Buscar

JUSTIÇA E RECONHECIMENTO EM FRASER

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1
Justiça e reconhecimento em Nancy Fraser: interpretação teórica das 
ações afirmativas no caso brasileiro
Walace Ferreira
RESUMO: Este artigo procura relacionar a teoria da justiça e do reconhecimento da 
autora norte-americana Nancy Fraser com as ações afirmativas desenvolvidas no caso 
brasileiro. Para isso, demonstro os pontos principais de Fraser, para quem a justiça nos 
dias de hoje requer tanto a redistribuição de bens e riquezas sociais, como do 
reconhecimento valorativo-cultural das diferenças. Em seguida, demonstro o conceito
de ações afirmativas e como essa política tem sido desenvolvida na sociedade brasileira 
como resposta às desigualdades sociais e raciais. Por fim, estabeleço a relação teórica 
entre as ações afirmativas e a teoria fraseana.
Palavras-chave: Nancy Fraser; justiça e reconhecimento; ações afirmativas; Brasil.
ABSTRACT: This paper relate the theory of justice and recognition of north-american 
author Nancy Fraser with affirmative action developed in Brazilian case. For this 
purpose, I try to show the main points of Fraser. For this author, justice today requires 
redistribution of goods and social wealth, recognition and evaluative-differences. Then, 
I demonstrate the concept of affirmative action and how this policy has been developed 
in Brazilian society as a answer to inequalities social and racial groups. Finally, I 
establish the theorical relationship between affirmative action and the theory fraseana.
Keywords: Nancy Fraser; justice and recognition; affirmative action; Brazil.
Introdução
Numa sociedade capitalista parece impróprio descartar os interesses em 
distribuição material como potencial elemento motivador dos membros interessados na 
reivindicações de direitos.
Em sua teoria, a autora norte-americana, Nancy Fraser, defende que as demandas 
por reconhecimento são relativamente recentes na sociedade contemporânea, fazendo 
parte de uma evolução da sociedade capitalista, uma época chamada por ela de “era pós-
socialista”. No entanto, as demandas dos movimentos sociais por reconhecimento de 
identidades culturais é precisamente a minimização das questões referentes às 
desigualdades econômicas, numa ordem social globalizada e marcada por injustiças 
econômicas. Com isso, a tese de Fraser é de que a justiça nos dias de hoje requer tanto a 
redistribuição dos bens e das riquezas sociais, como do reconhecimento valorativo-
cultural das diferenças.
O que buscarei fazer, neste artigo, é mostrar como esta teoria fraseana faz sentido 
no caso de se pensar algumas medidas que têm sido incorporadas no Brasil com vistas à 
 
 Mestre em Sociologia/IUPERJ e doutorando em Sociologia IESP/UERJ. Ex-professor de Ciências 
Sociais da UERJ e, atualmente, professor substituto de Sociologia do Colégio Pedro II. E-mail: 
walaceuerj@yahoo.com.br.
2
redução de desigualdades, ou seja, com a argumentação de busca por justiça social. 
Seria o caso das políticas das ações afirmativas enquanto ações voltadas para grupos
específicos que se encontram em posição desprestigiada socioeconomicamente por 
razões históricas. Aqui, tratarei especificamente do caso dos negros1 enquanto foco de 
algumas ações afirmativas.
1. A teoria do reconhecimento em Nancy Fraser
Colocando-se como uma das principais pensadoras da teoria do reconhecimento2, 
Fraser (2002) salienta que a luta por reconhecimento tornou-se paradigmática de 
conflito político no fim do século XX. Entende que demandas por reconhecimento das 
diferenças alimentam a luta de grupos mobilizados sob importantes bandeiras, como da 
nacionalidade, etnicidade, raça, gênero e sexualidade. Argumenta que nesses conflitos, 
da “era pós-socialista”, identidades grupais substituem interesses de classe como 
principal incentivo para mobilização política. Dessa forma, aponta que disputas por 
reconhecimento acontecem em um mundo de desigualdade material exacerbada, na 
renda e posse de propriedades, no acesso a trabalho assalariado, na educação, no 
cuidado da saúde e no lazer. 
Numa interpretação crítica do que vem acontecendo, a autora salienta que as 
reivindicações por justiça social apontam cada vez mais para uma subdivisão em dois 
tipos. No primeiro estariam as reivindicações de ordem redistributivas, as quais 
defendem uma busca por distribuição mais justa dos recursos e das riquezas. Já no 
segundo tipo estariam as chamadas “políticas de reconhecimento”, em que a meta 
principal visa um mundo que acolha amistosamente as diferenças, “um mundo onde a 
 
1 Aqui existe uma ponderação relevante: negros no país não são minoria, como os grupos para quem são 
pensados esses tipos de política de reconhecimento, mas compõem parte considerável da população. 
