Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PARTE II FUNDAMENTOS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS Marcio Della Sublinhado Marcio Della Caixa de texto Marcio Della Nota Marked definida por Marcio Della 21 1. MATERIAIS METÁLICOS: 1.1. Introdução: A metalurgia pode ser descrita como a arte e a ciência de obter os metais e adaptá-los para que satisfaçam as necessidades do homem (Guy, 1965). Embora os átomos metálicos sejam abundantes na superfície da Terra, a maior parte deles está combinada com átomos de elementos não metálicos. Portanto, a primeira providência a tomar é obter os átomos na forma metálica, através da metalurgia extrativa. Após a obtenção do metal desejado na forma de um lingote, obtido pelo processo de solidificação, é necessário trabalhar esses material por deformação plástica para obter a forma desejada para o produto final. Nessa etapa entra a metalurgia mecânica, que é constituída por diversos processos de manufatura, podendo-se destacar os processos de laminação, forjamento, extrusão, trefilação, entre outros. Deve-se destacar também a importância dos tratamentos térmicos dos materiais metálicos, como por exemplo a têmpera, o revenido, o recozimento, que tem por objetivos melhorar as propriedades desses materiais. Alguns processos utilizados para unir materiais metálicos também devem ser ressaltados pela sua importância – os processos de soldagem. Também merecem destaque os processos de revestimentos superficiais, como revestimentos eletroquímicos, com os objetivos de dar proteção à corrosão, ao desgaste, ao calor, entre outros. Neste trabalho serão apresentadas as principais características dos materiais metálicos mais comuns , tanto ferrosos como não ferrosos. A Figura 1 apresenta um esquema da classificação dos principais materiais metálicos. A Figura 2 mostra o diagrama de equilíbrio de fases do Ferro – Fe3C. 22 Figura 1 – Esquema de classificação para as várias ligas ferrosas (Callister Jr., 2002). Figura 2 – Diagrama de equilíbrio de fases Fe – Fe3C. 23 1.2. Metais ferrosos: As ligas ferrosas, cujo elemento ferro é o constituinte principal, são produzidas em maior quantidade do que qualquer outro tipo de metal, e sua ampla utilização deve-se basicamente a três fatores: (a) quantidades abundantes de compostos metálicos que contêm ferro; (b) podem ser produzidas através de técnicas relativamente baratas de extração, refino, adição de elementos de liga e conformação mecânica; e (c) São versáteis, podendo ser produzidas dentro de uma ampla variedade de propriedades mecânicas, químicas e físicas. Como desvantagem principal, pode-se citar a suscetibilidade de muitas ligas ferrosas à corrosão. As ligas ferrosas podem ser classificadas em aços ou ferros fundidos, de acordo com o teor de carbono. Para os aços, são consideradas aquelas ligas cujo teor de carbono seja inferior a 2,11%; as ligas com teor de carbono superior a este valor são chamadas de ferros fundidos. 1.2.1. Aços – carbono: 1.2.1.a. Classificação: Os aços - carbono constituem a mais importante categoria de materiais metálicos utilizada na construção de máquinas, equipamentos, estruturas, veículos e componentes diversos de sistemas mecânicos. A classificação dos aços - carbono pode se dar segundo diversos critérios: - Tipo de semi-produto: aços laminados planos (placas, chapas, etc.), laminados não planos (perfis, barras, arames), trefilados (arames, tubos), forjados e fundidos; e, ainda, trabalhados a quente e trabalhados a frio; - Teor de carbono: aço de baixo carbono (%C < 0,25) de médio - carbono (0, 25 <%C < 0, 50) e de alto carbono (%C > 0, 50); - Tipo de fabricação: aço obtido de forno de revérbero clássico, conversor oxigênio básico, forno elétrico ácido, e forno elétrico básico; 24 - Tipo de procedimento de desoxidação: aço efervescente, capeado, semi - acalmado e acalmado; - Tipo de lingotamento: aço de lingotamento convencional ou lingotamento contínuo; - Tipo de aplicação: nesse caso a classificação se torna mais complexa em face da variedade da aplicação que poderia ser agrupada de diversas formas como aços para componentes específicos (molas, engrenagens, etc.), aços para tratamento térmico e aços para facilidade de fabricação do componente (de fácil usinagem, de fácil conformação, etc.). A Tabela 1 mostra alguns exemplos de aplicação para os aços carbono e os aços liga. Tabela 1 - Classificação quanto ao tipo de semi-manufaturado dos aços - carbono e aços - liga (baixa liga) - resumo. Aços carbono Aços liga Semi-acabados para forjamento Placas Estrutural Barras laminadas a quente Placas Arames Barras laminadas a quente Barras acabadas a frio Barras acabadas a frio Tubos para oleodutos Chapas finas laminadas a quente Produtos tubulares para campos petrolíferos Chapas finas laminadas a frio Produtos tubulares especiais Tubos Chapas chumbadas compridas Chapas galvanizadas Arames Bobinas laminadas a quente Bobinas laminadas a frio 25 1.2.1.b. Constituição: Os aços são ligas ferro - carbono, com os teores de carbono variando de 0,008% a 2,06% e com elementos residuais decorrentes do processo de fabricação: manganês, silício, fósforo e enxofre além de outros componentes em teores muito menores. O silício está presente normalmente em teores de até 0,60% dependentes do processo de desoxidação adotado na produção do aço. O manganês permanece abaixo de 1,65% e o cobre abaixo de 0,60%. O teor máximo de fósforo é de 0,040% e o de enxofre 0,050%, a não ser para os aços de fácil usinagem que contém teores maiores desses elementos. Alguns aços de fácil usinagem contém ainda de 0,15 a 0,35% de chumbo. Os outros elementos são gases introduzidos no processo de fabricação do aço (H, O, N), metais com origem na sucata (Ni, Cu, Mo, Cr, Sn) e metais usados no processo de desoxidação (AI, Ti, V, Zr). 1.2.1.c Designação: O sistema de designação dos aços de uso mais comum se desenvolveu em entidades americanas: AISI - American Iron and Steel Institute e SAE - Society of Automotive Industry. A norma ABNT para a designação dos aços é a NB - 82. Para os aços - carbono trabalhados a designação é estabelecida com 4 dígitos, em função da composição química, da seguinte forma: - 10xx para aços - carbono com até 1,00% de Mn; - 9 11U para aços com enxofre (de fácil usinagem); - 12XX para aços com enxofre e fósforo (de fácil usinagem); - 13XX para aços - carbono com 1,75% de Mn; - 15XX para aços - carbono com Mn entre 1,00 e 1,65%. A posição XX é ocupada pelo número que corresponde 100 vezes o teor de carbono. A letra L pode estar presente para indicar o tipo de aço de fácil usinagem com 0,15 a 0,35% de chumbo (por exemplo, 11L17). Para aços com boro 26 (0,0005% a 0,003%) para elevação da temperabilidade utiliza-se letra B (por exemplo, 15B41). A colocação da letra H posterior (por exemplo, 1045H), indica que existe um requisito adicional de endurecibilidade (temperabilidade) estabelecido por uma faixa no ensaio Jominy. Os aços carbono para fundição possuem composições próximas dos aços – carbono trabalhados e são designados de forma diferentes por entidades diversas; contudo é comum aparecer na classificação dígitos que indicam os limites de resistência. 1.2.1.d. Propriedades mecânicas: As propriedades dos aços - carbono dependem basicamente do teor de carbono e da microestrutura. A microestrutura é formada em função das condições dos tratamentos térmicos e mecânicos aplicados. A elevação do teor de carbono, mantendo o tamanho de grão constante, conduz a uma modificação da microestrutura. Nos aços resfriados lentamente a partir das temperaturas de transformação de fase (ver diagrama de equilíbrio Fe - C), à medida em que o teor de carbono cresce,a partir de praticamente 0%, obtém-se microestruturas ferríticas - perlíticas para os aços hipoeutetóides (isto é, com %C inferior a 0,76%), perlíticas (com %C igual a 0,76%) e perlíticas - cementíticas (com %C superior a 0,76%). Nessa seqüência cresce: a dureza, o limite de escoamento e a resistência à tração; mas essas duas últimas propriedades estabilizam-se em um determinado nível a partir do ponto eutetóide; e nessa mesma seqüência reduz-se a ductilidade (alongamento e estricção) e a tenacidade (entendida como resistência ao choque - Charpy). Os aços - carbono apresentam temperabilidade relativamente pequena e em decorrência disso são mais comumente usados com as estruturas que surgem nas condições fundidas, forjadas ou laminadas, ou seja, predominantemente ferrítica - perlítica. Como a presença da perlita é marcante nas propriedades desses aços, cresce à medida que o teor de carbono se aproxima de 0,8%, duas características precisam ser consideradas: tamanho de grão e espaçamento interlamelar (isto é, distância entre as lamelas de ferrita e cementita constituintes da perlita); a ductilidade cresce com a diminuição do tamanho de grão perlítico, e 27 a dureza, a ductilidade e a resistência mecânica crescem com a redução do espaçamento interlamelar. O tamanho de grão e o espaçamento interlamelar são menores para temperaturas de transformação austenita - perlita menores (ver diagramas de transformação – tempo – temperatura - diagramas TTT). As temperaturas de transformação são, por sua vez, dependentes das velocidades de resfriamento e da composição, tamanho de grão e homogeneidade da austenita. O carbono e o manganês são os principais constituintes dos aços - carbono, pois o primeiro é estabelecido em função da propriedade de resistência exigida e o segundo em decorrência do tipo de microestrutura que pode surgir das condições de trabalho mecânico ou tratamento térmico. Os