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IED - Pluralismo, diversidade e cultura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
DEPARTAMENTO DE DIREITO
DA DIVERSIDADE CULTURAL AO PLURALISMO CULTURAL 
ANA LÍVIA LAPA
ANSELMO ALVES DE CARVALHO JÚNIOR
CAIO VINICIUS MARTINES
FIAMA VITÓRIA DE SOUZA ASSIS
MICHELLLE SILVA
MICHEL AKIO YOSHIOKA
ROBERTA CASTRO LANA
SAMUEL MAGALHÃES MACHADO
 OURO PRETO
2013
 CAPÍTULO 11 “PLURALISMO, DIVERSIDADE E CULTURA NO BRASIL” ROSANA RIBEIRO FELISBERTO
 A IMPORTANCIA, CADA VEZ MAIOR, DE GARANTIR RELAÇÕES HARMONIOSAS ENTRE PESSOAS DE CULTURAS DIFERENTES
PROFESSOR DOUTOR EM DIREITO ALEXANDRE BAHIA
 OURO PRETO
2013
A partir da leitura do texto “Pluralismo, Diversidade e Cultura no Brasil”, de Rosana Ribeiro Felisberto, podemos perceber que o Brasil é um país de identidade nacional tardia. Esse fenômeno ocorreu principalmente devido à sua colonização extemporânea, a sua grande extensão territorial e pelos inúmeros povos de diversas culturas que povoaram o país. Tal miscigenação faz com que a nossa identidade nacional seja pautada, principalmente, pela diversidade cultural.
Em 1500, o Brasil era habitado por índios. Com o início da colonização, novos habitantes chegaram, entre eles estavam portugueses, africanos e mais tarde, os italianos. 
A sociedade indígena possuía uma cultura pautada em regras sociais, religiosas e até políticas. Andavam nus, pintavam o corpo e faziam uso de adereços. Sobreviviam da caça e da pesca. Com a chegada do homem branco português, ocorreu um “choque de culturas”, uma vez que para ambos a cultura alheia era muito diferente. 
Os africanos trouxeram para o país dança, linguagem e costumes próprios, o que contribuiu para aumentar a diversidade. Os italianos, por sua vez, que migraram para o Brasil trouxeram também muitos de seus traços culturais na bagagem. 
Assim, os diferentes povos que habitaram nosso país tiveram grande importância na diversidade cultural que caracteriza nossa identidade nacional.
O atual regime político do país, democracia presidencialista, prima pela participação de todos os cidadãos nas decisões políticas da nação. Para o pleno funcionamento deste novo regime, foi necessário um novo texto constitucional que se adequasse ao momento político da nação. Desta forma, a Constituição/88 reconstruiu seu texto a fim de possibilitar maior igualdade a todas as pessoas e culturas.
 Em seu artigo 215, a Constituição da República prevê o dever do Estado de garantir a todos o completo exercício de direitos culturais, promover o acesso às fontes da cultura nacional, apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Art. 215. - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
§ 3º - A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
II - produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
IV - democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
V - valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005).
Já no § 1º do art.215 dispõe que o Estado deve proteger as manifestações culturais advindas da população, incluindo as de origem indígenas e afro-brasileiras, como também outras as quais tenham participado do processo civilizatório brasileiro 
 A cultura contemporânea brasileira é plural e perpassa por todas as áreas da sociedade e, por isso, garante inúmeras possibilidades de identificações distintas. Buscando abranger todas essas possibilidades, a cultura vem ganhando muita atenção em termos jurídicos. Pois além do Artigo 215, a ideia da preservação e proteção à cultura está difundida em todo o texto constitucional.
O Art. 216 trata da definição e proteção da manifestação cultural:
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Apesar de a Constituição reconhecer a existência da diversidade cultural brasileira, ainda é preciso melhorá-la, visando proteger e preservar as tão relevantes manifestações culturais.
