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Direito eleitoral

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27MPF – GI – DE 1
SUMÁRIO
Ponto 1.a. Alistamento eleitoral e voto............................................................................................2
Ponto 1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos...................................................11
Ponto 1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos.....................................................................14
Ponto 2.a. Voto universal, direto e secreto.....................................................................................17
Ponto 2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro nato.. 20
Ponto 2.c. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular.....................................................................22
Ponto 3.a. Seções, zonas e circunscrições eleitorais......................................................................25
Ponto 3.b. Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado...............................................26
Ponto 3.c. Votação. Voto eletrônico. Mesas receptoras. Fiscalização............................................28
Ponto 4.a. Jurisdição e Competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas, instruções,
administração e contencioso..........................................................................................................30
Ponto 4.b. Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral...............32
Ponto 4.c. Recursos Eleitorais.......................................................................................................33
Ponto 5.a. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais. LC 135/2010.........................35
Ponto 5.b. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Direito de resposta. Pesquisas e
testes pré-eleitorais........................................................................................................................43
Ponto 5.c. Registro de candidaturas. Impugnação. Legitimidade..................................................45
Ponto 6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e bens particulares. Símbolos e
imagens semelhantes às de órgãos do governo. ............................................................................48
Ponto 6.b. Condições de elegibilidade...........................................................................................50
Ponto 6.c: Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Ação de
investigação judicial eleitoral........................................................................................................51
Ponto 7.a. Propaganda eleitoral na imprensa, na internet e mediante outdoors. Comícios. Alto-
falantes e distribuição de material de propaganda política. Distribuição proporcional de horários
gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais......................................................................54
Ponto 7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo..................56
Ponto 7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação ilícita de
sufrágio..........................................................................................................................................59
Ponto 8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação.
Vedações. Fusão e incorporação....................................................................................................63
Ponto 8.b. Personalidade jurídica dos Partidos Políticos. Registro e funcionamento. Estatutos.
Fundo Partidário. Propaganda partidária.......................................................................................65
Ponto 8.c. Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de fidelidade e disciplina partidárias.......67
Ponto 9.a. Crimes eleitorais. Jurisdição e competência.................................................................69
Ponto 9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem jurídico protegido. Código Eleitoral e
legislação esparsa...........................................................................................................................71
Ponto 9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e julgamento. Recursos....................76
Ponto 10.a. A função eleitoral do Ministério Público Federal. Procuradoria Regional Eleitoral.
27MPF – GI – DE 2
Ministério Público Estadual...........................................................................................................77
Ponto 10.b. A atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral. Fiscalização,
processos, ações e recursos. Legitimidade.....................................................................................80
Ponto 10.c. Financiamento de campanhas. Fiscalização. Ações...................................................84
ITEM 1
Ponto 1.a. Alistamento eleitoral e voto.
Lilian Miranda
Principais obras consultadas: Resumão do 25º Concurso; Resumão do 26º Concurso; Direito
Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso
Alcance.
Legislação básica: CF, art. 14,§1º, I,II; §2º; CE art.42; Res. TSE no. 21.538/2003
1. CONCEITO: É a primeira fase do processo eleitoral e decorre de um procedimento cartorário
que se perfaz pelo preenchimento do requerimento eleitoral (RAE), na forma da Resolução TRE
21.538/2003. Consiste no reconhecimento da condição de eleitor (que é cidadão), que
corresponde à aquisição da cidadania, determinando a inclusão do nome do alistando no corpo
eleitoral. Formaliza, portanto, a inscrição eleitoral, para que possa ser exercida a obrigação ou a
faculdade do voto. A qualificação resume-se à comprovação de que o indivíduo atende a todos os
requisitos legais para se alistar e votar. De outra banda, a inscrição resume-se no registro do
nome e dados do eleitor perante a Justiça Eleitoral. O processo de alistamento é iniciado por
requerimento do interessado. O rígido controle sobre o processo de alistamento justifica-se por
ser esse ato o primeiro componente do sistema eleitoral, e eventuais fraudes verificadas nessa
fase podem comprometer a lisura do futuro pleito. Naqueles casos em que o voto é obrigatório
(alfabetizados, entre 18 e 70 anos), o requerimento de inscrição constitui-se em dever. O pedido
deve ser feito dentro de um ano, a contar do atingimento da idade mínima, ou da nacionalização,
sob pena de multa (3 a 10% do salário-mínimo). O artigo 8º do CE, que disciplina essa multa, diz
ela será imposta pelo juiz e cobrada no ato da inscrição eleitoral. Por outro lado, não se aplicará a
pena ao não alistado que requerer sua inscrição eleitoral até o centésimo primeiro dia anterior à
eleição subsequente à data em que completar dezenove anos.
Natureza Jurídica: segundo Marlon Reis, o alistamento tem natureza jurídica de ato jurídico
complexo, integrado por duas fases: a) verificação do preenchimento das condições
constitucionais e legais para votar (qualificação) e b) também a inscrição no cadastro eleitoral.
Na verdade quando se ressalta o caráter declaratório do alistamento está se fazendo referencia ao
fato de que a justiça eleitoral somente verifica a existência ou não destes requisitos (ato
vinculativo) gerando assim um caráter meramente declaratório (item a), quando, na verdade,
também é ato constitutivo da inscrição do eleitor no cadastro da justiça eleitoral, gerando por
consequência também a aquisição de sua capacidade eleitoral ativa, conforme item “b” acima.Então é possível afirmar que possui natureza constitutiva da capacidade eleitoral ativa (direito de
votar) e da cidadania do nacional1.
1 Considerações feitas pelos colegas Alexandre Figueiredo e Fernando Carlos nos emails do grupo.
27MPF – GI – DE 3
Considerações genéricas sobre o título eleitoral: documento solene e formal que expressa a
cidadania brasileira; faz prova até a data de sua emissão que o eleitor está regular com a Justiça
Eleitoral; a emissão do título deve ser feita por computador (obrigatoriamente), sendo assinado
pelo juiz eleitoral, contendo a assinatura do eleitor para fins de conferência na folha de votação
que fica, no dia das eleições, nas seções eleitorais. No caso do eleitor analfabeto, obviamente,
poderá constar a impressão digital de seu polegar; nas hipóteses de alistamento, transferência,
revisão e segunda via, a data de emissão do título será a de preenchimento do requerimento; a
entrega do título é sempre pessoal, através de comprovação de documento oficial de identidade
do eleitor.
Note-se que o alistamento eleitoral não possibilita o exercício de todos os direitos políticos ,
uma vez que a obtenção da capacidade eleitoral passiva depende do preenchimento de outros
requisitos constitucionalmente previstos. Entretanto, não é possível afirmar a existência de
graus de cidadania. Acerca desta questão, confira o seguinte trecho extraído da obra de
José Afonso da Silva, in verbis: (...) Neste caso, podemos admitir que a aquisição dos direitos
políticos se opera por graus, apenas para denotar o fato de que a plenitude de sua titularidade
se opera por etapas: (1) aos 16 anos de idade, o nacional já pode alistar-se tornando-se titular
do direito de votar; (2) aos 18 anos, é obrigado a alistar-se tornando-se titular do direito de
votar, se não o fizera aos 16, e do direito de ser eleito Vereador; (3) aos 21 anos, o cidadão
(nacional eleitor) incorpora o direito de ser votado para Deputado Federal, Deputado Estadual
ou Deputado Distrital (Distrito Federal), Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; (4) aos 30 anos,
obtém a possibilidade de ser eleito para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal; (5) finalmente, aos 35 anos o cidadão chega ao ápice da cidadania formal com o
direito de ser votado para Presidente e Vice-Presidente da República e para Senador Federal
(art. 14, § 3°)2.
2. LOCAL: Via de regra, o alistamento realiza-se no cartório eleitoral. A legislação também
admite o deslocamento do juiz eleitoral a outro local, dentro de sua jurisdição, para receber os
pedidos de alistamento (artigo 43 do CE). Essa mobilidade funcional somente é permitida aos
juízes eleitorais, e nunca aos funcionários da Justiça. No caso de eleitores cegos, o artigo 50 do
CE ordena que o juiz eleitoral se desloque até o respectivo estabelecimento de proteção, em data
previamente fixada, para alistá-los. O eleitor ficará inscrito em determinada Zona Eleitoral, a
qual é verificada conforme o domicílio eleitoral
3. PRINCIPAIS EFEITOS:
- permite determinar a condição do eleitor: Sua condição, portanto, não fica sujeita a
apuração e discussão no momento do exercício do voto. Essa condição de eleitor persiste até
que sobrevenha decisão judicial declaratória do cancelamento ou da exclusão; - forma os dados
numéricos do alistamento, necessários para a fixação do número de representantes nas eleições
proporcionais; - oferece maior comodidade ao cumprimento do dever do voto, na medida em que
estabelece a permanente vinculação do eleitor a uma determinada seção eleitoral (46, §3º, CE). A
seção é a menor unidade da estrutura eleitoral, composta do conjunto de votantes com
proximidade domiciliar. Nas capitais, as seções são constituídas de até 500 eleitores, e nos
demais municípios, até 400; - delimita o termo inicial da incorporação do eleitor ao corpo
eleitoral da circunscrição, para que nela possa concorrer a cargos eletivos. Essa consequência
decorre da exigência de domicílio eleitoral como requisito à elegibilidade.
