Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 0000000000000000 1.1 – In trodução Mu i tas vezes , na engenhar i a san i t á r i a , nos deparamos com a neu t ra l i zação de e f l uen tes . Com i sso , é p rec i so conhecer a m assa a ser dosada pa ra a neu t ra l i zação do e f l uen te , ass im como é p rec i so conhecer a vazão da bomba dosadora . Mu i tos não sabem que m u i tas reações de neu t ra l i zação são exo té rm icas . Com i sso , é p rec i so que tenhamos tanques que se jam res i s ten tes às var i ações té rm i cas . Aprende remos , t am bém , que mu i tas so l uções sa l i nas apresentam o pH d i f e ren te de neu t ro . Com i sso , t o rna-se essenc ia l a co r reção do pH. Tam bém aprenderem os como ca l cu l a r o pH dessas so l uções sa l i nas que apresentam o pH d i f e ren te de neu t ro . Verem os que a técn i ca da t i t u l ação têm im por tan te ap l i cação na engenhar i a san i t á r i a , porque nos pe rm i te conhecer a concen t ração do e f l uen te que será neu t ra l i zado . Desse m odo, poderemos con t ro l a r a vazão da bomba dosadora , a concent ração p rodu to qu ím i ca que será u t i l i zado na neu t ra l i zação do e f l uen te e t am bém prever -se os vo l um es a se rem consumi dos , necesár i os para os p ro j e tos dos tanques de p rodu tos qu ím i cos . UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO JANEIRO Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente - UERJ Disciplina: ÁGUAS E ÁGUAS RESIDUÁRIAS I Professor: Gandhi Giordano Matéria: Hidrólise Salina Índice 1.1 – Introdução 1.2 – Neutralização e Hidrólise 1.3 – pH de Soluções Salinas 1.4 – Titulação 1.5 – Exercícios 1.6 – Bibliografia 2 1.2 – Neutral ização e Hidról ise Neutral ização A reação que ocor re en t re um ác ido e um a base é cham ada de reação de neu t ra l i zação. Os p rodu tos dessa reação são água (o r i g i nados pe los í ons H + e OH - p roven ien tes do ác i do e da base , respec t i vam ente ) e um compos to i ôn i co que é o sa l . O cá t i on do sa l vem da base . Já o ân ion do sa l vem do ác i do . Na f o rma gera l , uma reação ác i do-base é : Ác i do + Base � Sa l + Água A reação de neu t ra l i zação é mu i to im por tan te na engenhar i a san i t á r i a , j á que m u i tas vezes temos que neu t ra l i za r o e f l uen te qu ím i co . Por i sso , to rna-se impor tan te conhecer ou t ra carac te r í s t i ca das reações ác i do-base que é o ca l o r resu l t an te . Mu i tas reações de neu t ra l i zação são exo té rm icas (ao se rea l i za rem l i beram ca lo r ) . Com i sso , os t anques em que se rão rea l i zados os p rocessos de neu t ra l i zação p rec i sam te r res i s tênc i a t é rm i ca . O p rocesso de d i sso lução de um so lu to em um so l ven te pode ser exo té rm ico ou endo té rm ico . I s to é ou t ro mot i vo para que os t anques tenham res i s tênc i a t é rm i ca . Um exemplo d i sso é o c l o re to f é r r i co que é mu i to usado nas es tações de t ra tam ento . É p rec i so um tanque com res i s tênc i a t é rm i ca e qu ím i ca , porque o c l o re to f é r r i co é m u i to agress i vo ao tanque , t ubu lação , e t c . Hidról ise Mui tas vezes a so l ução do p rodu to da reação en t re um ác ido e um a base , o sa l , não possu í pH neut ro . I s to ocor re dev ido as carac te r í s t i cas ác i das e bás i cas dos íons p roven ien tes dos ác i dos e das bases , porque , segundo a Teor i a de B rons ted-Lowry, qua lquer espéc ie qu ím i ca pode ser ác i da ou bás i ca . Uma espéc ie ác i da para B rons ted é aque la que doa o p ró ton H + . E a espéc ie bás i ca é aque la que recebe o p ró ton H + . Aprox im adam ente todos os sa i s são e l e t ró l i t os f o r tes , ou se j a , es tão comple tamente d i ssoc iados em so lução aquosa . Com i sso , o que va i de te rm inar se a so l ução sa