aços fundidos tem uma microestrutura com granulação mais grossa, dependendo das velocidades de resfriamento no molde, constituída de uma mistura de ferrita, cementita e perlita, que além disso, apresenta segregação dendrítica; esse material tem baixa resistência e ductilidade, e em decorrência, as peças fundidas precisam sofrer tratamentos térmicos de homogeneização e refino de microestrutura. Os aços trabalhados a quente, nas temperaturas de austenitização, apresentam microestruturas com a segregação dendrítica eliminada durante o aquecimento e deformação plástica, e com o tamanho de grão reduzido pelos ciclos de aquecimento para recristalização - deformação plástica; além disso, as inclusões são orientadas na direção da deformação plástica. Todas essas alterações que aumentam a homogeneidade e reduzem o tamanho de grãos da austenita, conduzem à obtenção de uma microestrutura de ferrita - perlita de maior ductilidade, dependendo das condições de resfriamento. É de se esperar, contudo, uma diferença mais ou menos acentuada da microestrutura na superfície e na parte central de uma peça ou de um semi-manufaturado (perfil, placa, etc.) espesso. Os aços trabalhados a frio - que se apresentam comumente na forma de chapas e tiras finas, arames e tubos – apresentam-se encruados, isto é, endurecidos por deformação plástica. Contudo os produtos recozidos, ou seja, aqueles tratados termicamente com austenitização e resfriamento lento posterior, apresentam microestrutura recristalizada com a ausência do encruamento. 28 O encruamento eleva a resistência e a dureza, e reduz a ductilidade, e o efeito é mais pronunciado para teores maiores de carbono. A maioria dos aços - carbono, na forma de produtos semi-manufaturados, é utilizada sem tratamentos térmicos adicionais após a fabricação da peça. O recozimento é empregado para aumentar a usinabilidade e a conformabilidade; para obter estrutura de elevada ductilidade adequada aos processos de conformação a frio adota-se o recozimento sub-crítico ou o tratamento de esferoidização (transformação da perlita em nódulos de cementita). A normalização é empregada para refinar mais ainda o grão para aplicação onde se exige elevada tenacidade. A têmpera e revenido, que conduzem a obtenção de microestruturas de martensita e martensita revenida respectivamente, aplicam-se para obter dureza em algumas peças de seções não muito espessas (até aproximadamente 25 mm). A austêmpera, que produz microestrutura bainítica aplica-se para conciliar tenacidade e dureza em peças pouca espessas (até aproximadamente 5 mm). 1.2.2. Aços - liga: 1.2.2.a. Classificação: Os aços - liga, como os aços - carbono, podem ser classificados pelo tipo de semi-produto (chapas, barras, etc.) e pelo tipo de aplicação. Contudo, a classificação mais geral é aquela em que agrupa os aços - liga nos seguintes tipos: a) Aços - liga de construção mecânica (série SAE-AISI); b) Aços de alta resistência e baixa liga; c) Aços para ferramentas; d) Aços para altas temperaturas; e) Aços resistentes à corrosão (aços inoxidáveis); f) Aços resistentes ao desgaste; g) Aços para fins especiais. 29 Neste item de aços - liga será tratado o primeiro tipo, que se constitui nos materiais de uso mais comum na constituição de componentes (engrenagens, eixos, camos, etc.) de máquinas e de veículos automotivos. 1.2.2.b. Constituição: Os aços - liga são aqueles que contêm elementos de liga nas seguintes proporções estimadas (definição da AISI): mais do que 1,65% Mn, ou 0,60% Si ou 0,60% Cu; ou ainda Cobalto, Nióbio, Molibdênio, Níquel, Titânio, Tungstênio, Vanádio, Zircônio ou qualquer outro elemento de liga adicionado com o intuito de melhorar as propriedades mecânicas e a tenacidade após a realização de tratamentos térmicos. Quando não são indicados como elementos de liga, os seguintes teores máximos são especificados (em %): 0,35 Cu - 0,25 Ni - 0,20 Cr - 0,06 Mo. A influência dos elementos de liga nesses aços se dá pela alteração da microestrutura por tratamento térmico, de uma forma muito mais ampla e variada do que ocorre com os aços carbono. 1.2.2.c. Designação: A designação AISI – SAE (ver norma da ABNT - NB82) é de uso comum e apresenta a seguinte natureza: a) 4 dígitos onde os dois últimos correspondem ao teor de carbono multiplicado por 100; b) O 1o dígito indica quando: 1 aço carbono, 2 aço níquel e 3 aço cromo - níquel; c) O 2o dígito, para aço de composição simples, indica o teor (em %) do elemento de liga predominante. Então, a lista AISI (Tabela 2) condensada dos aços - liga apresenta-se assim: 30 Tabela 2 – Classificação dos aços liga de acordo com a composição química. Classificação Composição Química 23XX 3,5 Ni 25XX 5,0 Ni 31XX 1,25 Ni - 0,65 Cr 33XX 3,50 Ni - 1,55 Cr 40XX 0,25 Mo 41XX 0,50 ou 0,95 Cr - 0,12 ou 0,20 Mo 43XX 1,8 Ni - 0,50 a 0,80 Cr - 0,25 Mo 44XX 0,40 ou 0,53 Mo 46XX 1,55 ou 1,80 Ni - 0,20 ou 0,25 Mo 47XX 1,05 Ni - 0,45 Cr - 0,20 Mo 48XX 3,5 Ni - 0,25 Mo 50XX 0,28 ou 0,40 Cr 51XX 0,80, 0,90, 0,95, 1,00 ou 1,05 Cr 5XXX 1,00 C - 0,50, 1,00 ou 1,05 Cr 61XX 0,80 ou 0,95 Cr - 0,10 ou 0,15 min. V 81XX 0,30 Ni - 0,40 Cr - 0,12 Mo 86XX 0,55 Ni - 0,50 ou 0,65 Cr - 0,20 Mo 87XX 0,55 Ni - 0,50 Cr - 0,25 Mo 88XX 0,55 Ni - 0,50 Cr - 0,35 Mo 92XX 0,85 Mn - 2,00 Si 93XX 3,25 Ni - 1,2 Cr - 0,12 Mo As letras L e B são inseridas no meio (por exemplo, 51B60) para designar os aços com chumbo ou boro respectivamente. E a letra H é colocada posteriormente (por exemplo, 4140H) para indicar a exigência de um mínimo de temperabilidade. 31 1.2.2.d. Propriedades mecânicas: Nos aços - liga de construção mecânica as propriedades mecânicas, adequadas aos diversos usos na produção de componentes de máquinas e veículos, são comumente atingidasatravés de tratamentos térmicos de endurecimento. Nesse caso, então, uma propriedade importante é a temperabilidade, ou endurecibilidade, que pode ser definida como a capacidade do material endurecer até uma certa profundidade - a partir da superfície do corpo de prova constituído desse material - quando submetido ao trata mento térmico de têmpera. De uma forma geral os elementos de liga adicionados aos aços reduzem a velocidade de transformação da austenita em temperaturas sub-críticas; e isso facilita a obtenção de microestruturas que surgem às baixas temperaturas de transformação, ou seja, a bainita e a martensita, ao mesmo tempo em que evita o surgimento de microestruturas menos resistentes ferríticas - perlíticas. Dessa forma, os elementos de liga elevam a temperabilidade dos aços controlando a microestrutura; e a microestrutura, nessas condições, é o fator que define as propriedades mecânicas em relação a uma maior resistência e tenacidade. A composição química em si não é determinante das propriedades, mas sim a sua influência na temperabilidade; dessa maneira é possível alterar, combinando teores de diversos elementos de liga, a composição para obter um mesmo efeito final correspondente a uma microestrutura e, consequentemente, a uma propriedade mecânica; a seleção, então, dos elementos de liga, fica condicionada: - À influência dos elementos na temperabilidade; - Ao custo de aquisição e adição dos elementos nos aços; - À disponibilidade dos elementos no mercado. O efeito dos elementos de liga na temperabilidade nos aços pode ser analisada relacionando os diâmetros críticos (diâmetro que produz 50% de martensita no centro após tratamento térmico de têmpera) para a condição do aço com um certo teor e com teor nulo de um determinado elemento, mantendo os 32 demais fatores (tamanho de grão austenítico e teores dos outros elementos) constantes. Essa relação denomina-se fator de multiplicação de temperabilidade (FMT). Partindo da precipitação e o coalescimento de carbonetos, os elementos de liga presentes retardam essas transformações; os elementos formadores de carbonetos (como Cr, Mo, V) exercem uma influência bem maior no revenido do que os elementos que tendem a se dissolver na ferrita (como Mn, Ni e Si), exigindo temperaturas ou tempos de tratamento de coalescimento mais elevados. A ductilidade do material se eleva com o aumento da temperatura de revenido, contudo em alguns casos pode ocorrer uma queda de ductilidade, e de tenacidade, quando o tratamento se dá em uma determinada faixa de temperatura (230 - 370oC), para, em seguida, provocar novo aumento de ductilidade, em temperaturas maiores. Outro fenômeno, a fragilidade do revenido, pode surgir - com uma acentuada queda de ductilidade - quando o resfriamento da temperatura de revenido se dá de forma lenta a partir de determinadas faixas de temperatura (acima de 590 - 450oC); alguns elementos de liga podem acentuar o efeito (Mn, Cr, P) porém o molibdênio retarda o fenômeno. Os elementos de liga também podem ter um efeito de endurecimento da ferrita, entrando em solução sólida, nos aços não endurecidos por tratamento térmico. Nesse caso a composição química do aço é o fator preponderante na definição das propriedades mecânicas; contudo para o efeito de endurecimento da ferrita ser preponderante em relação ao efeito da modificação da microestrutura, o resfriamento das temperaturas de austenitização (no trabalho a quente ou no recozimento) devem ser relativamente lento. O aumento da resistência não é acompanhada, nesses casos, por uma acentuada queda de ductilidade e tenacidade. Os elementos de liga mais efetivos são, na ordem crescentes: Cr, W, V, Mo, Ni, Mn, Si e P. Os aços com baixo teor de carbono (0,10 - 0,25%) são utilizados comumente com tratamentos termoquímicos de endurecimento (como cementação), para se obter uma peça com