Somando pretos e pardos, para usar a referência do IBGE, chegamos a quase metade da população 
brasileira.
2 Fraser traça relevante debate teórico na seara da teoria do reconhecimento com Axel Honneth. Tanto ela 
quanto Honneth desejam colocar a categoria do reconhecimento como central para a reconstrução de um 
pensamento crítico em relação às lutas sociais contemporâneas, teorizando o lugar da cultura no 
capitalismo e pensando padrões de justiça. Honneth, seguindo a tradição hegeliana, defende que o 
reconhecimento intersubjetivo é a condição para o desenvolvimento de uma identidade positiva 
necessária para a participação na esfera pública. Fraser, ao contrário, deseja enxergar o reconhecimento 
não como uma categoria central da Sociologia e da Psicologia Moral baseada na idéia de que o 
reconhecimento está ligado à auto-realização individual, mas, sim, como uma questão essencialmente de 
justiça. Ao contrário de Honneth, ela segue a tradição kantiana, daí querer mostrar, portanto, que a 
categoria do reconhecimento pode ser mais bem explicada de acordo com um padrão universal de justiça.
Quem tiver interesse, pode ver: HONNETH, Axel. Luta por Reconhecimento – A gramática moral dos 
conflitos sociais. São Paulo. Ed. 34, 2003.
3
assimilação nas normas culturais majoritárias ou dominantes não seja mais o preço que 
se tenha de pagar por igual respeito” (Fraser, 2002, p. 7).
Nesse sentido, o discurso acerca de justiça social, antes centrado na distribuição, 
hoje se encontraria, na opinião da autora, dividido entre reivindicações por 
redistribuição, de um lado, e reconhecimento, de outro.
1.1. Integração entre redistribuição e reconhecimento na sociedade atual
Na medida em que Fraser pretende integrar redistribuição e reconhecimento em 
uma estrutura única, a principal tarefa para a teoria social passa a ser a de entender as 
relações entre distribuição e reconhecimento na sociedade contemporânea. Isso significa 
teorizar as relações entre a ordem do status e a estrutura de classe no capitalismo 
globalizante da modernidade tardia. Quanto a essa questão diz a autora:
“Uma abordagem adequada terá de admitir a complexidade total dessas 
relações, tratando, tanto da diferenciação entre classe e status, como das 
interações causais entre eles, acolhendo a mútua irredutibilidade de 
distribuição e reconhecimento, assim como seu entrelaçamento na prática” 
(Fraser, 2002. p. 12).
A ordem cultural da sociedade atual não apresenta fronteiras nitidamente 
demarcadas. Devido a fatores como as migrações de massa, diásporas, cultura de massa 
globalizada e esferas públicas transnacionais, é impossível demarcar precisamente onde 
termina uma cultura e onde começa outra. Ambas encontram-se internamente 
hibridizadas. Além disso, a ordem cultural da sociedade contemporânea é 
institucionalmente diferenciada, em que uma multiplicidade de instituições regula uma 
multiplicidade de arenas de ação segundo padrões distintos de valores culturais. Nossa 
sociedade também tem umaordem cultural eticamente pluralista, em que nem todos os 
membros compartilham um horizonte de avaliação comum, uniformemente difuso. Os 
padrões de valor e os horizontes de avaliação também são intensamente contestados, 
visto que a combinação de hibridização transcultural, diferenciação institucional e 
pluralismo ético garante a disponibilidade de perspectivas alternativas que podem ser 
usadas para criticar os valores dominantes. Nesse sentido, as sociedades 
contemporâneas são verdadeiros caldeirões de efervescência cultural, onde os atores 
lutam para institucionalizar seus próprios horizontes de valor como autoridade.
Nessa sociedade moderna, Fraser aponta para a ilegitimidade da hierarquia de 
status. O mais básico princípio da legitimidade nesta conjuntura seria a igualdade liberal 
4
e os ideais democráticos. A igualdade liberal, com efeito, se expressa tanto nos ideais de 
mercado, como em trocas eqüitativas, carreiras abertas aos talentos e concorrência 
meritocrática. Por sua vez, os ideais democráticos se expressam tanto na cidadania 
eqüitativa quanto na igualdade de status. É dessa maneira que a hierarquia de status 
viola todos esses ideais.