l i na va i se r bás i ca ou ác i da são os cá t i ons e o ân ions p roven ien tes do sa l . Mu i tos desses íons são capazes de reag i r com a água e f o rmar H + ou OH - . A reação en t re o cá t i on ou o ân ion , do sa l , com a água é chamada de h i d ró l i se . Com i sso , podem os prever se 3 um a so lução sa l i na t e rá pH ác i do , bás i co ou neu t ro apenas pe los í ons cons t i t u i n tes do sa l . Os ân ions p roven ien tes do sa l são a base con jugada do ác i do que deu o r i gem ao sa l . Por exem plo , o c l o re to de p ra ta , AgC l , tem em so lução aquosa o ân ion C l - . Esses ân ions reagem com a água e p roduzem h id rox i l a como v i s to aba i xo : X - + H 2 O � HX + OH - A p rodução de h i d rox i l a pe lo ân ion do sa l deve-se a f o rça do ác i do que o ân ion ve i o . Sabem os que o ân ion é a base con jugada do ác i do que deu o r i gem ao sa l . Também sabemos que quan to ma i s f o r t e um ác ido é , ma i s f raca se rá a base con jugada. E quanto m a i s f raco o ác i do é , m a i s f o r t e é a base con j ugada. Com i sso , ác i dos f o r tes t êm bases con jugadas mu i to f racas . Por i sso , o ân ion te rá t endênc ia desprez í ve l em receber os p ró tons da água, conseqüentemente as h i d rox i l as não se rão f o rm adas e não a f e ta rá o pH da so lução sa l i na . Caso o ân ion do sa l t enha v i ndo de um ác ido f raco , e l e reag i rá com um a pequena ex tensão com a água e p roduz i rá ác i do f raco e h i d rox i l as . Esse ac résc imo de h i d rox i l as resu l t a rá em um m eio bás i co da so l ução . Já os cá t i ons p roven ien tes do sa l são o ác i do con jugado da base de que v i e ram. O ace ta to de sód io , CH 3 COONa, t em em so lução aquosa o í on Na + . En tão , os cá t i ons do sa l reagem com a água e p roduzem H + , como v i s to aba i xo : B + + H 2 O � BOH + H + A p rodução de p ró tons ,H + , pe l o cá t i on do sa l deve-se a f o rça da base . Quanto ma i s f o r t e a base , m a i s f raco será o ác i do con jugado . Quanto m a i s f raca a base , m a i s f o r t e será o ác i do con jugado. Com i sso , se o cá t i on ve i o de um a base f o r te , e l e t e rá t endênc ia desprez í ve l em reag i r com a água. Se o cá t i on v i e r de um a base f raca , e l e reag i rá em um a pequena ex tensão com a água e f o rmará p ró tons H + . O ac résc imo de H + na so l ução de i xará o m e io ác i do . En tão , caso tenhamos em um a so lução aquosa de sa l cá t i ons e ân i ons que v i e ram de base f o r te e ác i do f o r te , e l es não te rão tendênc ia em reag i r com a água. Com i sso , esperamos que o pH da so lução de sa l se j a neu t ro . Se a so l ução possu i r um ân ion que reage com a água e um cá t i on que não reage, esperamos que a so l ução se ja bás i ca . Se a so l ução possu i r ân i onsque não reagem com a água e cá t i ons que reagem, t e remos uma so lução sa l i na ác i da . O ú l t im o caso é se a so l ução possu i r ân i ons e cá t i ons que reagem com a água. Nesse caso , o íon que 4 possu i r ma io r cons tan te de i on i zação, ou se j a , m a i s f o r t e , reag i rá m a i s com a água e t e rá ma io r i n f l uênc ia no pH. O grau de h i d ró l i se , α h , nos f o rnece a re l ação da quan t i dade de m o l s do íon que so f re h i d ró l i se com re l ação ao núm ero i n i c i a l de mo l s . 