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LARVICULTURA DE CHARACIFORMES Prof. Renato César Larvicultura 2013.1 Characiformes Grupo dominante de peixes dulcícolas da América do Sul. Compreende espécies com grande diversidade de hábitos alimentícios: herbívoras, onívoras, iliófagas, e carnívoras. Escamas que recobrem o corpo, Nadadeiras pélvicas ventrais geralmente situadas bem atrás da inserção das peitorais Raios das nadadeiras não transformados em espinhos Geralmente possuem nadadeira adiposa. Principais itens alimentares: plantas aquáticas, insetos, frutos, caranguejos, caramujos até outros peixes.; São peixes de piracema; Algumas espécies chegam a atingir até 20kg, enquanto outras mal chegam a 500g; Distribuição No Brasil existem cerca de 1300 espécies distribuídas em 16 famílias Muitas espécies apresentam grande valor econômico: pesca, piscicultura e para aquariofilia. Diversos estudos sobre os characiformes já foram feitos: -Autoecologia, -Biologia -Reprodução -Cultivo. Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Actinopterygii Ordem: Characiformes Família: Characidae Subfamília: Myleinae Gênero: Colossoma Espécie: Colossoma macropomum (TAMBAQUI) Gênero: Piaractus Espécie: Piaractus mesopotamicus (PACU) Outros characiformes com importância aquícola Curimatã (curimbatá ou curimba): Prochilodus lineatus Matrinxã: Brycon cephalus, Pirapitinga: Piaractus brachypomus HÍBRIDOS fêmea do Tambaqui + macho do Pacu =Tambacu HÍBRIDOS fêmea do Pacu + macho do Tambaqui = Paqui IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL DOS REPRODUTORES Os characiformes são em sua maioria, peixes migratórios e de desova total. Em cativeiro, reproduzem-se somente com o uso de técnicas de reprodução artificial. O sucesso na larvicultura e alevinagem começa com os cuidados com os reprodutores, que deve começar imediatamente após a desova, durante os períodos de repouso e formação do vitelo (vitelogênese), que será muito importante como reserva nutritiva dos embriões. Reprodutores diminuem o consumo de alimentos no período final da maturação Boas práticas de manejo, especialmente nutricional Garantir gametas saudáveis e embriões com vitelo suficiente em quantidade e qualidade para nutri-los nos primeiros estágios do desenvolvimento larval. A nutrição dos reprodutores também afeta diretamente o desempenho reprodutivo, as taxas de fecundidade, eclosão, e de sobrevivência O manejo de reprodutores deve ser diferenciado de acordo com o ciclo reprodutivo da espécie. Para espécies de ciclo reprodutivo anual, as taxas diárias de alimentação dos reprodutores deve ser entre 1 e 1,5% do peso vivo (PV) nos três primeiros meses do ciclo, podendo ser reduzida de 0,4 a 0,75% do PV nos nove meses subseqüentes. Reprodutores de pacu, tambaqui, matrinxã podem receber dietas com maiores níveis de energia e menores níveis de proteínas, em relação à alimentação de alevinos Durante o período reprodutivo as dietas dos reprodutores podem conter maior nível de carboidratos:neste período o crescimento corporal é bastante diminuído, assim como o consumo alimentar. É importante atentar para a composição de ácidos graxos, especialmente o linoléico, uma vez que sua deficiência pode prejudicar a performance reprodutiva e conseqüentemente a larvicultura dos characiformes. De igual importância é o conteúdo vitamínico da alimentação dos reprodutores. A vitamina C (ácido ascórbico) é incorporado ao vitelo e transferido para as larvas, e contribui para o bom desenvolvimento embrionário e larval. A suplementação de dietas com vitamina C aumenta a viabilidade dos espermatozóides, melhora as taxas de eclosão e reduz a ocorrência de deformidades nas larvas de characiformes tropicais. Nutrição mineral, especialmente com fósforo, manganês e zinco, é importante para a performance reprodutiva. O papel de pigmentos carotenóides ainda não está completamente definido para a reprodução de characiformes, embora indícios apontem possíveis funções relacionadas com respiração e fotoproteção dos ovos. Outro aspecto nutricional importante é a ausência obrigatória de fatores antinutricionais como