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Apostila UNIJUÍ - Estudos organizacionais - abordagem estrutural

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EaD
1
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem EstruturalUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD
Coleção Educação a Distância
Série Livro-Texto
Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
2009
Marivane da Silva
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS:
Abordagem Estrutural
EaD Marivane da Sil va
2
 2009, Editora Unijuí
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: editora@unijui.edu.br
www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Jociane Dal Molin Berbaum
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
S586e Silva, Marivane.
Estudos organizacionais : abordagem estrutural /
Marivane Silva. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2009. – 130 p. – (Cole-
ção educação a distância. Série livro-texto).
978-85-7429-761-3
1. Administração. 2. Teoria da administração. 3. Teoria
das organizações. 4. Estudos organizacionais. 5. Gestão.
I. Título. II. Título: Abordagem estrutural. III. Série.
CDU : 65
 65.014
 658
EaD
3
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
SumárioSumárioSumárioSumário
CONHECENDO A PROFESSORA...............................................................................................5
UNIDADE 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA
 ENTENDER OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS .........................................7
Seção 1.1 – Distinção Entre Teoria da Administração,
 Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais .........................................11
Seção 1.2 – Concepção de Organizações ...................................................................................17
Seção 1.3 – Concepção de Administração e de Gestão ............................................................25
Seção 1.4 – Desenvolvimento: uma concepção em construção ..............................................35
UNIDADE 2 – BREVE HISTÓRICO DOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO ...........37
Seção 2.1 Concepções de Paradigmas ........................................................................................38
Seção 2.2 – Um Novo Olhar Para a Teorização da Administração:
 paradigmas de administração .................................................................................49
Seção 2.3 – Escolas de Administração e Categorias de Análise .............................................54
UNIDADE 3 – PARADIGMA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO................................................61
Seção 3.1 – Taylorismo ..................................................................................................................65
Seção 3.2 – Fayolismo ...................................................................................................................71
3.2.1 – Processo Administrativo e Seus Elementos .............................................79
3.2.2 Áreas Funções da Organização ou Funções Organizacionais ................90
Seção 3.3 – Fordismo e a Produção de Massa ..........................................................................93
UNIDADE 4 – PARADIGMA ORGANIZACIONAL ............................................................... 101
Seção 4.1 – Weber e a Organização Burocrática ................................................................... 102
Seção 4.2 – Tipologias das Organizações: uma visão de Etzioni, Blau e Scott ................ 110
Seção 4.3 – Administração por Objetivos ............................................................................... 118
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 125
EaD Marivane da Sil va
4
EaD
5
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Conhecendo a ProfessoraConhecendo a ProfessoraConhecendo a ProfessoraConhecendo a Professora
MARIVANE DA SILVA
Sou natural de Jóia/RS, tenho 33 anos e moro em Ijuí desde
1989, quando concluí o 1º Grau. O 2º Grau cursei na Escola Esta-
dual de 2º Grau Ruy Barbosa.
Em 1993 ingressei na Universidade Regional do Noroeste do
Estado do RS – Unijuí – para cursar Administração de Empresas.
Em 1994 iniciei minhas atividades profissionais na Unijuí como
técnico-administrativo e de apoio no Departamento de Estudos da
Administração, atuando na área administrativa.
Em 1998 cursei minha pós-graduação lato sensu em
Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas, modalidade a dis-
tância, na Universidade Federal de Lavras – Ufla/MG. Foi uma ex-
periência única em termos de conhecer uma nova forma de apren-
der e de socialização de experiências, com vários profissionais que
buscam agregar conhecimentos.
A partir de 2000 tive a oportunidade de participar do Conse-
lho Regional de Administração – CRA/RS –, ao qual me filiei como
profissional da área.
Em 2002 fiz concurso para docente horista no Departamen-
to de Estudos de Administração, tendo minha inserção acadêmica
no curso de Administração da Unijuí, com atuação nas áreas de
Estágios e Teorias da Administração.
Ingressei no Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí em
2005, desenvolvendo a dissertação intitulada “O egresso como
parceiro institucional numa universidade regional: o caso da
EaD Marivane da Sil va
6
Unijuí”, obtendo a titulação de mestre em 2007. Em 2005 atuei
como assessora da Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Ex-
tensão e, em 2006, assumi função administrativa na Secretaria dos
Conselhos da Unijuí.
Tenho conciliado minhas atividades acadêmicas e adminis-
trativas, o que me permite ter uma interação maior com os diversos
públicos da Universidade e construir uma caminhada profissional
na academia.
Na Unijuí constituí minha formação acadêmica e profissio-
nal e consolido minhas experiências de docência na Educação a
Distância, nos cursos de tecnólogos e Administração.
Espero poder contribuir para a construção do seu conheci-
mento nesta sua caminhada!
EaD
7
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER
OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
OBJETIVO DESTA UNIDADE
• Aprender os conceitos básicos para o estudo da Administração.
AS SEÇÕES DESTA UNIDADE
Seção 1.1 – Distinção Entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos
Organizacionais
Seção 1.2 – Concepção de Organizações
Seção 1.3 – Concepção de Administração e de Gestão
Seção 1.4 – Desenvolvimento: uma concepção em construção
Para darmos início aos estudos organizacionais, vamos fazer um breve passeio pelos
conceitos que consideramos fundamentais para o entendimento dos conteúdos e a constru-
ção de seu aprendizado.
A Unidade I está subdividida em quatro seções e após estudá-las, você deverá entender:
1. a distinção entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e Estudos
Organizacionais;
2. a concepção de Organizações;
3. a concepção de Administração e de Gestão;
4. o desenvolvimento como uma constante na Administração: uma concepção em construção.
EaD Marivane da Sil va
8
Para compreender os estudos organizacionais é necessário fazer um exercício de voltar
no tempo e no espaço e indagar:
– Quando começamos a estudar, ouvir, ler e saber sobre a existência da Administração?
É algo recente? Em que século começou?
Vamos descobrir...
Estamos falando de voltar no tempo, na História, na construção de uma linha do
tempo da Administração para entender quando começamos a falar em Teoria da Adminis-
tração, Teoria das Organizações e, mais recentemente, Estudos Organizacionais. Como a
terminologia “estudos organizacionais” é um conceito muito recente, podemos dizer que
ainda está em processo de construção, porém enquanto Administraçãopode-se afirmar que
já era conhecido desde as Escrituras Sagradas.
O exercício da Administração sempre fez parte da história das civilizações, desde as
comunidades primitivas até a sociedade do conhecimento ou em transformação para a soci-
edade do espetáculo, que marca o século 21, cuja “alma é a experimentação, a encenação,
a capacidade de criar sensações memoráveis para as pessoas, e não “apenas” ofertar bens
ou serviços de qualidade comprovada e de forma customizada” (Souza, 2002, p. 23).
Para explicar melhor, vamos nos reportar a Maximiano (2002), quando este afirma
que a Administração era praticada desde as sociedades primitivas, quando eram organiza-
das expedições para a caça de animais, como forma de sobrevivência dos povos dessa época,
ocasião em que os membros dessas sociedades se organizavam coletivamente mediante o
planejamento, divisão de trabalho, tomadas de decisão e definição da rota das migrações e
preparo das armas. Essas expedições eram compreendidas e consideradas o embrião de em-
presas, de comunidades, de líderes que, por sua vez, eram os protótipos do gerente.
As teorias da Administração, que vamos focalizar nesta seção, são muito mais recen-
tes que as expedições da era primitiva, porém também se aprimoraram e evoluíram continu-
amente à medida que os administradores do passado e do presente buscam solucionar pro-
blemas, e a partir de técnicas conseguem resolvê-los. Técnicas que já existiam desde os
princípios de Administração, propostas por Jesus na Bíblia e posteriormente, por Taylor, que
serão apresentadas na Unidade 3.
EaD
9
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Até meados do século 18 os indivíduos conviviam com vári-
as restrições, entre elas a da agricultura, pois produziam para
seu próprio consumo e só consumiam o que conseguiam produ-
zir. Trata-se de um período que evoluiu da revolução agrícola para
a revolução urbana, por volta de 4000 a.C., quando começam a
surgir as cidades e os Estados. Essas primeiras organizações for-
mais demandaram a criação de práticas administrativas que se
estabilizariam e evoluiriam ao longo dos tempos.
A partir do final do século XVIII, com a invenção da máquina a
vapor por James Watt e sua posterior aplicação à produção, uma
nova forma de vida passou a dominar, dando início à Revolução
Industrial, na qual ocorreu um novo sistema de produção, com a
invenção e o uso de novos instrumentos, processos, novas fontes de
energia (o motor a vapor pelo uso do carvão e máquinas de fabri-
cação). Esses novos desenvolvimentos surgiram como resultado
direto do aumento do conhecimento durante o período de grande
atividade intelectual na Renascença (Muniz; Faria, 2007, p. 4).
Como você acabou de ler, a Revolução Industrial sublevou o
sistema de produção e de trabalho, em meados do século 18, com dois
grandes fatos: o surgimento das fábricas e a invenção das máquinas a
vapor. A partir daí ocorrem várias mudanças no ambiente tecnológico,
econômico, político e social, levando ao surgimento de novos concei-
tos e técnicas para administrar as complexas organizações.
Maximiano (2002, p. 91) observa que o desenvolvimento da
Administração foi influenciado pelo surgimento da empresa indus-
trial, conseqüentemente, no final do século 19 as preocupações
em estudar de forma autônoma e sistemática as organizações e as
melhores maneiras de obter resultados se concretizaram.
Sendo assim, começou-se o estudo da Administração como
uma ciência capaz de propiciar eficiência, eficácia e efetividade
ao sistema fabril. Veja na Figura 1 esquema representando essas
concepções.
Ciência
Provém do latim scire, que
significa tão-somente conhe-
cer. Seu objetivo é descrever
os fenômenos do mundo real
(Caravantes, 1999, p. 21).
EaD Marivane da Sil va
10
Figura 1: Concepções de eficiência, eficácia e efetividade
Fonte: Sobral e Peci (2008, p. 6).
Como já referimos, as contribuições do advento da industrialização e da produção em
massa levaram ao desenvolvimento das grandes organizações, que exigiam práticas de ad-
ministração formalizada. Neste sentido, tornou-se necessária uma teoria formal para orien-
tar os gerentes a administrar tais organizações. Vem daí a importância da teoria.
Você deve estar se questionando: o que é teoria?
Teoria é “o conjunto de princípios e conhecimentos fundamentais e especulativos, mas
racionais, de uma ciência – ou arte –, gerando opiniões sistematizadas a respeito do assunto
considerado” (Oliveira, 2008, p. 8).
Ou então: teoria é a “tentativa de associar e integrar os dados coletados através da
experimentação e observação em um sistema explanatório compreensível” (Caravantes,
Panno; Kloeckner, 2005, p. 39).
Ou ainda:
 
