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* CÁLCULOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS Professora Enfª Lílian Libório * Medicamento Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (ANVISA 2012). Droga Substância ou matéria-prima que tenha a finalidade medicamentosa ou sanitária ( ANVISA 2012). * Ação do medicamento É a ação química que pode ser profilática, curativa, paliativa e diagnóstica. Profilática o medicamento tem ação preventiva contra doenças. Ex: Vacinas * Curativa O medicamento tem ação curativa, pode curar a patologia. Ex: Antibióticos Paliativa O medicamento tem capacidade de diminuir os sinais e sintomas da doença mas não promove a cura. Ex: analgésicos. * Diagnóstica O medicamento auxilia no diagnóstico, elucidando exames radiográficos. Ex: contrastes. * Ação dos medicamentos Ação Local A medicação age no local onde é administrada, sem passar pela corrente sanguínea Ex: pomadas, colírios Ação sistêmica Significa que a medicação é primeiramente absorvida, depois entra na corrente sanguínea para atuar no local de ação desejado. Ex: Antibióticos * LEGISLAÇÃO NO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DOS MEDICAMENTOS Segundo o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, temos: * SEÇÃO I DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMILIA E COLETIVIDADE. RESPONSABILIDADES E DEVERES Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. * Imperícia é a incapacidade, a falta de habilidade específica para a realização de uma atividade técnica ou científica. A imperícia se revela pela ignorância, inexperiência ou inabilidade sobre a arte ou profissão que pratica. É uma forma culposa (diferentemente da dolosa, que exige a intenção), que gera responsabilidade civil e/ou criminal pelos danos causados. Exemplo: - O médico tem todos os sintomas que indicam claramente uma determinada doença e, por falta de prática, prescreve tratamento para outra doença. * Negligência: É a omissão aos deveres que as circunstâncias exigem. Negligência Para o Direito (Art. 18, C. Penal) implica desleixo, preguiça, ausência de reflexão necessária, caracterizando-se também pela inércia e passividade. Exemplo: abandono de doente, omissão de tratamento, esquecimento de corpo estranho em cirurgia, etc. * Imprudência: Ato de agir perigosamente, com falta de moderação ou precaução. Consiste na violação da regras de condutas. Exemplo: Praticar cirurgia de risco sem os equipamentos necessários a um atendimento de emergência. * Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem. Art. 14 - Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, éticos e culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão. * PROIBIÇÕES Art. 30 - Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos. Art. 32 - Executar prescrições de qualquer natureza, que comprometam a segurança da pessoa. * SEÇÃO II DAS RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM, SAÚDE E OUTROS Parágrafo único - O profissional de enfermagem poderá recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica em caso de identificação de erro ou ilegibilidade. * ABREVIATURAS E SÍMBOLOS MAIS USADOS * * * * FORMA DE APRESENTAÇÃO DOS MEDICAMENTOS CÁPSULA Invólucro de gelatina/internamente sólido COMPRIMIDO Pó comprimido com formato próprio, sendo redondo ou ovalado, pode trazer uma marca, como um sulco. * DRÁGEA Comprimido revestido por uma solução de queratina composta por açúcar e corante. ELIXIR Soluto que contém 20% de açúcar e 20% de álcool EMULSÃO Composta por dois tipos de líquidos imiscíveis, sendo caracterizados