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EaD 1 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem EstruturalUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD Coleção Educação a Distância Série Livro-Texto Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil 2009 Marivane da Silva ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural EaD Marivane da Sil va 2 2009, Editora Unijuí Rua do Comércio, 1364 98700-000 - Ijuí - RS - Brasil Fone: (0__55) 3332-0217 Fax: (0__55) 3332-0216 E-mail: editora@unijui.edu.br www.editoraunijui.com.br Editor: Gilmar Antonio Bedin Editor-adjunto: Joel Corso Capa: Elias Ricardo Schüssler Designer Educacional: Jociane Dal Molin Berbaum Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil) Catalogação na Publicação: Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí S586e Silva, Marivane. Estudos organizacionais : abordagem estrutural / Marivane Silva. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2009. – 130 p. – (Cole- ção educação a distância. Série livro-texto). 978-85-7429-761-3 1. Administração. 2. Teoria da administração. 3. Teoria das organizações. 4. Estudos organizacionais. 5. Gestão. I. Título. II. Título: Abordagem estrutural. III. Série. CDU : 65 65.014 658 EaD 3 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural SumárioSumárioSumárioSumário CONHECENDO A PROFESSORA...............................................................................................5 UNIDADE 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS .........................................7 Seção 1.1 – Distinção Entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais .........................................11 Seção 1.2 – Concepção de Organizações ...................................................................................17 Seção 1.3 – Concepção de Administração e de Gestão ............................................................25 Seção 1.4 – Desenvolvimento: uma concepção em construção ..............................................35 UNIDADE 2 – BREVE HISTÓRICO DOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO ...........37 Seção 2.1 Concepções de Paradigmas ........................................................................................38 Seção 2.2 – Um Novo Olhar Para a Teorização da Administração: paradigmas de administração .................................................................................49 Seção 2.3 – Escolas de Administração e Categorias de Análise .............................................54 UNIDADE 3 – PARADIGMA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO................................................61 Seção 3.1 – Taylorismo ..................................................................................................................65 Seção 3.2 – Fayolismo ...................................................................................................................71 3.2.1 – Processo Administrativo e Seus Elementos .............................................79 3.2.2 Áreas Funções da Organização ou Funções Organizacionais ................90 Seção 3.3 – Fordismo e a Produção de Massa ..........................................................................93 UNIDADE 4 – PARADIGMA ORGANIZACIONAL ............................................................... 101 Seção 4.1 – Weber e a Organização Burocrática ................................................................... 102 Seção 4.2 – Tipologias das Organizações: uma visão de Etzioni, Blau e Scott ................ 110 Seção 4.3 – Administração por Objetivos ............................................................................... 118 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 125 EaD Marivane da Sil va 4 EaD 5 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Conhecendo a ProfessoraConhecendo a ProfessoraConhecendo a ProfessoraConhecendo a Professora MARIVANE DA SILVA Sou natural de Jóia/RS, tenho 33 anos e moro em Ijuí desde 1989, quando concluí o 1º Grau. O 2º Grau cursei na Escola Esta- dual de 2º Grau Ruy Barbosa. Em 1993 ingressei na Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS – Unijuí – para cursar Administração de Empresas. Em 1994 iniciei minhas atividades profissionais na Unijuí como técnico-administrativo e de apoio no Departamento de Estudos da Administração, atuando na área administrativa. Em 1998 cursei minha pós-graduação lato sensu em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas, modalidade a dis- tância, na Universidade Federal de Lavras – Ufla/MG. Foi uma ex- periência única em termos de conhecer uma nova forma de apren- der e de socialização de experiências, com vários profissionais que buscam agregar conhecimentos. A partir de 2000 tive a oportunidade de participar do Conse- lho Regional de Administração – CRA/RS –, ao qual me filiei como profissional da área. Em 2002 fiz concurso para docente horista no Departamen- to de Estudos de Administração, tendo minha inserção acadêmica no curso de Administração da Unijuí, com atuação nas áreas de Estágios e Teorias da Administração. Ingressei no Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí em 2005, desenvolvendo a dissertação intitulada “O egresso como parceiro institucional numa universidade regional: o caso da EaD Marivane da Sil va 6 Unijuí”, obtendo a titulação de mestre em 2007. Em 2005 atuei como assessora da Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Ex- tensão e, em 2006, assumi função administrativa na Secretaria dos Conselhos da Unijuí. Tenho conciliado minhas atividades acadêmicas e adminis- trativas, o que me permite ter uma interação maior com os diversos públicos da Universidade e construir uma caminhada profissional na academia. Na Unijuí constituí minha formação acadêmica e profissio- nal e consolido minhas experiências de docência na Educação a Distância, nos cursos de tecnólogos e Administração. Espero poder contribuir para a construção do seu conheci- mento nesta sua caminhada! EaD 7 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS OBJETIVO DESTA UNIDADE • Aprender os conceitos básicos para o estudo da Administração. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 1.1 – Distinção Entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais Seção 1.2 – Concepção de Organizações Seção 1.3 – Concepção de Administração e de Gestão Seção 1.4 – Desenvolvimento: uma concepção em construção Para darmos início aos estudos organizacionais, vamos fazer um breve passeio pelos conceitos que consideramos fundamentais para o entendimento dos conteúdos e a constru- ção de seu aprendizado. A Unidade I está subdividida em quatro seções e após estudá-las, você deverá entender: 1. a distinção entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais; 2. a concepção de Organizações; 3. a concepção de Administração e de Gestão; 4. o desenvolvimento como uma constante na Administração: uma concepção em construção. EaD Marivane da Sil va 8 Para compreender os estudos organizacionais é necessário fazer um exercício de voltar no tempo e no espaço e indagar: – Quando começamos a estudar, ouvir, ler e saber sobre a existência da Administração? É algo recente? Em que século começou? Vamos descobrir... Estamos falando de voltar no tempo, na História, na construção de uma linha do tempo da Administração para entender quando começamos a falar em Teoria da Adminis- tração, Teoria das Organizações e, mais recentemente, Estudos Organizacionais. Como a terminologia “estudos organizacionais” é um conceito muito recente, podemos dizer que ainda está em processo de construção, porém enquanto Administraçãopode-se afirmar que já era conhecido desde as Escrituras Sagradas. O exercício da Administração sempre fez parte da história das civilizações, desde as comunidades primitivas até a sociedade do conhecimento ou em transformação para a soci- edade do espetáculo, que marca o século 21, cuja “alma é a experimentação, a encenação, a capacidade de criar sensações memoráveis para as pessoas, e não “apenas” ofertar bens ou serviços de qualidade comprovada e de forma customizada” (Souza, 2002, p. 23). Para explicar melhor, vamos nos reportar a Maximiano (2002), quando este afirma que a Administração era praticada desde as sociedades primitivas, quando eram organiza- das expedições para a caça de animais, como forma de sobrevivência dos povos dessa época, ocasião em que os membros dessas sociedades se organizavam coletivamente mediante o planejamento, divisão de trabalho, tomadas de decisão e definição da rota das migrações e preparo das armas. Essas expedições eram compreendidas e consideradas o embrião de em- presas, de comunidades, de líderes que, por sua vez, eram os protótipos do gerente. As teorias da Administração, que vamos focalizar nesta seção, são muito mais recen- tes que as expedições da era primitiva, porém também se aprimoraram e evoluíram continu- amente à medida que os administradores do passado e do presente buscam solucionar pro- blemas, e a partir de técnicas conseguem resolvê-los. Técnicas que já existiam desde os princípios de Administração, propostas por Jesus na Bíblia e posteriormente, por Taylor, que serão apresentadas na Unidade 3. EaD 9 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Até meados do século 18 os indivíduos conviviam com vári- as restrições, entre elas a da agricultura, pois produziam para seu próprio consumo e só consumiam o que conseguiam produ- zir. Trata-se de um período que evoluiu da revolução agrícola para a revolução urbana, por volta de 4000 a.C., quando começam a surgir as cidades e os Estados. Essas primeiras organizações for- mais demandaram a criação de práticas administrativas que se estabilizariam e evoluiriam ao longo dos tempos. A partir do final do século XVIII, com a invenção