EFICIÊNCIA EFICÁCIA 
Fazer bem as coisas. 
Preocupação com os 
meios. 
Minimização dos recursos 
utilizados. 
Ênfase nos processos. 
Ausência de 
desperdícios. 
Fazer as coisas certas. 
Preocupação com os fins. 
Maximização dos objetivos 
alcançados. 
Ênfase nos resultados. 
Escolha dos objetivos mais 
apropriados. 
 
 
 
 
 
 
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R
ea
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aç
ão
 
de
 
o
bje
tiv
o
s 
EFETIVIDADE – é a medida da utilidade do produto ou serviço considerando-
se a sociedade como um todo e não apenas o consumidor ou a organização. 
É a capacidade de produzir um efeito, que pode ser positivo ou negativo. 
EaD
11
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Teorias podem ser vistas como um conjunto coerente de suposições
elaboradas para explicar a relação entre dois ou mais fatos
observáveis e prover uma base sólida para prever eventos futuros.
São afirmações que predizem quais ações vão levar aos resultados
e por quê. As teorias nos permitem fazer previsões acerca do futuro,
assim como interpretar o presente (Sobral; Peci, 2008, p. 32).
Na verdade, sempre que decidimos e agimos existe uma te-
oria por trás, ou seja, a teoria e a prática são sempre inseparáveis.
A partir dessa explicações supomos que você está pronto para
entender o que significa Teoria da Administração, Teoria das Or-
ganizações e Estudos Organizacionais. Então, sigamos adiante!
Seção 1.1
Distinção Entre Teoria da Administração,
Teoria das Organizações e Estudos Organizacionais
Quero lembrá-los que a “formulação de uma teoria inicia
com observações da realidade” (Caravantes, 1999, p. 24) – práti-
ca ou vivência – com graus diferentes de complexidade. Para re-
latar uma realidade empregamos o critério científico, ou seja, nós
o fazemos de forma ordenada, sistemática, realizando pesquisas
e mensurações que permitem uma abordagem indutiva e deduti-
va da realidade, ambas utilizadas no campo da Teoria da Admi-
nistração.
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO – são teorias administra-
tivas que “ajudam a compreender os processos fundamentais, o
funcionamento das organizações, o ambiente organizacional e
as decisões da administração nos diferentes momentos e situa-
ções do cotidiano empresarial” (Muniz; Faria, 2007, p. 10).
Indutiva
Começa com a análise de
observações específicas e
depois procura generalizar
para situações mais amplas.
Dedutiva
Inicia com uma infinidade de
conceitos inter-relacionados e
só então procura chegar a
conclusões específicas sobre a
realidade observada.
EaD Marivane da Sil va
12
Tendo esta compreensão será possível avançarmos nos es-
tudos para examinar uma espécie do gênero da teoria: a teoria
organizacional, que trata do estudo/observação de um objeto es-
pecífico – AS ORGANIZAÇÕES.
A Teoria das Organizações preocupa-se com “aquilo que
uma organização é e o que ocorrerá sob certas espécies de arran-
jos interpessoais ou estruturais-interpessoais” (Caravantes;
Panno; Kloeckner, 2005, p. 48).
Em outras palavras, os objetivos das teorias encontradas
no campo da Administração relacionam-se com o próprio objeto
de estudo citado: as organizações, sabendo-se que estas organi-
zações possuem duas conotações: a) como entidade social (que
estudaremos naseção 1.2); e b) como forma de organizar uma
organização/função ou elemento do processo administrativo (que
estudaremos na seção 3.2).
Cabe destacar que é objetivo das teorias administrativas e
organizacionais compreender as organizações como um fenôme-
no social, mas também, como toda teoria, o caráter normativo e
prescritivo está presente na proposta dos modelos que sugerem o
melhor modo de organizá-los e instrumentalizá-los para a práti-
ca organizacional.
TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES – é descritiva e/ou preditiva.
É o caminho trilhado para compreensão do homem moderno e da
sociedade, que conduziu ao estudo das organizações complexas
(Oliveira; Silva, 2006, p. 47).
Tendo claro suas diferenças, é necessário explicitar que num
determinado momento da história da Administração houve a tran-
sição da Teoria da Administração para a Teoria das Organiza-
ções, como tudo aquilo que sofre mudança, há uma fase de pas-
sagem, o que não foi diferente no estudo da Administração.
Descritiva
Que descreve, expõe fatos.
Preditiva
Que prevê fatos e/ou variáveis
no ambiente organizacional.
EaD
13
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Este fato é explicado por Motta (2001, p.11) como sendo “a
tentativa de estudar o sistema social em que a administração se
exerce com vistas à sua maior eficiência em face das determina-
ções estruturais e comportamentais” provocando a passagem. Essa
fase de transição foi marcada pela publicação do livro Organizations
(1958) de March e Simon, em que a preocupação com a produtivi-
dade dá lugar à preocupação com a eficiência do sistema.
Talvez você esteja se perguntando: mas no fundo, o que
muda mesmo da Teoria da Administração para a Teoria das Or-
ganizações? O que muda é o objeto de estudo, que passa a ser as
organizações, com a articulação de diversos fatores estruturais e
comportamentais, para os quais a teoria procura dar conta – pen-
sando o desenvolvimento de um sistema social.
Antes de se deparar com outra dúvida conceitual, alertamos
que você encontrará na literatura e nos discursos dos estudiosos
da área outra distinção importante, que precisa ser compreendi-
da, evitando a confusão mental – trata-se da diferença entre “Te-
oria da Administração” e “Teoria Geral da Administração”.
Para esclarecer esta diferenciação recorremos aos conheci-
mentos de Maximiano (2002, p. 29), que nos explica:
Teorias da Administração são conhecimentos organizados,
produzidos pela experiência prática das organizações.
Teoria Geral da Administração é o conjunto dessas teorias, que
são designadas por meio de diferentes termos – teorias, enfoque,
escola, modelo de gestão, modelo de organização, doutrina,
técnica, ou seja, a mesma idéia pode ser, e normalmente é, de-
signada de diferentes maneiras, dependendo do seu contexto
histórico e da própria situação da organização.
Teorias
São explicações, interpretações
ou proposições sobre a
realidade. Por exemplo: teoria da
burocracia, teorias da motiva-
ção. A própria definição de
administração como processo
de planejar, organizar, executar e
controlar é uma teoria.
Enfoque
Também chamado de pensa-
mento, abordagem ou
perspectiva, é um aspecto
particular das organizações ou
do processo administrativo,
selecionado para o estudo e
produção de conhecimentos. É
uma forma de interpretar as
organizações e o processo
administrativo. Ex.: enfoque
comportamental e enfoque
sistêmico.
Escola
É uma linha de pensamento ou
conjunto de autores que
usaram o mesmo enfoque,
escolheram o mesmo aspecto
específico para analisar, ou
adotaram o mesmo raciocínio:
escola de relações humanas. A
escola do processo administra-
tivo, às vezes chamada de
escola funcional, compreende
os autores que adotam a
definição de Fayol.
Modelo de gestão
Ou de administração, é um
conjunto de características que
definem organizações e a
forma como são administra-
das. Modelo de administração
é o produto de utilização de
determinadas doutrinas e
técnicas: Por exemplo: modelo
burocrático (ou mecanicista).
Modelo de Organização
É um padrão de organização,
estabelecido pela sua estrutura
organizacional.
EaD Marivane da Sil va
14
Prosseguindo nas discussões da diversidade de perspectivas
utilizadas para estudar a Administração e as organizações, Sobral
e Peci (2008) afirmam que o desenvolvimento teórico no campo
da Administração avançou, apresentando uma visão mais
abrangente: os estudos organizacionais.
Sobral e Peci (2008) reportam-se a Harold Koontz (1961)
para justificar tal fato e dizem existir uma “selva” de teorias ad-
ministrativas para explicar a Administração e as organizações,
mesmo tendo claro que a maioria dos livros e manuais de Admi-
nistração publicados possuem uma perspectiva de processo, abor-
dada por Fayol e, para muitos, considerada como a mais
abrangente e adequada para o estudo da Administração.
É importante reconhecer, contudo, que com o passar dos
tempos os teóricos foram evoluindo nas discussões de um enfoque
mais clássico para um enfoque mais contextual, destacando uma
visão multidisciplinar e para além das contribuições da teoria da
contingência, com temas mais contemporâneos, tais como
globalização, diversidade da força de trabalho, desenvolvimento
sustentável e ética em Administração.
Sobral e Peci (2008) afirmam que os fatores que influencia-
ram o estágio atual de desenvolvimento teórico em Administra-
ção são basicamente o pós-modernismo e o pluralismo
paradigmático no campo das idéias. Até 1960 constatava-se a
predominância de um único paradigma intelectual para explicar
as organizações, mas este processo começa a ser repensado à
medida que surgem novas publicações com perspectivas diferen-
tes sobre as organizações.
As novas perspectivas mostraram a importância dos processos de
organizar em vez de focar em entidades fixas denominadas orga-
nizações, do processo de construção dos objetivos organizacionais
Doutrina
Ou preceito, é um princípio de
conduta que contém valores,
implícitos e explícitos. As
doutrinas recomendam como
agir, orientando os julgamen-
tos e as decisões dos adminis-
tradores. Ex.: o movimento da
administração científica tinha
uma doutrina de eficiência dos
recursos; o movimento da
qualidade tem uma doutrina de
satisfação do cliente.
Técnicas
São soluções para problemas.
Exemplos: organogramas,
metodologias de planejamento,
estudos de tempos e movi-
mentos e sistemas de controle.
Os princípios são permanen-
tes, ao passo que as técnicas
tendem a ser transitórias
(Maximiano, 2002, p. 29-30).
Pós-modernismo
É entendido como o período
contemporâneo, geralmente
identificado com mudanças na
ordem econômica, cultural,
demográfica e social, atribuída a
fatores como: a) fim da
dicotomia ideológica comunismo
x capitalismo; b) impacto da
globalização; c) a crescente
importância do setor de serviços;
o amplo uso das tecnologias da
informação; o crescimento do
terceiro setor e das organizações
sem fins lucrativos. Também está
associado a uma mudança
profunda nas formas de
pensamento, que apresenta-se,
especialmente, como crítica aos
valores do Iluminismo, com sua
crença na racionalidade e no
progresso científico, e como
descrença relativa às verdades
absolutas apresentadas por
metanarrativas (Sobral; Peci,
2008, p. 60). O pós-modernis-
mo foi marcado pela
descontinuidade, indeterminação
e transcendência (Clegg; Hardy;
Nord, 1998, p. 29).
EaD
15
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
por parte de seus membros, dos conflitos e lutas de poder, presen-
tes no espaço organizacional e outras questões até então ignora-
das no estudo da administração e das organizações. A contribui-
ção de idéias e conceitos trazidos por outras disciplinas, tais como
economia, sociologia, psicologia e filosofia, também foram im-
portantes para a construção de novas perspectivas teóricas. O
resultado deste processo foi a pluralidade de alternativas à visão
funcionalista (Sobral; Peci, 2008, p. 61).
Com esta nova perspectiva de pluralidadetiveram início as
discussões sobre os paradigmas em estudos organizacionais, que
tomando por base a obra organizada por Caldas e Bertero (2007,
p. 6), tiveram seu marco inicial por volta de 1980, com Gareth
Morgan, que utilizou o trabalho de Gibson Burrell (1979) na sua
publicação, expondo a nova perspectiva pouco convencional so-