A subordinação de status, portanto, persiste na sociedade contemporânea, ainda 
que disfarçada. Em vez de eliminada, ela passou por uma transformação qualitativa. 
Com diz Fraser:
“No regime moderno, nem há uma pirâmide de corporações ou estados 
sociais, nem cada ator social é designado para um único ‘grupo de status’ 
exclusivo que defina sua posição em termos gerais. Antes, os indivíduos são 
nódulos de convergência para eixos de subordinação entrecruzados. 
Frequentemente em desvantagem em alguns eixos e simultaneamente em 
vantagem em outros, eles lutam pelo reconhecimento em um regime 
dinâmico moderno” (Fraser, 2002, p. 19).
A modernização da subordinação do status teve a contribuição de dois amplos 
processos históricos. O primeiro teria sido a mercantilização, que é um processo de 
diferenciação social. Em uma sociedade capitalista, os mercados constituem as 
instituições centrais de uma zona especializada de relações econômicas, legalmente 
diferenciadas de outras zonas. As hierarquias raciais, por exemplo, que antecedem em 
muito ao capitalismo, não foram abolidas junto com a escravidão no Novo Mundo ou 
com a eliminação da prática de discriminação sistemática contra indivíduos negros. Mas 
foram reconfiguradas de modo a adaptar-se à sociedade de mercado.
O segundo processo histórico mencionado por Fraser consiste no surgimento de 
uma sociedade civil pluralista, que também envolve diferenciação, mas de outro tipo. 
Nesse contexto surgiu uma ampla gama de instituições não mercadizadas, tais como 
legais, políticas, culturais, educacionais, associativas, religiosas, familiares, estéticas, 
administrativas, profissionais, intelectuais, dentre outras. Conforme tais instituições vão 
ganhando autonomia, cada uma delas desenvolve seu próprio padrão particular de valor 
cultural para regulamentação da interação. Assim, na sociedade civil, diferentes locais 
de interação são governados por diferentes padrões de valor cultural.
1.2. O dilema redistribuição-reconhecimento
Fraser (2001) pretende considerar um aspecto do problema redistribuição-
reconhecimento: Em que circunstâncias uma política de reconhecimento pode apoiar 
5
uma política de redistribuição? Quando é provável que a enfraqueça? Qual das 
variedades de política da identidade mais se adéqua a lutas por igualdade social? E qual
dentre elas tende a interferir com essa última? Com isso, sua preocupação relacionada a 
essas questões consiste na relação entre reconhecimento da diferença cultural e a 
desigualdade social.
Como nos alerta, na atual vida política pós-socialista, com a perda da centralidade 
do conceito de classe, movimentos sociais diversos mobilizam-se ao redor de eixos de 
diferença inter-relacionados. Demandas por mudança cultural misturam-se a demandas 
por mudanças econômicas, tanto dentro como entre movimentos sociais. Porém, de 
forma crescente, reivindicações de reconhecimento tendem a predominar, já que 
prospectos de redistribuição parecem retroceder. O resultado é um campo político 
complexo com pouca coerência pragmática. A fim de ajudar a esclarecer essa situação e 
os prospectos políticos por ela apresentados, Fraser propõe distinguir duas 
compreensões de injustiça, amplamente concebidas e analiticamente distintas.
A primeira é exatamente a injustiça socioeconômica, enraizada na estrutura 
político-econômica da sociedade, tais como a exploração, tendo os frutos do trabalho de 
uma pessoa apropriado para o benefício de outros, a marginalização econômica, sendo 
limitado a trabalho indesejável, baixamente remunerado ou ter negado acesso a trabalho 
assalariado completamente, e a privação, no sentido de ter negado um padrão material 
adequado de vida. 
A segunda é a injustiça cultural ou simbólica, a qual se encontra arraigada a 
padrões sociais de representação, interpretação e comunicação. São exemplos a 
dominação cultural, sendo sujeitados a padrões de interpretação e de comunicação 
associados a outra cultura estranha, o não-reconhecimento, sendo considerado invisível 
pelas práticas representacionais, comunicativas e interpretativas de uma cultura, e o 
desrespeito, sendo difamado habitualmente em representações públicas de estereótipos 
culturais.
Com isso, Fraser distingue injustiça cultural de injustiça socioeconômica, as quais 
insistem em perpassar as sociedades contemporâneas. Na prática, entretanto, ambas 
estão interligadas.