4. REQUISITOS: Predomina, como regra geral, a obrigatoriedade do alistamento dos maiores
de 18 anos.
2 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 347.
27MPF – GI – DE 4
ALISTÁVEIS FACULTATIVOS: os inválidos (CE) e para aqueles que se encontrem fora
do país. Estas disposições, contudo, não foram recepcionadas pela Constituição Federal de 1988.
Como consignado no item acima, alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os
relativamente incapazes em decorrência de deficiência mental e excepcionais, ressalvada a
possibilidade de a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente
oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais requerer ao juiz eleitoral a expedição de
certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade indeterminado. Quanto àqueles que se
encontrem fora do país, a obrigação de alistamento eleitoral e do voto pode ser cumprida por
meio das representações diplomáticas ou consulares. 
Os maiores de 70 anos (CF e CE)/ os analfabetos (CF); o analfabeto que venha a ser
alfabetizado não está sujeito à multa prevista no artigo 15 da Resolução TSE n° 21.538/2003,
caso não efetue o alistamento eleitoral no prazo legalmente fixado/ os menores entre 16 e 18
anos incompletos (CF), o artigo 14 Resolução TSE n° 21.538/2003 faculta o alistamento, no ano
em que se realizarem as eleições, do menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive.
Ressalte-se que o título de eleitor emitido nesta condição somente produzirá efeitos com o
implemento da idade de 16 anos.
INALISTÁVEIS: os que não saibam exprimir-se na língua nacional (previsão do artigo 5, II,
do Código Eleitoral - Pela jurisprudência do TSE, esta exigência não foi recepcionada, sob o
argumento de que “Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja
previsto na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a
inexigibilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro
possam alistar-se eleitores”); os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos
direitos políticos (CE); os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório (CF).
Conforme ensina José Jairo Gomes, embora a Constituição Federal seja silente, os apátridas
também não podem ser inscritos como eleitores3. Ante a possibilidade de o conscrito ter
realizado seu alistamento eleitoral antes de ser incorporado ao serviço militar (já que é facultado
o alistamento eleitoral do maior de 16 e menor de 18 anos), o TSE entendeu que o conscrito
deve ser impedido de votar, por estar com seus direitos políticos suspensos durante o período
de serviço militar obrigatório, embora esta causa de suspensão não esteja elencada no artigo 15
da Constituição Federal (Resolução TSE n° 20.165, de 7 de abril de 1998).
Estando o alistando dentro do rol dos obrigatórios ou facultativos, é iniciado o processo, que
compreende a qualificação e a inscrição (42 do CE).
A qualificação é o ato por meio do qual o indivíduo fornece suas informações pessoais. Para
alistar-se, o alistando deve apresentar-se em um Cartório Eleitoral ou local previamente
designado e fornecer as informações necessárias ao preenchimento do Requerimento de
Alistamento Eleitoral – RAE4.
O requerimento será instruído com um dos seguintes documentos, que não poderão ser
supridosmediante justificação (artigo 44 do CE): I - carteira de identidade expedida pelo órgão
competente do Distrito Federal ou dos Estados; II - certificado de quitação do serviço militar5; III
- certidão de idade extraída do Registro Civil; IV - instrumento público do qual se infira, por
3 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 122.
4 Após a promulgação da Lei n° 7.444, de 20 de dezembro de 1985, o alistamento eleitoral passou a ser efetuado por
meio do processamento eletrônico de dados. O artigo 9° da Resolução n° 21.538, de 14 de outubro de 2003, determina que o
RAE deve ser preenchido pelo servidor da Justiça Eleitoral na presença do requerente.
5 A Resolução TSE n° 22.097/2005, não pode ser exigida a apresentação do certificado de quitação do serviço militar
daquele que completou 18 anos para o qual ainda esteja em curso o prazo de apresentação ao órgão de alistamento militar. Nos
termos da Resolução TSE n° 21.384/2003, não é exigida a apresentação de comprovante de quitação do serviço militar na
transferência de domicílio, na revisão de dados e no pedido de segunda via, à falta de previsão legal.
27MPF – GI – DE 5
direito ter o requerente idade superior a dezoito anos (ou dezesseis, pela regra atual da CF) e do
qual constem, também, os demais elementos necessários à sua qualificação; V - documento do
qual se infira a nacionalidade brasileira, originária ou adquirida, do requerente.
Será devolvido o requerimento que não contenha os dados constantes do modelo oficial, na
mesma ordem, e em caracteres inequívocos (rejeição preliminar, que abrange qualquer dos
requisitos formais prévios do requerimento).
5. PROCESSO: O eleitor deve comparecer ao cartório ou outro local previamente definido, para
subscrever o formulário. O requerimento de alistamento eleitoral é preenchido apenas por
servidor da Justiça Eleitoral (Res.21538/03) que digitará as informações pessoais do eleitor, que
deverá estar presente no momento desse preenchimento. Faculta-se ao eleitor escolher o local de
votação com a disponibilização de relação de todas as seções que pertencem a sua zona eleitoral.
O pedido será submetido à apreciação do juiz eleitoral, nas 48h subsequentes.
Poderá o juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro
requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para que o alistando
esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça pessoalmente à sua presença.
Depois de sanadas quaisquer dúvidas, o juiz deferirá o pedido, datando e assinando o título e a
folha individual. A lei veda expressamente a assinatura desses documentos pelo juiz antes do
deferimento do pedido. Tal ato constitui ilícito penal eleitoral (45, §11, CE).
Se o pedido for indeferido, caberá recurso ao TRE (Resolução TSE n° 21.538/2003). Do
despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando
no prazo de cinco dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer delegado de partido
político no prazo de dez dias, contados da colocação da respectiva listagem à disposição dos
partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte,
ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes dessas datas e mesmo que os partidos não as
consultem (Lei n° 6.996/82, art. 7°). A possibilidade de interposição de recurso pelo delegado de
partido contra decisão que deferir o requerimento de alistamento eleitoral tem como objetivo
retirar do corpo eleitoral os eleitores que não possuam verdadeiro interesse na circunscrição
eleitoral em que forem inscritos, para garantir que o resultado das eleições corresponda à vontade
legítima dos eleitores da localidade. Cabe observar, ainda, que o membro do Ministério
Público que oficiar perante o juízo eleitoral terá legitimidade para recorrer e o prazo será
igual àquele deferido ao delegado de partido6. A interposição de recurso transforma a natureza
do procedimento de alistamento eleitoral de administrativa para judicial, porquanto surge
conflito de interesses que deve ser resolvido pelo Estado-juiz. Dessa forma, é necessário que o
interessado preencha os pressupostos processuais pertinentes, inclusive aqueles referentes à
capacidade postulatória. (ver artigo 29 e ss, do ce: Do acesso às informações constantes do
cadastro).
Qualquer irregularidade determinante de cancelamento de inscrição deverá ser comunicada por
escrito ao juiz eleitoral, que observará o procedimento estabelecido nos arts. 77 a 80 do Código
Eleitoral. Por outro lado, exerce o MP a função de fiscal da ordem jurídica eleitoral e sua atuação
se dá de forma obrigatória em todos os termos do processo eleitoral, pelo que pode acompanhar
os procedimentos sobre alistamento.
6. FASES DO ALISTAMENTO: O artigo 91 da Lei 9504/97 determina que “Nenhum
requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e
cinquenta dias anteriores à data da eleição”. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo que
6 Note-se que, nos termos do § 4° do artigo 5° da Lei n° 7.444/1985, para o alistamento eleitoral, é dispensada a
apresentação de fotografias do alistando, exigência que estava presente no caput do artigo 44 do Código Eleitoral.
27MPF – GI – DE 6
estejam concluídos os trabalhos da sua junta eleitoral.
