Buscar

Estimativas dos custos para viabilizar a universalização da destinação adequada de resíduos sólidos no Brasil 2015

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
ESTIMATIVAS DOS CUSTOS PARA VIABILIZAR 
A UNIVERSALIZAÇÃO DA DESTINAÇÃO 
ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL
SÃO PAULO, 
JUNHO DE 2015
REALIZAÇÃO
ESTIMATIVAS DOS CUSTOS PARA VIABILIZAR 
A UNIVERSALIZAÇÃO DA DESTINAÇÃO 
ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL
4 5
Elaboração 
GO Associados
Equipe GO Associados 
Coordenadores 
Gesner Oliveira 
Fernando S. Marcato 
Pedro Scazufca
Assistente 
Cláudia Orsini M. de Sousa
Consultores – revisão técnica 
Fabricio Dorado Soler 
Alexandre Citvaras
Coordenação e edição 
Associação Brasileira de Empresas de 
Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE 
 
Equipe ABRELPE 
Coordenação Geral 
Carlos Roberto Vieira da Silva Filho
Coordenação Técnica 
Gabriela Gomes Prol Otero Sartini
FICHA TÉCNICA SUMÁRIO
1
2
2.1
2.2
2.3
3
3.1
3.1.1
3.1.2
3.2
3.2.1
3.2.2
3.2.2.1
3.2.2.2
3.2.3
3.2.4
4
4.1
4.2
4.3
4.4
5
5.1
5.1.1
5.1.2
5.1.3
5.1.4
5.2
5.2.1
5.2.2
5.2.3
5.3
5.3.1
5.3.2
5.3.3
5.3.4
5.4
5.4.1
5.4.2
5.4.3
6
10
12
12
19
21
22
22
22
25
27
27
29 
30
31
33
34
37
37
38
39
41
44
44
46
49
50
52
53
53
59
60
61
63
64
66
67
68
69
70
71
79
84
Introdução ..............................................................................................................................................................
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ...................................................................................
A Lei n° 12.305/2010 e suas principais contribuições ................................................................
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) ...........................................................................
Classificação dos resíduos sólidos ..........................................................................................................
Sistemas estruturantes e alternativas de destinação final ........................................................
Sistemas estruturantes para destinação adequada dos resíduos .........................................
Coleta seletiva .....................................................................................................................................................
Logística reversa .................................................................................................................................................
Alternativas de destinação final consideradas .................................................................................
Compostagem ......................................................................................................................................................
Recuperação energética ................................................................................................................................
Tratamento Térmico ..........................................................................................................................................
Gás de Aterro Sanitário ...................................................................................................................................
Reciclagem ............................................................................................................................................................
Disposição final ambientalmente adequada: aterro sanitário .................................................
Conjuntura do tratamento dos resíduos sólidos no Brasil .........................................................
Composição dos RSU ......................................................................................................................................
Coleta regular ......................................................................................................................................................
Coleta seletiva .....................................................................................................................................................
Disposição final dos resíduos sólidos ...................................................................................................
Modelagem de custos .....................................................................................................................................
Metas do Planares .............................................................................................................................................
Eliminação de lixões ........................................................................................................................................
Redução dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros sanitários ........................ 
Redução dos resíduos úmidos dispostos em aterros sanitários ............................................ 
Recuperação de gases de aterros sanitários ......................................................................................
Metodologia para cálculo de custos .......................................................................................................
Cenários ...................................................................................................................................................................
Microrregiões .......................................................................................................................................................
Inflação ....................................................................................................................................................................
Levantamento dos custos relacionados às alternativas de destinação de resíduos ....
Custo dos sistemas de recepção e triagem dos resíduos sólidos secos ............................
Custo com compostagem ..............................................................................................................................
Custo com aterros sanitários........................................................................................................................
Custo com recuperação energética .........................................................................................................
Resultados .............................................................................................................................................................
Resultados para o cenário que desconsidera o tratamento térmico ...................................
Resultados para o cenário que considera o tratamento térmico ...........................................
Resultados regionais ........................................................................................................................................
Conclusões ............................................................................................................................................................
Referências bibliográficas .............................................................................................................................
6 7
Quadro 1
Quadro 2
Quadro3
Quadro4
Quadro5
Quadro6
Quadro7
Quadro8
Quadro9
Quadro10
Quadro11
Quadro12
Quadro13
Quadro14
Quadro15
Quadro16
Quadro17
Quadro18
Quadro19
Quadro20
Quadro21
Quadro22
Quadro23
Quadro24
Quadro25
Quadro26
Quadro27
Quadro28
Quadro29
Quadro30
SUMÁRIO DE QUADROS
Principais objetivos da Lei Federal n° 12.305/10
Conceitos de resíduos e rejeitos
Conceitos de destinação e disposição
Etapas no gerenciamento de resíduos sólidos
Fluxo de serviços de limpeza urbana, conforme a PNRS
Conceitos: responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos 
produtos e logística reversa
Plano de resíduos sólidos por abrangência
Estrutura do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (versão preliminar)
Classificação dos resíduos sólidossegundo a PNRS
Funções de diferentes atores na coleta seletiva dos resíduos secos
Possíveis destinos para cada classe de resíduos ou rejeitos
Centrais mecanizadas de triagem de materiais recicláveis secos no 
município de São Paulo
Procedimento da logística reversa
Produtos obrigatórios ao sistema de logística reversa nos termos 
da Lei n° 12.305/2010
Vantagens e desvantagens da compostagem
Vantagens e desvantagens da incineração
Vantagens e desvantagens da captação de biogás em aterros sanitários
Vantagens e desvantagens da reciclagem
Ciclo de vida de aterros sanitários
Vantagens e desvantagens da disposição final em aterros sanitários
Síntese dos dados do Panorama 2013
Participação dos principais materiais no total de RSU coletado no 
Brasil em 2012
Evolução da coleta de RSU
Universalização de coleta seletiva: municípios com iniciativas de 
coleta seletiva
Municípios com serviço de coleta seletiva - Área de abrangência
Disposição dos RSU coletados no Brasil (ton/dia)
Metas para resíduos sólidos urbanos
Quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição 
final inadequada
Número de municípios brasileiros que se utilizam de cada tipo de 
destinação final de resíduos (2013)
Metas de redução de resíduos sólidos secos dispostos em aterros 
sanitários (%)
Quadro31
Quadro32
Quadro33
Quadro34
Quadro35
Quadro36
Quadro37
Quadro38
Quadro39
Quadro40
Quadro41
Quadro42
Quadro43
Quadro44
Quadro45
Quadro46
Quadro47
Metas de redução de resíduos sólidos úmidos dispostos em aterros 
sanitários (%)
Metas de tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários (Mw) 
Premissas para estimativa de potencial energético de recuperação de 
gases de aterro sanitário
Esquema geral dos sistemas estruturantes e das alternativas de 
destinação dos RSU
Diagrama da destinação de RSU no Brasil, sem tratamento térmico, 
para 2023 e 2031
Diagrama da destinação de RSU no Brasil, com tratamento térmico 
para 2023 e 2031
Inflação real anual
Custos de instalação de PEV
Custos de instalação (Capex) e operação (Opex) de galpões de triagem e 
beneficiamento primário
Custos de instalação (Capex) e operação (Opex) para unidades de 
compostagem
Custos para implantação e operação de aterros sanitários
Custos para implantação e operação de unidades de unidades de trata-
mento térmico.
Distribuição de investimentos até 2031, desconsiderando o tratamento 
térmico (em R$ bilhões)
Distribuição de investimentos até 2031, considerando o tratamento 
térmico (em R$ bilhões)
Investimentos em infraestrutura (Capex) necessários para cada região 
do Brasil (em R$ bilhões)
Distribuição dos investimentos em resíduos sólidos por região
Relação entre PIB per capita e investimentos necessários para adequa-
ção da destinação de resíduos sólidos nas unidades federativas
8 9
CI
GEE
IBAM
PGRM
PLANARES
PLANSAB
PNMC 
PNRH
PNRS
PPCS
RCC
RSU
SINIR
SMA
SNVS
Comitê Interministerial
Gases de efeito estufa
Instituto Brasileiro de Administração Municipal
Planos de Gerenciamento de Resíduos de Mineração
Plano Nacional de Resíduos Sólidos
Plano Nacional de Saneamento Básico
Plano Nacional sobre Mudanças do Clima
Plano Nacional de Recursos Hídricos
Política Nacional de Resíduos Sólidos
Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis
Resíduos da Construção Civil
Resíduos Sólidos Urbanos
Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos
Secretaria do Meio Ambiente
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
10 11
O objetivo deste Estudo é estimar o valor dos investimentos ne-
cessários para universalizar os serviços de tratamento e destinação am-
bientalmente adequada de resíduos sólidos no Brasil, conforme Dire-
trizes da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Para isso, foram 
analisados os sistemas estruturantes e as alternativas de destinação 
final de resíduos sólidos, disponíveis e aplicáveis no país; foi avaliado 
o atual nível de desenvolvimento do setor; e foi realizada projeção do 
volume de investimento necessário para atingir a adequação.
O documento está organizado em seis seções, incluindo esta 
introdução.
A Seção 2 analisa a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). 
Para tanto, são apresentados a Lei Federal nº 12.305/2010, que insti-
tuiu a referida Política, e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Plana-
res), que traz metas para gestão e gerenciamento dos resíduos e apre-
senta estratégias para atingi-las. Ainda nessa Seção, é apresentada a 
classificação dos diferentes tipos de resíduos sólidos.