“Portanto, longe de ocuparem esferas separadas, injustiça econômica e 
injustiça cultural normalmente estão imbricadas, dialeticamente, reforçando-
se mutuamente. Normas culturais enviesadas de forma injusta contra alguns 
são institucionalizadas no Estado e na economia, enquanto as desvantagens 
econômicas impedem participação igual na fabricação da cultura em esferas 
6
públicas e no cotidiano. O resultado é freqüentemente um ciclo vicioso de 
subordinação cultural e econômica” (Fraser, 2001, p. 251).
Assim como Fraser distingue dois tipos de injustiças, também dois são os 
remédios recomendados para essas injustiças. O remédio para a injustiça econômica 
seria uma reestruturação político-econômica de algum tipo. Seria chamada 
genericamente de “redistribuição”, envolvendo redistribuição de renda, reorganização 
da divisão do trabalho, sujeição de investimentos à tomada de decisão democrática ou 
transformação de outras estruturas econômicas básicas. 
Já o remédio para a injustiça cultural, em contraste, chamado genericamente de 
“reconhecimento”, seria algum tipo de mudança cultural ou simbólica, o que poderia 
envolver reavaliação positiva das identidades desrespeitadas e dos produtos culturais de 
grupos marginalizados. Poderia envolver, ainda, tanto reconhecimento e valorização 
positiva da diversidade cultural como a transformação geral dos padrões societais de 
representação, interpretação e comunicação, a fim de alterar todas as percepções da 
individualidade.
Ressalta Fraser (2002) que a separação desses remédios tem um cunho em grande 
parte analítico, pois na prática, remédios redistributivos pressupõem uma concepção 
subjacente de reconhecimento, assim como remédios de reconhecimento pressupõem 
uma concepção de redistribuição. Tanto alguns proponentes de redistribuição 
socioeconômica igualitária fundamentam suas alegações no “valor moral igual de cada 
pessoa”, tratando redistribuição econômica como expressão do reconhecimento, como 
proponentes do reconhecimento multicultural baseiam suas reivindicações no 
imperativo de uma redistribuição justa de “bens primários” de uma “intacta estrutura 
cultural”, portantotratando reconhecimento cultural como uma espécie de 
redistribuição.
Para exemplificar a sua análise Fraser se vale dos exemplos de gênero e raça, este 
último o qual nos interessa aqui. Pois bem, na opinião da autora trata-se de modo 
ambivalente de coletividade, pois, por um lado, assemelha-se a classe como sendo um 
princípio estruturante da economia política, com “raça” estruturando a divisão 
capitalista do trabalho; e, por outro, também apresenta dimensões culturais-valorativas.
Neste primeiro sentido, a autora estrutura a divisão dentro do trabalho assalariado 
entre ocupações mal pagas, sujas, domésticas, desproporcionalmente ocupadas por 
pessoas de cor, e ocupações técnicas, administrativas, “white collor”, de maior status e 
melhor pagas desproporcionalmente dominadas por “brancos”. A divisão atual de 
7
trabalho assalariado é parte do legado histórico do colonialismo e da escravidão, que 
elaboraram categorizações raciais para justificar as formas brutais de apropriação e 
exploração, efetivamente estabelecendo os “negros” como uma casta político-
econômica. Com isso, “raça” estruturou o acesso a mercados de trabalhos oficiais e 
transformou grandes segmentos da população de cor em subproletariados degradados e 
supérfluos, excluídos do sistema produtivo. Constituiu-se, assim, uma estrutura político-
econômica que gera modos de exploração, marginalização e privação específicos de 
“raça”, formando uma diferenciação político-econômica dotada de certas características 
de classe. Dessa perspectiva, injustiças raciais aparecem como uma espécie de injustiça 
que clama por soluções redistributivas. Quer dizer, igual à classe, justiça racial requer a 
transformação da economia política para eliminar sua racialização.
“Eliminar exploração, marginalização e privação específicas de raça exige a 
abolição da divisão entre trabalho explorado e supérfluo quanto a divisão 
dentro do trabalho assalariado. A lógica do remédio é como a lógica da 
classe: é eliminar a diferença de “raça”. (Fraser, 2001, p. 263).