Quanto aos prazos de entrega dos títulos (art. 69, CE): resultantes dos pedidos de inscrição ou de
transferência: até 30 dias antes da eleição/ segunda via: até a véspera do pleito.
Fiscalização do TSE7: A Lei 9504/97 introduziu método de controle automático do TSE, sobre o
alistamento e a transferência, nos termos do artigo 92: O Tribunal Superior Eleitoral, ao
conduzir o processamento dos títulos eleitorais, determinará de ofício a revisão ou correição
das Zonas Eleitorais sempre que: I - o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em
curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II - o eleitorado for superior ao dobro da
população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta anos do território
daquele Município; III - o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população
projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”.
Por outro lado, compete aos juízes eleitorais fiscalizar o ato de alistamento do eleitor e seu
cancelamento. Possui também legitimidade para impugnar a inscrição de eleitores o Ministério
Público e os partidos políticos.
7. DUPLICIDADE E PLURALIDADE: É vedada a emissão ou permanência de mais de um
título ou inscrição eleitoral referentes ao mesmo eleitor. O processo administrativo e conditio
sine qua non para o exame da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade da conduta do eleitor
(arts.289,290,291 e 350 CE). A competência para a decisão administrativa de duplicidade ou
pluralidade de alistamentos é do juiz onde foi efetuada a inscrição mais recente (art.41 da
Res.21538) quando envolver uma mesma zona eleitoral. Em casos que envolvam zonas
eleitorais diferentes a competência será do Corregedor Regional Eleitoral. Das decisões do
juiz eleitoral cabe recurso para o Corregedor Regional no prazo de três dias; e, das decisões do
Corregedor Regional, cabe recurso para o corregedor–geral eleitoral (que atua no TSE), no prazo
de três dias. Trata-se de recurso INOMINADO. São legitimados para a interposição os eleitores,
partidos políticos e MP.8. CANCELAMENTO E EXCLUSÃO: De início, importa esclarecer a diferença entre
cancelamento e exclusão. Em face de irregularidades expressamente previstas no Código
Eleitoral, o título de eleitor será cancelado e, consequentemente, o eleitor terá seu nome excluído
do banco de dados da JE. As inscrições eleitorais são permanentes, habilitando o eleitor ao
direito de sufrágio nos pleitos que se realizarem dentro da área política a que pertence. Essa
condição persiste até que sobrevenha decisão judicial impondo o cancelamento da inscrição e a
exclusão do eleitor.
As causas de cancelamento de inscrição estão no artigo 71 do CE:
a) a infração dos artigos 5º e 42: trata-se das inscrições obtidas com desrespeito às vedações
legais: (1) dos que não saibam exprimir-se na língua nacional; (2) dos que estavam privados,
temporária ou definitivamente dos direitos políticos; (3) dos conscritos; (4) dos que não são
domiciliados no local do alistamento. O cancelamento, portanto, refere-se à existência de vício
‘ab origine’, que não se convalida pelo decurso do tempo;
b)a suspensão ou perda dos direitos políticos;
c)a pluralidade de inscrição: o cancelamento da inscrição em pluralidade obedecerá à seguinte
ordem (75 CE): (1) da inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral; (2) daquela cujo
título não haja sido entregue ao eleitor; (3) daquela cujo título não haja sido utilizado para o
exercício do voto na última eleição; e (4) da mais antiga;
7 O Tribunal Superior Eleitoral determinou, em diversos julgamentos, a necessidade de preenchimento cumulativo dos
três requisitos. A este respeito, v. Resoluções TSE n° 20.472/1999, 21.490/2003, 22.021/2005 e 22.586/2007.
27MPF – GI – DE 7
d) o falecimento do eleitor; neste caso, quando se tratar de fato notório, ficam dispensadas as
formalidades previstas nos incisos II e III do artigo supracitado (artigo 79 do Código Eleitoral).
Note-se que o § 3° do artigo 71 do Código Eleitoral estabelece a obrigação de os oficiais de
registro civil enviarem, até o dia 15 de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem,
comunicação dos óbitos de cidadão alistáveis ocorridos no mês anterior, para cancelamento das
inscrições, sob pena de incorrem no delito previsto no artigo 293 do Código Eleitoral.
e) deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas, o cancelamento não ocorrerá se o eleitor
apresentar justificativa8 para a falta ou efetuar o pagamento da multa que lhe for aplicada,
conforme o disposto no § 6° do artigo 80 da Resolução n° 21.538/2003. Na contagem das faltas,
são consideradas as ausências nas eleições com datas fixadas pela Constituição, nos
referendos, nos plebiscitos e nas novas eleições determinadas pelos tribunais regionais
eleitorais (v.g. eleições suplementares). Ressalte-se que não serão computadas eleições que
tiverem sido anuladas por força de determinação judicial.
* Há, ainda, uma hipótese genérica de cancelamento de inscrições (em processo de ‘revisão’),
trazida pela Lei 4961/66, que acrescentou §4º ao artigo 71 do CE: A revisão do eleitorado
consiste no procedimento administrativo em que é verificada a regularidade da inscrição dos
eleitores que figuram no cadastro eleitoral de determinada zona ou município. O referido
procedimento está previsto no § 4° do artigo 71 do Código Eleitoral e no artigo 58 da Resolução
TSE n° 21.538/2003, o qual determina que os tribunais regionais eleitorais poderão determinar a
realização de correição e de revisão do eleitorado quando houver denúncia fundamentada de
fraude no alistamento de uma zona ou município: “§4º Quando houver denúncia fundamentada
de fraude no alistamento de uma zona ou município, o Tribunal Regional poderá determinar a
realização de correição e, provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a revisão
do eleitorado obedecidas as Instruções do Tribunal Superior e as recomendações que,
subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes aos
títulos que não forem apresentados à revisão”.
Note-se que, de acordo com o § 2° do artigo 58 da Resolução TSE n° 21.538/2003, não será
realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando
autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Os trabalhos de revisão são presididos pelo juiz eleitoral da zona, fiscalizados pelo representante
do Ministério Público que oficiar perante o juízo e inspecionados pelo Tribunal Regional
Eleitoral, por meio da Corregedoria Regional (artigos 59 e 62 da Resolução TSE n°
21.538/2003). Ademais, o juiz eleitoral deverá dar conhecimento aos partidos políticos da
realização da revisão, facultando-lhes, por meio dos delegados credenciados nas zonas ou
perante os TREs, o acompanhamento e fiscalização de todo o trabalho (artigo 67 da Resolução
TSE n° 21.538/2003). Nos termos do artigo 63 da citada resolução, o juiz eleitoral deverá fazer
publicar, com antecedência mínima de cinco dias do início do processo revisional, edital para dar
conhecimento da revisão aos eleitores cadastrados no município ou zona, convocando-os a se
apresentarem, pessoalmente, no cartório ou nos postos criados, em datas previamente
especificadas, com o objetivo de efetuar a revisão de suas inscrições, com a confirmação dos
seus domicílios, sob pena de cancelamento das inscrições9.
8 Nos termos do artigo 80 da Resolução n° 21.538/2003, o prazo de apresentação de justificativas para a ausência é de
60 dias a contar da data da realização da eleição. Para o eleitor que se encontrar no exterior na data do pleito, o prazo será de 30
dias, contado da data do seu retorno ao país. Por oportuno, cabe destacar que o pedido de justificação será sempre dirigido ao juiz
eleitoral da zona de inscrição, podendo ser formulado na zona eleitoral em que se encontrar o eleitor, o qual providenciará sua
remessa ao juízo competente.
9 “Cancelamento de inscrição eleitoral. Revisão do eleitorado. Não comparecimento ao cartório no prazo estipulado.
Legitimidade. O só envio de documentação no prazo não supre a falta da presença do eleitor. É legítimo o cancelamento da
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Concluídos os trabalhos de revisão, ouvido o Ministério Público, o juiz eleitoral deverá
determinar o cancelamento das inscrições irregulares e daquelas cujos eleitores não tenham
comparecido, adotando as medidas legais cabíveis, em especial quanto às inscrições
consideradas irregulares, situações de duplicidade ou pluralidade e indícios de ilícito penal a
exigir apuração. Entretanto, o cancelamento das inscrições somente poderá ser efetivado após a
homologação da revisão pelo TRE (artigo 73, caput e parágrafo único, da Resolução TSE n°
21.538/2003).
