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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 55 7 – BALANÇOS EM PROCESSOS COM REAÇÃO 7.1 Introdução A diferença fundamental dos balanços nos processos com reação, daqueles vistos até aqui, é o aparecimento de um novo termo na equação de balanço de componente, relativo ao desaparecimento ou aparecimento dos componentes em função da reação química. A estequiometria da reação imporá restrições ao processo, na medida em que não se pode a partir de uma reação do tipo A→B, partir-se de 1 mol de A e no final ter 1,10 mol de A. Alguns novos conceitos serão vistos: a) Reagente com proporção estequiométrica - quando a relação molar é igual a razão estequiométrica. Para a reação: 2SO2 + O2 → 2SO3 A proporção estequiométrica do SO2 e O2 é nSO2/nO2 = 2/1 presentes na alimentação do reator (por exemplo: 200 mol de SO2 e100 mol de O2) b) Reagente limitante - quando os reagentes não são alimentados na proporção estequiométrica, aquele reagente que desaparece primeiro é chamado de reagente limitante. Os demais são chamados de reagentes em excesso. Um reagente é limitante se estiver presente em menor quantidade do que a estabelecida pela proporção estequiométrica, em relação a todos os outros. Uma forma prática de se determinar o reagente limitante é fazer a razão alimentação / coeficiente estequiométrico para todos os reagentes. O que apresentar menor razão, é o reagente limitante. c) Porcentagem em excesso - suponha que n mols de um reagente em excesso esteja presente, e que ns deveria ser o número de mols correspondente a proporção estequiométrica. Então n – ns é a quantidade que excede a quantidade necessária para reagir completamente, se a reação é completa. Então a porcentagem em excesso é dada por: fração de excesso = 100x n nn s s − Consideremos por exemplo a reação H2 + Br2 → 2 HBr, e suponha que 25 mol de H2/h e 20 mol de Br2/h são alimentados ao reator. O reator limitante é o Br2. Para o H2 estar em proporção estequiométrica, deveria ser alimentado a razão de 20 mol H2/h. Logo: excesso em %25 20 2025100 2H= − a) Conversão – as reações químicas não ocorrem instantaneamente. Ao contrário, freqüentemente desenvolvem-se muito lentamente. Nestes casos, não é prático projetarmos o reator para tal conversão completa do reagente limitante. Então o efluente do reator conterá ainda reagentes não convertidos, que serão separados dos produtos e reciclados para a alimentação (se for economicamente viável, para isso, deve-se fazer os cálculos da viabilidade econômica). A conversão de um reagente é a razão entre o número de mols que reage e o número de mols alimentado do reagente limitante: entra saientra A n nn mols molsX −== salimentadoA sconvertidoA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 56 A fração de A não convertida é então, 1-XA. Se 100 mol de A são alimentados e 90 deles reagem, a conversão será de 90%. e) Rendimento e Seletividade – Consideremos a reação de produção de eteno a partir da desidrogenação do etano: C2H6 → C2H4 + H2. A partir do momento que H2 é produzido ele pode reagir com C2H6 formando metano: C2H6 + H2 → 2 CH4 Além disso, o próprio