Se a “raça” nada mais fosse do que uma diferenciação político-econômica, a 
justiça requereria sua abolição. Entretanto “raça” não é somente economia política, pois 
também tem dimensões culturais-valorativas, trazendo-o para o universo do 
reconhecimento. Segundo Fraser um aspecto central do racismo é o “eurocentrismo”, 
marcado pela construção de normas que privilegiam traços associados com o fato de ser 
branco. Também destaca o racismo cultural, caracterizada pela desvalorização e 
depreciação de coisas tidas como “negras”, “marrons” e “amarelas”, o que vai além de 
pessoas de cor. Depreciação racial, diz a autora, pode assumir várias formas, indo desde 
a posição de considerar afro-americanos como intelectualmente inferiores, mas 
avantajados atleticamente e musicalmente, até a visão estereotipada dos asiáticos-
americanos como minoria modelo. Esta depreciação é expressada em um leque de 
perdas sofridas pelas pessoas de cor, que incluem inúmeros exemplos:
“Representações estereotipadas humilhantes na mídia como criminal, 
bestial, primitivo, estúpido e assim por diante; violência e agressão em todas 
as esferas da vida cotidiana; sujeição a normas eurocêntricas nas quais as 
pessoas de cor são vistas como desviantes ou menores e que trabalham para 
prejudicá-las, mesmo na ausência de intenções de discriminação; 
discriminação atitudinal; exclusão e/ ou marginalização de esferas públicas e 
corpos deliberativos; e negação de direitos legais plenos e igualdade de 
proteção” (Fraser, 2001, p. 264).
8
Os males citados acima são problemas de reconhecimento, assim a lógica do seu 
remédio é outorgar reconhecimento positivo à especificidade desvalorizada de um 
grupo. Dessa maneira, assim como gênero, “raça” também tem uma face político-
econômica e outra cultural-valorativa, em que ambas se mesclam para se reforçarem 
mutuamente de forma dialética. Reparar injustiça racial, portanto, requer mudanças 
tanto na economia quanto na cultura. 
2. As ações afirmativas – histórico e aplicação no Brasil
Tema bastante discutido na atualidade as ações afirmativas visam, 
conceitualmente, oferecer aos grupos considerados discriminados e excluídos um 
tratamento diferenciado para compensar as desvantagens resultantes da sua situação de 
vítimas do racismo e de outras formas de discriminação. Assim, essas ações 
correspondem a medidas que alocam bens – tais como o ingresso em universidades, 
empregos, promoções, contratos públicos, empréstimos comerciais e o direito de 
comprar e vender terra – com base no pertencimento a um grupo específico, com o 
propósito de aumentar a proporção de membros desse grupo na força de trabalho, na 
classe empresarial, na população estudantil universitária e em vários setores em que 
esses grupos estejam sub-representados em razão de discriminações passadas ou 
recentes (Vieira, 2005). É tanto uma política de benefício a uma população determinada 
quanto uma política distributiva3.
Segundo Vieira (2005), as políticas de ação afirmativa decorrem da falha do 
Estado Moderno na consecução real de um dos seus básicos requisitos: a igualdade. 
Isso significa que a originalidade das ações afirmativas no século XX consiste na 
configuração de políticas visando levar o Estado a assumir seu compromisso de 
igualdade primeira entre seus membros, haja vista que a desigualdade manteve-se com 
percepções subjetivas sobre diferenças originais. Nesse sentido, essas políticas 
representam a reparação por uma injustiça passada. Este é o primeiro e o principal 
argumento para a sua implantação. Além disso, estes tipos de ações podem ser 
considerados uma das mais inovadoras iniciativas para o combate ao racismo, 
modificação no tratamento de grupos tidos como minorias e ampliação ao processo de 
reconhecimento.
 
3 Já vemos logo nesta definição uma relação bastante plausível com a teoria fraseana.
9
Os Estados Unidos é o país cuja gênese da justificação das políticas de ação 
afirmativa baseia-se na tipologia tripartite (reparação, justiça distributiva e diversidade), 
experiência esta que é a mais significativa para o caso das ações afirmativas no Brasil. 
(Feres Júnior, 2006). 
A implantação de programas de ação afirmativa no Brasil é recente. O primeiro e 
importante elemento motivador da mudança de postura do governo brasileiro em 
relação às questões raciais foi a Constituição de 1988, que reconheceu e condenou o 
racismo, punindo-o como crime inafiançável (Fry; Maggie, 2005). Em seguida, o 
governo brasileiro começou a contemplar as ações afirmativas como instrumento para 
combater o racismo e atenuar a discriminação e a desigualdade racial. Isso, em 1995, 
época do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando foram criadas, pelo governo 
federal, uma série de comissões e produziram-se vários documentos oficiais para tratar 
do desafio do racismo no país (Zoninsein, 2006).