Na linguagem do CE, a exclusão aparece como o resultado final do processo, instaurado diante
de uma causa de cancelamento de inscrição. Diz o artigo 72, ‘caput’, do CE: “Durante o processo
e até a exclusão pode o eleitor votar validamente”. O parágrafo único do artigo 72 determina a
anulação dos votos, no seguinte caso: “Parágrafo único. Tratando-se de inscrições contra as
quais hajam sido interpostos recursos das decisões que as deferiram, desde que tais recursos
venham a ser providos pelo Tribunal Regional ou Tribunal Superior, serão nulos os votos se o
seu número for suficiente para alterar qualquer representação partidária ou classificação de
candidato eleito pelo princípio majoritário”.
O termo ‘exclusão’ é também usado pelo CEpara designar o próprio procedimento que visa o
cancelamento da inscrição. Nesse sentido, os artigos 73 e seguintes do CE, que estabelecem o
rito do processo (LER). O processo pode iniciar-se ex officio, sempre que o juiz eleitoral tiver
conhecimento de alguma causa de cancelamento (artigos 71, § 1°, e 74 do Código Eleitoral). O
processo pode ser iniciado também a requerimento de delegado de partido, do Ministério Público
ou de qualquer eleitor. 
A instauração do processo de cancelamento não se sujeita a prazo de preclusão ou a
escoamento de limites temporais, por se tratar de matéria de ordem pública, de natureza
constitucional. 
É interessante destacar o posicionamento de José Jairo Gomes acerca das causas de
cancelamento da inscrição. Adotando o entendimento exposto por Decoiman e Prade, o
referido autor assevera que algumas hipóteses legais de cancelamento de inscrição poderiam
ser consideradas, hoje em dia, causas de suspensão da eficácia do alistamento eleitoral,
tendo em vista que a sistemática legal foi prevista para uma realidade diferente da atual.
9. FISCALIZAÇÃO PARTIDÁRIA: Os partidos estão legalmente habilitados a acompanhar
todos os trabalhos sobre o ingresso e a exclusão no corpo eleitoral, exercendo ampla atividade de
fiscalização (artigo 66 do CE). Diante da disciplina legal, os partidos políticos realizam todas
essas atividades na condição de parte, não se limitando apenas a formular representação e deixar
tudo a critério da Justiça Eleitoral. A lei lhes outorgou posição para que possam diretamente
promover as medidas necessárias à lisura do alistamento, instaurando o contencioso eleitoral
adequado.
Nesses atos, os partidos são representados por seus delegados credenciados, no seguinte número:
perante o juízo eleitoral: 3 delegados; perante o TRE: 4 delegados; perante o TSE: 5 delegados;
Nos termos do artigo 27 da Resolução TSE n° 21.538/2003, poderão os partidos políticos, por
seus delegados: acompanhar os pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e
quaisquer outros, até mesmo emissão e entrega de títulos eleitorais/ requerer a exclusão de
qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor cuja exclusão esteja sendo
promovida/ examinar, sem perturbação dos serviços e na presença dos servidores designados, os
documentos relativos aos pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e revisão de
inscrição do eleitor que deixa de atender convocação para comparecer pessoalmente ao cartório eleitoral em processo de revisão
do eleitorado.” (TSE. Acórdão n° 1.222. Relator Ministro Eduardo Alckmin. Julgado em 24 de novembro de 1998).
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eleitorado, deles podendo requerer, de forma fundamentada, cópia, sem ônus para a Justiça
Eleitoral.
O artigo 28 da referida resolução estabelece que, para os fins citados acima, os partidos políticos
poderão manter até dois delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral e até três delegados em
cada zona eleitoral, que se revezarão, não sendo permitida a atuação simultânea de mais de
um delegado de cada partido. Ressalte-se que os delegados credenciados no Tribunal Regional
Eleitoral poderão representar o partido, na circunscrição, perante qualquer juiz eleitoral.
O VOTO: Sufrágio corresponde ao direito de votar e ser votado. O voto é o ato material que
concretiza o direito de sufrágio. Escrutínio é a forma pela qual o voto se exterioriza, podendo
ser público ou secreto.
Natureza jurídica do voto: Paulo Bonavides, ao tratar do sufrágio, menciona duas escolas ou
correntes principais (voto como função ou direito): A dos que acolhem a doutrina da soberania
nacional e são conduzidos a ver o sufrágio como uma função; A dos que se apegam à doutrina
da soberania popular e que inferem, daí, o voto como um direito. Diz Paulo Bonavides que
pela doutrina da soberania nacional o eleitor é tão somente um instrumento ou órgão de que se
serve a nação para criar um órgão maior. De outro lado, a se adotar a corrente contrária
(soberania popular), ter-se-á o eleitor como parte desse órgão maior. 
A maior parte da doutrina adota a posição de que o sufrágio (ou voto) no direito brasileiro
apresenta duplo aspecto de ser direito e dever.
O sufrágio pode ser universal ou restrito. O primeiro possibilita, de forma ampla, o exercício do
voto aos nacionais. A segunda forma possui restrições, tais como, em face da fortuna (censitário,
como estabelecia a Constituição do Império), sexo, capacidade intelectual, etc.
Dalmo de Abreu Dalari explica que todos os países definem uma idade mínima para se poder
votar, havendo uma tendência para fixá-la em dezoito anos. Lembrar que, no Brasil, o voto é
obrigatório a partir dos 18 anos, sendo facultativo aos maiores de 16 e menores de 18 anos e
maiores de 70. Por outro lado, o voto censitário fundamenta-se, segundo seus defensores, nas
seguintes razões: os que têm mais bens têm mais interesses em que os governos sejam melhores
para protegerem seu patrimônio; os mais ricos pagam mais impostos e portanto, têm o direito de
escolherem quem os haverá de administrar; podem acompanhar melhor a política por que não
necessitam trabalhar muitas horas por dia. Obviamente a tibieza dos argumentos não lhes dá
sustentação. No entanto, o poder econômico dos candidatos parece continuar sendo importante
para influenciar o voto.
No que concerne ao voto capacitário, vale dizer que grande parte dos países exige alguma
espécie de grau de instrução para que se possa votar. Porém, tendo em vista que, em muitos
países, tal restrição equivale a privar a maioria da população adulta de votar, há forte tendência
para afastar tal restrição. 
Quanto aos portadores de deficiência (ou necessidades especiais) cabe distinguir entre os que não
têm consciência da significação do ato de votar devido a problemas mentais e o deficiente físico.
Este último deve ter não só o direito genérico de votar, mas também o direito a que seja
facilitado o exercício do voto. Deverão requerer ao juiz de sua zona eleitoral, até trinta dias antes
da eleição, a viabilização de meios para tanto.
Há também legislações, como a nossa, que impedem os condenados criminalmente de votar.
Argumenta-se que tal restrição se deve à necessidade de reeducação do criminoso para que volte
a exercer os atos da vida civil. Pode-se pensar que tal restrição corresponde à morte civil do
condenado e/ou que gera fundadas dúvidas acerca do auxílio que possa trazer a sua recuperação.
27MPF – GI – DE 10
Por fim, há restrições para os praças (conscritos) visando evitar que a política invada os quartéis.
Seja como for, a universalidade do voto sempre deverá ser entendida de forma relativa.
Sempre haverá restrições a grupos de pessoas tais como: os absolutamente incapazes, por não
poderem exercer de forma plena a liberdade de votar; e os estrangeiros. Não há contradição na
existência dessas limitações, todavia será inadmissível a lei discriminar sem o mínimo de
racionalidade, pois, em tais casos, haveria infringência ao princípio constitucional da isonomia
da vedação à discriminação.
No ordenamento jurídico brasileiro, o voto é direto, ou seja, o eleitor é qualquer cidadão que não
necessita de intermediários para escolher seus representantes. Em face da Lei Maior de 1988, a
regra eleva-se à condição de clausula pétrea e consiste na eleição direta para todos os cargos
eletivos, exceção feita exclusivamente no caso de vacância do cargo de Presidente e Vice-Presidente da República nos dois últimos anos de mandato. Nesse caso a Constituição prevê
eleição indireta para o restante do mandato.
O voto também deverá ser secreto, dificultando fraudes e garantindo a liberdade de escolha aos
eleitores. A legislação dever garantir seu sigilo. A título de exemplo, vale lembrar que o uso de
telefone celular na sala de votação é proibido. Da mesma forma, é obrigatório que o voto se
efetive em cabine indevassável. Por outro lado, considerando que o exercício do voto deve
prevalecer, é lícito ao eleitor levar anotado o número ou nome do candidato de sua preferência.
Da mesma forma, na hipótese de um eleitor, plenamente capaz, que não possa, por deficiência
física, votar sozinho, poderá ser acompanhado por amigo ou parente. Por fim, nada impede que
os pais ou avós levem crianças para acompanhá-los a urna para votar.