A Seção 3 apresenta os sistemas estruturantes e as alternativas de 
destinação final ambientalmente adequada consideradas para o trata-
mento dos resíduos sólidos.
A Seção 4 discorre sobre a conjuntura atual do tratamento dos resí-
duos sólidos no Brasil.
A Seção 5 apresenta uma estimativa de investimentos necessários 
para a adequação do tratamento e da destinação correta de resíduos 
sólidos no país. Para tanto foram adotadas as seguintes etapas:
1 - INTRODUÇÃO
I) Apresentação das metas sugeridas pelo Plano Nacional de 
Resíduos Sólidos; 
II) Apresentação das alternativas de destinação correta dos RSU 
no país;
III) Discussão da metodologia utilizada para estimativa de investi-
mentos necessários para universalização do tratamento de resídu-
os sólidos urbanos;
IV) Apresentação das estimativas de investimentos necessários, por 
tipo de tratamento, e avaliação por região.
Por fim, a Seção 6 apresenta as conclusões obtidas a partir do Es-
tudo, além de fornecer sugestões para aprimoramento das informações 
existentes.
Este Estudo está baseado em fontes públicas, devidamente citadas 
ao longo do texto.
12 13
 O objetivo desta Seção é apresentar os aspectos relevantes da 
Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos 
(PNRS). Nas subseções que se seguem, serão apresentados também o 
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, criado para servir como guia de 
ação para implementação das determinações da PNRS, bem como serão 
descritos os diversos tipos de resíduos, abordados pela Lei, com desta-
que àqueles que foram considerados para as estimativas do presente 
Estudo.
2 - A POLÍTICA NACIONAL 
DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos é contemplada pela Lei n° 
12.305/2010 que, de forma genérica, compreende “o conjunto de prin-
cípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo 
Governo Federal” (BRASIL, 2010a, art. 4o) no âmbito da gestão e ge-
renciamento de resíduos sólidos, seja isoladamente, seja em conjunto 
a particulares ou aos demais entes federados, incluindo o Distrito Fe-
deral. Em seu artigo 7º, são elencados os principais objetivos da PNRS, 
apresentados no Quadro 1.
A Lei n° 12.305/2010 institui, de fato, um novo marco regulatório 
para os resíduos sólidos, tendo como diretriz basilar a não geração, a 
redução, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a disposi-
ção final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nela são considera-
das as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de 
saúde pública, bem como a promoção do desenvolvimento sustentável 
e da ecoeficiência (SOUSA, 2012).
2.1 - A LEI N° 12.305/2010 E 
SUAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
QUADRO 1 – PRINCIPAIS OBJETIVOS DA LEI FEDERAL N° 12.305/10
Fonte: BRASIL, 2010 (a). Elaboração GO Associados.
Lei n⁰ 12.305/10 - Objetivos (Art. 7⁰)
• Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
• Não geração, redução, reutilização, tratamento e disposição final adequada;
• Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas;
• Diminuição do uso dos recursos naturais no processo de produção de novos 
produtos;
• Intensificação de ações da educação ambiental; 
• Desenvolvimento da indústriada reciclagem no país;
• Articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor 
empresarial;
• Promoção da inclusão social, por meio da geração de emprego e renda para 
catadores de materiais recicláveis;
• Gestão integrada dos resíduos sólidos.
Além disso, a PNRS prevê a “responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida do produto” e a “logística reversa”, definidas mais adiante 
(Quadro 7). Com esses dois conceitos, a PNRS apresenta atribuições não 
apenas dos fabricantes, mas também de todos os outros participantes 
da cadeia: importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e 
poder público responsável pelos serviços de limpeza urbana e manejo 
de resíduos. Trata-se, portanto, de uma inovação na maneira de a socie-
dade se organizar dentro desta temática.
A PNRS determina que os resíduos sólidos devam ser tratados e 
recuperados por processos tecnológicos disponíveis e economicamen-
te viáveis, antes de sua disposição final. São exemplos de tratamentos 
passíveis de serem aplicados no país a compostagem, a recuperação 
energética, a reciclagem e a disposição em aterros sanitários.
14 15
No contexto do tratamento de resíduos sólidos, a Lei traz distinções 
inovadoras. São os conceitos de resíduos sólidos e rejeitos, descritos no 
Quadro 2, e os de destinação final ambientalmente adequada e disposi-
ção final ambientalmente adequada, no Quadro 3.
Resíduos sólidos
Rejeitos
Material, substância, objeto ou bem descartado, resultante de atividades 
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder 
ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como 
gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável 
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam 
para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor 
tecnologia disponível. 
Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de 
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e 
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a 
disposição final ambientalmente adequada. 
QUADRO 2 – CONCEITOS DE RESÍDUOS E REJEITOS
Fonte: BRASIL, 2010 (a).
QUADRO 3 – CONCEITOS DE DESTINAÇÃO E DISPOSIÇÃO
Fonte: BRASIL, 2010 (a).
Destinação final ambientalmente adequada 
Disposição final ambientalmente adequada 
Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, 
a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas 
pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa. 
Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais 
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a 
minimizar os impactos ambientais adversos. 
Ao fazer a diferenciação entre resíduos e rejeitos, a Lei define as 
ações e os destinos mais apropriados a cada um deles. Nesse sentido, 
os rejeitos são resíduos sólidos que não podem mais ser recuperados, 
cabendo-lhes somente a disposição em aterros sanitários (SILVA FILHO 
& SOLER, 2013).
Percebe-se que os processos de destinação listados pela Política 
guardam consideráveis distinções entre si. Conforme ressaltaram Silva 
Filho & Soler (2013), alguns processos de tratamento de resíduos têm 
por finalidade o aproveitamento dos resíduos ou seus componentes, e 
outros, seu tratamento, enquanto na disposição final se procede à eli-
minação dos rejeitos.
O aterro sanitário é a maneira considerada ambientalmente correta 
para a eliminação dos rejeitos, ou seja, uma operação que não visa, como 
fim, sua valorização. Já a utilização do resíduo como combustível para a 
produção de energia, a compostagem e a reciclagem são operações de 
valorização, ou seja, operações cujo resultado principal seja sua transfor-
mação, de modo a servir a um fim útil (SILVA FILHO & SOLER, 2013).
Destaca-se, nos conceitos elucidados, a diferença entre destinação 
e disposição finais ambientalmente adequadas. A primeira refere-se a 
resíduos sólidos que possuem potencial de aproveitamento energético 
ou de tratamento, enquanto a segunda dispõe sobre rejeitos que “não 
apresentam outra possibilidade que não a disposição final ambiental-
mente adequada” (Brasil, 2010a; art. 3º; inciso XV). Vale ressaltar que a 
disposição é considerada ambientalmente adequada quando respeita-
das “normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos 
à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais 
adversos” (BRASIL, 2010(a), art. 3º, inciso VII;).
Unindo as definições dos Quadros 2 e 3 tem-se que, enquanto as 
modalidades de destinação final ambientalmente adequada são dire-
16 17
cionadas para receber a ampla gama de resíduos, o legislador restringiu 
apenas os rejeitos para os aterros sanitários, estabelecendo a diferen-
ciação entre duas classes: resíduos e rejeitos (SILVA FILHO & SOLER, 
2013). 
No Quadro 4, a seguir, são elucidadas as etapas na gestão de resíduos.
Destinação Final
Disposição Final
Disposição 
de rejeitos
Valorização 
Mecânica
Valorização 
Biologica
Valorização 
Energética
Fonte: PAIVA, s.d. Elaboração GO Associados.
QUADRO 4 - ETAPAS NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
De maneira bastante sintética, pode-se afirmar que a PNRS tem por 
objetivos a eficiência nos serviços e o estabelecimento de um sistema 
de gestão integrada de resíduos sólidos, voltada para seu aproveitamen-
to como recurso. Com a diferenciação entre resíduos sólidos e rejeitos, 
trazida pela PNRS, aliada às definições de destinação e disposição final 
ambientalmente adequada, uma nova fase deverá ser iniciada na exe-
cução dos serviços de limpeza urbana, com a substituição do sistema 
linear de gestão de resíduos, até então adotado, por um sistema cíclico 
(SILVA FILHO, 2012). O autor ressalta que tal sistema cíclico garante o 
cumprimento das diretrizes da PNRS, em especial da determinação de 
aplicação de uma ordem de prioridade de ações, veiculada pelo dispo-
sitivo que estabelece a hierarquia na gestão e no gerenciamento dos 
resíduos sólidos (Quadro 5).
Fonte: Silva Filho, 2012. Elaboração: GO Associados.
QUADRO 5 - FLUXO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA, CONFORME A PNRS
Geração
Reutilização
Conservação dos
Recursos naturais
Redução
Rejeitos Separação/Triagem
Tratamento/
Recuperação
ReciclagemRejeitos
Aterro 
Sanitário
Recuperação/
Aproveitamento
de biogás
Coleta
Resíduos Coleta
A magnitude da abrangência da Lei tem como base alguns critérios 
que envolvem diversos agentes econômicos e sociais. Na interpretação 
de Lopes (2003), a falta de conscientização da população diante dos 
problemas relacionados aos resíduos é o ponto de maior importância a 
ser trabalhado pelos agentes públicos.
A necessidade de sinergia entre diversos agentes da sociedade 
brasileira, para atingir os objetivos traçados pela Lei, criou mecanismos 
importantes de gestão. O Quadro 6 apresenta dois conceitos que corro-
boram a característica estruturante da legislação analisada: a responsa-
bilidade compartilhada e a logística reversa.
18 19
Responsabilidade compartilhada 
Logística reversa
Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, 
importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares 
dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. 
