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1 Processo Civil - Competência Perpetuatio iuridictionis (perpetuação da jurisdição) Em princípio, é o interesse da parte que determina a distribuição da competência territorial, e é o interesse público que determina as competências especializadas. Assim, admite-se que as partes possam modificar a competência, ou seja, alterá-la, e deste modo, classifica-se em competência absoluta e relativa. É ela determinada no momento da propositura da ação, e, desde então, são irrelevantes as modificações de estado, de fato ou de direito que venham a ocorrer, salvo se suprimir-se o órgão jurisdicional ou alterar-lhes a competência em razão da matéria ou da hierarquia (CPC - ART. 87). CPC adota o Princípio da - perpetuatio jurisdictionis - que é norma determinadora da inalterabilidade de competência objetiva, que uma vez firmada deve prevalecer durante todo o processo. Inalterabilidade objetiva - diz respeito ao juízo - órgão jurisdicional e não à pessoa do juiz que pode ser substituído. Modificação de competência A competência pode ser: absoluta ou relativa. Só é passível de modificação, a competência relativa. COMPETÊNCIA ABSOLUTA (matéria e hierarquia): Critério de interesse público, conveniência da função jurisdicional - insuscetível de ser modificada, seja pela vontade das partes ou pelos motivos legais de prorrogação - conexão e continência das causas - são absolutas a competência em razão da matéria e em razão da hierarquia (CPC – art. 111). 2 COMPETÊNCIA RELATIVA (valor da causa e territorial): Critério do interesse privado - comodidade das partes - é passível de modificação por vontade das partes ou motivos legais de prorrogação - conexão e continência - são relativas as competências em razão do valor da causa ou territorial (CPC - art. 102). Apesar de prorrogável a competência territorial, são imodificáveis: 1- ações de falência ; 2- União, ré, autora ou interveniente (art. 99); 3- Nas ações imobiliárias - 2a parte do artigo 95: “...não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.” Competência funcional e perpetuatio iurisdicionis serão sempre absolutas. Prorrogação de competência Amplia-se a esfera de competência de um órgão jurisdicional, para conhecer certas causas, que não estariam compreendidas ordinariamente em suas atribuições legais. Prorrogação de competência pode ser: 1-LEGAL: São formas mais comuns de prorrogação da competência relativa: CONEXÃO e CONTINÊNCIA – (CPC - arts. 102, 103 e 104), imposição da própria lei. 2- VOLUNTÁRIA: 3 Decorre de vontade das partes, foro de eleição ou falta de exceção ao foro competente (CPC – arts.. 111 e 114). Observe-se que a prorrogação nesses dois casos citados pressupõe-se a competência RELATIVA, visto que o juiz absolutamente competente nunca se legitima para causa. Em qualquer fase do procedimento pode, qualquer das partes invocar a incompetência absoluta, inclusive, o juiz pode declarar-se, incompetente, de ofício; até mesmo após sentença com trânsito em julgado, pode-se usar AÇÃO RECISÓRIA, para anular processo encerrado por tal vício (CPC - art. 485). Prorrogação legal CONTINÊNCIA OU CONEXÃO são as mais comuns das causas de prorrogação ou modificação de competência relativa. Só ocorrem nas causas de competência relativa. Conexão (art. 103 do CPC) Fenômeno processual que determina a junção de duas ou mais ações que tenham em comum o objeto ou a causa de pedir para processamento comum e decisão simultânea (destina-se a evitar decisões conflitantes e, segundo alguns doutrinadores, economia processual). Processo tem entre os elementos essenciais: sujeitos, objeto e causa de pedir. Exs. Ação de alimentos e investigação de paternidade, demarcatória e possessória, usucapião e reivindicatória, manutenção de posse e interdito, prestação de contas e consignatória, despejo e consignatória. O que caracteriza a conexão é a identidade parcial dos elementos da lide deduzida nos diversos tipos de processo. Duas são as modalidades de conexão: 4 1- PELO OBJETO COMUM: Diversas lides disputam o mesmo objeto (exemplo disto são os processo de execução de devedor comum, de que surjam sucessivas penhoras). 