bre teoria organizacional.
Burrell e Morgan (1979) apresentaram à academia de Adminis-
tração norte-americana um modelo de categorização dos cam-
pos paradigmáticos, em dois eixos: um representaria os pressu-
postos metateóricos sobre a natureza da ciência, opondo a ciên-
cia “objetivista” à ciência “subjetivista”, enquanto o outro simbo-
lizaria as premissas metateóricas sobre a natureza da sociedade,
contrastando uma sociologia da “ regulação” a uma sociologia
da “mudança radical” (Caldas; Bertero, 2007, p. 7).
O modelo apresentado por Burrell e Morgan (1996, apud
Clegg; Hardy; Nord, 1998) define quatro paradigmas que funda-
mentariam ou que poderiam fundamentar a análise
organizacional.
Outra contribuição importante de Morgan para consolidar
sua conceituação sobre a visão metafórica da teoria
organizacional e da realidade organizacional, em termos de dis-
cutir os estudos organizacionais, foi a publicação no Brasil do
livro “Imagens da organização”, em 1996.
Pluralismo paradigmático
no campo das idéias
Até a década de 60 o campo
dos estudos administrativos e
organizacionais era relativa-
mente simples, com o desen-
volvimento principalmente no
contexto anglo-saxão, dotado
de unidade, homogeneidade e
coerência, sendo o foco de
análise as grandes organiza-
ções burocráticas inseridas na
sociedade moderna. A teoria
das organizações vivia o seu
desenvolvimento controlado
dentro de um único paradigma
intelectual (funcionalista e
positivista), baseado em um
acordo tácito de métodos,
metodologias, perspectivas de
análise e base epistemológica.
A partir desse período
começam a ser publicadas
obras com base em perspecti-
vas diferentes sobre as
organizações.
Campos paradigmáticos
Trata-se do estudo dos
paradigmas no campo da
Administração.
Metateórico
Significa no âmbito das
reconstruções metodológicas;
é um processo que ocorre
após uma teoria ter sido criada
e a considerada como objeto
de estudo.
Paradigmas
Os paradigmas poderão ser
estudados na obra Clegg,
Stewart R.; Hardy, Cynthia;
Nord, Walter R. Handbook de
Estudos Organizacionais:
modelos de análise e novas
questões em estudos
organizacionais. São Paulo:
Atlas, 1998.
EaD Marivane da Sil va
16
Para aprofundar seus estudos nestas descobertas sugerimos
a leitura das duas obras:
Caldas, Miguel P.; Bertero, Carlos O. (Coord.). Teoria das
organizações. São Paulo: Atlas, 2007.
Morgan, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
Imagino que você deve estar se perguntando: afinal, o que
esta Unidade queria mesmo nos informar? Espero que você não
esteja perdido nesse nosso passeio conceitual!
Queremos esclarecer que os fatos mencionados anteriormen-
te são importantes para explicar o início das discussões e do uso
da expressão “estudos organizacionais”. Conceitualmente, pode-
se afirmar que:
Os Estudos Organizacionais se encontram hoje em uma fronteira
de invest igação da organização humana baseada na
multidisciplinaridade, reconhecendo o seu objeto como fenôme-
no social e caracterizando a Administração como espaço e opor-
tunidade de aprendizagem – abordagem epistemológica (Caval-
cante, 2008, p. 1).
Neste sentido, é correto afirmar que
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS – são uma proposição mais
explicativa do que prescritiva, própria de uma abordagem de
natureza epistemológica, ou seja, do estudo da Administração.
Abordar a Administração concebendo-a como “estudos
organizacionais” significa reconhecer a perda da supremacia do
funcionalismo, que entendemos ser uma abordagem apoiada em
Multidisciplinaridade
Que aborda ou apresenta a
contribuição de várias
disciplinas.
EaD
17
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
suposições sobre a natureza unitária e ordenada das organizações (que enfatiza o consenso
e a coerência) para se colocar cada vez mais na zona híbrida da multidisciplinaridade, fler-
tando com a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia, a Psicanálise, a Economia, a Comu-
nicação, e admitindo a existência da mudança, da diversidade e da diferença.
Como o próprio grupo de pesquisadores Clegg, Hardy e Nord (1998, p. 30) afirmam:
Definir os estudos organizacionais hoje não é, por nenhum meio, tarefa fácil. Nossa abordagem
é conceituar os estudos organizacionais como uma série de conversações, em particular aquelas
dos pesquisadores dessa área que ajudam a constituir as organizações por meio de termos deri-
vados de paradigmas, métodos e suposições, todos decorrentes de conversações prévias.
Sendo assim, como mencionamos inicialmente nesta Unidade, a discussão dos estu-
dos organizacionais é algo muito recente e em construção. É uma nova forma de refletir as
organizações a partir de conversações, que se referem às organizações como “objetos empíricos
à organização, como discurso teórico e ao organizar como processo social e às interseções e
hiatos entre elas e em seu interior” (Clegg; Hardy; Nord, 1998, p. 30).
Para chegar à compreensão das novas concepções de estudos organizacionais, entre-
tanto, é necessário antes compreender as origens e evoluções das organizações, as quais
serão explicadas na seção 1.2.
Seção 1.2
Concepção de Organizações
Cury (2007) defende que não podemos negar que vivemos numa sociedade
essensialmente organizacional. “O homem, em todas as etapas de sua vida, desde o nasci-
mento até a morte, depende de organizações, é controlado por organizações e nelas passa a
maior parte de seu tempo” (p. 103).
EaD Marivane da Sil va
18
Nesse sentido, parece clara a resposta à pergunta: Por que estudar as organizações?
Inicialmente, porque as organizações são um componente predominante da sociedade, desde
os feudos, o advento da Revolução Industrial até as redes virtuais. Ironicamente, Hall (2004)
afirma que é impossível escapar delas; que são inevitáveis assim como a morte e os impostos.
As organizações estão por toda a parte e moldam nossas vidas de diversas maneiras,
considerando que:
(...) são grupos estruturados de pessoas que se juntam para alcançar objetivos comuns. Surgem
como respostas à necessidade dos indivíduos de alcançar metas que, isoladamente, não conse-
guiriam atingir, em virtude da complexidade e da variedade de tarefas inerentes ao trabalho a se
efetuar (Sobral; Peci, 2008, p. 5).
Façamos o seguinte exercício mental para comprovar como as organizações são parte
presente e constante em nossas vidas:
Se você estiver lendo este Livro-Texto, isso pode parecer um assunto pessoal e acadê-
mico; no entanto ele foi preparado e publicado por uma organização – a Editora Unijuí –, e
você, provavelmente, está lendo em obediência a algum tipo de exigência organizacional
– da professora do componente curricular que cursa na EaD. Escrevi este Livro-Texto
em um contexto organizacional – a Unijuí. Nossos interesses por aprofundamentos
teóricos e práticos são impulsionados por dicas, informações e indicações obrigatóri-
as. Assim como na nossa vida pessoal, em termos de alimentos ou roupas, são molda-
dos por organizações. Os produtos com os quais entramos em contato, como automó-
veis, mesas, cadeiras, computadores, etc., são fabricados em ambientes organizacionais.
Os serviços dos quais dependemos, tais como polícia, bancos, companhias segurado-
ras e conhecimento, são nitidamente organizacionais. Trabalhamos em organizações.
O mundo do comércio eletrônico é formado por organizações. Nossas atividades de
lazer e oração ocorrem em algum tipo de ambiente organizacional. As grandes trans-
formações sociais da História têm sido essencialmente baseadas em organizações. Per-
cebam que não se trata de apenas um exercício acadêmico. O mundo e nossas vidas
giram em torno de organizações.Fonte: Adaptado de Hall (2004).
EaD
19
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
É importante destacar que as organizações que satisfazem à maior variedade de ne-
cessidades sociais e pessoais de seus cidadãos não o realizam sem custo social e humano. A
esse respeito Etzioni (1967, p. 9) observa que “o racionalismo da organização e a felicidade
humana são concomitantes”. Ou seja, “os empregados satisfeitos trabalham mais e melhor
do que os frustrados. (...) a felicidade eleva a eficiência nas organizações e, inversamente,
sem organizações eficientes, não há que pensar em nossa felicidade” (Cury, 2007, p. 104).
O desafio apresentado às organizações é como constituir agrupamentos humanos tão
racionais quanto possível e, ao mesmo tempo, produzir um mínimo de efeitos indesejáveis e
um máximo de satisfação (Etzioni, 1967).
Com o desenvolvimento da sociedade e conseqüentemente da organização percebeu-
se o avanço de um caráter meramente burocrático para um caráter de instituição social.
Uma instituição é caracterizada por um sistema de crenças e lealdade dentro da sociedade,
como a família e a propriedade privada. Já uma instituição social é um conjunto de pessoas que,
usando um aparato técnico, obedecendo a um conjunto de normas e ligada a uma parte do meio
ambiente, está realizando uma tarefa ou tarefas comuns (Cury, 2007, p. 104).
O que significa dizer que a simples criação da estrutura formal não determinará a
criação e a sobrevivência de uma organização. É necessário que sua origem tenha sido dada
pelas necessidades da coletividade. Por isso, as organizações são conceituadas como “uni-
dades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a
fim de atingir objetivos específicos” (Talcott Parsons, apud Etzioni, 1967, p. 9).
Compreendendo as concepções, podemos afirmar que as “organizações podem ser for-
mais, no caso de um exército ou de uma empresa; ou informais, como um grupo de amigos
que se junta para jogar vôlei na praia” (Sobral; Peci, 2008, p. 5). Independentemente da sua
forma ou atividade, no entanto, as organizações partilham características comuns, ou seja,
são uma entidade que possui um propósito; são compostas por pessoas e têm uma estrutura
organizacional.
Etzioni (1967) caracteriza as organizações formais por:
EaD Marivane da Sil va
20
a) divisões de trabalho, poder e responsabilidades de comunicação, que não são casuais ou
estabelecidas pela tradição, mas planejadas intencionalmente a fim de proporcionar o
alcance de objetivos específicos;
b) a presença de um ou mais centros de poder que controlam os esforços combinados da
organização e os dirigem para seus objetivos; esses centros de poder precisam, também,
reexaminar continuamente a execução e, quando necessário, reordenar sua estrutura, a
fim de aumentar sua eficiência;
c) substituição do pessoal, isto é, as pessoas pouco satisfatórias podem ser demitidas e de-
signadas outras para as suas tarefas. A organização também pode recombinar seu papel,
mediante transferências e promoções.
Organizações informais são entendidas como aquelas que surgem espontânea e natu-
ralmente entre as pessoas que ocupam cargos nas organizações formais e a partir dos rela-
cionamentos entre ocupantes de cargos; surgem a partir das relações de amizades e que não
aparecem em documentos formais (Chiavenato, 2003). Organização informal é a rede de
relacionamentos espontâneos dos grupos sociais informais que se constituem ao redor da
organização formal (Chiavenato, 1999, p. 66).
Agora você talvez esteja se indagando: Por que temos as organizações? Hall (2004, p. 4)
apresenta uma resposta simples para explicar: “Para que as coisas sejam feitas”. Moraes (2001, p.
37) complementa mostrando os motivos para a existência das organizações, conforme a Figura 2.
Figura 2: Motivos para a existência das organizações
Fonte: Moraes (2001, p. 38).
 ORGANIZAÇÕES 
 servem à sociedade 
 proporcionam carreiras 
 