Assim, mesmo com todo este discurso com regulamentação legal não se pode afirmar que a interação entre culturas é feita de forma recíproca e que favoreça seu convívio e integração se estabeleça numa relação baseada no respeito pela diversidade e enriquecimento de ambas, como visa o interculturalismo.
.O interculturalismo busca também combater o relativismo cultural, quando este tende a colocar os grupos em um mesmo patamar. Ele implica na construção de um espaço onde os vários grupos sociais possam contribuir na reconstrução e reinterpretação da Constituição. O interculturalismo propõe, assim, que se aprenda a viver num mundo pluralista onde se respeite e defenda a humanidade. Também não se pode afirmar que haja um multiculturalismo, que visa resistir a homogeneidade cultural. Um exemplo de país onde o multiculturalismo gera desprezo é o que ocorreno Canadá, entre habitantes de língua francesa e os de língua inglesa. A ideia de interculturalismo garante que os diversos grupos culturais distintos existentes no Brasil possam dialogar entre si a fim de participar efetivamente da interpretação da Constituição. A autora Rosana Ribeiro Felisberto defende que deveria haver no Brasil um interculturalismo 
 .A aceitação da existência de um multiculturalismo significa um avanço, revelando a coexistência de formas culturais reconhecidas pelo Estado e pelo direito, que devem preservá-la e protegê-la. Evidentemente, só seria possível a criação institucional de um local aberto às manifestações e participações nas decisões, na presença deste interculturalismo.
Segundo Boaventura de Sousa Santos, importante intelectual da área de ciências políticas, “é o reconhecimento de uma diversidade cultural que permite a emergência de novos espaços de resistência e de luta e de novas práticas políticas”. Entretanto, este é apenas o começo.
Uma ressalva a ser feita é sobre a abertura existente na Constituição sobre o tema cultura. Esta abertura visa acrescentar outros conteúdos e significados aos bens patrimoniais e manifestações culturais para que os grupos culturais que não são efetivamente reconhecidos pelo ordenamento jurídico, possam vir a sê-lo.
É muito importante a participação política de todos na sociedade, pois esta é uma via alternativa para o alcance da inserção social, além de ser fundamental para reconhecer a melhor direçãoa seguir em relação à preservação da cultura. A UNESCO já mostrou, internacionalmente, a importância da preservação ao elaborar a Declaração Universal Sobre a Diversidade, além de a constituição da UNESCO afirmar que “a difusão da cultura e a educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis à dignidade humana e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir com espírito ou assistência mútua”. 
A definição de cultura é aberta, o que permite incorporação futura de termos, significados e manifestações culturais. Ou seja, o termo cultura é “vivo”, podendo estar em constante transformação.
Cada região brasileira, cada faixa etária e até mesmo cada Estado, apresentam suas próprias particularidades culturais. Como por exemplo, as gírias e os sotaques, características típicas e perfeitamente identificável de cada região. 
A região nordeste é conhecida tradicionalmente por suas festas, manifestações folclóricas, literatura popular e etc.
A região norte ainda possui uma presença indígena forte, isso faz com que a região preserve lendas e festas de origem indígena.
A região sudeste é famosa por apresentar grande pluralidade cultural, tendo o carnaval como uma das maiores tradições. A comida típica mineira, o famoso pão de queijo também é característico.
A cultura da região centro-oeste é marcada por festas religiosas, música caipira, modas de viola e também o folclore.
A região sul recebeu forte influência dos imigrantes europeus como a forma de se vestir, o famoso churrasco gaúcho, além das festas tradicionais.
.
 Essa é a justificação da riqueza cultural do povo brasileiro e deve ser mantida e preservada.
Infelizmente, essa cultura diversificada não gera aceitação de todos os lados por essa razão ainda existe o preconceito com o diferente mesmo após a Constituição possuir artigos que discorram sobre a preservação da cultura.
