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Política Social II: Revisão para AV1

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POLÍTICA SOCIAL II
Aula de Revisão AV1
Tema da Apresentação
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POLÍTICA SOCIAL II
Aula 1- Políticas sociais como espaço de lutas: O debate acerca do papel do Estado e as políticas sociais;
Aula 2- As políticas sociais no período do Estado Novo: o protagonismo da área de Previdência Social;
Aula 3: Histórico do Neoliberalismo;
Aula 4: O processo de contra-reforma do Estado: Seguridade social brasileira, mudanças no mundo do trabalho e ofensiva neoliberal;
Aula 5: Terceiro setor e o chamado às parcerias
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Aula 1- Políticas sociais como espaço de lutas: O debate acerca do papel do Estado e as políticas sociais
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Tema da Apresentação
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Compreender o papel do Estado e suas funções.
 Romper com o pensamento de que o Estado é um árbitro neutro, que apenas media conflitos, visando à manutenção da coesão social. Ele não pode ser considerado um árbitro neutro, porque congrega interesses de ambas as classes, sendo espaço também de conflitos.
 Compreender as políticas sociais como espaço de lutas de classes, que congregam o desejo dos governantes em manter a “paz social”, e, ao mesmo tempo, resultado da luta das classes trabalhadora por seus direitos.
 
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 As políticas sociais são, numa análise crítica, mecanismos que envolvem as demandas da população por seus direitos e, ao mesmo tempo, resposta dos governantes a estas demandas para a manutenção da “ paz social”.
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 O Estado não é uma espécie de “árbitro neutro”, acima de qualquer interesse, porque: 
Ele congrega interesses de ambas as classes, respondendo parte das demandas da classe trabalhadora de forma que também não ameace o poder dos governantes;
Essas respostas podem ser mais ou menos intensas, de acordo com a conjuntura política e social vivenciada, tendo como objetivo a regulação da força de trabalho, para a acumulação permanente de riquezas.
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Para Faleiros,
As políticas sociais do Estado não são instrumentos de realização de um bem-estar abstrato, não são medidas boas em si mesmas, como soem apresentá-las os representantes das classes dominantes e os tecnocratas estatais. Não são, também, medidas más em si mesmas, como alguns apologetas de esquerda soem dizer, afirmando que as políticas sociais são instrumentos de manipulação e de pura escamoteação da realidade da exploração da classe operária (2006, p.59-60).
A política social é um mecanismo permeado pela luta de classes, que por um lado legitima o papel do Estado perante as classes trabalhadoras, regulando a força de trabalho e, ao mesmo tempo, é resultado das reivindicações das classes trabalhadoras pela consolidação de seus direitos. Envolve contradições e conflitos.
		
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A política social é um mecanismo permeado pela luta de classes, que por um lado legitima o papel do Estado perante as classes trabalhadoras, regulando a força de trabalho e, ao mesmo tempo, é resultado das reivindicações das classes trabalhadoras pela consolidação de seus direitos. Envolve contradições e conflitos.
Por outro lado, essa legitimação só será eficaz se responderem as demandas reais da população mais empobrecida. Isso envolve negociações e conflitos, tentando chegar a um “denominador comum” que atenda aos interesses de ambas as classes, mesmo que seja de forma temporária.
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Aula 2- As políticas sociais no período do Estado Novo: o protagonismo da área de Previdência Social
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Economia agro-exportadora
Questão Social tratada como caso de polícia
As primeiras medidas sociais que foram tomadas (percebendo que a “questão social” não poderia ser mais tratada como um caso de polícia), tinham como objetivo a regulamentação das relações de trabalho, com legislações sociais, em especial na área de Previdência Social, destinada aos trabalhadores com registro formal em carteira de trabalho.
O período do Estado Novo inaugura no país uma nova forma de tratar os problemas sociais. Surgimento das grandes instituições sociais, que dariam conta de algumas alternativas na área de Assistência Social.
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 O Estado Novo.
O período iniciado em 1930 é considerado no Brasil como o período de surgimento das políticas sociais no país. A questão é que, no Governo Vargas, essas políticas diziam respeito especialmente às áreas de previdência social e também da saúde em menor grau. Ou seja, em relação às áreas que iriam compor, em 1988, nosso sistema de seguridade social, apenas a assistência não era uma área que tinha compromisso do Estado.
O marco da previdência social no Brasil é a promulgação da Lei Elói Chaves, em 1923, que cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAPs. As CAPs, organizadas por empresas e administradas e financiadas por trabalhadores e empresários. 
		
