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DIREITO AMBIENTAL – PONTO 16

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DIREITO AMBIENTAL – PONTO 16
Recursos hídricos.
ATUALIZADO EM AGOSTO/2012 – ALEXEY S. PERE
Águas na CF/88
Domínio da União: art. 20, III a VIII, CF
É importante também atentar para o art. 176 e § 4o, que versam sobre os princípios gerais da atividade econômica. Os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.
Domínio dos E e dos M: art. 26, I a III, CF
Competência legislativa: é exercida privativamente pela União (art. 22, IV, CF). Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas (parágrafo único).
Cabe uma produção legislativa dos Estados, do DF e dos Municípios sobre águas, desde que voltada para o combate à poluição e para a proteção do meio ambiente (conforme a predominância do interesse).
O Regime jurídico dos recursos hídricos
As águas podem estar submetidas a regimes jurídicos de D. Privado ou de D. Público; podem ser de propriedade pública ou privada e, qualquer que seja o regime jurídico ao qual estejam submetidas, são merecedoras de tutela jurídica especial.
Não é recente a preocupação do D. Brasileiro com as águas. A proteção às águas já era tratada na legislação colonial, sobretudo as Ordenações Filipinas, decretadas em 11.01.1603.
Atualmente, o principal instrumento é o Código de Águas (Dec. 24.643/34). Outras normas:
a) CC;
b) L. 4.466/64;
c) L. 5.357/67;
d) L. 6.050/74;
e) L. 6.662/79;
f) L. 6.938/81;
g) Resoluções CONAMA 20/86 e 05/88;
h) CP.
O importante da legislação brasileira de recursos hídricos é que, mesmo antes da L. 6.938/81, o Código de Águas e as demais normas jurídicas voltadas para a proteção dos recursos hídricos já estavam fundamentados em concepção jurídica que contemplava, simultaneamente, a proteção da saúde humana, com a proteção da qualidade ambiental das águas e com a proteção e manutenção do valor que as mesmas ostentam para o desenvolvimento econômico e social.
Conceitos básicos do Código de Águas
Primeiramente, vale salientar que a diferença fundamental entre o CC brasileiro e o Código de Águas está no fato de que o Código de Águas enfoca as águas como recursos dotados de valor econômico para a coletividade. É a partir de uma ótica intervencionista que devem ser compreendidos os institutos jurídicos estabelecidos pelo Código de Águas.
O Código de Águas divide as águas em 3 categorias básicas:
1. Públicas
De uso comum
a) os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, bahias, enseadas e portos;
b) as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis;
c) as correntes de que se façam estas águas;
d) as fontes e reservatórios públicos;
e) as nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si só, constituam o "caput fluminis";
f) os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade ou flutuabilidade;
g) as situadas em zonas periodicamente assoladas pela seca, nos termos e de acordo com a legislação especial sobre a matéria.
Dominicais: são aquelas situadas em terrenos que ostentem a condição de domínio público dominical, quando não forem do domínio público de uso comum, ou não forem comuns.
2. Comuns: são as correntes não navegáveis ou flutuáveis
3. Particulares: as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns.
Em relação a seus proprietários, águas públicas podem se classificar em:
1. Federais. Quando:
sejam marítimas;
estejam situadas em territórios federais;
sirvam de limites da República com as nações vizinhas ou se estendam a território estrangeiro;
quando situadas na zona de 100km contígua aos limites da República;
quando sirvam de limites entre dois ou mais Estados;
quando percorrerem parte do território de dois ou mais Estados.
2. Estaduais. Quando:
sirvam de limites a dois ou mais municípios e
quando percorram parte dos territórios de dois ou mais municípios.
3. Municipais. Quando exclusivamente situadas em seu território, respeitadas as restrições que possam legalmente ser impostas.
Art. 9º Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto. (em sentido comum é o leito do rio)
Art. 89. Consideram-se "nascentes" para os efeitos deste Código, as águas que surgem naturalmente ou por indústria humana, e correm dentro de um só prédio particular, e ainda que o transponham, quando elas não tenham sido abandonadas pelo proprietário do mesmo.
Art. 102. Consideram-se águas pluviais, as que procedem imediatamente das chuvas.
Rio: curso de água que é apto para navegação ou flutuação, bastando que essa aptidão exista em algum trecho nos termos do art. 6o do DL 2.281/40. Se assim não for, a corrente deverá denominar-se córrego, ribeirão, riacho, arroio, etc.
