Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 1 de 80 Apontamentos para o XXVI Exame de Ordem RESUMO - PARTE GERAL Caro estudante, inicialmente gostaria de externar minha felicidade em poder colaborar com você na busca de sua aprovação para o Exame de Ordem e concursos públicos! A disciplina Direito Penal está presente na maioria dos concursos públicos, não sendo diferente com o Exame de Ordem. O Exame de ordem, em sua primeira fase, contém 80 questões, das quais 06 são relacionadas ao Direito Penal, ou seja, 7,5% da avaliação! O conteúdo desta disciplina é extenso, composto de inúmeras teorias, que derivam do Código Penal, sendo ele dividido em duas partes (Geral e Especial). Importante dizer que, o estudo do Direito Penal, também se dá por meio de uma diversidade de leis especiais. Este material tem por finalidade, trazer breves apontamentos demonstrar a você de forma e didática como deve ser seu estudo no que tange a PARTE ESPECIAL do Direito Penal, para o Exame de Ordem. Espero que esses breves apontamentos sejam úteis e colaborem para a sua aprovação. Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos para o XXVI Exame de Ordem RESUMO - PARTE GERAL Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 2 de 80 CONCEITO DE DIREITO PENAL O Direito Penal é o setor ou parcela do ordenamento jurídico que estabelece as ações ou omissões delitivas, cominando-lhes determinadas consequências jurídicas – penas ou medidas de segurança. (conceito formal). HISTÓRIA DO DIREITO PENAL As fases da vingança: Fase da vingança divina: Primeira manifestação do Direito Penal. Sendo utilizada pelos povos primitivos, onde a lei era emanada do próprio Deus, e cuja violação era uma ofensa à sua pessoa. Fase da vingança privada: Surge posteriormente, sendo consequência da desvinculação entre Deus e o Estado, fruto da evolução da sociedade, onde a vingança ficava a cargo do ofendido, fato que evidencia para a desproporcionalidade das penas. Fase da vingança pública: Surge na fase de evolução histórica do direito penal, fundamentada na melhor organização social, como forma de proteção, de segurança do estado e do soberano, por meio da imposição de penas cruéis, desumanas com nítida finalidade intimidativa. Período que o Estado ganha às características que perduram até a atualidade, a competência exclusiva do monopólio de coerção, ou seja, a função de exercer o poder punitivo (IUS PUNIENDI), de modo que a vingança privada exercida pelos indivíduos cede espaço ao domínio estatal. CRIMINOLOGIA Conceito: a criminologia é um conjunto de conhecimentos que objetiva a ressocialização do delinquente, por meio de um estudo que Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 3 de 80 busca compreender o fenômeno da criminalidade, as causas, a personalidade do agente e sua conduta delituosa. Objeto de estudo da criminologia: Crime: O crime quando estudado na criminologia ganha um panorama diferente de observação, uma vez que nesta enfatiza-se para o crime como um problema social e comunitário. Aborda-se neste sentido uma diversidade de elementos para entender o fenômeno social, como o aumento população em massa. Delinquente: A criminologia estuda o criminoso, pautada na realidade em que este se encontra, questionando o porquê da não submissão deste a lei. O meio em que o agente se encontra é capaz de influenciar este a cometer a ação delitiva? Vítima: Estuda a vítima, seu comportamento, sua participação no delito sofrido, suas tipologias, bem como a possível reparação de danos por elas sofridos. Controle social: Busca se estudar e compreender os meios de controle da criminalidade, por meio da prevenção de comportamentos desviantes e a punição, quando do resultado da falha do primeiro. É o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover e garantir a submissão do indivíduo aos modelos e normas comunitárias. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Princípio da legalidade: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 4 de 80 O que se tem pelo princípio da legalidade é que tal tem por primazia a segurança jurídica, com vistas a limitar o arbítrio estatal, definindo que somente existirá um crime, quando este estiver positivado/tipificado, e ainda deve ser a norma anterior ao fato. É desse modo que deste princípio decorre outros dois: o princípio da Reserva Legal e da Anterioridade da Lei Penal. Princípio da reserva legal: Como primeira exigência do princípio da reserva legal somente Lei (em sentido estrito) pode definir condutas criminosas, e por consequência estabelecer as respectivas sanções. A Constituição Federal em seu art. 22, I, destina a União, como competência exclusiva, legislar sobre direito penal. Há divergência acerca da possibilidade de Medida Provisória tratar sobre matéria penal. A este respeito existem duas correntes: A primeira, defende em conformidade com a Constituição Federal, que não pode, medidas provisórias tratar sobre matéria de direito penal; a segunda, defende que pode, desde que seja matéria favorável ao réu (linha de argumento usada pelo STF). Recurso extraordinário 254.818-PR As normas penais em branco não ofendem o princípio da reserva legal. Tais, precisam de outra norma, para que tenha eficácia, aplicabilidade, tornando-se possível compreender o âmbito de sua aplicação. O princípio da reserva legal tem por função impedir a criação de conceitos vagos ou imprecisos, a lei deve, pois, ser taxativa, de modo que incumbe ao poder legislativo, a elaboração de leis, que tenha a máxima precisão de seus elementos, no que tange aos tipos penais. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 5 de 80 Princípio da anterioridade da lei penal: Decorre deste princípio a exigência que, a lei seja anterior à pratica da conduta. A lei que, institui o crime e a pena, deve existir anteriormente ao fato que se quer punir. Princípio da limitação da pena: A Constituição Federal, por meio do art. 5 º, XLVII, positiva que não haverá penas: de morte, salvo em caso de guerra declarada nos termos do art. 84, XIX; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; e cruéis. Desse modo, as penas proibidas no Brasil são: Pena de morte; De caráter perpétuo; De trabalho forçado; De banimento; Cruéis. Princípio da intranscendência da pena: Decorre deste princípio o impedimento da pena ultrapassar a pessoa do condenado. Ou seja, caso este venha a falecer, terá por extinta sua punibilidade, não podendo ser transferida a outrem. É mais um princípio positivado pela Constituição Federal. Princípio da individualização da pena: Ao se interpretar o texto constitucional e a Lei de Execuçãopenal, tem-se que a individualização da pena se dá em três fases distintas: legislativa, judiciária e administrativa. Fase legislativa: nesta fase o legislador seleciona quais as condutas atacam os bens jurídicos mais relevantes, cominando Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 6 de 80 a estas as respectivas penas, que devem ser proporcionais ao bem a ser tutelado. Fase judicial: nesta fase incumbe ao julgador após ter chegado à conclusão de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, pronunciar qual a infração praticada pelo réu. Neste momento se inicia a fixação da pena base, de acordo com o que determina o art. 68 do Código Penal, atendendo o que também determina o art. 59 do mesmo diploma. Fase administrativa: última fase, a individualização consiste na execução da pena. Elenca o art. 5º da Lei n. 7210/84 (Lei de Execução Penal), que os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade para orientar a individualização da pena. O juiz de execução penal decidirá de acordo com as peculiaridades de cada detento questões como progressão de regimes, local de cumprimento da pena dentre outros. Princípio da intervenção mínima: O princípio da intervenção mínima também conhecido como ultima ratio, tem também por finalidade limitar o poder incriminador do Estado, de modo que o Direito Penal é utilizado, apenas quando as demais áreas do direito forem incapazes de dar tutela devida ao direito violado. Princípio da fragmentariedade do Direito Penal: O caráter fragmentário do Direito Penal, consiste em uma seletividade de quais bens jurídicos deverão ser protegidos, com a premissa que deverão ser sancionadas apenas as condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra os bens mais relevantes. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 7 de 80 Princípio da insignificância: O princípio da insignificância como forma de excluir da incidência do direito penal condutas insignificantes, concluiu o autor que nos casos de atos formalmente típicos, mas cujo resultado era insignificante, inexistindo afronta ao bem jurídico tutelado pela norma penal, a própria tipicidade estaria afastada. O princípio da insignificância não se encontra positivado de modo expresso pela legislação, tal é uma construção doutrinária e jurisprudencial. Alvo de constantes divergências entre os Tribunais Superiores. O STF adota como requisitos objetivos para a aplicação do princípio: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada. Em contrapartida o STJ, elenca ainda aspectos subjetivos: análise do objeto do crime em relação à vítima. Percebam que, é uma análise casuística. Fato que pode ser analisado no último requisito elencado pelo STF. São crimes que não se admite a aplicação do princípio da insignificância: Furto qualificado; Falsificação; Tráfico de drogas; Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 8 de 80 Roubo (ou qualquer outro crime que se tenha emprego de violência ou grave ameaça, vide os aspectos objetivos); Crimes Contra a Administração Pública. Ponto importante: No que tange ao CRIME DE DESCAMINHO, há um entendimento próprio, reconhecendo a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância, embora tal seja considerado um crime contra a administração, e também contra a ordem tributária. O que se faz necessário é observar os patamares estabelecidos pelos Tribunais Superiores. O STF adota o patamar de 20.000 reais, enquanto que o STJ fixou-se em 10.000 reais Princípio da ofensividade: Não basta que o crime esteja tipificado de modo formal, uma das exigências para que se tipifique um crime é sua tipicidade material, ou seja, há de se ter um perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido. Princípio da proporcionalidade: Desde a Escola Clássica, com a obra de Beccaria “Dos Delitos e das Penas”, já se enfatizava para a necessidade da pena ser proporcional ao delito cometido. Tal princípio se apresenta de modo evidente na Constituição Federal em diversas passagens quando exige, por exemplo, a individualização da pena (art. 5º XLVI) maior rigor para casos de maior gravidade (art. 5º, XLII, XLIII e XLIV) e moderação para infrações menos graves (art. 98, I). Princípio da confiança: Tal princípio consiste no fato de agir sobre a premissa, que terceiros agirão em conformidade com as normas existentes na sociedade. Princípio da adequação social: Decorre deste princípio que somente pode ser considerado crime, o comportamento capaz de Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 9 de 80 afrontar o sentimento social de justiça. A contrario sensu, o comportamento que não afronta tal sentimento não é criminoso. Princípio de presunção de inocência ou presunção da não culpabilidade: O princípio de presunção de inocência tem por finalidade garantir ao acusado pela prática de uma infração penal, um processo o mais justo possível. De tal modo que este princípio é considerado pela doutrina como um dos basilares do Estado Democrático de Direito. A existência de prisões provisórias (decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois neste caso em específico não se trata de um cumprimento de pena, e sim de uma prisão cautelar, com vistas a garantir que o processo penal seja instruído de forma adequada, ou para que eventual sentença condenatória seja cumprida. Há circunstâncias em que o juiz sobre a primazia da ordem e da segurança pública decide de acordo com o princípio in dubio pro societate, e não pelo princípio in dubio pro reo. Significa que em específicas fases do processo, como exemplos: no oferecimento de denúncia, na prolação de denúncia de sentença, no processo de competência do júri, a dúvida favorece a sociedade. Isso ocorre pois não há consequências ao réu, fato que permite o início do processo ou a fase processual, para a produção de provas. INFRAÇÃO PENAL A infração penal é um gênero do qual, crime e contravenções são espécies. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 10 de 80 Crime e Delito são sinônimos para o nosso sistema jurídico- penal. Adotamos o critério bipartido: ou seja, se entende que de um lado os crimes e delitos como expressões sinônimas, e de outro as contravenções penais. (Semelhança com o sistema italiano e alemão). Desse modo: Crime: Infração penal a qual a lei comina pena de reclusão ou de detenção, isoladamente, alternativamente ou cumulativamente com a pena de multa. Contravenção: Infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa,ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Vários foram os conceitos que se destinaram a explicar o que vem a ser o crime. Todavia dentre essa diversidade de conceitos, o crime é analisado principalmente sobre três aspectos: Formal, material e analítico. No Brasil, o crime é analisado sob o aspecto analítico: fato típico, ilícito e culpável. Ponto importante: Crime e contravenções penais não possuem diferenças substanciais, pois a escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito penal, é uma questão política, valorativa. PORÉM... Há algumas distinções práticas entre crime e contravenções penais. Estatutos Crime Contravenções Penais Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 11 de 80 Da pena privativa de liberdade Detenção Reclusão Prisão simples Da tentativa É punível (art. 14, II, do CP). Não é punível Da competência para o processo e julgamento Justiça Federal Justiça Estadual Em regra justiça estadual Exceção: contravenção com prerrogativa de função federal Do limite da pena 30 anos (art. 75, CP) 5 anos (art. 10 da LEP) Do período de prova sursis Regra (2 a 4 anos) Exceção (4 a 6 anos) De 1 a 3 anos Da extraterritorialidade Admite Não se admite SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL Sujeito ativo: aquele que pratica o fato descrito na norma penal incriminadora, de forma direta ou indireta. Obs.: Segundo entendimento dos Supremos Tribunais a pessoa jurídica pode sim ser sujeito ativo de um crime, e mais, de modo desvinculado da pessoa física, excluindo desse modo o que defendia a teoria da dupla imputação, na qual a pessoa jurídica Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 12 de 80 não poderia ser responsabilizada se não houvesse a imputação simultânea da pessoa física que atuava em seu nome. Sujeito passivo: O sujeito passivo pode ser de duas espécies: Sujeito passivo constante ou formal; e sujeito passivo eventual ou material. Sujeito passivo constante ou formal: Esse sujeito no caso é o Estado, titular de todo sistema penal, de todos os mandamentos proibitivos não observados pelo infrator (sujeito ativo). Sujeito passivo eventual ou material: sob o prisma material, sujeito é aquele que teve seu bem jurídico lesado. Pode ser sujeito passivo material do crime: A pessoa física; A pessoa jurídica; O próprio Estado; A coletividade; dentre outros. Duas dicas importantes: Os mortos e os animais não podem ser considerados sujeitos passivos do crime. No caso de crime de vilipêndio a cadáver (art. 212) os sujeitos passivos são os familiares do falecido, e no caso dos crimes contra a fauna, o sujeito passivo é a coletividade. A doutrina majoritária compreende que não pode o sujeito ativo ser ao mesmo tempo sujeito passivo. APLICAÇÃO DA LEI PENAL LEI PENAL NO TEMPO Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 13 de 80 Tem-se por regra, a prevalência da lei do tempo do fato (tempus regit actum), ou seja, aplica-se a lei vigente quando da realização do fato. Todavia há exceções, a lei penal pode produzir efeitos tanto a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, quanto após a sua revogação. Este fenômeno é nomeado como extra-atividade da lei penal, da qual a retroatividade e a ultra-atividade são espécies. A retroatividade: é a possibilidade da lei penal retroagir no tempo, regulando os fatos ocorridos, antes da sua entrada em vigor. A ultra- atividade: é a possibilidade da lei, mesmo depois da sua revogação, continuar a regular os fatos decorridos durante a sua vigência. Lex Gravior: Por força constitucional lei posterior que de qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá (art. 5º, XL). Neste caso a lei tem irretroatividade absoluta. Abolitio criminis: Tem se por abolitio criminis a ocorrência de uma nova lei excluir da órbita penal, um fato que era considerado crime pela lei anterior. Percebam trata-se de uma hipótese de descriminalização. Novatio legis in mellius: ocorre quando uma lei nova sem descriminalizar uma conduta, oferece tratamento mais favorável ao sujeito. Por garantia constitucional a lei retroagirá, atingindo os fatos anteriores à sua vigência. Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu: Na atualidade temos como entendimento tanto do STF quanto do STJ, a vedação de extração dos pontos favoráveis de lei anterior e posterior, para benefício do réu, ambos tribunais, seguem o argumento da Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 14 de 80 doutrina majoritária, que caso fosse permitido a conjugação de leis, o juiz estaria criando uma terceira lei. Autoridade judiciária competente para aplicar a lei mais benéfica: Juiz de primeiro grau: quando o processo criminal se encontra em andamento (processo de conhecimento) até a prolatação da sentença respectiva. Fase recursal- instância superior: quando o processo encontra-se em grau de recurso, incube ao respectivo do Tribunal reconhecer da lei mais benéfica, seja ela anterior ou posterior. Fase executória (trânsito em julgado): quando a sentença encontra-se em trânsito julgado, compete ao juiz de execução penal a aplicação da lei mais benéfica. Esta é a orientação do Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula 611. As leis excepcionais e temporárias: de modo excepcional continuam a viger seus efeitos mesmo após a sua revogação. As leis excepcionais: são criadas para vigorar em períodos anormais, como guerra, catástrofes naturais, etc. Sua duração se estende ao período de duração do fenômeno. As leis temporárias: são criadas para vigorar em um período de tempo estabelecido previamente pelo legislador, é aquela que traz em sua redação a data de cessação de sua vigência. Tempo do crime: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Teoria da atividade adotada pelo Código. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 15 de 80 Atenção a Súmula 711 do STF: “A lei penal mais severa grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” Crime continuado: é o crime composto por uma diversidade de condutas criminosas, praticadas em momentos e locais diversos, cujo resultado são distintos, todavia tais condutas são consideradas como crime único, para efeitos da dosimetria penal. Em consequência disto aplica-se a pena apenas de um crime. Crime permanente: é aquele crime onde a ação e a consumação se estendem no tempo. LEI PENAL NO ESPAÇO A lei penal em decorrência do princípio da soberania tem vigência em todo território de um Estado politicamenteorganizado. Sendo elaborada desse modo, para viger dentro dos limites, que o Estado exerce sua soberania. A regra desse modo, é que, a lei penal tem seu âmbito de aplicação limitado ao país que a editou. Princípio da territorialidade: Adotado como regra pelo Código Penal. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. O território brasileiro compreende em conformidade com o que dispõe o art. 2º da Lei n. 8.617 , de 04/01/1993: mar territorial; o espaço aéreo sobrejacente; o solo e subsolo. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 16 de 80 São considerados para efeitos penais, como extensão do território brasileiro: Os navios e aeronaves públicos, onde quer que se encontrem; Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto mar ou no espaço aéreo. Extraterritorialidade: Há casos em que se torna necessário expandir os efeitos da lei penal, fazendo com que esta ultrapasse seus limites territoriais para regular fatos ocorridos além de sua soberania. Esse fenômeno se chama extraterritorialidade da lei penal. Extraterritorialidade incondicionada: consiste na aplicação da lei brasileira sem nenhuma condicionante. Nos crimes esquematizados a seguir: Extraterritorialidade condicionada: a lei brasileira é aplicada subsidiariamente, quando se satisfaz certos requisitos. Seguem eles de forma esquematizada: Hipóteses da Extraterritorialidade incondicionada Contra a vida ou a liberdade do Presidente Contra o patrimônio ou a fé pública da Administração Direta ou Indireta Contra a adminstração pública, por quem está a seu serviço De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 17 de 80 Não basta as seguintes hipóteses elencadas acima, para que a lei penal brasileira seja aplicada ainda, há algumas condições: Entrar o agente no território nacional; Ser o fato punível também no país em que foi praticado; Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. O Código Penal ainda cria a hipótese da extraterritorialidade hipercondicionada quando o crime é cometido no estrangeiro, e a vítima do delito é um nacional. São condições para a aplicação da lei brasileira: Entrar o agente no território nacional; Ser o fato punível também no país em que foi praticado; Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Extraterritorialidade condicionada Hipóteses Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir Princípio da Universalidade Crimes praticados por brasileiros Princípio da nacionalidade ativa Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiros e aí não sejam julgados Princípio da bandeira Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 18 de 80 Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável; Que não seja pedida ou negada a extradição; E que tenha requisição do Ministro da Justiça. Lugar do crime: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Teoria mista adotada pelo Código. DOS CONCEITOS DE CRIME O Crime pode ser analisado sob três aspectos: FORMAL: Basta que o agente tenha praticado um ato que colida com a lei penal positivada pelo Estado. Sob este aspecto, o conceito de crime resulta de uma mera subsunção da conduta ao tipo legal. MATERIAL: o crime consiste em uma violação a um bem jurídico penalmente protegido. O conceito material de crime exalta vários princípios constitucionais penais, como por exemplo, o princípio da ofensividade, pelo qual não basta que o crime esteja tipificado de modo formal, pois uma das exigências para que se tipifique a conduta como criminosa, é que esta forneça um perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido. ANALÍTICO: o crime é o fato típico, antijurídico e culpável. Este é o conceito predominante na doutrina, ou seja, a doutrina Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 19 de 80 majoritária defende a teoria tripartida do crime, desse modo, para se falar em delito se faz necessário que o agente tenha praticado uma ação típica, ilícita e culpável. DO FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS O fato típico é composto dos seguintes elementos: conduta dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; resultado; nexo de causalidade entre a conduta e o resultado; e tipicidade. Vejamos cada um dos elementos: Conduta: A conduta pode ser comissiva e omissiva. A conduta comissiva é praticada de modo positivo pelo agente, por meio de uma ação, que se manifesta por intermédio de um movimento corpóreo tendente a uma finalidade ilícita. A conduta omissiva trata-se de um comportamento negativo, da qual se espera uma ação do agente e este não a faz. A conduta omissiva desatende uma ordem imperativa, a norma exigia que o agente agisse e este se omitiu. Resultado: O resultado trata-se de uma modificação do mundo exterior provocado pelo comportamento humano voluntário. Há duas espécies de resultado: jurídico e naturalístico. Sob o