Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATIVIDADE FÍSICA E SUA CONCEPÇÃO HISTÓRICA Os romanos também se interessaram pelos jogos baseados nos jogos olímpicos da Grécia, mas tudo não passava de uma preparação militar, como reforça Ramos (1982, p.21), “com o tempo, os romanos, inspirados nos Jogos Gregos, procuraram criar os seus, sem o brilho dos helênicos, devido à mentalidade do povo, orientando-os para os adestramentos militares”. Segundo Oliveira (2006, p. 31): “Os romanos, já sob a influência grega, também edificaram os seus estádios. Estes, que foram o principal cenário dos Jogos Olímpicos, não desfrutaram a mesma grandeza em terras romanas. Na verdade foram conhecidos juntamente com a introdução do esporte helênico em Roma (186 a.C.) estavam destinados ás competições atléticas e ás lutas. Os romanos copiaram, porém, um modelo já decadente, sendo levados a uma prática deformada.” A perda de visibilidade e importância dos exercícios que prosseguiu com a queda do Império Romano continuou de maneira acentuada na Idade Média. O que se vê na Idade Média é a Atividade Física sendo utilizada como preparação militar. Segundo Oliveira (2006, p.34), “a Educação Física, apesar de não merecer um destaque especial, recebeu uma atenção cuidadosa na preparação dos cavaleiros”. O cavaleiro deveria ser treinado para a Guerra Santa e as Cruzadas, ficando evidentes em dois momentos. O primeiro momento tem-se o período das Cruzadas, que segundo Ramos (1982, p.22), “as cruzadas, que a Igreja posteriormente, organizou durante os séculos XI, XII e XIII, exigia preparação militar, cuja base foi constituída, sem dúvida, pelos exercícios corporais”, Capinussú (2005, p. 54), também reforça dizendo: “(…) que os cavaleiros deveriam ser treinados para as Grandes Cruzadas e as Guerras Santas, organizadas pela Igreja… E mais, nos momentos de ócio, o cavaleiro dedicava- se ao xadrez, gamão e outros jogos de mesa popularizados na Europa; saiam a cavalo caçando javalis… dedicavam-se a jogos ginástico e a corrida a pé.” É também destaque, os jogos e torneios, caracterizando o segundo momento da utilização das atividades físicas, onde, segundo Oliveira (2006, p.34) “representam a culminância dos exercícios físicos dos cavaleiros e serviam, nos tempos de paz, como preparação para a guerra”, e mais: “Alguns jogos simples e de pelota, a caça e a pesca constituíram, ao lado dos exercícios naturais, divertimento para todas as classes sociais. O futebol de estanho aperfeiçoado e o tênis, com os nomes de cálcio e jogo de raqueta, respectivamente, têm suas origens na Idade Média (RAMOS, 1982, p.23)” Esse contexto da Idade Média, em especial, a figura do cavaleiro com sua experiência na montaria, na caça e no uso da espada, lança, arco e flecha, favoreceu o aparecimento de duas modalidades olímpicas bastante conhecidas, que segundo Capinussú (2005, p. 53): “(…) respeitáveis historiadores considera a época medieval uma verdadeira fonte de riquezas e benefícios para a civilização ocidental, onde se enquadra a figura do cavaleiro, física e espiritualmente muito bem preparado, galanteador e romântico, exímio na arte de montar e, principalmente, no uso da espada, atividades que, mais tarde, dariam origem a modalidades esportivas de caráter olímpico, como o hipismo e a esgrima.” Do século XIII até o século XV o que se tem é uma atividade física moldada no cavaleiro, porém, ainda sem uma maneira profissional de agir e sistematizar o conhecimento acerca da atividade física, concepção esta, reforçada por Ramos (1982, p.23), onde ressalta que “o profissionalismo desportivo era coisa desconhecida. Para o mundo ficou a conduta cavalheiresca, sinônimo de nobreza, lealdade e distinção.” O Renascimento iniciado no século XV traz uma Educação Física voltada para a minoria (burguesia) e “reintroduz nesses currículos elitistas, onde os exercícios físicos – o salto, a corrida, a