Bacia hidrográfica: área cujo escoamento das águas superficiais contribui para um único exutório. Área de drenagem de um curso d’água ou lago. Área total drenada por um rio e seus afluentes. Conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. São grandes superfícies limitadas por divisores de águas e drenadas por um rio e seus tributários.
Lago: extensão de água cercada de terras.
Lagoa: lago pouco extenso. No Brasil é corrente chamar lagoa a qualquer lago.
Corrente: águas que correm, que não se acham estagnadas; corrediço, corredio. O curso das águas de um rio, de um ribeiro, de um regato; correnteza.
Desapropriação de recursos hídricos
Está prevista nos arts. 32 e 33 do Código de Águas:
Art. 32. As águas públicas de uso comum ou patrimoniais, dos Estados ou dos Municípios, bem como as águas comuns e as particulares, e respectivos álveos e margens, podem ser desapropriadas por necessidade ou por utilidade pública:
a) todas elas pela União;
b) as dos Municípios e as particulares, pelos Estados;
c) as particulares, pelos Municípios.
Art. 33. A desapropriação só se poderá dar na hipótese de algum serviço público classificado pela legislação vigente ou por este Código.
São aplicáveis as hipóteses do art. 2o, § 2o e 5o, do DL 3.565/41, e as disposições da L 4.132/62 (especialmente art. 2o, VI e VII)
Obrigação de conservação da qualidade das águas: arts. 109 a 118 do Código de Águas.
As águas submetidas ao regime jurídico de direito privado
Apesar da existência do Código de Águas, que regulamentou a apropriação e a utilização pública e privada das águas, remanescem as normas do CC brasileiro quanto ao particular (encontra-se regulada no direito de vizinhança – art. 1288 e seguintes).
Os direitos e obrigações recíprocos que são estabelecidos pelo CC dizem respeito à garantia do livre fluxo das águas do prédio superior para o prédio inferior, da obrigação de receber as águas que fluem normalmente, etc. A matéria encontra-se também no Código de Águas, em seus artigos 68/138.
Principais direitos:
a) 	o que tem o dono do prédio superior de facilitar o escoamento das águas mediante abertura de sulcos e drenos;
b) 	o que tem o proprietário do prédio inferior de facilitar o escoamento natural das águas com a abertura de canais e valetas;
o de captar as águas de que se serve;
o que tem o dono do prédio superior de utilizar-se livremente das águas de fonte não captada para satisfazer suas necessidades;
o que tem o proprietário do prédio inferior sobre as sobras de fonte não captada pelo prédio superior;
o de captar água de fonte;
o de utilizar-se das águas pluviais;
o de aproveitar águas de rios públicos;o de canalizar, através de prédios alheios, as águas a que tenha direito;
o de captar águas dos rios que banhem ou atravessem seu terreno;
o de alterar o álveo da corrente que atravessa seu imóvel, desde que mantendo o mesmo ponto de saída para o prédio inferior.
Principais obrigações:
a) a que tem o dono do prédio inferior de receber as águas que correm naturalmente do superior, isto é, as águas correntes por obra da natureza e as águas pluviais;
b) a que tem o dono do prédio superior de não aumentar o ímpeto das águas, reunindo-as num só curso;
c) a que tem o dono do prédio inferior de consentir que o proprietário do prédio superior penetre seu terreno para a execução de trabalhos de conservação e limpeza;
d) a do dono do prédio superior de não impedir o curso natural das águas pelos prédios inferiores;
e) a de permitir, através de seus prédios, o aqueduto;
f) a de não captar toda a água corrente que atravessa ou banha seu terreno, para não privar o dono do prédio vizinho da parte que lhe toca;
a que tem o dono do prédio superior de não piorar a situação do prédio inferior, com as obras que fizer para facilitar o escoamento das águas.
Regime de prescrição. Vem tratado no art. 79 do Código de Águas
Art. 79. É imprescritível o direito de uso sobre as águas das correntes, o qual só poderá ser alienado por título ou instrumento público, permitida não sendo, entretanto, a alienação em benefício de prédios não marginais, nem com prejuízo de outros prédios, aos quais pelos artigos anteriores é atribuída a preferência no uso das mesmas águas.
        Parágrafo único. Respeitam-se os direitos adquiridos até a data da promulgação deste código, por título legítimo ou prescrição que recaia sobre oposição não seguida, ou sobre a construção de obras no prédio superior, de que se possa inferir abandono do primitivo direito.