aspecto jurídico o resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. Percebam que todo crime tem um resultado jurídico, uma vez que, todo crime agride um bem jurídico penalmente protegido. Temos que o resultado naturalístico é a modificação provocada pela conduta do Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 20 de 80 agente que repercute no mundo real, ou seja, é a conduta cujo resultado é capaz de alterar o mundo real. Nexo de causalidade: o terceiro elemento do fato típico é o nexo de causalidade que une o comportamento humano a um resultado material, com a finalidade de averiguar se o resultado é imputável ao sujeito. Desse modo, para averiguar se uma conduta é causa do resultado, basta retirá-la da série causal e averiguar se o resultado continua o mesmo, caso continue, tal conduta é causa. Esse sistema de aferição foi preconizado por Thyrén, nomeado como procedimento hipotético de eliminação. Tipicidade: A tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura abstratamente descrita na lei penal . Um fato para ser considerado como fato típico precisa se adequar a um modelo descrito em lei, a conduta para ser tipificada como criminosa, deve estar prevista em um tipo penal, como proibida. A adequação típica pode ser dar de forma direta ou de forma indireta. A adequação típica imediata ocorre quando o fato se subsume imediatamente no modelo legal, sem a necessidade de se recorrer a outra norma, exemplo: subtrair coisa alheia móvel, essa conduta se amolda de forma imediata ao tipo descrito no art. 155 do CP (furto). Já na adequação típica mediata, há necessidade de se recorrer a uma norma secundária, de caráter extensivo. Percebam que nesse caso, o fato praticado pelo agente, não se amolda diretamente ao modelo descrito pelo tipo. Exemplo: no crime de Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 21 de 80 homicídio tentado, há necessidade de ser recorrer ao art. 14, II, do CP. DO CRIME DOLOSO E CULPOSO Dolo Dolo direto: o agente quer o resultado, e sua vontade é dirigida à um fato típico. Desse modo, o agente neste tipo de dolo pratica sua conduta dirigida a um fim (a produção do resultado por ele pretendido inicialmente). Código Penal em relação ao dolo direto adotou a teoria da atividade. Esta teoria concebe o dolo como a vontade dirigida a um resultado, o agente tem vontade de realizar a ação e em decorrência desta obter um resultado. Dolo eventual: o sujeito tem previsibilidade do resultado, todavia embora não queira produzi-lo, continua com sua conduta, de modo que acaba consentindo com uma possível reprodução deste. o agente não quer diretamente praticar o delito, contudo não se abstém de agir, fato que faz com que ele assuma o risco de produzir o resultado, que já era previsto. O dolo pode ser ainda: Dolo natural: espécie de dolo adotada pela teoria finalista, na qual é concebido como um elemento puramente psicológico, desprovido de qualquer juízo de valor, sendo composto tão somente pela consciência e vontade. Dolo normativo: É o dolo concebido pela teoria clássica, constitui a culpabilidade. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 22 de 80 Dolo genérico: é a vontade de realizar o fato descrito em lei, sem nenhuma finalidade especial, consiste em uma mera vontade de praticar o verbo do tipo. Dolo específico: Diferente, nesta espécie de dolo, o agente realiza a conduta com uma finalidade específica. Dolo de Dano: Consiste em uma simples vontade de produzir uma lesão a um bem jurídico penalmente protegido. Dolo de Perigo: Consiste na vontade de expor um bem jurídico a perigo de lesão. Dolo de primeiro grau: Consiste na vontade de produzir as consequências primárias do delito, ou seja, o resultado almejado é o que está descrito no preceito primário da norma. Dolo de segundo grau: O agente tem por vontade praticar determinado delito, todavia da prática deste ocorre efeitos colaterais, consequências secundárias da conduta que não eram desejadas no início. O agente não pode chegar ao desejado, sem cometer atos acessórios. Dolo geral: também conhecido por erro sucessivo, ou aberratio causae. Esta espécie de dolo ocorre quando o agente na intenção de praticar determinado fato descrito em lei, realiza a conduta proibida e sucessivamente pratica uma nova ação diversa da primeira, como um mero exaurimento do crime, acreditando que este já tinha se consumado na primeira ação. O fato é que o resultado advém da segunda ação empregada contra a vítima. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 23 de 80 Crime culposo Conceito: No crime culposo o agente não quer o resultado, todavia, responde pela sua inobservância de um dever objetivo de cuidado. A culpa assim como o dolo é um elemento normativo da conduta. O Código elenca três maneiras de violação de um dever objetivo de cuidado, analisaremos cada uma: Imperícia: O agente não age com cautela, não se utilizando de seus poderes inibidores, trata-se de um comportamento positivo, o agente neste caso faz, mas sem o cuidado necessário, de modo não prudente. Negligência: Aqui, a culpa se dá de modo negativo, o agente deixa de tomar o cuidado devido, antes de começar a agir, o negligente não toma as cautelas devidas, por displicência ou preguiça mental. Imperícia: Aqui, a culpa ocorre pela inaptidão técnica em profissão ou atividade. O agente não tem o conhecimento, habilidade para o exercício de determinada conduta. São modalidades de culpa: Culpa consciente: Na culpa consciente o resultado é previsível, mas não levado em consideração pelo agente que continua a praticar a conduta, acreditando piedosamente que este resultado não venha a ocorrer. Observação importante: tanto a culpa consciente, quanto o dolo eventual possuem previsibilidade do resultado. Mas se distinguem Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 24 de 80 uma vez que, na culpa consciente o agente tem previsibilidade do resultado, mas acredita que o evento não possa ocorrer. Já no dolo eventual o resultado também é previsível, mas o agente consente com esse. Culpa inconsciente: Na culpa inconsciente o agente não prevê o resultado, que era previsível. O agente não conhece o perigo que sua conduta pode oferecer a um bem jurídico alheio, protegido pelo direito penal. A CULPA PODE AINDA SER CLASSIFICADA EM: Própria: nesta, o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo. É a culpa propriamente dita. Imprópria: é aquela que o agente, por erro de tipo inescusável, supõe estar diante de uma causa de justificação que lhe permita praticar, licitamente um fato que esteja tipificado como crime. Ou seja o agente parte do pressuposto que está protegido por uma causa de exclusão de ilicitude. Observação importante: Diferente do que no ocorre no Direito Civil (art. 945, do CC), as culpas não podem ser compensadas na esfera penal. Podemos dizer que há concorrência de culpas quando dois indivíduos concorrem de modo culposo para a produção do resultado, tipificado como criminoso. São elementos do crime culposo: Conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva; Não observação de um dever objetivo de cuidado; Um resultado lesivo que o agente não queria, e não assumiu o risco; Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 25 de 80 Um nexo de causalidade que une a conduta do agente que deixa de observar seu dever de cuidado e o resultado não querido e lesivo dela advindo; Tipicidade. Só se pode falar em crime culposo quando há previsão legal expressa para tal modalidade de crime; Previsibilidade quepode ser objetiva e subjetiva. DO CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSÍVEL Do crime consumado o crime é consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. A consumação em algumas espécies de crimes: Crimes materiais: a consumação se dá com a produção do resultado naturalístico. Exemplo: no homicídio o crime se consuma com a morte da vítima. Crimes formais: a consumação se dá com a simples atividade do agente, independentemente de qualquer resultado. Exemplo: Na extorsão mediante sequestro, o crime se consuma no momento do sequestro com o intuito de obter vantagem. Crimes de