da máquina a vapor por James Watt e sua posterior aplicação à produção, uma nova forma de vida passou a dominar, dando início à Revolução Industrial, na qual ocorreu um novo sistema de produção, com a invenção e o uso de novos instrumentos, processos, novas fontes de energia (o motor a vapor pelo uso do carvão e máquinas de fabri- cação). Esses novos desenvolvimentos surgiram como resultado direto do aumento do conhecimento durante o período de grande atividade intelectual na Renascença (Muniz; Faria, 2007, p. 4). Como você acabou de ler, a Revolução Industrial sublevou o sistema de produção e de trabalho, em meados do século 18, com dois grandes fatos: o surgimento das fábricas e a invenção das máquinas a vapor. A partir daí ocorrem várias mudanças no ambiente tecnológico, econômico, político e social, levando ao surgimento de novos concei- tos e técnicas para administrar as complexas organizações. Maximiano (2002, p. 91) observa que o desenvolvimento da Administração foi influenciado pelo surgimento da empresa indus- trial, conseqüentemente, no final do século 19 as preocupações em estudar de forma autônoma e sistemática as organizações e as melhores maneiras de obter resultados se concretizaram. Sendo assim, começou-se o estudo da Administração como uma ciência capaz de propiciar eficiência, eficácia e efetividade ao sistema fabril. Veja na Figura 1 esquema representando essas concepções. Ciência Provém do latim scire, que significa tão-somente conhe- cer. Seu objetivo é descrever os fenômenos do mundo real (Caravantes, 1999, p. 21). EaD Marivane da Sil va 10 Figura 1: Concepções de eficiência, eficácia e efetividade Fonte: Sobral e Peci (2008, p. 6). Como já referimos, as contribuições do advento da industrialização e da produção em massa levaram ao desenvolvimento das grandes organizações, que exigiam práticas de ad- ministração formalizada. Neste sentido, tornou-se necessária uma teoria formal para orien- tar os gerentes a administrar tais organizações. Vem daí a importância da teoria. Você deve estar se questionando: o que é teoria? Teoria é “o conjunto de princípios e conhecimentos fundamentais e especulativos, mas racionais, de uma ciência – ou arte –, gerando opiniões sistematizadas a respeito do assunto considerado” (Oliveira, 2008, p. 8). Ou então: teoria é a “tentativa de associar e integrar os dados coletados através da experimentação e observação em um sistema explanatório compreensível” (Caravantes, Panno; Kloeckner, 2005, p. 39). Ou ainda: EFICIÊNCIA EFICÁCIA Fazer bem as coisas. Preocupação com os meios. Minimização dos recursos utilizados. Ênfase nos processos. Ausência de desperdícios. Fazer as coisas certas. Preocupação com os fins. Maximização dos objetivos alcançados. Ênfase nos resultados. Escolha dos objetivos mais apropriados. E FI C IÈ N C IA U til iz aç ão de re cu rs o s EF IC ÁC IA R ea liz aç ão de o bje tiv o s EFETIVIDADE – é a medida da utilidade do produto ou serviço considerando- se a sociedade como um todo e não apenas o consumidor ou a organização. É a capacidade de produzir um efeito, que pode ser positivo ou negativo. EaD 11 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Teorias podem ser vistas como um conjunto coerente de suposições elaboradas para explicar a relação entre dois ou mais fatos observáveis e prover uma base sólida para prever eventos futuros. São afirmações que predizem quais ações vão levar aos resultados e por quê. As teorias nos permitem fazer previsões acerca do futuro, assim como interpretar o presente (Sobral; Peci, 2008, p. 32). Na verdade, sempre que decidimos e agimos existe uma te- oria por trás, ou seja, a teoria e a prática são sempre inseparáveis. A partir dessa explicações supomos que você está pronto para entender o que significa Teoria da Administração, Teoria das Or- ganizações e Estudos Organizacionais. Então, sigamos adiante! Seção 1.1 Distinção Entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais Quero lembrá-los que a “formulação de uma teoria inicia com observações da realidade” (Caravantes, 1999, p. 24) – práti- ca ou vivência – com graus diferentes de complexidade. Para re- latar uma realidade empregamos o critério científico, ou seja, nós o fazemos de forma ordenada, sistemática, realizando pesquisas e mensurações que permitem uma abordagem indutiva e deduti- va da realidade, ambas utilizadas no campo da Teoria da Admi- nistração. TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO – são teorias administra- tivas que “ajudam a compreender os processos fundamentais, o funcionamento das organizações, o ambiente organizacional e as decisões da administração nos diferentes momentos e situa- ções do cotidiano empresarial” (Muniz; Faria, 2007, p. 10). Indutiva Começa com a análise de observações específicas e depois procura generalizar para situações mais amplas. Dedutiva Inicia com uma infinidade de conceitos inter-relacionados e só então procura chegar a conclusões específicas sobre a realidade observada. EaD Marivane da Sil va 12 Tendo esta compreensão será possível avançarmos nos es- tudos para examinar uma espécie do gênero da teoria: a teoria organizacional, que trata do estudo/observação de um objeto es- pecífico – AS ORGANIZAÇÕES. A Teoria das Organizações preocupa-se com “aquilo que uma organização é e o que ocorrerá sob certas espécies de arran- jos interpessoais ou estruturais-interpessoais” (Caravantes; Panno; Kloeckner, 2005, p. 48). Em outras palavras, os objetivos das teorias encontradas no campo da Administração relacionam-se com o próprio objeto de estudo citado: as organizações, sabendo-se que estas organi- zações possuem duas conotações: a) como entidade social (que estudaremos naseção 1.2); e b) como forma de organizar uma organização/função ou elemento do processo administrativo (que estudaremos na seção 3.2). Cabe destacar que é objetivo das teorias administrativas e organizacionais compreender as organizações como um fenôme- no social, mas também, como toda teoria, o caráter normativo e prescritivo está presente na proposta dos modelos que sugerem o melhor modo de organizá-los e instrumentalizá-los para a práti- ca organizacional. TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES – é descritiva e/ou preditiva. É o caminho trilhado para compreensão do homem moderno e da sociedade, que conduziu ao estudo das organizações complexas (Oliveira; Silva, 2006, p. 47). Tendo claro suas diferenças, é necessário explicitar que num determinado momento da história da Administração houve a tran- sição da Teoria da Administração para a Teoria das Organiza- ções, como tudo aquilo que sofre mudança, há uma fase de pas- sagem, o que não foi diferente no estudo da Administração. Descritiva Que descreve, expõe fatos. Preditiva Que prevê fatos e/ou variáveis no ambiente organizacional. EaD 13 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Este fato é explicado por Motta (2001, p.11) como sendo “a tentativa de estudar o sistema social em que a administração se exerce com vistas à sua maior eficiência em face das determina- ções estruturais e comportamentais” provocando a passagem. Essa fase de transição foi marcada pela publicação do livro Organizations (1958) de March e Simon, em que a preocupação com a produtivi- dade dá lugar à preocupação com a eficiência do sistema. Talvez você esteja se perguntando: mas no fundo, o que muda mesmo da Teoria da Administração para a Teoria das Or- ganizações? O que muda é o objeto de estudo, que passa a ser as organizações, com a articulação de diversos fatores estruturais e comportamentais, para os quais a teoria procura dar conta – pen- sando o desenvolvimento de um sistema social. Antes de se deparar com outra dúvida conceitual, alertamos que você encontrará na literatura e nos discursos dos estudiosos da área outra distinção importante, que precisa ser compreendi- da, evitando a confusão mental – trata-se da diferença entre “Te- oria da Administração” e “Teoria Geral da Administração”. Para esclarecer esta diferenciação recorremos aos conheci- mentos de Maximiano (2002, p. 29), que nos explica: Teorias da Administração são conhecimentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações. Teoria Geral da Administração é o conjunto dessas teorias, que são designadas por meio de diferentes termos – teorias, enfoque, escola, modelo de gestão, modelo de organização, doutrina, técnica, ou seja, a mesma idéia pode ser, e normalmente é, de- signada de diferentes maneiras, dependendo do seu contexto histórico e da própria situação da organização. Teorias São explicações, interpretações ou proposições sobre a realidade. Por exemplo: teoria da burocracia, teorias da motiva- ção. A própria definição de administração como processo de planejar, organizar, executar e controlar é uma teoria. Enfoque Também chamado de pensa- mento, abordagem ou perspectiva, é um aspecto particular das organizações ou do processo administrativo, selecionado para o estudo e produção de conhecimentos. É uma forma de interpretar as organizações e o processo administrativo. Ex.: enfoque comportamental e enfoque sistêmico. Escola É uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque, escolheram o mesmo aspecto específico para analisar, ou adotaram o mesmo raciocínio: escola de relações humanas. A escola do processo administra- tivo, às vezes chamada de escola funcional, compreende os autores que adotam a definição de Fayol. Modelo de gestão Ou de administração, é um conjunto de características que definem organizações e a forma como são administra- das. Modelo de administração é o produto de utilização de determinadas doutrinas e técnicas: Por exemplo: modelo burocrático (ou mecanicista). Modelo de Organização É um padrão de organização, estabelecido pela sua estrutura organizacional. EaD Marivane da Sil va 14 Prosseguindo