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Material de Apoio ao Estudo 
Prof. Fernando Tadeu Marques 
Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral 
 
 
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 Apontamentos para o 
XXVI Exame de Ordem 
RESUMO - PARTE GERAL 
 
 
Caro estudante, inicialmente gostaria de externar minha 
felicidade em poder colaborar com você na busca de sua aprovação 
para o Exame de Ordem e concursos públicos! 
A disciplina Direito Penal está presente na maioria dos 
concursos públicos, não sendo diferente com o Exame de Ordem. 
O Exame de ordem, em sua primeira fase, contém 80 questões, 
das quais 06 são relacionadas ao Direito Penal, ou seja, 7,5% da 
avaliação! 
O conteúdo desta disciplina é extenso, composto de inúmeras 
teorias, que derivam do Código Penal, sendo ele dividido em duas 
partes (Geral e Especial). Importante dizer que, o estudo do Direito 
Penal, também se dá por meio de uma diversidade de leis especiais. 
Este material tem por finalidade, trazer breves apontamentos 
demonstrar a você de forma e didática como deve ser seu estudo no 
que tange a PARTE ESPECIAL do Direito Penal, para o Exame de 
Ordem. 
Espero que esses breves apontamentos sejam úteis e 
colaborem para a sua aprovação. 
Prof. Fernando Tadeu Marques 
Apontamentos para o 
XXVI Exame de Ordem 
RESUMO - PARTE GERAL 
Material de Apoio ao Estudo 
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Apontamentos de Direito Penal - Parte Geral 
 
 
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CONCEITO DE DIREITO PENAL 
O Direito Penal é o setor ou parcela do ordenamento jurídico que 
estabelece as ações ou omissões delitivas, cominando-lhes 
determinadas consequências jurídicas – penas ou medidas de 
segurança. (conceito formal). 
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL 
As fases da vingança: 
 Fase da vingança divina: Primeira manifestação do Direito 
Penal. Sendo utilizada pelos povos primitivos, onde a lei era 
emanada do próprio Deus, e cuja violação era uma ofensa à 
sua pessoa. 
 Fase da vingança privada: Surge posteriormente, sendo 
consequência da desvinculação entre Deus e o Estado, fruto da 
evolução da sociedade, onde a vingança ficava a cargo do 
ofendido, fato que evidencia para a desproporcionalidade das 
penas. 
 Fase da vingança pública: Surge na fase de evolução 
histórica do direito penal, fundamentada na melhor organização 
social, como forma de proteção, de segurança do estado e do 
soberano, por meio da imposição de penas cruéis, desumanas 
com nítida finalidade intimidativa. Período que o Estado ganha 
às características que perduram até a atualidade, a 
competência exclusiva do monopólio de coerção, ou seja, a 
função de exercer o poder punitivo (IUS PUNIENDI), de modo 
que a vingança privada exercida pelos indivíduos cede espaço 
ao domínio estatal. 
CRIMINOLOGIA 
Conceito: a criminologia é um conjunto de conhecimentos que 
objetiva a ressocialização do delinquente, por meio de um estudo que 
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busca compreender o fenômeno da criminalidade, as causas, a 
personalidade do agente e sua conduta delituosa. 
Objeto de estudo da criminologia: 
 Crime: O crime quando estudado na criminologia ganha um 
panorama diferente de observação, uma vez que nesta 
enfatiza-se para o crime como um problema social e 
comunitário. Aborda-se neste sentido uma diversidade de 
elementos para entender o fenômeno social, como o aumento 
população em massa. 
 Delinquente: A criminologia estuda o criminoso, pautada na 
realidade em que este se encontra, questionando o porquê da 
não submissão deste a lei. O meio em que o agente se encontra 
é capaz de influenciar este a cometer a ação delitiva? 
 
 Vítima: Estuda a vítima, seu comportamento, sua participação 
no delito sofrido, suas tipologias, bem como a possível 
reparação de danos por elas sofridos. 
 
 Controle social: Busca se estudar e compreender os meios de 
controle da criminalidade, por meio da prevenção de 
comportamentos desviantes e a punição, quando do resultado 
da falha do primeiro. É o conjunto de instituições, estratégias e 
sanções sociais que pretendem promover e garantir a 
submissão do indivíduo aos modelos e normas comunitárias. 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
Princípio da legalidade: 
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O que se tem pelo princípio da legalidade é que tal tem por primazia 
a segurança jurídica, com vistas a limitar o arbítrio estatal, definindo 
que somente existirá um crime, quando este estiver 
positivado/tipificado, e ainda deve ser a norma anterior ao fato. É 
desse modo que deste princípio decorre outros dois: o princípio da 
Reserva Legal e da Anterioridade da Lei Penal. 
Princípio da reserva legal: 
Como primeira exigência do princípio da reserva legal somente Lei 
(em sentido estrito) pode definir condutas criminosas, e por 
consequência estabelecer as respectivas sanções. 
A Constituição Federal em seu art. 22, I, destina a União, como 
competência exclusiva, legislar sobre direito penal. 
 Há divergência acerca da possibilidade de Medida Provisória 
tratar sobre matéria penal. A este respeito existem duas 
correntes: A primeira, defende em conformidade com a 
Constituição Federal, que não pode, medidas provisórias tratar 
sobre matéria de direito penal; a segunda, defende que pode, 
desde que seja matéria favorável ao réu (linha de argumento 
usada pelo STF). Recurso extraordinário 254.818-PR 
 As normas penais em branco não ofendem o princípio da 
reserva legal. Tais, precisam de outra norma, para que tenha 
eficácia, aplicabilidade, tornando-se possível compreender o 
âmbito de sua aplicação. 
 O princípio da reserva legal tem por função impedir a criação de 
conceitos vagos ou imprecisos, a lei deve, pois, ser taxativa, de 
modo que incumbe ao poder legislativo, a elaboração de leis, 
que tenha a máxima precisão de seus elementos, no que tange 
aos tipos penais. 
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Princípio da anterioridade da lei penal: Decorre deste princípio a 
exigência que, a lei seja anterior à pratica da conduta. A lei que, 
institui o crime e a pena, deve existir anteriormente ao fato que se 
quer punir. 
Princípio da limitação da pena: A Constituição Federal, por meio 
do art. 5 º, XLVII, positiva que não haverá penas: de morte, salvo 
em caso de guerra declarada nos termos do art. 84, XIX; de caráter 
perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; e cruéis. 
Desse modo, as penas proibidas no Brasil são: 
 Pena de morte; 
 De caráter perpétuo; 
 De trabalho forçado; 
 De banimento; 
 Cruéis. 
Princípio da intranscendência da pena: Decorre deste princípio o 
impedimento da pena ultrapassar a pessoa do condenado. Ou seja, 
caso este venha a falecer, terá por extinta sua punibilidade, não 
podendo ser transferida a outrem. É mais um princípio positivado 
pela Constituição Federal. 
Princípio da individualização da pena: Ao se interpretar o texto 
constitucional e a Lei de Execuçãopenal, tem-se que a 
individualização da pena se dá em três fases distintas: legislativa, 
judiciária e administrativa. 
 Fase legislativa: nesta fase o legislador seleciona quais as 
condutas atacam os bens jurídicos mais relevantes, cominando 
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a estas as respectivas penas, que devem ser proporcionais ao 
bem a ser tutelado. 
 
 Fase judicial: nesta fase incumbe ao julgador após ter 
chegado à conclusão de que o fato praticado é típico, ilícito e 
culpável, pronunciar qual a infração praticada pelo réu. Neste 
momento se inicia a fixação da pena base, de acordo com o que 
determina o art. 68 do Código Penal, atendendo o que também 
determina o art. 59 do mesmo diploma. 
 
 Fase administrativa: última fase, a individualização consiste 
na execução da pena. Elenca o art. 5º da Lei n. 7210/84 (Lei de 
Execução Penal), que os condenados serão classificados, 
segundo os seus antecedentes e personalidade para orientar a 
individualização da pena. O juiz de execução penal decidirá de 
acordo com as peculiaridades de cada detento questões como 
progressão de regimes, local de cumprimento da pena dentre 
outros. 
 