O ideal é que todas as pessoas, as comunidades unidas culturalmente possam manifestar seus costumes sem serem “intimidados” por terceiros de culturas divergentes. Houve avanços, mas ainda é preciso avançar mais.
É notório que novos grupos formadores da identidade cultural continuarão nascendo, e é preciso que se permita a esses grupos manifestar sua cultura, assimilando-a com a de outros grupos de forma livre, sem receio de preconceitos vindos de grupos culturalmente diferentes. 
As formas de participação política podem ser pautadas por relações que decorrem de formas variadas entre indivíduos, grupos, etc. A participação política dos grupos culturais é, sem dúvidas, fundamental para inserção cultural e aceitação da imensa diversidade cultural brasileira. Pois a participação política pode promover a preservação da diversidade cultural, além de incentivá-la.
A preservação da diversidade cultural é reconhecida em nível internacional, como pela UNESCO na Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural. Nesse ponto, destaca-se novamente o art. 215 da Constituição de 1988, que em sua integridade, tem o intuito de proteger a diversidade cultural em todos seus parágrafos e incisos.
O sentido de participação política, contudo, não pode ser entendido unicamente de forma restrita, como apenas nas eleições e na estrutura legislativa, mas também como uma ação coletiva de cidadãos comuns que possuam o objetivo de influenciar ou tentar influenciar a distribuição de bens públicos ou alguns resultados políticos. É importante que o sentido de participação política seja também entendido a partir do entendimento de Pizzorno onde a participação política é tanto maior quanto maior for a consciência de classe. 
São diversas as formas de participação política, desde o voto, participar num comício ou numa assembleia política, desenvolver atividades de colaboração com grupos, participar numa manifestação, bloquear o trânsito com uma manifestação de rua, participar num movimento, fazer greves, entre muitas outras.
Um belo exemplo de ação coletiva de grupos culturais na atualidade são as manifestações contra a retirada dos 22 índios que moravam na aldeia Maracanã. Um importante objetivo dessa manifestação é a preservação da cultura indígena.
	Para que a participação política ocorra de forma justa, inclusiva e democrática é necessário que seja em meio de igualdade, onde todos os envolvidos sejam ouvidos e respeitados durante o diálogo e que sejam recíprocos os poderes dos envolvidos.
	Assim, se tratando de democracia, a participação política pode ser vista como meio de efetivação dos direitos culturais. Pois além de promover a preservação dos direitos culturais pode incentivá-los. Além disso, a possibilidade de o Estado promover a produção cultural e os direitos culturais sem interferir neles, é denominado por muitos de “cidadania cultural”.
A sociedade na qual vivemos nos dias de hoje e tanto no passado sempre foi caracterizada por traços culturais muito fortes. Esses se manifestam em diferentes grupos que compõem o social.
A Constituição não deve ser apenas um instrumento de igualdade para o dialogo desses diferentes grupos, ela precisa mostrar-se como um instrumento que acompanha as mudanças pela qual a sociedade constantemente passa. Mas essas mudanças não podem refletir-se apenas nas atualizações jurídicas ou/e mesmo constitucionais como sendo alterações legislativas formais, ou seja, a reinterpretação e o ressignificação do conteúdo apresentando pela Constituição quando se fizer necessário precisa abranger a toda a sociedade, e esta precisa ser em aberta e não somente a cerrada, composta de órgãos estatais e potencias publicas. 
É necessário que a sociedade aberta, composta por todos os cidadãos e grupos, faça parte dessa reinterpretação e “atualização” constitucional.
Assim como defende Peter Haberle, é necessário à ideia de “comunidade aberta de interpretes” e os critérios de interpretação constitucional hão de ser tanto mais aberto quando mais pluralista for à sociedade.
Logo se percebe que a Constituição não se limita a garantir a igualdade somente para os atores envolvidos com o setor cultural, mas ainda amplia o acesso a atribuir nova ressignificação a qualquer novo interprete que possa surgir.