a mimosina e o gossipol, que prejudical a viabilidade dos gametas e a performance reprodutiva. MORFOLOGIA E FISIOLOGIA LARVAL O processo de embriogênese e metamorfose larval dos characiformes segue o padrão geral dos teleósteos dulcícolas e inicia-se com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide via micrópila. Durante a embriogênese os embriões nutrem-se das ricas reservas de vitelo que são utilizadas também pelas larvas até o início da alimentação exógena. A maioria das larvas eclode com a boca e mandíbula ainda não formadas, olhos não pigmentados e nadadeira primordial mediana. O estágio larval pode durar de dias a meses, conforme a espécie e a temperatura da água. Neste período a larva aumenta seu tamanho e peso em até cem vezes e ocorre a diferenciação progressiva dos caracteres adultos como os raios das nadadeiras e a mineralização do esqueleto e a pigmentação do sangue e da superfície corporal. A larva passa por um processo de metamorfose até o período juvenil, quando os caracteres merísticos tornam-se parecidos a um adulto de tamanho reduzido. Em geral, a fase de larvicultura dura de 20 a 30 dias e o sucesso deste processo dependerá diretamente de: (a)a quantidade de zooplâncton nos viveiros (b) a densidade das larvas estocadas, (c) a qualidade da água, especialmente o pH, a alcalinidade, a dureza, as concentrações de amônia e oxigênio dissolvido. Também é de fundamental importância a eliminação de predadores: -ninfas de odonata, -baratas d´água, -outras espécies de peixes Isto pode ser feito através de uma calagem após a despesca e o esvaziamento do viveiro. A calagem serve ainda para elevar a alcalinidade e a dureza da água, manter o pH, e também aumenta a disponibilidade de nutrientes para o fitoplâncton e aumenta fornece cálcio para o desenvolvimento do zooplâncton. Deve-se ter cuidado com a aplicação de cal uma vez que as pós-larvas são bastante sensíveis a valores de pH acima de 9 nos primeiros dias. IMPORTÂNCIA DO PLÂNCTON DURANTE A LARVICULTURA Fitoplâncton é importante pois: - Produz oxigênio - Remove a amônia da água - Favorece o crescimento e desenvolvimento dos peixes. Para tanto, as trocas d´água nesta fase devem ser diminuídas para favorecer o desenvolvimento planctônico, e também deve ser considerada a fertilização, especialmente por compostos nitrogenados, do ambiente de criação. Em geral, a densidade planctônica ideal para larvicultura pode ser medida através da transparência obtida pela visibilidade de 40 a 50cm do disco de Secchi. Preferência alimentar das larvas é por crustáceos zooplanctônicos, principalmente cladóceros, e também por larvas de insetos aquáticos. O pico de produção de alimentos ocorre aproximadamente entre 7 e 10 dias após o abastecimentoe adubação dos viveiros, e este é o momento ideal para a estocagem das larvas. Densidade de estocagem inicial das larvas: 100 larvas/m2, produtividade dos viveiros, do tipo de adubo utilizado, do inoculo de zooplâncton e alimentação artificial utilizada. As larvas de characiformes crescem muito rápido e tem grande exigência nutricional, e falta de nutrição adequada provocará problemas de crescimento e desenvolvimento. As larvas de muitas espécies como o pacu, o tambaqui e a matrinxã apresentam trato digestivo rudimentar e ausência de enzimas digestivas, e por isso não conseguem utilizar alimento artificial. Isto reforça o papel do zooplâncton como primeira alimentação larval, e a ingestão de zooplâncton estimula a secreção de algumas enzimas digestivas das larvas. Alguns dias após a estocagem inicial de larvas nos viveiros, a alimentação artificial pode ser iniciada, sendo ofertada à vontade, de 3 a 5 vezes por dia. Nesta fase as rações devem possuir textura fina e boa flutuabilidade, além de suplementação vitamínica e mineral. O uso de farinhas de origem animal e de boa qualidade aumenta a palatabilidade das rações, estimula o consumo rápido pelos peixes e diminui a perda de nutrientes, especialmente os hidrossolúveis Larvicultura Idade ideal para reprodução •A partir do 4º ou 5º ano de vida para o tambaqui e pirapitinga. •Em regiões com temperaturas