1 .3 – pH de Soluções Sal inas O cá l cu l o do pH de so luções sa l i nas é pa rec i do com o p roced imento do cá l cu l o de pH de so luções de ác i dos ou bases . P r ime i ro passo : Montar a reação de d i ssoc iação do sa l e ve r qua i s os í ons que vão so f re r h i d ró l i se ( reag i r com a água) . Segundo Passo : Monta r a t abe la de equ i l í b r i o da h i d ró l i se , usando como m ola r i dade do ân ion ou do cá t i on a mo la r i dade do sa l , j á que cons ide ram os es te com ple tam ente i on i zado na so l ução . Terce i ro Passo : Obter a cons tan te de h i d ró l i se , K h , do cá t i on com o K b da base que o cá t i on se o r i g i nou , pe l a f ó rm u la : Ou, ob te r a cons tan te de h i d ró l i se , K b , do ân ion com o K a do ác i do que o ân ion se o r i g i nou pe la f ó rmu la : 5 Caso o cá t i on e o ân ion so f ram h id ró l i se , a f ó rmu la f i ca : Quar to Passo : Reso l ve r a equação e ob te r a concent ração mo la r de H + para poder de te rm inar o pH da so l ução sa l i na . Bas ta o l har o p roced imen to no exerc íc i o reso l v i do , na seção de exerc í c i os . 1 .4 – Ti tulação A t i t u l ação é o p roced imen to rea l i zado com a f i na l i dade de descobr i r a concen t ração de uma am os t ra . 6 Caso se ja p rec i so de te rm inar a concent ração de um a so lução de um ác ido , o p roced imen to cons i s te em go te j a r uma base de concent ração conhec i da a té que se ja a t i ng i do , com o aux í l i o de um i nd i cado r ác i do-base ou um m ed ido r de pH, o pon to de equ i va l ênc ia , que é o pon to no qua l a quant i dade es tequ iome t r i camente equ i va l en te de ác i do e base f o ram conc i l i adas . O ponto de equ i va l ênc ia é a curva do g rá f i co do pH em f unção do vo l ume de t i t u l an te ad i c i onado . A t i t u l ação é mu i to usada na engenhar i a san i t á r i a para de te rm inar a concent ração de p rodu tos qu ím i cos em e f l uen tes i ndus t r i a i s . Após de te rm inar a concent ração do p rodu to qu ím i co no e f l uen te , rea l i zam os o cá l cu l o pa ra saber a vazão da bomba que i rá despe ja r o p rodu to qu ím i co na es tação de t ra tamen to para t ra ta r o e f l uen te . 7 A par t i r do p r i nc íp i o de equ i va l ênc ia qu ím i ca , na qua l as subs tânc ias reagem em i gua ldade de núm ero de equ i va l en te . Temos a f ó rmu la : Na qua l : V= Vo lum e da am os t ra N= Concen t ração da amos t ra ( é o que dese jamos encon t ra r ) V ’ = Vo lume de t i t u l an te gas to N ’ = Concent ração do t i t u l an te Para achar a vazão da bom ba dosadora bas ta ap l i ca r a f ó rmu la : Q e f l u e n t e x Ce f l u e n t e = Q b o m b a x Cp r o d u t o Na qua l : Q e f l u e n t e = Vazão do e f l uen te ( L /h ) C e f l u e n t e = Concen t ração do p rodu to qu ím i co no e f l uen te ( mg/L ) Q b o m b a = Vazão da bomba dosadora ( L /h ) C p r o d u t o = Concent ração do p rodu to qu ím i co que i rá t ra ta r o e f l uen te ( mg/L ) Com es ta f ó rmu la , podemos perceber que podemos a l t e ra r a vazão da bom ba dosadora e a concent ração do p rodu to qu ím i co que i rá t ra ta r o e f l uen te de acordo com o dese jado . 1 .5 – Exercícios 1 – De te rm ine se a so l ução de c l o re to de am ôn io , NH 4 Cl , apresenta pH ác i do , neu t ro ou bás i co . 8 Resp : O sa l c l o re to de am ôn io é o r i g i nado pe la reação de h i d róx i do de amôn io , NH 4 OH, e ác i do c l o r íd r i co , HC l . Es te sa l em so lução aquosa es tá no modo: Podemos ver que como o HC l é um ác ido f o r te , o ân ion C l - é uma base con jugada com tendênc ia desprez í ve l de receber um p ró ton . Com i s to , não reag i rá com a água. Já o NH 4 + é p roven ien te de uma base f raca , com i s to , es te cá t i on reag i rá em uma pequena ex tensão com a água a f o rmará H 3 O + . Com i s to , o m e io f i ca rá ác i do , en tão pH < 7 . 2 – Dete rm ine se a so l ução de ace ta to de sód io , CH 3 COONa, apresenta pH ác i do , neu t ro ou bás i co . Resp : pH > 7 3 – De te rm ine se a so l ução de c l o re to de sód io , NaCl , ap resenta pH ác i do , neu t ro ou bás i co . Resp : pH = 7 4 – Es t ime o pH de c l o re to de am ôn io , NH 4 Cl , com uma concent ração de 0 ,15mol /L . Dado o K b do h i d róx i do de amôn io = 1 ,8x10 - 5 Respos ta : Com o p r im e i ro exerc íc i o , podemos es t imar que o pH se ja m enor do que 7 . P r ime i ro passo : Montar a reação de d i ssoc iação do sa l e ve r qua i s os í ons que vão so f re r h i d ró l i se ( reag i r com a água ) . 