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aula 03 resposta

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Universidade Estácio de Sá – Campus Resende
Disciplina: Direito Civil V (Direito de Família)
Prof.: Ciro Ferreira dos Santos
Aula 03 – 1. Casamento. 
a. Conceito 
b. Natureza Jurídica 
c. Características 
d. Finalidade 
e. Casamento civil e casamento religioso 
f. Esponsais 
 
2. Formalidades preliminares do casamento 
a. Habilitação 
b. Pressupostos de existência do casamento 
Casamento
Conceito: 
É o vínculo jurídico entre o homem a mulher que visa o auxílio mútuo material ou espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma família legítima.
Finalidades:
Instituição da família matrimonial (art. 1.513 CC)
Procriação dos filhos (CF 88 art. 226 § 7º)
Legalização das relações sexuais 
Prestação de auxílio mútuo
Estabelecimento de deveres entre os cônjuges (art. 1.566, I e V, art. 1.568 CC)
Educação da prole (art. 1.634 e art. 22 da Lei 8.069/90)
Atribuição do nome ao cônjuge e aos filhos (art. 1.565, § 1º)
Reparação de erros do passado 
Regularização de relações econômicas
Legalização de estados de fato
Natureza Jurídica:
Teoria Contratualista – Matrimônio é um contrato civil (especial ou sui generis), regido pelas normas comuns a todos os contratos. Aperfeiçoando-se apenas pelo simples consentimento dos nubentes.
Concepção Institucionalista – Casamento é uma instituição social, refletindo uma situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas cujas normas, efeitos e forma encontram-se preestabelecidas em Lei. Esta é a teoria adotada pelo nosso ordenamento jurídico.
Doutrina Eclética ou Mista – O casamento é um ato complexo, ou seja, é concomitantemente contrato (na formação) e instituição (no conteúdo). 
Características:
Liberdade de escolha dos nubentes
Solenidade do ato nupcial
Legislação matrimonial é de ordem pública (acima da convenção dos nubentes)
União permanente
União exclusiva (art. 1.566, I CC)
Princípios:
Livre união dos futuros cônjuges
Monogamia (art. 1.521, VI CC)
Comunhão indivisa (art. 1.511 CC)
Esponsais
Conceito:
Compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de sexo diferente, com escopo de possibilitar que se conheçam melhor, que se aquilatem mutuamente suas afinidades e gostos.
Requisitos para configurar responsabilidade pela ruptura dos esponsais:
Promessa de casamento realizada livremente pelos noivos
Haja recusa de cumprir a promessa
Ausência de motivo justo
Grave – erro essencial, infidelidade, injúria, abandono, etc)
Leve – prodigalidade, aversão ao trabalho, condenação por crime desonroso, falta de honestidade, etc)
Levíssimo – mudança de religião, ruína econômica, enfermidade, etc)
Exista dano – psicológico, pecuniário e moral (art. 186 CC)
Conseqüências do inadimplemento dos esponsais:
Devolução de presentes trocados
Indenizações patrimoniais e morais
Casamento Religioso com efeitos Civis
Terá validade se verificado a inexistência dos impedimentos e das causas suspensivas (art. 1521 a 1524 CC), a capacidade matrimonial (art. 1516 CC) e as prescrições da lei.
Inscrição no registro público - sem as formalidades exigidas no CC tem que haver habilitação prévia e inscrição no registro público.
Duas modalidades: 
 1º - casamento religioso com pedido de habilitação civil (art. 1.516 §1º CC)
 2º - casamento religioso não precedido de habilitação civil (documentos exigidos no art 1.525 CC)
Formalidades Preliminares do Casamento
1) Habilitação para o casamento
Conceito:
Processo que corre perante o oficial do Registro Civil para demonstrar que os nubentes estão legalmente habilitados para o ato nupcial. (art. 1.525, 1.550, IV, 1.560, II, e 1.554 CC)
Validade:
90 dias (não é três meses) – art. 1.516 § 1º CC )
Documentos: (art. 1.525, I a V CC)
Certidão de Nascimento dos nubentes
Autorização doa pais ou responsáveis (se houver dependência)
Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não que declarem conhecer os nubentes e não haver impedimento que os iniba de casar
Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contratantes e de seus pais (se conhecidos)
Certidão de Óbito do cônjuge falecido (para os viúvos), da sentença declaratória de nulidade ou anulação de casamento anterior (se houve) transitada em julgado ou registro da sentença do divórcio (para os divorciados)
Certidão de exame pré-nupcial (para casamento de colaterais do 3º grau)
2) Publicidade nos órgãos locais: (art. 1.527 e § único CC e art. 68 e §§ da Lei 6.015/73)
O Oficial do Registro Civil lavrará os proclamas do casamento mediante edital que será afixado durante 15 dias em lugar ostensivo do edifício onde celebram os casamentos.
Publicará na imprensa (Diário Oficial e Jornal de grande circulação)
3) Autorização para a celebração do casamento: (art. 1.531 e 1.532 CC)
Após o prazo de 15 dias sem oposição de impedimentos matrimoniais, o oficial do Registro Civil passará certidão declarando os nubentes habilitados para o casamento dentro dos 90 (noventa) dias imediatos.
Capacidade para o casamento
o	Capacidade matrimonial (art. 1.517).
o	Autorização (art. 1.517).
o	Divergência entre genitores (art. 1.517, parágrafo único).
o	Autorização. Revogabilidade (art. 1.518).
o	Suprimento de consentimento (art. 1.519).
o	Suprimento de idade (art. 1.520).
Caso Concreto
Luana tem 14 anos de idade e há seis meses, com o consentimento expresso de ambos os pais, reside com Danilo (17 anos), seu namorado há quase dois anos. Ambos resolveram que é hora de casar e seus pais não se opõe ao casamento por entenderem que ambos já compreendem quais são as obrigações matrimoniais. Ao dar entrada no processo de habilitação para o casamento foram informados pelo oficial que seria necessário o procedimento de suprimento judicial da idade. Feito o procedimento os nubentes tiveram negado o pedido, pois, segundo o juiz da Vara de Registros Públicos, o casamento não preenche os pressupostos estabelecidos em lei para o casamento de quem não atingiu a idade núbil. Explique para os nubentes quais são esses pressupostos e que recurso seria cabível visando a autorização.
Gabarito: Os menores de 16 anos para se casarem precisam de autorização de ambos os pais e suprimento judicial da idade que, segundo o art. 1520, CC, só poderia ser dado em caso de gravidez ou para evitar imposição de cumprimento de pena criminal (este último hipótese revogada tacitamente). No entanto, parte da jurisprudência tem aceitado o suprimento quando já estabelecida a situação fática e da oitiva dos nubentes o juiz entender que já possuem capacidade de compreensão sobre as obrigações matrimoniais.  Cabe, então, o recurso de apelação demonstrando-se a situação fática já estabelecida entre os menores.
Vide: “Ementa: Habilitação para casamento - Menor de 16 anos que já reside com o namorado e pretende casar-se. Regularização de situação fática, levando-se em consideração o padrão moral aceitável nestes casos. Legalização progressiva. Ausência de prejuízo. - O excesso e a demasia na interpretação da lei levará a menor a acreditar que só poderá casar-se se ficar grávida antes de completar 16 anos - fato, este último, que ocorrerá dentro de cinco meses - e, evidentemente, não foi esta a intenção do legislador. O excessivo apego à lei pode levar a uma injustiça ou a aplicação exacerbada do conceito corrente de justo, que nem sempre coincide com o da regra jurídica. Casos há, cada vez mais frequentes, em que a esfera pública da legalidade é separada da esfera privada da moral. Em outros termos, mas com o mesmo sentido: a consideração concreta de ordem moral afasta a ilegalidade abstrata do ato. Por que a solução legal seria neste caso a mais adequada. Por que não uma solução que a lei pode não contemplar, mas que pedeuma solução mais, digamos, ‘humana’, mais afetiva? O lapso de prevalência da regra moral sobre a regra legal seria muito curto. Haverá, no curso de cinco meses, uma ‘legalização progressiva’' do que ficou decidido. E poder-se-á, com isso, evitar uma gravidez que viria ‘legalizar’ a situação de outro modo, sem dúvida pior.” (Apelação Cível nº 1.0024.07.757099-2/001, 7ª Câmara Cível, TJMG, Relator para o acórdão: Des. Wander Marotta.) 
“Ementa: Apelação cível. Casamento de mulher menor de 16 anos. Pedido de autorização judicial. Deferimento. - Demonstrado nos autos que, uma vez indeferido o pedido de suprimento de outorga para casamento, é bem provável que os jovens comecem a viver em união estável, se assim já não o fizeram, é de ser deferido o pedido de suprimento judicial. Recurso improvido.” (Apelação Cível nº 70014430292, 8ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Claudir Fidelis Faccenda.) É que o inciso I do art. 1.550 do CC se refere à possibilidade de anulação do casamento em razão da idade, não havendo falar, na hipótese, em impedimento, mas sim em possível causa de anulação do ato do casamento.
 