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O sistema público de previdência teve início com os Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs, já na década de 1960, estruturados por categorias profissionais, substituindo as CAPs gradativamente. A saúde pública, assim como a medicina previdenciária, estava vinculada aos IAPs. 
Em que consistia a diferença entre as CAPs e os IAPs?
CAPs: Organizadas por empresas e administradas/financiadas por trabalhadores e empresários. As primeiras CAPs criadas foram dos ferroviários e portuários, categorias profissionais estratégicas para a economia do período. Privilegiavam a assistência médica;
IAPs: Organizados por categorias profissionais, já com o Estado como um dos financiadores, junto com trabalhadores e empresários. Os primeiros IAPs criados foram os dos marítimos, comerciários e bancários. Privilegiavam a previdência social.
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Na área de assistência social, a criação da Legião Brasileira de Assistência – LBA, em 1942, como a principal instituição de assistência social, tinha como presidente a primeira-dama, Sra. Darcy Vargas. Seu objetivo era o de prestar assistência às famílias dos convocados para a Segunda Guerra Mundial. 
Ao término da Guerra, a assistência prestada pela instituição volta-se para a maternidade e infância. Assim como a LBA, outras instituições sociais foram criadas gradualmente, tais como SENAI, SESI e Fundação Leão XIII, entre outras.
Em termos de compromisso político com políticas sociais, a área que tinha maior protagonismo era a previdência social, até porque era importante para os governantes oferecer segurança aos trabalhadores com registro formal em carteira de trabalho. 
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	Antes de 1930 [...] a “questão social” não aparecia no discurso dominante senão como fato excepcional e episódico, não porque não existisse já, mas porque não tinha condições de se impor como questão inscrita no pensamento dominante [...]. As classes dominantes (oligarquias agrárias), na medida em que detinham o monopólio do poder político, detinham simultaneamente o monopólio das questões políticas legítimas; das questões que em última instância, organizam a percepção do funcionamento da sociedade. Nesse contexto, a “questão social”, por ser ilegítima, não era uma questão “legal”, mas ilegal, subversiva e que, portanto, deveria ser tratada no interior dos aparelhos do Estado. Por isso “a questão social era uma caso de polícia”. (p.59-60).
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 Durante o período
em questão, as expressões da “questão social” eram “controladas” pela classe oligárquica, visto que tinha no Estado o seu espaço político e não percebia a “questão social” como legítima, que dependesse de outro tipo de intervenção que não fosse repressiva. 
A “questão social” era um caso de polícia, com ações repressivas.
No período do Estado Novo, essas expressões tomaram outra forma, visto que o processo de industrialização que estava sendo desenvolvido deixava de forma mais aparente as desigualdades sociais existentes, com a maior parte da classe trabalhadora migrando para os centros urbanos. Assim, a oligarquia foi perdendo sua força gradativamente, com uma predominância da cidade sobre o campo.
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A partir de então, com a consciência de que a pobreza da grande maioria da população poderia vir a atrapalhar a acumulação de riquezas, a “questão social” passa a ser um caso de política.
O período do Estado Novo também foi fértil para o surgimento de grandes instituições sociais, na tentativa de responder algumas reivindicações da classe trabalhadora, para conseguir legitimar-se.
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Esse protagonismo que as políticas na área de previdência social obtinham no período do Estado Novo perdurou até 1988, com a promulgação da Constituição Federal, chamada também de “Constituição cidadã”. Nessa Constituição, foi determinado um sistema de proteção social para nosso país, compondo a Seguridade Social três áreas de atenção - Saúde, Previdência Social e Assistência Social, definidas da seguinte forma:
Saúde – direito de todos e dever do Estado;
Previdência Social – de caráter contributivo;
Assistência Social – a quem dela necessitar.
Dessa forma, nosso sistema de proteção social contido na Constituição Federal de 1988 pretende oferecer uma proteção integral, no conjunto de nossa Seguridade Social.
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 Aula 3: Histórico do Neoliberalismo
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Balanço do Neoliberalismo, de Perry Anderson. Emir Sader e Pablo Gentilli, Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático (6ª edição. RJ: Paz e Terra, 2003). 
		