nas discussões da diversidade de perspectivas utilizadas para estudar a Administração e as organizações, Sobral e Peci (2008) afirmam que o desenvolvimento teórico no campo da Administração avançou, apresentando uma visão mais abrangente: os estudos organizacionais. Sobral e Peci (2008) reportam-se a Harold Koontz (1961) para justificar tal fato e dizem existir uma “selva” de teorias ad- ministrativas para explicar a Administração e as organizações, mesmo tendo claro que a maioria dos livros e manuais de Admi- nistração publicados possuem uma perspectiva de processo, abor- dada por Fayol e, para muitos, considerada como a mais abrangente e adequada para o estudo da Administração. É importante reconhecer, contudo, que com o passar dos tempos os teóricos foram evoluindo nas discussões de um enfoque mais clássico para um enfoque mais contextual, destacando uma visão multidisciplinar e para além das contribuições da teoria da contingência, com temas mais contemporâneos, tais como globalização, diversidade da força de trabalho, desenvolvimento sustentável e ética em Administração. Sobral e Peci (2008) afirmam que os fatores que influencia- ram o estágio atual de desenvolvimento teórico em Administra- ção são basicamente o pós-modernismo e o pluralismo paradigmático no campo das idéias. Até 1960 constatava-se a predominância de um único paradigma intelectual para explicar as organizações, mas este processo começa a ser repensado à medida que surgem novas publicações com perspectivas diferen- tes sobre as organizações. As novas perspectivas mostraram a importância dos processos de organizar em vez de focar em entidades fixas denominadas orga- nizações, do processo de construção dos objetivos organizacionais Doutrina Ou preceito, é um princípio de conduta que contém valores, implícitos e explícitos. As doutrinas recomendam como agir, orientando os julgamen- tos e as decisões dos adminis- tradores. Ex.: o movimento da administração científica tinha uma doutrina de eficiência dos recursos; o movimento da qualidade tem uma doutrina de satisfação do cliente. Técnicas São soluções para problemas. Exemplos: organogramas, metodologias de planejamento, estudos de tempos e movi- mentos e sistemas de controle. Os princípios são permanen- tes, ao passo que as técnicas tendem a ser transitórias (Maximiano, 2002, p. 29-30). Pós-modernismo É entendido como o período contemporâneo, geralmente identificado com mudanças na ordem econômica, cultural, demográfica e social, atribuída a fatores como: a) fim da dicotomia ideológica comunismo x capitalismo; b) impacto da globalização; c) a crescente importância do setor de serviços; o amplo uso das tecnologias da informação; o crescimento do terceiro setor e das organizações sem fins lucrativos. Também está associado a uma mudança profunda nas formas de pensamento, que apresenta-se, especialmente, como crítica aos valores do Iluminismo, com sua crença na racionalidade e no progresso científico, e como descrença relativa às verdades absolutas apresentadas por metanarrativas (Sobral; Peci, 2008, p. 60). O pós-modernis- mo foi marcado pela descontinuidade, indeterminação e transcendência (Clegg; Hardy; Nord, 1998, p. 29). EaD 15 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural por parte de seus membros, dos conflitos e lutas de poder, presen- tes no espaço organizacional e outras questões até então ignora- das no estudo da administração e das organizações. A contribui- ção de idéias e conceitos trazidos por outras disciplinas, tais como economia, sociologia, psicologia e filosofia, também foram im- portantes para a construção de novas perspectivas teóricas. O resultado deste processo foi a pluralidade de alternativas à visão funcionalista (Sobral; Peci, 2008, p. 61). Com esta nova perspectiva de pluralidadetiveram início as discussões sobre os paradigmas em estudos organizacionais, que tomando por base a obra organizada por Caldas e Bertero (2007, p. 6), tiveram seu marco inicial por volta de 1980, com Gareth Morgan, que utilizou o trabalho de Gibson Burrell (1979) na sua publicação, expondo a nova perspectiva pouco convencional so- bre teoria organizacional. Burrell e Morgan (1979) apresentaram à academia de Adminis- tração norte-americana um modelo de categorização dos cam- pos paradigmáticos, em dois eixos: um representaria os pressu- postos metateóricos sobre a natureza da ciência, opondo a ciên- cia “objetivista” à ciência “subjetivista”, enquanto o outro simbo- lizaria as premissas metateóricas sobre a natureza da sociedade, contrastando uma sociologia da “ regulação” a uma sociologia da “mudança radical” (Caldas; Bertero, 2007, p. 7). O modelo apresentado por Burrell e Morgan (1996, apud Clegg; Hardy; Nord, 1998) define quatro paradigmas que funda- mentariam ou que poderiam fundamentar a análise organizacional. Outra contribuição importante de Morgan para consolidar sua conceituação sobre a visão metafórica da teoria organizacional e da realidade organizacional, em termos de dis- cutir os estudos organizacionais, foi a publicação no Brasil do livro “Imagens da organização”, em 1996. Pluralismo paradigmático no campo das idéias Até a década de 60 o campo dos estudos administrativos e organizacionais era relativa- mente simples, com o desen- volvimento principalmente no contexto anglo-saxão, dotado de unidade, homogeneidade e coerência, sendo o foco de análise as grandes organiza- ções burocráticas inseridas na sociedade moderna. A teoria das organizações vivia o seu desenvolvimento controlado dentro de um único paradigma intelectual (funcionalista e positivista), baseado em um acordo tácito de métodos, metodologias, perspectivas de análise e base epistemológica. A partir desse período começam a ser publicadas obras com base em perspecti- vas diferentes sobre as organizações. Campos paradigmáticos Trata-se do estudo dos paradigmas no campo da Administração. Metateórico Significa no âmbito das reconstruções metodológicas; é um processo que ocorre após uma teoria ter sido criada e a considerada como objeto de estudo. Paradigmas Os paradigmas poderão ser estudados na obra Clegg, Stewart R.; Hardy, Cynthia; Nord, Walter R. Handbook de Estudos Organizacionais: modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1998. EaD Marivane da Sil va 16 Para aprofundar seus estudos nestas descobertas sugerimos a leitura das duas obras: Caldas, Miguel P.; Bertero, Carlos O. (Coord.). Teoria das organizações. São Paulo: Atlas, 2007. Morgan, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996. Imagino que você deve estar se perguntando: afinal, o que esta Unidade queria mesmo nos informar? Espero que você não esteja perdido nesse nosso passeio conceitual! Queremos esclarecer que os fatos mencionados anteriormen- te são importantes para explicar o início das discussões e do uso da expressão “estudos organizacionais”. Conceitualmente, pode- se afirmar que: Os Estudos Organizacionais se encontram hoje em uma fronteira de invest igação da organização humana baseada na multidisciplinaridade, reconhecendo o seu objeto como fenôme- no social e caracterizando a Administração como espaço e opor- tunidade de aprendizagem – abordagem epistemológica (Caval- cante, 2008, p. 1). Neste sentido, é correto afirmar que ESTUDOS ORGANIZACIONAIS – são uma proposição mais explicativa do que prescritiva, própria de uma abordagem de natureza epistemológica, ou seja, do estudo da Administração. Abordar a Administração concebendo-a como “estudos organizacionais” significa reconhecer a perda da supremacia do funcionalismo, que entendemos ser uma abordagem apoiada em Multidisciplinaridade Que aborda ou apresenta a contribuição de várias disciplinas. EaD 17 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural suposições sobre a natureza unitária e ordenada das organizações (que enfatiza o consenso e a coerência) para se colocar cada vez mais na zona híbrida da multidisciplinaridade, fler- tando com a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia, a Psicanálise, a Economia, a Comu- nicação, e admitindo a existência da mudança, da diversidade e da diferença. Como o próprio grupo de pesquisadores Clegg, Hardy e Nord (1998, p. 30) afirmam: Definir os estudos organizacionais hoje não é, por nenhum meio, tarefa fácil. Nossa abordagem é conceituar os estudos organizacionais como uma série de conversações, em particular aquelas dos pesquisadores dessa área que ajudam a constituir as organizações por meio de termos deri- vados de paradigmas, métodos e suposições, todos decorrentes de conversações prévias. Sendo assim, como mencionamos inicialmente nesta Unidade, a discussão dos estu- dos organizacionais é algo muito recente e em construção. É uma nova forma de refletir as organizações a partir de conversações, que se referem às organizações como “objetos empíricos à organização, como discurso teórico e ao organizar como processo social e às interseções e hiatos entre elas e em seu interior” (Clegg; Hardy; Nord, 1998, p. 30). Para chegar à compreensão das novas concepções de estudos organizacionais, entre- tanto, é necessário antes compreender as origens e evoluções das organizações, as quais serão explicadas na seção 1.2. Seção 1.2 Concepção de Organizações Cury (2007) defende que não podemos negar que vivemos numa sociedade essensialmente organizacional. “O homem, em todas as etapas de sua vida, desde o nasci- mento até a morte, depende de organizações, é controlado por organizações e nelas passa a maior parte de seu tempo” (p. 103). EaD Marivane da Sil va 18 Nesse sentido, parece clara a resposta à pergunta: Por que estudar as organizações? Inicialmente, porque as organizações são um componente predominante da sociedade, desde os feudos, o advento da Revolução Industrial até as redes virtuais. Ironicamente, Hall (2004) afirma que é