Outra característica consiste em ser o voto de igual valor para todos os cidadãos (one man, one
vote). Trata-se da aplicação no campo do direito eleitoral do princípio da isonomia.
O voto dever ser periódico, ou seja, os mandatos não podem ser demasiadamente longos. Tendo
em vista tratar-se de clausula pétrea, vem a dúvida quanto à alteração da periodicidade dos
mandatos eletivos. 
O voto é um direito-dever do indivíduo-cidadão. Todavia, o constituinte, tendo em consideração
a realidade de nosso país, possibilitou que os analfabetos, os idosos e os maiores de 16 e menores
de 18 anos, não fossem obrigados a cumprir com esse dever.
Quanto à obrigatoriedade do voto, diz parte da doutrina que relaciona-se ao fato de ser o
exercício da cidadania ainda novidade para o povo brasileiro. 
O eleitor que não vota ou justifica sofre sanções de ordem pecuniária, além de restrições a
direitos da seguinte forma: impossibilidade de participar de concursos públicos ou tomar posse
no cargo; tirar passaporte ou carteira de identidade; obter empréstimos de órgãos públicos e o
recebimento de remuneração pelos servidores ou empregados públicos. Observar que os
enfermos, quem estiver ausente de sua zona eleitoral e o servidor público em serviço estão
dispensados de votar.
O tema “voto” também é objeto de análise do ponto 2.a.
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Ponto 1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos.
Lilian Miranda
Principais obras consultadas: Resumão do 25º Concurso; Resumão do 26º Concurso; Direito
Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso
Alcance.
Legislação básica: Código Eleitoral; Lei n.º 6.996/82; Lei n.º 9.504/97; Res. 21.538/2003.
1. DOMICÍLIO ELEITORAL : No Direito Eleitoral, o conceito de domicílio eleitoral é mais
amplo do que aquele do Direito Civil, este sendo definido no art. 70 do CC (“O domicílio da
pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo” — elemento
objetivo: residência + elemento subjetivo: ânimo, intenção, de definitividade).
“Agravo de instrumento. Recurso especial. Revisão eleitoral. Domicílio eleitoral. Cancelamento
de inscrição. Existência de vínculo político, afetivo, patrimonial, e comunitário.
Restabelecimento da inscrição. 1. Demonstrado o interesse eleitoral, o vínculo afetivo,
patrimonial e comunitário da eleitora com o município e não tendo ocorrido qualquer
irregularidade no ato do seu alistamento, mantém-se o seu domicílio eleitoral. 2. Precedentes. 3.
Recurso conhecido e provido.” (Ac. no 2.306, de 17.8.2000 e, no mesmo sentido, o Ac. no
16.305, de 17.8.2000, rel. Min. Waldemar Zveiter.) 
Conceito legal de domicílio eleitoral (art. 42, § ún. do CE): “Para o efeito da inscrição, é
domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando
mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. 
Domicílio eleitoral afetivo: ocorre quando a pessoa transfere seu domicílio civil, mantendo,
porém, o domicílio eleitoral em outra circunscrição. Ac.-TSE n.º 16.397/2000 e 18.124/2000: o
conceito de domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com o de domicílio civil;
aquele, mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o interessado tem
vínculos (políticos, sociais, patrimoniais, negócios). 
Obs.: ver Decreto-Lei n.º 201/67, art. 7.º, II: cassação do mandato de vereador quando fixar
residência fora do município. 
Domicílio eleitoral do funcionário público: Há casos em que a lei não dá margem à escolha do
domicílio civil (hipóteses de domicílio legal ou necessário: entre outros, o do incapaz, do
servidor público, do militar, do marítimo e do preso (art. 76 do CC). É o caso do funcionário
público, cujo domicílio será obrigatoriamente o local de seu ofício (“o lugar em que exercer
permanentemente suas funções”). Todavia, admite-se que o funcionário público transferido deixe
de requerer sua transferência de inscrição eleitoral, mantendo inalterada sua inscrição de origem,
pois não lhe é imposta, obrigatoriamente, a transferência. Por outro lado, se o funcionário
público requerer transferência eleitoral para um lugar diferente daquele onde exerce suas
funções, esse pedido não pode ser deferido, pois seu domicílio deverá ser o da sede da repartição.
Nesse caso, faltar-lhe-ia condição para requerer a transferência, pois não poderia fazer prova de
que reside em local diferente da repartição.
Cuidado: apenas os conscritos não podem alistar-se como eleitores, durante o serviço militar
obrigatório (CF 14 § 2.º). Os demais militares devem inscrever-se. Ora, o domicílio do militar é
domicílio necessário (tal como o do marítimo): “o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou
da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado” (CC 76 § único).
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Crime do art. 289 do CE: “Art. 289. Inscrever-se, fraudulentamente, eleitor: Pena – reclusão até
5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.” Segundo Vera Michels, o elemento objetivo do tipo
previsto nesse artigo consiste em declarar falsamente, no momento da inscrição eleitoral,
residência ou domicílio. (...) A jurisprudência do TSE é no sentido de não se configurar a
falsidade ideológica, quando couber a autoridade pública averiguar a fidelidade da declaração
que lhe é prestada
Prova do domicílio: dá-se por certidão de alistamento, para fins de transferência. Já para fins de
alistamento (qualificação + inscrição), a prova pode dar-se por qualquer outro meio idôneo.
“Domicílio eleitoral. Prova robusta de residência. Esparsas contas de luz e posse de imóvel
insuficiente. Simples inscrição no cartório eleitoral insuficiente. O domicílio eleitoral deve ser
provado de forma robusta, não bastando contas de luz esparsas e simples aquisição de imóvel
no local pretendido.” (Ac. no 12.565, de 17.9.92, rel. Min. José Cândido.) 
Voto fora do domicílio: A previsão foi incluída pela Lei nº 12.034/2009, a qual incluiu no CE o
art. 233-A, verbis: Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente
assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, em
urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e na forma regulamentada pelo Tribunal
Superior Eleitoral.
Condições do local de Domicílio e sua influência na obrigatoriedade de alistamento e voto
do portador de necessidades especiais. Res.-TSE no 21.920/2004: Art. 1º - O alistamento
eleitoral e ovoto são obrigatórios para todas as pessoas portadoras de deficiência. Parágrafo
único. Não estará sujeita a sanção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou
demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao
exercício do voto.
Res.-TSE no 21.385/2003: inexigibilidade de prova de opção pela nacionalidade brasileira
para fins de alistamento eleitoral, não prevista na legislação pertinente.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (Med. Liminar) 4467- O Tribunal, por
maioria e nos termos do voto da Relatora, contra os votos dos Senhores Ministros Gilmar
Mendes e o Presidente, Ministro Cezar Peluso, concedeu liminar para, mediante interpretação
conforme conferida ao artigo 91-A, da Lei nº 9.504/97, na redação que lhe foi dada pela Lei nº
12.034/09, reconhecer que somente trará obstáculo ao exercício do direito de voto a
ausência de documento oficial de identidade, com fotografia. Ausente, justificadamente, o
Senhor Ministro Joaquim Barbosa, com voto proferido na assentada anterior. (STF - Plenário,
30.09.2010.)
2. TRANSFERÊNCIA E PRAZOS
Conceito de Transferência: ato de natureza administrativa pelo qual, a requerimento do eleitor,
o juiz eleitoral autoriza seja o eleitor inscrito em outra seção, zona ou circunscrição eleitoral,
com a perda do domicílio eleitoral anterior. Pode haver desistência da transferência, mas será
deferida apenas enquanto o Formulário de Alistamento Eleitoral ainda se encontrar no cartório,
ou no caso de pluralidade de residências.
As regras e processamento da transferência estão nos artigos 55 a 61 do CE. Houve alterações,
que iremos comentar. São quatro os requisitos cumulativos para a transferência: no mínimo 1
ano da inscrição no antigo domicílio (o prazo é contado da inscrição imediatamente anterior ao
novo domicílio. Não se aplica quando se tratar de transferência de título eleitoral de servidor
público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou
transferência); residência mínima de 3 meses no novo domicílio (não se aplica quando se tratar
27MPF – GI – DE 13
de transferência de título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de
sua família, por motivo de remoção ou transferência); até 150 dias da eleição (91 da Lei
9504/97) e estar quite com a Justiça Eleitoral.