Objetiva minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, além de 
reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental 
decorrentes do ciclo de vida dos produtos. 
Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um 
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a 
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final 
ambientalmente adequada. 
QUADRO 6 – CONCEITOS: RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA 
PELO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS E LOGÍSTICA REVERSA
Fonte: BRASIL, 2010 (a).
Neste contexto, criam-se condições favoráveis à participação de di-
versas entidades e organizações da sociedade civil em todas as etapas 
de políticas públicas de resíduos sólidos de diferentes entes federados. 
Assim, pode-se concluir que o sucesso da Lei n ° 12.305/2010 depende 
também da participação popular (SOUSA, 2012).
A abrangência da Lei para diversos agentes econômicos e sociais, 
sejam eles de direito público ou privado, reflete-se inclusive na respon-
sabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Observa-se, 
neste sentido, um viés evidentemente abrangente à sociedade como 
um todo, na medida em que responsabiliza também o consumidor pela 
redução do volume de resíduos sólidos gerados.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, portanto, contribui significa-
tivamente para a universalização da gestão ambientalmente adequada de 
resíduos sólidos no Brasil, e tem sua regulamentação através do Decreto 
Federal nº 7.404/2010, que institui normas para a execução da mesma.
2.2 - O PLANO NACIONAL DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS (PLANARES)
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos é instrumento da Lei nº 
12.305/2010. É uma ferramenta que, juntamente com os planos de resídu-
os sólidos de outras esferas (Quadro 7), visa auxiliar a execução da PNRS.
I - Plano NACIONAL de resíduos sólidos
II - Planos ESTADUAIS de resíduos sólidos
V - Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos
VI - Planos de gerenciamento de resíduos sólidos
III - Planos MICRORREGIONAIS 
de resíduos sólidos e os planos 
de resíduos sólidos de 
REGIÕES METROPOLITANAS 
ou aglomerações urbanas
IV - Planos INTERMUNICIPAIS 
de resíduos sólidos
QUADRO 7- PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR ABRANGÊNCIA
Fonte: BRASIL, 2010 (a) e (b). Elaboração GO Associados.
O Plano foi objeto de discussão em cinco audiências públicas regio-
nais, uma audiência pública nacional e consulta pública via internet. Ele 
ainda se encontra em sua versão preliminar, uma vez que não foi aprova-
do pelo Conselho Nacional da Política Agrícola1.
1Previa-se que o Plano fosse encaminhado para cinco Conselhos Nacionais relacionados à 
temática dos resíduos sólidos: Meio Ambiente (CONAMA), das Cidades (ConCidades), dos Recursos 
Hídricos (CNRH), da Saúde (CNS) e da Política Agrícola (CNPA). Esse último, por sua vez, foi o único 
que ainda não aprovou o Plano, uma vez que, na prática, esse Conselho não existe. Criado em 
1991, até hoje não ocorreu nenhuma reunião dos membros do referido Conselho, o que criou um 
impasse no tocante à aprovação do Planares.
20 21
Quando publicado e em vigor, o Planares contribuirá para a imple-
mentação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, uma vez que defi-
ne diretrizes, estratégias e metas, pautado em possíveis cenários sobre 
o assunto. Ele apresenta “objetivos intermediários” a serem alcançados 
nos anos de 2015, 2019, 2023, 2027. Com a definição de metas inter-
mediárias para esses anos, torna-se mais fácil atingir a universalização, 
nos moldes do Plano, prevista para 2031.
O Planares tem estreita relação com os Planos Nacionais de Mu-
danças do Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento 
Básico (PLANSAB) e de Ação para a Produção e Consumo Sustentáveis 
(PPCS). Além disso, apresenta conceitos e propostas que refletem a 
interface entre diversos setores da economia, compatibilizando cres-
cimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento 
sustentável (BRASIL, 2012b). Sua estrutura consiste em sete capítulos 
principais, representados no Quadro 8.
PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Capitulo Descrição
I Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos no Brasil
II Cenarização
III Educação ambiental
IV Diretrizes e estratégias
V Metas
VI Programas e ações de resíduos sólidos
VII Participação e controle social na implementação e acompanhamento do plano
QUADRO 8 – ESTRUTURA DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (VERSÃO PRELIMINAR)
Fonte: BRASIL, 2012b. Elaboração GO Associados.
2.3 - CLASSIFICAÇÃO 
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Para entender as metas do Planares, entretanto, é necessário enten-
der os diferentes tipos de resíduos produzidos. Pela PNRS, os resíduos 
sólidos são classificados quanto à origem e quanto à periculosidade. A 
classificação presente na legislação encontra-se resumida no Quadro 9.
QUADRO 9 – CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS SEGUNDO A PNRS 
Resíduos Sólidos classificados quanto à origem
Resíduos domiciliares
Resíduos de estabele-
cimentos comerciais e 
prestadores de serviços
Resíduos de 
serviço de saúde
Resíduos de 
 limpeza urbana
Resíduos dos 
serviços públicos de 
saneamento básico
 Resíduos da 
construção civil
Resíduos 
sólidos urbanos
Resíduos 
industriais
Resíduos 
agrossilvipastoris
Resíduos Sólidos classificados quanto à periculosidade
Resíduos perigosos Resíduos não perigosos
 Fonte: BRASIL, 2012a. Elaboração GO Associados
Dentre as categorias apresentadas, a de resíduos sólidos urbanos 
(RSU) é a mais relevante para este trabalho, sendo composta pelos resí-
duos sólidos domiciliares e pelos resíduos de limpeza urbana.
22 23
3 - SISTEMAS ESTRUTURANTES E 
ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO FINAL
O objetivo desta Seção é apresentar as principais tecnologias existen-
tes para valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos, em cum-
primento àquilo que determina a PNRS. Foram analisadas as tecnologias 
que podem ser incluídas no gerenciamento dos RSU no Brasil, tais como: 
compostagem, recuperação energética e disposição final em aterros sani-
tários. Além disso, são descritas previamente as ações de gerenciamento 
fundamentais à viabilização de tais tecnologias de tratamento dos RSU.
3.1 - SISTEMAS ESTRUTURANTES PARA 
DESTINAÇÃO ADEQUADA DOS RESÍDUOS
3.1.1 - COLETA SELETIVA
Pela Lei n° 12.305/2010, a coleta seletiva é definida como a “coleta 
de resíduos sólidos previamente separados de acordo com sua consti-
tuição e composição” (BRASIL, 2010a). A coleta seletiva constitui um ins-
trumento fundamental para atingir metas de redução e tratamento, tanto 
de resíduos secos quanto de resíduos úmidos. É um projeto que envolve 
o setor público, a sociedade civil (cidadão) e a indústria, principalmente 
no que se refere à interface da coleta seletiva dos resíduos secos com a 
logística reversa, especialmente a de embalagens em geral (Quadro 10).
Agente Ação
Setor Público
Responsável pelo planejamento, execução 
e controle do sistema.
Cidadão
Responsável pela separação dos materiais recicláveis na 
fonte e disponibilização dos mesmos.
Indústria
Responsável por estruturar e viabilizar o sistema de logís-
tica reversa e sua eventual interface com a coleta seletiva.
QUADRO 10 – FUNÇÕES DE DIFERENTES ATORES NA COLETA SELETIVA DOS RESÍDUOS SECOS
Elaboração: GO Associados.
O sistema de coleta seletiva deve ser implantado pelo titular do 
serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Os 
geradores de resíduos sólidos, por sua vez, devem segregá-los e dis-
ponibilizá-los adequadamente, na forma estabelecida pelo titular do 
serviço. Por fim, os fabricantes, importadores, distribuidores e comer-
ciantes devem estruturar e implementar sistemas de logística reversa, 
mediante retorno dos produtos, após o uso pelo consumidor.
A coleta seletiva também auxilia na implantação dos sistemas de 
valorização e tratamento de resíduos, previstos na Lei n° 12.305. O 
Decreto n° 7.404 prevê que os resíduos devem ser separados em, no 
mínimo, duas frações: secos e úmidos. Progressivamente, a separação 
deve ser estendida, segregando os resíduos secos emsuas parcelas es-
pecíficas.
No presente Estudo, optou-se por considerar a separação dos resí-
duos em três frações: uma seca, uma úmida, e outra contendo resíduos 
contaminados ou que não podem, por diversos motivos, ser recupe-
rados ou reaproveitados, considerados genericamente como rejeitos. 
Com a separação de resíduos orgânicos (úmidos), secos e rejeitos, faci-
lita-se a destinação ao tipo de tratamento mais adequado, como mostra 
o Quadro 11.
QUADRO 11 – POSSÍVEIS DESTINOS PARA CADA CLASSE DE RESÍDUOS OU REJEITOS
Fonte: SANTOS (2013); elaboração GO Associados.
Residuos 
Organicos
Residuos 
Secos
Rejeitos
Compostagem e 
Biodigestão
Reciclagem
Disposição Final
(Aterro Sanitário)
24 25
Além dos destinos mais indicados para cada classe, vale ressaltar 
que, tanto na fração orgânica quanto na fração seca, há um volume de 
resíduos que não possibilita o aproveitamento por processos biológi-
cos ou mecânicos. Para esses, uma destinação possível é a recuperação 
energética, antes de seu encaminhamento para o aterro sanitário.
Os programas de coleta seletiva de resíduos secos no Brasil e no 
mundo, em geral, apresentam duas modalidades básicas que são:
• Porta a porta: coleta realizada em dias específicos da semana, com 
equipamentos adequados, coletando os materiais pré-separados 
nos domicílios. O poder público responsável trafega pelas vias das 
cidades, recolhendo os resíduos disponibilizados.