mera conduta: a consumação se dá com a simples ação ou omissão delituosa. Exemplo: Na violação de domicílio o crime se consuma com o simples fato do agente entrar ou permanecer em uma residência sem permissão. Do crime tentado Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 26 de 80 Consideramos como crime tentado aquele em que o agente inicia a execução, mas não alcança sua consumação, por circunstâncias alheias a sua vontade. Há dois requisitos para que o crime seja tentado: Que a execução do crime tenha se iniciado; Que a consumação não ocorra por circunstâncias alheias à vontade do agente. Observação importante: A adequação típica nos casos de tentativa trata-se de uma subordinação mediata ou indireta, pois a adequação se dá, por meio de uma norma de extensão. Desistência voluntária: o agente também busca o resultado, mas de modo voluntário desiste ainda na prática dos atos de execução, não se utilizando de todos os meios que estavam ao seu alcance, para que o crime se consumasse. Crime impossível: O crime impossível é aquele que por ineficácia absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de se consumar. Observem que este instituto não se trata de isenção de pena, mas sim uma causa geradora de atipicidade. O tipo incriminador não concebe uma ação possível de se fazer. Arrependimento eficaz: o agente esgota todos os meios que tinha para chegar à consumação do crime, todavia arrepende-se e evita a ocorrência do resultado. A consequência do arrependimento eficaz é o mesmo da desistência voluntária, ou seja, o agente responde tão somente pelos atos já praticados. Percebam que do mesmo modo o Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 27 de 80 agente desiste voluntariamente, sem nenhuma coação, ou circunstância alheia a sua vontade. Arrependimento posterior: No arrependimento posterior, o agente de modo voluntário após a produção do resultado, ou seja, depois que o crime se consuma se arrepende e repara o dano ou restitui a coisa. A consequência jurídica do arrependimento posterior é a causa de diminuição de pena de 1/3 a 2/3. São requisitos para a configuração do arrependimento posterior: Que o crime seja cometido sem grave violência ou grave ameaça à pessoa. Que se tenha a reparação do dano ou restituição da coisa. Voluntariedade do agente: o agente não pode por meio de coação restituir a coisa ou reparar o dano O arrependimento deve ser até o recebimento da denúncia ou da queixa. DO ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO ESSENCIAL: O Erro recai sobre elementares, circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue a figura típica. O erro de tipo essencial pode ser: vencível (inescusável, injustificável, poderia ser evitado) e invencível (escusável, justificável, que não poderia ser evitado). Vencível: é o erro que pode ser evitado, caso o agente empregue uma mediana prudência. Ou seja, O ERRO PODERIA SER EVITADO, O AGENTE DEVERIA TER EMPREGADO UM MÍNIMO DE CUIDADO. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 28 de 80 Invencível: o agente, mesmo tomando todas as cautelas necessárias, não pode evita-lo, dada as circunstâncias em que se encontra. Qualquer indivíduo naquela situação incorreria em erro também. NO ERRO DE TIPO INVENCÍVEL afasta-se o DOLO e a CULPA, assim o fato que até então era típico, torna-se atípico. O ERRO NÃO PODE SER EVITADO, MESMO COM O EMPREGO DE UMA DILIGÊNCIA MEDIANA. ERRO DE TIPO ACIDENTAL O erro de tipo acidental não recai sobre elementos ou circunstância do crime INCIDE SOMENTE SOBRE DADOS ACIDENTAIS DO DELITO OU SOBRE A CONDUTA DE SUA EXECUÇÃO. O AGENTE NÃO FICA IMPEDIDO DE COMPREENDER O CARÁTER ILÍCITO DE SEU COMPORTAMENTO. Consequência Jurídica: não exclui o dolo, o agente responde pelo crime como se não houvesse erro. Error in re: o agente visa atentar contra determinado objeto iniciando a empreitada criminosa, mas, por conta de um erro acaba acertando objeto diverso, ou seja, aquele que ele não pretendia. O erro é absolutamente irrelevante, não trazendo qualquer consequência jurídica, o agente responderá pelo crime de furto. Não se afastando o dolo. Error in persona: o sujeito visa atingir uma pessoa, todavia por erro atinge outra, ou seja, tem por objetivo ofender certa pessoa, mas acaba ofendendo um inocente. A consequência jurídica está prevista no art. 20, §3º: “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 29 de 80 praticado não isenta de pena”. Aqui, o agente responde pelo crime como se tivesse praticado contra a pessoa visada. Aberratio ictus: Aqui o agente atinge outra pessoa, e não a pretendida, por errar o alvo, ocorre um erro na execução do crime. No aberratio ictus, o agente sabe que A é A, mas acaba atingindo B, por erro na execução. Pode ser de duas espécies: Aberratio ictus de com unidade simples ou resultado único: O agente em vez de atingir a pessoa pretendida (virtual), acaba acertando um terceiro inocente, não por confundi-las, mas por erro na execução/ alvo, de modo que a vítima virtual não sofre nenhuma lesão. Aberratio ictus com unidade complexa ou resultado complexo: Nesta hipótese o agente atinge a vítima pretendida e também um terceiro inocente. Assim, dois resultados são produzidos: aquele que o agente pretendia e outro não querido. O agente responde pelos dois crimes, em concurso formal. Aberratio causae (dolo geral, erro sucessivo): Neste a aberração se dá na causa do resultado do crime, o erro incide sobre o curso causal. Inclui-se também na aberratio causae, as situações em que ocorre o chamado dolo geral, em que o agente acreditando que o crime já havia se consumado (resultado pretendido), pratica outro ato, sendo este o responsável pela real consumação do crime. Aberratio criminis (erro sobre o crime): Aqui, o agente quer atingir um determinado bem jurídico, todavia, por erro na execução, acerta um bem diverso. Percebam que o agente nesta hipótese não Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 30 de 80 atinge uma pessoa em vez de outra, mascomete um crime no lugar de outro. Pode ser de duas espécies: Aberratio criminis com unidade simples ou resultado único: O agente neste caso atinge apenas o bem jurídico, que ele não pretendia atingir. A consequência jurídica, é que ele responde apenas pelo resultado produzido, se este for previsto como crime culposo. Pode ocorrer em duas hipóteses: O agente quer atingir uma pessoa e acaba atingindo uma coisa: Não responderá pelo crime de dano, uma vez que, não existe crime de dano culposo. Todavia poderá responder por tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal. O agente quer atingir uma coisa e acaba atingindo uma pessoa: responderá apenas pelo resultado produzido em relação a pessoa. Aberratio criminis com unidade complexa ou resultado duplo: Nesta hipótese TANTO O BEM DIVERSO, QUANTO O BEM VISADO SÃO ATINGIDOS. A Consequência jurídica é a aplicação da regra do concurso formal, aplicando ao agente a pena do crime mais grave, acrescida de 1/6 até a metade. ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO: NO ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO, O AGENTE É INDUZIDO AO ERRO. Assim prevê o art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. A consequência jurídica é a responsabilização penal, somente daquele que provocou, induziu o terceiro ao erro. ANTIJURIDICIDADE Conceito Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 31 de 80 É a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. Ou seja, para que a conduta do agente seja ilícita, deve ela necessariamente estar tipificada como proibida, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE ESTADO DE NECESSIDADE O estado de necessidade é causa de exclusão de ilicitude da conduta do agente que, não tinha o dever legal de agir mediante uma situação de perigo atual, não provocada por sua vontade. Desse modo, o agente na presença de dois ou mais bens jurídicos penalmente protegidos, seus ou de terceiros, na situação de perigo, sacrifica um para salvar outro, de modo que, tal perda não era razoável de se exigir. Requisitos: Uma situação de perigo atual: A ameaça ao bem jurídico se verifica no exato momento em que o agente sacrifica o bem de terceiro; O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio: O direito a ser protegido é qualquer bem que esteja sob a tutela legal. Podendo ser próprio ou alheio. No primeiro caso é o exemplo do agente que para se salvar de um naufrágio toma o salva vidas de outra pessoa; no segundo caso é a hipótese da mãe que para salvar seu filho de um naufrágio toma o salva vida de outra pessoa; O perigo não pode ter sido provocado voluntariamente pelo agente: A situação de perigo não pode ter sido provocada pelo agente que ataca o bem jurídico de terceiro para salvar o Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 32 de 80 seu ou de outrem. Exemplo: O piloto que provocou a queda do avião, não pode tomar o paraquedas de um passageiro a fim de salvar sua vida; Não pode alegar o estado de necessidade quem tenha o dever legal de enfrentar o perigo: O CP é claro neste aspecto, decorre desta exigência o fato de determinadas funções ou profissões terem o dever de enfrentar determinado grau de perigo, como exemplos, os bombeiros, os policiais, os seguranças, etc. Inevitabilidade do comportamento: O sacrifício do bem jurídico se deu em razão da inexistência de qualquer outro meio que possibilitasse o salvamento dele. Desse modo o agente que comete um homicídio, quando era possível apenas lesionar aquele que produziu a situação de perigo, não estará amparado pelo estado de necessidade. Razoabilidade do sacrifício: Temos que observar que o agente deve ter razoabilidade na escolha do bem, por exemplo, não é razoável que o bem atacado seja superior ao bem protegido. São formas de estado de necessidade: Real: É a situação de perigo real, existente, ou seja, que está ocorrendo verdadeiramente no momento em que o agente ataca os bens jurídicos de terceiro, a fim de salvar direito próprio ou alheio. Putativo: Neste caso o agente supõe, por erro, estar em uma situação de perigo. Exemplo: Os passageiros de um avião acreditando que ele esteja caindo, e na insuficiência de paraquedas para todos, passem a agredir uns aos outros a fim Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 33 de 80 de salvarem. Toda conduta criminosa que derive dessa situação putativa estará amparada por essa causa de exclusão de ilicitude. Ou seja, o agente que cause lesão ou morte, por erro plenamente justificado nesta circunstância, não responderá por seus atos. Defensivo: Neste caso, a conduta do agente é dirigida a quem deu causa a situação de perigo. Agressivo: Neste caso, o bem jurídico sacrificado é de um inocente. Pontos importantes A jurisprudência tem entendido que a alegação de dificuldades financeiras sem efetiva comprovação de situação de penúria suscetível a caracterizar eventual perigo, não configura a causa de excludente de ilicitude. Causas de diminuição: O CP prevê no art. 24, § 2º, a flexibilidade que deve se ter na análise da razoabilidade do sacrifício do bem. Desse modo, aquele que não guarda a devida razoabilidade na escolha do bem a se proteger, na situação de perigo, responderá pelo crime com diminuição da pena. LEGITÍMA DEFESA Conceito: Por legítima defesa entende-se que age nesta, quem usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta ingressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. A legítima defesa é causa de exclusão de ilicitude. São requisitos para a ocorrência da legítima defesa: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 34 de 80 Agressão injusta: A agressão deriva sempre de uma conduta humana que ataca determinado bem jurídico, desse modo, somente os seres humanos podem praticar agressões. Se um animal é utilizado como meio para se atingir determinado bem jurídico, o agente que se defende estará em legítima defesa, de modo que, o exercício da legítima defesa se dá em face de quem utiliza o animal como instrumento para atacar um bem jurídico. A agressão injusta é aquela contrária ao ordenamento jurídico. Atual ou iminente: Temos por agressão atual aquela que está acontecendo, ou seja, o agente se defende quando o ataque já está em curso. Já a agressão iminente é aquela que está prestes a ocorrer, podendo ser iniciada em qualquer momento. Existe quando há uma situação de perigo e a repulsa não permite demora. Em defesa de direito próprio ou de terceiro: A defesa de direito próprio se dá quando o agente defende seu próprio bem jurídico. Já a defesa de direito de terceiro se dá quando o agente repele injusta agressão que atinge outrem, ou seja, defende terceira pessoa, próxima ou não. A moderação no emprego dos meios necessários à repulsa: O agente frente a situação de perigodeve se utilizar dos meios necessários para conter a injusta agressão, ou seja, dos menos lesivos. Assim, o agente não deverá ultrapassar o necessário para repelir a injusta agressão. Conhecimento da situação justificante: Não basta que a agressão seja injusta, atual ou iminente, para que se tenha legítima defesa, o agente deverá conhecer da situação, caso contrário a legítima defesa é excluída. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 35 de 80 A LEGÍTIMA PODE SER: Autêntica (real): neste caso, a agressão atual ou iminente existe de fato no mundo real, ela está acontecendo ou está prestes a ocorrer. Putativa (imaginária): neste caso a situação de agressão está no imaginário do agente, que acredita que está diante de tal. Sucessiva: Consiste na repulsa contra o excesso daquele que estava amparado pela legítima defesa no início, ou seja, aquele que sofreu a injusta agressão se excede, fato que permite ao sujeito que deu causa a agressão se defender. Pontos que merecem nossa atenção: Legítima defesa real contra legítima defesa putativa: É possível. Legítima defesa putativa contra legítima defesa real: É cabível. Legítima defesa contra legítima defesa: não se admite, pois uma agressão injusta é ilícita e tal não pode ser lícita simultaneamente. Legítima defesa contra estado de necessidade: não é possível, pois aquele que age em estado de necessidade realiza uma conduta que tem amparo legal, mesmo que decorra desta conduta, ofensa a bens jurídicos protegidos. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 36 de 80 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Conceito: aquele que cumpre um dever legal dentro dos limites impostos pela lei, não comete um ato ilícito. Compreende os deveres de intervenção do funcionário nas relações particulares, com o objetivo de assegurar o cumprimento da lei ou de ordens superiores da administração. Pontos importantes: Necessidade de conhecimento da causa justificante; Quando ao autor do delito é reconhecido a excludente, em regra também se aplica tal aos coautores ou partícipes, de modo que, eles também não poderão ser responsabilizados. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO Conceito: O exercício regular de direito corresponde a todos os direitos subjetivos, não se delimitando apenas a esfera penal. Ex: Quando um pai corrige seu filho, ele exerce um direito regular seu, todavia, assim como todas as outras causas de exclusão da ilicitude, ele não pode exceder de tal direito. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO Conceito: O consentimento do ofendido é uma causa supralegal de exclusão da ilicitude, que não se encontra prevista no Código Penal, mas que tem sido abordada e consentida no mundo jurídico. Requisitos: capacidade do ofendido em consentir; que o bem no qual recaia a conduta do agente seja disponível; que o consentimento seja anterior a ofensa do bem jurídico. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 37 de 80 CULPABILIDADE Conceito: Reprovação social em face de uma ação ou omissão típica e ilícita em determinadas circunstâncias, onde era possível atuar em conformidade com as exigências do ordenamento jurídico. TEORIAS ACERCA DA CULPABILIDADE Três teorias existem acerca da culpabilidade. Em primeiro lugar, desenvolveu-se a teoria psicológica da culpabilidade, seguindo-se pela teoria psicológica normativa da culpabilidade e, por fim, a teoria normativa pura da culpabilidade. DAS TEORIAS DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM A CULPABILIDADE Teoria psicológica da culpabilidade Imputabilidade+ dolo ou culpa Teoria psicológica normativa da culpabilidade Imputabilidade+ exigibilidade de conduta diversa+ elemento psicológico-normativo (dolo ou culpa) Teoria normativa pura da culpabilidade Imputabilidade+ potencial consciência de ilicitude+ exigibilidade de conduta diversa DOS ELEMENTOS DA CULPABILIDADE IMPUTABILIDADE: Possibilidade de atribuir a alguém a responsabilidade por um determinado delito. Ou seja, é imputável o indivíduo que no momento do crime tinha plenas condições físicas e mentais, e consciência que a conduta que praticava era crime. Três são os sistemas para a aferição da inimputabilidade, sendo eles: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 38 de 80 Biológico: Este sistema de aferição foi adotado como exceção no caso dos menores de 18 anos. O que se revela neste sistema é saber se o agente é portador de alguma doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Desse modo se o agente possui essa anomalia, ele será considerado inimputável. Psicológico: Este sistema de aferição se importa com o momento da prática do crime, ou seja, se no momento da ação ou omissão, o agente tinha ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e orientar-se de acordo com esse entendimento. Biopsicológico: ESTE FOI O SISTEMA ADOTADO PELO CÓDIGO PENAL, COMO REGRA, combina os dois sistemas anteriores, aferindo tanto se o agente é portador de alguma doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado (sistema biológico), quanto se no momento da prática do crime o agente tinha capacidade de entender e vontade. As causas que excluem a imputabilidade. São elas: i. Menoridade ii. Doença mental iii. Desenvolvimento mental incompleto iv. Desenvolvimento retardado No caso de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente deve ser ao tempo da ação ou omissão, ou seja, quando praticou a conduta criminosa, Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 39 de 80 inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. v. Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. No ato da conduta, omissiva ou comissiva, o agente ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Observações importantes: Se a embriaguez for incompleta, ou seja, parcial, o agente é considerado semi- imputável, e a consequência jurídica é a redução de 1/3 a 2/3 da pena. A embriaguez não acidental, não exclui a imputabilidade do agente, ele responderá pelo crime que venha cometer quando embriagado estiver, não importando se sua embriaguez seja voluntária ou culposa, completa ou incompleta. Vamos esquematizar as espécies e consequências da embriaguez: Não acidental Dolosa Completa Incompleta Culposa Completa Incompleta Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 40 de 80 Em regra no caso da embriaguez acidentalnão se exclui a imputabilidade. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE A potencial consciência de ilicitude é outro elemento integrativo da culpabilidade. Esta determina ser somente possível a punição do agente que, diante das condições fáticas na quais estava inserido, tinha a possibilidade de atingir o entendimento sobre o caráter criminoso de sua conduta. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA Duas são as causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de outra conduta: coação irresistível e obediência hierárquica. A coação irresistível é aquela insuperável, à qual não se pode resistir. É uma força da qual o coacto não consegue subtrair-se, e à qual não pode enfrentar. Só lhe resta sucumbir, ante o Acidental Caso fortuíto Completa Exclui a imputabilidade Incompleta Redução de 1/3 a 2/3 da pena Força maior Completa Exclui a imputabilidade Incompleta Redução de 1/3 a 2/3 da pena Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 41 de 80 inexorável. SOMENTE A COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL É CAUSA DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. No caso da coação física irresistível, tampouco o agente tem a faculdade de escolha, não há conduta delituosa de sua parte, uma vez que, este não teve ação para a consumação do delito. Ou seja, trata-se da exclusão da própria conduta, logo do fato típico, primeiro elemento constitutivo do crime. Obediência hierárquica: O agente nesta hipótese age cumprindo a ordem de um superior hierárquico seu. Se a ordem não for manifestamente ilegal o agente que comete o fato típico e ilícito por força da ordem de um superior seu, não comete crime, pois estará acobertado por uma causa de exclusão da culpabilidade. CONCURSO DE PESSOAS Conceito: A infração penal pode ser cometida por várias pessoas em concurso, ou seja, a prática delituosa é realizada por duas ou mais pessoas que concorrem para o evento. Verifica-se nesta hipótese o concurso de agentes, também conhecido como concurso de delinquentes, coautoria ou participação. Três são as teorias que buscam entender a natureza jurídica do concurso de agentes: Teoria monista/unitária: é a TEORIA ADOTADA PELO CP, para ela, todos que contribuem para a prática do crime, cometem o Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 42 de 80 mesmo crime. Aqui não se faz nenhuma distinção entre autor e partícipe. Desse modo se o crime é praticado por diversas pessoas, permanece único e indivisível. Teoria pluralística: Para essa teoria o número de crimes, corresponde ao número de agentes que participam do delito. Teoria dualista: Para essa teoria se faz necessário distinguir o crime praticado pelos autores, do cometido pelos partícipes. Espécies de Concurso de Pessoas Concurso necessário: Refere-se aos crimes plurissubjetivos, sendo exigível o concurso de pelo menos duas pessoas. Concurso eventual: É aquele em que o crime pode ser praticado por apenas uma pessoa, todavia acaba sendo praticado por várias. Concurso Eventual Concurso necessário Crimes monossubjetivos Crimes plurissubjetivos O crime pode ser praticado, por apenas uma pessoa, mas acaba sendo praticado por várias. A presença de mais de uma pessoa é necessária para o reconhecimento do crime. Desse modo, o crime é praticado por mais de duas pessoas Aplica-se o previsto no art. 29, do CP. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Aplica-se o previsto no próprio tipo penal. Assim, no crime de rixa, será aplicada a pena prevista no art. 137 do CP. Requisitos para a configuração do concurso de pessoas: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 43 de 80 Pluralidade de agentes: A pluralidade de agentes e também de condutas é um dos requisitos indispensáveis para que se configure o concurso de pessoas. Desse modo, no concurso de pessoas se faz necessária a presença de duas ou mais pessoas. Relevância causal de cada uma das ações: Este segundo requisito, corresponde a relevância causal das condutas praticadas pelos sujeitos, que, de algum modo, concorreram para o crime. Desse modo, se a conduta não contribuir para o acontecimento do resultado, ela não pode ser considerada como integrante do concurso de pessoas. Liame subjetivo entre os agentes: É necessário que haja um concurso de vontades, em que os agentes tenham por objetivo um fim comum, sem essa vontade recíproca, não há concurso de pessoas, e sim o que denominamos autoria colateral. O liame subjetivo, é o vínculo psicológico que une os agentes para a prática delituosa. Desse modo, se não há o liame subjetivo entre os agentes, cada um responderá, por sua conduta, de modo isolado. Identidade de infração penal: Este último requisito, exige que, os agentes, unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a mesma infração penal, ou seja, todo esforço deve ser dirigido a prática de um determinada infração penal. Autoria, Coautoria e Participação: AUTORIA: Em relação a autoria o Código Penal adotou a teoria restritiva: a teoria restritiva, distingue autor de partícipe, considerando autor aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Seria Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 44 de 80 autor aquele que, “mata”, “subtrai”, “falsifica”, “obtém”. Assim, aqueles