pelo óleo e a água * Alguns conceitos: Dose: quantidade de medicamento introduzido no organismo a fim de produzir efeito terapêutico. Dose máxima: maior quantidade de medicamento capaz de produzir ação terapêutica sem ser acompanhada de sintomas tóxicos. Dose tóxica: quantidade que ultrapassa a dose máxima e pode causar conseqüências graves; a morte é evitada se a pessoa for socorrida a tempo. Dose letal: quantidade de medicamento que causa morte. Dose de manutenção: quantidade que mantém o nível de concentração do medicamento no sangue. * SOLUÇÕES ISOTÔNICA- tem a mesma pressão osmótica do líquido intracelular. Ex: SG5%; SF 0,9% HIPERTÔNICA- a concentração é maior que a do plasma. EX: glicose 10, 25 e 50%. HIPOTÔNICA- concentração menor que do nosso plasma, produzindo osmose de fora pra dentro da célula. EX: Nacl 0,45%. * Osmose – Solvente como água, através de uma membrana semipermeável, de uma área de menor para área de maior concentração de solutos na solução. * Unidades de medida: grama: unidade de medida de peso; sua milésima parte é o miligrama (mg), logo 1g corresponde a 1000mg e 1000g correspondem a 1 kg. litro: unidade de volume; sua milésima parte corresponde ao ml, logo, 1000ml é igual a 1l; dependendo do diâmetro do conta-gotas, 1ml corresponde a 20 gotas e 1 gota corresponde a 3 microgotas. centímetro cúbico (cc ou cm³): é similar ao ml, logo 1cc equivale a 1ml. * TRANSFORMAÇÃO Ml para litro: multiplica por 1000! Litro para ml: divide por 1000! Grama para Kg: multiplica por 1000! Kg para grama: divide por 1000! Unidade básica de volume 1L= 1000ml 1ml= 20 gts 1gt=3mcgts * Noções elementares: Solução é uma mistura homogênea composta de duas partes. Suspensão é também composta por duas partes, mas difere da solução por ser heterogênea, o que significa que após centrifugação ou repouso, é possível separar os componentes, o que não ocorre na solução. A concentração de uma mistura é determinada pela quantidade de soluto numa proporção definida de solvente, e poderá ser expressa em porcentagem (%) ou em g/L. Como exemplo temos que uma solução de glicose com 5g de glicose (soluto) dissolvida em 100 ml de água (solvente) é uma solução com concentração de 5%. Porcentagem: é uma outra forma de expressar a concentração. O termo por cento (%) significa centésimos. * Exemplo 1: TRANSFORMAÇÃO DE SOLUÇÕES: Temos 500 ml de soro glicosado 5 % e a prescrição foi de 500 ml a 10%. Primeiro passo – Verifica-se quanto de glicose há no frasco a 5 %. 100 ml – 5 g 500 ml – x x = 500 x 5 / 100 = 25g 500 ml de soro glicosado a 5% contem 25g de glicose * Segundo passo – Verifica-se quanto foi prescrito, isto é, quanto contem um frasco a 10% 100ml – 10g 500 ml – x X = 500 x 10 / 100 = 50g 500 ml de soro glicosado a 10% contem 50g de glicose. Temos 25g e a prescrição foi de 50g; portanto, faltam 25g. * Terceiro passo – Encontra-se a diferença procurando supri-la usando ampolas de glicose hipertônica Temos ampola de glicose de 20 ml a 50% 100 ml – 50g 20 ml – x X = 20 x 50 / 100 = 10g Cada ampola de 20 ml a 50 % contem 10g de glicose 20 ml – 10g X – 25g X = 20 x 25 / 10 = 50 ml Será colocado então, 50 ml de glicose a 50%, ou seja, 2 + ½ ampolas de 20 ml no frasco de 500ml a 5%. * Exemplo 3: DILUIÇÃO DE MEDICAMENTO (REGRA DE TRÊS) Temos gentamicina 80 mg em ampolas de 2 ml. Foi prescrito 60 mg, quanto administrar? 