superfície resistente mecanicamente e com o núcleo conservando ductilidade e tenacidade relativamente elevadas. os aços - liga, como 40XX, 41XX, 50XX, e baixo carbono, apresentam maior tenacidade no núcleo do que os aços carbono do tipo 10XX e 11XX, além de exigirem meios menos brusco (óleo em lugar de água) de resfriamento (por 33 exemplo, quando da têmpera da superfície; nos casos de ser necessário maior usinabilidade os teores de Mn e S são maiores). Nos casos de especificações de dureza maiores são escolhidos os aços 46XX, 51XX, 86XX (tipicamente 4620, 5120 e 8610), ou ainda, para resistência maior 48XX e 93XX (tipicamente 4815 e 9310), e ainda aços com boro; as peças mais espessas também exigem esses últimos aços. Os aços com teores de carbono mais elevados (0,30%; 0,50%C) são selecionados em função da profundidade de têmpera, onde se procura endurecer a seção transversal da peça mais espessa; os aços da série 13XX, 40XX, 51XX, 86XX e 41XX são os indicados (com exemplos típicos: 1345, 4140, 4340, 5140, 8640) para máxima dureza em peças pouco espessas ou dureza menor para peças mais espessas (onde, em geral, se busca elevar a resistência e reduzir o peso da peça). Para as condições mais severas de solicitação mecânica e para peças espessas os aços indicados são os do tipo 4340 ou 86B45. As propriedades requeridas como, por exemplo, os limites de escoamentos e as durezas, determinam o tipo de aço a ser selecionado, lembrando-se de que essas propriedades precisam ser indicadas em função da dimensão da peça (comumente variando de 10 a 100 mm) e do local (centro, superfície ou posição intermediária) onde se quer que elas se da verifiquem após o tratamento térmico de têmpera e revenido. Por exemplo: um aço para resistir a um alto nível de solicitação, com um limite de resistência ao escoamento mínimo entre 860 a 1030 MPa, dureza de 30 a 36 HRC, com tratamento térmico de têmpera para obter 80% de martensita (M) ou no centro ou na metade do raio de uma barra (têmpera em óleo), é selecionado entre os seguintes: - diâmetro até 13mm, com 80% M no centro: 5133SH, 5135H;L 29-30 HRC, - diâmetro de 13-25mm, com 80% M no centro: 4125H -8640H - 94B30H - 8740H; - diâmetro de 25-38mm, com 80% M na metade do raio: 4137H; - diâmetro de 50-63mm, com 80% M na metade do raio: 4142H. O alumínio, e, também, o titânio, o cromo e o vanádio são elementos formadores de nitretos. A seleção ocorre comumente apoiada no custo do aço e 34 no nível de endurecimento exigido no núcleo da peça (convém lembrar que além dos aços de construção mecânica, são nitretados algumas vezes os aços para ferramentas e os aços inoxidáveis); a endurecibilidade do aço é um fator importante para garantir uma resistência às cargas solicitantes através da seção, com uma microestrutura de martensita revenida obtida em tratamento prévio de têmpera e revenido; como a espessura da camada nitretada é pequena, o núcleo deve apresentar uma dureza maior. A camada nitretada apresenta ainda duas características importantes: elevada resistência aos riscos (em movimento relativo entre superfícies metálicas) e, ainda, tensões residuais de compressão; essas últimas contribuem para elevar a resistência à fadiga da peça. Os aços para nitretação comuns são os aços da série 41XX (4130, 4140), da série 43XX (4330, 4340) e 86XX (8640), e os aços denominados "nitrallay", com teores de alumínio ao redor de 1% e cromo 1,2 - 1,6%, com níveis de dureza de camada bem maior. 1.2.3. Aços para fundição: 1.2.3.a. Classificação: Os aços para fabricação de peças pelo processo de fundição podem ser classificados em quatro grupos, de acordo com o teor de carbono e dos elementos de liga presentes, da seguinte forma: a) aços de baixo carbono para fundição, com teor de carbono menor do que 0,20%; b) aços de médio carbono para fundição, com teor de carbonoentre 0,20 - 0,50%; c) aços de alto carbono para fundição, com teor de carbono maior do que 0,50%; d) Aços – liga de baixo teor em liga, com teor total de elementos de liga inferior a 8%; e) Aços – liga de alto teor em liga, com teor total de elementos de liga superior a 8%. 35 Os aços - liga resistentes ao calor, resistentes à corrosão e resistentes ao desgaste são classificados como categorias de características especiais e não são considerados nessa classificação. 1.2.3.b. Constituição: Os aços para fundição podem ser constituídos dos mesmos componentes que fazem parte dos aços - carbono e aços - liga na forma trabalhada, isto é, de uma forma geral, uma peça pode ser fabricada por fundição com os mesmos aços que são usados na forma transformada mecanicamente, contudo o material dessa peça não apresenta as diferenças de propriedades para direções diversas como ocorre nos produtos trabalhados. Como a composição química é similar, os aços para fundição apresentam propriedades semelhantes nas respostas aos tratamentos térmicos e nas solicitações mecânicas, e ainda, no comportamento durante a soldagem. Os teores de silício comumente são maiores do que nos aços trabalhados de composição equivalente, e o teor de manganês conjuntamente com o de silício, pode sofrer variações que permitem controlar a qualidade do produto fundido. 1.2.3.c. Designação: A designação segue a indicação das entidades como a ASTM, SAE e o Governo Federal americano. Os aços são divididos em classes, e dentro de cada especificação da entidade, designa das por uma dupla de dígitos (XX - XX) onde se indica os valores nominais (em ksi) dos limites de resistência e de escoamento, ou ainda, por um número (ou letra) seguidos da letra N ou Q (XN, XQ) para indicar o tratamento térmico (N igual à normalização, Q igual à têmpera); contudo outras formas de designação podem ser encontradas. 36 1.2.3.d. Propriedades mecânicas: Os limites de resistência e de escoamento dos aços para fundição são praticamente iguais aqueles de mesma composição, com microestrutura ferrítica e no mesmo nível de dureza. E para a mesma dureza, a ductilidade também é aproximadamente igual. Os aços trabalhados, no ensaio de choque, apresentam uma temperatura de transição (para ductilidade nula) diferente para os corpos de prova retirados na direção do trabalho mecânico (que é maior) do que na direção transversal; para os aços fundidos, a temperatura de transição apresenta-se em um valor intermediário aproximadamente. Entretanto, não se pode deixar de considerar que a microestrutura dos aços no estado fundido apresenta, dependendo das condições de fundição e da forma e dimensão da peça, uma heterogeneidade maior; e, ainda, a possibilidade de estarem presentes defeitos de fundição (porosidades, fissuras, etc.), internos e externos, na peça é um fator importante de deterioração das propriedades mecânicas principalmente quando a solicitação é de natureza dinâmica. As Tabelas 3 e 4 mostram, respectivamente, as designações, faixas de composição para aços comuns ao carbono e vários aços de baixa liga, e propriedades mecânicas para aços comuns ao carbono e aços liga temperados em óleo e submetidos a revenimento. 37 Tabela 3 – Sistemas de designação e faixas de composição para aços comuns ao carbono e vários aços de baixa liga. Composição (%)Designação AISI/SAE Designação UNS Ni Cr Mo Outros 10xx G10xx0 11xx G11xx0 0,08 – 0,33 S 12xx G12xx0 0,10 – 0,35 S; 0,04 – 0,12 P 13xx G13xx0 1,60 – 1,90 Mn 40xx G40xx0 0,20 – 0,30 41xx G41xx0 0,80 – 1,10 0,15 – 0,25 43xx G43xx0 1,65 – 2,00 0,40 – 0,90 0,20 – 0,30 46xx G46xx0 0,70 – 2,00 0,15 – 0,30 48xx G48xx0 3,25 – 3,75 0,20 – 0,30 51xx G51xx0 0,70 – 1,10 61xx G61xx0 0,50 – 1,10 0,10 – 0,15 V 86xx G86xx0 0,40 – 0,70 0,40 – 0,60 0,15 – 0,25 92xx G92xx0 1,80 – 2,20 Si Tabela 4 – Faixas de propriedades mecânicas para aços comuns ao carbono e aços liga temperados em óleo e submetidos a revenimento. Número AISI Limite de resistência à tração (MPa) Limite de escoamento (MPa) Ductilidade (%AL em 50 mm) 1040 605 – 780 430 – 585 33 – 19 1080 800 – 1310 480 – 980 24 – 13 1095 760 – 1280 510 – 830 26 – 10 4063 786 – 2380 710 – 1770 24 – 4 4340 980 – 1960 895 – 1570 21 – 11 6150 815 – 2170 745 – 1860 22 – 7 38 1.2.4. Aços ferramentas: Um aço ferramenta é qualquer aço utilizado para confeccionar ferramentas para corte, conformação ou qualquer tipo de modelação de um material em uma peça ou componente adaptado para determinado uso. Em serviço, a maioria dos aços ferramentas são submetidos a cargas extremamente altas, aplicadas rapidamente. Eles devem resistir várias vezes a essas cargas sem quebrar e sem experimentar um desgaste ou deformação excessivos. Em muitas aplicações, os aços ferramentas devem ser capazes de manter tais características sob condições que desenvolvam altas temperaturas na ferramenta. Nenhum outro material combina máxima resistência ao desgaste, tenacidade e resistência ao amolecimento a elevadas temperaturas. Desta forma, selecionar adequadamente um material para ferramenta em uma dada aplicação requer uma combinação de propriedades de modo a se atingir as características e propriedades desejadas. Com algumas exceções, todos os aços ferramentas devem ser tratados termicamente para desenvolver as combinações de resistência ao desgaste, resistência à deformação ou quebra sob altas cargas aplicadas, além da resistência ao amolecimento a altas temperaturas. Apenas algumas formas simples podem ser obtidas diretamente do fabricante, após tratamento térmico adequado. Entretanto, a maioria dos aços ferramentas são primeiramente conformados ou usinados para se obter a forma desejada para em seguida sofrer um tratamento térmico, que pode ser feito pelo fabricante ou pelo usuário final. 