Num terceiro momento, a III Conferência Mundial das Nações Unidas contra o 
Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em 
setembro de 2001, em Durban, África do Sul, foi decisiva para a mudança radical do 
governo brasileiro no tocante às questões raciais. Até então, existiram algumas 
iniciativas pontuais de promoção de minorias étnicas, normalmente realizadas por 
associações e demais entidades da sociedade civil. A Conferência, em seu documento 
final, recomendou a adoção de iniciativas pontuais de promoção de minorias étnicas. 
Além disso, houve grande mobilização no Brasil em relação ao evento, sendo que o 
debate sobre discriminação racial tomou de assalto os meios de comunicação, e junto, a 
discussão sobre a adoção de políticas de ação afirmativapara o ingresso no ensino 
universitário (Heringer, 2006).
Uma das tentativas mais concretas empreendidas pelo governo federal em direção 
à aplicação de medidas de ações afirmativas, foram as portarias estabelecendo medidas 
inclusivas nos quadros administrativos do governo federal. Dentre elas encontram-se as 
que se referem ao Ministério da Justiça e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, 
ainda no governo FHC. No Ministério da Justiça, uma portaria instituiu um programa de 
ação afirmativa que propunha o preenchimento até o final de 2002 de cargos de direção 
e assessoramento superior, considerando uma proporcionalidade de 45% das vagas para 
grupos socialmente excluídos (20% para afro-descendentes, 20% para mulheres, e 5% 
para portadores de deficiência). Já no Ministério do Desenvolvimento Agrário, 
decretou-se uma portaria indicando que, a partir de agosto de 2002, as contratações ou a 
10
continuação de serviços MDA/ INCRA seriam feitos considerando comprovações de 
‘desenvolvimento de ações de cunho social/ afirmativo, de resgate da cidadania, 
respeitando a diversidade – raça/ gênero – em seus quadros funcionais’ , do mesmo 
modo que os editais de contratação incluiriam a necessária apresentação de propostas, 
por parte das empresas licitantes, de ações afirmativas. (Vieira, 2005).
Com a vitória do candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 
presidenciais de 2002 e a sua posse em 2003, as ações afirmativas e o tema da 
desigualdade racial continuou recebendo grande dedicação. Logo no início, o recém 
eleito presidente nomeou três afro-descendentes como ministros de estado e o (apenas) 
terceiro afro-descendente da Suprema-Corte, o Supremo Tribunal Federal, no caso 
Joaquim Barbosa. Além disso, criou uma secretaria subordinada diretamente ao seu 
gabinete com a missão de formular políticas públicas para combater a discriminação 
racial e a desigualdade, a Secretaria Especial para a Promoção da Igualdade Racial 
(Zimonsien, 2006).
3. Fraser e as ações afirmativas no caso brasileiro
No Brasil, as ações afirmativas têm sido implantadas nos últimos anos sobretudo 
em benefício da população negra, através da destinação de vagas em determinados 
serviços e no incentivo em determinados cargos para a inserção de gente de cor negra. O
Brasil, com isso, é um lugar paradigmático para se pensar a aplicação da teoria fraseana, 
uma vez que as várias desigualdades marcam a situação do país - em especial nossa 
realidade de desigualdade socioeconômica e de desigualdade racial.
A modernidade no Brasil chegou encontrando um terreno com amplas marcas de 
conservadorismo e tradicionalismo, numa situação que se conjuga até hoje em variados 
setores sociais (Ribeiro, 2007). Essa relação mal resolvida entre a modernidade e o 
tradicionalismo remanescente da escravidão é, do meu ponto de vista, o principal fator 
de promoção das nossas desigualdades. No caso da realidade do negro, esta população 
foi trazida para servir como mão-de-obra explorada em benefício de uma classe rural 
que para si conjugavam o poderio econômico e político da colônia. Como justificação 
para tamanha exploração, foram usados uma série de argumentos ideológicos que 
colocavam o negro numa situação de sub-raça, algo como sub-humano. Junto da 
escravidão, nasceu, portanto, uma concepção bastante preconceituosa e segregacionista 
em relação àqueles que vieram apenas para servir incondicionalmente a estrutura de 
11
uma sociedade em formação, e acabaram sendo o cerne das grandes construções do país 
(Silva, 1988).
Entretanto, o fim da escravidão, após séculos de exploração, foi causado por 
motivos econômicos de um Brasil já emancipado, e por pressões externas da Inglaterra. 
