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1 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA 
DISCIPLINA: LARVICULTURA 2010.2 
Professor: JOSÉ RENATO DE OLIVEIRA CÉSAR 
 
 
LARVICULTURA DE CAMARÕES MARINHOS 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 O cultivo de camarões marinhos tem crescido no mundo todo, especialmente após 
o desenvolvimento do pacote tecnológico da espécie Penaeus vanamei, pela equipe do 
Oceanic Institute no Havaí. Atualmente o cultivo de camarões marinhos é responsável 
por cerca de 50% de todo camarão produzido no mundo, e a perspectiva prevé que estes 
números tendem a aumentar nas próximas décadas. 
 A espécie P. vannamei é nativa da costa oeste da América Central e do Sul, 
ocorrendo naturalmente desde o México até o Peru. Quando comparada a outras espécies 
de camarões marinhos tradicionalmente cultivadas como P. monodon e P. japonicus, a 
espécie P. vannamei apresenta maiores taxas de crescimento e aproveita alimentos com 
comparativamente menores teores protéicos, o que diminui os custos de produção. 
Some-se a isto, o pacote tecnológico que envolve (a) seleção de reprodutores, (b) 
reprodução induzida, (c)larvicultura e (d)engorda, encontra-se completamente esclarecido 
e disseminado na maioria dos países que cultivam camarões marinhos em todo mundo. 
Mais recentemente, o continente asiático vem substituindo as espécies tradicionais P. 
monodon e P. japonicus, e atualmente P. vannamei já é a espécie mais cultivada em todo 
o mundo, inclusive no Brasil. Por esta razão, serão apresentados a seguir os principais 
aspectos relativos à larvicultura desta importante espécie de camarões marinhos. 
 
2. IMPORTÂNCIA DO ESTADO SANITÁRIO E NUTRICIONAL E DOS 
REPRODUTORES 
 O sucesso de uma larvicultura de camarões marinhos começa com a preparação 
dos reprodutores e involve técnicas de manipulação ambiental, nutricional e sanitária. A 
seleção para formação do plantel de reprodutores começa após a fase de engorda que 
ocorre em viveiros de até 20ha, em densidades acima de 25/m2, alimentados com ração 
comercial (35%PB) e que dura de 3 a 4 meses. Neste ponto os animais com média de 15g 
são despescados e transferidos para a fase intermediária que ocorre em viveiros pequenos 
(0,1ha), em baixas densidades (2/m2), e dura cerca de 3 meses, quando os animais 
atingem aproximadamente 25 gramas. Nesta fase a alimentação é intensificada e deve 
obedecer a proporção de 50% de ração comercial e 50% de alimentos naturais como 
lulas, mariscos e poliquetos. Após este período, os animais são novamente selecionados 
e levados à fase final ou de terminação, na qual são cultivados em viveiros pequenos 
(0,1ha), em densidades de 1 indivíduo/m2 ou menos. 
 