• Postos de Entrega Voluntária (PEVs): consiste no uso de caçambas 
ou contêineres, instalados, geralmente, em pontos estratégicos para 
onde a população possa levar os materiais previamente segregados.
Após a coleta seletiva, os resíduos secos devem seguir para as cen-
trais de triagem, cujo modelo mecanizado pode ser observado no Qua-
dro 12, onde são separados por tipos e armazenados para serem enca-
minhados aos processos de reciclagem.
QUADRO 12 – CENTRAIS MECANIZADAS DE TRIAGEM DE MATERIAIS 
RECICLÁVEIS SECOS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Fonte: ABRELPE.
Matéria
Prima
Matérias
Primas
Secundárias
Centro 
Distribuidor
Indústria
Mercado 
Original e 
Mercado
Secundário
Retorno Coleta Pós Venda
Componentes
Secundários
Desmanche/
Reciclagem Consolidação Pós Venda
Varejo Consumidor
QUADRO 13 – PROCEDIMENTO DA LOGÍSTICA REVERSA
Fonte: LEITE, 2012. Elaboração GO Associados.
3.1.2 - LOGÍSTICA REVERSA
A PNRS, em seu art. 31, prevê que, com vistas a fortalecer a res-
ponsabilidade compartilhada, fabricantes, importadores, distribuidores 
e comerciantes devem considerar, no momento de fabricação de pro-
dutos, a possibilidade de reutilização e reciclagem dos mesmos após 
o uso, bem como divulgar informações e organizar o recolhimento de 
produtos e dos resíduos remanescentes.
A logística reversa consiste no retorno de embalagens e outros ma-
teriais à produção industrial, após o consumo e o descarte pela popu-
lação, possibilitando seu reaproveitamento (Quadro 13). Trata-se de um 
instrumento de desenvolvimento econômico e social que tem como 
intuito viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor 
empresarial.
26 27
A logística reversa possui estreita relação com o princípio do polui-
dor pagador, o qual imputa o ônus de arcar com os custos do impacto 
diretamente àquele que utilizou o recurso natural (SILVA FILHO & SOLER, 
2013). Aplicada ao caso dos produtos pós-consumo, esse princípio recai 
sobre toda a cadeia de suprimentos - fabricantes, importadores, distribui-
dores, comerciantes e consumidores finais (LEITE, 2012), afinal todos têm 
influência nos efeitos ambientais negativos que os resíduos podem gerar.
Com a Lei n° 12.305, torna-se obrigatório, a partir da celebração de 
acordo setorial, o processo de implantação e operacionalização de sis-
tema de logística reversa para as seguintes classes de produtos: agrotó-
xicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescen-
tes, equipamentos eletrônicos, embalagens e medicamentos (Quadro 
14). Ficam responsáveis pelo processo de logística reversa fabricantes, 
importadores, distribuidores e comerciantes (BRASIL, 2010a; art.33).
PneusEmbalagens em geral
Agrotóxicos
Medicamentos
Lâmpadas
LOGÍSTICA
REVERSA
Produtos
Eletro-
Eletrônicos
Óleos
lubrificantes
Pilhas e 
Baterias
QUADRO 14 – PRODUTOS 
OBRIGATÓRIOS AO SISTEMA DE 
LOGÍSTICA REVERSA NOS TERMOS 
DA LEI N° 12.305/2010
Fonte: BRASIL, 2010 (a). 
Elaboração GO Associados.
Conforme mencionado anteriormente, a PNRS determina que os 
resíduos sólidos devam ser tratados e recuperados por processos tec-
nológicos disponíveis e economicamente viáveis, previamente à sua 
disposição final ambientalmente adequada. Entende-se que se trata 
de tecnologias que estejam desenvolvidas em escala que permita sua 
aplicação nas diferentes localidades, levando-se em conta seu custo-
-benefício.
Tendo isso em vista, as próximas Subseções apresentam as tecno-
logias que atualmente têm a possibilidade de serem implantadas no 
Brasil, considerando as características econômicas, financeiras, ambien-
tais e sociais. Tais sistemas já existem em escala comercial e já possuem 
eficácia comprovada, o que, dentre outros fatores, justifica a preferência 
pelos mesmos em relação a outras tecnologias.
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos prevê, em seu artigo 36, 
inciso V, que o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de ma-
nejo de resíduos sólidos deve implantar sistema de compostagem para 
resíduos sólidos urbanos, além de articular com os agentes econômicos 
e sociais formas de utilização do composto produzido (BRASIL, 2010a). 
A compostagem é um processo biológico de decomposição aeróbia 
da matéria orgânica contida em resíduos de origem animal ou vegetal. 
Esse processo gera, como principal resultado, um produto que pode ser 
3.2 - ALTERNATIVAS DE 
DESTINAÇÃO FINAL CONSIDERADAS
3.2.1 - COMPOSTAGEM
28 29
aplicado no solo para melhorar suas características de produtividade, 
sem ocasionar riscos ao meio ambiente (BNDES, 2014).
Na compostagem, microrganismos são responsáveis, num primeiro 
momento, por transformações químicas na massa de resíduos, e, num 
segundo momento, pela humificação. O composto resultante, o húmus, 
pode ser utilizado como fertilizante (tanto para a agricultura quanto 
para áreas verdes urbanas) apresentando, portanto, valor econômico 
(CATAPRETA, 2008; RUSSO, 2011). No Quadro 15, são elencadas as van-
tagens e desvantagens do processo de compostagem.
Tecnologia
Compostagem
Vantagens Desvantagens
Baixa complexidade na 
obtenção da licença ambiental.
Facilidade de monitoramento
Necessidade de investimentos 
em mecanismos de mitigação 
dos odores e efluentes 
gerados no processo.
Requer pré-seleção da matéria 
orgânica na fonte.
Necessidade de 
desenvolvimento de mercado 
consumidor do composto 
gerado no processo.
Diminuição da carga orgânica 
do rejeito a ser enviado ao 
aterro, minimizando os 
volumes a serem dispostos.
Tecnologia conhecida e de 
fácil implantação.
Viabilidade comercial para 
venda do composto gerado.
QUADRO 15 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COMPOSTAGEM
Fonte: ICLEI, 2011; BNDES, 2014. Elaboração GO Associados.
Apesar da massa de resíduos sólidos urbanos gerada no Brasil apre-
sentar alto percentual de matéria orgânica - 51,4%, segundo dados do 
Ministério do Meio Ambiente (MMA 2012)2 -, as experiências de com-
postagem no país são ainda incipientes. O resíduo orgânico, por não ser 
coletado separadamente, acaba sendo encaminhado para disposição 
final (em lixões, aterros controlados ou aterros sanitários).
A versão preliminar do Planares (BRASIL, 2012b) propõe a implantação 
de novas unidades de compostagem, que devem vir acompanhadas de:
• Adequação dos critériostécnicos para obtenção do licencia-
mento ambiental do empreendimento, por meio, por exemplo, 
do estabelecimento de diferentes níveis de exigências em fun-
ção da quantidade de resíduo orgânico a ser tratado por meio 
da compostagem;
• Campanhas de educação ambiental para conscientizar e sensi-
bilizar a população na separação da fração orgânica dos resídu-
os gerados na fonte;
• Coleta seletiva dos resíduos orgânicos, uma vez que a qualida-
de final do composto é diretamente proporcional à eficiência na 
separação.
3.2.2 RECUPERAÇÃO ENERGÉTICA
O tratamento dos RSU por processos de recuperação energéti-
ca é aceito pela legislação brasileira, sendo previsto na Lei Federal n° 
12.305/2010, em seu art. 9°, §1°, conforme segue:
“Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação ener-
gética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido com-
provada sua viabilidade técnica ambiental e com a implantação 
de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos 
aprovados pelo órgão ambiental (BRASIL, 2010a).”
2Para esta estimativa, foram utilizados dados da composição gravimétrica média do Brasil, que 
são provenientes de 93 estudos de caracterização física, realizados entre 1995 e 2008.
30 31
Os principais produtos energéticos que podem ser obtidos através 
do aproveitamento dos RSU são: o biogás (gerado em aterros sanitários 
ou na digestão anaeróbia); a eletricidade (gerada a partir do biogás ou 
do tratamento térmico); e o calor (produzido juntamente com a eletri-
cidade, em processo de cogeração). Além da geração de energia, que 
pode ser comercializada, o tratamento com recuperação energética traz 
outra vantagem, que é a redução do volume de rejeitos a serem enca-
minhados para disposição final, contribuindo para a diminuição de área 
necessária para aterros sanitários (EPE, 2014), bem como o prolonga-
mento de sua vida útil.
3.2.2.1 - TRATAMENTO TÉRMICO
Um dos processos mais conhecidos e utilizados no mundo para a 
recuperação energética é a incineração, que consiste no tratamento tér-
mico, com consequente redução do volume dos resíduos. A energia re-
cuperada pode ser utilizada para produção de calor e geração de ener-
gia elétrica (BNDES, 2014).
A incineração dos RSU produz gases de combustão, os quais são 
fonte de energia térmica graças à geração de vapor superaquecido em 
caldeiras de recuperação de calor. Após trocarem calor dentro da caldei-
ra, esses gases são tratados com o objetivo de abatimento de poluentes 
(entre eles NOx, SOx, HCl, etc.), de acordo com os limites exigidos pelas 
legislações vigentes. O monitoramento e o controle das emissões dos 
poluentes são efetuados por meio de sistemas de análise contínuos, 
instalados na chaminé (ABRELPE, 2012b).
