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DIP - Meu caderno até a G1 (Cafred Coelho)

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Caderno de DIP - Até a G1
DIP e as RI
O DIP é instrumento das RI e sofre na mão do Estado, pois é respeitado de acordo com seus interesses, então muitas vezes o mesmo assunto tem necessidades diferentes no cenário internacional.
O DIP segue as RI, pois é um ramo do Direito que não é um fim em si mesmo, não é uma relação linear. No caso da Criméia, o DI foi subjugado pelas RI.
Toda violação do DI é uma violação dramática.
O conceito de soberania não é estático, ele muda de acordo com os eventos.
1648 - Vestfália - Com a consolidação dos Estados nacionais modernos e o conceito de soberania, nasce a necessidade do DI. O soberano é quem tem o monopólio dos meios de violência e faz uso da força ara legitimar seu poder, e através dela transforma seu poder (literal; de fato), em um poder de direito (Hobbes - força legitima o poder de direito). 
Grotius - ius gentium - direito da gente, da sociedade. Para Grotius, o DI somente os soberanos deveriam exprimir de maneira expressa ou implícita [contexto de Vestfália ainda].
A ruptura do sistema de Hobbes (absolutismo) muda com a Revolução Francesa (1789 - 1815).
Rousseau - Contrato social - abrir mão dos direitos em prol do bem comum.
Montesquieu - Divisão dos 3 poderes - democracia representativa. Não cabe mais o conceito de soberania como uso da força, como atributo exclusivo do Estado, ou do soberano, mas passa ser a expressão geral da vontade popular.
1815 - Congresso de Viena (O DI responde pedindo mais equilíbrio) - Restauração de fronteiras para o estado pré-napoleônico.
1815 - 1914 - Concerto Europeu; nova ordem política na Europa; DI como conjunto de normas reguladoras das relações entre Estados; leve grau de autorregulação.
1914 - WWI - Alemanha e Itália não tivera colônias por terem se unificado tarde, e chegaram atrasadas no imperialismo, então pressionaram para ter novos Estados. O saldo da WWI é traumático, e leva a medidas mais diretas em 1919 pelo Sistema Internacional, com a assinatura do Tratado de Versalhes, que propunha a criação da Liga das Nações (Wilson e os 14 pontos). No Tratado, medidas em relação aos perdedores são tomadas.
1929 - Crise econômica mundial - o mundo se juntou à crise que já existia na Alemanha desde o final da guerra, e os países passam a olhar mais mais o âmbito doméstico. Alemanha e Itália ressurgem.
1939 - Hitler invade a Polônia e se inicia a WWII, ainda mais fatal que a primeira. A resposta do SI foi uma nova tentativa de organização, coordenando ações entre Estados.
1945 - ONU - Carta é assinada em São Francisco; sua sede é em NY; EUA é membro permanente do CS -> tudo para garantir a participação dos EUA.
A ONU surgindo modifica a noção de soberania mais uma vez, delegando às Organizações Internacionais, às quais os Estados devem se reportar. Soberania deixa de ser o interesse do Estado e passa a ser um esquema de cooperação internacional em prol de finalidades comuns. Novo conceito, que não é mais de Estado isolado, mas membro da Comunidade e do Sistema Internacional, e participar é expressar soberania.
Soberania na Carta da ONU (Art. 2) - Princípio de igualdade soberana.
Mas e o CS? Aos vencedores das guerras, os espólios. “Somos todos iguais, mas alguns são mais iguais que outros”.
High politics -> poder
Low politics -> cooperação
Outro problema na igualdade de soberania é o poder igual de países com população e territórios diferentes. (Why should Iran have atomic bombs? - Waltz -> bomba atômica como artifício de dissuasão)
Soberania consta na Carta da OEA e na Constituição Federal, como princípio fundamental.
A soberania é atributo fundamental do Estado e o faz titular de competências que, precisamente porque existe ordem jurídica internacional, não são ilimitadas; mas nenhuma outra entidade as possui superiores.
No pós-Guerra Fria, o mundo assume uma nova agenda de RI, e assuntos que ficaram menos em evidência durante o período passam a ter mais relevância, como os direitos humanos, bem-estar, meio ambiente, educação. O indivíduo passa a estar em primeiro lugar. DI ganha um novo conceito, mais preocupado com o homem e os direitos humanos.
Bases sociológicas do DI (premissas):
Pluralidade de Estados soberanos
Princípios jurídicos coincidentes
Comércio Internacional
Princípios do DIP:
Livre consentimento (Estados não podem ser obrigados a fazer acordos)
Pacta Sunt Servanda (acordos devem ser cumpridos)
Jus Cogens (são os princípios provenientes dos direitos naturais, irrevogáveis[como direito a vida, liberdade]; são leis imperativas do DI, e imperam antes mesmo de alguém escrever alguma lei, são as leis que existem antes das leis)
Boa-fé (art 18 do Tratado de Viena - não se deve fazer nada pra intencionalmente quebrar um acordo)
Responsabilidade por atos ilícitos
Tratados
Acordos internacionais, celebrados por escrito, entre pessoas jurídicas de direito internacional público, destinado a produzir efeitos jurídicos, qualquer que seja sua denominação específica.