1.2.4.a. Classificação e características: De acordo com a classificação SAE – AISI (Society of Automotive Engineers e American Iron and Steel Institute), os aços ferramentas são agrupados em famílias, classificadas e rotuladas segundo características comuns de tratamento térmico ou de emprego, onde cada família é representada por uma mesma letra maiúscula que a designa, e a diferenciação entre aços de uma mesma família é feita através de números, escritos após a letra representativa da família. Assim, os aços ferramentas classificados de acordo com o emprego são 39 denominados de aços rápidos, para trabalho a quente, para trabalho a frio, resistentes ao choque, de têmpera em água, baixa liga para fins especiais e para moldes de plásticos. Aços rápidos – Possuem esse nome devido à facilidade que possuem de resistir ao amolecimento por ação do calor produzido pelo atrito contra a obra, nas operações de usinagem a grandes velocidades de corte e pesados avanços. Podem ser divididos em duas séries: a série T, que são aços rápidos à base de tungstênio; e a série M, à base de molibdênio. Os aços das duas séries possuem equivalência de performance; porém, a maior vantagem dos aços rápidos tipo M é o custo inicial mais baixo (em torno de 40% mais baixo ao similar da série T). Esta diferença de custo resulta do fato que o peso molecular do molibdênio é cerca de metade do peso molecular do tungstênio. Aplicações típicas para os aços ferramentas dos tipos W e T incluem ferramentas de corte de todos os tipos: fresas, brocas, alargadores, escariadores, ferramentas de torno, brochas, matrizes de corte, ferramentas de rebarbar, etc. Aços para trabalho a quente – Muitas operações de manufatura envolvem puncionamento, cisalhamento ou conformação de metais em altas temperaturas. Os aços ferramentas do grupo H foram desenvolvidos para resistir a combinaçõesde calor, pressão e abrasão associados com essas operações. Este grupo contém percentuais médios de carbono (0,35 a 0,45%) e percentuais de cromo, molibdênio e vanádio totalizando de 6 a 25%. Há uma divisão em subgrupos, de acordo com os elementos de liga: ao cromo (H10 a H19), ao tungstênio (H21 a H26) e ao molibdênio (H41 a H43). Os aços ferramentas ao cromo possuem boa resistência ao amolecimento térmico devido ao percentual médio de cromo e à adição de elementos formadores de carbonetos tais como o molibdênio, vanádio e tungstênio. O percentual baixo de carbono e total de elementos de liga promovem tenacidade em durezas de trabalho de 40 a 55 HRC. Altos percentuais de tungstênio e molibdênio aumentam a resistência a quente mas reduz sensivelmente a tenacidade. O vanádio é adicionado para aumentar a resistência ao desgaste por erosão a altas temperaturas. Um aumento no percentual de silício melhora a resistência à corrosão a temperaturas superiores a 800ºC. Tais aços são 40 especialmente adaptados para trabalho de matriz a quente, particularmente matrizes para extrusão de alumínio e magnésio, bem como matrizes de moldes de fundição, matrizes de forjamento, mandris e guilhotinas a quente. A maioria destes aços possuem percentuais de carbono e elementos de ligas baixos o suficiente para que as ferramentas confeccionadas com eles possam ser resfriadas em serviço com água sem trincar. Os principais elementos de liga dos aços ferramentas ao tungstênio são o carbono, tungstênio, cromo e vanádio. Os altos percentuais de elementos de liga destes aços os fazem mais resistentes ao amolecimento em altas temperaturas e resistentes ao desgaste por erosão que os aços ferramentas para trabalho a quente H11 e H13. Entretanto, alto percentual de elementos de liga também o tornam mais propícios à fragilidade em durezas normais de trabalho (45 a 55 HRC) e os tornam menos resistentes ao resfriamento com água em serviço. Estes aços podem ser endurecidos ao ar, temperados em óleo ou sal. A têmpera em óleo ou sal é mais utilizado por minimizar carepa. Quando endurecidos ao ar, geralmente apresentam uma pequena distorção. Embora estes aços possuam alta tenacidade, eles assemelham-se, em muitas características, aos aços rápidos; de fato, o tipo H26 é uma versão de baixo carbono do aço rápido T1. Se houver um pré-aquecimento antes da utilização, os problemas com trincas podem ser minimizados. São aços utilizados para fabricar mandris, matrizes de extrusão para aplicações a altas temperaturas, tais como extrusão do latão, ligas de níquel e aços, e também são úteis para uso em matrizes de forjamento a quente de peças rugosas. Apesar de ter três tipos possíveis de aços ferramentas ao molibdênio, apenas o tipo H42 é utilizado. Esta liga contém molibdênio, cromo, vanádio e carbono, com variações no percentual de tungstênio. Estes aços são similares aos aços ferramentas ao tungstênio, com características e utilizações praticamente similares. Apesar de sua composição assemelhar-se aos vários aços rápidos ao molibdênio, o tipo H42 possui baixo percentual de carbono e tenacidade muito alta. A principal vantagem do H42 sobre os aços ferramentas ao tungstênio é o custo inicial muito baixo. O tipo H42 é mais resistente ao calor em comparação com os aços para trabalho a quente ao tungstênio mas, em comum com todos os aços com alto molibdênio, requer grandes cuidados no tratamento 41 térmico – particularmente com relação à descarbonetação e controle da temperatura de austenitização. Aços para trabalho a frio – Estes aços possuem essa designação por não possuírem percentuais necessários de elementos de liga para resistir ao amolecimento em altas temperaturas. São restritos a aplicações que não envolvam aquecimento prolongado ou repetitivo acima de 200 a 260ºC. Há três categorias de aços para trabalho a frio: aços de média liga, têmpera ao ar (grupo A); aços alto carbono, alto cromo (grupo D) e aços de têmpera ao óleo (grupo O). Os aços de média liga, têmpera ao ar (grupo A) contêm elementos de liga suficientes para atingir dureza total em seções até cerca de 100 mm em diâmetro com resfriamento ao ar a partir da temperatura de austenitização. Devido à têmpera ao ar, os aços ferramentas do grupo A possuem distorção mínima e a maior segurança (menor tendência a trincar) no endurecimento. Manganês, cromo e molibdênio são os principais elementos de liga utilizados para propiciar este endurecimento profundo. Aplicações típicas para os aços ferramentas do grupo A incluem facas de corte, punções, aparadores, calibres, e são mais baratos que os do grupo D. Os aços ferramentas do grupo D possuem de 1,50 a 2,35% de carbono e 12% de cromo; com a exceção do tipo D3, os demais contêm também 1% de molibdênio. Todos os aços ferramentas do grupo D, com exceção do tipo D3, são temperados ao ar, e atingem dureza total quando resfriados em ar corrente. O tipo D3 é quase sempre temperado em óleo (pequenas peças podem ser austenitizadas no vácuo e então temperados ao gás); portanto, ferramentas confeccionadas com D3 são mais suscetíveis à distorção e são mais prováveis a trincar durante o endurecimento. Os aços do grupo D têm alta resistência ao amolecimento a temperaturas elevadas. Estes aços exibem também excelente resistência ao desgaste, em particular o tipo D7, que tem maiores percentuais de carbono e vanádio. Todos os aços do grupo D – particularmente os tipos com teor de carbono muito alto D3, D4 e D7 – contêm carbonetos compactos que os tornam mais suscetíveis à fratura nas extremidades. Aplicações típicas para os aços do grupo D incluem matrizes de longa corrida para corte de perfis, conformação, moldes para tijolos, ferramentas para brunimento, etc. 42 Os aços ferramentas para trabalho a frio, têmpera ao óleo (grupo O) possuem altos percentuais de carbono, mais outros elementos de liga suficientes de tal forma que pequenas e moderadas seções podem atingir dureza total quando temperados em óleo, a partir da temperatura de austenitização. Os aços do grupo O variam em tipo de liga, bem como em percentual de liga, mesmo quando eles são similares nas características gerais e são utilizados para aplicações semelhantes. A propriedade mais importante relacionado à condição de serviço é a alta resistência ao desgaste em temperaturas normais, resultado do alto teor de carbono presente. Por outro lado, os aços do grupo O possuem baixa resistência ao amolecimento em altas temperaturas. De modo geral, os aços do grupo O são utilizados em matrizes para conformação a frio de metais, em matrizes de corte, calibres e inúmeros outros usos em que se exija média abrasividade e razoável indeformabilidade da ferramenta na têmpera. Como ferramenta de corte, restringe-se apenas aos casos em que não haja aquecimento por atrito em serviço. Aços resistentes ao choque – Os elementos de liga principais dos aços resistentes ao choque (grupo S) são o manganês, silício, cromo, tungstênio e molibdênio, em várias composições. O teor de carbono é de cerca de 0,50% para todos os aços do grupo S, o que produz uma combinação de alta resistência, alta tenacidade e de baixa a média resistência ao desgaste. São usados principalmente para talhadeiras, rebitadeiras, punções, e outras aplicações que precisam de alta tenacidade e resistência à carga de choque. Como esses aços possuem excelente tenacidade em altos níveis de resistência, são freqüentemente considerados para aplicações não ferramentais e estruturais. Aços de baixa liga para fins especiais – Os aços deste grupo (grupo L) contêm pequenas quantidades de cromo, vanádio, níquel e molibdênio. Inicialmente, foram listados sete tipos diferentes de aços para este grupo; porém, com a queda da demanda,apenas