Enquanto a Europa vivia, do ponto de vista econômico, o progresso da industrialização 
(com todas as suas repercussões e problematizações sociais), e mergulhava nos ideais 
iluministas e liberais, o Brasil continuava eminentemente envolto no tradicionalismo 
político e na dependência agrícola para fins de exportação.
Nesse sentido, o negro seria àquela altura uma figura representada por enorme 
contingente populacional, mas que pretendia ser descartada pelas políticas oficiais. Daí 
as tendências de embranquecimento vigentes em fins do século XIX e início do século 
XX, além da introdução na cultura de uma valorização de práticas de
embranquecimento, expressas no contingente mestiço que marca o povo brasileiro até 
os dias de hoje. Dessa situação social, os negros e mestiços foram se constituindo a 
grande parte dos moradores dos cortiços, inicialmente, e das favelas no desenrolar das 
décadas do século XX. Também restaram a essa gente os trabalhos mais discriminados 
pela sociedade, trabalhos marcados pela baixa renda, profunda informalidade e baixa 
qualificação. Como resultado, a segregação foi crescendo, e aos negros foram sendo 
rotulados a imagem da “vadiagem” e de marginalidade. 
Por terem partido de uma situação de extremo atraso e ainda sofrendo muito
preconceito, os negros tiveram, na maioria dos períodos político-econômicos pós-
escravidão, poucas oportunidades de ascensão social no Brasil. Como nos mostram os 
estudos de mobilidade social e de desigualdades sociais, a distância em relação aos 
brancos permanece considerável pouco mais de um século da libertação oficial (Ribeiro, 
2007). No Brasil, o preconceito e a exclusão racial se deram de forma velada, não 
institucionalizada e não reconhecida abertamente. Isso dificultou e dificulta em muitos 
casos a tomada de ações por parte do poder público. Ações como as políticas de ações 
afirmativas costumam ser vistas como afronta à igualdade de oportunidades, ainda que 
muitas pesquisas revelem a desigualdade, a segregação e o preconceito.
É nesse sentido que a atuação do poder público com vista a reduzir as 
desigualdades sociais pode ser vista do ponto de vista de Fraser como a tentativa de se 
redistribuir os cargos e as funções nesta sociedade estruturalmente segregacionista em 
relação a negros. Uma política importante desse tipo e de grande destaque no Brasil
consiste exatamente nas políticas de ações afirmativas, que visam dar privilégios a 
12
pessoas de cor negra, permitindo-lhes, por exemplo, acesso a vagas em cargos públicos 
e cotas nas universidades. 
Contudo, um ponto importante a se chamar atenção é que, numa perspectiva 
fraseana, as ações afirmativas seriam incertas no sentido de modificarem a estrutura 
social que gera as desigualdades. Isso porque elas apenas reconhecem a necessidade de 
distribuição a grupos prejudicados historicamente, mas nada fazem para resolver os 
impasses estruturais que geram tais desigualdades, a não ser que os beneficiados por 
essas políticas consigam - em larga escala - transmitir seus resultados de crescimento 
socioeconômico aos seus filhos, e estes já não precisem de políticas desse tipo para se 
manterem em ascensão ou alcancem níveis de renda e de status semelhante à população
que historicamente tem recebido esses direitos no Brasil.
Nesse rumo, essas políticas podem gerar redução do preconceito, levando através 
da redistribuição a um reconhecimento das diferenças raciais e uma aceitabilidade 
cultural de suas diferenças, ou seja, a uma justiça por reconhecimento segundo a 
perspectiva de Fraser, mas não significa que isso acontecerá automaticamente a partir 
apenas das ações afirmativas. Estas, por sua vez, são um remédio que precisará contar 
com mudanças culturais para conseguir resultados principalmente do ponto de vista do
reconhecimento.
Conclusão
A igualdade de condições é uma categoria efetivamente expressa na legislação 
brasileira, mas que não representa a realidade fática do país. Promovê-la é o objetivo 
das políticasde ações afirmativas, ainda que estas “firam”, em princípio, a própria 
estrutura legal da “igualdade”. Afinal a igualdade é parte de um preceito intensamente 
disseminado no plano jurídico moderno, e reconhecido por todas as constituições 
modernas. A própria Constituição brasileira de 1988 ressalta em seu artigo 5º, caput: 
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (Constituição Federal, 2007). As 
ações afirmativas levam a uma reinterpretação deste dispositivo constitucional, 
considerando que os direitos materiais precisam ser implantados para se alcançar a 
pretensa igualdade, ou seja, de que a Carta deve ser interpretada no sentido de geração 
de igualdade, e não de um pressuposto falho de igualdade da qual a lei fala.