Exemplos: protocolo de Kyoto, Carta da ONU
Conjunto de regras é uma Convenção.
Quem pode negociar um tratado?
MRE, presidente (chefe de governo e de Estado no presidencialismo), ministro das relações exteriores, diplomatas, alguém que possua uma carta de plenos poderes (que é uma procuração em nível internacional).
Contrato -> direito internacional PRIVADO (ONGs, grandes empresas), no direito internacional PÚBLICO, os “contratos” são “tratados”.
Na Convenção de Viena:
Estado acreditante: que enviou um representante (porém embaixadores só podem assinar acordos BILATERAIS)
Estado acreditado: que recebeu o acreditante
Chefe de missão diplomática: embaixador (diferente de diplomata, pois é de livre nomeação, não precisa ser concursado, enquanto o diplomata segue carreira)
Constituição federal (acima do Congresso de Viena!)
Presidente que assina tratados que evolvam o Brasil
Porém o Congresso Nacional que aprova e resolve definitivamente a respeito de tratados
*Paymaster - quem assume os custos de algum acordo
Ratificação (ideia de confirmação)
-> Ato do órgão estatal próprio que exprime a vontade do Estado de se obrigar (ratificação constitucional).
Aprovação de tratado pela legislatura:
No DI: é unilateral (não depende da vontade de outros), serve para a pessoa jurídica do DI, signatária de um tratado, exprimir sua obrigação no plano internacional.
Características: competência; discricionariedade (pode fazer ou não - pode obrigar ou não) (poder discricional é diferente do poder vinculado, que é o que DEVE ser feito); irretratabilidade (não pode voltar atrás, mesmo antes que o acordo tenha se tornado vigente, como por exemplo no vacatio legis - gap entre a ratificação e a entrada da lei em vigor)
Como ocorre:
Assinatura (*)
Aprovação legislativa (dá poderes internos)
Ratificação (*)
(*) Plano internacional
->Assinatura não tem efeito jurídico; se assinar e não ratificar, não há de fato um tratado.
Formas de ratificação:
Deve ser expressa: não há ratificação tácita (tácita - implícita; expressa - não deixa nada pra interpretação)
Escrita ou oral (ex: coletiva de imprensa)
Em tratados coletivos, não se promove a ratificação perante cada um dos pactuantes. Sistema de depósitos: deposita-se o instrumento em local determinado (geralmente na ONU)
Procedimento parlamentar
Congresso precisa aprovar o tratado, junto com o presidente (vontade de ambos os poderes é necessária)
Processo de legislação normal
Aprovado sob a forma de decreto legislativo
Conflitos entre tratados:
Soluções consagradas na teoria geral do direito [emenda constitucional (o sistema que aprova é o “⅗ - 2 turnos”) > tratados (como se deu o voto)]
		- Lex posteriori derogat priori; lex specialis derogat generali - lei posterior revoga a lei anterior (se duas normas são gerais e de mesmo nível hierárquico estabelecidas em diferentes ocasiões, a mais recente deverá prevalecer sobre a mais antiga); lei especial se sobrepõe à lei geral (entende-se por: toda a ação querealiza o tipo do delito especial realiza também, necessariamente, o tipo do delito geral, enquanto que o inverso não é verdadeiro)
Tratados x norma interna (casos e casos):
Tratados prevalecem sobre o direito interno (ex: Grécia)
Paridade entre tratado e a lei nacional (ex: EUA)
Reservas (ideia de subtração)
-> declaração unilateral, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições em sua aplicação a esse Estado - “não me comprometo a tal coisa, me comprometo ao tratado com tais reservas”. (para preservar o esforço dos Estados em se relacionar)
Limitadores das reservas:
Tratado proibir reservas (se for modelo single undertaking “nada está resolvido até tudo estar resolvido”)
Se alguma reserva específica for proibida ou permitida
Quando não poder fazer reserva sobre o assunto principal, que frustre o objetivo do tratado (nesse caso, quebrar o regime de boa-fé)
Reservas no Brasil:
Para alguns autores juristas, o poder legislativo nacional não possui competência para realizar reservas. Tudo ou nada.
Para outros, seria possível a interposição de reservas pela tripartição de poderes, onde o Congresso possui a competência para legitimar a tripartição, caso contrário, seria um Império.
De todo modo, nunca houve interposição de reservas por parte do Legistativo (não há interesse nas RI) em razão da celebração de tratados pelo Executivo.
Emendas (ideia de adição)
-> um tratado poderá ser emendado se houver acordo entre as partes. Pode-se emendar para adicionar outros assuntos ou adicionar outras partes (integrantes);
Funciona da mesma maneira que os próprios tratados: 1-Assinatura; 2-Aprovação legislativa; 3-Ratificação (para entrar em vigor).
Exemplo: emenda do tratado do MERCOSUL para a entrada da Venezuela.
Extinção de tratados (ideia de cancelamento)
O próprio tratado define as regras de saída; deve haver consentimento entre os demais.