Procedimento (art. 57 CE): (1) Pedido formulado pelo eleitor, instruído com o título eleitoral,
no juízo eleitoral do novo domicílio; (2) Publicação na imprensa oficial, na Capital, e em
cartório, nas demais localidades; (3) Impugnação no prazo de 10 dias; (4) Decisão imediata pelo
juiz a respeito das impugnações; (5) Recurso ao TRE em 3 dias, pelo eleitor (pedido indeferido;
a jurisprudência estendeu para o partido político) ou delegado de partido (pedido deferido).
Inexistindo recurso, o juiz eleitoral comunica a transferência ao TRE em 10 dias. Decisão pelo
TRE em 5 dias.
Observações: Ac.-TSE no 15.143/98: incompatibilidade, com o cadastro eletrônico, do voto em
separado, na hipótese de omissão do nome do eleitor na folha de votação. Res.-TSE no
20.686/2000: impossibilidade de voto em separado, nos locais em que adotada urna eletrônica,
com base no art. 62 da Lei no 9.504/97; nos locais onde for realizada a votação por cédulas,
somente poderá votar o eleitor cujo nome conste da folha de votação. Res.-TSE no 20.638/2000:
impossibilidade de voto em separado na hipótese de dúvida ou impugnação quanto à identidade
de eleitor, impedindo-o de votar na urna eletrônica até decisão do juiz eleitoral. 
Prazos: há divergência quanto ao prazo para recurso do indeferimento ou do deferimento da
transferência, diante do que dispõe a Lei nº 6.996/82, art. 7º, § 1º (“Do despacho que indeferir o
requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando no prazo de 5 (cinco) dias e,
do que o deferir, poderá recorrer qualquer Delegado de partido político no prazo de 10 (dez)
dias”):
O art. 60 do CE veda que o eleitor transferido vote no novo domicílio eleitoral em eleição
suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência. Assim sendo, anulada a eleição,
o eleitor transferido de domicílio não poderá votar na nova eleição.
Se houver informação de filiação partidária, o juiz da zona para onde o eleitor se transferiu oficia
o juiz eleitoral da antiga zona para que a remeta.
Procedimento de revisão ou correição das Zonas Eleitorais (art. 92 da Lei 9.504/97): o
Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos eleitorais, determinará de
ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre que, cumulativamente (Res.-TSE nos
20.472/99, 21.490/2003, 22.021/2005 e 22.140/2006), I – o total de transferências de eleitores
ocorridas no ano em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II – o eleitorado for
superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta
anos do território daquele Município; III – o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento
da população projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). 
Medidas cabíveis: além dos recursos acima indicados, cabe MS, bem como as ações autônomas
de impugnação. “(...) Domicílio. Transferência. Procedimento administrativo. Mandado de
segurança. Cabimento. Assistência. Admissão. 1. Demonstrado o benefício que a requerente
poderá auferir com o provimento do recurso, admite-se seu ingresso no feito como assistente. 2.
A decisão judicial relativa a transferência de domicílio é de natureza administrativa, não
fazendo coisa julgada. Pode, assim, ser atacada por mandado de segurança.” (Ac. de 14.2.2006
no AgRgAgRgREspe no 24.844, rel. Min. Humberto Gomes de Barros.) 
27MPF – GI – DE 14
Ponto 1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos.
Lilian Miranda
Principais obras consultadas: Resumo do 25º Concurso; Resumo do 26º Concurso; Direito
Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso
Alcance.
Legislação básica: art. 15 da CR/88.
O direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e o direito de ser votado (capacidade eleitoral
passiva) estão incluídos nos direitos políticos atribuídos ao cidadão. A perda e a suspensão dos
direitos políticos são hipóteses que atingem, respectivamente, a titularidade para negá-los e o
exercício para restringi-los temporariamente. Têm como fundamento constitucional o art. 15 e,
no CE, art. 71.
O art. 15 da CF/88 prevê que é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão
só se dará nos casos enumerados nos incisos I a V, não as especificando. Referido dispositivo
constitucional decorre do estabelecimento do Estado Democrático de Direito (art. 1°, caput), o
qual tem como fundamento o pluralismo político (art. 1, V). 
OBS: Os art. 6º, I, e 8º, I do DL nº 201/67, falam em extinção do mandato de prefeito e
vereador declarado pelo Presidente da Câmara, quando ocorrer “cassação dos direitos políticos”
ou condenação por crime funcional ou eleitoral.
O art. 71 do CE prevê cinco causas de cancelamento da inscrição eleitoral, as quais acarretam
a privação do exercício dos direitos políticos: (1) A infração ao art. 5° (inalistáveis) e art. 42
(domicílio eleitoral); (2) Suspensão ou perda dos direitos políticos; (3) A pluralidade de
inscrição; (4) O falecimento do eleitor; e (5) Deixar de votar em três eleições consecutivas.Sobre a natureza jurídica, Antônio Carlos Mendes acentua que a perda ou suspensão dos direitos
políticos não constituem sanção penal, mas sanção constitucional de natureza não penal.
A classificação abaixo utilizada no que se refere às hipóteses de perda e suspensão de direitos
políticos tem como base a obra de Sanseverino. Entretanto, cabe referir que, para Alexandre de
Moraes, as hipóteses de suspensão são: incapacidade civil absoluta, condenação criminal
com trânsito em julgado, enquanto durarem seus efeitos, e improbidade administrativa; as
hipóteses de perda são: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado em
virtude de atividade nociva ao interesse social (art. 12, §4°, I, CF/88), aquisição de outra
nacionalidade (art. 12, §4°, II, CF/88) e escusa de consciência. A distinção entre perda e
suspensão é temporal, não qualitativa.
1) A suspensão dos direitos políticos: Trata-se de privação temporária dos direitos políticos .
Atinge não a titularidade, mas o exercício dos direitos políticos de forma temporária. 
1.1) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (art. 15,
III): A hipótese atinge a condenação criminal por crime, doloso ou culposo10, ou contravenção
penal11. Quanto ao sursis, somente suspende a execução da pena privativa de liberdade,
permanecendo os demais efeitos da condenação criminal. Assim, ocorre a suspensão dos direitos
10 STF – Pleno – RE 179.502/6-SP; TSE – Pleno – Rec. 9.900/RS – Acórdão 12.731.
11 TSE – Pleno – REspe 0013.293/MG.
27MPF – GI – DE 15
políticos durante o período de cumprimento das condições.
A condenação criminal transitada em julgado não acarreta, de forma automática, a perda do
mandato12 de Deputado Federal ou Senador (art. 55, VI, CF/88). Com efeito, o art. 55, IV, CF/88,
prevê a perda do mandato no caso de perda ou suspensão dos direitos políticos. Mas, como há
regra específica de perda do mandato por condenação criminal (inciso VI), aplica-se o princípio
da especialidade e, assim, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou
Senado Federal (art. 55, §2°). Ver julgado abaixo: mudança de entendimento do STF na Ação
Penal 470.
Jurisprudência do STF
“Sendo o habeas corpus instrumento constitucional destinado à salvaguarda do direito de locomoção,
não há como examinar a alegação de constrangimento ilegal resultante da perda de direitos
políticos, visto que a decisão nesse sentido não implica ameaça à liberdade de ir e vir. Ordem denegada.”
(HC 81.003, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 14-8-2001, Segunda Turma, DJ de 19-10-2001). 
“A norma inscrita no art. 15, III, da Constituição reveste-se de autoaplicabilidade , independendo,
para efeito de sua imediata incidência, de qualquer ato de intermediação legislativa. (...).” (RMS 22.470-
AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 11-6-96, DJ de 27-9-96)
 “Perda dos direitos políticos: consequência da existência da coisa julgada. A Câmara de Vereadores não
tem competência para iniciar e decidir sobre a perda de mandato de prefeito eleito. Basta uma
comunicação à Câmara de Vereadores, extraída nos autos do processo criminal. Recebida a
comunicação, o presidente da Câmara de Vereadores, de imediato, declarará a extinção do mandato
do prefeito, assumindo o cargo o vice-Prefeito, salvo se, por outro motivo, não possa exercer a função.
Não cabe ao presidente da Câmara de Vereadores outra conduta senão a declaração da extinção do
mandato.” (RE 225.019, Rel. Min. Nelson Jobim, julgamento em 8-9-1999, Plenário, DJ de 26-11-1999.)