Princípio da intervenção mínima: O princípio da intervenção 
mínima também conhecido como ultima ratio, tem também por 
finalidade limitar o poder incriminador do Estado, de modo que o 
Direito Penal é utilizado, apenas quando as demais áreas do direito 
forem incapazes de dar tutela devida ao direito violado. 
Princípio da fragmentariedade do Direito Penal: O caráter 
fragmentário do Direito Penal, consiste em uma seletividade de quais 
bens jurídicos deverão ser protegidos, com a premissa que deverão 
ser sancionadas apenas as condutas mais graves e mais perigosas 
praticadas contra os bens mais relevantes. 
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Princípio da insignificância: O princípio da insignificância como 
forma de excluir da incidência do direito penal condutas 
insignificantes, concluiu o autor que nos casos de atos formalmente 
típicos, mas cujo resultado era insignificante, inexistindo afronta ao 
bem jurídico tutelado pela norma penal, a própria tipicidade estaria 
afastada. 
O princípio da insignificância não se encontra positivado de modo 
expresso pela legislação, tal é uma construção doutrinária e 
jurisprudencial. Alvo de constantes divergências entre os Tribunais 
Superiores. 
O STF adota como requisitos objetivos para a aplicação do 
princípio: 
mínima ofensividade da conduta do agente; 
nenhuma periculosidade social da ação; 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; 
inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Em contrapartida o STJ, elenca ainda aspectos subjetivos: análise do 
objeto do crime em relação à vítima. Percebam que, é uma análise 
casuística. Fato que pode ser analisado no último requisito elencado 
pelo STF. 
São crimes que não se admite a aplicação do princípio da 
insignificância: 
Furto qualificado; 
Falsificação; 
Tráfico de drogas; 
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Roubo (ou qualquer outro crime que se tenha emprego de violência 
ou grave ameaça, vide os aspectos objetivos); 
Crimes Contra a Administração Pública. 
Ponto importante: No que tange ao CRIME DE DESCAMINHO, há 
um entendimento próprio, reconhecendo a possibilidade de aplicação 
do princípio da insignificância, embora tal seja considerado um crime 
contra a administração, e também contra a ordem tributária. O que 
se faz necessário é observar os patamares estabelecidos pelos 
Tribunais Superiores. O STF adota o patamar de 20.000 reais, 
enquanto que o STJ fixou-se em 10.000 reais 
Princípio da ofensividade: Não basta que o crime esteja tipificado 
de modo formal, uma das exigências para que se tipifique um crime é 
sua tipicidade material, ou seja, há de se ter um perigo concreto, real 
e efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido. 
Princípio da proporcionalidade: Desde a Escola Clássica, com a 
obra de Beccaria “Dos Delitos e das Penas”, já se enfatizava para a 
necessidade da pena ser proporcional ao delito cometido. Tal princípio 
se apresenta de modo evidente na Constituição Federal em diversas 
passagens quando exige, por exemplo, a individualização da pena 
(art. 5º XLVI) maior rigor para casos de maior gravidade (art. 5º, 
XLII, XLIII e XLIV) e moderação para infrações menos graves (art. 
98, I). 
Princípio da confiança: Tal princípio consiste no fato de agir sobre 
a premissa, que terceiros agirão em conformidade com as normas 
existentes na sociedade. 
Princípio da adequação social: Decorre deste princípio que 
somente pode ser considerado crime, o comportamento capaz de 
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afrontar o sentimento social de justiça. A contrario sensu, o 
comportamento que não afronta tal sentimento não é criminoso. 
Princípio de presunção de inocência ou presunção da não 
culpabilidade: O princípio de presunção de inocência tem por 
finalidade garantir ao acusado pela prática de uma infração penal, um 
processo o mais justo possível. De tal modo que este princípio é 
considerado pela doutrina como um dos basilares do Estado 
Democrático de Direito. 
 A existência de prisões provisórias (decretadas no curso do 
processo) não ofende a presunção de inocência, pois neste caso 
em específico não se trata de um cumprimento de pena, e sim 
de uma prisão cautelar, com vistas a garantir que o processo 
penal seja instruído de forma adequada, ou para que eventual 
sentença condenatória seja cumprida. 
 
 Há circunstâncias em que o juiz sobre a primazia da ordem e da 
segurança pública decide de acordo com o princípio in dubio pro 
societate, e não pelo princípio in dubio pro reo. Significa que 
em específicas fases do processo, como exemplos: no 
oferecimento de denúncia, na prolação de denúncia de 
sentença, no processo de competência do júri, a dúvida 
favorece a sociedade. Isso ocorre pois não há consequências ao 
réu, fato que permite o início do processo ou a fase processual, 
para a produção de provas. 
 
INFRAÇÃO PENAL 
A infração penal é um gênero do qual, crime e contravenções são 
espécies. 
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Crime e Delito são sinônimos para o nosso sistema jurídico-
penal. Adotamos o critério bipartido: ou seja, se entende que de um 
lado os crimes e delitos como expressões sinônimas, e de outro as 
contravenções penais. (Semelhança com o sistema italiano e 
alemão). 
Desse modo: 
 Crime: Infração penal a qual a lei comina pena de reclusão ou 
de detenção, isoladamente, alternativamente ou 
cumulativamente com a pena de multa. 
 Contravenção: Infração penal a que a lei comina, 
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa,ou ambas, 
alternativa ou cumulativamente. 
 
Vários foram os conceitos que se destinaram a explicar o que vem a 
ser o crime. Todavia dentre essa diversidade de conceitos, o crime é 
analisado principalmente sobre três aspectos: Formal, material e 
analítico. No Brasil, o crime é analisado sob o aspecto analítico: 
fato típico, ilícito e culpável. 
 
Ponto importante: Crime e contravenções penais não possuem 
diferenças substanciais, pois a escolha dos bens que devem ser 
protegidos pelo Direito penal, é uma questão política, valorativa. 
PORÉM... Há algumas distinções práticas entre crime e 
contravenções penais. 
Estatutos Crime Contravenções Penais 
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Da pena privativa de 
liberdade 
 Detenção 
 Reclusão 
 Prisão simples 
Da tentativa  É punível (art. 
14, II, do CP). 
 Não é punível 
Da competência para o 
processo e julgamento 
 Justiça Federal 
 Justiça 
Estadual 
 Em regra justiça 
estadual 
 Exceção: 
contravenção com 
prerrogativa de 
função federal 
Do limite da pena  30 anos (art. 
75, CP) 
 5 anos (art. 10 da 
LEP) 
Do período de prova 
sursis 
 Regra (2 a 4 
anos) 
 Exceção (4 a 6 
anos) 
 De 1 a 3 anos 
Da extraterritorialidade  Admite  Não se admite 
 
SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL 
Sujeito ativo: aquele que pratica o fato descrito na norma penal 
incriminadora, de forma direta ou indireta. 
Obs.: Segundo entendimento dos Supremos Tribunais a 
pessoa jurídica pode sim ser sujeito ativo de um crime, e mais, 
de modo desvinculado da pessoa física, excluindo desse modo o 
que defendia a teoria da dupla imputação, na qual a pessoa jurídica 
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não poderia ser responsabilizada se não houvesse a imputação 
simultânea da pessoa física que atuava em seu nome. 
Sujeito passivo: O sujeito passivo pode ser de duas espécies: 
Sujeito passivo constante ou formal; e sujeito passivo 
eventual ou material. 
Sujeito passivo constante ou formal: Esse sujeito no caso é o 
Estado, titular de todo sistema penal, de todos os mandamentos 
proibitivos não observados pelo infrator (sujeito ativo). 
Sujeito passivo eventual ou material: sob o prisma material, 
sujeito é aquele que teve seu bem jurídico lesado. 
Pode ser sujeito passivo material do crime: 
 A pessoa física; 
 A pessoa jurídica; 
 O próprio Estado; 
 A coletividade; dentre outros. 
 