os tipos L2 e L6 permaneceram. Os do tipo L2 possuem uma variação do teor de carbono de 0,50 a 1,00% e seus principais elementos de liga são o cromo e o vanádio, que os tornam aços endurecíveis ao óleo, com tamanho de grão fino. Os do tipo L6 contêm pequenas quantidades de cromo e molibdênio, mais 1,50% de níquel para aumento da tenacidade. Embora os dois tipos são considerados aços temperados ao óleo, grandes seções de L2 são 43 freqüentemente temperadas em água. Os aços do grupo L são geralmente utilizados para peças de máquina, tais como eixos, cames, mandris, e para outras aplicações especiais que precisam de boa resistência e tenacidade. Aços para moldes – Os aços utilizados para moldes (grupo P) contêm cromo e níquel como elementos de liga principais. Os tipos P2 e P6 aços carbonizados produzidos para padrões de qualidade de aços ferramentas. Eles possuem dureza muito baixa e baixa resistência ao endurecimento de trabalho, na condição recozido. Estes fatores torna-os possíveis de serem utilizados para a confecção de um molde de impressão. Após a impressão, o molde é carbonizado, endurecido e temperado para uma dureza superficial de cerca de 58 HRC. Todos os aços do grupo P têm baixa resistência ao amolecimento a elevadas temperaturas, com exceção para o P4 e P21, que possuem média resistência. Estes aços são utilizados quase exclusivamente em matrizes de molde de fundição em baixas temperaturas e em moldes para injeção ou compressão de plásticos. Aços de têmpera em água – Os aços de têmpera em água (grupo W) contêm carbono como principal elemento de liga. Pequenas quantidades de cromo e vanádio são adicionados para a maioria dos aços do grupo W – cromo para aumentar a endurecibilidade e resistência ao desgaste, e vanádio para manter o tamanho de grão fino e também para melhorar a tenacidade. A Society of Automotive Engineers (SAE) recomenda uma divisão em graus de qualidade, denominados “especial”, ou de qualidade 1, “extra”, ou de qualidade 2, “standard”, ou de qualidade 3, e “comercial”, ou de qualidade 4. O de qualidade 1 engloba os aços W de melhor qualidade, por haver controles rígidos de composição química e temperabilidade. Os aços de qualidade 2 também são considerados de alta qualidade, têm controle acurado de temperabilidade, são submetidos a testes de controle de produção capazes de garantir um bom desempenho em aplicações de caráter geral, mas deles não se exige tão rigorosas tolerâncias de composição química quanto nos do tipo especial. Os de qualidade “standard” não são fornecidos com certificado de temperabilidade controlada, e são recomendados apenas nos casos em que se possa tolerar alguma variação de uniformidade em seu desempenho. Os de qualidade comercial referem-se aos aços ao carbono 44 para ferramentas não sujeitos a testes especiais de qualidade, e também sem garantias quanto a profundidade de têmpera. Os usos dos aços do grupo W englobam um numeroso elenco de ferramentas e matrizes de toda sorte. De maneira geral, os de teor de carbono mais baixo apresentam melhor tenacidade, com perda de resistência ao desgaste, enquanto que aqueles situados no outro extremo da faixa de teores de carbono terão alta abrasividade, porém menor resistência a esforços bruscos. A Tabela 5 mostra as designações e composições para seis aços ferramentas. Tabela 5 - Designações e composições para seis aços ferramentas. Composição (%)Número AISI Número UNS C Cr Ni Mo W V M1 T11301 0,85 3,75 0,30 máx. 8,70 1,75 1,20 A2 T30102 1,00 5,15 0,30 máx. 1,15 - 0,35 D2 T30402 1,50 12 0,30 máx. 0,95 - 1,10 máx. O1 T31501 0,95 0,50 0,30 máx. - 0,50 0,30 máx. S1 T41901 0,50 1,40 0,30 máx. 0,50 máx. 2,25 0,25 W1 T72301 1,10 0,15 máx. 0,20 máx. 0,10 máx. 0,30 máx. 0,10 máx. 1.2.5. Aços inoxidáveis 1.2.5.a. Constituição dos aços inoxidáveis trabalhados: Os aços resistentes à corrosão, denominados comumente como aços inoxidáveis, apresentam um teor mínimo de 11% de cromo que confere a propriedade de resistência à corrosão. Outros elementos de liga também elevam 45 a resistência à corrosão, como o cobre, o alumínio, o silício e o molibdênio e, particularmente, o níquel. Os aços inoxidáveis podem conter outros elementos de liga além do cromo contudo em menores teores; o teor de níquel pode atingir a 8%. Os aços inoxidáveis são classificados em quatro grupos de acordo com a microestrutura básica formada e com a possibilidade de endurecimento por tratamento térmico: a) aços inoxidáveis ferríticos; b) aços inoxidáveis martensíticos; c) aços inoxidáveis austeníticos; d) aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação. Em decorrência da composição química, e dos tratamentos térmicos e mecânicos aplicados, pode-se ter materiais com diferentes propriedades mecânicas e de fabricação além da característica de resistência à corrosão para meios ambientes comuns ou especiais. Os aços inoxidáveis podem se apresentar nas formas comuns de placas laminadas ou forjadas, chapas laminadas, tiras laminadas, barras laminadas e forjadas, arames trefilados, tubos com e sem costura além de peças trabalhadas por conformação plástica de formas diversas. As propriedades mecânicas da maioria dos aços inoxidáveis são iguais ou melhores do que os aços carbono. Os aços ferríticos e austeníticos somente podem ser endurecidos por tratamentos mecânicos que provocam a deformação plástica, e os aços martensíticos tem a sua resistência também elevada por tratamento térmico de têmpera (e revenido). Contudo, alguns aços austeníticos são considerados metaestáveis e apresentam um efeito de endurecimento por deformação plástica (encruamento) maior do que outros aços devido a precipitação de martensita induzida pela deformação. Os aços endurecíveis por precipitação podem ser agrupados em dois tipos: aqueles que endurecem por resfriamento brusco com um único tratamento, e aqueles outros que exigem um tratamento duplo. 46 As propriedades de fabricação dos aços inoxidáveis são dependentes do tipo de aço em função de sua composição e microestrutura; contudo de um modo geral, deve-se considerar que, em relação aos aços carbono e aços de baixa liga, os parâmetros de processamento são diferentes pois os aços inoxidáveis apresentam maior resistência mecânica, maior ductilidade, maior taxa de encruamento e exigem técnicas específicas de tratamento superficial para garantir a propriedade de resistência à corrosão. os aços inoxidáveis podem ser forjados a frio e a quente, usinados e soldados. O diagrama de equilíbrio ferro - cromo é fundamental para compreender a formação da microestrutura dos aços inoxidáveis e, consequentemente, das suas propriedades mecânicas, de resistência à corrosão e de fabricação. Os aços ferríticos estão compreendidos numa composição de cromo ampla correspondente a fase alfa. A adição de carbono altera o diagrama ampliando a restrita região de fase gama tornando possível a transformação martensítica da estrutura austenítica com o tratamento térmico de têmpera (resfriamento brusco), como nos aços - carbono. Os aços martensíticos permitem esse tratamento de endurecimento, contudo não apresentam a mesma resistência à corrosão dos aços ferríticos e austeníticos. A seleção entre um aço ferrítico (austenítico) e um martensítico é feita em função do compromisso entre as propriedades mecânicas (resistência, dureza, resistência ao desgaste) e a resistência à corrosão. A adição de elementos de liga, como o níquel ou o manganês e nitrogênio, ampliam acentuadamente a região de fase gama tornando-a estável à temperatura ambiente; os aços com essa microestrutura são os aços austeníticos que contém um mínimo de8% de níquel; esses aços são os mais resistentes à corrosão e apresentam, ainda, a característica de não serem magnéticos como os aços ferríticos e martensíticos; o seu endurecimento somente pode se dar por trabalho a frio (encruamento), e alguns tipos podem endurecer por uma transformação martensítica provocada pela deformação plástica. A adição de cromo e níquel nos aços austeníticos pode crescer e, ainda pode-se adicionar molibdênio para elevar a resistência à corrosão (por "pites" em soluções de cloretos); o carbono, nesses aços, é adicionado em teores mínimos e, assim mesmo, deve ser estabilizado na estrutura com elementos formadores de carbonetos como o titânio e o nióbio pois, caso contrário pode provocar a corrosão intergranular e a perda de tenacidade 47 devido a precipitação de carbonetos em contornos dos grãos quando aquecidos entre 454 a 565oC. Ainda, nesses aços, o níquel pode ser parcialmente substituído por manganês. Os aços endurecíveis por precipitação apresentam um compromisso entre resistência mecânica e à corrosão; o carbono é adicionado em maiores teores do que nos aços ferríticos, contudo ainda em nível relativamente baixo para se obter uma estrutura de matriz martensítica com baixo carbono, que tem sua resistência mecânica elevada com um posterior tratamento de endurecimento por precipitação. Esses aços se apresentam em três grupos de acordo, ainda, com a microestrutura: austeníticos, semi-austeníticos e martensíticos. Os aços austeníticos endurecíveis por precipitação são basicamente aqueles já mencionados de estrutura austenítica ; contudo contendo teores mais elevados de níquel, alumínio e titânio para produzir precipitados; dos três é o que apresenta menor resistência mecânica, entretanto como o seu tratamento de envelhecimento para precipitação se dá a temperaturas maiores, consequentemente pode ser utilizado também para condições de trabalho em temperaturas mais elevadas. Os aços semi-austeníticos endurecíveis