 influenciam o ambiente 
 criam valor 
 preservam o conhecimento 
 
 promovem a sinergia 
 administram a força de trabalho 
diversificada 
 realizam objetivos 
EaD
21
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Além de entendermos as organizações como sistemas sociais,
precisamos entendê-las como um sistema aberto, que consiste em
um conjunto de elementos (partes do sistema ou subsistemas),
dinamicamente inter-relacionados (interdependentes e
interatuantes) tendo relação com o ambiente e desenvolvendo
uma atividade ou função para atingir um ou mais objetivos
(Moraes, 2001). Significa perceber as organizações no seu todo,
com todas as implicações e relações estabelecidas com o meio
interno e externo.
No entender de Katz e Kahn, a organização, como sistema, tem
uma produção, um resultado ou um produto, mas este, no entan-
to, não é necessariamente idêntico às finalidades individuais dos
membros dos grupos. Os conceitos teóricos de abordagem das
organizações devem começar com o insumo, o produto e o funci-
onamento da organização, como sistema e não com os propósitos
racionais de seus líderes. O modelo teórico para a compreensão
da organização é de um sistema de energia insumo-produto, no
qual o retorno da energia do produto reativa o sistema. As orga-
nizações sociais são, neste sentido, sistemas abertos, porque o
insumo de energias e a conversão do produto em novo insumo de
energia consiste em transações entre a organização e seu meio
ambiente (Cury, 2007, p. 118).
As organizações criam e desenvolvem seu próprio caráter,
sua própria cultura ou clima organizacional, com suas normas,
tabus, regras, costumes e crenças. O caráter do sistema
organizacional, que distingue uma organização da outra, reflete
tanto as normas e valores do sistema formal quanto sua
reinterpretação no sistema informal, assim como a cultura reflete
a história das lutas internas e externas, dos tipos de pessoas que
a organização recruta, dos métodos, dos processos de trabalho e
do layout físico que adota, bem como do sistema de comunica-
ção e do exercício da autoridade dentro do sistema.
Layout
É um arranjo dos diversos
postos de trabalho nos
espaços existentes na organi-
zação, preocupados em
adaptar as pessoas ao
ambiente de trabalho, e
natureza da atividade desempe-
nhada, o arranjo de máquinas,
equipamentos e matérias-
primas (Cury, 2007, p. 396).
EaD Marivane da Sil va
22
Tendo em mente que a organização partilha do mesmo sistema de valores da socieda-
de, e tendo esta uma herança cultural, subentende-se que as organizações sociais –
subsistemas destas sociedades – possuem padrões distintos de sentimentos e crenças coleti-
vos que são transmitidos aos novos membros do grupo (Cury, 2007).
O enfoque da organização como sistema aberto evidencia a importação de insumos do
ambiente, o processamento desses insumos por meio de sistemas internos (tecnológico, social
e gerencial), gerando os produtos organizacionais, que são exportados para o ambiente.
Figura 3: A organização como um sistema aberto
Fonte: Cury (2007, p. 120).
O microssistema organizacional (organização), por meio do feedback externo, deve
avaliar permanentemente sua efetividade, diagnosticando os impactos exógenos (reflexos
no sistema interno), para poder internalizar e adaptar-se às mudanças ditadas pelo
macrossistema social (sociedade) – advindas do ambiente e/ou da tecnologia, reativando o
ciclo vital da organização.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sociedade = Macrossistema 
 
 
Impactos 
1. Ambiente
 
2. Tecnologia 
Sistema 
Tecnológico 
Sistema 
Social Sistema 
Gerencial 
Processamento = Transformação Insumos Produtos 
� Recursos humanos 
� Matéria-prima 
� Rec .financeiros 
� Rec. Energéticos 
� Rec. Científicos 
� Rec. Tecnológicos 
� Etc. 
(Organização = Microssistema) 
� Clima de trabalho 
� Satisfação do pessoal 
� Interações individuais e 
grupais 
� Atitude dos empregados 
� Produtividade 
� Qualidade do produto 
� Lucratividade 
� Etc.Feedback interno
 