2 ml - 80 mg X – 60 mg X = 1,5 ml Devo administrar 1,5 ml de gentamicina. * CÁLCULO DE GOTEJAMENTO Fórmulas: Nº. de gotas/min. = V/Tx3 Nº. de microgotas/min. = V/T Nº de macrogotas/min = nº de microgotas x 3 ONDE, V = VOLUME EM ML E T = TEMPO EM HORAS * CÁLCULO DE GOTEJAMENTO Quantas gotas deverão correr em um minuto para administrar1.000 ml de SG a 5% de 6/6 horas? Nº. de gotas/min. = V/Tx3 = 1.000/6x3 1.000/18 = 55,5* = 56 gotas/min. * Regra para arredondamento * CÁLCULO DE GOTEJAMENTO 2. Quantas microgotas deverão correr em um minuto para administrar 300ml de SF 0,9% em 4 horas? Nº. de mgts/min. = V/T = 300/4 =75 * CÁLCULO DE GOTEJAMENTO Lembrar sempre que 1 gota = 3 microgotas Portanto nº. de macrogotas/min. = nº. de microgotas x 3 Vamos praticar? Ex.1 Calcule o nº. de gotas/min. Das seguintes prescrições: 1.000 ml de SG 5% EV em 24 horas. 500 ml de SG 5% EV de 6/6h. 500 ml de SF 0,9% EV em 1 hora. 500 ml de SF 0,9% EV de 8/8h. 100 ml de SF 0,9% EV em 30 minutos. * V/T(em horas)x3 A) V/Tx3= 1.000/ 24 x 3= 1.000/72=13,8 (14gts/min.) B) V/Tx3= 500/6x3= 500/18=27,7 (28gts/min.) C) V/Tx3= 500/ 1X3=500/3=166,6 (167gts/min.) D) V/Tx3= 500/ 8x3=500/24=20,8 (21gts/min.) E) V/Tx3= 100/0,5x3=100/1,5=66,6 (67gts/min.) 60 min. ----- 1h 60x=30 30 min. ----- x x= 30/60 = 0,5h * CÁLCULO DE GOTEJAMENTO Vamos praticar? Ex.1 Calcule o nº. de microgotas/min. Das seguintes prescrições: a)SF 0,9% 500 ml EV de 6/6h. b) SG 5% 500 ml EV de 8/8h. c) SGF 1.000 ml EV de 12/12h. * a)SF 0,9% 500 ml EV de 6/6h: V/T= 500/6=83,3 (83 microgts/min.) b) SG 5% 500 ml EV de 8/8h: V/T=500/8=62,2 (62 microgts/min.) c) SGF 1.000 ml EV de 12/12h: V/T= 1.000/12=83,3 (83 microgts/min.) * CÁLCULOS PARA ADMINISTRAÇÃO Exemplo 1: Foram prescritos 500 mg VO de Keflex suspensão de 6/6h quantos ml devemos administrar? O primeiro passo é olhar o frasco e verificar a quantidade do soluto por ml que nesse caso está descrito: 250 mg/5ml, significando que cada 5ml eu tenho 250 mg de soluto. Agora é só montar a regra de três: 250 mg------- 5 ml 250 x = 2.500 500 mg-------- x x = 2.500/250 x = 10 ml * Exemplo 2: Devemos administrar 250 mg de Novamin IM de 12/12 h. Temos na clínica ampolas de 2 ml com 500 mg. Quantos ml devo administrar? 500 mg ------- 2 ml 500 x = 500 x = 1 ml 250 mg-------- x x= 500/500 * Exemplo 3: Devemos administrar 200 mg de Cefalin EV de 6/6h. Temos na clínica fr./amp. de 1g. Como proceder? Primeiro passo, vou diluir o medicamento pois há somente soluto; Nesse caso vamos utilizar 10 ml de AD; A quantidade de soluto é de 1g = 1.000 mg; Agora é só montar a regra de três: 1.000 mg ---- 10 ml 1.000 x = 2.000 200 mg ------- x x = 2.000/1.000 x = 2 ml * Exemplo 4: Foram prescritos 7 mg de Novamin EV de 12/12 h. Temos na clínica ampolas de 2 ml com 100mg/2ml. Quantos ml devemos administrar? Observe que aqui também a quantidade prescrita é muito pequena, precisaremos rediluir, nesse caso em 8 ml de AD para facilitar o cálculo. Portanto, terei 2 ml da ampola + 8 ml de AD = 10 ml com 100 mg. 100 mg ----- 10 ml 100 x = 70 x = 0,7 ml 7 mg ------ x x = 70/100 Devemos aspirar 0,7 ml da medicação e rediluir para aplicação pois a mesma não pode ser administrada diretamente na veia. * Exemplo 5: Foram prescritos 120 mg de Targocid uma vez ao dia EV. Temos na clínica frascos de 200 mg. Quantos ml devemos administrar? Precisamos diluir o medicamento e nesse caso utilizaremos 5 ml de AD; 200 mg ----- 5 ml 200 x = 600 120 mg ----- x x = 600/200 X = 3 ml * Vamos praticar? Calcule quantos ml do medicamento deveremos administrar ao paciente nas seguintes prescrições: Tienam 250 mg EV de 6/6h. Temos fr./amp. 500 mg (diluir em 20 ml). 500mg --- 20ml 250mg --- x 500x=250x20 500x=5.000 x=5.000/500=10ml b) Cefrom 2g EV de 12/12h. Temos fr./amp. de 1g. (diluir em 10 ml). 