Questão objetiva 1
(MPES 2013) Com relação à capacidade para o casamento, assinale a alternativa correta. 
a.     A idade núbil é de 16 (dezesseis) anos, podendo­se contrair casamento com idade inferior para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal.
b.     A ausência de regular autorização para celebração do casamento é causa de nulidade absoluta.
c.      Celebrado o casamento mediante autorização judicial, os cônjuges podem eleger o regime de bens que julgarem mais conveniente.
d.     A idade núbil é de 16 (dezesseis) anos, prescindindo de autorização de um dos pais, sob pena de anulação
e.     O casamento do menor, regularmente celebrado, é hipótese de cessação da incapacidade.
Gabarito: Letra "E" - art. 1517, CC
Questão objetiva 2
(PCMA 2012) A respeito do instituto do casamento, analise as afirmativas a seguir. 
I.               Os pais, tutores ou curadores podem revogar a autorização até à data da celebração do casamento.
II.              Quando injusta, a denegação do consentimento, pode ser suprida pelo juiz. 
III.            Será permitido, excepcionalmente, o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Assinale: 
a.     se somente a afirmativa I estiver correta.
b.     se somente a afirmativa II estiver correta.
c.      se somente a afirmativa III estiver correta.
d.     se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e.     se todas as afirmativas estiverem corretas.
Gabarito:  Letra "E" - arts. 1517 e ss., CC

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