eteno pode reagir com etano para produzir propileno e metano, pela reação: C2H4 + C2H6 → C3H6 + CH4 Desde que o objetivo do processo é produzir eteno, somente a primeira destas reações, chamadas de reações múltiplas (reações em série e em paralelo), é desejada. As demais reações e conseqüentemente demais produtos, são indesejáveis. O projeto de engenharia do reator e as considerações de operação devem levar em consideração não somente como maximizar a produção do produto desejado (eteno), como minimizar a produção de sub- produtos indesejáveis (CH4 e C3H6). Os termos rendimento e seletividade são usados para descrever o grau em que a reação desejada predomina sobre as reações competitivas. formado indesejado produto de formado desejado produto de consumido limintante reagente de formado desejado produto de molsreagente) de consumo no (dimRe alimentado limitante reagente do mols formado desejado produto do molsalim.) na (dimRe mols molsdeSeletivida mols baseadoenton baseadoenton = = = Quanto maiores os valores de rendimento e seletividade, maior será a produção do produto desejado. Seletividade apresenta outras definições, como, por exemplo, quantidade de um produto formado pela quantidade de todos os produtos formados (desejados e indesejados). f) Separação dos Produtos e Reciclo – duas definições importantes quando se usa o reciclo dos reagentes não consumidos: Conversão Global: processo do entra reagente processo do sai reagente - processo no entra reagente Conversão por passe: reator no entra reagente reator do sai reagente -reator no entra reagente Por exemplo, consideremos o seguinte fluxograma de um processo com reação química A→B: 75mol A/h 100mol A/h 25 mol A /h 75 mol B/ h 75 mol B /h 25 mol A / h REATOR Unidade de separação PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 57 A conversão global de A é (75-0)/75 = 100% A conversão por passe no reator é: (100-25)/100 = 75% Este exemplo ilustra o objetivo do reciclo, foi possível atingir-se uma completa utilização do reagente, embora 75% do reagente que entra no reator é convertido antes de sair. O motivo para que a conversão global seja de 100% está na perfeita separação assumida. Se algum A sair com a corrente de produto, a conversão global será menor que 100%, embora ela deva ser sempre maior que a conversão por passe. Exemplo 9: Acrilonitrila (C3H3N) é produzida pela reação de propileno, amônia e oxigênio: C3H6 + NH3 + O2 → C3H3N + H2O A alimentação molar contém 10% de propileno, 12% de amônia e 78% de ar. a) Qual é o reagente limitante? b) Quais os reagentes em excesso? Qual a porcentagem em excesso? c) Calcule os kg-mol de C3H3N produzidos por kg-mol de NH3 alimentado para uma conversão de 30% do reagente limitante. Solução: Tomemos como base de cálculo 100 kg-mol de alimentação. 