Algumas vantagens desse processo, além daquelas já mencionadas 
anteriormente, estão relacionadas à geração de energia limpa e descen-
tralizada e à mitigação da geração de gases de efeito estufa e redução 
da dependência de combustíveis fósseis (SOUSA, 2012). No Quadro 16 
são elencadas as principais vantagens e desvantagens relacionadas à 
incineração de resíduos com geração de energia.
3.2.2.2 - GÁS DE ATERRO SANITÁRIO
Tecnologia
Incineração
Vantagens Desvantagens
Aplicável a diversos 
tipos de resíduos.
Aumento da vida útil dos 
locais para disposição final.
Requer uma entrada constante 
de resíduos com alto poder 
calorífico.
Alto custo de implantação.
Geração de rejeitos, que 
devem ser corretamente 
dispostos de acordo com 
a sua composição.
Demanda por sistema de 
tratamento dos gases.
Degradação completa dos 
resíduos e quebra das 
moléculas dos componentes 
perigosos.
Possibilidade de instalação em 
áreas próximas a centros 
urbanos, reduzindo custos de 
coleta e transporte.
QUADRO 16 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA INCINERAÇÃO
Fonte: ABRELPE (b), 2012; ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados.
Outro método disponível para fins de recuperação energética dos 
resíduos é a captação de biogás em aterros sanitários, para geração de 
energia. Nesse tipo de empreendimento há uma rede coletora dos gases 
gerados no processo de decomposição anaeróbia dos resíduos aterrados 
que os encaminha, por meio de drenos verticais e horizontais, para uma 
unidade de geração de energia (BNDES, 2014).
Segundo estudo do Ministério de Minas e Energia, a tecnologia de 
aproveitamento do biogás produzido nos aterros sanitários é o uso ener-
gético mais simples dos resíduos sólidos urbanos, uma alternativa que 
pode ser instalada na maioria das unidades já existentes (EPE, 2014).
Por contarem obrigatoriamente com sistemas de drenagem e capta-
ção do gás, os aterros sanitários tornam-se mais atrativos para a recepção 
de sistemas de geração de energia elétrica (ARCADIS, 2010). Segundo o 
Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético na Destinação 
32 33
de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), há no Brasil 23 projetos reporta-
dos que consideram a captura e o aproveitamento energético do biogás, 
o que representa cerca de 50% dos projetos de Mecanismos de Desen-
volvimento Limpo (MDL)3 do país no setor de resíduos sólidos e aterros. 
A maior parte dos projetos está situada na região Sudeste (16 ao todo).
Estima-se que até 2018, a captura e o aproveitamento energético do 
biogás em aterros no Brasil possam chegar a mais de 180.000 tonela-
das de CO2 equivalente (tCO2e). A média anual estimada é de 155.112 
tCO2e (ABRELPE, 2013b).
A utilização do biogás como combustível para geração de energia 
elétrica ou para conversão em combustível e calor não apenas aproveita 
de forma sustentável os subprodutos da disposição dos resíduos sólidos 
em aterros sanitários, como também evita que o gás metano nele contido 
seja emitido para a atmosfera (ARCADIS, 2010). Assim, defende-se que 
deva haver incentivos públicos para a elaboração e execução de projetos 
de recuperação e aproveitamento de biogás, considerando-se os benefí-
cios que esses projetos podem trazer.
Tecnologia
Captura 
de biogás 
em aterros
sanitários
Vantagens Desvantagens
Eliminação da emissão de 
metano oriundo da 
decomposição da matéria 
orgânica.
Geração de energia para 
consumo próprio do aterro 
sanitário e venda do 
excedente.
Demanda por operação e 
sistema de captação de gás 
com alta eficiência.
Processo menos eficiente que 
outros de recuperação 
energética.
Irregularidade de sua geração 
ao longo da vida útil do aterro.
Geração de créditos do 
carbono.
QUADRO 17 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CAPTAÇÃO DE BIOGÁS EM ATERROS SANITÁRIOS
Fonte: PARO et al., 2008. Elaboração GO Associados.
3 De acordo com o Protocolo de Quioto (que fixa metas de redução voluntária de gases do efeito 
estufa - GEEs), a captação do biogás em aterros sanitários para geração de energia é considerada 
um MDL, podendo gerar créditos de carbono para países em desenvolvimento, uma vez que 
contribui para a redução do efeito estufa. Com o MDL, qualquer país sem teto de emissões de 
GEEs pode desenvolver projetos de redução de emissões e receber créditos por isso, podendo 
vender tais créditos no mercado de carbono.
O Quadro 17 apresenta as principais vantagens e desvantagens da 
captação de biogás em aterros sanitários.
Para o presente Estudo, foi considerado que a captação de biogás 
em aterros sanitários utilize motores recíprocos de combustão interna 
(CI). Segundo o Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energé-
tico na Destinação de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), trata-se da 
tecnologia de conversão mais comumente utilizada nas aplicações de 
gás de aterro. As vantagens da opção escolhida são o baixo custo de 
capital, a confiabilidade no processo, os menores requisitos para pro-
cessamento de combustível se comparados às turbinas, e a adequação 
de porte para aterros de dimensões moderadas.
A reciclagem é oprocesso de transformação de resíduos sólidos 
que envolve a alteração de propriedades físicas, físico-químicas ou 
biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos 
(BRASIL, 2010a). Em outras palavras, consiste no beneficiamento e rea-
proveitamento de materiais.
Deve-se considerar que a reciclagem permite a substituição de in-
sumos para cuja produção há, normalmente, grande consumo de ener-
gia. Por aliviar pressões de demanda de matérias-primas e de energia, 
a reciclagem se constitui, em princípio, em uma forma ambientalmente 
eficiente de aproveitamento energético dos RSU (EPE, 2014).
No Quadro 18 são elencadas as vantagens e desvantagens deste 
tipo de destinação de resíduos.
3.2.3 - RECICLAGEM
34 35
Tecnologia
Reciclagem
Vantagens Desvantagens
Diminuição de materiais a 
serem coletados e dispostos, 
aumentando a vida útil dos 
aterros sanitários.
Economia no 
consumo de energia.
Necessidade de participação 
ativa da população.
Custo de uma coleta 
diferenciada.
Alteração do processo 
tecnológico para o 
beneficiamento, quando da 
reutilização de materiais no 
processo industrial.
Geração de emprego e renda.
Preservação de recursos 
naturais e insumos.
QUADRO 18 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA RECICLAGEM
Fonte: ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados.
A atividade de reciclagem envolve diversas etapas e processos e 
não representa uma atividade de baixo custo. Por isso, é importante 
que, junto com sua implementação, seja incentivada a formação de um 
mercado de material reciclado, de forma a tornar o processo mais efi-
ciente e rentável (SOUSA, 2012). A transformação de resíduos em novos 
insumos e matéria prima é uma atividade econômica integrante de um 
sistema industrializado, portanto, realizada por empresas privadas que 
devem contar com infraestrutura física, técnica e econômico-fiscal para 
poderem contribuir efetivamente com o reaproveitamento dos mate-
riais e conservação dos recursos naturais.
3.2.4 - DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE 
ADEQUADA: ATERRO SANITÁRIO
Os aterros sanitários, conforme visto anteriormente, são considera-
dos pela PNRS como a forma de disposição final ambientalmente ade-
quada dos rejeitos. A aprovação do marco regulatório para o setor de re-
síduos, na forma da PNRS, reforça a tendência de eliminação dos lixões 
e aterros controlados existentes e a implantação de aterros sanitários.
O aterro sanitário é a forma correta de dispor os rejeitos no solo. 
Seu projeto de engenharia é baseado em critérios e normas operacio-
nais específicas: os resíduos dispostos são cobertos com material iner-
te, com o objetivo de controlar a entrada de ar e água, controlar a saída 
de gás do aterro, reduzir o odor e de outros inconvenientes e facilitar a 
recomposição da paisagem, dentre outros fatores (CATAPRETA, 2008).
Quando há a necessidade de uma nova área para depósito de resí-
duos sólidos, uma série de critérios deve ser considerada para a implan-
tação desta instalação. A decisão pode ser auxiliada por meio de mode-
lagem e deve levar em consideração tanto a eficiência ecológica quanto 
a econômica. Para tal, devem ser analisados os custos de distribuição e 
de transporte, as externalidades negativas e controle de poluição, ten-
do como objetivos a preservação do meio ambiente, a minimização de 
custos e geração de padrões de distribuição dos resíduos (GANDELINI, 
2002).
Devido à crescente urbanização, as áreas ambiental e economica-
mente adequadas para disposição final dos RSU tornam-se cada vez 
menos disponíveis. Isso porque para dispor resíduos no solo, deve-se 
levar em consideração uma série de fatores sobre o local, tais como 
a topografia, as características do solo, os corpos d’água e a distância 
do centro gerador. Devido às características necessárias para a área da 
disposição final e aos impactos que ela receberá, não é simples deter-
miná-la e encontrá-la (SOUSA, 2012).
Os aterros têm em média 42 anos de ciclo de vida, sendo que é 
possível que eles recebam resíduos somente nos primeiros 20 anos 
(Quadro 19). 
No Quadro 20 são elencadas as principais vantagens e desvanta-
gens deste tipo de método de disposição final de rejeitos.