***OBS: Mudança de entendimento no STF. Ação Penal 470: O Supremo Tribunal Federal
decidiu, em 17/12/12, que parlamentares condenados criminalmente pela corte na Ação Penal
470, o processo do mensalão, devem perder o mandato após o trânsito em julgado do processo. A
decisão foi proferida após o voto do decano do tribunal, ministro Celso de Mello, dar maioria
apertada à corrente defendida pelo relator e presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa: cinco
votos a quatro. Com a decisão, os deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo
Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT), condenados no processo do mensalão, devem perder
seus mandatos, cabendo à Câmara ato meramente declaratório. Votaram pela perda de
mandato Joaquim Barbosa, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Ficaram
vencidos o revisor, Ricardo Lewandowski, e os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa
Weber. Em seu voto, Celso de Mello acompanhou o entendimento defendido pelo ministro
Gilmar Mendes. Ambos afirmam que a perda de mandato deve ser automática em dois
casos: quando a condenação superior a um ano contiver improbidade administrativa, ou
quando a pena for superior a quatro anos. “Nessas duas hipóteses, a perda de mandato é
uma consequência direta e imediata causada pela condenação criminal transitada em
julgado”, afirmou o decano. Nos demais casos, Celso e Gilmar defendem que caberá às Casas
Legislativas decidir quanto à perda mandato.
"À incidência da regra do art. 15, III, da Constituição, sobre os condenados na sua vigência, não cabe
opor a circunstância de ser o fato criminoso anterior à promulgação dela a fim de invocar a garantia da
irretroatividade da lei penal mais severa: cuidando-se de norma originária da Constituição, obviamente
não lhe são oponíveis as limitações materiais que nela se impuseram ao poder de reforma constitucional.
Da suspensão de direitos políticos — efeito da condenação criminal transitada em julgado, ressalvada a
hipótese excepcional do art. 55, § 2º, da Constituição, resulta por si mesma a perda do mandato eletivo
12 Pergunta da subjetiva do 26CPR.
27MPF – GI – DE 16
ou do cargo do agente político." (RE 418.876, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-3-04, DJ
de 4-6-04)
Jurisprudência do TSE
- Súm.-TSE 9/92: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de
reparação dos danos”. Ac.-TSE nos 13.027/96, 302/98, 15.338/99 e 252/2003: para incidência deste
dispositivo, é irrelevante a espécie de crime, a natureza da pena, bem como a suspensão condicional
desta.
- LC 64/90, art. 1°, I, e, com a redação dada pelo art. 2º da LC nº 135/2010: inelegibilidade desde a
condenação até o transcurso do prazo de oito anos, após o cumprimento da pena, para os crimes nela
elencados. 
- Ac.-TSE, de 3.4.2008, no REspe nº 28.390: a suspensão dos direitos políticos decorrente de
condenação criminal não se confunde com o disposto no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90. 
- Res.-TSE nº 23.241/2010: “A exigência de documentos originários da Justiça Eleitoral como condição
para o exercício de atos da vida civil, à margem dos impedimentos legalmente estabelecidos em razão do
descumprimento das obrigações relativas ao voto, representa ofensa a garantia fundamental, haja vista o
caráter restritivo das aludidas normas.” 
- Ac.-TSE, de 15.10.2009, no REspe nº 35.803: “A suspensão dos direitos políticos prevista no art. 15, III,
da Constituição Federal é efeito automático da condenação criminal transitada em julgado e não exige
qualquer outro procedimento à sua aplicação”. 
- Res.-TSE nº 22.193/2006: aplicação deste dispositivo quando imposta medida de segurança. Ac.-
TSE nº 13.293/96: incidência, ainda, sobre condenação por prática de contravenção penal. 
1.2) Recusade cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII (art. 15, IV): O serviço militar é obrigatório nos termos da lei (art. 143, CF/88).
Compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de
paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter
essencialmente militar (art. 143, §1°). A regulamentação da regra constitucional foi feita pela Lei
8.239/91, a qual dispõe sobre serviço militar obrigatório e prevê a possibilidade de serviço
alternativo (art. 3°, §§1° e 2°).
O art. 438, CPP, prevê como hipótese de perda dos direitos políticos a recusa ao serviço do júri:
“Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política
importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos,
enquanto não prestar o serviço imposto. § 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de
atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada para esses
fins. 
1.3) Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º (art. 15, V): Na Lei 8.429/92, o 
art. 12 prevê, entre outras sanções, a suspensão de direitos políticos, nos seguintes prazos: I 
(enriquecimento ilícito) - 8 a 10 anos; II (prejuízo ao erário) - 5 a 8 anos; e III (princípios da 
Administração Pública) - 3 a 5 anos. Essa suspensão não é automática, devendo ser tratada 
expressamente na decisão da improbidade administrativa. A Lei 8.429/92 estabelece a suspensão 
dos direitos políticos como uma das sanções aplicáveis, cabendo ao juiz decidir sobre sua 
incidência no caso concreto e sobre o prazo de suspensão. A condenação por improbidade 
também pode implicar inelegibilidade, nos termos do art. 1°, I, “h” da LC 64/90.
27MPF – GI – DE 17
2) A perda dos direitos políticos
Como hipótese de perda dos direitos políticos, pode-se mencionar o cancelamento da
naturalização por sentença transitada em julgado, em virtude de atividade nociva ao interesse
social (art. 12, §4°, I, CF/88).
3) Outras situações de suspensão ou perda de direitos políticos
As hipóteses de incapacidade civil absoluta, previstas no art. 3°, I e III, CC, podem envolver
situações que só têm relevância para os efeitos dos direitos políticos se ocorrerem após os 16
anos. As demais situações dos incisos II e III do Código Civil podem envolver ou situação de
suspensão (quando for provisória a causa de incapacidade civil) ou de perda (quando for
definitiva a causa da incapacidade). As hipóteses de incapacidade absoluta estão indicadas no art.
3°, II do CC/02. Quanto aos menores de 16 anos, há impedimento à aquisição de direitos
políticos, pois são inalistáveis. Os demais casos, em regra, exigem processo judicial de
interdição. Decretada a interdição, o juiz cível deve comunicar o juiz eleitoral ou o TRE. O art.
1773 do CC/02 dispõe que a sentença de interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a
recurso. Controvérsia: J. Jairo entende que a suspensão de direitos políticos, por força do art.
1.773 do CC/02, não exige o trânsito em julgado; já Rodrigo L. Zílio entende que o trânsito em
julgado é necessário.
Outra situação de suspensão ocorre na hipótese do maior de 16 anos e menor de 18 anos, que
tenha feito alistamento eleitoral facultativo. Convocado para prestar serviço militar obrigatório,
passa para a condição de conscrito e, no âmbito dos direitos políticos, não pode alistar-se (art. 14,
§2°, CF/88). Parece razoável dizer-se que o indivíduo tem os seus direitos políticos suspensos
durante o período do serviço militar obrigatório.
Antônio Carlos Mendes chama a atenção para outra hipótese de perda que não está
expressamente prevista no rol do art. 15, CF/88. Trata-se da perda da nacionalidade do brasileiro
que adquirir outra nacionalidade (art. 12, §4°, CF/88), ressalvados os casos das alíneas “a” e “b”
do inciso II. É a aquisição voluntária de nacionalidade derivada.
ITEM 2
Ponto 2.a. Voto universal, direto e secreto.
José Ribeiro Lins Neto
Principais obras consultadas: José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª Edição. Ed. Atlas.201;
Luiz Carlos dos Santos Gonçalves. Direito Eleitoral.Coleção Concursos Jurídicos. Ed.
Atlas.2010; A Constituição e o Supremo. http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/
Legislação básica: Art. 14º, I, II, III, e §1º CF. 60, §4°, II da CF. Art. 220 do CE. Arts. 59, §4° e
61, LE. Lei 7.444/85
1. Noções Gerais: É um direito político e, portanto, um direito fundamental. No Brasil é um
direito público subjetivo e, ao mesmo tempo, um dever cívico. O voto direto secreto universal e
periódico é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II da CF). No sistema eleitoral brasileiro o voto
27MPF – GI – DE 18
apresenta as seguintes características: personalidade, obrigatoriedade, liberdade, secreto, direto,
periódico, igual. Importante destacar que também se trata de direito humano (art. 25 do Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966/ Dec 592/92)
2. Conceitos. A) Sufrágio e voto: sufrágio é o direito público subjetivo de participar da formação
da vontade política do Estado. Possui duas dimensões, ativa (direito de votar) e passiva (direito
de ser votado, de ser eleito). O voto é o ato pelo qual o direito de sufrágio é concretamente
exercido. O sufrágio pode ser universal ou restrito, igual ou desigual. Sufrágio universal é aquele
em que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais, excluídos apenas
aqueles que, por motivos razoáveis (eg, idade), não podem participar do processo político
eleitoral. Sufrágio restrito é aquele concedido somente a alguns nacionais, com base em critérios
discriminatórios e irrazoáveis. O sufrágio restrito pode ser censitário (baseado na capacidade
econômica do indivíduo), capacitário/cultural (fundado na aptidão intelectual do indivíduo) ou
masculino (fundado no sexo, com exclusão das mulheres). Sufrágio igual é aquele fundado no
princípio da isonomia, de modo que o voto de todos os cidadãos possui idêntico peso político
(one man, one vote). Sufrágio desigual é aquele caracterizado pela superioridade de certos
votantes. Exemplo é o voto familiar, em que o pai de família detém número de votos
correspondente ao de filhos. No Brasil, foi adotado o sufrágio universal e igual, nos termos do
art. 14 da CRFB. Há, porém, quem entenda que a inelegibilidade dos analfabetos configura
resquício do sufrágio capacitário/cultural. Sobre o pondo José Jairo afirma que: “A vigente
constituição acolheu em parte esse tipo de sufrágio. Com efeito, nega a capacidade eleitoral
passiva dos analfabetos, pois estabelece que eles são inelegíveis(...)”Gomes. p. 46. B) Voto e
escrutínio: “enquanto o voto é o exercício do sufrágio, dos direitos políticos, o escrutínio
designa a maneira como esse processo se perfaz, isto é, como o voto se concretiza” Gomes.p.51.