Duas dicas importantes: 
 Os mortos e os animais não podem ser considerados sujeitos 
passivos do crime. No caso de crime de vilipêndio a cadáver 
(art. 212) os sujeitos passivos são os familiares do falecido, e 
no caso dos crimes contra a fauna, o sujeito passivo é a 
coletividade. 
 A doutrina majoritária compreende que não pode o sujeito ativo 
ser ao mesmo tempo sujeito passivo. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
LEI PENAL NO TEMPO 
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Tem-se por regra, a prevalência da lei do tempo do fato (tempus 
regit actum), ou seja, aplica-se a lei vigente quando da realização 
do fato. Todavia há exceções, a lei penal pode produzir efeitos tanto 
a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, quanto após a sua 
revogação. Este fenômeno é nomeado como extra-atividade da lei 
penal, da qual a retroatividade e a ultra-atividade são espécies. 
A retroatividade: é a possibilidade da lei penal retroagir no tempo, 
regulando os fatos ocorridos, antes da sua entrada em vigor. 
A ultra- atividade: é a possibilidade da lei, mesmo depois da sua 
revogação, continuar a regular os fatos decorridos durante a sua 
vigência. 
Lex Gravior: Por força constitucional lei posterior que de qualquer 
modo agravar a situação do sujeito não retroagirá (art. 5º, XL). Neste 
caso a lei tem irretroatividade absoluta. 
Abolitio criminis: Tem se por abolitio criminis a ocorrência de uma 
nova lei excluir da órbita penal, um fato que era considerado crime 
pela lei anterior. Percebam trata-se de uma hipótese de 
descriminalização. 
 
Novatio legis in mellius: ocorre quando uma lei nova sem 
descriminalizar uma conduta, oferece tratamento mais favorável ao 
sujeito. Por garantia constitucional a lei retroagirá, atingindo os fatos 
anteriores à sua vigência. 
Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu: Na 
atualidade temos como entendimento tanto do STF quanto do STJ, a 
vedação de extração dos pontos favoráveis de lei anterior e posterior, 
para benefício do réu, ambos tribunais, seguem o argumento da 
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doutrina majoritária, que caso fosse permitido a conjugação de 
leis, o juiz estaria criando uma terceira lei. 
Autoridade judiciária competente para aplicar a lei mais 
benéfica: 
 Juiz de primeiro grau: quando o processo criminal se 
encontra em andamento (processo de conhecimento) até a 
prolatação da sentença respectiva. 
 Fase recursal- instância superior: quando o processo 
encontra-se em grau de recurso, incube ao respectivo do 
Tribunal reconhecer da lei mais benéfica, seja ela anterior ou 
posterior. 
 Fase executória (trânsito em julgado): quando a sentença 
encontra-se em trânsito julgado, compete ao juiz de execução 
penal a aplicação da lei mais benéfica. Esta é a orientação do 
Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula 611. 
 
As leis excepcionais e temporárias: de modo excepcional 
continuam a viger seus efeitos mesmo após a sua revogação. 
As leis excepcionais: são criadas para vigorar em períodos 
anormais, como guerra, catástrofes naturais, etc. Sua duração se 
estende ao período de duração do fenômeno. 
As leis temporárias: são criadas para vigorar em um período de 
tempo estabelecido previamente pelo legislador, é aquela que traz 
em sua redação a data de cessação de sua vigência. 
 
Tempo do crime: Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
Teoria da atividade adotada pelo Código. 
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Atenção a Súmula 711 do STF: “A lei penal mais severa grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” 
Crime continuado: é o crime composto por uma diversidade de 
condutas criminosas, praticadas em momentos e locais diversos, cujo 
resultado são distintos, todavia tais condutas são consideradas como 
crime único, para efeitos da dosimetria penal. Em consequência disto 
aplica-se a pena apenas de um crime. 
Crime permanente: é aquele crime onde a ação e a consumação se 
estendem no tempo. 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
A lei penal em decorrência do princípio da soberania tem vigência em 
todo território de um Estado politicamenteorganizado. Sendo 
elaborada desse modo, para viger dentro dos limites, que o Estado 
exerce sua soberania. A regra desse modo, é que, a lei penal tem seu 
âmbito de aplicação limitado ao país que a editou. 
Princípio da territorialidade: Adotado como regra pelo Código 
Penal. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido 
no território nacional. 
O território brasileiro compreende em conformidade com o 
que dispõe o art. 2º da Lei n. 8.617 , de 04/01/1993: 
 mar territorial; 
 o espaço aéreo sobrejacente; 
 o solo e subsolo. 
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São considerados para efeitos penais, como extensão do território 
brasileiro: 
 Os navios e aeronaves públicos, onde quer que se encontrem; 
 Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto 
mar ou no espaço aéreo. 
 
Extraterritorialidade: Há casos em que se torna necessário 
expandir os efeitos da lei penal, fazendo com que esta ultrapasse 
seus limites territoriais para regular fatos ocorridos além de sua 
soberania. Esse fenômeno se chama extraterritorialidade da lei penal. 
Extraterritorialidade incondicionada: consiste na aplicação da lei 
brasileira sem nenhuma condicionante. Nos crimes esquematizados a 
seguir: 
 
Extraterritorialidade condicionada: a lei brasileira é aplicada 
subsidiariamente, quando se satisfaz certos requisitos. Seguem eles 
de forma esquematizada: 
 
Hipóteses da 
Extraterritorialidade 
incondicionada 
Contra a vida ou a liberdade do Presidente 
Contra o patrimônio ou a fé pública da 
Administração Direta ou Indireta 
Contra a adminstração pública, por quem 
está a seu serviço 
De genocídio, quando o agente for 
brasileiro ou domiciliado no Brasil 
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Não basta as seguintes hipóteses elencadas acima, para que a 
lei penal brasileira seja aplicada ainda, há algumas condições: 
 Entrar o agente no território nacional; 
 Ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
 Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
 Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena; 
 Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
O Código Penal ainda cria a hipótese da extraterritorialidade 
hipercondicionada quando o crime é cometido no estrangeiro, e a 
vítima do delito é um nacional. São condições para a aplicação da 
lei brasileira: 
 Entrar o agente no território nacional; 
 Ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
 Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
Extraterritorialidade 
condicionada 
Hipóteses 
Crimes que, por tratado ou 
convenção, o Brasil se 
obrigou a reprimir 
Princípio da 
Universalidade 
Crimes praticados por 
brasileiros 
Princípio da 
nacionalidade ativa 
Crimes praticados em aeronaves ou 
embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, quando 
em território estrangeiros e aí não 
sejam julgados 
Princípio da bandeira 
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 Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena; 
 Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável; 
 Que não seja pedida ou negada a extradição; 
 E que tenha requisição do Ministro da Justiça. 
Lugar do crime: Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Teoria mista adotada 
pelo Código. 
DOS CONCEITOS DE CRIME 
O Crime pode ser analisado sob três aspectos: 
 FORMAL: Basta que o agente tenha praticado um ato que 
colida com a lei penal positivada pelo Estado. Sob este aspecto, 
o conceito de crime resulta de uma mera subsunção da conduta 
ao tipo legal. 
 
 MATERIAL: o crime consiste em uma violação a um bem 
jurídico penalmente protegido. O conceito material de crime 
exalta vários princípios constitucionais penais, como por 
exemplo, o princípio da ofensividade, pelo qual não basta 
que o crime esteja tipificado de modo formal, pois uma das 
exigências para que se tipifique a conduta como criminosa, é 
que esta forneça um perigo concreto, real e efetivo de dano a 
um bem jurídico penalmente protegido. 
 
 ANALÍTICO: o crime é o fato típico, antijurídico e culpável. 
Este é o conceito predominante na doutrina, ou seja, a doutrina 
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majoritária defende a teoria tripartida do crime, desse modo, 
para se falar em delito se faz necessário que o agente tenha 
praticado uma ação típica, ilícita e culpável. 
 
DO FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS 
 O fato típico é composto dos seguintes elementos: conduta 
dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; resultado; nexo de 
causalidade entre a conduta e o resultado; e tipicidade. 
 Vejamos cada um dos elementos: 
 Conduta: A conduta pode ser comissiva e omissiva. A 
conduta comissiva é praticada de modo positivo pelo 
agente, por meio de uma ação, que se manifesta por 
intermédio de um movimento corpóreo tendente a uma 
finalidade ilícita. A conduta omissiva trata-se de um 
comportamento negativo, da qual se espera uma ação do 
agente e este não a faz. A conduta omissiva desatende 
uma ordem imperativa, a norma exigia que o agente 
agisse e este se omitiu. 
 