36 37
Etapas do ciclo de vida dos aterros sanitários (42 anos)
Investimento
 • Estudos e projetos
 • Terreno
Investimento
 • Instalações
 • Equipamentos
Custos
 • Depreciação
 • Amortização
Custos
 • Encerramento
 • Pós encerramento
Ano 1 
(Pré implementação)
 • Estudo de 
 viabilidade
 • Aquisição 
 de terreno
 • Projeto
 • Licenciamento
Ano 2 
(Implementação)
 • Infraestrutura Geral
 • Sist. Tratamento 
líquidos e percolatos
 • Sist de Drenagem
 • Áreas verdes
 • Apoio
• Administração
Anos 3 a 22 
(operação)
 • Disposição
 • Disposição 
 de resíduos
 • Trat. percolados 
 e gases
 • Equipe operação
 • Outros
Ano 23 
(Encerramento)
 • Obras de 
 encerramento
Anos 24 a 42 
(Pós-encerramento)
 • Trat. percolados
 • Monitoramento
QUADRO 19 – CICLO DE VIDA DE ATERROS SANITÁRIOS
Fonte: DEL BEL, 2012.
Tecnologia
Aterro
Sanitário
Vantagens Desvantagens
Baixo custo operacional
Tecnologia amplamente 
conhecida
Necessidade de grandes áreas 
para o empreendimento
Geração de odores 
característicos
Exige captura e 
tratamento do “chorume”
Após a capacidade esgotada, 
ainda exige cuidados e 
manutenção, por anos.
Possibilidade de 
aproveitamento do biogás, 
que pode ser aproveitado 
para geração de produtos 
como energia elétrica, 
calor e metano
Fonte: PARO et al., 2008; ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados.
QUADRO 20 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DISPOSIÇÃO FINAL EM ATERROS SANITÁRIOS
4 - CONJUNTURA DO TRATAMENTO 
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL
4.1 - COMPOSIÇÃO DOS RSU
O objetivo desta Seção é apontar para a urgência de mais investi-
mentos no setor de resíduos sólidos, por meio de dados que contribu-
am para a compreensão de sua conjuntura.
Conforme dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, 
foram geradas 76,4 milhões de toneladas de RSU no ano em referência, 
das quais 69,1 milhões de toneladas foram coletadas. Desse montante 
coletado, 40,3 milhões de toneladas foram encaminhadas para disposi-
ção final em aterros sanitários, e 28,8 milhões de toneladas foram en-
viadas para lixões ou aterros controlados, que são formas de disposição 
final ambientalmente inadequadas (Quadro 21). 
Quadro 21. Síntese dos dados do Panorama 2013
Geração 
total
Coleta 
total
Aterros 
Sanitários
Lixões/Aterros 
controlados
Quantidade 
(milhões ton/ano)
76,4 69,1 40,3 28,8
Dentro do grupo de RSU, destacam-se alguns subconjuntos dos 
principais materiais: i) metais, ii) plástico, iii) matéria orgânica, iv) papel, 
papelão e tetrapak, v) vidro e vi) outros, conforme gravimetria apresen-
tada no Quadro 22. Analisando as participações desses subconjuntos 
no total coletado, conclui-se que a matéria orgânica apresenta a maior 
participação, com 51,4% do total, seguida pelo “plástico” com 13,5%, 
“papel, papelão e tetrapak” com 13,1% e “outros” com 16,7%.
38 39
13.5%
13.1%
2.9%
2.9%
16.7%
51.4%
Metais
Papel, Papelão 
e TetraPak
Plástico
Vidro
Matéria Orgânica
Outros
QUADRO 22- PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS 
NO TOTAL DE RSU COLETADO NO BRASIL EM 2012*
Fonte: (ABRELPE, 2013a). 
Elaboração GO Associados.
* Consideram-se os dados de 2012, uma vez que no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil mais 
recente (de 2013) não foram apresentadas estas informações.
4.2 - COLETA REGULAR
A coleta regular de RSU está presente em todas as regiões brasilei-
ras. Pela análise de sua evolução até 2013 (Quadro 23), verifica-se que 
a porcentagem nacional de resíduo coletado aumentou no decorrer dos 
anos, atingindo 90,4%. No entanto, a regiãoNorte chama atenção por 
ter apresentado uma queda na porcentagem de resíduos coletados nos 
últimos anos (de 88% em 2002 para 80% em 2013), sendo que nas 
demais regiões brasileiras, a coleta de resíduos sólidos aumentou em 
até 13% no decorrer desses anos.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2002 2003
Nordeste Norte Centro-Oeste Sudeste BRASIL Sul
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
QUADRO 23 – EVOLUÇÃO DA COLETA DE RSU (% DE RESÍDUOS COLETADOS POR ANO)
Fonte: ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados.
4.3 - COLETA SELETIVA
Apesar dos avanços nas últimas décadas, com o ritmo atual de ex-
pansão da coleta, ou seja, sem considerar um avanço nos investimentos 
e nos esforços, a universalização desse serviço no país tardará mais do 
que o estipulado pelo Planares.
O conceito de destinação final ambientalmente adequada também 
possui direta relação com a prática de coleta seletiva, que distingue os 
resíduos secos dos resíduos úmidos (orgânicos). A quantidade de muni-
cípios que contam com iniciativas de coleta separada dos resíduos se-
cos no Brasil chegou a pouco a mais de 62% do total (ABRELPE, 2014). 
Nesta estimativa, são considerados não somente a coleta porta-a-porta, 
mas também a existência de pontos de entrega voluntária (PEV) ou con-
vênios com cooperativas e/ou organização de catadores.
Segundo dados históricos da ABRELPE, o crescimento do número 
de municípios que realizam alguma iniciativa em coleta seletiva é de 
aproximadamente 2,2 % ao ano. Com um crescimento a este ritmo, a 
40 41
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
6000
2008 2012 2016 2020 2024 2028 2032 2036 2040 2044
5000
4000
3000
2000
1000
0
Absoluto Relativo
universalização da coleta seletiva ocorreria próximo ao ano 2044, coe-
teris paribus4. Neste sentido, o Quadro 24 apresenta uma projeção para 
que todos os municípios do Brasil apresentem alguma iniciativa de co-
leta seletiva.
QUADRO 24 – UNIVERSALIZAÇÃO DE COLETA SELETIVA: 
MUNICÍPIOS COM INICIATIVAS DE COLETA SELETIVA
Fonte: Panorama ABRELPE (histórico de 2008 a 2013). Elaboração GO Associados.
O serviço de coleta seletiva pode não atender a todas as residências 
e estabelecimentos de um município, conforme se conclui a partir das 
informações do Quadro 25. Nele são apresentadas informações sobre 
a cobertura da coleta seletiva de resíduos secos para cada região brasi-
leira, segundo dados de 2008. De acordo com as informações expostas, 
na maioria dos municípios brasileiros a coleta seletiva não atinge a to-
talidade dos domicílios.
4 Tudo o mais constante, ou seja, considerando que todas as outras variáveis não serão 
alteradas ao longo do tempo analisado.
Região
Proporção de municípios que são 
atendidos em toda sua extensão
Norte 4,8%
Nordeste 37,5%
Sudeste 32,4%
Sul 46,0%
Centro-Oeste 16,1%
Brasil 37,9%
QUADRO 25 - MUNICÍPIOS COM SERVIÇO DE COLETA SELETIVA - ÁREA DE ABRANGÊNCIA
Fonte: IBGE, 2008 (tabela 105). Elaboração GO associados.
Como parcela significativa de resíduos é coletada por catadores, 
cooperativados ou não, e por outras iniciativas locais, as estimativas 
quanto à abrangência da coleta seletiva no Brasil são precárias e ba-
seadas em auto declarações das prefeituras ou pesquisas de campo. 
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2014), 
dos 5.570 municípios do país, 3.459 têm iniciativas de coleta seletiva, 
ou seja, 62,1%. Não há, entretanto, contextualização ou detalhamento 
sobre tais iniciativas.
4.4 - DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Um dos princípios básicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos 
é a obediência à seguinte ordem de prioridades de ações: não gera-
ção, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sóli-
dos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos 
(BRASIL, 2010a). Desta forma, tal princípio representa um desafio rele-
vante, dado o atual gerenciamento dos resíduos sólidos nos municípios 
brasileiros. Neste contexto, o Quadro 26 apresenta as principais formas 
de disposição de resíduos sólidos no país.
42 43
24.3%
17.4%
58.3%
Aterros sanitários
Aterros controlados
Lixões
QUADRO 26- DISPOSIÇÃO DOS RSU COLETADOS NO BRASIL (TON/DIA)
Fonte: ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados.
Os lixões a céu aberto representam uma forma de disposição final 
inadequada em que os resíduos sólidos são depositados indiscrimina-
damente no solo, sem qualquer tipo de cuidado ou tratamento. Eles 
apresentam grande potencial contaminante e prejudicial para o ambien-
te e são nocivos à saúde humana (SOUSA, 2012). Os aterros controlados 
pouco se diferenciam dos lixões, uma vez que também não possuem os 
conjuntos de sistemas e medidas necessários para a proteção do meio 
ambiente a danos e degradações (ABRELPE, 2012a).
Apesar disso, por meio do Quadro 26 pode-se observar que aproxi-
madamente 41,7% de todo os resíduos sólidos coletados no Brasil se-
guem para um destes dois destinos (aterro controlado e lixão), ou seja, 
não têm uma disposição final ambientalmente adequada, conforme 
determina a Lei Federal n° 12.305/2010. A disposição final em aterros 
sanitários, considerada ambientalmente adequada, recebe em torno de 
58,3% dos RSU gerados no país.
A maioria dos municípios brasileiros precisa adequar-se à Lei, no 
que diz respeito à disposição final. Em 2013, cerca de 60% dos mu-
nicípios brasileiros destinavam seus resíduos a aterros controlados ou 
lixões (ABRELPE, 2014). Isso significa que, dos 5.570 municípios do país, 
3.344 ainda dispõe seus resíduos de forma inadequada.