Norma do Código de Águas referente ao aproveitamento de águas comuns e particulares
Art. 68. Ficam debaixo da inspeção e autorização administrativa:
        a) as águas comuns e as particulares, no interesse da saúde e da segurança pública;
        b) as águas comuns, no interesse dos direitos de terceiros ou da qualidade, curso ou altura das águas públicas.
A Política Nacional de Recursos Hídricos
Está estabelecida pela L. 9.433/97.
Princípios basilares: art. 1o. 
Objetivos: art. 2o 
Instrumentos: art. 5o 
Planos de recursos hídricos: arts. 6o e 7o 
Enquadramento dos corpos de água em classes: art. 9o
Outorga de direito de uso de recursos hídricos 
Juntamente com o estabelecimento da cobrança pela utilização dos recursos hídricos, este é um dos fatores mais importantes nas modificações trazidas pela nova legislação. 
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
Direitos submetidos ao regime de outorga: art. 12
A outorga deve ser tida como um instituto jurídico administrativo intermediário entre a autorização e a licença administrativa. Embora não seja concedida em caráter precário, igualmente não o é de forma definitiva. Hipóteses de suspensão da outorga: art. 15.
Cobrança pela utilização dos recursos hídricos
A cobrança pelo uso da água está inserida em um princípio geral do D. Ambiental que impõe àquele que, potencialmente, auferirá os lucros com a utilização dos recursos ambientais, o pagamento dos custos. A cobrança objetiva reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor, incentivar a racionalização do uso da água e obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
Objetivos: art. 19
Aplicação dos recursos: art. 22
Administração dos recursos hídricos - ver arts. 32 a 40
Infrações e penalidades – art. 49 e 50
Agência de Água – arts. 41 a 44
Organizações Civis de Recursos Hídricos – art. 47 da L. 9.433/97
Agência Nacional de Águas – ANA
Criada pela L. 9.984/00. Tem o papel de ser a entidade encarregada de dar execução às decisões políticas capazes de definir usos adequados para os recursos hídricos brasileiros, atendendo às diferentes necessidades nacionais de forma equilibrada e contemplando todos os usos e velando para que uns não se sobreponham aos outros, assegurando o equilíbrio entre as diferentes demandas dos diferentes usuários.
Conselho Nacional de Recursos Hídricos – de acordo com a L. 9.433/97, compete a este Conselho promover a articulação dos planejamentos nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários elaborados pelas entidades que integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e formular a Política Nacional de Recursos Hídricos. Este Conselho não possui competências executivas, que pertencem à ANA.
A ANA não possui autonomia administrativa frente à Administração (diferentemente da ANEEL, ANATEL e ANP), pois é organizada sob a forma de autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Competência da ANA: art. 4o da L. 9.984/00
Exceções à competência da ANA. São exceções que implicam a utilização do Poder Regulamentar em níveis superiores aos de uma simples agência administrativa. É o caso das restrições à utilização normal e regular dos recursos hídricos quando envolverem a aplicação de racionamentos preventivos, que somente poderão ser promovidas mediante a observância de critérios a serem definidos em decreto do Presidente da República.
A ANA poderá delegar ou atribuir a agências de água ou de bacia hidrográfica a execução de atividades de sua competência (art. 44 da L. 9.433/97)
A outorga administrativa como instrumento de gestão de recursos hídricos –Art. 5o Nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União, serão respeitados limites de prazos, contados da data de publicação dos respectivos atos administrativos de autorização. As outorgas de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica vigorarão por prazos coincidentes com os dos correspondentes contratos de concessão ou atos administrativos de autorização
Outorga preventiva e declaração de reserva de disponibilidade hídrica
O autor critica o termo “outorga preventiva”. Ela não confere direito de uso de recursos hídricos. O seu único objetivo é o de reservar a vazão passível de outorga, possibilitando aos investidores o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. Trata-se de uma declaração feita pelo poder público dirigida a um determinado empreendedor, no sentido de que, em tese, há vazão suficiente para o empreendimento projetado. Há uma certa similaridade com a licença prévia. Ver art. 6o.
Figura assemelhada à outorga preventiva é a “declaração de reserva de disponibilidade hídrica”, que é um documento essencial sempre que a ANEEL for promover licitação com o objetivo de autorizar ou conceder o uso de potencial de energia hidráulica em corpo de água de domínio da União. Ver art. 7o.
Estrutura Administrativa da ANA
A ANA é dirigida por uma Diretoria Colegiada, composta por cinco membros, nomeados pelo Presidente da República, com mandatos não coincidentes de quatro anos, admitida uma única recondução consecutiva, e contará com uma Procuradoria.