por precipitação tem a temperatura de início transformação para a martensita abaixo da temperatura ambiente; quando é resfriado, após o recozimento para solubilização, até a temperatura ambiente, apresenta-se austenítico, e, portanto, relativamente dúctil; o seu endurecimento é obtido por um resfriamento brusco, para produzir martensita, até abaixo da temperatura de transformação, seguida de algumas etapas de reaquecimento para provocar a precipitação de compostos intermetálicos. Nesses aços, se o teor de carbono for suficientemente elevado para provocar a precipitação de carboneto de cromo nas temperaturas de tratamento elevadas, a temperatura de transformação martensítica se coloca acima da ambiente e a martensita surge com um resfriamento até essa última temperatura ; e, além disso, uma transformação mecânica pode também induzir a transformação martensítica. Com o subseqüente tratamento de envelhecimento obtém-se uma resistência maior do que com os aços martensíticos anteriormente descritos. Nos aços martensíticos endurecíveis por precipitação, a martensita se forma por resfriamento, da condição solubilizada até uma temperatura acima da ambiente; a composição básica é a do aço com 18%Cr - 8%Ni com adição de pequena quantidade de carbono e retirada de um pouco de níquel, cromo e 48 manganês; a martensita precipitada é posteriormente endurecida por envelhecimento que produz a precipitação de composto de níquel com alumínio, titânio e nióbio e de carbonetos complexos. 1.2.5.b. Aços inoxidáveis fundidos: As peças fundidas em aços inoxidáveis podem ser constituídas basicamente dos mesmos tipos de aços que se apresentam na forma trabalhada (ou dúctil); contudo alguns tipos tem a sua composição modificada para atender a usos específicos. Os aços trabalháveis devem apresentar, obrigatoriamente, ductilidade suficientemente elevada para os tratamentos mecânicos a quente (laminação) e alguns, também a frio; mas os aços para peças fundidas não apresentam essa restrição e algumas composições podem ser adotadas para fabricar peças que não poderiam ser obtidas por transformação mecânica. Devido a isso, dois grandes grupos de aços inoxidáveis para fundição são formados: a) Aços fundidos de composição correspondente aos aços trabalhados, usados principalmente em meios ambientes corrosivos à temperatura abaixo de 650oC; b) Aços fundidos de composição modificada para atender a necessidade de maior resistência mecânica para peças estruturais que devem operar às temperaturas de até 1200oC. Em geral os aços trabalhados e fundidos, de composições equivalentes, apresentam as mesmas características de comportamento em meios corrosivos e, comumente, são utilizados em conjunto para as diferentes peças de um sistema mecânico; contudo, as propriedades mecânicas são diferentes devido a influência notável das pequenas variações da composição da liga, das impurezas presentes na microestrutura, e da natureza da estrutura de solidificação. 49 1.2.5.c. Resistência a corrosão dos aços inoxidáveis: A resistência à corrosão dos aços inoxidáveis depende, basicamente, da composição química e da microestrutura e, de um modo geral, pode-se afirmar que os aços inoxidáveis martensíticos são os menos resistentes e os austeníticos os mais resistentes. Assim sendo, deve-se considerar cada tipo, separadamente. Porém, antes disso convém analisar genericamente o fenômeno da passivação e a influência dos elementos de liga na resistência à corrosão. A passivação nos aços inoxidáveis é obtida pela presença de uma fina película de óxido hidratado de metal na superfície (com composição típica: 4M304.Si02. H2O para o aço 304). A presença da película depende da natureza do meio ambiente e ela condiciona o comportamento mais ou menos nobre do aço; quando está presente, o aço inoxidável se aproxima do comportamento dos metais nobres, caso contrário se assemelha a atividade do ferro comum. O meio ambiente, para garantir a passividade, deve conter oxigênio que conduz à formação da película de óxidos metálicos; nos casos em que ocorre aeração diferencial a corrosão pode surgir e, por outro lado, nas situações de elevada velocidade de fluxo de líquido com oxigênio dissolvido a corrosão é evitada; evidentemente, se a uma velocidade maior corresponde, também, um aumento do efeito de erosão (por partículas abrasivas suspensas), ou do efeito de cavitação, a resistência à corrosão é diminuída devido a destruição rápida da película protetora formada. A destruição da película num determinado ponto pode conduzir a rápida corrosão da peça por um dos seguintes tipos de corrosão: por pites, por frestas, intergranular e sob tensão. De um modo geral, dependendo do tipo de aço inoxidável e das condições de meio ambiente, a corrosão é evitada ou, então, se manifesta de forma rápida e destrutiva. A adição de cromo nos aços eleva gradativa mente a resistência à corrosão atmosférica; e a velocidade de formação da película passivante também depende do teor de cromo, contudo somente teores acima de 10% cria uma película protetora e, mesmo assim, com atmosferas rural ou marítima essa película pode ser destruída. A presença do níquel garante a resistência em algumas atmosferas sem oxigênio. O manganês é um estabilizador da austenita à temperatura ambiente contudo não altera a resistência à corrosão dos aços com alto teor de cromo; naquela função pode substituir parcialmente o 50 níquel. o molibdênio eleva a resistência à corrosão localizada em água do mar e em solução de sais halogênicos; esse elemento atua no sentido de fortalecer a película de óxido passivante. O carbono exerce uma influência fundamental e quando, pelos tratamentos térmicos, permanece em solução, e não provoca a formação de fases intermetálicas,aumenta a resistência A corrosão. Nos aços austeníticos e ferríticos a redução do teor de carbono eleva a resistência à corrosão pois diminui a suscetibilidade de precipitação de carboneto de cromo que conduz à corrosão intergranular; além disso, a temperatura de sensibilização e o tempo de permanência nessa temperatura influem na precipitação dos carbonetos; o fenômeno de sensibilização pode ser evitado, então, reduzindo o teor de carbono, ou utilizando elementos estabilizadores (nióbio e titânio) de carbonetos na matriz, ou promovendo o recozimento para solubilização (seguido de resfriamento rápido), ou, ainda, evitando a permanência na temperatura de sensibilização. Nos aços martensíticos, o carbono é importante para permitir a formação da martensita; e a me1hor condição de resistência à corrosão é a temperada, contudo o revenido a baixas temperaturas (375oC) não altera substancialmente essa característica; ou revenidos às temperaturas maiores provocam a precipitação de carbonetos e reduzem a resistência à corrosão. Aços austeníticos - São considerados como sendo os aços mais resistentes à corrosão em meios ambientes de atmosfera industrial ou de meios ácidos, mantendo a superfície brilhante e, praticamente, isento de produtos de corrosão generalizada; em condições mais severas como de temperaturas mais elevadas ou ácidos mais fortes, os elementos de liga devem ser adicionados em maiores teores (como o tipo 304: 0,08% C máximo; 18-24 Cr; 8-12 Ni). A adição de molibdênio acima de 2% eleva a resistência à corrosão localizada (como no tipo 316: 0,08 C max;16-18 Cr; 10-14 Ni; 2-3 Mo); para meios mais agressivos (com teor de cloretos mais elevados), os teores de níquel e molibdênio são maiores; contudo, muito importante também é a manutenção no aço de baixos teores de inclusões e de precipitados durante a sua fase de fabricação. Na corrosão intergranular deve-se considerar a denominada temperatura de sensibilização; com aquecimentos de tratamentos térmicos em faixas de temperatura de cerca de 600 a 870oC, ocorre uma redução da resistência à corrosão intergranular: surge a 51 formação e precipitação de carbonetos ricos em cromo (M23C6) ao longo dos contornos dos grãos, e a região adjacente perde cromo pois a velocidade de difusão do cromo é menor do que a do carbono; os carbonetos podem também conter níquel e molibdênio. As temperaturas maiores do que essas assinaladas, obtém-se uma recuperação da liga provocando a difusão do cromo pelas regiões empobrecidas desse metal; portanto, a liga é mais resistente à corrosão quando recozida para solubilização (900 a 1090oC) e resfriada rapidamente para evitar a sensibilização. A redução do teor de carbono do aço abaixo do valor de saturação da solução sólida reduz esse efeito (utiliza-se o aço 304L ao invés do 304). Mas a adição, também , de nióbio ou titânio produz um aço "estabilizado" aumentando a resistência à corrosão intergranular: o elemento estabilizante impede a precipitação dos carbonetos provenientes da solução sólida; os teores mínimos desses elementos são os seguintes - 8 x %C para o x %C para o Ti - porém, na presença de nitrogênio são necessárias as quantidades maiores para compensar a formação dos nitretos. Os meios mais agressivos são as soluções ácidas oxidantes. Muitos aços são suscetíveis à corrosão sob tensão (particularmente em soluções contendo cloretos com pH 2 a 10, e temperatura acima de 300oC); os aços com mais de 30% de níquel são praticamente, imunes a esse tipo de corrosão. Os aços resistentes à corrosão localizada são normalmente, também, resistentes à corrosão por frestas. Para elevar a resistência erosão - corrosão, procura-se aumentar a dureza da liga, e isso feito com a adição de teores mais elevados de cromo. A corrosão galvânica no aço austenítico pode ocorrer dependendo da natureza do outro me