impossível escapar delas; que são inevitáveis assim como a morte e os impostos. As organizações estão por toda a parte e moldam nossas vidas de diversas maneiras, considerando que: (...) são grupos estruturados de pessoas que se juntam para alcançar objetivos comuns. Surgem como respostas à necessidade dos indivíduos de alcançar metas que, isoladamente, não conse- guiriam atingir, em virtude da complexidade e da variedade de tarefas inerentes ao trabalho a se efetuar (Sobral; Peci, 2008, p. 5). Façamos o seguinte exercício mental para comprovar como as organizações são parte presente e constante em nossas vidas: Se você estiver lendo este Livro-Texto, isso pode parecer um assunto pessoal e acadê- mico; no entanto ele foi preparado e publicado por uma organização – a Editora Unijuí –, e você, provavelmente, está lendo em obediência a algum tipo de exigência organizacional – da professora do componente curricular que cursa na EaD. Escrevi este Livro-Texto em um contexto organizacional – a Unijuí. Nossos interesses por aprofundamentos teóricos e práticos são impulsionados por dicas, informações e indicações obrigatóri- as. Assim como na nossa vida pessoal, em termos de alimentos ou roupas, são molda- dos por organizações. Os produtos com os quais entramos em contato, como automó- veis, mesas, cadeiras, computadores, etc., são fabricados em ambientes organizacionais. Os serviços dos quais dependemos, tais como polícia, bancos, companhias segurado- ras e conhecimento, são nitidamente organizacionais. Trabalhamos em organizações. O mundo do comércio eletrônico é formado por organizações. Nossas atividades de lazer e oração ocorrem em algum tipo de ambiente organizacional. As grandes trans- formações sociais da História têm sido essencialmente baseadas em organizações. Per- cebam que não se trata de apenas um exercício acadêmico. O mundo e nossas vidas giram em torno de organizações.Fonte: Adaptado de Hall (2004). EaD 19 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural É importante destacar que as organizações que satisfazem à maior variedade de ne- cessidades sociais e pessoais de seus cidadãos não o realizam sem custo social e humano. A esse respeito Etzioni (1967, p. 9) observa que “o racionalismo da organização e a felicidade humana são concomitantes”. Ou seja, “os empregados satisfeitos trabalham mais e melhor do que os frustrados. (...) a felicidade eleva a eficiência nas organizações e, inversamente, sem organizações eficientes, não há que pensar em nossa felicidade” (Cury, 2007, p. 104). O desafio apresentado às organizações é como constituir agrupamentos humanos tão racionais quanto possível e, ao mesmo tempo, produzir um mínimo de efeitos indesejáveis e um máximo de satisfação (Etzioni, 1967). Com o desenvolvimento da sociedade e conseqüentemente da organização percebeu- se o avanço de um caráter meramente burocrático para um caráter de instituição social. Uma instituição é caracterizada por um sistema de crenças e lealdade dentro da sociedade, como a família e a propriedade privada. Já uma instituição social é um conjunto de pessoas que, usando um aparato técnico, obedecendo a um conjunto de normas e ligada a uma parte do meio ambiente, está realizando uma tarefa ou tarefas comuns (Cury, 2007, p. 104). O que significa dizer que a simples criação da estrutura formal não determinará a criação e a sobrevivência de uma organização. É necessário que sua origem tenha sido dada pelas necessidades da coletividade. Por isso, as organizações são conceituadas como “uni- dades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos” (Talcott Parsons, apud Etzioni, 1967, p. 9). Compreendendo as concepções, podemos afirmar que as “organizações podem ser for- mais, no caso de um exército ou de uma empresa; ou informais, como um grupo de amigos que se junta para jogar vôlei na praia” (Sobral; Peci, 2008, p. 5). Independentemente da sua forma ou atividade, no entanto, as organizações partilham características comuns, ou seja, são uma entidade que possui um propósito; são compostas por pessoas e têm uma estrutura organizacional. Etzioni (1967) caracteriza as organizações formais por: EaD Marivane da Sil va 20 a) divisões de trabalho, poder e responsabilidades de comunicação, que não são casuais ou estabelecidas pela tradição, mas planejadas intencionalmente a fim de proporcionar o alcance de objetivos específicos; b) a presença de um ou mais centros de poder que controlam os esforços combinados da organização e os dirigem para seus objetivos; esses centros de poder precisam, também, reexaminar continuamente a execução e, quando necessário, reordenar sua estrutura, a fim de aumentar sua eficiência; c) substituição do pessoal, isto é, as pessoas pouco satisfatórias podem ser demitidas e de- signadas outras para as suas tarefas. A organização também pode recombinar seu papel, mediante transferências e promoções. Organizações informais são entendidas como aquelas que surgem espontânea e natu- ralmente entre as pessoas que ocupam cargos nas organizações formais e a partir dos rela- cionamentos entre ocupantes de cargos; surgem a partir das relações de amizades e que não aparecem em documentos formais (Chiavenato, 2003). Organização informal é a rede de relacionamentos espontâneos dos grupos sociais informais que se constituem ao redor da organização formal (Chiavenato, 1999, p. 66). Agora você talvez esteja se indagando: Por que temos as organizações? Hall (2004, p. 4) apresenta uma resposta simples para explicar: “Para que as coisas sejam feitas”. Moraes (2001, p. 37) complementa mostrando os motivos para a existência das organizações, conforme a Figura 2. Figura 2: Motivos para a existência das organizações Fonte: Moraes (2001, p. 38). ORGANIZAÇÕES servem à sociedade proporcionam carreiras influenciam o ambiente criam valor preservam o conhecimento promovem a sinergia administram a força de trabalho diversificada realizam objetivos EaD 21 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Além de entendermos as organizações como sistemas sociais, precisamos entendê-las como um sistema aberto, que consiste em um conjunto de elementos (partes do sistema ou subsistemas), dinamicamente inter-relacionados (interdependentes e interatuantes) tendo relação com o ambiente e desenvolvendo uma atividade ou função para atingir um ou mais objetivos (Moraes, 2001). Significa perceber as organizações no seu todo, com todas as implicações e relações estabelecidas com o meio interno e externo. No entender de Katz e Kahn, a organização, como sistema, tem uma produção, um resultado ou um produto, mas este, no entan- to, não é necessariamente idêntico às finalidades individuais dos membros dos grupos. Os conceitos teóricos de abordagem das organizações devem começar com o insumo, o produto e o funci- onamento da organização, como sistema e não com os propósitos racionais de seus líderes. O modelo teórico para a compreensão da organização é de um sistema de energia insumo-produto, no qual o retorno da energia do produto reativa o sistema. As orga- nizações sociais são, neste sentido, sistemas abertos, porque o insumo de energias e a conversão do produto em novo insumo de energia consiste em transações entre a organização e seu meio ambiente (Cury, 2007, p. 118). As organizações criam e desenvolvem seu próprio caráter, sua própria cultura ou clima organizacional, com suas normas, tabus, regras, costumes e crenças. O caráter do sistema organizacional, que distingue uma organização da outra, reflete tanto as normas e valores do sistema formal quanto sua reinterpretação no sistema informal, assim como a cultura reflete a história das lutas internas e externas, dos tipos de pessoas que a organização recruta, dos métodos, dos processos de trabalho e do layout físico que adota, bem como do sistema de comunica- ção e do exercício da autoridade dentro do sistema. Layout É um arranjo dos diversos postos de trabalho nos espaços existentes na organi- zação, preocupados em adaptar as pessoas ao ambiente de trabalho, e natureza da atividade desempe- nhada, o arranjo de máquinas, equipamentos e matérias- primas (Cury, 2007, p. 396). EaD Marivane da Sil va 22 Tendo em mente que a organização partilha do mesmo sistema de valores da socieda- de, e tendo esta uma herança cultural, subentende-se que as organizações sociais – subsistemas destas sociedades – possuem padrões distintos de sentimentos e crenças coleti- vos que são transmitidos aos novos membros do grupo (Cury, 2007). O enfoque da organização como sistema aberto evidencia a importação de insumos do ambiente, o processamento desses insumos por meio de sistemas internos (tecnológico, social e gerencial), gerando os produtos organizacionais, que são exportados para o ambiente. Figura 3: A organização como um sistema aberto Fonte: Cury (2007, p. 120). O microssistema organizacional (organização), por meio do feedback externo, deve avaliar permanentemente sua efetividade, diagnosticando os impactos exógenos (reflexos no sistema interno), para poder internalizar e adaptar-se às mudanças ditadas pelo macrossistema social (sociedade) – advindas do ambiente e/ou da tecnologia, reativando o ciclo vital da organização. Sociedade = Macrossistema Impactos 1. Ambiente 2. Tecnologia Sistema Tecnológico Sistema Social Sistema Gerencial Processamento = Transformação Insumos Produtos � Recursos humanos � Matéria-prima � Rec .financeiros � Rec. Energéticos � Rec. Científicos � Rec. Tecnológicos � Etc. (Organização = Microssistema) � Clima de trabalho � Satisfação do pessoal � Interações individuais e grupais � Atitude dos empregados � Produtividade � Qualidade do produto � Lucratividade � Etc.Feedback interno Feedback externo Bens Serviços EaD 23 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Como bem explica Cury (2007), a organização