100 kg-mol H2O 0,100 kg-mol C3H6 / kg-mol REATOR C3H3N 0,120 kg-mol NH3 / kg-mol NH3 0,780 kg-mol ar / kg-mol C3H6 0,21 kg-mol O2 / kg-mol ar O2 0,79 kg-mol N2 / kg-mol ar N2 Façamos inicialmente a estequiometria da reação: C3H6 + NH3 + 3/2O2 → C3H3N + 3H2O Pela estequiometria temos: 1kg-mol C3H6 : 1 kg-mol NH3 : 1,5 kg-mol O2 Quantidades iniciais de cada reagente (conforme alimentação): 100 kg-mol (0,100 kg-mol C3H6 / kg-mol) = 10 kg-mol C3H6 100 kg-mol (0,120 kg-mol NH3 / kg-mol) = 12 kg-mol NH3 100 kg-mol (0,780 kg-mol ar / kg-mol) = 78 kg-mol ar 78 kg-mol ar (0,21 kg-mol O2 / kg-mol ar) = 16,4 kg-mol O2 78 kg-mol ar(0,79 kg-mol N2 / kg-mol ar) = 61,6 kg-mol N2 Pela proporção estequiométrica, para 10 kg-mol de C3H6, teríamos: 10kg-mol C3H6 : 10 kg-mol NH3 : 15 kg-mol O2 Como em nossa alimentação temos: 10kg-mol C3H6 : 12 kg-mol NH3 : 16,4 kg-mol O2 Então o C3H6 é o reagente limitante; NH3 e O2 são os reagentes em excesso. ( ) ( ) ( ) excessoxxn nn NHexcesso ricoestequimétNH tricoestequioméNHentadoaNH %20100 10 1012100)(% 3 33 lim 3 =−= − = (% excesso)O2 = (16,4 – 15)/15 = 9,33% excesso O2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 58 Se a conversão do C3H6 é 30%, então: ( ) ( )reagidoentadoa reagido entadoa HCmolskgHCmolskg HCmolskgHCmolskg 63 lim63 63 lim63 3 )(3,0 )(10 −= − −− A quantidade de acritronitrila formada é: ( ) ( )( ) ( )NHCmolskgHCmolkg NHCmolkg HCmolskg reagido formado reagido 33 63 33 63 31 1 3 −= − −− Exemplo 10 – As reações : C2H6 → C2H4 + H2 e C2H6 + H2 → 2 CH4 se desenvolvem em um reator contínuo em estado estacionário. A vazão molar de alimentação é 100,0 kg-mol/h. A composição dos gases é dada pela tabela a seguir: C2H6 C2H4 H2 CH4 inertes Alimentação (% molar) 85,0 15,0 Produto (% molar) 30,3 28,6 26,8 3,6 10,7 Calcule a conversão do etano, os rendimentos do eteno, baseados na alimentação e no consumo de reagente. Calcule também a seletividade a eteno relativa ao metano e relativa a todos os produtos. Solução: Base de cálculo: vazões fornecidas 100 kg-mol / h Q2 kg-mol/h 0,85 kg-mol C2H6 / kg-mol 0,303 kg-mol C2H6 / kg-mol 0,15 kg-mol inerte / kg- mol 0,286 kg-mol C2H4 / kg-mol 0,268 kg-mol H2 / kg-mol 0,036 kg-mol CH4 / kg-mol 0,107 kg-mol inerte / kg-mol Cálculo da vazão de saída: Fazendo balanço de massa para os inertes (não participam da reação: ENTRA = SAI) 0,15 (100) = 0,107 (Q2) ⇒ Q2 = 140 kg-mol / h Balanço de massa para etano: ENTRA – SAI = REAGE Entra: Q(C2H6)alimentação = 0,85(100) = 85 kg-mol C2H6 / h Sai: Q(C2H6)produzido = 0,303 (140) = 42,4 kg-mol C2H6 / h Reage (consumido) = 85 – 42,4 = 42,6 kg-mol C2H6 consumido/ h Conversão: salimentado consumidos 501,0h / alimentado C 0,85 h / consumido C 6,42 62 62 62 mols mols Hmolskg HmolskgX HC =− −= Balanço de massa para metano e eteno: ENTRA=0 ⇒ SAI= GERADO h HmolsCkg molkg HmolsCkg h molkgQ produzidoHC 4242 0,40286,0 140)( 42 −= − −−= PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 59 h molsCHkg molkg molsCHkg h molkgQ produzidoCH 44 0,5036,0 140)( 4 −= − −−= Rendimento de eteno baseado na alimentação: entadoaHmolsCkg produzidoHmolsCkg hentadoaHmolsCkg hproduzidoHmolsCkg lim 470,0 /lim0,85 /0,40 62 42 62 42 − −=− − Rendimento de eteno baseado no consumo: consumidoHmolsCkg produzidoHmolsCkg hconsumidoHmolsCkg hproduzidoHmolsCkg 62 42 62 42 939,0 /6,42 /0,40 − −=− − Seletividade de eteno relativa ao metano: produzidomolsCHkg produzidoHmolsCkg hproduzidomolsCHkg hproduzidoHmolsCkg 4 42 4 42 0,8 /0,5 /0,40 − −=− − Seletividade de eteno relativa a todos os produtos: Para se