O art. 10 estabelece uma estranha estabilidade para os membros da diretoria da ANA, que, na visão do autor, não encontra qualquer amparo constitucional (a preocupação é saudável, pois revela a necessidade da agência ter uma direção profissional e não meramente política; contudo, não há tal previsãona CF).
Atividades vedadas aos dirigentes: art. 11
Atribuições da Diretoria: art. 12
Atribuições da Procuradoria: Art. 14
O autor crítica a atribuição de defesa judicial dos dirigentes, pois à AGU cabe a atuação em defesa do Estado e do Erário.
OUTORGA DE DIREITOS DE RECURSOS HÍDRICOS
 	-conceito: outorga do direito de uso dos recursos hídricos é o ato administrativo de autorização mediante o qual o Poder Público outorgante faculta ao outorgado o direito de uso do recurso hídrico por prazo determinado nos termos e condições expressos no respectivo ato. 
 	-natureza jurídica: outorga é uma AUTORIZAÇÃO. [Instrução normativa n. 4; art. 4º, IV, Lei 9.984/00]
 			-obs.: trata-se de uma autorização, mas com peculiaridade próprias do direito ambiental, e não como as características típicas do direito administrativo. Somente poderá ser revogada quando devidamente motivada.
 			-Paulo Afonso, o Poder Público não poderá deixar de conceder a outorga se o indivíduo cumprisse todos os requisitos. Não seria mera discricionariedade do Poder Público. A autorização não garante a perpetuidade da autorização, mas nem por isso ela seria precária. Existem prazos, e estes devem ser respeitados.
 	-prazo: até 35 anos, podendo ser renovado. [art. 16, Lei 9.433/97]
 	-finalidade: outorga serva para definir as condições pelas quais o usuários dos recursos hídricos poderá captá-lo ou nele lançar efluentes dentro de critérios técnicos que assegurem a sustentabilidade do recurso.
 	-competência para conceder: a outorga deve ser solicitada para a entidade de direito público que detenha a titularidade do corpo hídrico, ou quem lhe faça as vezes.
 		-aquele que detiver a gestão do recurso é quem deve dar a autorização para a utilização do recurso.
 		-o mais usual é que a entidade crie uma pessoa jurídica para a análise desses pedidos. 
 		 	recursos hídricos que estão sob a gestão da União: ANA.
 			recursos hídricos que estão sob a gestão da União: dependerá da estrutura de cada Estado. [no Estado de São Paulo – DAEE]
	-obrigatoriedade: outorga nem sempre será necessária.
 		usos que estão sujeitos à outorga [art. 12, caput, Lei 9.433/97]
 			a)captação de água
 			b)extração de água de aqüífero subterrâneo
 			c)lançamento de esgoto e resíduos em corpo de água
 				-“(...) tratados ou não (...)” – o que se cobra é o uso do recurso. Tanto aquele que lança o efluente dentro dos padrões deverá pagar.
 			d)aproveitamento dos potenciais hidrelétricos
 			e)outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
 		hipóteses de uso isento de outorga ou de não exigibilidade de outorga [art. 12, § 1º, Lei 9.433/97] 
 			a)satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
 			b)derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
 			c)acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
	Segundo Edis Milaré será o plano que deverá estabelecer quais os casos em que não deverá haver a outorga. 
 	-especificamente sobre a outorga para fins de geração de energia elétrica: estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos.
	
	outorga x licenciamento ambiental
 	-questionamento prático quanto a qual deles vem primeiro.
 	-outorga deverá preceder a realização do licenciamento.
 	-fundamento jurídico: [art. 1º, § 1º, Resolução CONAMA 237/97]
 	-no corpo do licenciamento ambiental a existência da outorga é um pressuposto, quando o empreendimento estiver relacionado com a utilização de recurso hídrico. [art. 10, Resolução CONAMA 237/97 – “a outorga para o uso da água emitida pelos órgãos competentes.”]
	outorgas específicas previstas pela Lei da ANA
 	outorgas preventivas ou preliminares [gênero]
 		1outorga preventiva para declaração de disponibilidade de água [art. 6º, Lei 9.984/00]
	
		-se destina a reservar a vazão passível de outorga possibilitando o planejamento de empreendimento que necessitem desses recursos. [a entidade concedente já fica informada qual a demanda a ser utilizada pelo empreendimento]
 		
	-outorga preventiva não confere o direito de uso; [com a concessão dessa outorga ainda não é possível a utilização do recurso] 
 				obs.: se mudar a situação pode ser que a outorga já concedida seja suspensa. A depender do motivo pode ser que não seja possível indenização.
	a outorga preventiva deve observar as condicionantes das outorgas em geral. 
	toda outorga estará condicionada às prioridade de uso estabelecidas no Planos de recursos hídricos.
	a outorga deverá preservar o uso múltiplo dos recursos.
