais alcalinos têm características puramente iônicas. De particular interesse devido às suas implicações tecnológicas, o nitreto intermediário formado pela presença do N na rede cristalina do Fe e pela própria estrutura pode levar o material formado, da condição de ferromagneto fraco para um ferromagneto muito forte. Além das implicações práticas imediatas destes efeitos, o interesse na investigação das propriedades deste nitreto (Fe-N) se deve também ao fato de ser o Fe o mais barato dos materiais magnéticos. Outra família que tem atraído o interesse da indústria são os nitretos semicondutores, que se enquadram nos chamados semicondutores de “gap” largo (wide bandgap semiconductor - WBG), juntamente com o carbeto de silício, SiC, por terem a energia do gap Eg variando na faixa de 0, 7 − 6, 2 eV . Além do seu alto gap, os nitretos apresentam alta ionicidade, ligações químicas muito curtas, baixa compressibilidade, boa estabilidade térmica e são inertes a ataques químicos e de radiação. Some a isso não representam risco ao meio-ambiente. Os nitretos - AlN, GaN, InN e suas ligas ternárias e quaternárias são também conhecidos como semicondutores do grupo 13 a 15. Como o nome sugere, o alto 9 "’gap"’ de energia implica em comprimentos de onda de emissão/absorção que são compatíveis com dispositivos ópticos. Semicondutores típicos desta classe, emitem/absorvem comprimentos de onda na faixa do visível, verde/azul e comprimentos ainda mais curtos como na faixa do violeta ao ultravioleta. Outra característica importante destes compostos 13 a 15, que representa uma vantagem sobre os outros WBG é a sua alta seletividade espectral, devido a seu gap ser do tipo direto, permitindo assim um controle fino da frequência de corte, controlando-se apenas a composição molar de sua liga ternária (Ex.: AlxGa1−xN) e a facilidade para se construir dispositivos de heterojunção. Estas propriedades os tornam potenciais candidatos para o desenvolvimento de dispositivos optoeletrônicos e dispositivos eletrônicos para altas potências e temperaturas. Como exemplo de aplicação tecnológica dos semicondutores de alto “gap” os LEDs azuis são um bom representante e, além deste, tem-se: dio- dos laser, fotodiodos, sensores fotocondutivos, dispositivos de modulação óptico-óptico, SAW (surface acoustic waves) entre outros. Os dispositivos emissores de luz baseados em semicondutores são em geral pequenos, leves e de vida média longa quando comparados com outras fontes de luz. Em particular, os semicondutores de alto “gap” tem adquirido uma importância muito grande na indústria eletrônica como fontes de luz em displays coloridos, iluminação de luz branca, fontes de ultravioleta e lasers de diodo no azul-violeta para aplicações em DVD de alta densidade. Este interesse intenso nestes materiais só veio a acontecer depois da experiência de sucesso que criou o led azul em 1990. Além das aplicações para emissão/absorção de luz, tem-se utilizado das suas propriedades piezoelétricas para a fabricações de dispositivos eletroacústicos para aplicações em altas frequências como filtros de rf, sensores e dispositivos MEMS. Fonte consultada Caracterização Óptica e Morfológica de MicroestruturasAutoorganizadas e Filmes de Óxido de Zinco (ZnO) Fabricados por Pirólise com Nebulizador Ultrassônico. Autor: Thiago Gomes da Silva Disponível em:<http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/23964/dissertacao%20thia go%20Gomes%20da%20Silva%20fisica.pdf;jsessionid=7EA29486AEDF9943D49195 E42D5CA36C?sequence=1> Alguns Conceitos Sobre Semicondutores e Física do Estado Sólido A classificação dos sólidos cristalinos quanto à ocupação das bandas de energia pelos elétrons é a forma mais comum para um primeiro entendimento sobre possíveis propriedades intrínsecas desses materiais, como por exemplo, a sua condutividade elétrica e como esta se comporta mediante uma mudança de temperatura. Figura 2 - Classificação dos sólidos com relação à banda de energia proibida, separando-os em isolante a), semicondutor b) e condutor c) 10 Observando