Se o tratado não mencionar saída, deve-se anunciá-la e 12 meses depois, sair (vacatio legis - o tempo de preparação ou 1 ano para que todos se acostumem)
Se houver violação do tratado
Rebus sic stantibus (mudança fundamental de circunstâncias) - circunstâncias não previstas; circ. que causem desequilíbrio entre as partes - “tudo mudou, não quero mais estar obrigado a este tratado”.
Organizações Internacionais
WWI impõe a necessidade de uma mudança no SI
Wilson propõe os 14 pontos, entre eles a criação da Liga das Nações (porém o Congresso dos EUA não apoia)
ONU:
Tenta aprender com os erros da Liga (que deixou a WWII acontecer)
Surge como resultado de uma catástrofe maior
Abrange outras organizações
Há críticas sobre sua legitimidade atualmente
Personalidade jurídica - Capacidade de contrata ou adquirir bens móveis e imóveis e a capacidade de estar em juízo (ser abrangida pela lei); competência para celebrar tratados em seu nome é o mais expressivo indicativo de personalidade.
* Burocrata em Weber é sinônimo de um serviço estável, previsível, seguro 
-> ONU = burocracia internacional
Estrutura das OIs
Assembléia Geral e Conselho Executivo (Ex: ONU e agências) - modelo mais utilizado; geralmente as Ass. Gerais funcionam no sistema “1 país, 1 voto”.
O caso da União Européia - existência de Parlamento, Comissão, Conselho de Ministros e Corte de Justiça Européia.
Votos e processo decisório:
Assembléia geral -> 1 país, 1 voto
Representantes do Conselho Executivo normalmente são votados entre membros da Assembléia.
Possibilidade de ponderação em razão de população (UE) ou pagamento de cotas (FMI) 
Seguem o princípio de representação proporcional regressiva (menores países acabam com maior representatividade, pois o nº de representantes é o mesmo, independente do tamanho da população)
Sede e Imunidades
Geralmente um dos países mesmos é a sede, mas não obrigatoriamente
Funcionários possuem privilégios
Classificação quanto ao alcance e domínio:
Alcance: Universal ou Regional
Domínio: Abrangente (ou político) ou Específico
O Estado e o DIP
Elementos:
Governo soberano: sob. interna (autonomia para fazer valer as leis - monopólio da força) (failed states - onde há regiões que o governo não tem poder, como na Somália); sob. externa (independência em relação aos demais Estados)
Povo: quantidade irrelevante juridicamente, formalmente, mas importante politicamente.
Território: tamanho é irrelevante quantitativamente.
Microestados (araísos fiscais; bem localizados) - Monaco, Andorra, San Marino, Liechenstein.
Possuem hipossuficiência jurídica em relação ao governo soberano (mas não se subordinam).
Não emitem moeda, utilizam o euro, apesar de não fazerem parte da UE.
Possuem cadeira na ONU.
Monaco: sem carga tributária (renda vem dos serviços taxados, impostos indiretos), muitas empresas (pelo incentivo fiscal).
Caso do Vaticano: tem território, não tem moeda, não tem forças armadas, não tem povo; é a representação política da Igreja.
Reconhecimento:
Doutrina Tobar: utilizada atualmente; nela o reconhecimento do próximo é implícito caso haja silêncio.
Doutrina Estrada: o reconhecimento explícito de outros Estados, através de documentos, assinatura.
Imunidade Diplomática
-> Par in parem non habet judicium - entre os pares, não há jurisdição.
O diplomata é a personificação do Estado, sendo assim, a soberania do Estado abrange o seu representante quando em missão.
Na Convenção de Viena, o diplomata era um mensageiro (imune em qualquer lugar). O objetivo da imunidade não é beneficiar indivíduos, mas garantir a representação do Estado.
Funções: representação; proteção dos interesses do Estado; negociação/ informaçãi - inteirar-se da situação e condições existentes na evolução de acontecimentos no Estado acreditado);
 promoção de relações amistosas, culturais e econômicas.
Persona non grata - origem no DIP - quando um Estado declara um membro do Estado acreditado inaceitável (pode ser declarado mesmo antes de chegar no país), e se a persona non grata entrar no país, ou não for retirada, tem-se um prazo pra isso ocorrer senão a missão pode ser cancelada.
-> Inviolabilidade da missão
Os locais da missão são invioláveis (consulado, embaixada) - se um crime é cometido no exterior e a pessoa voltar ao Brasil, só será punido se houver algum tratado entre o Brasil e tal país. Se não conseguir voltar ao Brasil, procurar uma embaixada ou consulado.
-> Inviolabilidade do agente diplomático (só em função!)
Imunidade civil administrativa na jurisdição penal (se estende à família - todos que vão com o diplomata para a missão)
-> Isenção fiscal - diplomatas, família e membros do corpo diplomático não pagam impostos no exterior.
-> O Estado acreditante pode renunciar a imunidade de jurisdição (a pessoa não pode tirar a própria imunidade ou de outros, pois ela pertence ao Estado).
-> Inviolabilidade de comunicação - “mala diplomática”.

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