	-prazo de validade para a outorga preventiva: máximo de 3 anos.
	fixado de acordo com o planejamento do empreendimento.
	2declaração de reserva de disponibilidade hídrica para uso do potencial de energia hidraulica
 			-outorga que possui um objetivo específico. [art. 7º, caput, Lei 9.984/00 – “Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica (...)”]
 				-obtenção de energia por meio da utilização do recurso hídrico.
 				-ato que antecede a própria abertura da licitação.
 			-a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica e ANA/Agência do Estado trabalham em conjunto.
	COBRANÇA PELO USO DO RECURSO HÍDRICO
 	-Código de Águas (1.934) já previa a possibilidade da cobrança.
	
	-Lei da Política Nacional do Meio Ambiente  previsão do Princípio do Usuário Pagador. [art. 4º, VII, segunda parte, Lei da Política Nacional]
 	-objetivos da cobrança: [art. 19, Lei 9.433/97]
 		a)reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;
 		b)incentivar a racionalização do uso da água;
 			cobrança como forma de incentivar a racionalização do uso da água.
 		c)obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
	 	-cobrança do uso dos recursos hídricos nos termos do art. 12. [art. 20, Lei 9.433/97]
 		-nas hipóteses em que não houver outorga não haverá cobrança.
	 	-fixação do valor da cobrança: [art. 21, Lei 9.433/97]
 		a)nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação;
 		b)nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.
Lei 9.433/97
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação; 
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.
 	-aplicação dos valores: 
I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;
II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
 	-natureza jurídica da cobrança: preço público [Maria Luiza Machado Granzieri; Paulo Afonso, Paulo Bessa; Edis Milaré]
		-fundamento: paga-se pelo uso privativo da água em detrimento dos demais.
		-cobrança não tem natureza de tributo.
			não é imposto, trata-se de uma cobrança vinculada.
			não é taxa, não é hipótese de utilização de serviço público ou exercício do poder de polícia.
			não é contribuição de melhoria.
	cobrança no caso da suspensão da outorga
 	-tem-se entendido que no caso da suspensão da outorga a cobrança pode ser cessada. 
	cobrança e o caso do art. 50, III e IV, Lei 9.433/97
 	-EMBARGO PROVISÓRIO DA OBRA [art. 50, III, Lei 9.433/97] - como não há suspensãoda outorga, a doutrina tem entendido que a cobrança deve persistir.
	-EMBARGO DEFINITIVO DA OBRA [art. 50, IV, Lei 9.433/97]– como há suspensão da outorga, a doutrina tem entendido que a cobrança não deve persistir.
JURISPRUDÊNCIA:
STJ:
PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - CAPTAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS - OUTORGA - NÃO COMPROVAÇÃO - FALTA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA - ATRIBUIÇÃO DO PODER EXECUTIVO - DILAÇÃO PROBATÓRIA - DESCABIMENTO. 1. A Lei 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, estipula que a exploração de recursos hídricos está sujeita a outorga pelo Poder Público (art. 12), de modo que somente se legitima a questionar judicialmente, em mandado de segurança, ato da autoridade pública que visa impedir a captação de água, quem é detentor de outorga do Poder Público para a referida exploração. 2. A inexistência de comprovação, no ato da impetração, da referida outorga impede o exame de eventual direito líquido e certo do impetrante à captação de recursos hídricos, uma vez que o mandado de segurança pressupõe a juntada aos autos de prova pré-constituída do direito alegado, não podendo haver dilação probatória, nessa via. 3. A concessão da outorga não pode ser conferida pelo Poder Judiciário, em sede de mandado de segurança, pois, nos termos do art. 14 da citada Lei, a competência de tal ato é atribuída exclusivamente a autoridade do Poder Executivo Federal, Estadual ou Distrital. Ademais, os requisitos para essa concessão não podem ser aferidos nesta seara processual, que sequer admite dilação probatória. 4. Recurso especial improvido.