calcular a seletividade relativa a todos os componentes, é necessário conhecermos o número de mol de todos os produtos. Restam ainda calcular para H2 e para os inertes: n (inertes) = 0,107(140) = 15 kg-mol/h n (H2) = 0,268 (140) = 37,5 kg-mol/h SC2H4 = 40,0 / ( 40 + 15 + 37,5 + 5,0 + 42,4) = 0,286 Exemplo 11 – Propano é desidrogenado para formar propeno em um reator catalítico: C3H8 → C3H6 + H2. O processo é projetado para uma conversão global de 95% do propano. Os produtos de reação são separados em duas correntes: a primeira contém H2, C3H6 e 0,555% do propano que deixa o reator é assumida como produto; a Segunda, que contém o restante do propano não reagido e 5%de propeno que sai na corrente de produto, é reciclado no reator. Calcule a composição do produto, a relação (mol reciclado/mol da alimentação nova), e a conversão por passe. Solução: base de cálculo 100 mol de alimentação nova: Alimentação nova 100mol C3H8 P1 mol C3H8 Produto P2 mol C3H6 Q1 mol C3H8 100+Qr1 mol C3H8 P3 mol H2 Q2 mol C3H6 Qr2 mol C3H6 Q3 mol H2 Qr1 mol C3H8 Qr2 mol C3H6 Note que ao batizarmos as correntes implicitamente, já realizamos balanço de propano e propeno em torno da junção das duas correntes que formam a alimentação do reator. As composições da corrente de produto serão dadas por: etc QQQ Qy HC , 321 1 83 ++= A razão de reciclo será dada por: (Qr1+Qr2)/100 reator Unidade de processo PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 60 Conversão de C3H8 por passe: ( ) )100( 100 1 11 r r Q PQ + −+ Precisamos calcular portanto, Q1, Q2, Q3, Qr1, Qr2, P1. Lembremos que a conversão global é de 95%. Então: 831 83 183 5Q 95,0 100 100 HmolsC HmolsC QHmolsC =⇒=− Balanço global de propano: SAI = ENTRA – CONSUMIDO 5 mol C3H8 = 100 mol C3H8 – consumido C3H8 ⇒ consumido = 95 mol C3H8 Balanço global de propeno: SAI = GERADO formadoHmolsC reagidoHmolC formadoHmolCreagidoHmolsCQ 63 83 63 832 951 195 = = Balanço global de H2: SAI = GERADO formadomolsH reagidoHmolC formadomolHreagidoHmolsCQ 2 83 2 833 951 195 = = Cálculo da fração molar de saída: %6,2 95955 5 321 1 83 =++=++= QQQ Qy HC yC3H6 = 48,7% yH2 = 48,7% Para determinar-se Qr1, Qr2, P2 é necessário saber lembrar que Q1 = 0,00555 P1 e Qr2 = 0,05 P2. Balanço em torno da unidade de separação. Como não há reação: ENTRA = SAI Balanço do C3H8: P1 = Q1 + Qr1 ⇒ Qr1 = 895 mol C3H8 Balanço de C3H6: P2 = Q2 + Qr2. Como Q2 é conhecido, temos um sistema com duas equações e duas incógnitas: esta equação e a equação Qr2 = 0,05 P2. Resolvendo esse sistema linear de equações, chegamos a: P2 = 100 mol C3H6 Qr2 = 5 mol C3H6 Portanto razão de reciclo = nova oalimentaça reciclo moles00,9 100 5895 100 21 moles QQ rr = += + Conversão por passe: ( ) %6,9%100 895100 900)895100(%100 100 100 1 11 =+ −+=+ −+ xx Q PQ r r 7.2 Balanços para espécies atômicas e moleculares Um fluxograma da desidrogenação de etano num reator contínuo, em estado estacionário é representado por: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 61 100 mol C2H6/min q1 mol C2H6 /min q2 mol C2H4 / min 40 mol H2 /min Reação química: C2H6 → C2H4 + H2 Diferentes balanços podem ser escritos para esse balanço, incluindo o balanço global de