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STJ- HC 12865

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Superior Tribunal de Justiça
 "HABEAS CORPUS" N° 12865 - SP (2000/0034341-2)
RELATOR(A) : MINISTRO EDSON VIDIGAL
IMPTE : ANTERO LISCIOTTO
IMPDO : QUARTO GRUPO DE CAMARAS DO TRIBUNAL DE 
ALÇADA CRIMINAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACTE : GUILHERME GRECO FILHO
EMENTA
PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO. QUEDA DE PESSOA 
CLANDESTINA NO POÇO DO ELEVADOR DA OBRA. DEVER DE CUIDADO 
POR PARTE DO ENGENHEIRO RESPONSÁVEL. CLT, ART. 173. CP, ART. 
121, § 3°.
1. Constatado que a morte da vítima decorreu da precariedade do 
madeirame utilizado no andaime sobre o poço do elevador, mostra-se inequívoca a 
negligência por parte do engenheiro responsável pela obra, sendo irrelevante o fato 
da vitima ter entrado na construção clandestinamente.
2. Habeas Corpus conhecido; pedido indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta 
Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas 
taquigráficas a seguir, por unanimidade, indeferir o pedido. Votaram com o Relator, 
os Srs. Ministros José Arnaldo, Felix Fischer, Gilson Dipp e Jorge Scartezzini.
Brasília-DF, 13 de fevereiro de 2001. (data do julgamento)
Ministro Felix Fischer
Presidente
Ministro Edson Vidigal
Relator
Documento: IT60460 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/03/2001 Página 1 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
 "HABEAS CORPUS" N° 12865 - SP (2000/0034341-2)
RELATOR(A) : MINISTRO EDSON VIDIGAL
IMPTE : ANTERO LISCIOTTO
IMPDO : QUARTO GRUPO DE CAMARAS DO TRIBUNAL DE 
ALÇADA CRIMINAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACTE : GUILHERME GRECO FILHO
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO EDSON VIDIGAL:
considerado responsável pela morte do operário Carlos Cerqueira Sena e 
de um terceiro, José Lourival Dias Lopes, que caíram de um andaime instalado na 
12a laje do prédio em construção, Guilherme Greco Filho, engenheiro responsável 
pela edificação e segurança da obra, foi condenado por homicídio culposo (CP, art. 
121, § 3°) a um ano e dois meses de detenção, em regime aberto, com "sursis", 
pelo prazo de dois anos.
Em Revisão Criminal, apontando o fato de que a segunda vítima 
encontrava-se no local clandestinamente para visitar o seu primo - a primeira 
vítima-, afirmou o engenheiro que não tinha qualquer obrigação quanto à sua 
segurança, pugnando pela exclusão da sua condenação com relação à vítima José 
Lourival Dias. Indeferido o pedido revisional pelo Tribunal de Alçada Criminal de 
São Paulo, veio este Habeas Corpus, onde são reiterados os argumentos 
deduzidos na Corte de origem.
Manifesta-se a Subprocuradoria-Geral da República pelo indeferimento do 
pedido (fls. 149/151).
Relatei.
Documento: IT60460 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/03/2001 Página 2 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
 "HABEAS CORPUS" Nº 12865 - SP (2000/0034341-2)
VOTO
O EXMO SR. MINISTRO EDSON VIDIGAL:
Senhor Presidente, no desenrolar do processo chegou-se à conclusão 
indubitável de que o andaime colocado na 12a laje, sobre o poço do elevador, não 
oferecia qualquer segurança, mal dimensionado, com escoramento precário, feito 
com retalhos de madeira emendados, chegou até mesmo a ser tratado como 
verdadeira arapuca.
Sustenta o impetrante que Guilherme não era responsável pela segurança 
da segunda vítima, uma vez que ela se encontrava na obra clandestinamente.
Na qualidade de engenheiro responsável pela obra, competia ao paciente, 
segundo o dever de cuidado imposto pela CLT, em seu art. 173, manter as 
aberturas nos pisos e paredes protegidas de forma a impedir a queda de objetos 
ou "pessoas"- não há como se concluir daí que tal dever de cautela refira-se 
exclusivamente aos funcionários da obra, mas sim a qualquer pessoa.