tal em contato e da condição passivada ou ativada em que se encontra no meio líquido; na condição passivada é relativamente nobre, caso contrário comporta-se como o ferro. Aços ferríticos - Apresentam a melhor condição de corrosão no estado recozido; apesar das adições de molibdênio elevar a resistência à corrosão, pode ocorrer a precipitação de carbonetos e nitretos complexos de cromo - molibdênio, durante um processo de soldagem ou de um tratamento térmico de alívio de tensões, com prejuízo para a resistência à corrosão particularmente a intergranular. A resistência à corrosão generalizada aumenta com o teor de cromo e com o tratamento térmico de recozimento para solubilização. Por outro lado, a corrosão 52 por pites e por frestas se manifesta menos acentuadamente também com o aumento do teor de cromo, contudo a adição de molibdênio se apresenta como mais influente; a composição para garantir uma boa resistência é no mínimo 23% Cr e 2% Mo; e para contornar o problema de precipitação de carbonetos na soldagem, por exemplo, deve-se reduzir os teores de carbono e nitrogênio (abaixo de 0,15% em conjunto). A temperatura de sensibilização à corrosão intergranular permanece na faixa de 600-650oC, e em meios líquidos constituídos de ácidos oxidantes ocorre intensa penetração da fissura de corrosão; pode-se prevenir esse dano realizando um recozimento (após a soldagem) ao redor de 700oC, ou adicionando estabilizadores como o titânio e o nióbio ou reduzindo os teores de carbono e nitrogênio; um teor de carbono abaixo de 0,02% impede a presença desse tipo de corrosão. A resistência à corrosão sob tensão é obtida com um mínimo de 20% Cr e 1% Mo, em ambiente de íons de cloro; contudo a pureza do metal em geral contribui muito para elevar a resistência. A intensidade de corrosão por formação de par galvânico depende da condição de passividade; o aço ferrítico se apassiva com maior dificuldade do que o austenítico. A resistência à erosão - corrosão aumenta com a dureza superficial que por sua vez, se eleva com teores maiores de cromo e molibdênio e com a condição encruada. Aços martensíticos - Apresentam teor máximo de cromo de 14%, para permitir a transformação martensítica mas, de qual quer forma, são selecionados para condições ambientais não severas e para peças onde a resistência mecânica é fundamental; além do relativamente baixo teor de cromo, esses aços possuem alto carbono que conduz a formação de precipitados. Aços endurecíveis por precipitação - São selecionados também para condições menos severas de corrosão, onde pretende-se resistências mecânicas maiores do que as dos aços ferríticos e austeníticos. As ligas com teores mais elevados de cromo são mais resistentes mas as condições de tratamento térmico influenciam, acentuadamente a resistência à corrosão; a condição de melhor resistência à corrosão é a solubilizada e a pior é a precipitada. 53 1.2.5.d. Propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis: As propriedades mecânicas dependem da composição química, do processo de fabricação (aço trabalhado ou fundido) e do tratamento térmico aplicado, que condicionam uma determinada microestrutura. Em geral, como já se mencionou, as propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis se assemelham às dos aços carbono comuns. Contudo como em muitas aplicações as temperaturas de trabalho não são iguais a temperatura ambiente, e como comumente as propriedades indicadas nas normas e manuais técnicos se referem à temperatura ambiente, há necessidade de se realizar ensaios específicos para verificar o comportamento mecânico e a estabilidade estrutural nas temperaturas, altas ou baixas, reais de trabalho. Os aços austeníticos podem ter a sua resistência mecânica elevada por trabalho a frio contudo os tipos metaestáveis, isto é, que precipitam martensita com a deformação plástica, apresentam um efeito de encruamento maior (o aço 301,por exemplo, é metaestável, ao contrário do aço 304). Os aços ferríticos são menos dúcteis do que os aços austeníticos, e a deformação a frio eleva menos acentuadamente a resistência mecânica. Os aços martensíticos, que podem ser ferríticos na condição recozida, apresentam resistência mecânica elevada quando temperados; o revenido a baixas temperaturas (até 450oC) apenas alivia as tensões internas. Nos aços endurecíveis por precipitação a resistência mecânica é maior ainda. A Figura 3 esquematiza as modificações de composição a partir do aço inoxidável austenítico 304, visando certas propriedades específicas. 54 Figura 3 – Modificações de composição a partir do aço inoxidável austenítico 304, visando propriedades específicas (segundo a norma AISI) (Padilha & Guedes, 1994). 55 1.2.5.e. Usos típicos dos aços inoxidáveis em geral: A aparência brilhante e atraente dos aços inoxidáveis, que se mantém ao longo do tempo com simples limpeza, associada à resistência mecânica, torna esses materiais adequados aos usos na construção arquitetônica, na fabricação de móveis e objetos de uso doméstico e a outros usos semelhantes. A resistência à corrosão dos aços inoxidáveis aos diversos meios químicos permitem o seu emprego em recipientes, tubulações e componentes de equipamentos de processamento de produtos alimentares e farmacêuticos, de celulose e papel, de produtos de petróleo e de produtos químicos em geral. A resistência à oxidação, em temperaturas mais elevadas, torna possível o seu uso em componentes de fornos, câmaras de combustão, trocadores de calor e motores térmicos. A resistência mecânica relativamente elevada, tanto à temperatura ambiente como às baixas temperaturas, faz com que sejam usados em componentes de máquinas e equipamentos nos quais se exige alta confiabilidade de desempenho como, por exemplo, partes de aeronaves e mísseis, vasos de pressão, e componentes estruturais menores como parafusos e hastes. 1.2.5.f. Efeito do níquel nos aços inoxidáveis: O níquel é o mais importante elemento de liga adicionado à composição básica dos aços inoxidáveis, essencialmente uma liga ternária de ferro – carbono - cromo. A adição progressiva do níquel numa determinada liga desloca a zona de formação de ferrita delta para temperaturas mais elevadas e aumenta a quantidade de austenita também formada as altas temperaturas. E a estabilidade da austenita a temperatura ambiente é também elevada pelo aumento do teor de níquel de tal modo que com 8% Ni tem-se uma estrutura totalmente austenítica; contudo, esse teor de níquel para a formação de austenita estabilizada a temperatura ambiente depende do teor de cromo: com cerca de 18% Cr basta 8% Ni, porém para composições maiores ou menores de 18% Cr, o teor de níquel deve ser sempre maior para garantir esse efeito. 56 Algumas expressões matemáticas empíricas permitem estimar os teores de níquel necessários para obter uma estrutura totalmente austenítica em função dos teores dos outros elementos de ligas presentes no aço inoxidável. Nos aços inoxidáveis, endurecíveis pela presença de maior teor de carbono e formação de martensita por tratamento térmico de têmpera, a temperatura de início de formação da martensita é reduzida de forma mais acentuada em função do teor do níquel do que ocorre com teores crescentes de cromo ou manganês. A adição de níquel nos aços martensíticos acentua o efeito de endurecimento, além de elevar a resistência à corrosão; contudo para teores excessivamente elevados pode ocorrer a retenção de austenita que é de natureza mole. Nos aços ferríticos o níquel comumente não está presente, contudo a adição de uma certa quantidade de níquel nesses aços, em teores de 2 a 5% aproximadamente, eleva substancialmente a resistência ao choque, ou seja, reduz a temperatura de transição de comportamento dúctil - frágil nas solicitações mecânicas por impacto. Teores de níquel nos aços ferríticos, em torno de até 1%, elevam a resistência à corrosão por pites em ambiente atmosférico e, de uma maneira geral, em meios líquidos agressivos, dependendo, evidentemente, dos teores dos outros elementos de liga presentes. Nos aços martensíticos a atuação do níquel é particularmente importante. Dependendo do teor de carbono no aço inoxidável, a medida em que o teor de cromo cresce - para conferir maior resistência à corrosão - a transformação de fase se dá no sentido de formar ferrita ao invés de martensita o que reduz, por conseguinte, a capacidade de endurecimento do material. A adição de níquel recupera essa propriedade de endurecibilidade, tanto no resfriamento rápido como no ar após o aquecimento para austenitização. No aço inoxidável 431, por exemplo, o teor de níquel é de 1,2 a 2,5%. Nos aços endurecíveis por precipitação, a presença do níquel é também favorável para conferir o máximo efeito de elevação de resistência por tratamento térmico. E de um modo geral, teores crescentes de níquel nos aços inoxidáveis elevam a resistência à corrosão em diversos ambientes corrosivos, além de também conferir melhor resistência e ductilidade; o teor de níquel presente pode variar comumente ao redor de 2 a 6% dependendo dos teores dos outros elementos de liga presentes e da condição de aço trabalhado ou fundido. 