 Resultado: O resultado trata-se de uma modificação do 
mundo exterior provocado pelo comportamento humano 
voluntário. Há duas espécies de resultado: jurídico e 
naturalístico. Sob o aspecto jurídico o resultado é toda 
lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente 
relevante. Percebam que todo crime tem um resultado 
jurídico, uma vez que, todo crime agride um bem jurídico 
penalmente protegido. Temos que o resultado 
naturalístico é a modificação provocada pela conduta do 
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agente que repercute no mundo real, ou seja, é a 
conduta cujo resultado é capaz de alterar o mundo real. 
 
 Nexo de causalidade: o terceiro elemento do fato típico 
é o nexo de causalidade que une o comportamento 
humano a um resultado material, com a finalidade de 
averiguar se o resultado é imputável ao sujeito. Desse 
modo, para averiguar se uma conduta é causa do 
resultado, basta retirá-la da série causal e averiguar se o 
resultado continua o mesmo, caso continue, tal conduta é 
causa. Esse sistema de aferição foi preconizado por 
Thyrén, nomeado como procedimento hipotético de 
eliminação. Tipicidade: A tipicidade é a conformidade do fato 
praticado pelo agente com a moldura abstratamente 
descrita na lei penal . Um fato para ser considerado como 
fato típico precisa se adequar a um modelo descrito em 
lei, a conduta para ser tipificada como criminosa, deve 
estar prevista em um tipo penal, como proibida. A 
adequação típica pode ser dar de forma direta ou de 
forma indireta. A adequação típica imediata ocorre 
quando o fato se subsume imediatamente no modelo 
legal, sem a necessidade de se recorrer a outra norma, 
exemplo: subtrair coisa alheia móvel, essa conduta se 
amolda de forma imediata ao tipo descrito no art. 155 do 
CP (furto). Já na adequação típica mediata, há 
necessidade de se recorrer a uma norma secundária, de 
caráter extensivo. Percebam que nesse caso, o fato 
praticado pelo agente, não se amolda diretamente ao 
modelo descrito pelo tipo. Exemplo: no crime de 
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homicídio tentado, há necessidade de ser recorrer ao art. 
14, II, do CP. 
 
DO CRIME DOLOSO E CULPOSO 
Dolo 
Dolo direto: o agente quer o resultado, e sua vontade é dirigida à 
um fato típico. Desse modo, o agente neste tipo de dolo pratica sua 
conduta dirigida a um fim (a produção do resultado por ele 
pretendido inicialmente). Código Penal em relação ao dolo direto 
adotou a teoria da atividade. Esta teoria concebe o dolo como a 
vontade dirigida a um resultado, o agente tem vontade de realizar a 
ação e em decorrência desta obter um resultado. 
Dolo eventual: o sujeito tem previsibilidade do resultado, todavia 
embora não queira produzi-lo, continua com sua conduta, de modo 
que acaba consentindo com uma possível reprodução deste. o agente 
não quer diretamente praticar o delito, contudo não se abstém de 
agir, fato que faz com que ele assuma o risco de produzir o resultado, 
que já era previsto. 
 
O dolo pode ser ainda: 
 Dolo natural: espécie de dolo adotada pela teoria finalista, na 
qual é concebido como um elemento puramente psicológico, 
desprovido de qualquer juízo de valor, sendo composto tão 
somente pela consciência e vontade. 
 
 Dolo normativo: É o dolo concebido pela teoria clássica, 
constitui a culpabilidade. 
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 Dolo genérico: é a vontade de realizar o fato descrito em lei, 
sem nenhuma finalidade especial, consiste em uma mera 
vontade de praticar o verbo do tipo. 
 
 Dolo específico: Diferente, nesta espécie de dolo, o agente 
realiza a conduta com uma finalidade específica. 
 
 Dolo de Dano: Consiste em uma simples vontade de produzir 
uma lesão a um bem jurídico penalmente protegido. 
 
 Dolo de Perigo: Consiste na vontade de expor um bem 
jurídico a perigo de lesão. 
 
 Dolo de primeiro grau: Consiste na vontade de produzir as 
consequências primárias do delito, ou seja, o resultado 
almejado é o que está descrito no preceito primário da norma. 
 
 Dolo de segundo grau: O agente tem por vontade praticar 
determinado delito, todavia da prática deste ocorre efeitos 
colaterais, consequências secundárias da conduta que não eram 
desejadas no início. O agente não pode chegar ao desejado, 
sem cometer atos acessórios. 
 
 Dolo geral: também conhecido por erro sucessivo, ou 
aberratio causae. Esta espécie de dolo ocorre quando o agente 
na intenção de praticar determinado fato descrito em lei, realiza 
a conduta proibida e sucessivamente pratica uma nova ação 
diversa da primeira, como um mero exaurimento do crime, 
acreditando que este já tinha se consumado na primeira ação. 
O fato é que o resultado advém da segunda ação empregada 
contra a vítima. 
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Crime culposo 
Conceito: No crime culposo o agente não quer o resultado, todavia, 
responde pela sua inobservância de um dever objetivo de 
cuidado. A culpa assim como o dolo é um elemento normativo da 
conduta. 
O Código elenca três maneiras de violação de um dever objetivo de 
cuidado, analisaremos cada uma: 
 Imperícia: O agente não age com cautela, não se utilizando de 
seus poderes inibidores, trata-se de um comportamento 
positivo, o agente neste caso faz, mas sem o cuidado 
necessário, de modo não prudente. 
 Negligência: Aqui, a culpa se dá de modo negativo, o agente 
deixa de tomar o cuidado devido, antes de começar a 
agir, o negligente não toma as cautelas devidas, por 
displicência ou preguiça mental. 
 Imperícia: Aqui, a culpa ocorre pela inaptidão técnica em 
profissão ou atividade. O agente não tem o conhecimento, 
habilidade para o exercício de determinada conduta. 
 
São modalidades de culpa: 
Culpa consciente: Na culpa consciente o resultado é previsível, mas 
não levado em consideração pelo agente que continua a praticar a 
conduta, acreditando piedosamente que este resultado não venha a 
ocorrer. 
Observação importante: tanto a culpa consciente, quanto o dolo 
eventual possuem previsibilidade do resultado. Mas se distinguem 
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uma vez que, na culpa consciente o agente tem previsibilidade do 
resultado, mas acredita que o evento não possa ocorrer. Já no dolo 
eventual o resultado também é previsível, mas o agente consente 
com esse. 
Culpa inconsciente: Na culpa inconsciente o agente não prevê o 
resultado, que era previsível. O agente não conhece o perigo que sua 
conduta pode oferecer a um bem jurídico alheio, protegido pelo 
direito penal. 
A CULPA PODE AINDA SER CLASSIFICADA EM: 
Própria: nesta, o agente não quer o resultado nem assume o risco 
de produzi-lo. É a culpa propriamente dita. 
Imprópria: é aquela que o agente, por erro de tipo inescusável, 
supõe estar diante de uma causa de justificação que lhe permita 
praticar, licitamente um fato que esteja tipificado como crime. Ou 
seja o agente parte do pressuposto que está protegido por uma causa 
de exclusão de ilicitude. 
Observação importante: Diferente do que no ocorre no Direito Civil 
(art. 945, do CC), as culpas não podem ser compensadas na esfera 
penal. Podemos dizer que há concorrência de culpas quando dois 
indivíduos concorrem de modo culposo para a produção do resultado, 
tipificado como criminoso. 
São elementos do crime culposo: 
 Conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva; 
 Não observação de um dever objetivo de cuidado; 
 Um resultado lesivo que o agente não queria, e não assumiu o 
risco; 
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 Um nexo de causalidade que une a conduta do agente que 
deixa de observar seu dever de cuidado e o resultado não 
querido e lesivo dela advindo; 
 Tipicidade. Só se pode falar em crime culposo quando há 
previsão legal expressa para tal modalidade de crime; 
 Previsibilidade quepode ser objetiva e subjetiva. 
 
DO CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSÍVEL 
Do crime consumado 
o crime é consumado quando nele se reúnem todos os elementos de 
sua definição legal. 
A consumação em algumas espécies de crimes: 
Crimes materiais: a consumação se dá com a produção do 
resultado naturalístico. Exemplo: no homicídio o crime se consuma 
com a morte da vítima. 
Crimes formais: a consumação se dá com a simples atividade do 
agente, independentemente de qualquer resultado. Exemplo: Na 
extorsão mediante sequestro, o crime se consuma no momento do 
sequestro com o intuito de obter vantagem. 
Crimes de mera conduta: a consumação se dá com a simples ação 
ou omissão delituosa. Exemplo: Na violação de domicílio o crime se 
consuma com o simples fato do agente entrar ou permanecer em 
uma residência sem permissão. 
 