que de alguma forma auxiliem o agente que pratica o verbo do núcleo do tipo, sem praticar a conduta narrada por este, seriam considerados partícipes. Espécies de autoria: Intelectual: o sujeito planeja a ação delituosa, constituindo o crime, oriundo de sua criação. Autoria Direta: o autor é aquele quem executa de modo direto a conduta descrita no núcleo do tipo penal, sendo o autor direto, o executor. Autoria Indireta: também conhecida de autoria mediata, o agente se vale de outra pessoa, que lhe serve de instrumento para a prática da infração penal. Autoria colateral: a conduta é praticada por mais de um agente, todavia, não se faz presente um dos requisitos necessários para o concurso de pessoas, que é o liame subjetivo, entre os agentes que praticam a conduta. Autoria incerta: decorre da autoria colateral, quando nesta, não se sabe quem foi o responsável pela produção do resultado. Autoria desconhecida: não se sabe quem praticou a conduta, difere-se da autoria incerta, porque nesta reconhece-se os autores, todavia não sabe quem produziu o resultado, na desconhecida, tampouco se sabe quem praticou a conduta criminosa. COAUTORIA: consiste na realização conjunta, por mais de uma pessoa, em uma mesma infração penal. Aqui, todos agentes colaboram reciprocamente, objetivando o mesmo fim. Desse modo, a Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques45 de 80 coautoria ocorre, quando duas ou mais pessoas realizam o verbo do tipo, conjuntamente. Espécies de coautoria: Direta: todos os agentes realizam a conduta descrita no tipo penal Parcial: há divisão de tarefas executórias do delito. “Os atos do iter criminis são distribuídos entre os diversos autores, de modo que cada um é responsável por um elo da cadeia causal, desde a execução do momento consumativo. Pontos importantes: Admite-se a coautoria em crimes culposos; Nos crimes de mão própria não se admite coautoria. Tal vedação ocorre, pois, se tratam de infrações personalíssimas, impossibilitando a divisão de tarefas. A coautoria em crime omissivo: A doutrina majoritária entende que é inadmissível PARTICIPAÇÃO: A participação no concurso de pessoas pressupõe a existência de um autor principal, que realiza a conduta principal o verbo descrito no tipo penal. Espécies de participação: Moral: consiste na instigação ou induzimento por parte do partícipe. Material: consiste no auxílio material do partícipe ao autor do crime. O partícipe auxilia de modo efetivo, para a ocorrência do crime, seja na preparação ou execução do delito. Pontos importantes: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 46 de 80 A doutrina fala da possibilidade da participação em cadeia. A participação em cadeia consiste na cooperação na ação de um partícipe. A doutrina admite a possibilidade de participação por omissão em crime comissivo, quando o partícipe tinha o dever de jurídico de impedir o crime. A participação só é punível quando ela é relevante para a prática da infração penal. A participação e a tentativa: Se o crime não chegar pelo menos a ser tentado não há participação COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 47 de 80 COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: Trata-se de hipótese em que o autor principal comete delito mais grave, do pretendido pelo partícipe ou coautor. Consequência jurídica: O autor responde pelo crime mais grave, enquanto que o partícipe ou coautor responde pelo crime menos grave, ou seja, aquele que de fato ele queria praticar. Se o crime mais grave for previsível, o partícipe e o autor continuam respondendo pelo crime menos grave, mas com a possibilidade de aumento de ATÉ METADE DA PENA DESTE. Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 48 de 80 DAS PENAS CONCEITO DE PENA: Na atualidade, podemos compreender a PENA, como a consequência natural, imposta pelo Estado, em face daquele que viola uma norma penal. Desse modo, o agente que pratica um crime, ou seja, que comete um fato típico, antijurídico e culpável, tem por resposta do Estado, a imposição de uma pena, seja ela privativa de liberdade, restritiva de direito, ou multa. Das penas proibidas no Brasil: Pena de morte: apenas em uma hipótese tem sua aplicação permitida pelo ordenamento jurídico, “em caso de guerra declarada” De caráter perpétuo: o máximo de tempo para o cumprimento da pena privativa de liberdade é 30 anos, conforme prescreve o art. 75 do Código Penal. De trabalho forçado: o detento/recluso não pode ser submetido a qualquer trabalho que humilhe a sua dignidade/honra, quando da execução da pena. De banimento: consiste na expulsão do delinquente do território nacional, trata-se de uma negação do direito de nacionalidade. Cruéis: penas que comportam em sua aplicação qualquer ato de crueldade, que desconsidere o homem como pessoa. Ponto importante: A instituição de qualquer destas penas pelo ordenamento jurídico é extremamente proibido. Trata-se uma cláusula pétrea, não podendo mesmo em caso de reforma da Constituição sequer ser objeto de deliberação a proposta de emenda. OS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A APLICAÇÃO DAS PENAS Legalidade: Decorre deste princípio a vedação de regulamento ou ato normativo infralegal, dar previsão de pena. Somente lei em sentido estrito, tem competência para estabelecer pena. Anterioridade: Decorre deste princípio a exigência que, a lei que instituía a pena seja anterior à pratica da conduta. Desse modo, a lei que institui a pena, deve existir anteriormente ao fato que se quer punir, devendo ela, estar vigente na época que o agente cometa a infração penal. Individualidade: Em face da culpabilidade e o mérito do sentenciado, a pena é imposta de modo individualizado a ele, por meio de três fases: 1- cominação; 2- aplicação; 3- execução. O Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 49 de 80 principal objetivo deste princípio é garantir que a pena seja aplicada de modo devido a cada infrator. Inderrogabilidade: Por força desse princípio, a pena jamais poderá deixar de não ser aplicada, seja qual for o fundamento. “Salvo as exceções previstas em lei”. Proporcionalidade: A pena deve ser proporcional a infração penal cometida pelo agente. Humanidade: Vedação a aplicação das penas, de morte, salvo em caso de guerra declarada; perpétuas; de trabalhos forçados; de banimento e cruéis. Previsão legal e constitucional, art. 75, do CP e art. 5º, XLVII da Constituição Federal. FINALIDADE DA PENA NO BRASIL: O Código Penal adota uma teoria mista, no que tange a finalidade da pena. A pena tem um fim especial de prevenção, segregando o delinquente da sociedade, e também um fim geral de prevenção, destinado a intimidar a sociedade. DAS ESPÉCIES DE PENAS PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE O Código Penal prevê duas naturezas de penas privativas de liberdade, sendo elas: a reclusão e a detenção. Reclusão: Possibilidade de cumprimento da pena nos três regimes (fechado, semiaberto e aberto) Detenção: Possibilidade de cumprimento da pena, apenas nos dois regimes menos severos: semiaberto e aberto. Do regime inicial de cumprimento de pena: Da pena de reclusão: Pena imposta superior a 8 anos: inicia em regime fechado Pena imposta superior a 4 anos, inferior a 8 anos: inicia em regime semiaberto Pena igual ou inferior a 4 anos: inicia em regime aberto. Ponto importante: Material de Apoio ao Estudo Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral Prof. Fernando Tadeu Marques Siga no Instagram e Facebook @fernandotadeumarques 50 de 80 Na pena de reclusão, se o condenado for reincidente ele iniciará sempre no regime fechado, mesmo que, a pena imposta não seja superior a 8 anos. STF: por meio do HC 72.589-9 concedeu por unanimidade o deferimento do pedido de Habeas Corpus, ao sentenciado, embora reincidente (condenação anterior de multa) a permissão para iniciar o cumprimento da pena em regime aberto, desde que a pena fosse inferior a 4 anos. STJ: Súmula 269: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a penal igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.” Da pena de detenção: Pena imposta
Compartilhar