9 Segundo Passo : Monta r a t abe la de equ i l í b r i o da h i d ró l i se , usando como m ola r i dade do ân ion ou do cá t i on a mo la r i dade do sa l , j á que cons ide ram os es te com ple tam ente i on i zado na so l ução . NH 4 + NH 3 H 3 O + IN ÍC IO 0 ,15 0 0 REAGIU - x +x +x EQUIL ÍBRIO 0 ,15 - x x x Terce i ro Passo : Obter a cons tan te de h i d ró l i se , K h , do cá t i on com o K b da base que o cá t i on se o r i g i nou , pe l a f ó rm u la : 10 Com i s to , ob te remos que x= 9 ,2x10 - 6 m ol /L . En tão , [H 3 O + ] =9 ,2x10 - 6 m ol /L pH = - l og [H 3 O + ] = 5 ,04 pH = 5 ,04 5 – Es t ime o pH de uma so lução de ace ta to de cá l c i o , Ca (CH 3 CO 2 ) 2 , com um a concent ração de 0 ,15m ol /L . Dado o K a do ác i do acé t i co = 1 ,8x10 - 5 . Resp : pH= 9 ,11 6 – Es t ime o pH de uma so lução de benzoato de po táss i o , KC 6 H 5 CO 2 , com um a concent ração de 0 ,10m ol /L . Dado o K a do ác i do benzó i co= 6 ,5x10 - 5 . Resp : pH = 8 ,59 7 – Um a amos t ra de 50m L de ác i doc l o r íd r i co , HC l , f o ram t i t u l ados com 100m L de um a so l ução de h i d róx i do de sód io , NaOH, com uma concent ração de 0 ,01eqq/L . Dê a norm a l i dade da amos t ra de HCl . Resp : Sabemos que as subs tânc ias reagem de modo a i gua la r o núm ero de equ i va l en te qu ím i co . O número de equ i va l en te qu ím i co é dado por Vo lume(L ) x Norm al i dade (eqq/L ) . En tão tem os a f ó rm u la VN = V ’ N ’ . Sendo V= Vo lume da amos t ra= 50mL= 0 ,050L N= Normal i dade da am os t ra , é o que dese jamos encon t ra r . V ’ = Vo lume de t i t u l an te gas to na t i t u l ação= 100m L= 0 ,1L N ’ = Normal i dade do t i t u l an te= 0 ,01eqq/L 0 ,050xN=0,1x0 ,01 N=0,02eqq/L A norma l i dade de amos t ra é 0 ,02eqq /L . 11 8 – Um a amos t ra de 20m L de h i d róx i do de sód io , NaOH, f o i t i t u l ada com 30m L de um a so lução 0 ,01N de ác i do c l o r íd r i co . Depo i s de acha r a concent ração de h i d róx i do de sód io na amos t ra , f o i p reparado um a so lução de ác i do c l o r íd r i co 10% para t ra ta r a so l ução de h i d róx i do de sód io em uma es tação de t ra tamento na qua l a vazão do e f l uen te é de 20m 3 / h . De te rm ine qua l será a vazão da bomba dosadora de ác i do c l o r íd r i co . . Resp : Vazão da bomba dosado ra = 120L/h ou 0 ,12m 3 / h 9 – Um a amos t ra de 50m L de ác i do c l o r íd r i co , HC l , f o i t i t u l ada com 20m L de um a so lução 0 ,02N de h i d róx i do de sód io . Depo i s , f o i p repa rado uma so lução 5% de h i d róx i do de sód io para ser usado na es tação de t ra tamento que possu í uma vazão do e f l uen te com ác ido c l o r íd r i co de 3L /h . Sabendo que a es tação de t ra tam ento ope ra 10h /d i a . Ca l cu l e o consumo d i á r i o de h i d róx i do de sód io u t i l i zado pa ra t ra ta r o e f l uen te . Resp : São usados 8 ,76g de NaOH por d i a na es tação de t ra tamen to . 1.5 – Bibl iograf ia SAW YER C.N . , McCar t y P .L , PARKIN , G.F . “Chemis t r y f o r Env i ronmenta l Eng ineer i ng and Sc ience ” – 5a ed i t i on - I n te rna t i ona l Ed i t i ons ; Mc Graw - H i l l H i gher Educat i on , Bos ton (USA) 2004. BROW N, LEMAY, BURSTEN – QUÍMICA A CIÊNCIA CENTRAL – 9 a ed i ção – PEARSON Pren t i ce Ha l l , São Pau lo . JEROME L . ROSENBERG, LAW RENCE M.EPSTEIN – QUÍMICA GERAL – 8 a ed i ção – Bookman, Co leção SCHAUM, 2003. ATK INS, PETER – PRINCÍP IOS DA QUÍMICA: QUESTIONANDO A V IDA MODERNA E O MEIO AMBIENTE/ PETER ATKINS E LORETTA JONES; TRAD. IGNEZ CARACELLI – PORTO ALEGRE: BOOKMAN, 2001.
Compartilhar