Portanto, independentemente da segunda vítima ter sido autorizada ou não 
a entrar na obra, se o engenheiro tivesse efetivamente cuidado da segurança da 
construção e fiscalizado a firmeza do madeirame dos andaimes, segundo constou 
do laudo - visivelmente precário, o acidente não teria ocorrido e ninguém teria 
falecido.
É indiscutível, pois. a sua responsabilidade nas duas mortes.
Dada a pertinência, leio parte do voto condutor do Acórdão recorrido, da 
lavra do Desembargador Relator Luiz Ambra:
"Indaga-se. Na ótica penal, que não tolera compensação de culpas, o 
comportamento anterior do agente - tolerando confecção de madeiramento que, 
segundo a sentença, vinha a se constituir numa verdadeira arapuca não geraria sua 
responsabilização? Não criou a situação de risco? Sentença e acórdão concluíram 
que sim, passaram em julgado, agora a questão não pode vir a ser rediscutida.
A ser verdadeira a colocação do pedido - dever de diligência só opera em 
relação aos que estejam contratualmente ligados com o agente -, aliás, 
chegar-se-ia a situações absurdas, uma das quais a Procuradoria bem consignou a 
fl. 87: houvessem as tábuas doa andaimes ficado soltas, caísse uma delas à rua e 
matasse uma criança, ninguém se responsabilizaria?
Outro, na verdade, tem sido o posicionamento dos Tribunais, diverso do 
que ora se preconiza. Assim, já se decidiu pela condenação do responsável por 
canteiro de obras, em decorrência de ali ter ido uma criança ( estranha, 
evidentemente, ao que ali se fazia) e se acidentado ( "Revista de Julgados e 
Doutrina" do TACrim 17/101. Relator o Juiz S. C. Garcia. deste Grupo de Câmaras).
(...)Fato principal aqui. gerador do infausto acontecimento, foi a culpa 
evidente do peticionário em armar, ou permitir que se armasse tendo o dever de 
proibi-lo, a tal "arapuca" antes assinalada. Isso e só isso. importando menos 
tivesse morrido funcionário ou alguém estranho à obra - ou ambos ao mesmo 
tempo. Até porque, tirante de lado filigranas jurídicas, diante da negligência gritante 
Documento: IT60460 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/03/2001 Página 3 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
de um. a desobediência do outro - subir, quando foi instado a ir embora - jamais 
poderia representar causa de exculpação. No crime, insista-se ainda uma vez. não 
existe compensação de culpas, a da vítima não exclui a do réu."
Assim, por não merecer qualquer reparo a decisão reclamada, conheço 
do Habeas Corpus, mas indefiro o pedido. 
É o voto.
Documento: IT60460 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/03/2001 Página 4 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
 CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Nro. Registro: 2000/0034341-2 HC 00012865/SP
EM MESA JULGADO: 13/02/2001
Relator
Exmo. Sr. Min. EDSON VIDIGAL
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Min. FELIX FISCHER
Subprocurador-Geral da República
EXMO. SR. DR. RAIMUNDO FRANCISCO RIBEIRO DE BONIS
Secretário (a)
JUNIA OLIVEIRA C R. E SOUSA
AUTUAÇÃO
IMPTE : ANTERO LISCIOTTO
IMPDO : QUARTO GRUPO DE CAMARAS DO TRIBUNAL DE ALCADA 
CRIMINAL DO ESTADO DE SAO PAULO 
PACTE : GUILHERME GRECO FILHO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA ao apreciar o processo em epigrafe, 
em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, indeferiu o pedido.
Votaram com o Relator os Ministros Jose Arnaldo, Felix Fischer, Gilson Dipp 
e Jorge Scartezzini.
O referido é verdade. Dou fé.
Brasilia, 13 de fevereiro de 2001
JUNIA OLIVEIRA C R. E SOUSA
SECRETÁRIO(A)
Documento: IT60460 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/03/2001 Página 5 de 5

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