natação, a luta, a equitação, o jogo da pelota, a dança e a pesca – constituem-se em prioridades para o ideal da educação cortesã”. Com o reconhecimento do início da Idade Moderna, que historicamente se dá em 1453 com a tomada de Constantinopla pelos Turcos, os exercícios naturais ganham força e se tornam um reforço na educação, pois, “com a adoção das ideias clássicas, a partir do século XVIII, no Ocidente, manifesta-se o interesse pela vida natural e os exercícios são empregados como agentes da educação, embora de maneira teórica e empírica” (RAMOS, 1982, p.24). Segundo este mesmo autor, importantes acontecimentos trouxeram aprimoramento na área da educação, onde os exercícios físicos assumiram papel de alta significação, e isso favoreceu a Educação Física, pois, refletiu um passo seguro dado em busca do seu próprio conhecimento. Nomes como Erasmo de Roterdam que cooperou para evolução da ginástica, Calvino favorável a alguns aspectos do problema pedagógico, Rousseau que influenciou nos métodos clássicos de educação física, Pestalozzi com sua pedagogia experimental, dentre outros grandes nomes que “por meio de suas contribuições, teóricas e práticas, muitos influíram na ação educacional, que proporcionou o grande movimento de sistematização da ginástica” (RAMOS, 1982, p.26). A sistematização da ginástica proporcionada na Idade Moderna se tornará elemento importante na Idade Contemporânea, favorecendo o surgimento dos movimentos ginásticos do Centro (na Alemanha), onde foram criados “aparelhos como barra fixa e as barras paralelas, sendo os alemães, portanto, os percussores do esporte que hoje se chama ginástica olímpica” (OLIVEIRA, 2006, p.41), do Norte (na Suécia e na Dinamarca), que “preocupava-se com a execução correta dos exercícios, emprestando- lhes um espírito corretivo, como Pestalozzi já havia feito” (OLIVEIRA, 2006, p.42) e o Oeste (na França) que se caracterizava pelo “seu marcante espírito militar e uma preocupação básica com o desenvolvimento da força muscula…” (OLIVEIRA, 2006, p.43). Há também a prática dos jogos desportivos na Inglaterra e o surgimento da psicomotricidade, como enfatiza Ramos (1982, p.27): “Outros sistemas, enquadrados pedagogicamente, surgiram mais tarde, baseados em determinadas predominâncias, como o exercício natural, o exercícios constituído, o desporto, a música e, ultimamente, a psicomotricidade. Suplantando a ginástica, na atualidade, grande é o movimento desportivo mundial, nem sempre ajustado no quadro educacional, pelos aspectos de caráter profissional, político ou espetacular.” Na atualidade, o que se tem é a prática da Atividade Física associada à figura de uma pessoa saudável, o uso de exercícios físicos como reabilitação e “como terapêutica chama, cada vez mais, a atenção das personalidades responsáveis nos diversos países” (Ramos, 1982, p. 341). Há também o uso de equipamentos para melhorar o desempenho de atletas, e, “para as competições de alto nível, tendo em vista o máximo de rendimento, na busca de maior resistência orgânica e potência muscular ao lado da técnica, tem surgido, (…) numerosos sistemas de preparação desportiva” (Ramos, 1982, p. 341). Além disso, todo esse panorama da atividade física passa a ser cada vez mais massificada e disseminada pela mídia nos lares, “torna-se mais desportiva e universaliza seus conceitos nos nossos dias e dirige-se para o futuro, plena de ecletismo, moldada pelas novas condições de vida e ambiente” (RAMOS, 1982, p. 342). REFERÊNCIAS: CAPINUSSÚ, José Maurício. Atividade Física na Idade Média: bravura e lealdade acima de tudo. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. 4p OLIVEIRA, Vitor Marinho de. O que é Educação Física. 11ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. 111p. RAMOS, Jayr Jordão. Exercício Físico na História e na Arte: do homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: IBRASA, 1982. 353p
Compartilhar