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Identificação Genética pdf

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IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL PELA EXTRAÇÃO DE DNA
 Ana Paula Christianini da Silva1
Resumo: O presente Artigo visa analisar o instituto da identificação genética após o advento da Lei 
n° 12.654/2012.Com o novo dispositivo legal, a identificação criminal, que já contava com os 
processos datiloscópico e fotográfico, passou a incluir a coleta do material biológico para obtenção 
do perfil genético, com fins de esclarecer dúvidas relativas à identidade do suposto autor do delito, 
além de abastecer um banco de dados sigiloso com informações que poderão contribuir para a 
identificação da autoria de delitos semelhantes, confrontando-se o material disponível, inclusive o 
fornecido compulsoriamente. Tendo em vista a grande relevância que o tema tem para o Direito 
Constitucional e Processual Penal e suas implicações para com a defesa dos direitos e dignidade da 
pessoa humana. Cabe mencionar também os princípios do contraditório e ampla defesa, da não 
culpabilidade, vedação do retrocesso, entre outros. Para tanto, se verifica no presente Artigo 
opiniões sobre a presente Lei no que concerne a resquícios de Estigmatização com escopo no 
pensamento de Cesare Lombroso , que dão fundamento a algumas ideias aqui tratadas. 
Palavras-chave: Lei n.°12.654/12; Identificação Criminal; Estigmatização; Perfil genético; 
Dignidade da pessoa humana.
Introdução:O Diário Oficial da União de 29 de maio de 2012 publicou a Lei nº 12.654/2012, que 
elenca a extração de material genético como meio de identificação criminal. A presente Lei altera, 
em consequência as Leis n.°s 12.037, de 01º de outubro de 2009 e 7.210, de 11 de julho de 1984 - 
Lei de Execução Penal.“Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de 
natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art.1ºda Lei 8.072, de 25 de 
julho de 1990, serão submetidos , obrigatoriamente , à identificação do perfil genético , mediante 
extração de DNA- ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.” 
A razão para a implantação da lei pauta-se no alto índice de impunidade e a crescente 
criminalidade no país, sendo a identificação por perfil genético um novo método para combater o 
preocupante quadro que se dá a criminalidade no Brasil. Assim justifica-se: 
“Um estudo recente aponta o Brasil como o sexto país do mundo em taxa de homicídios 
(26,4 homicídios por 100.000 habitantes/ano) e alguns estudos apontam uma situação 
igualmente grave em relação aos crimes sexuais. As taxas de elucidação dos delitos são 
1Ana Paula Christianini da Silva estudante do curso de Bacharel em Direito 2014/2018, na Universidade
Estadual do Estado de Mato Grosso.
baixas, com menos de 10% dos homicidas sendo apropriadamente identificados e 
condenados e a ausência de prova material é a causa comum para que se arquivem 
inquéritos e denúncias.(AGUIAR, S.M. Et al. Rede Integrada de Bancos de Perfis 
Genéticos e a implantação do CODIS no Brasil.)
Direito Comparado: O legislador brasileiro teve sua proposta equiparada ao Combined DNA Index 
System(CODIS), criado nos Estados Unidos (EUA), cujo intuito está na realização de pesquisas com 
material genético recolhido de infratores na cena do crime, de modo a reduzir o quantitativo de 
crimes de autoria desconhecida no país. Sobre o programa em comento, de acordo com as 
informações divulgadas pelo FBI no ano de 2012 : 
“A utilização de identificação por perfil genético auxiliou mais de 200 mil investigações, 
ratificando o alto grau de utilidade do mecanismo para fins persecutórios.
No âmbito da União Europeia, a identificação criminal por perfil genético encontra amplo 
respaldo legal, fulcro nas Decisões-Quadro 2008/615/JAI, 2008/616/JAI e 2008/977/JAI e 
na Diretiva 95/46/CE de 24 de Outubro de 1995. Ademais, importante frisar que a maioria 
dos países membros do Conselho da Europa permite a coleta compulsória de impressões 
digitais e amostras de DNA no contexto do processo penal. Os bancos de dados nacionais 
estão previstos na Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, 
França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Luxemburgo, Países Baixos, 
Noruega, Polônia, Espanha, Suécia e Suíça. A coleta e armazenamento de perfis de DNA de 
pessoas condenadas são permitidos, como regra geral, por períodos limitados de tempo, 
após a condenação”.(CODIS—NDIS Statistics .)