Do crime tentado 
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Consideramos como crime tentado aquele em que o agente inicia a 
execução, mas não alcança sua consumação, por circunstâncias 
alheias a sua vontade. 
Há dois requisitos para que o crime seja tentado: 
 Que a execução do crime tenha se iniciado; 
 Que a consumação não ocorra por circunstâncias alheias 
à vontade do agente. 
Observação importante: A adequação típica nos casos de 
tentativa trata-se de uma subordinação mediata ou indireta, pois a 
adequação se dá, por meio de uma norma de extensão. 
 
Desistência voluntária: o agente também busca o resultado, mas 
de modo voluntário desiste ainda na prática dos atos de execução, 
não se utilizando de todos os meios que estavam ao seu alcance, 
para que o crime se consumasse. 
Crime impossível: O crime impossível é aquele que por ineficácia 
absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do 
objeto material, é impossível de se consumar. Observem que este 
instituto não se trata de isenção de pena, mas sim uma causa 
geradora de atipicidade. O tipo incriminador não concebe uma ação 
possível de se fazer. 
 
Arrependimento eficaz: o agente esgota todos os meios que tinha 
para chegar à consumação do crime, todavia arrepende-se e evita a 
ocorrência do resultado. A consequência do arrependimento eficaz é o 
mesmo da desistência voluntária, ou seja, o agente responde tão 
somente pelos atos já praticados. Percebam que do mesmo modo o 
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agente desiste voluntariamente, sem nenhuma coação, ou 
circunstância alheia a sua vontade. 
Arrependimento posterior: No arrependimento posterior, o agente 
de modo voluntário após a produção do resultado, ou seja, depois 
que o crime se consuma se arrepende e repara o dano ou restitui a 
coisa. A consequência jurídica do arrependimento posterior é a causa 
de diminuição de pena de 1/3 a 2/3. São requisitos para a 
configuração do arrependimento posterior: 
 Que o crime seja cometido sem grave violência ou grave 
ameaça à pessoa. 
 Que se tenha a reparação do dano ou restituição da coisa. 
 Voluntariedade do agente: o agente não pode por meio de 
coação restituir a coisa ou reparar o dano 
 O arrependimento deve ser até o recebimento da denúncia ou 
da queixa. 
 
DO ERRO DE TIPO 
ERRO DE TIPO ESSENCIAL: O Erro recai sobre elementares, 
circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue a figura típica. 
O erro de tipo essencial pode ser: vencível (inescusável, injustificável, 
poderia ser evitado) e invencível (escusável, justificável, que não 
poderia ser evitado). 
 Vencível: é o erro que pode ser evitado, caso o agente 
empregue uma mediana prudência. Ou seja, O ERRO 
PODERIA SER EVITADO, O AGENTE DEVERIA TER 
EMPREGADO UM MÍNIMO DE CUIDADO. 
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 Invencível: o agente, mesmo tomando todas as cautelas 
necessárias, não pode evita-lo, dada as circunstâncias em que 
se encontra. Qualquer indivíduo naquela situação incorreria em 
erro também. NO ERRO DE TIPO INVENCÍVEL afasta-se o DOLO 
e a CULPA, assim o fato que até então era típico, torna-se 
atípico. O ERRO NÃO PODE SER EVITADO, MESMO COM O 
EMPREGO DE UMA DILIGÊNCIA MEDIANA. 
 
ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
O erro de tipo acidental não recai sobre elementos ou circunstância 
do crime INCIDE SOMENTE SOBRE DADOS ACIDENTAIS DO 
DELITO OU SOBRE A CONDUTA DE SUA EXECUÇÃO. O AGENTE 
NÃO FICA IMPEDIDO DE COMPREENDER O CARÁTER ILÍCITO 
DE SEU COMPORTAMENTO. Consequência Jurídica: não exclui o 
dolo, o agente responde pelo crime como se não houvesse erro. 
 
Error in re: o agente visa atentar contra determinado objeto 
iniciando a empreitada criminosa, mas, por conta de um erro acaba 
acertando objeto diverso, ou seja, aquele que ele não pretendia. O 
erro é absolutamente irrelevante, não trazendo qualquer 
consequência jurídica, o agente responderá pelo crime de furto. Não 
se afastando o dolo. 
Error in persona: o sujeito visa atingir uma pessoa, todavia por erro 
atinge outra, ou seja, tem por objetivo ofender certa pessoa, mas 
acaba ofendendo um inocente. A consequência jurídica está prevista 
no art. 20, §3º: “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é 
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praticado não isenta de pena”. Aqui, o agente responde pelo 
crime como se tivesse praticado contra a pessoa visada. 
Aberratio ictus: Aqui o agente atinge outra pessoa, e não a 
pretendida, por errar o alvo, ocorre um erro na execução do crime. 
No aberratio ictus, o agente sabe que A é A, mas acaba atingindo B, 
por erro na execução. Pode ser de duas espécies: 
 Aberratio ictus de com unidade simples ou resultado 
único: O agente em vez de atingir a pessoa pretendida 
(virtual), acaba acertando um terceiro inocente, não por 
confundi-las, mas por erro na execução/ alvo, de modo que a 
vítima virtual não sofre nenhuma lesão. 
 Aberratio ictus com unidade complexa ou resultado 
complexo: Nesta hipótese o agente atinge a vítima pretendida 
e também um terceiro inocente. Assim, dois resultados são 
produzidos: aquele que o agente pretendia e outro não querido. 
O agente responde pelos dois crimes, em concurso formal. 
 
Aberratio causae (dolo geral, erro sucessivo): Neste a aberração 
se dá na causa do resultado do crime, o erro incide sobre o curso 
causal. Inclui-se também na aberratio causae, as situações em 
que ocorre o chamado dolo geral, em que o agente 
acreditando que o crime já havia se consumado (resultado 
pretendido), pratica outro ato, sendo este o responsável pela 
real consumação do crime. 
 
Aberratio criminis (erro sobre o crime): Aqui, o agente quer atingir 
um determinado bem jurídico, todavia, por erro na execução, acerta 
um bem diverso. Percebam que o agente nesta hipótese não 
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atinge uma pessoa em vez de outra, mascomete um crime no 
lugar de outro. Pode ser de duas espécies: 
 Aberratio criminis com unidade simples ou resultado 
único: O agente neste caso atinge apenas o bem jurídico, que 
ele não pretendia atingir. A consequência jurídica, é que ele 
responde apenas pelo resultado produzido, se este for previsto 
como crime culposo. 
Pode ocorrer em duas hipóteses: 
O agente quer atingir uma pessoa e acaba atingindo uma 
coisa: Não responderá pelo crime de dano, uma vez que, não 
existe crime de dano culposo. Todavia poderá responder por 
tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal. 
O agente quer atingir uma coisa e acaba atingindo uma 
pessoa: responderá apenas pelo resultado produzido em 
relação a pessoa. 
 Aberratio criminis com unidade complexa ou resultado 
duplo: Nesta hipótese TANTO O BEM DIVERSO, QUANTO O 
BEM VISADO SÃO ATINGIDOS. A Consequência jurídica é a 
aplicação da regra do concurso formal, aplicando ao agente a 
pena do crime mais grave, acrescida de 1/6 até a metade. 
 
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO: NO ERRO PROVOCADO POR 
TERCEIRO, O AGENTE É INDUZIDO AO ERRO. Assim prevê o art. 20, 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. A 
consequência jurídica é a responsabilização penal, somente daquele 
que provocou, induziu o terceiro ao erro. 
 