(ROMS 200501594346, ELIANA CALMON, STJ - SEGUNDA TURMA, 20/06/2007)
TRF1:
ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO. PORTARIA Nº 283/97 DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DNAEE. OUTORGA DE CONCESSÃO PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA NO RESERVATÓRIO BILLINGS PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO PELO SERVIÇO MUNICIPAL DE ÁGUA E SANEAMENTO DE SANTO ANDRÉ - SEMASA. USINA HIDRELÉTRICA DE HENRY BORDEN. POTENCIAL HIDRELÉTRICO. COMPETÊNCIA DA UNIÃO. MONOPÓLIO LEGAL DO ESTADO-MEMBRO INEXISTENTE. SERVIÇO PÚBLICO DE INTERESSE LOCAL. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. SERVIÇOS MUNICIPAIS AUTÔNOMOS DE ÁGUA E ESGOTO. ART. 293. AUTONOMIA MUNICIPAL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEI ESTADUAL Nº 119/73. INTERESSE PÚBLICO. COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO ESTADUAL PARA ATUAR COMO PODER CONCEDENTE. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA ANEEL. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 2. O art. 21, XIX, da Carta Política dispõe que compete à União "instituir sistema nacional degerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso". 3. Não há no ordenamento jurídico qualquer norma que estabeleça o regime de monopólio na prestação de serviço público de tão relevante importância para a sociedade. Ao contrário, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 30, V, atribui aos municípios competência para "organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial". 4. Se não há vedação à prestação do serviço pelos entes municipais, se não há monopólio atribuído ao Estado-membro, e considerando o interesse local do fornecimento de água, não se afigura ilegal a participação dos municípios neste processo. 8. A prestação de serviço de fornecimento de água aos munícipes pela prefeitura atende ao interesse público, pela essencialidade que lhe é peculiar. (AC 0036229-81.1997.4.01.3400/DF, Rel. Desembargadora Federal Selene Maria De Almeida, Quinta Turma,e-DJF1 p.334 de 20/08/2010) 
AMBIENTAL. LICENCIAMENTO PRÉVIO E INSTALAÇÃO DE USINA TERMOELÉTRICA. SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. COMPETÊNCIA DO IBAMA PARA O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA). RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA). PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO. 2. Caracterizado o significativo potencial de impacto ambiental que o empreendimento representa, com incidência direta e indireta, sobre áreas do mar territorial e de mangue, em face da política nacional de recursos hídricos e política de preservação dos manguezais. 3. A legislação atinente à espécie fixou a área sob influência direta dos impactos ambientais do empreendimento como elemento definidor da competência para o licenciamento ambiental. Correta a decisão impugnada ao prestigiar a competência do IBAMA, uma vez que compete à autarquia o licenciamento previsto em caso de dano de âmbito nacional e regional. A zona costeira do país não conhece divisões políticas. 4. Incidência do princípio da precaução, princípio de Direito Internacional que deve reger as decisões administrativas e judiciais em questões que envolvam o meio ambiente. Se há suspeitas de que determinada autorização para exploração de área considerável de recursos vegetais está eivada de vício, o princípio da precaução recomenda que em defesa da sociedade não seja admitida a exploração da área em questão, pois pode ser causado ao meio ambiente prejuízo de caráter irreversível. 5. Em sede de matéria ambiental, não há lugar para intervenções tardias, sob pena de se permitir que a degradação ambiental chegue a um ponto no qual não há mais volta. 6. Agravo de instrumento improvido. (AG 2008.01.00.025509-1/MA, Rel. Desembargadora Federal Selene Maria De Almeida, Quinta Turma,e-DJF1 p.976 de 21/11/2008)