massa, e para cada um dos 3 componentes. Entretanto, os balanços materiais podem também ser escritos para o carbono e o hidrogênio atômico. Nas circunstâncias do processo em questão, balanços em espécies atômicas são escritos como: ENTRA = SAI, já que nenhum átomo pode ser criado nem destruído através de reações químicas. Quando se fala em balanço para o H2, pode significar duas coisas bem diferentes: um balanço para o H2 molecular, existindo como espécie independente, ou um balanço para o hidrogênio total (ligado ou não ligado) expresso em termos de moléculas de H2, ao contrário de átomos de H. Para evitar tal confusão, usa-se os termos “balanço de H livre” ou balanço para o H2 total”, respectivamente para indicar estes dois tipos de balanços. No caso em questão, teremos: Balanço para o H2 livre: SAI H2 = GERADO H2: 40 mol H2/min = gerado (mol H2/min) Balanço para o etano: SAI C2H6 = ENTRA C2H6 + REAGE C2H6 ( ) −+ = minmin 100 min 626262 1 HmolsCconsumidoHmolsCHmolsCq Para o eteno: SAI C2H4 = REAGE C2H4 = minmin 42 42 42 2 HmolsCHgeradoCHmolsCq Balanço atômico para o carbono: ENTRA C = SAI C + = 42 42 262 62 1 62 62 1 2 min1 2 min1 2 min 100 HmolC molsCHmolsCq HmolC molsCHmolsCq HmolC molsCHmolsC ⇒ 100 = q1+q2 Balanço total de H2 ENTRA H2 = SAI H2 + += 42 2 422 62 2 6212 62 2 62 1 2 1 340 1 3100 HmolC molsHHmolsCq HmolC molsHHmolsCqmolsH HmolC molsHHmolsC Daí: 300 = 40 + 3q1 + 2q2 Há duas maneiras de se determinar q1 e q2, ou diretamente através de dois balanços atômicos: q1 + q2 = 100 ⇒q1 = 60 mol C2H6 / min 300= 40 + 3q1 + 2 q2 q2 = 40 mol C2H4 / min Outra maneira é usando-se os balanços moleculares para as 3 espécies (as 3 primeiras equações) em conjunto com a equação estequiométrica da reação. reator PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 62 min/40 consumido 1 1 6262 62 2 HmolsCconsumidoHC HmolC geradomolH =⇒ daí, q1 = 100 - 40 = 60 mol C2H6 / min min/40 produzido 1 gerado 1 422 62 42 HmolsCq HmolC HmolC =⇒ Exemplo 12 – Metano é queimado com oxigênio formando CO2 e H2O. 150 kg-mol/h de uma corrente de alimentação composta de 20% de CH4, 60% de O2 e 20% de CO2 são alimentadas ao reator, no qual se obtém uma conversão de 90% do reagente limitante. Calcule a composição molar da corrente de produto. Base de cálculo: vazão molar fornecida Reação estequiométrica: CH4 + O2 → CO2 + H2O 150 kg-mol/h qCH4 = kg-mol CH4/h 30kg-mol CH4/h qO2 = kg-mol O2/h 90kg-mol O2/h qCO2 = kg-mol CO2/h 30kg-mol CO2/h qH2O = kg-mol H2O/h Como a relação estequiométrica mol O2/mol CH4 é 2:1 e a relação de alimentação é 3:1, então O2 está em excesso e o CH4 é o reagente limitante (situação comum em reações de combustão). Partindo-se da conversão de 90% de reagente limitante, vem: 9,0 lim 4 4 =− − entadoamolsCHkg reagidomolsCHkg kg-mol CH4 reagido = 0,9x30 = 27 kg-mol de CH4 reagido logo, a partir do balanço do metano temos: ENTRA CH4 = SAI CH4 - REAGE ( - CONSUMIDO) CH4 30 = qch4 + 27 ⇒ qch4 = 3 kg/mol CH4 / h Como o carbono está presente na forma de CH4 e CO2 e já conhecemos qCH4, um balanço atômico de C nos dará facilmente qco2. Balanço de carbono: (entra = sai): − − −+ − − − = − − −+ − − − 2 2 4 4 2 2 4 4 1 1 1 13 1 