parte da sociedade, é o microssistema, estruturado em sistemas tecnológico, social e gerencial. Os insumos são os recursos impor- tados do ambiente (recursos humanos, materiais, energéticos, financeiros, científicos, tecnológicos, etc.) e os produtos resultam do trabalho final da organização, como bens, produtos e serviços. Numa explicação mais simplificada, Moraes (2001, p. 39) apresenta o mesmo sistema como sendo constituído de: a) entradas (inputs): recursos humanos, financeiros e materiais necessários ao funciona- mento do sistema; b) operações ou processamento: representa a etapa de transformação dos recursos em pro- dutos ou serviços, por meio da tecnologia e do conhecimento; c) saídas (outputs): compreendem as mercadorias, serviços e realizações que contribuirão para alcançar os objetivos ou propósitos do sistema; d) retroação (feedback): é o mecanismo responsável pela promoção do equilíbrio e da estabi- lidade do sistema, possibilitando a homeostasia (equilíbrio dinâmico do sistema). A au- sência da retroação pode levar à entropia, processo pelo qual o sistema tende à deteriorização. Seu elemento básico é a informação; e) subsistemas: são partes do sistema em que se desenvolvem as atividades interdependentes e interatuantes. Nas organizações estas partes são especializadas (divisão do trabalho) e interligadas por uma rede de comunicação. Sintetizando: As organizações são sistemas abertos e social que se relacionam com o ambiente ex- terno, retirando daí os insumos, que, uma vez processados, são devolvidos ao ambiente na forma de produtos e/ou serviços. Se a sociedade absorve e aceita o que é produzido, é porque dele necessita para satisfazer suas necessidades, então a organização está cumprindo uma função social. EaD Marivane da Sil va 24 “Uma organização nunca constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organis- mo social vivo que está sujeito a constantes mudanças e transformações em seu caminho de desenvolvimento e busca de excelência” (Chiavenato, 2008, p. 5). Como já referenciamos, as organizações podem ser: a) com finalidade lucrativa (em- presas); b) sem finalidade lucrativa (organizações não-empresariais). Essas organizações apresentam características e funcionamento dos sistemas abertos, porém são constituídas por subsistemas em que as funções específicas necessárias à sua sobrevivência são desempe- nhadas. Os subsistemas organizacionais podem ser subdivididos em subsistema hierárquico e funcional, conforme Figura 4. Figura 4: Subsistemas da Organização Fonte: Adaptado de Moraes (2001). SUBSISTEMA HIERÁRQUICO Nível institucional ou estratégico Nível intermediário ou gerencial Nível operacional ou técnico SUBSISTEMA FUNCIONAL Produção: matéria -prima, espaço físico, processo produtivo, máquinas/equipamentos Financeira: capital, fluxo monetário, crédito e receita, investimentos, contábil-financeira Marketing e Vendas : mercado de clientes, consumidores, pesquisa de mercado, promoção, propaganda, distribuição, desenvolvimento de produto e definição de preços RH ou Gestão de Pessoas: planejamento, atração, seleção, recrutamento, treinamento e desenvolvimento de pessoas Administração: funções do administrador – planejar, organizar, comandar e liderar, coordenar e controlar EaD 25 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Pela lógica, podemos concluir que com o aparecimento das organizações surgiu a necessidade de administrá-las. As organizações constituíram-se no cenário da Administra- ção e o palco no qual se faz a gestão, garantindo, desta forma, o papel importante do profis- sional em Administração. Vamos aprofundar essa discussão na seção 1.3. Seção 1.3 Concepção de Administração e de Gestão Ao evoluir no estudo da Administração, cabe entender a origem desta palavra. Admi- nistração vem do latim ad (direção, tendência) e minister (subordinação ou obediência), significa “aquele que realiza uma função sob o comando de outrem, ou seja, aquele que presta um serviço a outro” (Chiavenato, 2003, p. 11). Diferentemente das demais profissões, o sucesso do(a) administrador(a) depende mais do seu desempenho e da maneira como lida com pessoas e situações do que de seus traços particulares de personalidade. O seu desempenho é resultado de certas habilidades que pos- sui e da sua capacidade de transformar conhecimento em ação, que resulte em um desempe- nho desejado. Como a Administração é uma Ciência Social, o profissional da área precisa lidar com pessoas, fato que incorpora a subjetividade e o talento de influenciação no desenvolvimento de suas atividades, ou seja, administrar uma organização implica ter conhecimentos (teo- ria), habilidades (prática) e atitudes (aptidões) (Figura 5). Em outra forma de expressão: EaD Marivane da Sil va 26 Figura 5: Competências do(a) administrador(a) Fonte: Chiavenato (2003, p. 5). Entende-se habilidades como sendo as destrezas específi- cas para transformar conhecimento em ação, levando ao resulta- do positivo para o alcance dos objetivos. Há basicamente três tipos de habilidades necessárias, segundo Katz (apud Silva, 2002, p. 14), para que o administrador possa atuar eficazmente no pro- cesso das suas atividades: habilidades técnica, humana e conceitual. Oliveira e Silva (2006, p.143), no entanto, agregam mais duas habilidades importantes: diagnóstica e política. Vamos explicá-las mais detalhadamente: a) Habilidade técnica: significa compreensão e competência em uma atividade específica; consiste no conhecimento, métodos técnicos e equipamentos para a realização de tarefas específi- cas do campo de sua especialização. b) Habilidade humana: é uma habilidade administrativa para tra- balhar com outras pessoas, entendê-las e compreendê-las, motivá-las como indivíduos e membros de grupo, a fim de em- Conhecimentos (C) + Habilidades (H) + Atitudes (A) = CHA. Conhecimento Saber Know-how. Informação. Atualização profissional. Reciclagem constante. Habilidade Saber fazer Visão pessoal das coisas. Maneira prática de aplicar o conhecimento na solução de problemas e situações. Atitude Saber fazer acontecer Comportamento ativo e proativo. Ênfase na ação e no fazer acontecer. Espírito empreendedor e de equipe. Liderança e comunicação. Know-how Ou conhecimento processual é o conhecimento de como executar alguma tarefa. Uma vantagem do conhecimento processual é que pode envolver mais sentidos, tais como a experiência manual, prática em resolver problemas, compreensão das limitações de uma solução específica, etc. Fonte: <http://pt.wikipedia.org/ wiki/Know-how>). EaD 27 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural preender esforços cooperativos na unidade organizacional. A habilidade da comunicação e da liderança são componentes importantes. Outro subconjunto da habilidade humana fun- damental ao contexto globalizado e sem fronteiras do nosso tempo é o multiculturalismo, ou habilidade de trabalhar com eficiência e conduzir negócios com pessoas de diferentes culturas. Estar capacitado a conversar em uma segunda língua tem se tornado um impor- tante recurso no ambiente de trabalho global e muticultural da atualidade. c) Habilidade conceitual: é a capacidade de coordenar e integrar todos os interesses e ativi- dades de uma organização. Implica ver a organização como um todo e entender suas complexidades promovendo o ajustamento do comportamento dos participantes e inte- grando os objetivos individuais aos organizacionais. d) Habilidade diagnóstica: ter habilidade para investigar um problema, decidir e procurar uma solução. Na maioria das vezes exige outras habilidades – técnica, humana, conceitual ou política para resolver os problemas. Quase que elementar na profissãodo administrador. e) Habilidade política: ser eficaz é, sobretudo, conseguir uma fatia de poder e impedir que outros a tomem de você. Envolve a competência de adquirir o poder necessário para atingir os objetivos. Nesta habilidade está a capacidade de estabelecer conexões adequa- das e impressionar as pessoas certas. É importante ressaltar que na formação de gerentes eficientes e eficazes, a experiência é tão importante quanto a educação formal. Esses dois fatores não estão co-relacionados, porém a existência desta combinação é benéfica para os profissionais. Apesar das cinco habilidades serem essenciais, sua importância depende principalmente do ní- vel que o gerente ocupa na organização. A habilidade técnica é mais importante nos níveis mais baixos. A habilidade humana, ao contrário, é importante para gerentes em todos os níveis. E a habilidade conceitual, política e diagnóstica aumenta à medida que os indivíduos galgam os níveis do sistema administrativo, com base em princípios hierárquicos e responsabilidade (Oli- veira; Silva, 2006, p. 144). Já mencionamos anteriormente que a Administração é uma ciência social, portanto estamos reafirmando que se trata de uma ciência, pois lida com fenômenos complexos e recebe influências de outras diferentes ciências, tais como a Filosofia, Sociologia, Psicolo- gia e Economia. Sendo assim, enquanto campo de estudos, é possível afirmar que a Admi- nistração é ciência, arte e profissão. EaD Marivane da Sil va 28 Sugerimos pesquisar na literatura específica a fundamentação de conceitos que auxi- liem na compreensão da Administração como uma ciência, uma arte e uma profissão. De forma objetiva podemos afirmar: CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO Ciência: é o conjunto organizado de conhecimentos administrativos obtidos pela lei- tura, pela observação, pelas metodologias e técnicas administrativas desenvolvidas, bem como pela prática nas organizações. Arte: é a capacidade sustentada pelo conhecimento dos conceitos, metodologias e técnicas administrativas, que os profissionais têm condições de aplicar, de maneira adequada, nas organizações. Profissão: é o