ANTIJURIDICIDADE 
Conceito 
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É a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do 
agente e o ordenamento jurídico. Ou seja, para que a conduta do 
agente seja ilícita, deve ela necessariamente estar tipificada como 
proibida, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico. 
 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE 
ESTADO DE NECESSIDADE 
O estado de necessidade é causa de exclusão de ilicitude da conduta 
do agente que, não tinha o dever legal de agir mediante uma 
situação de perigo atual, não provocada por sua vontade. Desse 
modo, o agente na presença de dois ou mais bens jurídicos 
penalmente protegidos, seus ou de terceiros, na situação de perigo, 
sacrifica um para salvar outro, de modo que, tal perda não era 
razoável de se exigir. 
Requisitos: 
 Uma situação de perigo atual: A ameaça ao bem jurídico se 
verifica no exato momento em que o agente sacrifica o bem de 
terceiro; 
 O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio: O direito 
a ser protegido é qualquer bem que esteja sob a tutela legal. 
Podendo ser próprio ou alheio. No primeiro caso é o exemplo do 
agente que para se salvar de um naufrágio toma o salva vidas 
de outra pessoa; no segundo caso é a hipótese da mãe que 
para salvar seu filho de um naufrágio toma o salva vida de 
outra pessoa; 
 O perigo não pode ter sido provocado voluntariamente 
pelo agente: A situação de perigo não pode ter sido provocada 
pelo agente que ataca o bem jurídico de terceiro para salvar o 
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seu ou de outrem. Exemplo: O piloto que provocou a queda do 
avião, não pode tomar o paraquedas de um passageiro a fim de 
salvar sua vida; 
 Não pode alegar o estado de necessidade quem tenha o 
dever legal de enfrentar o perigo: O CP é claro neste 
aspecto, decorre desta exigência o fato de determinadas 
funções ou profissões terem o dever de enfrentar determinado 
grau de perigo, como exemplos, os bombeiros, os policiais, os 
seguranças, etc. 
 Inevitabilidade do comportamento: O sacrifício do bem 
jurídico se deu em razão da inexistência de qualquer outro meio 
que possibilitasse o salvamento dele. Desse modo o agente que 
comete um homicídio, quando era possível apenas lesionar 
aquele que produziu a situação de perigo, não estará amparado 
pelo estado de necessidade. 
 Razoabilidade do sacrifício: Temos que observar que o 
agente deve ter razoabilidade na escolha do bem, por exemplo, 
não é razoável que o bem atacado seja superior ao bem 
protegido. 
 
São formas de estado de necessidade: 
 Real: É a situação de perigo real, existente, ou seja, que está 
ocorrendo verdadeiramente no momento em que o agente 
ataca os bens jurídicos de terceiro, a fim de salvar direito 
próprio ou alheio. 
 Putativo: Neste caso o agente supõe, por erro, estar em uma 
situação de perigo. Exemplo: Os passageiros de um avião 
acreditando que ele esteja caindo, e na insuficiência de 
paraquedas para todos, passem a agredir uns aos outros a fim 
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de salvarem. Toda conduta criminosa que derive dessa situação 
putativa estará amparada por essa causa de exclusão de 
ilicitude. Ou seja, o agente que cause lesão ou morte, por erro 
plenamente justificado nesta circunstância, não responderá por 
seus atos. 
 Defensivo: Neste caso, a conduta do agente é dirigida a quem 
deu causa a situação de perigo. 
 Agressivo: Neste caso, o bem jurídico sacrificado é de um 
inocente. 
 
Pontos importantes 
 A jurisprudência tem entendido que a alegação de dificuldades 
financeiras sem efetiva comprovação de situação de 
penúria suscetível a caracterizar eventual perigo, não 
configura a causa de excludente de ilicitude. 
 Causas de diminuição: O CP prevê no art. 24, § 2º, a 
flexibilidade que deve se ter na análise da razoabilidade do 
sacrifício do bem. Desse modo, aquele que não guarda a devida 
razoabilidade na escolha do bem a se proteger, na situação de 
perigo, responderá pelo crime com diminuição da pena. 
 
LEGITÍMA DEFESA 
Conceito: Por legítima defesa entende-se que age nesta, quem 
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
ingressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. A legítima 
defesa é causa de exclusão de ilicitude. 
São requisitos para a ocorrência da legítima defesa: 
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 Agressão injusta: A agressão deriva sempre de uma conduta 
humana que ataca determinado bem jurídico, desse modo, 
somente os seres humanos podem praticar agressões. Se um 
animal é utilizado como meio para se atingir determinado bem 
jurídico, o agente que se defende estará em legítima defesa, de 
modo que, o exercício da legítima defesa se dá em face de 
quem utiliza o animal como instrumento para atacar um bem 
jurídico. A agressão injusta é aquela contrária ao ordenamento 
jurídico. 
 Atual ou iminente: Temos por agressão atual aquela que está 
acontecendo, ou seja, o agente se defende quando o ataque já 
está em curso. Já a agressão iminente é aquela que está 
prestes a ocorrer, podendo ser iniciada em qualquer momento. 
Existe quando há uma situação de perigo e a repulsa não 
permite demora. 
 Em defesa de direito próprio ou de terceiro: A defesa de 
direito próprio se dá quando o agente defende seu próprio bem 
jurídico. Já a defesa de direito de terceiro se dá quando o 
agente repele injusta agressão que atinge outrem, ou seja, 
defende terceira pessoa, próxima ou não. 
 A moderação no emprego dos meios necessários à 
repulsa: O agente frente a situação de perigodeve se utilizar 
dos meios necessários para conter a injusta agressão, ou seja, 
dos menos lesivos. Assim, o agente não deverá ultrapassar o 
necessário para repelir a injusta agressão. 
 Conhecimento da situação justificante: Não basta que a 
agressão seja injusta, atual ou iminente, para que se tenha 
legítima defesa, o agente deverá conhecer da situação, caso 
contrário a legítima defesa é excluída. 
 
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A LEGÍTIMA PODE SER: 
 
 Autêntica (real): neste caso, a agressão atual ou iminente 
existe de fato no mundo real, ela está acontecendo ou está 
prestes a ocorrer. 
 Putativa (imaginária): neste caso a situação de agressão 
está no imaginário do agente, que acredita que está diante de 
tal. 
 Sucessiva: Consiste na repulsa contra o excesso daquele que 
estava amparado pela legítima defesa no início, ou seja, aquele 
que sofreu a injusta agressão se excede, fato que permite ao 
sujeito que deu causa a agressão se defender. 
 
Pontos que merecem nossa atenção: 
Legítima defesa real contra legítima defesa putativa: É possível. 
Legítima defesa putativa contra legítima defesa real: É cabível. 
Legítima defesa contra legítima defesa: não se admite, pois uma 
agressão injusta é ilícita e tal não pode ser lícita simultaneamente. 
Legítima defesa contra estado de necessidade: não é possível, pois 
aquele que age em estado de necessidade realiza uma conduta que 
tem amparo legal, mesmo que decorra desta conduta, ofensa a bens 
jurídicos protegidos. 
 
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ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
Conceito: aquele que cumpre um dever legal dentro dos limites 
impostos pela lei, não comete um ato ilícito. Compreende os deveres 
de intervenção do funcionário nas relações particulares, com o 
objetivo de assegurar o cumprimento da lei ou de ordens superiores 
da administração. 
Pontos importantes: 
 Necessidade de conhecimento da causa justificante; 
 Quando ao autor do delito é reconhecido a excludente, em 
regra também se aplica tal aos coautores ou partícipes, de 
modo que, eles também não poderão ser responsabilizados. 
 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
Conceito: O exercício regular de direito corresponde a todos os 
direitos subjetivos, não se delimitando apenas a esfera penal. Ex: 
Quando um pai corrige seu filho, ele exerce um direito regular seu, 
todavia, assim como todas as outras causas de exclusão da ilicitude, 
ele não pode exceder de tal direito. 
 