O escrutínio no Brasil é secreto e informatizado, pois com isso se procura resguardar a
autenticidade da manifestação do eleitor, garantindo o sigilo da votação. C) Sufrágio e
cidadania: “A cidadania constitui atributo jurídico que nasce no momento em que o nacional se
torna eleitor” Gomes. p. 46. D) Voto: o voto concretizao direito de sufrágio. Natureza jurídica:
direito ou dever? A doutrina da soberania popular entende que o voto é um direito. A doutrina da
soberania nacional entende que o voto é um dever, uma função política em benefício da
coletividade e do Estado. J. Jairo, assim como a maioria da doutrina brasileira, adota posição
sincrética, entendendo que o voto é um direito público subjetivo dotado de função social e
política, função esta que legitima sua obrigatoriedade. O voto no Brasil é pessoal (vedado o
exercício mediante representante), obrigatório (não exercício deve ser justificado), livre
(liberdade de escolha), secreto (conteúdo não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral), direto (em
regra, representantes são escolhidos sem intermediários), periódico (princípio republicano) e
igual (igual valor numérico e político). O voto direto, secreto, periódico e universal é cláusula
pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB). ATENÇÃO: a obrigatoriedade não é protegida por cláusula
pétrea. E) Voto múltiplo: é aquele em que o eleitor pode votar mais de uma vez em
circunscrições diferentes. F) Voto Plural: é uma variação do voto múltiplo, que permite ao eleitor
votar mais de uma vez na mesma circunscrição.
3. Voto universal: ver acima o que foi dito sobre o sufrágio universal. É cláusula pétrea.
“Caracteriza-se, pois, o sufrágio universal, pela concessão genérica de cidadania, a qual só é
limitada excepcionalmente” Gomes. p. 46
“Significa que, embora nem todo o povo ou todos os habitantes votem, as restrições não
impedem a participação da maioria. Universal, portanto, não é sinônimo de “para todos” porque
os menores de 16 anos não votam, os estrangeiros não votam e quem tiver com os direitos
políticos perdidos ou suspensos também não” Gonçalves. p. 17
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O preso provisório e o adolescente em conflito com a lei têm direito ao voto.
4.Voto direto: é aquele mediante o qual o eleitor escolhe seus representantes de modo imediato,
sem qualquer mediação por instância intermediária ou colégio eleitoral. É regido pelo princípio
da imediaticidade do voto. É cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir o princípio
democrático. Não retira o caráter direto do voto a adoção do sistema proporcional, pois, neste
sistema, o voto do eleitor é que é decisivo para a atribuição do mandato, não qualquer decisão a
ser tomada por intermediário ou órgão colegiado. O voto indireto constitui exceção e é previsto
para o caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente nos últimos dois anos do
período presidencial (art. 81, §1°, da CRFB). Neste caso, a eleição será feita pelo Congresso
Nacional, em 30 dias da última vacância, devendo ser observadas as condições de elegibilidade e
as causas de inelegibilidade. A votação deve ser aberta, para que o eleitor conheça o voto de seu
representante (STF, ADI 4.298/TO). Esta hipótese de voto indireto não configura norma de
reprodução obrigatória, mas pode ser aplicada no âmbito dos Estados, desde que exista previsão
na Constituição Estadual, e dos Municípios, desde que exista previsão na Lei orgânica e não
exista vedação na respectiva Constituição Estadual (STF, ADI 3.549/GO).
“(...) significa que não escolhemos representantes para escolher, depois, outros representantes.
Eles são escolhidos sem intermediários” Gonçalves. p. 17
5. Voto secreto: o conteúdo do voto não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral. O segredo é
direito do eleitor, sendo que só ele, querendo, pode revelar seu voto. O sigilo do voto é cláusula
pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir a liberdade do eleitor e a lisura do pleito. É nula
a votação quando preterida formalidade essencial do sigilo do voto (art. 220, IV do CE.). No
caso de voto eletrônico a urna deverá possuir recursos que mediante assinatura digital permitam
o registro digital de cada voto e a identificação da urna em que foi registrado, resguardando o
anonimato do eleitor (arts. 59, §4° e 61,LE). Na ADI 4543/DF o STF por unanimidade deferiu
medida cautelar para suspender eficácia do art. 5º da Lei 12.034/2009 por entender vulnerado o
sigilo do voto e a segurança do sistema.
6. Jurisprudência. A) “Sigilo do voto: direito fundamental do cidadão. (...) A exigência legal do voto
impresso no processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital do
eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa. A garantia da inviolabilidade do
voto põe a necessidade de se garantir ser impessoal o voto para garantia da liberdade de manifestação,
evitando-se qualquer forma de coação sobre o eleitor. A manutenção da urna em aberto põe em risco a
segurança do sistema, possibilitando fraudes, impossíveis no atual sistema, o qual se harmoniza com as
normas constitucionais de garantia do eleitor. Cautelar deferida para suspender a eficácia do art. 5º da
Lei 12.034/2002.” (STF ADI 4.543-MC); B) “Ação direta de inconstitucionalidade – Lei 6.571/1994, do
Estado da Bahia – Dupla vacância dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado – Eleição
pela Assembleia Legislativa para o exercício do mandato residual. (...) A cláusula tutelar inscrita no art.
14, caput , da Constituição tem por destinatário específico e exclusivo o eleitor comum, no exercício 
das prerrogativas inerentes ao status activae civitatis . Essa norma de garantia não se aplica, contudo,
ao membro do Poder Legislativo nos procedimentos de votação parlamentar, em cujo âmbito prevalece,
como regra, o postulado da deliberação ostensiva ou aberta. As deliberações parlamentares regem-se,
ordinariamente, pelo princípio da publicidade, que traduz dogma do regime constitucional democrático.
A votação pública e ostensiva nas Casas Legislativas constitui um dos instrumentos mais significativos
de controle do poder estatal pela sociedade civil.” (STF ADI 1.057-MC.) (grifo meu). “Art. 14. A
soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:I- plebiscito;II- Referendo; III- Iniciativa Popular”.
27MPF – GI – DE 20
Ponto 2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro 
nato.
José Ribeiro Lins Neto
Principais obras consultadas: José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª Edição. Ed. Atlas.201;
Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.Direito Eleitoral.Coleção Concursos Jurídicos. Ed.
Atlas.2010; Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.Ed. Saraiva. 2012; A
Constituição e o Supremo. http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/
Legislação básica. Arts. 12 a 16 da CF. Dec. 4246/2002. Lei 818/1949. Arts. 111 a 121 da Lei
6.815/80. Dec. 3453/2000. Lei 4737/1965. Lei 9709/98.
1.Noções Gerais. Enquanto a cidadania identifica os detentores de direitos políticos, a
nacionalidade é um vínculo do indivíduo com o Estado. Ambos são direitos fundamentais.
Importante destacar que também se trata de direito humano (arts. 24 e 25 do Pacto Internacional
de Direitos Civis e Políticos, de 1966/ Dec 592/92)
2. Conceitos: A nacionalidade é o vínculo jurídico-político que une uma pessoa física a um
Estado, do qual decorre uma série de direitos e obrigações. Aquisição de nacionalidade pode ser:
Originária ou primária: esse tipo, em geral, não está relacionado a um ato de vontade, pois
decorre de um fato natural, o nascimento. Dois critérios predominam para definição da
nacionalidade primária: o jus solis

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