exercício das atividades de administrador, visando otimizadas satisfa- ção e realização pessoal e profissional. Figura 6: Contexto da Administração Fonte: Oliveira (2008, p. 32). Segundo Motta (1998, p. 9), “para que um determinado campo de conhecimento seja considerado ciência é necessário que se tenha um objeto próprio, e isso a Adminis- tração possui”. Com as fundamentações de Andrade e Amboni (2007, p. 7), vamos en- tender que: ADMINISTRAÇÃO Ciência Arte Profissão EaD 29 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural A Administração é uma ciência, pois lida com fenômenos complexos, sobre os quais o administrador tem pouco conhecimento. Por ser uma ciência inexata, o administrador toma decisões com base em infor- mações incontroláveis, devido aos limites cognitivos de racionalidade e por serem os negócios altamente mutáveis e circunstanciais. A administração enquanto ciência recebe influências de diferentes ciências e vice-versa: Partindo do pressuposto de que arte é conseguir um resultado desejado por meio da aplicação de habilidades, pode-se dizer que a Administração é uma arte no sentido de proporcionar o desen- volvimento por meio do treinamento educativo das habilidades necessárias para que o administrador realize com desenvoltura as atividades nas organizações. Neste sentido, Administração é a arte de liderar pessoas e gerir recursos escassos e valiosos dentro e fora das organizações (Andrade; Amboni, 2007, p. 8). Administração enquanto arte significa entender que: (...) o profissional do campo de Administração tem de ter a capacida- de/habilidade de saber fazer (arte) para traduzir todo o conhecimento (saber) em ações práticas que proporcionem resultados significativos para as organizações e a sociedade (Andrade; Amboni, 2007, p. 8). Para o(a) administrador(a) “praticar a arte (fazer), ele deve ter diferentes capacidades/habilidades” (Andrade; Amboni, 2007, p. 9), ou seja, assume vários e diferentes papéis em suas atividades. Mintzberg (apud Chiavenato, 2008, p. 22) identificou três categorias de papéis, que podem ser desdobradas em dez papéis específicos, a saber: Figura 7: Papéis do(a) administrador(a) Fonte: Adaptado de Chiavenato (2008). Inexata Falta de exatidão; que não é precisa. Treinamento Sugiro substituir por capacitação das habilidades, para sermos mais coerentes com a concepção humanista. Papéis Interpessoais Interação: representação, liderança e ligação. Papéis Informacionais Processa a informação: monitoração, disseminação, porta-voz Papéis Decisórios Como utiliza a informação: empreende, resolve conflitos, alocação de recursos e negociação EaD Marivane da Sil va 30 A administração enquanto profissão tem sua história. Sua comemoração nacional ocorre no dia 9 de setembro – Dia do(a) Administrador(a): A Administração enquanto profissão, iniciou-se, no Brasil, a ser disseminada em 1931, pelo Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT, em São Paulo. Em 1938, com a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP, foram difundidos os métodos admi- nistrativos, visando principalmente à capacitação do servidor público (...). O processo de industrialização no Brasil ocorrido nos anos 30 e a necessidade de procedimentos administrativos no setor público motivaram a criação da Fundação Getúlio Vargas, em 1944, e em seguida, a implantação da Escola Brasileira de Administração Pública – Ebap – no Rio de Janeiro, em 1952, e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo – EAESP –, em 1954. Toda essa evolução fomentou a criação da profissão do administrador no Brasil, que se deu com a edição da Lei nº 4.769, de 09/09/1965 (Andrade; Amboni, 2007, p. 9). A exemplo de outras profissões liberais, a profissão de administrador(a) é regulamen- tada por um órgão, que disciplina e fiscaliza o exercício profissional: o Conselho Federal de Administração – CFA – http://www.cfa.org.br e os Conselhos Regionais de Administração – CRAs – http://www.crars.org.br. Além de saber qual é o dia que homenageia esse profissional, também é importante você conhecer o símbolo da profissão do(a) administrador(a): Figura 8: Símbolo do(a) administrador(a) Fonte: <http://www.cfa.org.br> Perceba que esse símbolo é, na verdade, uma junção de outros símbolos: A justificativa da constituição gráfica do símbolo que representa a profissão do(a) administrador(a) é: EaD 31 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural O quadro como ponto de partida: uma forma básica, pura, onde o processo de tensão de linhas é recíproco. Sendo assim, os limites verticais/horizontais entram em processo recíproco de tensão. “Uma justificativa para a profissão, que possui também certos limites em seus objeti- vos: organizar, dispor para funcionar, reunir, centralizar, orientar, direcionar, coorde- nar, arbitrar, relatar, planejar, dirigir, encaminhar os diferentes aspectos de uma ques- tão para o objetivo comum”. “O quadro é regularidade, possui sentido estático quando apoiado em seu lado, e sen- tido dinâmico quando apoiado em seu vértice (a posição escolhida)”. “As flechas indicam um caminho, uma meta, a partir de uma premissa, de um princípio de ação (o centro)”. “As flechas centrais se dirigem para um objetivo comum, baseado na regularidade (...) as laterais, as metas a serem atingidas”. Fonte: <http://www.cfa.org.br> Para além de um dia destinado a lembrar dos administradores e de um símbolo que remete à profissão, também foi criado um juramento para formalizar o momento da colação de grau (formatura) desse profissional. O juramento foi oficializado pela Resolução Normativa do Conselho Federal de Admi- nistração nº 201, de 19/12/97. Prometo dignificar minha profissão, consciente de minhas responsabilidades legais, observar o Código de Ética, objetivandoo aperfeiçoamento da Ciência da Administração, o desenvolvimen- to das Instituições e a grandeza do Homem e da Pátria. Após conhecer um pouco mais as origens da Administração, é preciso entender que a Administração se consolidou como um processo, por meio do pensamento administrativo (que surgiu como conseqüência da consolidação do capitalismo e ao mesmo tempo do processo de modernização das sociedades ocidentais), ou seja, foi constituído a partir do planejamento, da organização, da direção e do controle. EaD Marivane da Sil va 32 A Administração enquanto processo pressupõe uma “seqüência de funções que carac- terizam o trabalho do(a) administrador(a), independente do nível hierárquico em que se situe e do tipo de organizações em que atue, com ou sem finalidade lucrativa, pública ou privada, manufatura ou de prestação de serviços” (Moraes, 2001, p. 13). Figura 9: Funções do(a) Administrador(a) Fonte: Moraes (2001, p. 13). Essas funções integradas constituem o processo administrativo (que será estudado de forma detalhada na Unidade III) e são conceituadas por Silva (2002, p. 10) como: a) Planejamento: determinação de objetivos e metas para o desempenho organizacional futuro, e decisão das tarefas e recursos utilizados para o alcance de objetivos. b) Organização: processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departa- mentos e de alocação de recursos para os departamentos. c) Direção: influencia para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo a alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão daquelas pessoas. d) Controle: função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado. Planeja Organiza Dirige Controla Administrador(a) Esforços grupais Recursos organizacionais Alcança objetivos EaD 33 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural A Administração desempenha o papel de suporte ou meio técnico e organizado para o desenvolvimento de empresas e organizações. Como afirma Nogueira (2007, p. 30) “plane- jar, organizar e controlar os meios ou recursos materiais e humanos para atingir resultados foi, e continua sendo, a principal tarefa da gestão e da Administração”. Este autor distingue a empresa pela sua finalidade de produzir bens e serviços para o mercado, tendo em vista o retorno sobre o investimento realizado ou a obtenção do lucro. É preciso ressaltar que muitos autores que escrevem sobre “gestão” e “administra- ção”, consideram ambas as expressões como sinônimos. Associando-se à expressão de Siedenberg (2008), gestão e administração são uma espécie de primos-irmãos; e cada vez mais, o termo gestão é mais utilizado contemporaneamente do que administração. Nogueira (2007) também salienta que a gestão ou a administração é um modo racio- nal e calculado de ordenar os meios para atingir resultados (objetivos a alcançar). Conceitualmente, entende-se que: Gestão, do latim gestio, é o ato de conduzir, dirigir ou governar. Administração, do latim administratio, tem aplicação específica: administrar um bem, um negócio ou uma área. Logo, administração seria, a rigor, uma aplicação de gestão. O uso atual do termo inglês management aproxima-se mais da idéia de gestão empresarial, ao passo que administration (administração) refere-se principalmente à administração pública. Em francês, há também essa diferença: gestion está mais associada à gestão de empresas; administration diz mais respeito à administração pública. No caso brasileiro, a gestão pressupõe algo mais abrangente. Gestão empresarial compreende pensar no conjunto da gestão da empresa. “Administração” tem um sentido mais específico, de atenção a determinado aspecto da produção ou do trabalho. A palavra gestor, assim, relaciona-se com o cargo máximo de uma organização (às vezes, é usada para identificar o proprietário). Já o administrador é o profissional, técnico, analista ou gerente assalariado da empresa (Nogueira, 2007, p. 30). O mesmo autor justifica que na era contemporânea, em decorrência das transforma- ções no mundo do trabalho e das organizações, a tarefa do gestor é