A disposição final ambientalmente adequada vem aumentando nos 
últimos anos em ritmo lento. Em 2008, 55% do total de resíduos gera-
dos no país eram encaminhados para aterros sanitários e, em 2013, este 
número passou para mais de 58% (ABRELPE, 2014). Com a publicação 
da PNRS, o fim do prazo para o fechamento dos lixões e a pressão da 
sociedade, espera-se que, nos próximos anos, a destinação para aterros 
sanitários aumente.
44 45
5 - MODELAGEM DE CUSTOS
Esta Seção descreve a modelagem de custos criada para estimar os 
investimentos necessários para universalização do tratamento de resí-
duos sólidos urbanos em todo o país.
Na Subseção 5.1, são descritas as metas propostas pelo Plano Na-
cional de Resíduos Sólidos, as quais foram consideradas fundamentais 
para se estimar a universalização do tratamento de resíduos sólidos. 
Na Subseção 5.2, é descrita a metodologia adotada para o cálculo dos 
custos totais associados à universalização do tratamento de resíduos 
sólidos e os resultados encontrados.
Por fim, na Subseção 5.3, são descritos os tipos de tratamento dis-
poníveis considerados mais adequados à realidade brasileira. Nessa 
Subseção, são levantados os custos associados a esses tratamentos, de 
acordo com dados públicos disponíveis.
5.1 - METAS DO PLANARES
No Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em seu capítulo V, foram 
estipuladas metas a serem atingidas para o tratamento de resíduos sóli-
dos, tomando por base as disposições da Lei Federal n° 12.305/2010 e 
as diretrizes e estratégias contidas no capítulo IV do Plano.
O alcance dos objetivos não depende apenas do cenário macroe-
conômico, mas também do envolvimento das três esferas de governo, 
além do modo efetivo como as outras medidas do Plano devem impac-
tar a sociedade e o setor privado. Nesse sentido, o Planares chama a 
atenção não só para a elaboração dos planos estaduais, intermunicipais 
e, quando aplicável, municipais, mas também para a conclusão dos es-
tudos de regionalização. Isso elevaria os ganhos de escala e propiciaria 
o atendimento às metas propostas com maior facilidade, principalmen-
te no que se refere à erradicação de lixões e disposição final ambiental-
mente adequada.As metas, assim como o diagnóstico do Plano, foram separadas para 
cada tipo de resíduo de modo que, para cada um deles, deveriam ser 
atendidas em períodos de tempo distintos. Cada meta, por sua vez, dife-
re em relação ao ano em que será cumprida. No Quadro 27 explicitam-
-se as metas e o ano de cumprimento total de cada uma delas para os 
resíduos sólidos urbanos, foco do presente Estudo.
O objetivo da modelagem de custos apresentada neste Estudo foi 
estimar os investimentos necessários para a universalização da destina-
ção adequada de resíduos sólidos no Brasil, nos termos do que deter-
mina a PNRS.
Meta (nº) Descrição da meta
Ano de 
atingimento 
da meta
1 Eliminação total dos lixões 2014
2 Reabilitação de lixões Após 2031
3 Redução dos resíduos recicláveis se-cos dispostos em aterros sanitários. Após 2031
4 Redução do percentual dos resíduos úmidos dispostos em aterros. Após 2031
5 Recuperação de gases de aterros sanitários.
300 MW/h 
em 2031
6 Inclusão e organização de 600.000 catadores. 2031
QUADRO 27 – METAS PARA RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
Fonte: BRASIL, 2012b. Elaboração GO Associados
46 47
5.1.1 - ELIMINAÇÃO DE LIXÕES
Para tanto, foram consideradas quatro das seis metas do Planares 
propostas para os RSU: i) Eliminação de lixões; ii) Redução dos resíduos 
secos dispostos em aterros sanitários; iii) Redução de resíduos úmidos 
dispostos em aterros; e iv) Recuperação de gases de aterros sanitários. 
Essas metas serão descritas nas próximas Subseções.
A meta do Planares segue o que consta expressamente na PNRS e 
determina que todos os lixões deveriam ter sido eliminados até agos-
to de 2014 e que todo rejeito seja disposto de forma ambientalmente 
adequada, ou seja, em aterros sanitários. O Plano determina que, para 
tanto, deve haver a elaboração de projetos de engenharia, de viabilida-
de econômica e ambiental, a implementação de aterros sanitários e o 
aporte de recursos visando o encerramento de lixões.
Vale ressaltar que durante o período analisado, os aterros sanitários 
construídos ainda estarão operando dentro de sua vida útil, de forma 
que, até 2031, não ocorrerá o encerramento de nenhum desses novos 
aterros, devido ao esgotamento de capacidade.
Conforme dados do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plan-
sab) e da ABRELPE, tem-se que entre 2000 e 2013 houve uma redução 
de aproximadamente 18% na quantidade de RSU com destinação ina-
dequada (Quadro 28). Porém, tal redução só foi observada de fato para 
as regiões Sul e Sudeste. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, 
observa-se um aumento na quantidade absoluta de resíduos e rejeitos 
que não são encaminhados para aterros sanitários. Vale destacar que no 
Centro-Oeste a quantidade diária de resíduos e rejeitos encaminhados 
para disposição inadequada quase dobrou (variação de 92%).
QUADRO 28- QUANTIDADE DE RESÍDUOS E REJEITOS ENCAMINHADOS 
PARA DISPOSIÇÃO FINAL INADEQUADA (TONELADAS/DIA)
Fonte: PNSB, 2000; ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados.
Região 2000 2013 Variação
Norte 6.790 7880 16%
Nordeste 18.660 27.116 45%
Centro-Oeste 5.635 10.834 92%
Sudeste 57.696 27.475 -52%
Sul 7.521 6.094 -19%
Brasil 96.302 79.399 -18%
Segundo dados da ABRELPE (2014), entre 2012 e 2013, aumentou 
em 13 o número de municípios que dispõem seus resíduos adequa-
damente em aterros sanitários, mesmo com a proximidade do encerra-
mento do prazo dado pela lei para isso.
No Quadro 29, são apresentados os números de municípios para 
cada tipo de destinação final, nas diferentes regiões do país, em 2013. 
Observa-se que menos da metade dos municípios destinam seus resí-
duos aos aterros sanitários, como determina a Lei.
Destinação 
Final
Região
Brasil
Norte Nordeste Centro- Oeste
Su-
deste Sul
Aterro 
Sanitário 92 453 161 817 703 2.226
Aterro 
Controlado 111 504 148 645 367 1.775
Lixão 247 837 158 206 121 1569
Total 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570
ABRELPE, 2014.
QUADRO 29 – NÚMERO DE MUNICÍPIOS BRASILEIROS QUE 
SE UTILIZAM DE CADA TIPO DE DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS (2013)
48 49
A maioria dos municípios das regiões Sul e Sudeste apresenta desti-
nação ambientalmente correta de seus resíduos, enquanto que no Norte, 
no Nordeste e no Centro-Oeste, uma minoria encaminha os resíduos aos 
aterros sanitários. 
Para calcular os custos relacionados à eliminação dos lixões, foi con-
siderado que os resíduos sólidos dispostos em lixões ou aterros controla-
dos seriam encaminhados para aterros sanitários já existentes, ou a serem 
construídos, depois de esgotadas as outras formas de tratamento, como a 
reciclagem e a compostagem.
Um município, isoladamente, pode não ser capaz de cumprir todas as 
metas definidas pela Lei, como, por exemplo, a construção de aterro sani-
tário para a disposição ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. 
Contudo, consorciado a outros, é possível que a escala obtida garanta via-
bilidade econômica e até mesmo técnica, necessária para a provisão dos 
serviços de manejo de resíduos (OLIVEIRA & GALVÃO, 2014).
Segundo esses mesmos, a regionalização dos serviços pode propor-
cionar custos mais baixos em comparação à solução individualizada e, em 
alguns casos, poderia até possibilitar empreendimentos cuja viabilidade 
técnica e econômica passa por uma escala mínima de atendimento. Pre-
vendo as possíveis dificuldades econômicas e técnicas de municípios de 
menor porte, a PNRS não somente permite, mas também incentiva a arti-
culação entre entes federados, visando à formação de consórcios inter-
municipais ou microrregionais. Deve-se destacar, entretanto, que a forma-
ção de consórcios precisa, entre outros fatores, se basear nas distâncias 
entre as localidades.
Partindo-se dessas premissas, considerou-se que o fechamento de li-
xões e a implantação de aterros sanitários somente seriam possíveis por 
meio da formação de consórcios entre municípios brasileiros próximos. 
Para o presente Estudo, os referidos consórcios seriam formados pelos 
municípios que compõem cada microrregião brasileira, de acordo com a 
classificação do IBGE. No total, os municípios brasileiros foram distribuí-
dos em 558 microrregiões.
5.1.2 - REDUÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS 
SECOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS
A versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 
2012) determina a redução de 34% dos resíduos sólidos urbanos secos 
dispostos em aterros sanitários até 2023 e de 45% até 2031, com base 
na caracterização nacional em 2013, destinando-os à reciclagem. Para 
cada região brasileira, as metas são diferentes, conforme observado no 
Quadro 30.
Meta Região
Plano de Metas
2015 2019 2023 2027 2031
Redução de 
resíduos 
recicláveis secos 
dispostos em 
aterro, com base 
na caracterização 
nacional em 2013
Norte 10 13 15 17 20
Nordeste 12 16 19 22 25
Sul 43 50 53 58 60
Sudeste 30 37 42 45 50
Centro- 
Oeste 13 15 18 21 25
Brasil 22 28 34 40 45
QUADRO 30 – METAS DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS SECOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS (%)
Fonte: BRASIL, 2012.