O neoliberalismo é um fenômeno distinto do simples liberalismo clássico, nascendo logo após a Segunda Guerra Mundial nos países europeus e norte-americanos em que predominava o capitalismo.
Foi uma reação política e teórica veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar. Seu texto de origem é O caminho da servidão, de Friedrich Hayek, escrito já em 1944. Trata-se de um ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política. O alvo imediato de Hayek, naquele momento, era o Partido Trabalhista inglês, às vésperas da eleição geral de 1945 na Inglaterra, que este partido efetivamente venceria. A mensagem de Hayek é drástica: “Apesar de suas boas intenções, a social-democracia moderada inglesa conduz ao mesmo desastre que o nazismo alemão – uma servidão moderna”. 
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A Sociedade de Mont Pèlerin, fundada a partir de uma reunião em que Hayek convocou partidários de sua orientação ideológica (como Milton Friedman, Karl Popper, Michael Polanyi, entre outros), tornou-se o cenário que tinha como propósito o combate ao keynesianismo e demais iniciativas de solidarismo. Hayek e seus companheiros argumentavam que o novo igualitarismo desse período, promovido pelo Estado de bem-estar, destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, defendendo a ideia de que a desigualdade é um valor positivo (Anderson, 2003). 
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		É um valor positivo porque, de acordo com essa orientação, a desigualdade oferece elementos para que os cidadãos busquem uma melhor qualidade de vida através de “um melhor lugar no mercado”. Assim, se uma pessoa não possui os mesmos bens que outra pessoa, ela deve buscar elementos e elaborar estratégias para obter os mesmos bens que outra. Logo, essa desigualdade será algo que vai impulsionar a busca por melhor qualidade de vida.
		A ideologia neoliberal passou a ganhar mais espaço a partir de 1973, com a grande crise do modelo econômico pós-guerra, com críticas dos neoliberais ao papel dos sindicatos e movimentos operários que, segundo Hayek e seus companheiros, reivindicavam fortemente melhores salários e aumento de investimentos estatais com a área social. A crise de 1973 é fundamental nesse processo de consolidação do ideário neoliberal.
		
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		A chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, taxas de crescimento com altas taxas de inflação, mudou tudo. A partir daí as ideias neoliberais passaram a ganhar terreno. As raízes da crise, afirmavam Hayek e seus companheiros, estavam localizadas no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de maneira mais geral, do movimento operário, que havia corroído as bases de acumulação capitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua pressão parasitária para que o estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais (Anderson, 2003, p. 10).
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Em relação à experiência neoliberal na America Latina, o Chile, sob o comando de Augusto Pinochet, é considerado por Anderson (2003, p. 19) como o verdadeiro pioneiro do ciclo neoliberal da história contemporânea, promovendo desregulação, desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição de renda em favor dos ricos, privatização de bens públicos. Tinha como pressuposto abolir a democracia e instaurar uma das mais cruéis ditaduras militares do pós-guerra.
Ao finalizar sua análise (lembrando que tal análise data de 1994), Anderson (2003) sinaliza que qualquer balanço sobre o neoliberalismo só pode ser provisório, pois este é um movimento ainda inacabado. 
		
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		Para o autor (p. 23):
		
		Economicamente, o neoliberalismo fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao contrário, conseguiu muitos dos seus objetivos, criando sociedades marcadamente mais desiguais, embora não tão desestatizadas como queria. Política e ideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com o qual seus fundadores provavelmente jamais sonharam, disseminando a simples ideia de que não há alternativas para os seus princípios, que todos, seja confessando ou negando, têm de adaptar-se a suas normas. 
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Resumindo,	
Podemos dizer que o prefixo “neo” não significa uma “nova versão do liberalismo”, mas sim uma reformulação do ideário liberal clássico, uma espécie de “modernização” das ideias liberais, sob bases mais perversas para a classe trabalhadora. Surgiu como uma resposta ao Estado intervencionista e de bem-estar social com inspiração de Keynes (o chamado keynesianismo). A intenção principal era realmente a de acabar com a intervenção estatal na área social, defendendo a desigualdade social como necessária para crescimento do indivíduo e retomada da acumulação capitalista, já que o capitalismo enfrentava mais uma de suas crises cíclicas. 	
A redefinição do papel do Estado é um dos principais objetivos dos neoliberais, incentivando as privatizações. Faz parte do pensamento neoliberal culpabilizar a ação do Estado com despesas relacionadas à área social como grande responsável pelo
declínio na acumulação de riquezas. Dessa forma, o Estado deve ser mínimo para o social e forte para o capital.
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As políticas sociais, nesse contexto, são direcionadas para a população que não consegue alcançar seu lugar no mercado, devendo ser atendida por ações focalizadas, para a população em situação mais empobrecida.
No Brasil, a ideologia neoliberal ganhou força com as medidas adotadas no governo de Fernando Collor de Mello, sendo consolidada nos dois governos de seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, representando grandes perdas para as políticas sociais. 
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Aula 4: O processo de contra-reforma do Estado: Seguridade social brasileira, mudanças no mundo do trabalho e ofensiva neoliberal
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	Sobre a crise fiscal do Estado, há toda uma difusão de uma cultura da crise, cujos componentes centrais estão no pensamento privatista e na idéia do cidadão-consumidor (discussão desenvolvida por Mota, em seu livro Cultura da Crise e Seguridade Social, da Ed. Cortez – 1995). O eixo central do convencimento repousa no fato de que há uma nova ordem a qual todos deves se integrar, e que é inevitável adaptar-se a ela. Estes são os termos que compõem a justificativa do que a autora chama de contra-reforma. 
	As políticas sociais são consideradas como não-políticas, com transferências de ações focalizadas para o terceiro setor.
		