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA EX OFFICIO. CONSTRUÇÃO DE USINA HIDRELÉTRICA EM RIO DE DOMÍNIO DA UNIÃO E QUE ATRAVESSA ÁREAS DE TERRAS INDÍGENAS. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL. LICENCIAMENTO AMBIENTAL: COMPETÊNCIA DO IBAMA. APROVEITAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS EM TERRAS INDÍGENAS: NECESSIDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. 1. O aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas somente pode ser efetivado por meio de prévia autorização do Congresso Nacional, na forma prevista no artigo 231, § 3º, da Constituição Federal. Essa autorização deve anteceder, inclusive, aos estudos de impacto ambiental, sob pena de dispêndios indevidos de recursos públicos. 2. Também, é imprescindível a intervenção do IBAMA nos licenciamentos e estudos prévios relativos a empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional, que afetarem terras indígenas ou bem de domínio da União (artigo 10, caput, e § 4º, da Lei nº 6.938/81, c/c artigo 4º, I, da Resolução nº 237/97, do CONAMA). 3. Remessa oficial desprovida. Sentença mantida. (REO 1999.01.00.109279-2/RR, Rel. Desembargador Federal Souza Prudente, Conv. Juiz Federal Moacir Ferreira Ramos (conv.), Sexta Turma,DJ p.9 de 29/01/2007)
DIREITO AMBIENTAL. HIDROVIA PARAGUAI-PARANÁ. PORTO DE MORRINHOS, NA REGIÃO DE CÁCERES/MT. PRETENSÃO DE CONSTRUÇÃO PARA INCREMENTO DA NAVEGAÇÃO CINCO VEZES A CAPACIDADE ATUAL. LICENCIAMENTO REQUERIDO À FEMA/MT E EIA/RIMA ISOLADO. LIMIAR DO PANTANAL MATOGROSSENSE ("PATRIMÔNIO NACIONAL" E "PATRIMÔNIO NATURAL DA HUMANIDADE"). ADAPTAÇÃO DA HIDROVIA PROPRIAMENTE DITA. CONSEQÜÊNCIA INEVITÁVEL. IMPACTO AMBIENTAL DE CARÁTER REGIONAL. COMPETÊNCIA DO IBAMA PARA O LICENCIAMENTO. APRECIAÇÃO CONJUNTA DO PEDIDO DE LICENCIAMENTO DAS DIVERSAS OBRAS. NECESSIDADE. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO. CONSULTA ÀS POPULAÇÕES ATINGIDAS. EXIGÊNCIA IMPLÍCITA. 5. O projeto de construção do Porto de Morrinhos, em face de sua localização e da finalidade de incrementar cinco vezes a capacidade de navegação no Rio Paraguai, poderá causar graves conseqüências ambientais ao Pantanal Matogrossense, a cujo respeito dispõe a Constituição que constitui "patrimônio nacional" e que "sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais" (art. 225, § 4º). 6. A inexistência de um projeto global, formalmente estabelecido, de reconstrução da hidrovia Paraguai-Paraná não significa que o EIA/RIMA para efeito de licenciamento do projeto do Porto deMorrinhos possa ser feito isoladamente. Ao contrário, depende de estudo de impacto ambiental, senão unitário, concomitante de todas as inevitáveis adaptações no trecho da hidrovia que corta o Pantanal Matogrossense, precedido de autorização do Congresso Nacional relativamente ao(s) segmento(s) em que há reserva(s) indígena(s). 7. A fragmentação da realidade, em casos da espécie, serve aos interesses econômicos, em detrimento dos interesses ambientais. Cumpre a finalidade de vencer furtiva e gradativamente as resistências, utilizando-se, inclusive, de arma psicológica. Uma etapa abre caminho e força a outra, sob o argumento de desperdício de recursos, até a conquista final do objetivo. Construído isoladamente o Porto de Morrinhos, o Pantanal Matogrossense ficará literalmente "sitiado". Em tal situação a autoridade administrativa, na tomada de decisão, e o Poder Judiciário, no papel de controle, não podem circunscrever o exame ao fragmento fático, isolado do conjunto sistêmico, nem às regras legais, isoladas da Constituição. 8. Competência administrativa do IBAMA para apreciar o pedido de licenciamento ambiental do Porto de Morrinhos, em face do caráter regional dos impactos ambientais, só podendo fazê-lo juntamente com a apreciação de pedido(s) de licenciamento das conseqüentes obras de adaptação da hidrovia ao fluxo de embarcações e cargas que o novo porto provocará no trecho que atravessa o Pantanal Matogrossense, dependente tal licenciamento, ainda, de prévia autorização do Congresso Nacional para a intervenção em áreas indígenas. 9. Os princípios da prevenção e da precaução conduzem à conclusão que o referido porto só poderá ter sua construção liberada caso se verifique, mediante aprofundada pesquisa, que inexistem riscos de significativa degradação ambiental ao Pantanal Matogrossense ou sejam encontradas alternativas técnicas para preveni-los. Preserva-se, ao mesmo tempo, o princípio da proporcionalidade ("versão balanceada" dos princípios da prevenção e da precaução): não se admite que o porto seja licenciado isoladamente, mas não se vai ao ponto de exigir licenciamento unitário e global de todo o trecho brasileiro da Hidrovia Paraguai-Paraná, nas suas mais de duzentas obras. 10. Na exigência de que no processo de licenciamento do Porto de Morrinhos seja levada em conta a repercussão física e social da obra na região pantaneira está implícita a necessidade de consulta às populações atingidas, por meio de audiências públicas. 11. Em face da natureza da causa e da sucumbência recíproca, deixa de haver condenação em honorários de advogado. 12. Parcial provimento à remessa oficial e às apelações. (AC 200036000106495, DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, 05/10/2007)
CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. JULGAMENTO DO MÉRITO PELO TRIBUNAL (CPC, ART. 515, § 3º, REDAÇÃO DA LEI Nº 10.352/2001). HIDROVIA PARAGUAI-PARANÁ. AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL QUE SE FAZ INDISPENSÁVEL DIANTE DA CONCRETUDE DAS INTERVENÇÕES EFETIVADAS A TÍTULO DE "ESTUDOS" (CF, ART. 231, § 3º). APELAÇÃO PROVIDA. 2. "O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei." (Constituição Federal, art. 231, § 3º). 3. Interpretação teleológica da norma leva à conclusão de que não importa se a ação do Estado se dá sob o título de "estudo" ou de efetivo "aproveitamento dos recursos hídricos". Intervenções concretas ao bem estar das comunidades indígenas, ainda que sob o nome de "estudos" só podem ser efetivadas se precedidas da necessária autorização do Congresso Nacional. 4. A intervenção do Congresso Nacional no processo de implementação da hidrovia, por afetar diretamente interesses indígenas, não pode ser postergada para momento imediatamente anterior à execução das obras que se realizarão a fim de implantá-la. (AC 1999.01.00.068811-3/MT, Rel. Desembargadora Federal Selene Maria De Almeida, Quinta Turma,DJ p.39 de 29/07/2005)
TRF4:
INDENIZAÇÃO. SUPRESSÃO DAS SETE QUEDAS PELA CONSTRUÇÃO DA USINA ITAIPU BINACIONAL. COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS PARA FINS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. CRITÉRIOS QUE NÃO FORAM REGULAMENTADOS. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. MÉRITO ADMINISTRATIVO. PREJUÍZOS ECONÔMICOS. BEM DA UNIÃO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. INDENIZAÇÃO DESCABIDA. 1. Embora o Decreto n. 01/91 tenha deixado de regulamentar matéria, que por determinação legal (art. 5º da Lei n. 7.990/89), deveria ter sido regulamentada, não há como o Judiciário suprir a omissão para escolher os demais critérios para compensação financeira mediante a valoração do que possa ser considerado interesse público regional ou local. Essa escolha, envolve, portanto, a discricionariedade da Administração. (APELREEX 199970040101767, MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA, TRF4 - TERCEIRA TURMA, 01/07/2009)
TRF5:
ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO DE ÁREA. UTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS PÚBLICAS. NÃO INCLUSÃO NO OBJETO DO CONTRATO. INADMISSIBILIDADE. NECESSIDADE DE OUTORGA ESPECÍFICA ORIUNDA DO PODER PÚBLICO. ATO ILÍCITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO. DESCABIMENTO. 2. Em primeiro lugar, imperioso observar que o contrato de concessão citado não abrange em seu objeto a utilização das águas públicas existentes na mencionada faixa de terra. 3. Em segundo lugar, ainda que fosse o desejo das partes contratantes, a utilização dos recursos hídricos decorrentes das águas públicas, segundo a legislação vigente, depende de outorga específica oriunda da Administração Pública, o que inexistiu no caso. 4. Diante das leis que regulam a utilização das águas públicas, sobretudo da formalidade imposta para tais autorizações - que devem ser específicas -, inadmissível se mostra a tese de que a autorização, no caso em apreço, havia sido tácita e decorrente do contrato de concessão de área. 5. Recurso improvido.
(AC 200382000038142, Desembargador Federal Cesar Carvalho, TRF5 - Terceira Turma, 19/03/2010)
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ÁGUA MINERAL. EMPRESA EXPLORADORA E COMERCIALIZADORA. REGISTRO NO CREA. EXIGÊNCIA PERTINENTE. LEI 5.194/1966. 2. Ademais, além da água ser um bem social indispensável à sobrevivência da população - razão pela qual sua qualidade há de ser rigorosamente preservada, sob pena, de assim não ocorrendo por em risco toda a sociedade que dela consumir inadequadamente - não se pode olvidar que um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos é "assegurar à atual e as futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos (AMS 200381000092602, Desembargador Federal Petrucio Ferreira, TRF5 - Segunda Turma, 28/01/2005).
BIBLIOGRAFIA
Antunes, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 12a ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2010.

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