No presente Estudo, considerou-se tanto a meta de redução geral 
de RSU secos dispostos em aterros sanitários, quanto a meta de redu-
ção para cada região brasileira, individualmente.
Para que seja possível reduzir a quantidade de resíduos recicláveis 
secos dispostos em aterros sanitários, o sistema de coleta seletiva deve 
ser aprimorado e expandido. Apenas com um sistema de coleta seletiva 
melhor estruturado e um sistema de logística reversa de embalagens 
implementado será possível aumentar a quantidade de resíduos que 
podem ser destinados para a reciclagem e, dessa forma, cumprir com a 
meta estabelecida.
50 51
 5Áreas rurais mais próximas às áreas urbanas.
Nesse sentido, a atuação do CORI contribui para que tais metas se-
jam atingidas. Em setembro de 2014, o Comitê publicou deliberação (n°9/2014) que adota meta para o sistema de logística reversa de embala-
gens em geral. O objetivo é recolher ao menos 3.815 toneladas por dia, 
em média, de embalagens, até o final de 2015. Essa deliberação, como 
consequência, auxilia na redução de resíduos sólidos secos em aterros 
sanitários.
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos destaca que a implantação da 
coleta seletiva deve ocorrer em todos os municípios brasileiros, priori-
zando-se inicialmente os de maior porte, ou aqueles que integram Regi-
ões Metropolitanas, Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômi-
co (RIDE) ou Aglomerações Urbanas (BRASIL, 2010b). No Plano, também 
é prevista a implantação da coleta seletiva de resíduos secos nos cin-
turões verdes5.
Vale lembrar que, de acordo com os dados da ABRELPE de 2012, 
31,6% dos RSU coletados no Brasil compõem a fração seca. Entretanto, 
nem todos os resíduos secos descartados podem ser efetivamente re-
ciclados, por uma série de fatores. Estima-se que um terço dos resíduos 
secos não seja passível de reciclagem, por conta de contaminação por 
outros materiais, deficiências na logística e ausência de plantas para sua 
transformação.
5.1.3 - REDUÇÃO DOS RESÍDUOS ÚMIDOS DISPOS-
TOS EM ATERROS SANITÁRIOS
A redução do percentual de resíduos úmidos dispostos em aterro 
sanitário diz respeito ao tratamento diferenciado da matéria orgânica. 
Pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos, tem-se que, para atendimento 
desta meta, deve-se introduzir a compostagem dos RSU e aproveitar os 
gases provenientes da digestão anaeróbia da fração orgânica e daque-
les gerados em aterros sanitários. O desenvolvimento de outras tecno-
logias visando à geração de energia a partir da parcela úmida de RSU 
também deve ser incentivado.
O Planares propõe que, no total em todo o país, seja reduzido em 
38% o percentual de resíduos úmidos dispostos em aterros sanitários 
até 2023 e em 53% até 2031, com base na caracterização nacional 
de 2013. Para cada região brasileira, as metas são diferentes, conforme 
observado no Quadro 31.
Meta Região
Plano de Metas
2015 2019 2023 2027 2031
Redução do 
percentual de 
resíduos úmidos 
dispostos em 
aterros, com base 
na caracterização 
nacional em 2013
Norte 10 20 30 40 50
Nordeste 15 20 30 40 50
Sul 30 40 50 55 60
Sudeste 25 35 45 50 55
Centro- 
Oeste 15 25 35 45 50
Brasil 19 28 38 46 53
QUADRO 31 - METAS DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS ÚMIDOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS (%)
Fonte: BRASIL, 2012.
No presente Estudo, considerou-se tanto a meta de redução geral 
de RSU úmidos dispostos em aterros sanitários, quanto a meta de redu-
ção para cada região brasileira, individualmente.
A partir dessas premissas, propomos que, para atingir a referida 
meta, deve ser ampliado e fortalecido o sistema de coleta seletiva da 
parcela orgânica, bem como serem instaladas usinas de compostagem, 
distribuídas pelo território brasileiro.
52 53
5.1.4 - RECUPERAÇÃO DE 
GASES DE ATERROS SANITÁRIOS
O Planares prevê o aproveitamento energético do biogás gerado em 
aterros sanitários, além do gerado em biodigestores e em outras tecnolo-
gias a serem desenvolvidas, as quais também visam à geração de energia 
a partir da parcela úmida de RSU coletados.
O Plano prevê a disponibilização de recursos financeiros voltados 
para a realização de estudos de viabilidade técnica ambiental e econômi-
ca de sistemas de captação de gases em aterros sanitários, existentes ou 
novos. O Planares propõe, no geral, em todo país, que sejam recuperados 
150 MW até 2023 e 300 MW até 2031 (Quadro 32). Entretanto, sabe-se 
que esses valores podem ser maiores, dada a realidade brasileira.
QUADRO 32 - METAS DE TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO DE GASES EM ATERROS SANITÁRIOS (MW)
Fonte: BRASIL, 2012.
Meta Plano de Metas
Recuperação de gases 
de aterro sanitário 
(potencial total: 300MW)
2015 2019 2023 2027 2031
50 100 150 200 300
Estima-se que, atualmente, o país tenha capacidade de recuperar 
aproximadamente 0,009 MWh/ton/dia o que corresponde a um poten-
cial de até 1.144 MWh até 2031. Esse potencial energético foi calculado 
a partir das premissas dispostas no Quadro 33.
QUADRO 33 – PREMISSAS PARA ESTIMATIVA DE POTENCIAL 
ENERGÉTICO DE RECUPERAÇÃO DE GASES DE ATERRO SANITÁRIO
Fonte: ABRELPE, 2015.
Captação de Biogás
Liberação de biogás 125 m3/ton resíduos
Concentração metano 50%
Poder calorífico do metano 8570 Kcal/m3
5.2 - METODOLOGIA PARA CÁLCULO DE CUSTOS
Nesta Subseção, são esclarecidas as premissas e a metodologia uti-
lizadas para os cálculos de determinação dos investimentos necessá-
rios para a universalização do tratamento e disposição final de resíduos 
sólidos.
5.2.1 - CENÁRIOS
Respeitando o proposto no Planares para os cálculos de investi-
mentos necessários para tratamento dos resíduos sólidos, foram utili-
zadas as informações de geração de resíduos sólidos contidos no Pa-
norama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013 (ABRELPE, 2014). Também 
foi utilizada, no presente Estudo, a composição dos RSU gerados pelos 
brasileiros em 2012, de acordo com informações da ABRELPE (2013).
Para identificar os objetivos de redução de resíduos encaminhados à 
destinação final e captação de gases de aterros sanitários foram utiliza-
dos dois cenários futuros, determinados pelo Plano Nacional de Resíduos 
Sólidos. Um deles traz metas intermediárias e deverá ser alcançado até 
2023. Já o cenário final considera as metas que deverão ser alcançadas 
até 2031, conforme explicitado anteriormente no Quadro 27.
Com a finalidade de identificar os custos relacionados a um siste-
ma que fosse tecnicamente disponível e economicamente viável para, 
minimamente, atender as metas contidas no Planares, o presente Es-
tudo apresenta os valores de investimento e operação para as etapas 
estruturante e alternativas de destinação selecionadas para a realidade 
brasileira e identificadas no esquema abaixo (Quadro 34).
54 55
Resíduos Sólidos
Urbanos
Outros Resíduos SecosResíduos Úmidos
Compostagem
Pontos de Entrega
Voluntária
ReciclagemCentrais de 
Triagem
Aterros 
Sanitários
Recuperação 
de Gás
Tratamento
Térmico
QUADRO 34 - ESQUEMA GERAL DOS SISTEMAS ESTRUTURANTES 
 E DAS ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO DOS RSU
Elaboração: GO Associados.
Para fins do presente Estudo, considerou-se que, até 2023, 38% dos 
resíduos úmidos sejam encaminhados para a compostagem e que 34% 
dos resíduos secos sejam reciclados. Já para 2031, considerou-se que 
53% dos resíduos úmidos gerados no país deverão ser destinados à com-
postagem e que 45% dos resíduos secos, para a reciclagem (Quadro 35).
Para ambos os cenários, os resíduos foram separados em duas fra-
ções principais, obedecendo ao previsto no art. 9° do Decreto n° 7.404: 
secos e úmidos. Considerou-se, ainda, uma fração adicional (“outros”), na 
qual estão incluídos resíduos que, por diversas características, não são 
passíveis de recuperação e aproveitamento, devendo ser aterrados ou, 
caso apresentem valor calorífico, encaminhados para processos de recu-
peração energética, quando existentes.
Tendo em vista as reais perspectivas de avanços no tratamento e 
destinação de RSU, foi ainda desenvolvido um outro cenário, com a in-
clusão de processos de recuperação energética dos resíduos, através da 
tecnologia de incineração. Considerou-se que esse tratamento poderia 
ser utilizado para os resíduos que originalmente seriam encaminhados 
diretamente para aterros sanitários. Como não há metas previstas para 
tratamento térmico com recuperação energética no Planares, foi esti-
mado que, até 2031, 10% dos RSU serão encaminhados para plantas 
de recuperação energética. Esse valor equipara-se ao de outros países, 
tais como Estados Unidos, o qual apresenta vasta extensão territorial, 
semelhante à realidade brasileira.
Para fins do Estudo, esse tratamento

Outros materiais