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Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 1 Neuroanatomia Vascularização do Sistema Nervoso Central e Barreiras Encefálicas – CAP 10 O sistema nervoso é formado de estruturas nobres e altamente especializadas, que exigem para seu metabolismo um suprimento permanente e elevado de glicose e oxigênio. Ele não pode, mesmo temporariamente, ser sustentado por metabolismo anaeróbio. Assim o consumo de oxigênio e glicose pelo encéfalo é muito elevado, o que requer um fluxo sanguíneo intenso. A parada da circulação cerebral por mais de sete segundos leva o indivíduo à perda da consciência. Após cerca de cinco minutos começam a aparecer lesões que são irreversíveis, pois, como se sabe, as células nervosas não se regeneram. Áreas diferentes do SNC são lesadas em tempos diferentes, sendo que as áreas filogeneticamente mais recentes são as que primeiro se alteram. Assim, o neocórtex será lesado antes do páleo e do arquicórtex e o sistema nervosos supra-segmentar antes do segmentar. A área lesada em último lugar é o centro respiratório situado no bulbo. 1. Fluxo sanguíneo Cerebral O fluxo sanguíneo cerebral é diretamente proporcional à pressão arterial (PA) e inversamente proporcional à resistência cérebro-vascular (RCV). Assim, variações da pressão arterial sistêmica refletem-se diretamente no fluxo sanguíneo cerebral. Verificou-se que o fluxo sanguíneo é maior nas áreas mais ricas em sinapses, de tal modo que, na substância cinzenta, ele é maior que na branca, o que obviamente está relacionado com a maior atividade metabólica da substância cinzenta. No córtex cerebral existem diferenças entre os fluxos sanguíneos das diversas áreas, mas estas diferenças tendem a diminuir durante o sono. O fluxo sanguíneo de uma determinada área do cérebro varia com seu estado funcional. SNC Ausência de circulação linfática; Presença de circulação Liquórica; FSC= PA/RCV A resistência cérebro-vascular depende principalmente de: Pressão intracraniana: Aumento eleva a RCV Condição da parede vascular: pode estar alterada em processos patológicos como a arterioesclerose que aumentam a RCV Viscosidade do sangue Calibre dos vasos cerebrais Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 2 2. Vascularização Arterial do encéfalo O encéfalo é irrigado Ao contrário do que ocorre na maioria das vísceras, a vascularização do encéfalo não possui um hilo para a penetração dos vasos. Estes penetram no encéfalo a partir de vários pontos de sua superfície. Peculiaridades das artérias cerebrais: a. Paredes finas: as tronam propensas a hemorragias. b. Túnica média possui menos fibras musculares. c. Túnica elástica interna é mais espessa e tortuosa, o que ajuda na proteção do tecido nervoso, amortecendo o choque da onda sistólica responsável pela pulsação das artérias. d. Existência espaços perivasculares contendo líquor. e. Quase independência entre as circulações intra e extracraniana. OBS: A anastomose entre a artéria angular, derivada da carótida externa, e a artéria nasal, ramo da artéria oftálmica, que por sua vez deriva da carótida interna possui certa importância, uma vez que esta anastomose pode manter a circulação da órbita e de parte das vias ópticas em casos de obstrução da carótida interna. Polígono de Willis A irrigação do encéfalo é feita através de dois sistemas. O primeiro deles, chamado de anterior é feito através das artérias carotídeas e o outro sistema, chamado de circulação posterior, é dado a partir das artérias vertebrais, que se unem formando a artéria basilar. Estas duas fontes de irrigação estão ligadas através do polígono de willis. Fazem parte do polígono: Artéria cerebral anterior, Artéria comunicante Anterior, Artéria carótida interna, Artéria cerebral média, Artéria comunicante posterior, Artéria cerebral posterior. a. Sistema Anterior (Carotídeo) Artérias carótidas internas Artérias vertebrais Formam o Polígono de Willis Principais artérias para a vascularização cerebral Saem Artéria carótida comum Artéria Carótida interna Porção Cervical Porção petrosa Porção cavernosa Porção infraclinóidea Porção intracraniana Lado direito: Tronco Braquio-Cefálico Lado esquerdo: Arco Aórtico Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 3 Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 4 b. Sistema Posterior (Vertebral) O sistema posterior é formado pelas artérias vertebrais. Essas são os primeiros ramos da artéria subclávia e ascendem através dos forames transversos das vértebras cervicais. Penetram no canal neural e em seguida entram para a cavidade craniana através do forame magno. Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 5 3. Vascularização Venosa do Encéfalo As veias do encéfalo, de um modo geral, não acompanham as artérias. Elas drenam para os seios da dura-máter e depois mandam esse sangue para as veias jugulares internas, que recebem praticamente todo o sangue venoso encefálico. As paredes das veias encefálicas são muito finas e desprovidas de musculatura. Faltam assim os elementos necessários a uma regulação ativa da circulação venosa. A circulação venosa no encéfalo é muito mais lenta que a circulação arterial, uma vez que o leito venoso no encéfalo é muito maior. i. Superficial Constituído por veias que drenam o córtex e a substância branca subjacente, anastomosam-se amplamente na superfície do cérebro onde formam os grandes troncos venosos, as veias cerebrais superficiais, que desembocam nos seios da dura-máter. É realizada principalmente sob a ação de três forças: Aspiração da cavidade torácica Força da gravidade: retorno sanguíneo se faz a favor da gravidade Pulsação das artérias: cuja eficácia é aumentada pelo fato de que se faz em uma cavidade fechada. Mais eficiente no seio cavernoso, cujo sangue recebe diretamente a força expansiva da carótida interna, que o atravessa. Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 6 ii. Profundo Compreende as veias que drenam sangue de regiões situadas profundamente no cérebro, tais como o corpo estriado, a cápsula interna e grande parte do centro branco medular. 4. Vascularização da medula 5. Barreiras Encefálicas São dispositivos que impedem ou dificultam a passagem de substâncias do sangue para o tecido nervoso, do sangue para o líquor ou do líquor para o tecido nervoso. Elas dificultam a troca de substâncias entre o tecido nervoso e os diversos compartimentos de líquido do sistema nervoso central. Artérias Vertebrais A. Espinal anterior A. Espinhal posterior Funículo posterior -Funículo Anterior e Lateral -Ocupa a fissura mediana anterior Artérias Radiculares -Anastomosam-se com as artérias espinhais -São derivadas de artérias segmentares do pescoço e tronco Veia cerebral média superficial: termina no seio cavernoso e percorre o sulco lateral Veia cerebral superficial superior (Anastomótica superior): Comunica a veia cerebral média superficial com o seio sagital superior Veia cerebral superficial inferior (Anastomótica Inferior): Comunica a veia cerebral média superficial com o seio transverso Veia Cerebral Magna Veia cerebral interna (Veia tálamo-estriada + Veia septal anterior) Veia Basal + Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 7 Essas barreiras regulam a passagem para o tecido nervoso não só de substâncias a serem utilizadas pelosneurônios, mas também de medicamentos e substâncias tóxicas. Impedem também a passagem de neurotransmissores encontrados no sangue. No caso da adrenalina, que é lançada em grande quantidade na circulação em certas situações emocionais, se ela não fosse barrada poderia alterar o funcionamento do cérebro. Características gerais das barreiras encefálicas Nem sempre há impedimento completo à passagem de uma substância nas barreiras encefálicas, mas apenas uma dificuldade maior nessa passagem; O fenômeno da barreira não é geral para todas as substâncias e varia para cada barreira. Assim, uma determinada substância pode ser barrada em uma barreira e passar livremente em outra; A barreira líquor-encefálica é mais fraca; De modo geral, as barreiras hemoencefálicas e hemoliquórica impedem a passagem de agentes tóxicos para o cérebro. Portanto, estas barreiras constituem mecanismos de proteção do encéfalo contra agentes. Sendo a barreira líquor-encefálica muito fraca, às vezes há vantagem em se introduzir um medicamento no líquor, em vez de no sangue, para que ele entre mais rapidamente em contato com o sistema nervoso. Fatores da variação da permeabilidade da barreira hemoencefálica Existem certas áreas do encéfalo onde a barreira hemoencefálica não existe, como por exemplo, o corpo pinel, a área postrema, a neurohipófise e os plexos corióides. Essas são áreas de função endócrina, e é razoável que um órgão endócrino não tenha dificuldade para a troca de substâncias entre o sangue e tecido. Certos agentes farmacológicos quando injetados no sangue, não agem em determinadas áreas do SNC por não as atingirem, podendo, entretanto, agir em outras áreas vizinhas. SANGUE LÍQUOR TECIDO NERVOSO Barreira hemoliquórica Barreira hemoencefálica Barreira líquor-encefálica Mecanismo de proteção Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 8 Durante o desenvolvimento fetal e no recém-nascido, a barreira hemoencefálica é mais fraca. Por isso, a icterícia no recém-nascido é bem mais grave que no adulto. Vários processos patológicos, como certas infecções e traumatismos, podem levar a uma “ruptura” mais ou menos completa da barreira. Verificou-se também que a permeabilidade da barreira hemoencefálica aumenta quando ela entra em contato com soluções hipertônicas, por exemplo, a uréia. Localização anatômica da barreira hemoencefálica Localização anatômica da barreira hemoliquórica Essa barreira se localiza nos plexos coroides. Seus capilares, no entanto não participam do fenômeno. O epitélio ependimário que reveste o plexo coroide possui junções íntimas que unem as células próximas à superfície ventricular e impedem a passagem de macromoléculas, constituindo a base da barreira hemolíquórica. Uma determinada concentração sanguínea de bilirrubina, que no adulto não atravessa a barreira hemoencefálica, no recém-nascido pode atravessa- la, passando para o tecido nervoso, sobre o qual tem uma ação tóxica. Aparece então um quadro de icterícia com manifestações neurológicas, conhecido como Kernicterus. Elementos Neurópilo - Espaço entre vasos e corpos de neurônios e das células neurogliais - Impede a passagem de substâncias Capilar Cerebral Formado Endotélio Cerebral - endotélio - membrana basal - pés vasculares dos astrócitos - unido por junções íntimas - ausência de fenestrações - não é contrátil Não possuem filamentos que em presença de histamina se contraem, separando as células e tornando o capilar mais permeável.
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