médias anuais mais baixas, a maturação das gônadas destes peixes é mais lenta. •Lima et al (1994) observaram que as fêmeas de tambaqui cultivadas na Região Sudeste tiveram a sua primeira maturação sexual próxima ao 6º ano de vida. •Por outro lado, com 3 a 4 anos de idade o tambaqui atinge a maturidade sexual na região amazônica (Brasil, Colômbia e Peru). •Woynarovich (1987) sugere que a maturação sexual da pirapitinga na Região Nordeste ocorre mais cedo do que a maturação do tambaqui, ou seja, por volta do 2º ou 3º ano de vida. Época de reprodução - A reprodução do tambaqui geralmente ocorre de outubro a março, sendo observada uma maior concentração das desovas no período de novembro a fevereiro. -No caso do tambaqui na Região Nordeste, é possível a realização de duas induções à desova no ano com a mesma fêmea. -Ramos et al 1998 demonstrou que os reprodutores de tambaqui mantidos em estufas no CEPTA/IBAMA (Pirassununga-SP) desovaram antecipadamente em outubro, cerca de 2,5 meses antes do período normal de desova. Na estufa, a temperatura média nos meses mais frios foi 4ºC superior a observada nos viveiros sem estufa (Ferrari et al., 1998). Fonte: Revista Panorama da Aquicultura, Seleção dos reprodutores para a indução da desova - Os machos que liberam sêmen de cor branca e de aspecto denso após uma leve pressão no abdômen são os mais adequados para a reprodução. - Com relação às fêmeas, devem ser selecionadas aquelas com o abdômen distendido (volumoso) e macio ao toque, geralmente com a papila genital avermelhada e entumescida. Desova induzida - O procedimento mais comum para a indução à desova é a aplicação de extrato de hipófise. -Nas fêmeas geralmente são aplicadas duas doses espaçadas entre 8 e 12 horas. Na primeira dose é aplicado 0,5mg de extrato de hipófise/kg e, na segunda, são aplicados 4,5 a 5,0 mg/kg. -No macho, uma única dose de 1,0 a 2,0mg/kg é aplicada no mesmo momento da segunda dose nas fêmeas. -O momento da ovulação e desova geralmente ocorre após acumuladas 220 a 280 horas-grau, ou seja, entre 8 a 10 horas após a aplicação da segunda dose de extrato de hipófise nas fêmeas com a temperatura média da água ao redor de 27 ºC. (Bock e Padovani, 2000). Extrusão e fertilização dos ovos -O corpo dos reprodutores deve estar seco no momento da coleta dos óvulos, em um recipiente plástico, e da coleta do sêmen, em um becker ou diretamente no recipiente plástico contendo os óvulos; -Para o procedimento de fertilização, pode-se utilizar o soro fisiológico a 0,9% ou uma solução sal-uréia (40 g NaCl, 30 g uréia em 10L de água), prolongando a motilidade dos espermatozóides; - A solução fertilizante deve ser utilizada em volume entre 3-50% do volume dos óvulos; Incubação dos ovos Incubadoras de 200 e 60 L A vazão de água varia entre 2-10 L.minuto-1, de acordo com o volume das incubadoras, entre 60 e 200 litros; O tempo necessário para o início da eclosão dos ovos varia de acordo com a temperatura: 24 oC 28 h; 26-27 oC 18-22 h; 28-29 oC 13-16 h; Os extremos comprometem a viabilidade dos embriões. A alimentação das pós-larvas -A absorção completa do saco vitelínico das pós-larvas pode levar de 4 a 6 dias, dependendo da temperatura da água na incubadora ou nos tanques de larvicultura(Bello et al1989; Valencia e Puentes 1989). -Durante esta etapa de desenvolvimento é uma prática comum a oferta de leite em pó,leveduras, gema de ovo cozido, ovo microencapsulado, farinha de sangue, entre outros tipos de alimentos, para as pós-larvas. -No entanto, estas ainda não possuem sistema digestivo capaz de aproveitar estes alimentos. -Nesta fase as pós-larvas começam a se alimentar de organismos planctônicos, rotíferos, os náuplios de copépodos e os pequenos cladóceros. Bello et al (1989) observaram um consumo entre 60 a 170 cladóceros por pós-larva diariamente. -Entre o 6º e 9º dia alimentar com náuplios de artêmia (Cestarolli e Salles, 2000). - Somente após o 16o dia de estocagem nos viveiros foi possível registrar mais de 50% das pós-larvas com ração no trato digestivo (Senhorini e Fransozo, 1994). ok
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