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
Conceito: O consentimento do ofendido é uma causa supralegal de 
exclusão da ilicitude, que não se encontra prevista no Código Penal, 
mas que tem sido abordada e consentida no mundo jurídico. 
Requisitos: capacidade do ofendido em consentir; que o bem no 
qual recaia a conduta do agente seja disponível; que o consentimento 
seja anterior a ofensa do bem jurídico. 
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CULPABILIDADE 
Conceito: Reprovação social em face de uma ação ou omissão típica 
e ilícita em determinadas circunstâncias, onde era possível atuar em 
conformidade com as exigências do ordenamento jurídico. 
TEORIAS ACERCA DA CULPABILIDADE 
Três teorias existem acerca da culpabilidade. Em primeiro lugar, 
desenvolveu-se a teoria psicológica da culpabilidade, seguindo-se 
pela teoria psicológica normativa da culpabilidade e, por fim, a teoria 
normativa pura da culpabilidade. 
DAS TEORIAS DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM A 
CULPABILIDADE 
Teoria psicológica da 
culpabilidade 
Imputabilidade+ dolo ou culpa 
Teoria psicológica 
normativa da 
culpabilidade 
Imputabilidade+ exigibilidade de conduta 
diversa+ elemento psicológico-normativo 
(dolo ou culpa) 
Teoria normativa pura 
da culpabilidade 
Imputabilidade+ potencial consciência de 
ilicitude+ exigibilidade de conduta diversa 
 
DOS ELEMENTOS DA CULPABILIDADE 
IMPUTABILIDADE: Possibilidade de atribuir a alguém a 
responsabilidade por um determinado delito. Ou seja, é imputável o 
indivíduo que no momento do crime tinha plenas condições físicas e 
mentais, e consciência que a conduta que praticava era crime. 
Três são os sistemas para a aferição da inimputabilidade, 
sendo eles: 
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 Biológico: Este sistema de aferição foi adotado como exceção 
no caso dos menores de 18 anos. O que se revela neste 
sistema é saber se o agente é portador de alguma doença 
mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
Desse modo se o agente possui essa anomalia, ele será 
considerado inimputável. 
 
 Psicológico: Este sistema de aferição se importa com o 
momento da prática do crime, ou seja, se no momento da ação 
ou omissão, o agente tinha ou não condições de avaliar o 
caráter criminoso do fato e orientar-se de acordo com esse 
entendimento. 
 Biopsicológico: ESTE FOI O SISTEMA ADOTADO PELO 
CÓDIGO PENAL, COMO REGRA, combina os dois sistemas 
anteriores, aferindo tanto se o agente é portador de alguma 
doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado (sistema biológico), quanto se no momento da 
prática do crime o agente tinha capacidade de entender e 
vontade. 
As causas que excluem a imputabilidade. São elas: 
i. Menoridade 
ii. Doença mental 
iii. Desenvolvimento mental incompleto 
iv. Desenvolvimento retardado 
No caso de doença mental, desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, o agente deve ser ao tempo da ação 
ou omissão, ou seja, quando praticou a conduta criminosa, 
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inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
v. Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força 
maior. 
No ato da conduta, omissiva ou comissiva, o agente ser 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Observações importantes: Se a embriaguez for incompleta, ou 
seja, parcial, o agente é considerado semi- imputável, e a 
consequência jurídica é a redução de 1/3 a 2/3 da pena. A 
embriaguez não acidental, não exclui a imputabilidade do agente, ele 
responderá pelo crime que venha cometer quando embriagado 
estiver, não importando se sua embriaguez seja voluntária ou 
culposa, completa ou incompleta. 
Vamos esquematizar as espécies e consequências da 
embriaguez: 
 
Não acidental 
Dolosa 
Completa 
Incompleta 
Culposa 
Completa 
Incompleta 
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Em regra no caso da embriaguez acidentalnão se exclui a 
imputabilidade. 
 
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE 
A potencial consciência de ilicitude é outro elemento integrativo da 
culpabilidade. Esta determina ser somente possível a punição do 
agente que, diante das condições fáticas na quais estava inserido, 
tinha a possibilidade de atingir o entendimento sobre o caráter 
criminoso de sua conduta. 
 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
Duas são as causas legais de exclusão da culpabilidade por 
inexigibilidade de outra conduta: coação irresistível e obediência 
hierárquica. 
 A coação irresistível é aquela insuperável, à qual não se pode 
resistir. É uma força da qual o coacto não consegue subtrair-se, 
e à qual não pode enfrentar. Só lhe resta sucumbir, ante o 
Acidental 
Caso fortuíto 
Completa Exclui a imputabilidade 
Incompleta 
Redução de 1/3 a 2/3 da 
pena 
Força maior 
Completa Exclui a imputabilidade 
Incompleta 
Redução de 1/3 a 2/3 da 
pena 
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inexorável. SOMENTE A COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL É 
CAUSA DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. No caso da 
coação física irresistível, tampouco o agente tem a faculdade de 
escolha, não há conduta delituosa de sua parte, uma vez que, 
este não teve ação para a consumação do delito. Ou seja, 
trata-se da exclusão da própria conduta, logo do fato típico, 
primeiro elemento constitutivo do crime. 
 Obediência hierárquica: O agente nesta hipótese age 
cumprindo a ordem de um superior hierárquico seu. Se a ordem 
não for manifestamente ilegal o agente que comete o fato típico 
e ilícito por força da ordem de um superior seu, não comete 
crime, pois estará acobertado por uma causa de exclusão da 
culpabilidade. 
 
 
 
 
CONCURSO DE PESSOAS 
Conceito: A infração penal pode ser cometida por várias pessoas em 
concurso, ou seja, a prática delituosa é realizada por duas ou mais 
pessoas que concorrem para o evento. Verifica-se nesta hipótese o 
concurso de agentes, também conhecido como concurso de 
delinquentes, coautoria ou participação. 
Três são as teorias que buscam entender a natureza jurídica do 
concurso de agentes: 
Teoria monista/unitária: é a TEORIA ADOTADA PELO CP, para 
ela, todos que contribuem para a prática do crime, cometem o 
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mesmo crime. Aqui não se faz nenhuma distinção entre autor e 
partícipe. Desse modo se o crime é praticado por diversas pessoas, 
permanece único e indivisível. 
Teoria pluralística: Para essa teoria o número de crimes, corresponde 
ao número de agentes que participam do delito. 
Teoria dualista: Para essa teoria se faz necessário distinguir o crime 
praticado pelos autores, do cometido pelos partícipes. 
Espécies de Concurso de Pessoas 
 Concurso necessário: Refere-se aos crimes plurissubjetivos, 
sendo exigível o concurso de pelo menos duas pessoas. 
 Concurso eventual: É aquele em que o crime pode ser 
praticado por apenas uma pessoa, todavia acaba sendo 
praticado por várias. 
Concurso Eventual Concurso necessário 
Crimes monossubjetivos Crimes plurissubjetivos 
O crime pode ser praticado, por 
apenas uma pessoa, mas acaba 
sendo praticado por várias. 
A presença de mais de uma 
pessoa é necessária para o 
reconhecimento do crime. Desse 
modo, o crime é praticado por 
mais de duas pessoas 
Aplica-se o previsto no art. 29, do 
CP. Quem, de qualquer modo, 
concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
Aplica-se o previsto no próprio 
tipo penal. Assim, no crime de 
rixa, será aplicada a pena 
prevista no art. 137 do CP. 
 
Requisitos para a configuração do concurso de pessoas: 
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Pluralidade de agentes: A pluralidade de agentes e também de 
condutas é um dos requisitos indispensáveis para que se configure o 
concurso de pessoas. Desse modo, no concurso de pessoas se faz 
necessária a presença de duas ou mais pessoas. 
Relevância causal de cada uma das ações: Este segundo 
requisito, corresponde a relevância causal das condutas praticadas 
pelos sujeitos, que, de algum modo, concorreram para o crime. 
Desse modo, se a conduta não contribuir para o acontecimento do 
resultado, ela não pode ser considerada como integrante do concurso 
de pessoas. 
Liame subjetivo entre os agentes: É necessário que haja um 
concurso de vontades, em que os agentes tenham por objetivo um 
fim comum, sem essa vontade recíproca, não há concurso de 
pessoas, e sim o que denominamos autoria colateral. O liame 
subjetivo, é o vínculo psicológico que une os agentes para a prática 
delituosa. Desse modo, se não há o liame subjetivo entre os agentes, 
cada um responderá, por sua conduta, de modo isolado. 
Identidade de infração penal: Este último requisito, exige que, os 
agentes, unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a mesma 
infração penal, ou seja, todo esforço deve ser dirigido a prática de um 
determinada infração penal. 
 