a Figura 2, que é um esquema de classificação dos sólidos cristalinos por meio da sua estrutura de bandas, vemos que a distinção entre um isolante e um semicondutor (casos a e b) geralmente se faz por meio da largura da banda de energia proibida, amplamente conhecida na literatura como energia de gap. Para um condutor (caso c) há a sobreposição das bandas, inexistindo uma banda proibida de energia e os elétrons podem se movimentar pelo sólido. Apesar dos semicondutores já terem sido intensamente estudados, ainda existe uma grande divergência por parte dos pesquisadores para se estabelecer um limite superior da energia de gap que diferencie isolantes de semicondutores. Materiais semicondutores são aqueles com energia de gap de até 2 eV. A partir da teoria dos sólidos para elétrons quase-livres, na qual os elétrons das camadas mais externas sofrem fraca interação com os núcleos atômicos, temos a definição dos semicondutores homogêneos como sendo materiais que possuem uma separação intermediária em escala de energia entre as bandas de valência e de condução, conforme visto na Figura 2(b). Na temperatura do zero absoluto (0K) todos os níveis de energia da banda de valência estão preenchidos, enquanto que os da banda de condução estão vazios. Neste caso, a energia inicial do sólido, conhecida por energia de Fermi (Ef), possui um valor igual a metade do valor de separação da energia de gap. Com o aumento da energia térmica os elétrons vencem a energia de gap, os níveis da banda de condução começam a ser preenchidos e consequentemente a condutividade elétrica do semicondutor aumenta. A dissipação elétrica no semicondutor existe, mas é superada pela quantidade de portadores que são gerados. O espaço deixado na banda de valência pelo elétron promovido à banda de condução também participa do processo comportando-se como uma carga positiva. Estes são conhecidos como buracos. Devido a esse crescimento na condutividade elétrica, que facilita a transição eletrônica para os níveis de condução, os semicondutores podem ser precursores de dispositivos que trabalham em temperaturas relativamente altas, quando comparados aos condutores, os quais possuem um aumento na resistividade elétrica, diminuindo o tempo médio entre colisões entre os portadores de carga e perdendo eficiência por efeito Joule. Usados também como chaveadores de corrente, como é o caso dos transistores, os semicondutores ganharam espaço e dominam o mercado de tecnologia de ponta e de novas áreas de pesquisa. Entretanto, na indústria, não somente a energia de gap, mas também a qualidade dos dispositivos está relacionada à facilidade de promoção dos elétrons vencendo a energia de gap e da recombinação dos portadores gerando fótons. Quando uma determinada forma de transferência de energia, como por exemplo, a injeção eletrônica ou radiação eletromagnética, é suficiente para excitar um 11 semicondutor além da sua energia de gap, a absorção dessa energia faz com que os elétrons da banda de valência sejam promovidos para a banda de condução, gerando assim um par elétron-buraco, o qual pode passar para um estado ligado, também conhecido por éxciton. Depois de um determinado tempo de relaxação, geralmente da ordem de nano a micro segundos, esses elétrons decaem para os níveis de valência gerando uma recombinação do par. Para materiais que têm gaps diretos, a excitaçãopode ser somente devido à fonte externa ao material e após a recombinação existe a emissão de um fóton por parte do semicondutor, com energia igual à energia da banda de gap característica desse semicondutor. Contudo, para materiais com gaps indiretos, como é o caso do silício e do germânio bulks, isto é, medidos a partir de uma quantidade espessa desse material, além da energia de gap, a energia do fóton deve ser acrescentada à energia de uma vibração intrínseca da rede do material. Por isso, materiais com gap indireto possuem menor probabilidade de recombinação com emissão de um fóton característico do semicondutor. F) BORETOS Em química um boreto é um composto