2- MESMA CAUSA DE PEDIR: Baseia-se na identidade da causa petendi, quando as ações tenham por fundamento o mesmo fato jurídico. Nem sempre o fato é único, basta a coincidência parcial dos elementos da causa de pedir. Exemplo: quando o senhorio propõe ação de despejo por falta de pagamento, e o inquilino, em ação apartada propõe a ação de consignação em pagamento. O fato jurídico (contrato) que serve de base às duas ações é um só. Portanto, o CPC somente ADMITE a conexão objetiva, ou seja, derivada de comunhão de objeto ou de causa de pedir, quando ocorrida entre processos iniciados em juízos diferentes, mas não a subjetiva. A Conexão é incabível se uma das ações já estiver sido julgada e pode ser determinada de ofício (art. 105 do CPC). Continência (art. 104 do CPC) Continência é uma conexão de maior amplitude. Nela, uma causa se contém por inteiro dentro da outra, não, apenas, no tocante à alguns elementos da lide, como na conexão, mas sim à todos. Relação de continente para conteúdo, todos os elementos da menor, fazem-se presentes na maior (CPC - ART. 104). CONTINENTE: envolve: SUJEITO, PEDIDO, CAUSA DE PEDIR, todos esses elementos se fazem presentes. 5 Difere a CONTINÊNCIA da LITISPENDÊNCIA: diferença quantitativa - na primeira, é maior o pedido (continente), parcialmente igual ao menor (conteúdo), já, na segunda há a igualdade total de todos os elementos da lide. Difere a CONTINÊNCIA da CONEXÃO: nesta é pedido OU causa de pedir, naquela é pedido E causa de pedir. A continência só pode se dar entre partes iguais, tal qual a litispendência, já a conexão, pode ocorre, inclusive, entre partes diferentes. Verificada a conexão ou continência, as ações propostas em separado serão reunidas, apensando os autos, a fim de uma única e simultânea sentença. Essa reunião de processos será efetuada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes (CPC - ART. 105). O que realmente torna imperiosa a reunião de processos, para julgamento de sentença única, é a possibilidade prática de ocorrer julgamento controvertido nas causas. Prorrogação voluntária: PODE OCORRER: 1- NA ELEIÇÃO DO FORO CONTRATUAL - CPC - ART. 111 Não se admite quanto a competência absoluta - ratione materiae e hierárquica; Competência relativa em casos patrimoniais, direitos e obrigações, é que se sujeitam ao foro convencional; Ações reais imobiliárias, exceto 2° parte do artigo 95: “...não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.”; Só produzem efeitos quando constar de cláusula de contrato escrito e aludir expressamente ao determinado negócio jurídico, vale só para o contrato em que a cláusula foi inserida CPC - ART. 111 - § 1° - O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. 6 Foro contratual obriga herdeiros e sucessores das partes; No entanto, é proibido foro de eleição em contrato de adesão, quando tiver nítido propósito de prejudicar o aderente (Declarado de ofício – parágrafo único – art. 112 CPC), pois É PRIVILÉGIO NÃO ÔNUS. A convençãosó se refere ao foro - circunscrição territorial - e não especificamente ao juiz ou vara, a eleição é objetiva e não subjetiva (juiz); 2- AUSÊNCIA DE OPOSIÇÃO DE EXCEÇÃO DECLINATÓRIA DE FORO OU JUÍZO, NO PRAZO LEGAL (RENÚNCIA TÁCITA): Ocorre quando o autor escolhe para ajuizamento da ação um foro incompetente legalmente e o réu, no entanto, deixa de opor, no prazo de direito a exceção de incompetência. Cabível apenas nas causas de competência relativa: a absoluta é insuscetível de prorrogação voluntária. Na incompetência relativa, o juiz não pode declarar-se incompetente, de ofício, só ao réu é dado recusar o juiz relativamente incompetente, não pode ser por contestação, deve ser por exceção, procedimento em separado, definido no CPC. Outros casos de prorrogação de competência: Além da conexão e continência: - AÇÕES ACESSÓRIAS - AÇÕES INCIDENTAIS: Resultam da decisão em outro processo ou prestam a colaboração na eficácia de outro processo, se ligam ao juiz anterior por regra de competência funcional, mesmo após o encerramento do primeiro feito, continua sendo do juiz da causa principal. CPC - ART. 109. 