130 1 130 2 molCOkg molCkg h molsCOkgq molCHkg molCkg h molsCHkg molCOkg molCkg h molsCOkg molCHkg molCkg h molsCHkg CO ⇒ 30 + 30 = 3 + qCO2 ⇒ qCO2 = 57 kg-mol CO2/h Também poderia ser feito um balanço de CO2. Aí apareceria o termo relativo a reação. Balanço de massa para o H: reator PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 63 − −+ − −= − − − OmolHkg molsHkgq molCHkg molsHkgq molCHkg molsHkg h molsCHkg OHCH 244 4 1 2 1 4 1 430 24 30(4)=3(4) + 2qH2O ⇒ qH2O = 54 kg-mol / h O mesmo balanço pode ser feito para a água ou para H2. Para determinação de qO2 vamos fazer um balanço para o O2 livre (poderia-se fazer também para O2 total e O). ENTRA = SAI - REAGE ( - CONSUMIDO) O2 livre − − −+= − reagido 1 reagido 2reagido 2790 4 242 2 molCHkg molsOkg h molsCHkgq h molsOkg O 90 = qO2 + 2(27) ⇒ qO2 = 36 kg-mol/h Como a somatória do número de mol na saída = 150 kg-mol, a composição molar da corrente de produto será portanto: yCH4 = 3 / 150 = 0,02 kg-mol CH4/ kg-mol yO2 = 36 / 150 = 0,24 kg-mol O2 / kg-mol yCO2 = 57 / 150 = 0,38 kg-mol CO2 / kg-mol yH2O = 54 / 150 = 0,36 kg-mol H2O / kg-mol 8 – BALANÇO DE MATERIAL EM REATORES DE COMBUSTÃO 81. Combustão A combustão é um processo industrial em que um combustível, normalmente um derivado de petróleo, é queimado com um comburente, normalmente ar (em excesso em relação ao combustível), geando uma mistura gasosa conhecida como gás de combustão ou gás de chaminé (pois é eliminado pelas chaminés). O combustível industrial é normalmente formado por uma mistura de hidrocarbonetos, uma vez que são oriundos do petróleo, com possíveis contaminações de derivados sulfurados. Independentemente de possíveis mecanismos de reação, pode-se escrever as equações a seguir: C + O2 → CO2 4H + O2 → 2 H2O S + O2 → SO2 Assim, o gás de combustão será constituído normalmente de CO2 e H2O (produtos das reações), O2 (reagente em excesso), N2 (inerte proveniente do ar). O Co poderá aparecer nos gases de combustão, se a combustão ocorrer com baixo excesso de ar (combustão incompleta). Quando o combustível é contaminado com compostos sulfurados, os gases de combustão conterão também SO2. Combustíveis principais: - carvão (C, S, etc.) - óleo combustível (hidrocarbonetos pesados, S) - gases combustíveis (gás natural, GLP (gás liqüefeito de petróleo), - gás de cozinha (propano e butano) e principalmente CH4 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 64 Se houver a formação de CO2, a partir de um hidrocarboneto (CxHy) dizemos combustão (oxidação) completa. Se CO for formado, dizemos em combustão parcial ou incompleta do hidrocarboneto. C3H8 + 3,5 O2 → 3 CO + 4 H2O combustão parcial (incompleta) do propano C3H8 + 5 O2 → 3 CO2 + 4 H2O combustão completa do propano CS2 + 3 O2 → CO2 + 2 SO2 completa combustão do carbono Por razões econômicas óbvias, o ar é fonte de oxigênio. Sua composição molar é de 79% de N2 e 21% de O2. A composição mássica é de 23,2% de O2 e 76,8% de N2. O peso molecular médio do ar é 28,84 u.m.a. O gás de combustão é normalmente analisado em equipamentos industriais, como os fornos de processos e as caldeiras (para geração de vapor d´água), para o controle do processo de