Feedback externo 
Bens 
Serviços 
 
EaD
23
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Como bem explica Cury (2007), a organização parte da sociedade, é o microssistema,
estruturado em sistemas tecnológico, social e gerencial. Os insumos são os recursos impor-
tados do ambiente (recursos humanos, materiais, energéticos, financeiros, científicos,
tecnológicos, etc.) e os produtos resultam do trabalho final da organização, como bens,
produtos e serviços.
Numa explicação mais simplificada, Moraes (2001, p. 39) apresenta o mesmo sistema
como sendo constituído de:
a) entradas (inputs): recursos humanos, financeiros e materiais necessários ao funciona-
mento do sistema;
b) operações ou processamento: representa a etapa de transformação dos recursos em pro-
dutos ou serviços, por meio da tecnologia e do conhecimento;
c) saídas (outputs): compreendem as mercadorias, serviços e realizações que contribuirão
para alcançar os objetivos ou propósitos do sistema;
d) retroação (feedback): é o mecanismo responsável pela promoção do equilíbrio e da estabi-
lidade do sistema, possibilitando a homeostasia (equilíbrio dinâmico do sistema). A au-
sência da retroação pode levar à entropia, processo pelo qual o sistema tende à
deteriorização. Seu elemento básico é a informação;
e) subsistemas: são partes do sistema em que se desenvolvem as atividades interdependentes
e interatuantes. Nas organizações estas partes são especializadas (divisão do trabalho) e
interligadas por uma rede de comunicação.
Sintetizando:
As organizações são sistemas abertos e social que se relacionam com o ambiente ex-
terno, retirando daí os insumos, que, uma vez processados, são devolvidos ao ambiente na
forma de produtos e/ou serviços. Se a sociedade absorve e aceita o que é produzido, é porque
dele necessita para satisfazer suas necessidades, então a organização está cumprindo uma
função social.
EaD Marivane da Sil va
24
“Uma organização nunca constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organis-
mo social vivo que está sujeito a constantes mudanças e transformações em seu caminho de
desenvolvimento e busca de excelência” (Chiavenato, 2008, p. 5).
Como já referenciamos, as organizações podem ser: a) com finalidade lucrativa (em-
presas); b) sem finalidade lucrativa (organizações não-empresariais). Essas organizações
apresentam características e funcionamento dos sistemas abertos, porém são constituídas
por subsistemas em que as funções específicas necessárias à sua sobrevivência são desempe-
nhadas.
Os subsistemas organizacionais podem ser subdivididos em subsistema hierárquico e
funcional, conforme Figura 4.
Figura 4: Subsistemas da Organização
Fonte: Adaptado de Moraes (2001).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUBSISTEMA 
HIERÁRQUICO 
Nível institucional ou estratégico 
Nível intermediário ou gerencial 
Nível operacional ou técnico 
SUBSISTEMA 
FUNCIONAL 
Produção: matéria -prima, espaço físico, processo 
produtivo, máquinas/equipamentos 
Financeira: capital, fluxo monetário, crédito e receita, 
investimentos, contábil-financeira 
Marketing e Vendas : mercado de clientes, 
consumidores, pesquisa de mercado, promoção, 
propaganda, distribuição, desenvolvimento de produto 
e definição de preços 
RH ou Gestão de Pessoas: planejamento, atração, 
seleção, recrutamento, treinamento e desenvolvimento 
de pessoas 
Administração: funções do administrador – planejar, 
organizar, comandar e liderar, coordenar e controlar 
EaD
25
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Pela lógica, podemos concluir que com o aparecimento das organizações surgiu a
necessidade de administrá-las. As organizações constituíram-se no cenário da Administra-
ção e o palco no qual se faz a gestão, garantindo, desta forma, o papel importante do profis-
sional em Administração. Vamos aprofundar essa discussão na seção 1.3.
Seção 1.3
Concepção de Administração e de Gestão
Ao evoluir no estudo da Administração, cabe entender a origem desta palavra. Admi-
nistração vem do latim ad (direção, tendência) e minister (subordinação ou obediência),
significa “aquele que realiza uma função sob o comando de outrem, ou seja, aquele que
presta um serviço a outro” (Chiavenato, 2003, p. 11).
Diferentemente das demais profissões, o sucesso do(a) administrador(a) depende mais
do seu desempenho e da maneira como lida com pessoas e situações do que de seus traços
particulares de personalidade. O seu desempenho é resultado de certas habilidades que pos-
sui e da sua capacidade de transformar conhecimento em ação, que resulte em um desempe-
nho desejado.
Como a Administração é uma Ciência Social, o profissional da área precisa lidar com
pessoas, fato que incorpora a subjetividade e o talento de influenciação no desenvolvimento
de suas atividades, ou seja, administrar uma organização implica ter conhecimentos (teo-
ria), habilidades (prática) e atitudes (aptidões) (Figura 5).
Em outra forma de expressão:
EaD Marivane da Sil va
26
Figura 5: Competências do(a) administrador(a)
Fonte: Chiavenato (2003, p. 5).
Entende-se habilidades como sendo as destrezas específi-
cas para transformar conhecimento em ação, levando ao resulta-
do positivo para o alcance dos objetivos. Há basicamente três
tipos de habilidades necessárias, segundo Katz (apud Silva, 2002,
p. 14), para que o administrador possa atuar eficazmente no pro-
cesso das suas atividades: habilidades técnica, humana e
conceitual. Oliveira e Silva (2006, p.143), no entanto, agregam
mais duas habilidades importantes: diagnóstica e política.
Vamos explicá-las mais detalhadamente:
a) Habilidade técnica: significa compreensão e competência em
uma atividade específica; consiste no conhecimento, métodos
técnicos e equipamentos para a realização de tarefas específi-
cas do campo de sua especialização.
b) Habilidade humana: é uma habilidade administrativa para tra-
balhar com outras pessoas, entendê-las e compreendê-las,
motivá-las como indivíduos e membros de grupo, a fim de em-
 
 
Conhecimentos (C) + Habilidades (H) + Atitudes (A) = CHA. 
Conhecimento 
Saber 
Know-how. Informação. 
Atualização profissional. 
Reciclagem constante. 
Habilidade 
Saber fazer 
Visão pessoal das coisas. 
Maneira prática de aplicar 
o conhecimento na solução 
de problemas e situações. 
 
Atitude 
Saber fazer acontecer 
 Comportamento ativo e proativo. 
Ênfase na ação e no fazer 
acontecer. 
 Espírito empreendedor e de 
equipe. 
Liderança e comunicação. 
 
Know-how
Ou conhecimento processual
é o conhecimento de como
executar alguma tarefa. Uma
vantagem do conhecimento
processual é que pode
envolver mais sentidos, tais
como a experiência manual,
prática em resolver problemas,
compreensão das limitações de
uma solução específica, etc.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Know-how>).
EaD
27
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
preender esforços cooperativos na unidade organizacional. A habilidade da comunicação e
da liderança são componentes importantes. Outro subconjunto da habilidade humana fun-
damental ao contexto globalizado e sem fronteiras do nosso tempo é o multiculturalismo,
ou habilidade de trabalhar com eficiência e conduzir negócios com pessoas de diferentes
culturas. Estar capacitado a conversar em uma segunda língua tem se tornado um impor-
tante recurso no ambiente de trabalho global e muticultural da atualidade.
c) Habilidade conceitual: é a capacidade de coordenar e integrar todos os interesses e ativi-
dades de uma organização. Implica ver a organização como um todo e entender suas
complexidades promovendo o ajustamento do comportamento dos participantes e inte-
grando os objetivos individuais aos organizacionais.
d) Habilidade diagnóstica: ter habilidade para investigar um problema, decidir e procurar uma
solução. Na maioria das vezes exige outras habilidades – técnica, humana, conceitual ou
política para resolver os problemas. Quase que elementar na profissãodo administrador.
e) Habilidade política: ser eficaz é, sobretudo, conseguir uma fatia de poder e impedir que
outros a tomem de você. Envolve a competência de adquirir o poder necessário para
atingir os objetivos. Nesta habilidade está a capacidade de estabelecer conexões adequa-
das e impressionar as pessoas certas.
É importante ressaltar que na formação de gerentes eficientes e eficazes, a experiência
é tão importante quanto a educação formal. Esses dois fatores não estão co-relacionados,
porém a existência desta combinação é benéfica para os profissionais.
Apesar das cinco habilidades serem essenciais, sua importância depende principalmente do ní-
vel que o gerente ocupa na organização. A habilidade técnica é mais importante nos níveis mais
baixos. A habilidade humana, ao contrário, é importante para gerentes em todos os níveis. E a
habilidade conceitual, política e diagnóstica aumenta à medida que os indivíduos galgam os
níveis do sistema administrativo, com base em princípios hierárquicos e responsabilidade (Oli-
veira; Silva, 2006, p. 144).
Já mencionamos anteriormente que a Administração é uma ciência social, portanto
estamos reafirmando que se trata de uma ciência, pois lida com fenômenos complexos e
recebe influências de outras diferentes ciências, tais como a Filosofia, Sociologia, Psicolo-
gia e Economia. Sendo assim, enquanto campo de estudos, é possível afirmar que a Admi-
nistração é ciência, arte e profissão.
EaD Marivane da Sil va
28
Sugerimos pesquisar na literatura específica a fundamentação de conceitos que auxi-
liem na compreensão da Administração como uma ciência, uma arte e uma profissão.
De forma objetiva podemos afirmar:
CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO
Ciência: é o conjunto organizado de conhecimentos administrativos obtidos pela lei-
tura, pela observação, pelas metodologias e técnicas administrativas desenvolvidas,
bem como pela prática nas organizações.
Arte: é a capacidade sustentada pelo conhecimento dos conceitos, metodologias e
técnicas administrativas, que os profissionais têm condições de aplicar, de maneira
adequada, nas organizações.
Profissão: é o exercício das atividades de administrador, visando otimizadas satisfa-
ção e realização pessoal e profissional.
Figura 6: Contexto da Administração
Fonte: Oliveira (2008, p. 32).
Segundo Motta (1998, p. 9), “para que um determinado campo de conhecimento
seja considerado ciência é necessário que se tenha um objeto próprio, e isso a Adminis-
tração possui”. Com as fundamentações de Andrade e Amboni (2007, p. 7), vamos en-
tender que:
 