7 Prevenção Conexão e continência: são critérios de modificação de competência (não de determinação de competência), que em concreto, tocou ao outro órgão que não aquele que se tornou prevento. PREVENÇÃO: Prefixação da competência para todo o conjunto das diversas causas do juiz que primeiro tomou conhecimento da lide, agora coligada por conexão ou continência. CPC - ART. 263 e 219. Prevento, o juízo, competência de juízo, dentro da mesma comarca: simples distribuição da ação (CPC, ART. 263); despacho da inicial (CPC, ART. 106). Comarcas diferentes: citação válida torna prevento o juízo que a promoveu. No caso de uma das competências ser absoluta, essa será a preventa, ainda que contrarie as regras citadas. Conexão e continência influem apenas sobre os processos pendentes, no mesmo grau de jurisdição. Encerrado um dos processos pendentes ou proferidas as sentenças, ainda que haja interposição de recurso, não se fala em conexão ou continência, frente a outra ação que se venha a ajuizar. Recurso no Tribunal pode reunir processos. O juiz não pode deixar de acolher o pedido de reunião de ações, negada a fusão dos processos, haverá nulidade da sentença que julgar separadamente ema das ações, se do fato verificar-se o risco de julgamento conflitante. (CPC - ART. 105). 8 Declaração de incompetência COMPETÊNCIA: pressuposto da regularidade do processo e admissibilidade da tutela jurisdicional. Ao receber a petição inicial o juiz deve em primeiro lugar verificar se é competente, feito de maneira implícita pelo deferimento da inicial, se a competência é posta em dúvida pela parte juiz se manifesta expressamente a respeito. Espécies de reconhecimento da competência: � Espontânea: - juiz ordinariamente, tacitamente; � Provocada: deve ser expressa Em ambos os casos, podem ser positivamente ou negativamente. Incidentes pelos quais as controvérsias em torno da competência podem ser resolvidas 1- EXCEÇÃO DE COMPETÊNCIA RELATIVA: Para afastar o juiz relativamente incompetente, da relação processual, deverá o réu instalar o incidente denominado Exceção de Incompetência (artigos 304 a 311 do CPC). Se o réu não opuser a exceção dentro do prazo, decorre automaticamente a prorrogação de competência do juiz da causa. O juiz não pode declara-se incompetente de ofício. CPC - ART. 112 e 114. 2- ARGÜIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA: Não é necessária a argüição da exceção, não há prorrogação de competência, o juiz deve declara- se incompetente ex officio, se, assim, não o fizer a parte pode alegá-la por meio de simples petição, em qualquer fase do processo o grau de jurisdição. 9 Entretanto, não proposta no momento adequado, a parte que não o fez, arca com o ônus das custas do processo, inutilmente desenvolvido. O prazo é o da contestação ou o da primeira oportunidade. Reconhecida a incompetência absoluta, a nulidade atinge o processo, no tocante aos atos decisórios. Juiz competente: aproveitará todos os atos probatórios já praticados. Pode, ainda, ser objeto de anulação, por incompetência absoluta, em ação rescisória de sentença transitada em julgado, prolatada por juiz absolutamente incompetente. (CPC - ART. 113 e 485). 3- CONFLITO DE COMPETÊNCIA: (arts. 116 a 124 CPC) Só é cabível quando não houver sentença transitada em julgado. É inadmissível que, simultaneamente, mais de um órgão judiciário seja igualmente competente para julgar e processar a mesma causa. CPC - ART. 115 � CONFLITO POSITIVO: CPC - ART. 115, I: Não é necessário que haja decisão expressa de um ou de ambos os juízes a respeito da própria competência e da incompetência do outro, basta a prática de ato com reconhecimento implícito de sua própria competência. � CONFLITO NEGATIVO: CPC - ART. 115, II: Compete ao Tribunal superior aos juízes conflitantes dirimir o conflito. Se entre Tribunais; entre Tribunais e juízes à ele não vinculado; entre juízes de tribunais diversos, compete, a resolução do conflito ao STJ. CF - ART. 102 e 105. Legitimação para suscitar o conflito e procedimento do conflito Legitimação para suscitar o conflito: cpc - art. 116: � Juiz; 10 � Parte; � Ministério Público. Procedimento do conflito: CPC - ART. 118 1- Iniciativa do juiz de ofício ao presidente do tribunal; 2- Iniciativa da parte (autor ou réu), ministério público - através de petição. Sobresta o processo, a causa fica paralisada no aguardo de definição do Tribunal, autos retidos em poder do juiz suscitante. Desembargador Relator: designa, em caráter provisório, um dos juízes para resolver as medidas urgentes. Julgado o conflito, os autos serão remetidos ao juiz declarado competente (CPC - ART. 120 e 122).
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