combustão. Esta análise normalmente é feita em um equipamento conhecido como aparelho de Orsat. Como o gás de combustão é previamente resfriado até a temperatura ambiente, para permitir a condensação da maior parte do vapor d´água, a análise é dita ser em base seca (dry-basis) Composição em base úmida (wet-basis) é usada para indicar as frações molares de um gás contendo água. Composição em base seca, significa que a fração molar do mesmo gás é sem água. Exemplo: 33,3% CO molar, 33,3% N2 e 33,3% H2O (base úmida). 50%CO, 50%N2 (base seca). Para se saber a composição em base úmida, basta conhecer a composição em base seca e a umidade da mistura em que está sendo analisada (medida normalmente através de um outro equipamento chamado psicrômetro). Exemplo 13: Os fumos de combustão de um processo fornecem a seguinte composição molar: 60,0% N2; 15,0% CO2; 10,0% O2 e o restante de água. Calcular a composição molar em base seca. Base de cálculo: 100 g-mol de gás úmido: 60,0 g-mol de N2 15,0 g-mol de CO2 ⇒ 85 ,0g-mol total 10,0 g-mol de O2 y(N2) = 60,0 / 85,0 = 0,706 mol N2 / mol gás seco y(CO2) = 0,176 mol CO2 / mol gás seco y(O2) = 0,118 mol O2 / mol gás seco Exemplo 14: Uma análise de Orsat (técnica comum para analisar os gases de combustão) fornece a seguinte composição em base seca: N2 = 65,0%; CO2 = 14,0%; CO = 11,0% e restante O2. Um medidor de umidade indica que a fração molar de água nos gases é de 0,07. Calcule a composição do ar em base úmida. Base de cálculo: 100 g-mol de gás seco: secoar 0753,0úmido gás mols-g / seco gás 93,0 úmidoar /07,0 22 molg OmolHg molsg molsgOmolsHg − −=− −− OmolsHg molg Omolsg 22 53,7seco gás H mol-g 0,0753 seco gás 100 −= −− PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 65 e da mesma forma: 65,0 g-mol N2 14,0 g-mol CO2 11,0 g-mol CO 10,0 g-mol O2 ⇒ temos 107,53 g-mol gás úmido. Composição molar úmida: yN2 = 65,0 / 107,53 = 0,604 yH2O = 7,53 / 107,53 = 0,0700 e assim sucessivamente. 8.2 Ar teórico e ar em excesso Se dois reagentes participarem de uma reação, um é consideravelmente mais caro que o outro, uma prática habitual é alimentarmos o mais barato em excesso com relação ao outro. Nos processos de combustão, o reagente mais barato é o ar, daí sempre preferencialmente se trabalhar com ar em excesso. 8.3 Terminologia Oxigênio teórico: os mol ou vazão molar de O2 necessários para a combustão completa de todo o combustível do reator, assumindo-se que todo C se converta a CO2 e todo H se converta a H2O. Ar teórico: a quantidade de ar que contém o oxigênio teórico. Excesso de ar: a quantidade de ar alimentado que excede a quantidade teórica. ( ) ( ) ( ) −= teórico teóricoentaçaoa mols mols excesso ar ar ar mols 100% ar % lim Conhecendo-se a estequiometria de reação completa, determina-se o O2 teórico. Se 50% de excesso de ar for alimentado no reator, então (mol ar)alimentado = 1,5 (mol ar)teórico Exemplo 15 100 mol/h de butano (C4H10) e 5000 mol/h de ar são alimentados a um reator de combustão. Calcular a porcentagem de ar em excesso. C4H10 + 13/2 O2 → 4 CO2 + 5 H2O ( ) h molsO HmolC mols h HmolsCO teórico 2 104 2104 2 650snecessário O 5,6100 == ( ) h molsmol h molsOar teórico