 
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO 
Ciência Arte Profissão 
EaD
29
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
A Administração é uma ciência, pois lida com fenômenos complexos,
sobre os quais o administrador tem pouco conhecimento. Por ser uma
ciência inexata, o administrador toma decisões com base em infor-
mações incontroláveis, devido aos limites cognitivos de racionalidade
e por serem os negócios altamente mutáveis e circunstanciais.
A administração enquanto ciência recebe influências de
diferentes ciências e vice-versa:
Partindo do pressuposto de que arte é conseguir um resultado
desejado por meio da aplicação de habilidades, pode-se dizer que
a Administração é uma arte no sentido de proporcionar o desen-
volvimento por meio do treinamento educativo das habilidades
necessárias para que o administrador realize com desenvoltura
as atividades nas organizações. Neste sentido, Administração é a
arte de liderar pessoas e gerir recursos escassos e valiosos dentro
e fora das organizações (Andrade; Amboni, 2007, p. 8).
Administração enquanto arte significa entender que:
(...) o profissional do campo de Administração tem de ter a capacida-
de/habilidade de saber fazer (arte) para traduzir todo o conhecimento
(saber) em ações práticas que proporcionem resultados significativos
para as organizações e a sociedade (Andrade; Amboni, 2007, p. 8).
Para o(a) administrador(a) “praticar a arte (fazer), ele deve ter
diferentes capacidades/habilidades” (Andrade; Amboni, 2007, p. 9), ou
seja, assume vários e diferentes papéis em suas atividades. Mintzberg
(apud Chiavenato, 2008, p. 22) identificou três categorias de papéis,
que podem ser desdobradas em dez papéis específicos, a saber:
Figura 7: Papéis do(a) administrador(a)
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2008).
Inexata
Falta de exatidão; que não é
precisa.
Treinamento
Sugiro substituir por
capacitação das habilidades,
para sermos mais coerentes
com a concepção humanista.
Papéis 
Interpessoais 
 
Interação: representação, liderança e ligação. 
Papéis 
Informacionais 
 Processa a informação: monitoração, 
disseminação, porta-voz 
Papéis 
Decisórios 
 Como utiliza a informação: empreende, resolve 
conflitos, alocação de recursos e negociação 
 
EaD Marivane da Sil va
30
A administração enquanto profissão tem sua história. Sua comemoração nacional
ocorre no dia 9 de setembro – Dia do(a) Administrador(a):
A Administração enquanto profissão, iniciou-se, no Brasil, a ser disseminada em 1931, pelo
Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT, em São Paulo. Em 1938, com a criação
do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP, foram difundidos os métodos admi-
nistrativos, visando principalmente à capacitação do servidor público (...).
O processo de industrialização no Brasil ocorrido nos anos 30 e a necessidade de procedimentos
administrativos no setor público motivaram a criação da Fundação Getúlio Vargas, em 1944, e
em seguida, a implantação da Escola Brasileira de Administração Pública – Ebap – no Rio de
Janeiro, em 1952, e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo – EAESP –, em 1954.
Toda essa evolução fomentou a criação da profissão do administrador no Brasil, que se deu com
a edição da Lei nº 4.769, de 09/09/1965 (Andrade; Amboni, 2007, p. 9).
A exemplo de outras profissões liberais, a profissão de administrador(a) é regulamen-
tada por um órgão, que disciplina e fiscaliza o exercício profissional: o Conselho Federal de
Administração – CFA – http://www.cfa.org.br e os Conselhos Regionais de Administração –
CRAs – http://www.crars.org.br.
Além de saber qual é o dia que homenageia esse profissional, também é importante
você conhecer o símbolo da profissão do(a) administrador(a):
Figura 8: Símbolo do(a) administrador(a)
Fonte: <http://www.cfa.org.br>
Perceba que esse símbolo é, na verdade, uma junção de outros símbolos:
A justificativa da constituição gráfica do símbolo que representa a profissão do(a)
administrador(a) é:
 
EaD
31
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
O quadro como ponto de partida: uma forma básica, pura, onde o processo de tensão
de linhas é recíproco. Sendo assim, os limites verticais/horizontais entram em processo
recíproco de tensão.
“Uma justificativa para a profissão, que possui também certos limites em seus objeti-
vos: organizar, dispor para funcionar, reunir, centralizar, orientar, direcionar, coorde-
nar, arbitrar, relatar, planejar, dirigir, encaminhar os diferentes aspectos de uma ques-
tão para o objetivo comum”.
“O quadro é regularidade, possui sentido estático quando apoiado em seu lado, e sen-
tido dinâmico quando apoiado em seu vértice (a posição escolhida)”.
“As flechas indicam um caminho, uma meta, a partir de uma premissa, de um princípio
de ação (o centro)”.
“As flechas centrais se dirigem para um objetivo comum, baseado na regularidade (...)
as laterais, as metas a serem atingidas”.
Fonte: <http://www.cfa.org.br>
Para além de um dia destinado a lembrar dos administradores e de um símbolo que
remete à profissão, também foi criado um juramento para formalizar o momento da colação
de grau (formatura) desse profissional.
O juramento foi oficializado pela Resolução Normativa do Conselho Federal de Admi-
nistração nº 201, de 19/12/97.
Prometo dignificar minha profissão, consciente de minhas responsabilidades legais, observar o
Código de Ética, objetivandoo aperfeiçoamento da Ciência da Administração, o desenvolvimen-
to das Instituições e a grandeza do Homem e da Pátria.
Após conhecer um pouco mais as origens da Administração, é preciso entender que a
Administração se consolidou como um processo, por meio do pensamento administrativo
(que surgiu como conseqüência da consolidação do capitalismo e ao mesmo tempo do
processo de modernização das sociedades ocidentais), ou seja, foi constituído a partir do
planejamento, da organização, da direção e do controle.
EaD Marivane da Sil va
32
A Administração enquanto processo pressupõe uma “seqüência de funções que carac-
terizam o trabalho do(a) administrador(a), independente do nível hierárquico em que se
situe e do tipo de organizações em que atue, com ou sem finalidade lucrativa, pública ou
privada, manufatura ou de prestação de serviços” (Moraes, 2001, p. 13).
Figura 9: Funções do(a) Administrador(a)
Fonte: Moraes (2001, p. 13).
Essas funções integradas constituem o processo administrativo (que será estudado de
forma detalhada na Unidade III) e são conceituadas por Silva (2002, p. 10) como:
a) Planejamento: determinação de objetivos e metas para o desempenho organizacional
futuro, e decisão das tarefas e recursos utilizados para o alcance de objetivos.
b) Organização: processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departa-
mentos e de alocação de recursos para os departamentos.
c) Direção: influencia para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo a alcançar
os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão daquelas
pessoas.
d) Controle: função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os padrões
predeterminados, isto é, com o planejado.
 
 
 
 
 
 
 