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A partir de 1990, o Brasil adentrou num período marcado por grandes mudanças, mais uma vez adaptando-se às requisições do capitalismo mundial. Configura-se como uma contra-reforma social e moral, na perspectiva de recompor a hegemonia burguesa nos país, uma nova organização do Estado.
O Brasil estaria no 3º ciclo de modernização conservadora – o 1º na Era Vargas e o 2º no período da ditadura pós-64 – sendo que as transformações ocorridas neste 3º ciclo tiveram a profundidade e a importância dos ciclos anteriores. O que tipifica a dominação burguesa no Brasil é o uso do Estado.
		
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Mas porque uma modernização conservadora?
É considerada uma modernização conservadora porque os vínculos com o passado de dependência de países de capitalismo avançado, além de não romper completamente com traços escravocratas de nossa formação sociopolítica, cultural e social.
Behring coloca que o neoliberalismo, em nível mundial, configura-se como uma reação burguesa conservadora e monetarista, de natureza claramente regressiva, dentro da qual se situa a contra-reforma do Estado.
 
Mesmo que o termo reforma seja apropriado pelo projeto em curso no país ao se auto-referir, a autora parte da perspectiva de que se está diante de uma apropriação indébita e fortemente ideológica da idéia reformista, como se qualquer mudança significasse uma reforma, independente de seu sentido, consequências sociais e direção sociopolítica.
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 Na entrada dos anos 1990, o Brasil apresenta-se como um país corroído pela inflação, que será o “fermento” para a possibilidade histórica da hegemonia neoliberal; sem solução consistente para o problema do endividamento; e com gravíssima situação social. Nesse período, já havia forte pressão do FMI para que os países devedores se adaptassem aos novos delineamentos da economia internacional.
		A esperança das elites brasileiras passou a residir na eleição presidencial de 1989. Pragmaticamente, as elites depositaram, a contragosto, a esperança em Fernando Collor de Melo: o medo (com a eleição de Lula) deu lugar à esperança. 
		O sentido neoliberal do ajuste estrutural capitalista dos anos 1990 foi sendo delineado na década anterior, influenciado, inclusive, pela sucessão de fracassos dos planos de estabilização econômica. 
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		Por outro lado, a esperança da população também estava depositada na eleição de 1989, já que esta foi a primeira eleição direta para Presidente da República, depois de décadas de ditadura civil-militar. Tão grande foi a decepção, visto que logo após a promulgação da Constituição Federal de 1988, Fernando Collor de Mello já colocou em prática seu receituário neoliberal.
		A orientação neoliberal encontrou solo fértil, consolidando-se nos anos 1990. Tal ambiente político, econômico e cultural foi reforçado também pelo que se passou a conhecer como Consenso de Washington (CW), com seu receituário de medidas de ajuste. 
		
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Aula 5: Terceiro setor e o chamado às parcerias
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	No Brasil, com o processo de contra-reforma e enxugamento das funções do Estado, muitas funções foram repassadas para a sociedade civil, com a “intenção de buscar a solidariedade” da população para com a pobreza cada vez mais crescente das classes mais empobrecidas. Nesse cenário, surgem ONGs e outras instituições da sociedade civil, cumprindo funções que deveriam ser cumpridas pelo Estado. 
	O termo Terceiro Setor carece de especificação, sendo claramente ligado à sociedade civil. Para Montaño (2002, p. 181):
[...] o termo “terceiro setor” é carente de rigor teórico – não é preciso na caracterização do espaço que ocupa, e antes confunde do que esclarece – e desarticulador do social, pressupondo a existência de um primeiro e um segundo setor – dividindo a realidade social em três esferas autônomas: o Estado, o mercado e a “sociedade civil”.
		