Salienta Antônio Alberto Machado: 
Na verdade, esse banco de perfis genéticos para criminosos já condenados, cujo crime, 
obviamente, já foi esclarecido e definitivamente julgado, é uma providência de 
constitucionalidade no mínimo duvidosa. Note-se que, por ocasião da execução da pena, em 
que já existe uma decisão condenatória definitiva, não há mais nada que esclarecer nem que 
provar no processo findo. Assim, o armazenamento de dados genéticos do condenado só 
pode ser mesmo uma providência destinada a esclarecer a autoria de crimes futuros, isto é, 
medida destinada à produção de prova em processos que vierem a ser instaurados 
futuramente, o que configura uma espécie de“prova pré constituída”, em clara ofensa ao 
princípio constitucional da presunção de inocência. (MACHADO, Alberto Antônio. 
Identificação pelo DNA pg. 05 )
Estigmatização : A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos possui uma orientação 
baseada nas legislações internacionais que pregam os direitos humanos, o respeito as liberdades 
fundamentais e a dignidade humana. Busca promover a integração dos valores éticos às questões 
sociais, sobretudo em questões que envolvam populações em situações de vulnerabilidade,além de 
destacar a importância que estes valores devem exercer na promoção do bem-estar dos cidadãos e 
no desenvolvimento cientifico e tecnológico. A Constituição Federal de 1988 elenca em seu artigo 
5° , LXIII que bem como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da 
Costa Rica – (art. 8º), e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14.3), garantem aos 
indivíduos o direito fundamental a não autoincriminação, através do qual se tem que é direito do 
investigado recusar-se a produzir prova contra si. Tal dispositivo objetiva a proteção de qualquer 
pessoa que possa se autoincriminar, esteja ela presa ou em liberdade, resguardando o indivíduo de 
possíveis excessos cometido pelo Estado durante a investigação e apuração de delitos. Alguns 
princípios éticos presentes na Declaração estão intimamente relacionados a problemática do 
arquivamento de perfis genéticos em base de dados para fins criminais, tais como: o princípio da 
autonomia e responsabilidade individual, o princípio da vida privada e da confidencialidade, o 
princípio do consentimento, o princípio da igualdade, justiça e equidade, bem como o princípio da 
não discriminação e não estigmatização.
A Revista Brasileira de Bioética trata em um Artigo no que concerne ao tema relacionando 
ao Biodireito2: 
“Uma questão de fundamental importância esta relacionada ao principio da igualdade, 
justiça e equidade. Todas as pessoas devem ser tratadas com igualdade de direitos,de 
dignidade e de forma justa. Com relação à obrigatoriedade de fornecer perfil genético para
inclusão em um banco de DNA criminal,imposta a um único grupo de indivíduos, ela pode
configurar,sem duvida, uma situação onde ha ausência de equidade de tratamento. Vale 
destacar a relevância que o principio da não discriminação e não estigmatização possui em 
questões que envolvam dados sensíveis,como as informações genéticas. A inclusão 
compulsória de indivíduos condenados por crimes específicos no banco de perfis genéticos
pode ser entendida como discriminatória, considerando a possibilidade de que alguns 
grupos da população podem estar super-representados nele. Outra possibilidade, mesmo que 
remota, seria a utilização do material genético para fins diversos daquele para o qual foi 
coletado. Como,por exemplo, o risco de se usar estas informações para fins de pesquisa de 
caráter eugênico ou em pesquisa com genes associados à violência e aos comportamentos 
antissociais.( SANTANA Célia Maria Marques de. pg.33 Revista Brasileira de Bioética.)
2Biodireito é o ramo do Direito Público que se associa à Bioética , estudando as relações jurídicas entre os direitos e 
os avanços tecnológicos conectados à medicina e à biotecnologia, com peculiaridades relacionadas ao corpo e à 
dignidade da pessoa humana.
Corrobora esse entendimento em que:
“O condenado por crime hediondo ou por crime doloso cometido com violência de natureza 
grave contra pessoa” será obrigatoriamente submetido à extração do material genético, para 
alimentar o banco de dados genéticos. Neste caso, a matéria irá para o banco de dados, 
visando ser usado como prova em relação a fatos futuros. Aqui a intervenção corporal é 
obrigatória e não exige autorização judicial para a obtenção (apenas para o posterior acesso 
ao banco de dados). A única restrição legal diz respeito à natureza do crime objeto da 
condenação. Infelizmente, parece que o legislador partiu de uma absurda presunção de 
“periculosidade” de todos os autores de determinados tipos penais abstratos. Trata-se de 
inequívoca discriminação e estigmatização desses condenados. Optou o legislador por 
(re)estigmatizar os crimes hediondos e o chamado agora “crime doloso cometido com 
violência de natureza grave contra pessoa” (LOPES Júnior .2013, p.624).