identificada muito com a do(a) administrador(a), o que não leva a distingui-los com tanta rigidez. EaD Marivane da Sil va 34 Em sua teorização ele explicita que a administração está relacionada com a modernidade que conecta as pessoas (com seus sonhos e paixões) ao mundo real, na medida em que verifica as condições econômicas, sociais e políticas da existência e auxilia na realização destes sonhos e paixões coletivas; também percebe que a gestão está em todos os lugares. Nogueira (2007, p. 31) ainda afirma que o fundamento da gestão ou da administração “é a noção de racionalidade, isto é, o uso da inteligência, da razão, para encontrar os meios mais adequados com vista à realização de resultados. (...) Não há ges- tão sem administração e vice-versa”. Nesse sentido, o autor ressalta que é preciso preocupar-se em formar um profissional com um perfil (...) voltado para o futuro, atento às mudanças, tem de estar capa- citado a aprender, pesquisar e investigar, articulando os conheci- mentos adquiridos na escola com aqueles exigidos nas organiza- ções. (...) oferecer não respostas prontas, mas questões que, exi- gindo pesquisa e reflexão, levem o estudante a encontrar soluções com criatividade (p. 17). Em termos práticos, a Administração é uma área aplicada na busca de resultados concretos que visem à melhoria de ges- tão, fundamentada no compromisso com as pessoas, o trabalho, o desenvolvimento nacional e a preocupação com o ambiente. Sendo assim, vamos instigar você a pesquisar, refletir e analisar o que é “gestão para o desenvolvimento”, ou seja, considerando os desafios da profissão, do trabalho, das organizações e da socie- dade do século XXI, o que faz o profissional bacharel em Admi- nistração? Noção de racionalidade Existe uma distinção entre a racionalidade – racionalidade funcional ou instrumental x racional substantiva, respecti- vamente, é o processo organizacional que visa alcançar objetivos prefixados, ou seja, é uma razão com relação a fins na qual vai predominar a instrumentalização da ação social dentro das organiza- ções, predomínio centrado na formalização mecanicista das relações sociais em que a divisão do trabalho é o imperativo; enquanto que a substantiva preconiza a ação racional com relação a fins. Tendo a inserção da racionalidade comunicativa que promove uma mediação por meio do dialogo entre os agentes sociais do processo (Tenório, 2002, p. 36). EaD 35 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Seção 1.4 Desenvolvimento: uma concepção em construção Você deve estar se questionando: o que o desenvolvimento tem a ver com a Administração? É uma preocupação da Admi- nistração pensar e se envolver com a problemática do desen- volvimento? São questões sobre as quais todos nós, estudiosos da Admi- nistração, estamos a refletir, dado que o desenvolvimento é uma preocupação de todas as áreas do conhecimento, mesmo que seja algo como pano de fundo do seu grande arsenal teórico e prático. Se analisarmos as referências bibliográficas disponíveis para o estudo da gestão vamos nos deparar com a constatação de que grande parte das contribuições são norte-americanas e que pou- cas obras têm foco na realidade brasileira. Se no estudo da ges- tão nos deparamos com esta carência, no que se refere ao estudo da Administração encontramos uma dificuldade ainda maior em encontrar literatura que faça correlação direta desta com o foco no desenvolvimento. Nesse sentido, informamos e orientamos ao estudo da obra de Nogueira, que está nas referências, posto que representa uma inovação pela sua sistematização de importantes contribuições teóricas e empíricas da Academia Brasileira de Administração, seja pela forma de expressão ou pela reflexão que incorpora aos paradigmas apresentados a preocupaçãoda gestão para o desen- volvimento sustentável. Tendo a compreensão de que desenvolvimento não signifi- ca apenas crescimento econômico, mas uma sinergia entre os outros fatores da sociedade, principalmente os sociais e os ambientais, ainda não foi possível construir um conceito univer- sal e definitivo de desenvolvimento, por isso ele ainda é visto como algo em construção e que exige estudo. Sugestão de leitura: FURTADO, Celso. A fantasia organizada. Rio de Janeiro: Ed Paz e Terra, 1985. EaD Marivane da Sil va 36 É preciso, porém, compreender o desenvolvimento para além da questão terminológica, dando amplitude aos estudos e interpretações, bem como ter a perspectiva clara que Amartya Sen (2000) apresenta em sua obra quando considera as liberdades substantivas das pessoas e os modos e meios de promovê-las como expansão do “papel constitutivo” e do “papel instrumental” da liberdade. Em outras palavras, significa considerar o desenvolvimento para além da análise de produto interno bruto e renda, ampliando esse entendimento para a busca constante ao problema da desigualdade, da significação que as pessoas dão a sua dignidade humana, da ética, da moralidade, da credibilidade, e pensar em qualidade de vida. As pessoas precisam se conscientizar da necessidade de agirem como atores sociais, participantes ativos dessa mudança, e vistos como agentes do processo de atendimento às necessidades humanas, ou seja, da expansão da liberdade como desenvolvimento que deveria ser uma bandeira natural de todos os administradores ao gerir uma organização. Muitos autores optam por adjetivar o conceito, como é o caso de Nogueira (2007), que deixa clara uma preocupação da gestão voltada ao desenvolvimento sustentável da sociedade, a responsabilidade social das empresas e o cuidado com o meio ambiente, em nome das gerações futuras. Afinal, jovens universitários, qual é o papel da gestão para um desenvolvimento sustentável? Arrisque-se e anote sua opinião. Mais tarde, quando estiver- mos mais avançados no estudo desse tema, será muito interessante voltar aos seus aponta- mentos e constatar o que mudou e o que se transformou seu conceito! O objetivo é estimular essa discussão e inspirar novos parâmetros para análise, pes- quisa e aplicações práticas a Administração. SÍNTESE DA UNIDADE 1 Ao concluir os estudos da Unidade 1 você deve ter claro que há uma distinção entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais, cuja explicação está no objeto de estudo. As organizações permeiam nossas vidas de modo que na sociedade são elas que executam quase todas as atividades, vistas como sis- temas abertos, e podendo ser formais ou informais. Também poderá compreender que não há distinção clara entre Administração e Gestão. Administração é do campo de estudos das Ciências Sociais, entendida como ciência, arte e profissão. Considerando os desafios da profissão do(a) administrador(a) cabe a preocupação da gestão para o desenvolvimento sustentável. EaD 37 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2 BREVE HISTÓRICO DOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO OBJETIVO DESTA UNIDADE • Conhecer as concepções de paradigmas, a nova possibilidade de análise dos paradigmas de Administração, bem como estudar as Escolas de Administração e as categorias de análise. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 2.1 – Concepções de Paradigmas Seção 2.2 – Um Novo Olhar Para a Teorização da Administração: paradigmas de admi- nistração Seção 2.3 – Escolas de Administração e Categorias de Análise Após a leitura e reflexão desta Unidade, você deverá estar capacitado a entender uma nova visão multidisciplinar dos estudos organizacionais. Antes de qualquer coisa você precisa conhecer, entender e se permitir tentar construir a sua concepção do que seja paradigma. Desta forma, vamos ao estudo da primeira seção desta Unidade 2. EaD Marivane da Sil va 38 Seção 2.1 Concepções de Paradigmas Iniciaremos esta seção com uma pergunta: O que você entende por paradigma? Reflita sobre suas concepções e faça anotações sobre seu entendimento. Você tem dúvidas se seu entendimento é correto? Não se preocupe, pois vamos ajudar você nesta descoberta! Muito se ouve falar: “é necessário quebrar paradigmas”; “trata-se de um paradigma”, “é uma mudança de paradigma”, mas afinal, o que é um paradigma? “Paradigma é uma forma de ver o mundo. É um padrão. Ele informa às pessoas como analisar e interpretar fatos, eventos ou determinadas situações” (Araújo, 2001, p. 45). Vários professores, de diversas universidades nacionais e internacionais, aprofundam suas pesquisas, reflexões e compreensões sobre os paradigmas e Godoi, Mello e Silva (2006) sintetizam apresentando suas percepções sobre os paradigmas. Vamos resgatar algumas idéias que consideramos pertinentes ao seu conhecimento geral e específico. Parece incipiente este discurso, em razão de que você ainda é iniciante nos estudos organizacionais, mas também não podemos deixá-lo de fora de um contexto extremamente recente e atual. O objetivo deste resgate é meramente contextual, para entender as mudan- ças que ocorreram, ao longo dos séculos, para se pensar o paradigma. EaD 39 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural Nesse contexto, inicialmente apresentamos as bases teóricas que revelam a trajetória evolutiva da concepção de paradigma: (...) nas ciências sociais as ideologias, as teorias mais duradouras e os “paradigmas” têm sido associados às obras dos clássicos, como Marx (marxismo), Weber (weberianismo) e Durkheim (funcionalismo, positivismo); diversas escolas, como a de Frankfurt ou a de Chicago, são toma- das eventualmente como paradigmas ou fonte de referencial teórico-metodológico (Godoi; Mello; Silva, 2006, p. 18-19). As obras clássicas referenciadas não poderiam deixar de ser sugeridas para estudo e, se possível, orientadas como uma leitura obrigatória aos estudiosos da Administração. São as bases de todas as fundamentações construídas ao longo dos tempos. Paradigma é a visão de mundo, ou seja, a forma como a