 
Planeja 
Organiza 
Dirige 
Controla 
Administrador(a) 
Esforços grupais 
Recursos 
organizacionais 
Alcança 
objetivos 
EaD
33
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
A Administração desempenha o papel de suporte ou meio técnico e organizado para o
desenvolvimento de empresas e organizações. Como afirma Nogueira (2007, p. 30) “plane-
jar, organizar e controlar os meios ou recursos materiais e humanos para atingir resultados
foi, e continua sendo, a principal tarefa da gestão e da Administração”. Este autor distingue
a empresa pela sua finalidade de produzir bens e serviços para o mercado, tendo em vista o
retorno sobre o investimento realizado ou a obtenção do lucro.
É preciso ressaltar que muitos autores que escrevem sobre “gestão” e “administra-
ção”, consideram ambas as expressões como sinônimos. Associando-se à expressão de
Siedenberg (2008), gestão e administração são uma espécie de primos-irmãos; e cada vez
mais, o termo gestão é mais utilizado contemporaneamente do que administração.
Nogueira (2007) também salienta que a gestão ou a administração é um modo racio-
nal e calculado de ordenar os meios para atingir resultados (objetivos a alcançar).
Conceitualmente, entende-se que:
Gestão, do latim gestio, é o ato de conduzir, dirigir ou governar. Administração, do latim
administratio, tem aplicação específica: administrar um bem, um negócio ou uma área. Logo,
administração seria, a rigor, uma aplicação de gestão.
O uso atual do termo inglês management aproxima-se mais da idéia de gestão empresarial, ao
passo que administration (administração) refere-se principalmente à administração pública. Em
francês, há também essa diferença: gestion está mais associada à gestão de empresas;
administration diz mais respeito à administração pública.
No caso brasileiro, a gestão pressupõe algo mais abrangente. Gestão empresarial compreende
pensar no conjunto da gestão da empresa. “Administração” tem um sentido mais específico, de
atenção a determinado aspecto da produção ou do trabalho.
A palavra gestor, assim, relaciona-se com o cargo máximo de uma organização (às vezes, é usada
para identificar o proprietário). Já o administrador é o profissional, técnico, analista ou gerente
assalariado da empresa (Nogueira, 2007, p. 30).
O mesmo autor justifica que na era contemporânea, em decorrência das transforma-
ções no mundo do trabalho e das organizações, a tarefa do gestor é identificada muito com
a do(a) administrador(a), o que não leva a distingui-los com tanta rigidez.
EaD Marivane da Sil va
34
Em sua teorização ele explicita que a administração está
relacionada com a modernidade que conecta as pessoas (com seus
sonhos e paixões) ao mundo real, na medida em que verifica as
condições econômicas, sociais e políticas da existência e auxilia
na realização destes sonhos e paixões coletivas; também percebe
que a gestão está em todos os lugares.
Nogueira (2007, p. 31) ainda afirma que o fundamento da
gestão ou da administração “é a noção de racionalidade, isto é,
o uso da inteligência, da razão, para encontrar os meios mais
adequados com vista à realização de resultados. (...) Não há ges-
tão sem administração e vice-versa”.
Nesse sentido, o autor ressalta que é preciso preocupar-se
em formar um profissional com um perfil
(...) voltado para o futuro, atento às mudanças, tem de estar capa-
citado a aprender, pesquisar e investigar, articulando os conheci-
mentos adquiridos na escola com aqueles exigidos nas organiza-
ções. (...) oferecer não respostas prontas, mas questões que, exi-
gindo pesquisa e reflexão, levem o estudante a encontrar soluções
com criatividade (p. 17).
Em termos práticos, a Administração é uma área aplicada
na busca de resultados concretos que visem à melhoria de ges-
tão, fundamentada no compromisso com as pessoas, o trabalho,
o desenvolvimento nacional e a preocupação com o ambiente.
Sendo assim, vamos instigar você a pesquisar, refletir e analisar o
que é “gestão para o desenvolvimento”, ou seja, considerando os
desafios da profissão, do trabalho, das organizações e da socie-
dade do século XXI, o que faz o profissional bacharel em Admi-
nistração?
Noção de racionalidade
Existe uma distinção entre a
racionalidade – racionalidade
funcional ou instrumental x
racional substantiva, respecti-
vamente, é o processo
organizacional que visa
alcançar objetivos prefixados,
ou seja, é uma razão com
relação a fins na qual vai
predominar a
instrumentalização da ação
social dentro das organiza-
ções, predomínio centrado na
formalização mecanicista das
relações sociais em que a
divisão do trabalho é o
imperativo; enquanto que a
substantiva preconiza a ação
racional com relação a fins.
Tendo a inserção da
racionalidade comunicativa que
promove uma mediação por
meio do dialogo entre os
agentes sociais do processo
(Tenório, 2002, p. 36).
EaD
35
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Seção 1.4
Desenvolvimento: uma concepção em construção
Você deve estar se questionando: o que o desenvolvimento
tem a ver com a Administração? É uma preocupação da Admi-
nistração pensar e se envolver com a problemática do desen-
volvimento?
São questões sobre as quais todos nós, estudiosos da Admi-
nistração, estamos a refletir, dado que o desenvolvimento é uma
preocupação de todas as áreas do conhecimento, mesmo que seja
algo como pano de fundo do seu grande arsenal teórico e prático.
Se analisarmos as referências bibliográficas disponíveis para
o estudo da gestão vamos nos deparar com a constatação de que
grande parte das contribuições são norte-americanas e que pou-
cas obras têm foco na realidade brasileira. Se no estudo da ges-
tão nos deparamos com esta carência, no que se refere ao estudo
da Administração encontramos uma dificuldade ainda maior em
encontrar literatura que faça correlação direta desta com o foco
no desenvolvimento.
Nesse sentido, informamos e orientamos ao estudo da obra
de Nogueira, que está nas referências, posto que representa uma
inovação pela sua sistematização de importantes contribuições
teóricas e empíricas da Academia Brasileira de Administração,
seja pela forma de expressão ou pela reflexão que incorpora aos
paradigmas apresentados a preocupaçãoda gestão para o desen-
volvimento sustentável.
Tendo a compreensão de que desenvolvimento não signifi-
ca apenas crescimento econômico, mas uma sinergia entre os
outros fatores da sociedade, principalmente os sociais e os
ambientais, ainda não foi possível construir um conceito univer-
sal e definitivo de desenvolvimento, por isso ele ainda é visto como
algo em construção e que exige estudo.
Sugestão de leitura:
FURTADO, Celso. A fantasia
organizada. Rio de Janeiro: Ed
Paz e Terra, 1985.
EaD Marivane da Sil va
36
É preciso, porém, compreender o desenvolvimento para além da questão terminológica,
dando amplitude aos estudos e interpretações, bem como ter a perspectiva clara que Amartya
Sen (2000) apresenta em sua obra quando considera as liberdades substantivas das pessoas
e os modos e meios de promovê-las como expansão do “papel constitutivo” e do “papel
instrumental” da liberdade.
Em outras palavras, significa considerar o desenvolvimento para além da análise de
produto interno bruto e renda, ampliando esse entendimento para a busca constante ao
problema da desigualdade, da significação que as pessoas dão a sua dignidade humana, da
ética, da moralidade, da credibilidade, e pensar em qualidade de vida. As pessoas precisam
se conscientizar da necessidade de agirem como atores sociais, participantes ativos dessa
mudança, e vistos como agentes do processo de atendimento às necessidades humanas, ou
seja, da expansão da liberdade como desenvolvimento que deveria ser uma bandeira natural
de todos os administradores ao gerir uma organização.
Muitos autores optam por adjetivar o conceito, como é o caso de Nogueira (2007),
que deixa clara uma preocupação da gestão voltada ao desenvolvimento sustentável da
sociedade, a responsabilidade social das empresas e o cuidado com o meio ambiente, em
nome das gerações futuras. Afinal, jovens universitários, qual é o papel da gestão para um
desenvolvimento sustentável? Arrisque-se e anote sua opinião. Mais tarde, quando estiver-
mos mais avançados no estudo desse tema, será muito interessante voltar aos seus aponta-
mentos e constatar o que mudou e o que se transformou seu conceito!
O objetivo é estimular essa discussão e inspirar novos parâmetros para análise, pes-
quisa e aplicações práticas a Administração.
SÍNTESE DA UNIDADE 1
Ao concluir os estudos da Unidade 1 você deve ter claro que há uma
distinção entre Teoria da Administração, Teoria das Organizações e
Estudos Organizacionais, cuja explicação está no objeto de estudo.
As organizações permeiam nossas vidas de modo que na sociedade
são elas que executam quase todas as atividades, vistas como sis-
temas abertos, e podendo ser formais ou informais.
Também poderá compreender que não há distinção clara entre
Administração e Gestão. Administração é do campo de estudos das
Ciências Sociais, entendida como ciência, arte e profissão.
Considerando os desafios da profissão do(a) administrador(a) cabe
a preocupação da gestão para o desenvolvimento sustentável.
EaD
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ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2
BREVE HISTÓRICO DOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO
OBJETIVO DESTA UNIDADE
• Conhecer as concepções de paradigmas, a nova possibilidade de análise dos paradigmas
de Administração, bem como estudar as Escolas de Administração e as categorias de
análise.
AS SEÇÕES DESTA UNIDADE
Seção 2.1 – Concepções de Paradigmas
Seção 2.2 – Um Novo Olhar Para a Teorização da Administração: paradigmas de admi-
nistração
Seção 2.3 – Escolas de Administração e Categorias de Análise
Após a leitura e reflexão desta Unidade, você deverá estar capacitado a entender uma
nova visão multidisciplinar dos estudos organizacionais.
Antes de qualquer coisa você precisa conhecer, entender e se permitir tentar construir
a sua concepção do que seja paradigma. Desta forma, vamos ao estudo da primeira seção
desta Unidade 2.
EaD Marivane da Sil va
38
Seção 2.1
Concepções de Paradigmas
Iniciaremos esta seção com uma pergunta: O que você entende por paradigma? Reflita
sobre suas concepções e faça anotações sobre seu entendimento.
Você tem dúvidas se seu entendimento é correto? Não se preocupe, pois vamos ajudar
você nesta descoberta!
Muito se ouve falar: “é necessário quebrar paradigmas”; “trata-se de um paradigma”,
“é uma mudança de paradigma”, mas afinal, o que é um paradigma?
“Paradigma é uma forma de ver o mundo. É um padrão. Ele informa às pessoas como
analisar e interpretar fatos, eventos ou determinadas situações” (Araújo, 2001, p. 45).
Vários professores, de diversas universidades nacionais e internacionais, aprofundam
suas pesquisas, reflexões e compreensões sobre os paradigmas e Godoi, Mello e Silva (2006)
sintetizam apresentando suas percepções sobre os paradigmas. Vamos resgatar algumas idéias
que consideramos pertinentes ao seu conhecimento geral e específico.