entre o elemento boro e um elemento menos eletronegativo, geralmente um metal. É um grupo muito grande de compostos que são geralmente de ponto de fusão alto e não iônicos na natureza. Alguns boretos exibem propriedades físicas muito úteis, como alta dureza. A maioria dos metais forma pelo menos um boreto do tipo MB, MB2, MB4, MB6 ou MB12. Estes compostos apresentam uma grande variedade de estruturas, particularmente os hexaboretos que contêm grupos de átomos B6. O termo boreto é também livremente aplicado para compostos como B12As2 (Nota: o arsênio tem uma eletronegatividade mais alta que o boro) que é frequentemente citado como boreto icosaédrico. Variedades de compostos Os boretos podem ser classificados sem rigor como ricos em boro rico ou ricos em metal, por exemplo, o composto YB66 em um extremo até Nd2Fe14B no outro. A definição geralmente aceita é que se a proporção de átomos de boro de átomos de metal é 4:1 ou mais o composto é rico em boro, se é menor, então é rico em metal. Boretos ricos em boro (B:M 4:1 ou mais) Os principais grupos de metais, lantanídeos e actinídeos formam uma larga variedade de boretos ricos em boro, com razões metal:boro até YB66. As propriedades deste grupo variam de um composto para o próximo, e incluem exemplos de compostos que são semicondutores, supercondutores, diamagnéticos, paramagnético, ferromagneéticos ou anti-ferromagnético. Eles são principalmente estáveis e refratários. Quimicamente, os boretos são estáveis em ácidos monoxidantes, mas são atacados por agentes oxidantes fortes e por bases fortes. Todos os boretos metálicos são materiais duros, com altos pontos de fusão e com uma condutibilidade térmica idêntica à do metal que o constitui. Estes podem ser produzidos pela combinação direta dos elementos a temperaturas elevadas (2000ºC) ou, mais frequentemente, pela redução a temperaturas elevadas de uma mistura do óxido de metal e de óxido de boro na presença de carbono ou alumínio. 12 Industrialmente, os boretos de metais são usados como materiais refratários. Os mais importantes são CrB, CrB2, TiB2 e ZnB2. Normalmente, estes são produzidos recorrendo à metalurgia do pó a altas temperaturas, na qual o produto é fabricado num molde de grafite a mais de 2000ºC e a pressão muito elevada. REGRAS ÚTEIS PARA SOLUBILIDADE DE SAIS E FORÇA DE ÁCIDOS E BASES Regras de solubilidade em água Os sais dos metais alcalinos e de amônio são solúveis . Os nitratos (NO3 ), os acetatos (CH3 ), os cloratos (ClO3 - ) e os percloratos (ClO4 - ) são solúveis . Principais exceções: AgC2H3O2, KClO4 e NH4ClO4 Os cloretos (Cl ), os brometos (Br ) e os iodetos (I ), em sua maioria, são solúveis . Principais exceções: PbCl2, AgCl, CuCl e Hg2Cl2 insolúveis PbBr2, AgBr, CuBr e Hg2Br2 insolúveis PbI2, AgI, CuI, Hg2I2 e HgI2 insolúveis Os sulfatos (SO4 ), em sua maioria, são solúveis na água. Principais exceções: CaSO4, SrSO4, BaSO4 e PbSO4 insolúveis Os sulfetos (S ) e hidróxidos (OH ), em sua maioria, são insolúveis na água. Principais exceções: solúveis Sulfetos dos metais alcalino- solúveis solúveis Os carbonatos (CO3 ), os fosfatos (PO4 ), os sulfitos (SO3 2- ) e os sais dos outros ânions não mencionados anteriormente, em sua maior parte, são insolúveis na água. Exceções: Os sais dos metais alcalinos e de amônio são solúveis. Força Principais ácidos fortes: HCl, HBr, HI, H2SO4, HNO3 e outros ácidos oxigenados HxEOy Principais ácidos semifortes: 13 HF, H3PO4, H2SO3 e outros ácidos oxigenados HxEOy H2CO3 Principais ácidos fracos: H2S, HCN, CH3 xEOy Nota: Na fórmula HxEOy, x representa o número de átomos de H ionizáveis. Principais bases fortes: Bases dos metais alcalinos, Ca, Sr e Ba Principais bases fracas: NH4OH e todas as demais Volatilidade Todo composto iônico é não volátil. Portanto, os sais e os hidróxidos metálicos são não voláteis Principais ácidos voláteis: HF, HCl, HBr, HI, H2S, HCN, HNO2, HNO3 e CH3 Principais ácidos fixos ou não voláteis: H2SO4 e H3PO4 Única base volátil: hidróxido de amônio
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