ar 3094 O mol 0,21 ar 1650 2 2 == ( ) ( ) ( ) % 61,6 3094 3094-5000 x100 ar ar % lim ==−= teórico teóricoentadoa ararexcesso 8.4 Procedimento para realização de balanço de massa em reatores de combustão Para a realização de balanços de massa em reatores de combustão, o procedimento é o mesmo. Lembre-se que: 1) quando desenhar o fluxograma não esquecer de incluir o N2 na entrada e na saída. Na saída não se esqueça do combustível e do O2 não reagido, além dos produtos de combustão (CO, CO2, H2O). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 66 2) se é dada uma porcentagem em excesso de ar, o O2 realmente alimentado pode ser calculado multiplicando-se o O2 teórico (determinado a partir da vazão de combustível e estequiometria da reação) por (1 + fração de excesso de ar). O N2 alimentado pode então ser calculado como 3,76 x O2 alimentado, e o ar total com 4,76 x O2 alimentado. Observação: 79/21 = 3,76 3) Se somente uma reação é envolvida, é indiferente balanço atômico ou molecular. Se mais de uma reação está envolvida, o balanço atômico é mais aconselhável. Para evitar confusão, observemos que: a) ar teórico requerido para queimar uma determinada quantidade de combustível independe de quando é realmente queimado. O combustível pode não reagir completamente e formar CO e CO2, mas o ar teórico é calculado como sendo a quantidade necessária para queimar todo o combustível e formar exclusivamente CO2. b) O valor da porcentagem excesso de ar depende somente do ar teórico e do ar alimentado, e não do quanto do O2 é consumido no reator, ou se a combustão é completa ou parcial. Exemplo 16 Etano é queimado com 50% excesso de ar. A conversão é de 90%. Do etano queimado, 25% reagem para formar CO e o restante para formar CO2. Calcule a composição do gás de combustão e a relação mol H2O / mol gás de combustão seco. Solução: Base de cálculo: 100 mol/h de etano alimentado. 100 mol/h C2H6 C q1 mol C2H6 Câmara de q2 mol O2 50% excesso ar combustão q3 mol N2 Q mol O2 q4 mol CO 3,76 mol N2 q5 mol CO2 q6 mol H2O Estequiometria: C2H6 + 7/2 O2 → 2 CO2 + 3 H2O C2H6 + 5/2 O2 → 2 CO + 3 H2O ( ) 2 62 2 622 350 5,3100: molsO HmolC molsOHmolsCO Teórico = ( ) ( )( ) ( ) entadoaentadoa OmolesQO lim2lim2 5253505,1 === N2 alimentado (inerte) = 79/21 x 525 = 1974 mol N2 = q3 C2H6 reagido: (0,9) 100 = 90 mol C2H6 reagido Balanço de C2H6: (sai = entra + reage(-consumido) ) ⇒ q1 = 100 – 90 = 10 mol C2H6 Balanço de CO: (sai = reage (gerado) ): molsCO HmolC molsCOHmolsCq 45 1 2)90(25,0 62 624 = = PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - CCET Professor Emerson Martim Fundamentos de Processos 67 Balanço total de C (sai = entra) 25541 62 62 135q 1121 2100 molsCOqqq HmolC molsCHmolsC =⇒++= Balanço total de H2 (entra = sai) OmolsH OmolH molHOq HmolC molsHHmolsC HmolC molsHHmolsC 26 2 2 26 62 2 62 62 2 62 270q 1 1H mols 1 310 1 3100 =⇒ + = Balanço total de O2: (entra = sai) 22 2 2 2 2 2 2 2 2 5,252 2 1270 1 1135 2 145525 molsOq OmolsH molOOmolsH molCO molOmolsCO molCO molOmolsCOq =⇒ + + += Então, q1 + q2 + q3 + q4 + q5 = 2396 mol gás seco + 270 mol água temos: 2666 mol gás úmido
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