13
Esta mesma Carta Constitucional estabeleceu como crime o racismo, impedindo 
qualquer manifestação discriminatória na esfera racial (Art.5º, XLII – “A prática do 
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos 
termos da lei”). O Estado tenta, assim, provocar um respeito a todas as diferenças 
raciais, pretendendo punir a sua infração. O Estado se dispõem, com isso, a garantir o 
reconhecimento das diferenças culturais, tal como aparece em Fraser, punindo o não-
reconhecimento, mas o que por si só não impede que ele ocorra em tons subliminares
dentro da sociedade.
A injustiça no Brasil, em relação à população negra, não é só questão de classe, tal 
como foi pensado no passado, mas também de raça. Como conseqüência, buscar justiça 
social no caso brasileiro não é só atuar através de medidas de redistribuição, mas exige 
algo além. Essas políticas, caso efetivamente tragam benefícios às populações 
segregadas, pode gerar redução do preconceito, levando através da redistribuição a um 
reconhecimento das diferenças raciais e uma aceitabilidade cultural a suas diferenças, 
ou seja, a um reconhecimento segundo a perspectiva de Fraser. 
Nesse sentido, uma política eficaz e realista seria aquela que efetivamente 
conseguisse acabar com os efeitos de classe e conseguisse também acabar com todo tipo 
de preconceito e segregação em relação aos negros, independentemente da sua origem 
socioeconômica. Mas faço aqui, para terminar, uma observação: diria que as ações 
afirmativas são relativamente capazes de alcançar esse objetivo, pois a sua direção está 
muito mais focada em redistribuição - esperando que a partir daí resolvam-se os 
problemas de reconhecimento - do que propriamente ela ataca diretamente o problema 
do reconhecimento das diferenças culturais. Essa, portanto, é a ponderação que devemos 
fazer neste relação entre a teoria de Fraser e as ações afirmativas no intuito de acabar 
com as desigualdades sociais e de reconhecimento em relação à população negra no 
Brasil.
Referências bibliográficas
Constituição Federal. Código Civil. Código de Processo Civil. Código Comercial. Org. 
Yussef Said Cahali (org.), 9ª ed. revista, ampliada e atualizada. SP: Editora 
Revista dos Tribunais, 2007 – RT Mini Códigos.
FERES JÚNIOR, João. “Aspectos Normativos e Legais das Políticas de Ação 
Afirmativa”. In: FERES JÚNIOR, JOÃO. Ação Afirmativa e Universidade: 
experiências nacionais comparadas. Brasília: Universidade de Brasília, 2006.
14
FRASER, Nancy. “Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça na era 
pós-socialista”. In: SOUZA, Jessé (org.). Democracia hoje: novos desafios para 
a teoria democrática contemporânea. Brasília: EdUnB, 2001.
FRASER, Nancy. “Redistribuição ou reconhecimento? Classe e status na sociedade 
contemporânea”. In: Interseções – Revista de Estudos Interdisciplinares. UERJ, 
ano 4, n.1, 2002.
FRY, Peter; MAGGIE, Yvonne. “O debate que não houve: a reserva de vagas para 
negros nas universidades brasileiras”. In: FRY, Peter. A persistência da raça –
Ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África austral. RJ: Civilização 
Brasileira, 2005.
HERINGER, Rosana. “Panorama das ações afirmativas no Brasil a partir de 2001”. In: 
FERES JÚNIOR, JOÃO (org.). Ação Afirmativa e Universidade: experiências 
nacionais comparadas. Brasília: EdUnB, 2006.
RIBEIRO, Carlos Antônio Costa. Estrutura de classe e mobilidade social no Brasil. 
Bauru: Edusc, 2007.
SILVA, Nelson do Valle. “Cor e processo de realização socioeconômica”. In: 
HASENBALG, Carlos & SILVA, Nelson do Valle (eds.). Estrutura Social, 
Mobilidade e Raça, Vértice, 1988.
VIEIRA DA COSTA, Andréa Lopes. Ação Afirmativa e o Combate as Desigualdades 
Raciais no Brasil: Em busca do Caminho das Pedras. Tese de Doutorado, 
IUPERJ: 2005.
ZONINSEIN, Jonas; FERES JÚNIOR, João. “Ação Afirmativa e Desenvolvimento”.
In: FERES JÚNIOR, João & ZONINSEIN, Jonas (Orgs.). Ação Afirmativa e 
Universidade: experiências nacionais comparadas. Brasília: EdUnB, 2006.

Outros materiais