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		Exemplificando melhor essas três esferas, é como que, no senso comum, elas fossem da seguinte forma:
 Esfera pública = Estado;
 Esfera privada = mercado;
 Terceiro setor = “sociedade civil”.
		Para Montaño, essa divisão é equivocada, devido à imprecisão do termo,como se a realidade pudesse ser dividida em esferas autônomas uma das outras:
		A reflexão crítica sobre esse conceito (e sua diferenciação com a categoria de sociedade civil), a partir do estudo da crise e transformações do capital, permitiu-nos apontar suas debilidades e suas falsas promessas. O que isto quer dizer? [...]. Afinal, este conceito expressa um fenômeno real ou é mera ideologia? E se possuir existência real, o que é em suma o “terceiro setor”?
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Se não pode ser confundido com o conceito de sociedade civil, o que é, afinal, o chamado “terceiro setor”? O autor aponta algumas relações mais comuns em relação ao terceiro setor:
Organizações não-lucrativas e não-governamentais: ONGs, movimentos sociais, organizações e associações comunitárias;
Instituições de caridade e religiosas;
Atividades filantrópicas: fundações empresariais, filantropia empresarial, empresa cidadã;
Ações solidárias, de ajuda mútua e ao próximo;
Ações voluntárias;
Atividades pontuais e informais.
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 Sendo assim, o terceiro setor, algo que seria diferente de um primeiro setor (público) e de um segundo setor (privado), faria referência à sociedade civil, o que é considerado por Montaño como uma conceituação corriqueira.
Numa perspectiva crítica de totalidade, não existe uma realidade dividida em três esferas autônomas. E essa conceituação é responsável pela seguinte aceitação:
Se o Estado (primeira esfera) e o mercado (segunda esfera) não conseguem dar conta de responder às demandas sociais, a sociedade civil (“terceiro setor”) será capaz de respondê-las.
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Montaño (2002, p. 185) aponta que não é a questão de dividir a realidade social em três esferas o ponto mais preocupante, mas sim o modo de alteração de resposta à “questão social” que é promovida:
O fenômeno em questão não é, portanto, o desenvolvimento de organizações de um “setor” em detrimento da crise do outro, mas a alteração de um padrão de resposta social à “questão social” (típica do Welfare State), com a desresponsabilização do Estado, a desoneração do capital e a auto-responsabilização do cidadão e da comunidade local para esta função (típica do modelo neoliberal ou funcional a ele).
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Algumas funções do chamado “terceiro setor”, de acordo com Montaño, são:
Justificar e legitimar o processo de desestruturação da Seguridade Social e desresponsabilização do Estado na intervenção social;
Desonerar o capital de responsabilidade de co-financiar as respostas às refrações da “questão social” mediante políticas sociais estatais;
Despolitizar os conflitos sociais dissipando-os e pulverizando-os, e transformar as “lutas contra a reforma do Estado” em “parceria com o Estado”.
O chamamento às parcerias esteve presente no governo de Fernando Henrique Cardoso, com o Estado estabelecendo alianças com Organizações Não-Governamentais (ONGs) e instituições filantrópicas, para que estas executem políticas na área social, descaracterizando o caráter público-estatal de prover com tais políticas. Dessa forma, o apelo ao setor público não estatal, configura a falta de compromisso do governo com esta área, transferindo suas funções para o chamado “terceiro setor”. 
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Um verdadeiro processo de privatização das políticas públicas, no despertar de um sentimento de solidariedade, envolvendo inclusive, instituições ligadas a grandes banqueiros com seus institutos. 	
A participação do governo no provimento das necessidades sociais da população tornava-se cada vez mais residual. Um exemplo disso é o Programa Comunidade Solidária (PCS), implementado durante o governo Fernando Henrique através do Decreto n° 1.366/95, que foi construído à margem da LOAS. Coordenado pela primeira-dama da época, Ruth Cardoso, tinha por objeto a coordenação das ações governamentais voltadas para o atendimento da parcela da população que não dispõe de meios para prover suas necessidades básicas e, em especial, o combate à fome e à pobreza (segundo o art. 1° do referido Decreto). Era o carro-chefe da política social nesse período.
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Assim, através do PCS, o governo Fernando Henrique “divide” (na verdade repassa) para toda a sociedade o compromisso com a melhoria da qualidade de vida da população, com o discurso ideológico de que as ações na área da assistência social não podem ser desenvolvidas de forma isolada, somente pelo governo, descentralizando as ações para “aproximar” a sociedade das atividades a serem desenvolvidas. Desestrutura o conceito de seguridade social presente na Constituição e retoma a figura da primeira-dama a frente de políticas assistenciais.
Mesmo com a promulgação da Constituição Federal de 1988, onde ficou configurada a composição da seguridade social brasileira, as políticas sociais não foram efetivadas como deveriam.
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