3. MATURAÇÃO 
 Nos camarões marinhos, os processos de muda e reprodução são antagônicos, 
envolvem controle hormonal e grande gasto energético. Como prática comum nos 
 2 
laboratórios de larvicultura de camarões marinhos, é feita a ablação unilateral do 
pedúnculo ocular das fêmeas para permitir um desbalanço hormonal que irá favorecer a 
maturação e a formação dos ovos. Existem várias técnicas de ablação como a enucleação, 
a extirpação e o esmagamento. 
 As principais variáveis ambientais são importantes e devem ser mantidas em níveis 
ótimos para favorecer a maturação: temperatura, pH, salinidade, oxigênio dissolvido, 
amônia e fotoperíodo. A razão deste controle rígido é para imitar as condições naturais da 
zona marinha onde ocorre a reprodução dos camarões marinhos. 
 Igualmente importante é o controle dos fatores nutricionais dos reprodutores, para 
que haja a maturação gonadal em cativeiro. A formação dos ovos implica em grande 
transferência de energia das fêmeas para os ovos através do vitelo, que permitirá a 
sobrevivência no início dos estágios larvais. A alimentação deve ser rica em proteínas e 
ácidos graxos poliinsaturados, especialmente ômega-3 e ômega-6. Nesta fase podem ser 
utilizadas rações secas suplementadas por alimentos úmidos marinhos, especialmente 
peixes, moluscos, crustáceos e poliquetos. 
 As fêmeas de P. vannamei tornam-se maduras com aproximadamente 35g, após 10 
meses de cultivo, e o número de ovos varia de 50 a 200mil. O intervalo entre desovas de 
uma mesma fêmea pode variar de uma semana a um mês. Os machos tornam-se maduros 
um pouco mais precocemente, com cerca de 30 gramas, e atingem este tamanho entre 8 e 
10 meses de cultivo. A partir deste ponto os reprodutores são selecionados e levados ao 
tanque de acasalamento de pequeno tamanho e cuja densidade de estocagem deve ser 
muito baixa. 
 Há algumas características importantes para a seleção dos reprodutores, que devem 
ser consideradas: (1) as antenas devem estar inteiras por serem estruturas frágeis, se 
estiverem quebradas são indicadores de indivíduos que provavelmente foram 
manipulados inadequadamente e submetidos a estresse. Além disso, as antenas auxiliam 
no equilíbrio e têm função quimioreceptora que auxilia os machos na localização das 
fêmeas pela detecção do ferormônio delas; (2) os machos devem apresentar ampolas 
espermáticas brilhantes, pois se estiverem opacas ou marrons há risco de estarem 
necrosadas ou melanizadas e possivelmente infectadas por bactérias ou fungos, o que 
pode prejudicar a fecundação e o contaminar o meio de desenvolvimento dos ovos de 
larvas; (3) o hepatopâncreas não deve apresentar alterações de cores e formas; (4) a 
musculatura abdominal deve estar translúcida, jamais opaca, o que pode indicar doença; 
(5) os olhos devem estar brilhantes, limpos e sem manchas ou coloração opaca. 
 
4. ACASALAMENTO E DESOVA 
 A corte do P. vannamei é caracterizada pelo comportamento do macho de tocar a 
região ventral da fêmea com o rostro, e depois nadam paralelamente a ela, abracando-a 
ventralmente, posicionando-se perpendicularmente a ela e transferindo o espermatóforo 
para o télico da fêmea. As fêmeas devem ser monitoradas para a presença de 
espermatóforos e então devem ser transferidas para tanques de desova que pode ser 
individual ou coletiva. O monitoramento da qualidade da água e do fotoperíodo nos 
tanques de desova é crucial para o sucesso da desova. 
 A liberação dos ovos ocorre durante a noite, a fecundação é externa e os ovos são 
fertilizados no conforme são liberados. Neste momento as fêmeas nadam rapidamente e o 
deslocamento de água facilita o contato entre os ovos e os espermatozóides. Após 
 3 
desovarem, as fêmeas devem ser retiradas dos tanques de desova para evitar a 
contaminação dos ovos com o material fecal e para evitar que elas comam os ovos. Estes 
devem ser sifonados cuidadosamente, lavados com água filtrada e esterilizada com UV e 
transferidos para os tanques de eclosão que são cilindros cônicos de aprox. 100L, nos 
quais são colocadas aprox. 1000 ovos/L sob aeração contínua. A água dos tanques de 
eclosão deve ser filtrada, clorada e tratada com UV para evitar contaminação dos ovos 
com bactérias, fungos, protozoários e outros organismos da biota natural da água. Este 
procedimento deve ser cuidadosamente feito para evitar futuras perdas. 
 