1g---10ml 2g --- x 1x= 10x2 x= 20ml * c) Targocid 80 mg EV de 12/12h. Temos fr./amp. De 400 mg. (diluir em 10 ml). 400mg --- 10ml 80mg --- x 400x=80x10 400x=800 x=800/400 X=2ml * CÁLCULO COM PENICILINA CRISTALINA Nos cálculos anteriores a quantidade de soluto contida em uma solução é indicada em gramas ou miligramas. A penicilina cristalina virá apresentada em unidades podendo ser: Frasco/amp. com 5.000.000 UI Frasco/amp. com 10.000.000 UI Vem em pó e precisa ser diluída. * CÁLCULO COM PENICILINA CRISTALINA Exemplo 1: Temos que administrar 2.000.000 UI de penicilina cristalina EV de 4/4 h. Temos na clínica somente frascos de 5.000.000 UI Quantos ml devemos administrar? Na diluição da penicilina sempre que injetarmos o solvente teremos um volume de 2 ml a mais. 5.000.000 UI ------ 8 ml de AD + 2 ml do pó = 10 ml 2.000.000 UI ------- x 5.000.000 x = 20.000.000 UI X = 20.000.000/5.000.000 X = 4 ml * CÁLCULOS DE INSULINA/HEPARINA Exemplo 1: Foram prescritos 50 UI de insulina NPH por via SC e não temos seringa própria só de 3 ml. Como devemos proceder? 100 UI ------ 1 ml 50 UI ------- x 100 x = 50 x = 50/100 x = 0,5 ml Exemplo 2: Temos que administrar 2.500 UI de heparina SC de 12/12h. Temos frasco de 5.000 UI em 1ml. Como devemos proceder? 5.000 UI ------ 1 ml 5.000 x = 2.500 x = 0,5 ml 2.500 UI ------ x x = 2.500/5.000 * VAMOS PRATICAR? Temos que administrar insulina SC e não temos seringa própria só de 3 ml. Então calcule o ml de cada valor prescrito: 60 UI de insulina 100 UI ------ 1 ml 60 UI ------- x 100 x = 60 x = 60/100 x = 0,6 ml b) 80 UI de insulina 100 UI ------ 1 ml 80 UI ------- x 100 x = 80 x = 80/100 x = 0,8 ml * VAMOS PRATICAR? Quanto de soluto encontramos nas seguintes soluções: 1 ampola de 20 ml de glicose a 25% R: 25g -----100ml x ----- 20 ml X= 25 x 20/100 X=500/100=5g 1 ampola de 20 ml de NaCl a 30% 30g --- 100ml x ------ 20ml X=30 x 20/100 X= 600/100=6g * 1 frasco de 500 ml de SG a 5% 5g --- 100ml x ------ 500ml 100X=500x5 100x=2.500 X= 2.500/100=25g 1 frasco de 1.000 ml de SG a 5% 5g --- 100ml x ------ 1000ml 100X=1000x5 100x=5.000 X= 5.000/100=50g * Exercícios de cálculo para diluição de medicamentos 1- Quantos gramas de permanganato de potássio são necessários para preparar 250 ml de solução a 2%? R: 2g --- 100ml x ---- 250ml X=2x250/100 X= 5g 2- Quantos gramas de cloreto de sódio são necessários para preparar 500 ml de solução salina a 7,5%? R: 7,5g --- 100ml x ---- 500ml 100X=7,5x500 X=3.750/100=37,5g * 3 - Quantos ml de água destilada são necessários para diluir 80 mg de gentamicina e obter 20mg em 0,5 ml? 20mg --- 0,5ml 80mg --- x 20x= 40 x-=40/20=2ml 4 - Quantos gramas de glicose tem 500ml de SG5%? 5g ---100ml X --- 500ml 100x=2.500 X= 2.500/100=25g * 5- Quantos ml de soro fisiológico são necessários para diluir 10.000.000 unidades de penicilina e obter 750.000 unidades em 3 ml ? 750.000------- 3ml 10.000.000 --- ml 750.000x= 30.000.000 X= 30.000.000/750.000= 40ml * 6 - Prescrição médica: Soro Ringer Lactato 2 litros, 30 gotas/min. Quanto tempo gastará para infundir 1 litro de SRL? 30gts ----- 1min X ------ 60 min X= 30x60=1800gts em 1h 1ml -------------- 20gts 2.000 ml (2L) --- Xgts X= 40.000 gts em 2L de soro Então, em 1L= 20.000 gts Logo, 1.800gts ---- 1h 20.000gts –---x 1800x= 20.000 X= 20.000/1.800 X=11horas * STAUT, N. da S; DURÁN, M.D.E.M; BRIGATTO, M.J.M. Manual de drogas e soluções. São Paulo: EPU, 1986. FIGUEIREDO, N. M. A. de. Administração de medicamentos: revisando uma prática de Enfermagem. São Caetano do Sul: Difusão Enfermagem, 2003. * *
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