Autoria, Coautoria e Participação: 
AUTORIA: 
Em relação a autoria o Código Penal adotou a teoria restritiva: a 
teoria restritiva, distingue autor de partícipe, considerando autor 
aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Seria 
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autor aquele que, “mata”, “subtrai”, “falsifica”, “obtém”. Assim, 
aqueles que de alguma forma auxiliem o agente que pratica o verbo 
do núcleo do tipo, sem praticar a conduta narrada por este, seriam 
considerados partícipes. 
Espécies de autoria: 
 Intelectual: o sujeito planeja a ação delituosa, constituindo o 
crime, oriundo de sua criação. 
 Autoria Direta: o autor é aquele quem executa de modo direto 
a conduta descrita no núcleo do tipo penal, sendo o autor 
direto, o executor. 
 Autoria Indireta: também conhecida de autoria mediata, o 
agente se vale de outra pessoa, que lhe serve de instrumento 
para a prática da infração penal. 
 Autoria colateral: a conduta é praticada por mais de um 
agente, todavia, não se faz presente um dos requisitos 
necessários para o concurso de pessoas, que é o liame 
subjetivo, entre os agentes que praticam a conduta. 
 Autoria incerta: decorre da autoria colateral, quando nesta, 
não se sabe quem foi o responsável pela produção do 
resultado. 
 Autoria desconhecida: não se sabe quem praticou a conduta, 
difere-se da autoria incerta, porque nesta reconhece-se os 
autores, todavia não sabe quem produziu o resultado, na 
desconhecida, tampouco se sabe quem praticou a conduta 
criminosa. 
COAUTORIA: consiste na realização conjunta, por mais de uma 
pessoa, em uma mesma infração penal. Aqui, todos agentes 
colaboram reciprocamente, objetivando o mesmo fim. Desse modo, a 
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coautoria ocorre, quando duas ou mais pessoas realizam o verbo do 
tipo, conjuntamente. 
Espécies de coautoria: 
 Direta: todos os agentes realizam a conduta descrita no tipo 
penal 
 Parcial: há divisão de tarefas executórias do delito. “Os atos do 
iter criminis são distribuídos entre os diversos autores, de modo 
que cada um é responsável por um elo da cadeia causal, desde 
a execução do momento consumativo. 
Pontos importantes: 
 Admite-se a coautoria em crimes culposos; 
 Nos crimes de mão própria não se admite coautoria. Tal 
vedação ocorre, pois, se tratam de infrações personalíssimas, 
impossibilitando a divisão de tarefas. 
 A coautoria em crime omissivo: A doutrina majoritária entende 
que é inadmissível 
 
PARTICIPAÇÃO: A participação no concurso de pessoas pressupõe a 
existência de um autor principal, que realiza a conduta principal o 
verbo descrito no tipo penal. 
Espécies de participação: 
Moral: consiste na instigação ou induzimento por parte do partícipe. 
Material: consiste no auxílio material do partícipe ao autor do crime. 
O partícipe auxilia de modo efetivo, para a ocorrência do crime, seja 
na preparação ou execução do delito. 
Pontos importantes: 
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 A doutrina fala da possibilidade da participação em cadeia. A 
participação em cadeia consiste na cooperação na ação de um 
partícipe. 
 A doutrina admite a possibilidade de participação por omissão 
em crime comissivo, quando o partícipe tinha o dever de 
jurídico de impedir o crime. 
 A participação só é punível quando ela é relevante para a 
prática da infração penal. 
 A participação e a tentativa: Se o crime não chegar pelo menos 
a ser tentado não há participação 
 
 
 
 
 
 
 
COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS: 
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COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: Trata-se de hipótese 
em que o autor principal comete delito mais grave, do pretendido 
pelo partícipe ou coautor. Consequência jurídica: O autor responde 
pelo crime mais grave, enquanto que o partícipe ou coautor responde 
pelo crime menos grave, ou seja, aquele que de fato ele queria 
praticar. Se o crime mais grave for previsível, o partícipe e o autor 
continuam respondendo pelo crime menos grave, mas com a 
possibilidade de aumento de ATÉ METADE DA PENA DESTE. 
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DAS PENAS 
CONCEITO DE PENA: Na atualidade, podemos compreender a PENA, 
como a consequência natural, imposta pelo Estado, em face daquele 
que viola uma norma penal. Desse modo, o agente que pratica um 
crime, ou seja, que comete um fato típico, antijurídico e culpável, 
tem por resposta do Estado, a imposição de uma pena, seja ela 
privativa de liberdade, restritiva de direito, ou multa. 
Das penas proibidas no Brasil: 
Pena de morte: apenas em uma hipótese tem sua aplicação 
permitida pelo ordenamento jurídico, “em caso de guerra declarada” 
De caráter perpétuo: o máximo de tempo para o cumprimento da 
pena privativa de liberdade é 30 anos, conforme prescreve o art. 75 
do Código Penal. 
De trabalho forçado: o detento/recluso não pode ser submetido a 
qualquer trabalho que humilhe a sua dignidade/honra, quando da 
execução da pena. 
De banimento: consiste na expulsão do delinquente do território 
nacional, trata-se de uma negação do direito de nacionalidade. 
Cruéis: penas que comportam em sua aplicação qualquer ato de 
crueldade, que desconsidere o homem como pessoa. 
Ponto importante: A instituição de qualquer destas penas pelo 
ordenamento jurídico é extremamente proibido. Trata-se uma 
cláusula pétrea, não podendo mesmo em caso de reforma da 
Constituição sequer ser objeto de deliberação a proposta de emenda. 
 
OS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A APLICAÇÃO DAS PENAS 
Legalidade: Decorre deste princípio a vedação de regulamento ou 
ato normativo infralegal, dar previsão de pena. Somente lei em 
sentido estrito, tem competência para estabelecer pena. 
Anterioridade: Decorre deste princípio a exigência que, a lei que 
instituía a pena seja anterior à pratica da conduta. Desse modo, a lei 
que institui a pena, deve existir anteriormente ao fato que se quer 
punir, devendo ela, estar vigente na época que o agente cometa a 
infração penal. 
Individualidade: Em face da culpabilidade e o mérito do 
sentenciado, a pena é imposta de modo individualizado a ele, por 
meio de três fases: 1- cominação; 2- aplicação; 3- execução. O 
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principal objetivo deste princípio é garantir que a pena seja aplicada 
de modo devido a cada infrator. 
Inderrogabilidade: Por força desse princípio, a pena jamais poderá 
deixar de não ser aplicada, seja qual for o fundamento. “Salvo as 
exceções previstas em lei”. 
Proporcionalidade: A pena deve ser proporcional a infração penal 
cometida pelo agente. 
Humanidade: Vedação a aplicação das penas, de morte, salvo em 
caso de guerra declarada; perpétuas; de trabalhos forçados; de 
banimento e cruéis. Previsão legal e constitucional, art. 75, do CP e 
art. 5º, XLVII da Constituição Federal. 
 
FINALIDADE DA PENA NO BRASIL: 
O Código Penal adota uma teoria mista, no que tange a 
finalidade da pena. 
A pena tem um fim especial de prevenção, segregando o delinquente 
da sociedade, e também um fim geral de prevenção, destinado a 
intimidar a sociedade. 
 
DAS ESPÉCIES DE PENAS 
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
O Código Penal prevê duas naturezas de penas privativas de 
liberdade, sendo elas: a reclusão e a detenção. 
Reclusão: Possibilidade de cumprimento da pena nos três regimes 
(fechado, semiaberto e aberto) 
Detenção: Possibilidade de cumprimento da pena, apenas nos dois 
regimes menos severos: semiaberto e aberto. 
Do regime inicial de cumprimento de pena: 
Da pena de reclusão: 
Pena imposta superior a 8 anos: inicia em regime fechado 
Pena imposta superior a 4 anos, inferior a 8 anos: inicia em 
regime semiaberto 
Pena igual ou inferior a 4 anos: inicia em regime aberto. 
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Na pena de reclusão, se o condenado for reincidente ele iniciará 
sempre no regime fechado, mesmo que, a pena imposta não seja 
superior a 8 anos. 
STF: por meio do HC 72.589-9 concedeu por unanimidade o 
deferimento do pedido de Habeas Corpus, ao sentenciado, embora 
reincidente (condenação anterior de multa) a permissão para iniciar o 
cumprimento da pena em regime aberto, desde que a pena fosse 
inferior a 4 anos. 
STJ: Súmula 269: “É admissível a adoção do regime prisional 
semiaberto aos reincidentes condenados a penal igual ou inferior a 
quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.” 
 
Da pena de detenção: 
 Pena imposta

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