57 Os aços austeníticos contém níquel na quantidade suficiente para conduzir a estabilidade da austenita a temperatura ambiente, como já foi citado. O aumento do teor de níquel, ainda na faixa de composição onde pode ocorrer a transformação de austenita em martensita, provoca a gradativa redução da resistência mecânica e elevação da ductilidade. Para a resistência a corrosão em geral, nos aços com 18% de cromo, teores maiores do que 8% e até 12% de níquel não provocam sensível melhoria de comportamento do aço em, por exemplo, atmosferas marítimas; em outros meios mais ou menos agressivos, a elevação do teor de níquel eleva a resistência a corrosão comumente, contudo o teor ideal para o efeito máximo depende da composição do aço e da natureza do meio ambiente. Uma influência notável do níquel nos aços inoxidáveis é a elevação da capacidade de conformação plástica a frio; a presença do níquel em até 10%, estabilizando a austenita, contribui, de um modo geral, para elevar a ductilidade do aço, e reduzir, gradativamente, a sua resistência mecânica; a partir de 10% de níquel a ductilidade também tende a decrescer reduzindo, por conseqüência, a conformabilidade, o teor de 10%, para o efeito máximo, depende da composição do aço, em particular do teor de cromo. As Tabelas 6 e 7 mostram a composição química e propriedades mecânicas de alguns aços inoxidáveis respectivamente. 58 Tabela 6 – Composição química e condição de tratamento térmico de alguns tipos de aços inoxidáveis. Número AISI Número UNS Composição (%) Condição 409 S40900 0,80 C; 11,0 Cr; 1,0 Mn, 0,50 Ni, 0,75 Ti Recozido 446 S44600 0,20 C; 25 Cr; 1,5 Mn Recozido 304 S30400 0,08 C; 19 Cr; 9 Ni; 2,0 Mn Recozido 316L S31603 0,03 C; 17 Cr; 12 Ni; 2,5 Mo; 2,0 Mn Recozido 410 S41000 0,15 C; 12,5 Cr; 1,0 Mn Recozido Temperado e revenido 440A S44002 0,70 C; 17 Cr; 0,75 Mo; 1,0 Mn Recozido Temperado e revenido 17-7PH S17700 0,09 C; 17 Cr; 7 Ni; 1,0 Al; 1,0 Mn Endurecido por precipitação 59 Tabela 7 – Propriedades mecânicas e características típicas de alguns tipos de aços inoxidáveis. Propriedades Mecânicas Número AISI Condição Limite de resistência à tração (MPa) Limite de escoamento (MPa) Ductilidade (% AL em 50 mm) 409 Recozido 380 205 20 446 Recozido 515 275 20 304 Recozido 515 205 40 316L Recozido 485 170 40 Recozido 485 275 20 410 Temperado e recozido 825 620 12 Recozido725 415 20 440A Temperado e recozido 1790 1650 5 17-7PH Endurecido por precipitação 1450 1310 1 – 6 1.2.6. Ferros fundidos: É o termo genérico utilizado para as ligas Ferro - Carbono nas quais o conteúdo de Carbono excede o seu limite de solubilidade na austenita na temperatura do eutético. A maioria dos ferros - fundidos contém no mínimo 2% de carbono, mais silício (entre 1 e 3%) e enxofre, podendo ou não haver outros elementos de liga. Os ferros - fundidos também são chamados de ligas Ferro – Carbono – Silício. A Figura 4 mostra o diagrama de fases Ferro – Grafita, utilizado para os ferros fundidos. 60 Figura 4 – Diagrama de equilíbrio de fases Ferro – Grafita (Callister Jr., 2002). 1.2.6. a. Classificação: Os ferros fundidos se classificam nos seguintes grupos gerais: - Ferros fundidos brancos; - Ferros fundidos cinzento; - Ferros fundidos nodulares; - Ferros fundidos vermiculares; - Ferros fundidos maleáveis; - Ferros fundidos ligados. Esse critério de classificação se apoia principalmente na forma como o carbono se apresenta na massa metálica solidificada, após o processo de fundição para a fabricação de peças: carbono na condição de cementita ou carbono na condição de grafita de diferentes morfologias (veios ou nódulos). 61 1.2.6.b. Constituição: O ferro fundido é constituído de um grande conjunto de ligas de ferro que contém mais do que 2% de carbono e cerca de 1 a 3% de silício; os ferros fundidos do último grupo contêm ainda elementos de liga que conferem alguma propriedade adicional à liga básica. O ferro fundido branco é formado no processo de solidificação quando não ocorre a precipitação da grafita e todo o carbono fica na forma de carboneto de ferro; os teores de silício são baixos para permitir a formação de carbonetos e as matrizes são perlíticas. Nos ferros fundidos brancos ligados, elementos adicionados - cromo, molibdênio e vanádio - atuam como estabilizador dos carbonetos e permite a obtenção de matrizes bainíticas ou martensíticas. No processo de solidificação, um resfriamento mais rápido favorece a formação de cementita. O ferro fundido cinzento apresenta a grafita precipitada na forma de flocos, ou veios, que confere uma aparência acinzentada na fratura de um corpo de prova (ao contrário da cor esbranquiçada do primeiro tipo de ferro fundido). As condições de fundição podem alterar a forma da grafita precipitada, e a morfologia da grafita tem notável influência nas propriedades mecânicas do material. A matriz pode ser de natureza predominantemente ferrítica ou perlítica, dependendo da velocidade de resfriamento, do teor de silício e do teor de carbono equivalente CE = (teor de carbono) + 1/3 (teor de silício + teor de fósforo). A adição de elementos de liga pode permitir a obtenção de estrutura martensítica após tratamentos térmicos posteriores na peça. O ferro fundido nodular, muitas vezes denominado ferro fundido dúctil ou de grafita esferoidal, apresenta a característica particular da grafita se apresentar na forma de partículas aproximadamente esféricas; essa morfologia é obtida com a adição de elementos como o magnésio na massa líquida. Esse processo é denominado de nodulização, enquanto que o processo de inoculação - conduzido antes, durante ou após o primeiro - determina o tamanho e a distribuição das partículas esferoidizadas. A estrutura típica da matriz é perlítica, contudo os nódulos de grafita se encontram envolvidos por ferrita; algumas vezes, a cementita livre pode estar presente. As quantidades de perlita, ferrita e cementita 62 dependem da composição, do tipo de nodulizante e inoculante, da velocidade de resfriamento e da prática de fundição. Os tratamentos térmicos podem ser aplicados para alterar a microestrutura e as propriedades: recozimento para obter estrutura ferrítica dúctil, normalização para refinar os grãos perlíticos e têmpera e revenido para endurecimento o ferro fundido vermicular, ou de grafita compactada, apresenta esse microconstituinte interligado dentro das células eutéticas e de dimensão mais grosseira do que os veios de grafita do ferro fundido cinzento; a microestrutura nesse caso pode ser considerada de características intermediárias entre a do ferro fundido cinzento e do ferro fundido nodular. Essa forma de distribuição da grafita é obtida através de controle preciso do processo de inoculação. O ferro fundido maleável é obtido do tratamento de um ferro fundido branco, que consiste em um aquecimento por várias horas em uma temperatura de cerca de 925ºC (acima do ponto eutetóide); nessa 1ª etapa do processo de maleabilização ocorre a decomposição da cementita e a precipitação de nódulos de grafita de formato irregular. O resfriamento, da 2ª etapa, deve ser lento para provocar a precipitação do carbono restante que permaneceu dissolvido na austenita. A microestrutura final é um agregado de ferrita e grafita. Os ferros fundidos ligados podem ser constituídos de diversos elementos; contudo comumente adiciona-se cromo, molibdênio ou níquel em ferros fundidos cinzentos ou nodulares para se obter resistência maior, inclusive em peças de maiores espessuras, e, ainda, em alguns casos para elevar a resistência ao desgaste, à corrosão e às altas temperaturas; nos ferros fundidos brancos os elementos de liga estão presentes para elevar mais ainda a resistência ao desgaste e a resistência à corrosão. 1.2.6.d. Designação: Segundo a norma ABNT EB126, os ferros fundidos cinzentos são designados pelas letras FC, que significam ferro fundido cinzento, acompanhadas de dois algarismos representativos do limite mínimo de resistência à tração. Estes ainda são divididos em classes com uma numeração de dois dígitos (segundo ASTM A48) que correspondem à resistência à tração em unidades ksi; a 63 numeração inicia-se com 20 (20 ksi = 140 MPa) e termina com 60 (60 ksi = 410 MPa). Os ferros fundidos nodulares apresentam um conjunto de três pares de números, por exemplo: 60 – 40 – 18, onde o primeiro par corresponde à resistência à tração (em ksi), o segundo ao limite de escoamento (em ksi) e o terceiro ao alongamento(em % para corpo de prova de 50mm); ainda segundo a ASTM; seguem essas designações as entidades americanas ASME, SAE e as normas militares, contudo podem surgir outras formas de designação com sistemas alfanuméricos. Os ferros fundidos maleáveis são designados com um conjunto de 5 dígitos (ver normas da ABNT, particularmente as: NBR 6589, 6590. 6916, 6914). 1.2.6.e. Propriedades: Os ferros fundidos brancos são duros e frágeis, contudo possuem elevada resistência à compressão; além disso, mantém a resistência e a dureza em temperaturas elevadas e são particularmente empregados para resistir ao desgaste em geral e do tipo abrasivo em particular. Os ferros fundidos cinzentos apresentam características que dependem muito dos veios de grafita que estão presentes; ao mesmo tempo em que a dureza é elevada (o que confere resistência ao desgaste), tem boa usinabilidade (provocada pelo efeito de quebra do cavaco e de lubrificação da grafita); além disso, apresentam características de metal anti - fricção e com capacidade para amortecimento de vibrações. Os ferros fundidos nodulares caracterizam-se pela ductilidade, tenacidade e resistência mecânica. Porém, a característica mais importante relacionada com a resistência mecânica é o limite de escoamento, que é mais elevado nos ferros fundidos nodulares do que nos demais ferros fundidos. As outras propriedades são equivalentes a do ferro fundido cinzento como a usinabilidade e a resistência à corrosão. As propriedades do ferro fundido vermicular são intermediárias do ferro fundido cinzento e nodular, e as características do ferro
Compartilhar