Esse é um ponto extremamente importante levando em consideração que a sociedade a cada dia passa por inúmeras transformações e que novos atores culturais e grupos estão constantemente a emergir nessas. 
Sua significação também se amplia para o campo do Direito, com maior ênfase para o setor cultural, já que garante atualizações constantes sem que seja indispensável à modificação dos textos legislativos e constitucionais. Assim como possibilita a ampliação e consolidação da diversidade cultural que se manifesta na identidade cultural de uma sociedade, segundo as ideias de Taylor (1994).
A rejeição de uma comunidade jurídica e de uma interpretação constitucional em relação aos novos atores estaria em desacordo com os princípios estabelecidos pela Constituição, já que está prevê a preservação e promoção da diversidade cultural. 
Quando uma sociedade assume a conduta de rejeitar tal situação ela prejudica a sua própria formação de identidade nacional, já que conduz a um sentimento de exclusão de determinados grupos culturais que não são reconhecidos pelos outros. Ou mesmo a legitimidade dada a um grupo pelo Estado provoca nele o sentimento superioridade em relação aos demais, que ficam excluídos. 
Para se construir o plurinacionalismo verifica-se a necessidade de incorporação das diversas culturas no processo de (re) construção, assim como o reconhecimento das diversidades culturais que coexistem dentro de um mesmo espaço, de uma mesma sociedade.
A construção do plurinacionalismo e consequentemente o processo de interculturalismo, que é o que possibilitara a efetiva participação política de todos os grupos culturais, dá se a partir de resistências e não tolerâncias por parte de grupos culturais que se sentem superiores aos demais e que apesar de estabeleceremum dialogo, esse não ocorre em espaço igualitário. A ocorrência das resistências representa as diferenças culturais verificadas entre os grupos, mas que possibilita um campo argumentativo igualitário e uma construção conjunta.
Levando em consideração a significação ampla e abrangente acerca do termo cultura e que ela é a representação de um grupo, de uma sociedade verifica-se que esta deve ser preservada pelo valor que tem em si, e por ser um elemento constituidor e constituído por uma comunidade, grupo ou sociedade.
A diversidade cultura é um elemento que constrói a identidade de um grupo ou de uma sociedade, assim como contribui para o reconhecimento e construção da alteridade. Logo se conclui que se faz necessário um reconhecimento amplo dos grupos culturais aliados à proteção desses, e juntamente a sua incorporação ao processo de decisões políticas. Cada grupo precisa possuir uma participação efetiva nas decisões que o Direito e Estado está constantemente tomando, já que estes mesmos grupos são os componentes do próprio Estado. 
As manifestações de democracia no cotidiano do povo brasileiro são significativamente distantes da democracia livre, participativa e dialógica, uma vez que ainda não acontece uma democracia capaz de traduzir a participação plural de todas as diversas identidades de seus povos na vontade nacional. Grandes avanços foram obtidos com a promulgação da Constituição de 1988, mas é notória a vulnerabilidade de nosso sistema atual.
 É necessário promover no território brasileiro a criação de um ambiente dialógico em que haja igualdade de condições que encoraje os indivíduos e os grupos sociais a criarem, produzirem, disseminarem, distribuírem e acessarem suas expressões culturais, bem como acessarem as demais expressões culturais dentro de seu território, e com isso vêm os questionamentos acerca de como possibilitar e garantir que ocorra o diálogo em um espaço igualitário e se existem limites para a inclusão de culturas e grupos culturais no diálogo. É preciso também, ponderar que as gerações passadas e futuras também devem fazer parte do diálogo, pois elas influem no que a sociedade é e o que e como irá se transformar. 