Resquício Lombrosiano: A extração de material genético é interpretada por alguns operadores do 
direito como um resquício do pensamento de Cesare Lombroso que, taxava o criminoso/delinquente 
por suas características. Assim Antônio Alberto Machado3 discorre:
“Esse banco de dados parece ser mais uma daquelas “medidas de efeito”, uma espécie de 
“pirotecnia processual repressiva”, criada pelo legislador para dar a impressão de que a 
criminalidade está sendo eficazmente combatida, com rigor e com o auxílio da ciência (tal 
como supostamente ocorre nos países desenvolvidos), enquanto que as causas reais do 
crime permanecem intocadas, alimentando e fazendo crescer os índices de violência e 
insegurança pública. Sob esse aspecto, o Brasil continua seguindo o seu equivocado destino 
histórico de “dar tratamento policial aos problemas sociais”, pois os países avançados que 
adotam essas biotecnologias modernas contra o crime há muito que já tomaram outras 
providências no terreno das políticas públicas e sociais, estas sim, bem mais eficazes no 
combate à criminalidade que é um fenômeno coletivo, com raízes sociais, econômicas e 
políticas. É relevante destacar, por fim, que a coleta de material biológico, a análise do 
DNA do indivíduo e o armazenamento de dados genéticos pelo Estado, são providências 
severas de controle estatal que ameaçam radicalmente a privacidade das pessoas e ainda 
podem ter o efeito de revolver as ideias positivistas do médico italiano, Cesare Lombroso, 
que no século XIX acreditava ser possível definir os caracteres morfológicos e 
comportamentais dos“criminosos natos”, naturalmente propensos à prática de crimes.
(MACHADO, Antônio Alberto. Identificação Criminal pelo DNA pg.07)
3 Doutor Antônio Alberto Machado Promotor de Justiça de Ribeirão Preto-São Paulo
Conclusão : Muito se discute a respeito da Lei 12.654/12, pensadores, doutrinadores, estudiosos se 
posicionam em ambas extremidade de tal tema. Os simpatizantes defendem que tal lei é aliada do 
combate a criminalidade e impunidade de casos que são arquivados devido a falta de provas; crimes 
hediondos, principalmente os que versam sobre violência sexual, afirmando que a Lei é eficaz para 
mudar o quadro de criminalidade no Brasil. Do outro lado se encontram os defensores dos direitos 
humanos, bioéticos afirmando em contrapartida que tal lei é invasiva e inconstitucional, uma vez 
que não respeita os direitos elencados na Constituição Federal de 1988,LXIII bem como os Tratados 
Internacionais que versam sobre os Direitos Humanos. Afirmam ainda que tal Lei traz resquícios e 
tem escopo na ideologia de Cesare Lombroso que no século XIX acreditava ser possível definir os 
caracteres morfológicos e comportamentais dos “criminosos natos”, naturalmente propensos à 
pratica de crimes.
A estigmatização para com o indivíduo é clara na medida em que tal lei promove 
“etiquetamento”do sujeito. Não obstante na maioria dos casos a sociedade brasileira , aponta o 
criminoso como o problema, a pedra que precisa ser removida da sociedade. O Estado deixa de 
criar políticas públicas e discutir a causa da criminalidade e principalmente de prevenção aos 
crimes, tornando a sociedade atemorizada pela violência, desenvolvendo o ódio e desejo de 
vingança pelo criminoso. Uma sociedade fomentada por esses sentimentos se torna indelicada aos 
direitos humanos, principalmente se tratando de ser alguém que tenha cometido um crime. Com 
tudo deve atentar que o direito não deve fazer distinção e nem promover a estigmatização de 
determinado grupo social. Não se pode retroagir as ideias taxativas e ideologias discriminatórias, 
mais que defender os direitos humanos deve-se promover o cumprimento e assegurar tais direitos. O 
maior cuidado é para que posteriormente não possa vir a ser criadas novas Leis taxativas que, 
discriminam o indivíduo por grupo social e nível econômico. 
REFERÊNCIAS 
AGUIAR, S.M. Et. Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos e a implantação do CODIS no 
Brasil.
LOPES Jr., Aury. Direito processual penal: 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MACHADO, Alberto Antônio. Identificação pelo DNA.
SANTANA .Célia Maria Marques de. Revista Brasileira de Bioética.

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