realidade social é percebida, sobre a influência do paradigma filosófico adotado, seja ele: 1) FUNCIONALISTA – a realidade é concreta – objetiva; ou 2) INTERPRETATIVISTA – a realidade é subjetiva; ou 3) MARXISTA – a realidade é histórica. É importante destacar que ao estudarmos “paradigmas”, encontramos em muitas refe- rências bibliográficas de teorias organizacionais ou estudos organizacionais, como a gran- de referência ao tema a concepção de Thomas Kuhn, como linha de pensamento da racionalidade científica. Godoi, Mello e Silva (2006), no entanto, chamam a atenção para o fato de que, na verdade, ele não reconheceu a existência de paradigmas no campo das Ciências Sociais, apenas para as Ciências Naturais e por isso sua concepção é considerada pelos teóricos de Administração como em seu estágio imaturo ou pré-paradigmático. Com base neste fato reexaminaram o conceito proposto por Kuhn e desaconselham sua utilização no campo dos estudos organizacionais. EaD Marivane da Sil va 40 O conceito de Kuhn sobre paradigma apresenta-se como sendo o fornecedor dos fundamentos para a prática de muitas ciências; “de prover modelos, não somente para identificação de problemas, mas também de sua resolução” (Araújo, 2001, p. 45). É a visão de que o conhecimento do mundo evolui no tempo de forma cumulativa, gradual e linear; que propicia limites, padrões, e permite dar coerência e relevância a um fenômeno. Considerando que Godoi, Mello e Silva (2006, p. 31) reelaboraram o conceito de Kuhn, apresentamos uma nova com- preensão de paradigma: Paradigma é uma constelação de crenças, valores e técni- cas compartilhadas pelos membros de uma determinada co- munidade científica. Ou melhor: Paradigma pode ser empregado num sentido mais globalizante, abarcando todos os esforços compartilhados por uma dada comunidade científica; ou num sentido que isola um conjuntomais específico de esforços, que se torna um subconjunto do primeiro. Morin (1991, apud Godoi; Mello; Silva, 2006, p. 36) critica e revisa o conceito de paradigma proposto por Thomas Kuhn, de maneira a reafirmar que “os sistemas de idéias são radicalmente organizados em virtude dos paradigmas”, ou seja, propõe uma nova linha de pensamento – chamada pensamento complexo. Assim, entende que: Pré-paradigmático Anterior ao paradigma conceitual proposto pela modernidade. EaD 41 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural “[...] os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo os paradigmas internalizados em suas culturas” (Godoi; Mello; Silva, 2006, p. 36). Trata-se de um ir-e-vir constante entre certezas e incerte- zas, entre o elementar e o global, entre o separável e o inseparável, entendido posteriormente como o paradigma da complexidade. Na tentativa de compreender melhor a relação entre as teo- rias organizacionais e o paradigma da complexidade buscamos a contribuição de três autores – Guerreiro Ramos, Edgar Morin e Gareth Morgan. Vamos fazer um recorte dos principais discursos para que você possa analisar o processo evolutivo das concep- ções de paradigmas. Guerreiro Ramos (citado em Godoi; Mello; Silva, 2006), um sociólogo brasileiro, em sua obra A nova ciência das organi- zações (1981) considera que a teoria organizacional domi- nante não desenvolveu a capacidade analítica necessária ao exame crítico de seus alicerces epistemológicos e teóri- cos. Em sua opinião, as organizações são ao mesmo tempo sistemas cognitivos, sistemas epistemológicos e cenários sociais. Elas têm sido interpretadas, predominantemente, como sistemas fundados na razão instrumental, no contex- to de sociedades centradas na regulação do mercado (ex- plicados na seção 2.3, quando abordamos o modelo de aná- lise proposto por Reed (1998, apud Clegg; Hardy; Nord, 1998). No seu entendimento, os cenários sociais desenhados sem inclusão de considerações substantivas acabam deforman- do a linguagem e os conceitos mediante os quais a realida- Paradigma da complexidade Defende que a lógica que percebe o mundo é passível de ser estudada sob a perspectiva da construção de certezas, herdada da construção de certezas, da tradição cartesiana, que busca explica- ções racionais para os fenômenos naturais e sociais, a partir de sua complexidade que envolve incerteza, indeterminação e subjetividade como critérios (Neto, 2001). Epistemologia Que estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento; que se refere às bases que sustentam o conhecimento acerca do objeto de estudo. EaD Marivane da Sil va 42 de é aprendida, assim como demonstra ser incapaz de ana- lisar a teoria organizacional diante da complexidade dos sistemas sociais organizados. Reed propõe um novo paradigma em que o cerne está na noção de delimitação organizacional, evidenciando a “di- versidade na unidade das formas organizacionais”, que de- signam atividades criativas, automotivadas, autônomas e gratificantes, numa perspectiva de racionalidade substan- tiva, que envolve: (a) uma visão da sociedade como uma variedade de enclaves (dos quais o mercado é apenas um), na qual o homem se empenha em tipos diferentes de atividades substantivas; (b) um sistema de governo social capaz de formular e implementar as políticas e decisões distributivas requeridas para a promoção do tipo ótimo de transações entre tais enclaves sociais. Morin, por sua vez, procura mostrar seu modelo como uni- dade na diversidade de pensar o fenômeno organizacional, as interações e retroações entre ordem, desordem e reorgani- zação, visando à emancipação ou auto-realização humana, numa sociedade também multicêntrica, em equilíbrio dinâ- mico e coevolutivo com as demais espécies de ecossistemas. Sintetizando: seu objetivo é compreender as formas organizacionais constituídas pelas sociedades humanas em seu conjunto e contexto (sociedade, indivíduo, espécie). Cabe esclarecer que razão substantiva e pensamento com- plexo condensam aspectos éticos, críticos, científicos e po- líticos, embora não redutíveis uns aos outros. Racionalidade substantiva É a percepção individual- racional da interação de fatos em determinado momento.O ator social dentro da organiza- ção deveria desenvolver suas relações de forma a produzir segundo a sua maneira particular de perceber a ação racional com relação a fins (Tenório, 2002, p. 33). EaD 43 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural A abordagem que busca a complementaridade entre a teo- ria da delimitação de sistemas sociais (Ramos, 1981) e o paradigma da complexidade (Morin, 2003) apresenta pro- ximidade com a obra de Morgan (1996), que faz uma criti- ca multifacetada às idéias predominantes nos estudos organizacionais. Morgan, na obra Imagens na Organização (1996), critica a construção da teoria organizacional por ter sido dominada pelas perspectivas funcionalistas, segundo as quais as or- ganizações são concebidas como máquinas ou organismos vivos. Desta forma, apresenta novos campos de visão ao conceber organizações simultaneamente como máquinas, organismos, culturas, cérebros, sistemas políticos, prisões psíquicas, fluxo e transformação e instrumentos de domi- nação. Este autor apresenta sua concepção através de imagens ou metáforas, que são “teorias” ou “arcabouços conceituais”, e “a prática não está nunca livre da teoria, uma vez que se encontra sempre orientada por uma imagem ou por aquilo que está tentando fazer”. Defende a posição de que a reali- dade é, ao mesmo tempo, subjetiva e objetiva; e procura compreender a complexidade das organizações produtivas como unidades nucleares das sociedades, mesmo que para- doxais e multidimensionais (Godoi; Mello; Silva, 2006, p. 42-47). Complementando os conceitos já apresentados Boog afir- ma que: Perspectiva funcionalista Considera a organização como entidade única na qual os membros buscam atingir objetivos e interesses comuns, visando atingir a eficiência e a eficácia organizacional. Morgan (1996) enfatiza que a perspec- tiva funcionalista tem sido a criação e elaboração de uma linguagem que crie e sustente um sistema de valores que prega a concepção de objetivi- dade. Metáforas São artifícios para embelezar o discurso, mas seu significado implica um modo de pensar e uma forma de ver que permeia a maneira pela qual entende- mos nosso mundo em geral (Morin, 1996, p. 16). Saiba mais: Kuhn, T. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970. Ramos, A. G. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: FGV, 1981. Morin, E. A inteligência da complexidade. 3. ed. São Paulo: Peirópolis, 2004. Morin, E. Introdução ao pensamento complexo. 4. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 2003. Morgan, Gareth. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996. Silva, A. B.; Rebelo, L. A emergência do pensamento nas organizações. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 37 (4), p. 777-796, jul./ago. 2003. Disponível em: <http://www.ebape.fgv.br/ academico/asp/ dsp_rap_resumos.asp?cd_artigo=2289>. Acesso em: 7 jan. 2009. EaD Marivane da Sil va 44 Paradigmas são referenciais que usamos continuamente para balizar nossas decisões. Paradigmas são “lentes” que condicionam a nossa visão de mundo, dando-lhe as suas cores e formas. Por estarem tão incorporados ao nosso dia-a-dia, muitas vezes nem nos damos conta de que os paradigmas existem e são tão determinantes em nossa forma de perceber o mundo. Os paradigmas são, num certo sentido, altamente positivos, pois trata-se de um referencial que nos ajuda e nos apoia. Por outro lado, ao definirem uma forma rígida de ver e perceber, podem nos causar uma cegueira que nos impede enxergar o que não se ajusta aos pressupostos básicos (apud Heloani, 2003, p. 180). Nogueira (2007, p. 103), por sua vez, assim se expressa: Paradigma é um conceito que vem da Grécia antiga, onde significa
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