Parece incipiente este discurso, em razão de que você ainda é iniciante nos estudos
organizacionais, mas também não podemos deixá-lo de fora de um contexto extremamente
recente e atual. O objetivo deste resgate é meramente contextual, para entender as mudan-
ças que ocorreram, ao longo dos séculos, para se pensar o paradigma.
EaD
39
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
Nesse contexto, inicialmente apresentamos as bases teóricas que revelam a trajetória
evolutiva da concepção de paradigma:
(...) nas ciências sociais as ideologias, as teorias mais duradouras e os “paradigmas” têm sido
associados às obras dos clássicos, como Marx (marxismo), Weber (weberianismo) e Durkheim
(funcionalismo, positivismo); diversas escolas, como a de Frankfurt ou a de Chicago, são toma-
das eventualmente como paradigmas ou fonte de referencial teórico-metodológico (Godoi; Mello;
Silva, 2006, p. 18-19).
As obras clássicas referenciadas não poderiam deixar de ser sugeridas para estudo e,
se possível, orientadas como uma leitura obrigatória aos estudiosos da Administração. São
as bases de todas as fundamentações construídas ao longo dos tempos.
Paradigma é a visão de mundo, ou seja, a forma como a realidade social é percebida,
sobre a influência do paradigma filosófico adotado, seja ele:
1) FUNCIONALISTA – a realidade é concreta – objetiva; ou
2) INTERPRETATIVISTA – a realidade é subjetiva; ou
3) MARXISTA – a realidade é histórica.
É importante destacar que ao estudarmos “paradigmas”, encontramos em muitas refe-
rências bibliográficas de teorias organizacionais ou estudos organizacionais, como a gran-
de referência ao tema a concepção de Thomas Kuhn, como linha de pensamento da
racionalidade científica.
Godoi, Mello e Silva (2006), no entanto, chamam a atenção para o fato de que, na
verdade, ele não reconheceu a existência de paradigmas no campo das Ciências Sociais,
apenas para as Ciências Naturais e por isso sua concepção é considerada pelos teóricos de
Administração como em seu estágio imaturo ou pré-paradigmático. Com base neste fato
reexaminaram o conceito proposto por Kuhn e desaconselham sua utilização no campo dos
estudos organizacionais.
EaD Marivane da Sil va
40
O conceito de Kuhn sobre paradigma apresenta-se como
sendo o fornecedor dos fundamentos para a prática de muitas
ciências; “de prover modelos, não somente para identificação de
problemas, mas também de sua resolução” (Araújo, 2001, p. 45).
É a visão de que o conhecimento do mundo evolui no tempo de
forma cumulativa, gradual e linear; que propicia limites, padrões,
e permite dar coerência e relevância a um fenômeno.
Considerando que Godoi, Mello e Silva (2006, p. 31)
reelaboraram o conceito de Kuhn, apresentamos uma nova com-
preensão de paradigma:
Paradigma é uma constelação de crenças, valores e técni-
cas compartilhadas pelos membros de uma determinada co-
munidade científica.
Ou melhor:
Paradigma pode ser empregado num sentido mais
globalizante, abarcando todos os esforços compartilhados
por uma dada comunidade científica; ou num sentido que
isola um conjuntomais específico de esforços, que se torna
um subconjunto do primeiro.
Morin (1991, apud Godoi; Mello; Silva, 2006, p. 36) critica
e revisa o conceito de paradigma proposto por Thomas Kuhn, de
maneira a reafirmar que “os sistemas de idéias são radicalmente
organizados em virtude dos paradigmas”, ou seja, propõe uma
nova linha de pensamento – chamada pensamento complexo.
Assim, entende que:
Pré-paradigmático
Anterior ao paradigma
conceitual proposto pela
modernidade.
EaD
41
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
“[...] os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo os
paradigmas internalizados em suas culturas” (Godoi; Mello;
Silva, 2006, p. 36).
Trata-se de um ir-e-vir constante entre certezas e incerte-
zas, entre o elementar e o global, entre o separável e o inseparável,
entendido posteriormente como o paradigma da complexidade.
Na tentativa de compreender melhor a relação entre as teo-
rias organizacionais e o paradigma da complexidade buscamos a
contribuição de três autores – Guerreiro Ramos, Edgar Morin e
Gareth Morgan. Vamos fazer um recorte dos principais discursos
para que você possa analisar o processo evolutivo das concep-
ções de paradigmas.
Guerreiro Ramos (citado em Godoi; Mello; Silva, 2006), um
sociólogo brasileiro, em sua obra A nova ciência das organi-
zações (1981) considera que a teoria organizacional domi-
nante não desenvolveu a capacidade analítica necessária
ao exame crítico de seus alicerces epistemológicos e teóri-
cos. Em sua opinião, as organizações são ao mesmo tempo
sistemas cognitivos, sistemas epistemológicos e cenários
sociais. Elas têm sido interpretadas, predominantemente,
como sistemas fundados na razão instrumental, no contex-
to de sociedades centradas na regulação do mercado (ex-
plicados na seção 2.3, quando abordamos o modelo de aná-
lise proposto por Reed (1998, apud Clegg; Hardy; Nord,
1998).
No seu entendimento, os cenários sociais desenhados sem
inclusão de considerações substantivas acabam deforman-
do a linguagem e os conceitos mediante os quais a realida-
Paradigma da complexidade
Defende que a lógica que
percebe o mundo é passível de
ser estudada sob a perspectiva
da construção de certezas,
herdada da construção de
certezas, da tradição
cartesiana, que busca explica-
ções racionais para os
fenômenos naturais e sociais, a
partir de sua complexidade que
envolve incerteza,
indeterminação e subjetividade
como critérios (Neto, 2001).
Epistemologia
Que estuda a origem, a
estrutura, os métodos e a
validade do conhecimento; que
se refere às bases que
sustentam o conhecimento
acerca do objeto de estudo.
EaD Marivane da Sil va
42
de é aprendida, assim como demonstra ser incapaz de ana-
lisar a teoria organizacional diante da complexidade dos
sistemas sociais organizados.
Reed propõe um novo paradigma em que o cerne está na
noção de delimitação organizacional, evidenciando a “di-
versidade na unidade das formas organizacionais”, que de-
signam atividades criativas, automotivadas, autônomas e
gratificantes, numa perspectiva de racionalidade substan-
tiva, que envolve:
(a) uma visão da sociedade como uma variedade de enclaves
(dos quais o mercado é apenas um), na qual o homem se
empenha em tipos diferentes de atividades substantivas;
(b) um sistema de governo social capaz de formular e
implementar as políticas e decisões distributivas requeridas
para a promoção do tipo ótimo de transações entre tais
enclaves sociais.
Morin, por sua vez, procura mostrar seu modelo como uni-
dade na diversidade de pensar o fenômeno organizacional,
as interações e retroações entre ordem, desordem e reorgani-
zação, visando à emancipação ou auto-realização humana,
numa sociedade também multicêntrica, em equilíbrio dinâ-
mico e coevolutivo com as demais espécies de ecossistemas.
Sintetizando: seu objetivo é compreender as formas
organizacionais constituídas pelas sociedades humanas em
seu conjunto e contexto (sociedade, indivíduo, espécie).
Cabe esclarecer que razão substantiva e pensamento com-
plexo condensam aspectos éticos, críticos, científicos e po-
líticos, embora não redutíveis uns aos outros.
Racionalidade substantiva
É a percepção individual-
racional da interação de fatos
em determinado momento.O
ator social dentro da organiza-
ção deveria desenvolver suas
relações de forma a produzir
segundo a sua maneira
particular de perceber a ação
racional com relação a fins
(Tenório, 2002, p. 33).
EaD
43
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: Abordagem Estrutural
A abordagem que busca a complementaridade entre a teo-
ria da delimitação de sistemas sociais (Ramos, 1981) e o
paradigma da complexidade (Morin, 2003) apresenta pro-
ximidade com a obra de Morgan (1996), que faz uma criti-
ca multifacetada às idéias predominantes nos estudos
organizacionais.
Morgan, na obra Imagens na Organização (1996), critica a
construção da teoria organizacional por ter sido dominada
pelas perspectivas funcionalistas, segundo as quais as or-
ganizações são concebidas como máquinas ou organismos
vivos. Desta forma, apresenta novos campos de visão ao
conceber organizações simultaneamente como máquinas,
organismos, culturas, cérebros, sistemas políticos, prisões
psíquicas, fluxo e transformação e instrumentos de domi-
nação.
Este autor apresenta sua concepção através de imagens ou
metáforas, que são “teorias” ou “arcabouços conceituais”,
e “a prática não está nunca livre da teoria, uma vez que se
encontra sempre orientada por uma imagem ou por aquilo
que está tentando fazer”. Defende a posição de que a reali-
dade é, ao mesmo tempo, subjetiva e objetiva; e procura
compreender a complexidade das organizações produtivas
como unidades nucleares das sociedades, mesmo que para-
doxais e multidimensionais (Godoi; Mello; Silva, 2006, p.
42-47).
Complementando os conceitos já apresentados Boog afir-
ma que:
Perspectiva funcionalista
Considera a organização como
entidade única na qual os
membros buscam atingir
objetivos e interesses comuns,
visando atingir a eficiência e a
eficácia organizacional. Morgan
(1996) enfatiza que a perspec-
tiva funcionalista tem sido a
criação e elaboração de uma
linguagem que crie e sustente
um sistema de valores que
prega a concepção de objetivi-
dade.
Metáforas
São artifícios para embelezar o
discurso, mas seu significado
implica um modo de pensar e
uma forma de ver que permeia
a maneira pela qual entende-
mos nosso mundo em geral
(Morin, 1996, p. 16).
Saiba mais:
Kuhn, T. A estrutura das
revoluções científicas. 5. ed.
São Paulo: Perspectiva, 1970.
Ramos, A. G. A nova ciência
das organizações: uma
reconceituação da riqueza das
nações. Rio de Janeiro: FGV,
1981.
Morin, E. A inteligência da
complexidade. 3. ed. São
Paulo: Peirópolis, 2004.
Morin, E. Introdução ao
pensamento complexo. 4. ed.
Lisboa: Instituto Piaget, 2003.
Morgan, Gareth. Imagens da
Organização. São Paulo: Atlas,
1996.
Silva, A. B.; Rebelo, L. A
emergência do pensamento
nas organizações. Revista de
Administração Pública, Rio de
Janeiro, v. 37 (4), p. 777-796,
jul./ago. 2003. Disponível em:
<http://www.ebape.fgv.br/
academico/asp/
dsp_rap_resumos.asp?cd_artigo=2289>.
Acesso em: 7 jan. 2009.
EaD Marivane da Sil va
44
Paradigmas são referenciais que usamos continuamente para balizar nossas decisões. Paradigmas
são “lentes” que condicionam a nossa visão de mundo, dando-lhe as suas cores e formas. Por
estarem tão incorporados ao nosso dia-a-dia, muitas vezes nem nos damos conta de que os
paradigmas existem e são tão determinantes em nossa forma de perceber o mundo. Os paradigmas
são, num certo sentido, altamente positivos, pois trata-se de um referencial que nos ajuda e nos
apoia. Por outro lado, ao definirem uma forma rígida de ver e perceber, podem nos causar uma
cegueira que nos impede enxergar o que não se ajusta aos pressupostos básicos (apud Heloani,
2003, p. 180).
Nogueira (2007, p. 103), por sua vez, assim se expressa:
Paradigma é um conceito que vem da Grécia antiga, onde significa

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