5. MORFOLOGIA E FISIOLOGIA LARVAL 
 O desenvolvimento dos camarões marinhos apresenta diversos estágios larvais. 
Cada estágio tem suas características morfológicas, nutricionais e ambientais distintas. A 
identificação dos estágios e sub-estágios é feita com auxílio de microscópio óptico. 
Existem diversas fontes de literatura específica com a descrição dos estágios larvais das 
principais espécies de camarões marinhos. 
 No caso do P. vannamei, os ovos eclodem após cerca de 12 horas e as larvas estão 
na primeira larval, chamada Náuplio. Os náuplios têm de 3-4 µm e não exibem uma 
distinção clara entre o cefalotórax e o abdômen. As larvas nadam ativamente, durante o 
todo o tempo todo, utilizando as antenas. Apresentam fototactismo positivo, orientado 
pela mancha ocelar. Os náuplios se alimentam exclusivamente das reservas vitelínicase a 
boca e o ânus ainda não estão completamente formados. O estágio de náuplio dura cerca 
de 24 horas e apresenta 5 sub-estágios: NI, NII, NIII, NIV, NV. Durante toda a 
larvicultura, amostragens periódicas devem ser feitas para contagem e determinação do 
estágio em que se encontram as larvas. Recomenda-se o uso de microalgas durante toda a 
larvicultura, primeiramente para a manutenção da qualidade da água, e posteriormente 
para servir de alimento na fase de zoea. Muitas espécies vêm sendo testadas e utilizadas 
com sucesso como Chetoceros sp., Nannochloropsis sp. , Thalasiosora sp. e outras. 
 Por serem atraídos pela luz, os náuplios deslocam-se para a superfície da água onde 
são coletados e e então passam para o estágio de Protozoea. Neste estágio pode-se notar 
claramente a diferenciação entre o cefalotórax e o abdômen, e a presença de um par de 
olhos compostos pedunculados. As reservas vitelínicas se esgotam e as larvas começam a 
alimentação exógena, capturando partículas em suspensão, principalmente algas 
unicelulares. A falta ou a má qualidade do alimento (fitoplâncton), ou ainda a 
contaminação dos tanques de cultivo pode provocar a mortalidade total dos indivíduos 
nesta fase. Após cerca de 36 horas e 3 sub-estágios (ZI, ZII, e ZIII), as larvas passam para 
o estágio de Mysis. Neste estágio a larva se parece com um adulto, mas os apêndices 
abdominais (pleópodos) ainda estão em formação e a natação acontece por contrações do 
abdômen para trás. Este estágio que dura cerca de 48horas e apresenta 3 sub-estágios 
(MI, MII, e MIII), as larvas alimentam-se inicialmente de zooplâncton, mas continuam 
ingerindo fitoplâncton. Diversos tipos de alimentos proicessados tem sido testados com 
sucesso para alimentação de larvas. Após esta fase, oa animais apresentam todos os 
apêndices dos adultos e são considerados pós-larvas. O período médio de larvicultura, 
desde a eclosão dos ovos até a fase de pós-larva 1 demora de 12 a 15 dias. Neste período, 
há necessidade de pessoal treinado trabalhando, e também da produção de 
 Na natureza, os ovos e as larvas são planctônicos e deslocam-se em direção à costa. 
Quando atingem o estágio de pós-larva, os animais passam a ser bentônicos e a viver em 
 4 
regiôes estuarinas onde completam seu desenvolvimento inicial e encontram alimento em 
abundância. Conforme os indivíduos vão tornando-se adultos e se aproximam da 
maturidade sexual, eles migram para mar aberto e lá permanecem durante o resto de suas 
vidas. 
 
6. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE LARVAL. 
 Existem alguns indicadores de boa qualidade das larvas, e que geralmente refletem 
o futuro desempenho que estes indivíduos terão na fase de engorda. Estes indicadores são 
mensurados em cada amostragem: (1) Percentagem de larvas mortas e defeituosas, (2) 
percentagem de resposta dos náulios à luz, (3) Limpeza da setas, (4) uniformidade do lote 
[indivíduos no mesmo estágio ao mesmo tempo], (5) grau de contaminação por 
protozoários ou outros organismos. 
 Outro testes importante que atestam a qualidade das larvas, geralmente feitos na 
fase de PL, são os testes de estresse. Um destes testes é feito colocando-se um número 
conhecido de PLs em água doce (0 de salinidade) com aeração por uma hora. Depois as 
PLs são recolocadas na salinidade original e conta-se a sobrevivência após meia hora. 
Existe também o teste de natação contra corrente no qual um número aleatório de PLs é 
colocado num recipiente translúcido sob o qual é produzido uma corrente fraca. Observa-
se então o percentual de PLs que conseguem nadar ativamente contra a corrente. 
 
7. CONCLUSÕES 
 O domínio das técnicas de larvicultura de camarões marinhos permitiu uma enorme 
expansão do cultivo destes animais. Trata-se de um conjunto de técnicas complexas e 
minuciosas, que devem ser executadas por pessoal especializado e treinado, e em 
ambiente apropriado. Atualmente a espécie mais cultivada no mundo, incluindo o 
Brasil, é o Penaeus vannamei. É uma espécie que apresenta 3 estágios larvais, náuplio 
(com 5 sub-estágios), zoea (com 3 sub-estagios) e mysis (com 3 sub-estágios), e o tempo 
de larvicultura é de aproximadamente duas semanas. Concomitantemente à larvicultura 
devem ser cultivados os alimentos vivos, principalmente fito e zooplâncton, que são parte 
integral e obrigatória da dieta das larvas. Vários testes existem para atestar a qualidade 
das larvas, e para prever sua performance na fase de engorda.

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