Com o fator tempo, existe uma tensão constante entre permanência e mudança da própria Constituição e de suas interpretações. O tempo comunitário desenvolve indivíduos conferindo-lhes uma identidade e uma historia. A comunidade, formada por tais indivíduos, é o produto da história, e reflete os costumes e valores do povo. Outro elemento fundamental para a construção da dialogicidade e participação política dos diversos grupos culturais é o autorreconhecimento ou autoafirmação. Por "autoafirmação" entendemos o direito de um povo reconhecer a tradição de sua própria vida comunitária, suas regras, suas instituições, seus símbolos, seu próprio destino político.
Uma cultura que almeje garantias para participar no diálogo da participação politica deve reconhecer suas próprias características que a diferencia das demais e que deve ser respeitada e incluída como agente de formação e reconstrução do Direito.
É da citada dialogicidade que nasce o conceito de Estado plurinacional, que supera o Estado nacional, derrubando a ideologia de intolerância da diversidade. Ao Estado não cabe produzir cultura, definir o que é legítimo ou espúrio, mas dar condições para que a sociedade como um todo represente e se veja representada. 
O Brasil talvez seja um dos países que mais possuem diversidades culturais, religiosas, raciais e étnicas no mundo, e nada seria mais legítimo e gratificante do que a consagração do Estado plurinacional em nosso país, principalmente pela participação destes próprios povos na construção da vontade nacional. As várias culturas do país devem ser reconhecidas e assim poderem participar politicamente da formação/reformulação do Estado Brasileiro.
Como observamos anteriormente, são de suma importância certas características que efetivem maior equidade política entre os vários grupos e comunidades existentes dentro de uma mesma realidade, como no caso cultural brasileiro, no qual a diversidade é fator marcante. Foi salientada a presença de previsões na Constituição de 1988 que garantem a preservação e proteção às manifestações culturais e ao acesso das mesmas; foi descrito que é relevante esse reconhecimento por parte do ordenamento jurídico, porém, são necessários outros “passos além”, como o reconhecimento dos diversos grupos culturais, pelo Estado e pelo Direito, sendo estabelecidas as suas proteção e preservação (Multiculturalismo), e ainda mais relevante seria a plenitude do interculturalismo, que representaria a abertura do espaço aos distintos grupos para dialogar e participarem da interpretação da própria constituição. Vimos que um grupo cultural pode participar da política de diferentes maneiras, levando em conta a coletividade, a igualdade, o diálogo e a reciprocidade de poderes. “Foram ainda comentados os aspectos da busca da legitimidade dos grupos perante o Estado, a partir da “resistência” dos mesmos, segundo Boaventura de Sousa Santos”. 
A autoafirmação ou autorreconhecimento foi um aspecto tocado e com a exemplificação feita a partir dos quilombos, inferindo que é requisito necessário para o ganho da participação como agente de formação e construção do Direito.
Por fim, além de autoafirmação, um grupo deve reconhecer os demais e suas respectivas culturas, e ainda, estabelecer a existência da abertura de diálogo. O fator primordial para que essas características sejam consolidadas é a alteridade. Trata-se da aceitação do outro grupo cultural, manifestando um tratamento ao último que promova igualdade ao que tange a importância dos mesmos. 
Para Humberto Maturana, o amor é um sentimento fundamental para que o outro seja observado com essa noção de igualdade, de forma legítima. O autor ressalta também que o amor conseguiria alcançar essa integração por meio da educação. 
No texto, essa colocação é abrangida para o Direito, quanto a sua elaboração, pelo fato do Direito pressupor em sua elaboração uma conjunção ao conhecimento e novas diretrizes de convívio social. O que se destaca nesse sentido é o direito a diversidade, pois extrapola o direito à diferença no qual é enfatizado o direito individual de “fugir” ao padrão social preestabelecido e usufruir da tolerância por parte do Estado e da sociedade. O direito a diversidade tem como ideia central criar novos meios nos quais as comunidades possam conviver da melhor forma possível, dando aval para que as mesmas tenham seus próprios valores e direitos, sendo esses suscetíveis à discussão frente as outras comunidades integrantes ao Estado, combatendo assim a necessidade de um padrão pré-determinado.

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