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1 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES GEOMETRIA MOLECULAR 13. GEOMETRIA MOLECULAR As moléculas têm formas espaciais e tamanhos definidos pelos ângulos e pelas distâncias entre os núcleos de seus átomos constituintes. A forma e o tamanho de uma molécula, com a força e a polaridade de suas ligações, determinam enormemente as propriedades daquela substância. 13.1. FORMAS ESPACIAIS MOLECULARES Usamos estruturas de Lewis para explicar as fórmulas dos compostos covalentes, entretanto elas não indicam as fórmulas espaciais das moléculas, elas simplesmente mostram o número e os tipos de ligações entre os átomos. Por exemplo, para o CCl4, a estrutura de Lewis nos diz apenas que quatro átomos de Cl estão ligados ao átomo de carbono central, no mesmo plano. Na realidade, a disposição tridimensional mostra que os átomos de Cl apontam na direção dos vértices de um tetraedro. A forma espacial como um todo de uma molécula é determinada por seus ângulos de ligação, formados pelas linhas que unem os núcleos dos átomos na molécula. Os ângulos de ligação, junto com o comprimento de ligação, definem de maneira exata a forma espacial e o tamanho da molécula. No CCl4, os ângulos de ligação são definidos movendo-se ao longo de uma ligação de um Cl com C e ao longo de uma ligação com outro Cl. Os seis ângulos de ligação Cl-C-Cl tem o mesmo valor (109,5°). Além disso, as quatro ligações C-Cl tem o mesmo comprimento (1,78 Ᾰ). As formas espaciais do tipo ABn, tem um único átomo central ligado a dois ou mais átomos do mesmo tipo. As possíveis formas espaciais de moléculas do tipo ABn, dependem do valor de n. Para determinado valor de n, apenas algumas formas espaciais gerais são observadas. Moléculas do tipo AB2 como a H2O e o CO2 devem ser linear ou angular. Para moléculas do tipo AB3, as duas formas espaciais mais comuns colocam os átomos B nos vértices de um triângulo eqüilátero (trigonal plana). Se o átomo A se localiza acima do plano dos átomos B, a forma espacial é chamada piramidal trigonal (NF3 – um par de e- livres no nitrogênio). Outra forma não muito comum é a T (ClF3 – exceção à regra do octeto). 2 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES 13.2. O MODELO RPENV (REPULSÃO DOS PARES DE ELÉTRONS NO NÍVEL DE VALÊNCIA) Um par ligante de elétrons define uma região no espaço, na qual é mais provável que os elétrons sejam encontrados. Essas regiões são chamadas de domínios de elétrons. Igualmente um par não-ligante (ou par solitário) de elétrons define um domínio de elétrons localizado em certo átomo. Cada ligação múltipla em uma molécula também constitui um domínio único de elétron. Em geral, um domínio de elétron consiste em um par não-ligante, uma ligação simples ou uma ligação múltipla. Uma vez que os domínios de elétrons são carregados negativamente, eles se repelem e os domínios de elétrons tentam ficar fora do caminho do outro. A melhor disposição de determinado número de domínios de elétrons é a que minimiza as repulsões entre eles. Essa idéia simples é a base do modelo RPENV. As diferentes formas espaciais das moléculas ou íons do tipo ABn dependem dos domínios de elétrons rodeando o átomo central A. Importante: A forma espacial molecular descreve a distribuição dos átomos, não a distribuição dos domínios de elétrons. A distribuição dos domínios de elétrons ao redor do átomo central de uma molécula ou íon do tipo ABn é chamada arranjo. A geometria molecular é a distribuição dos átomos no espaço. No modelo RPENV, determinanos a geometria molecular de uma molécula ou íon a partir de seu arranjo. 13.3. O EFEITO DOS ELÉTRONS NÃO-LIGANTES E LIGAÇÕES MÚLTIPLAS NOS ÂNGULOS DE LIGAÇÃO Um par de elétrons ligante é atraído por ambos os núcleos dos átomos ligados. Em contrapartida um par não-ligante é atraído basicamente por um único núcleo. Uma vez que um par não-ligante sofre menos atração nuclear, seus domínios de elétrons estão mais espalhados no espaço do que o de um par ligante. 3 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES Ligações múltiplas contém maior densidade de carga eletrônica que ligações simples, de forma que ligações múltiplas também representam domínios de elétrons maiores. Em geral, o domínio de elétrons para ligações múltiplas exercem força repulsiva maior nos domínios de elétrons que as ligações simples. Ex: 13.4. MOLÉCULAS COM NÍVEIS DE VALÊNCIA EXPANDIDOS Quando o átomo central de uma molécula é do terceiro período e seguintes da tabela periódica, ele pode ter mais de quatro pares de elétrons a seu redor. As moléculas com cinco ou seis domínios de elétrons ao redor do átomo central exibem variedades de geometrias moleculares baseadas na bipirâmide trigonal (5 domínios de elétrons) ou na octaédrica (seis domínios de elétrons). O arranjo mais estável para cinco domínios de elétrons é a bipirâmide trigonal. Seus domínios podem apontar em direção a dois tipos distintos de posição. Duas posições são chamadas posições axiais, e as três posições restantes são chamadas posições equatorias. Quando apontado em direção a uma posição axial, o domínio de elétron está situado a 90° das três posições equatoriais. Em posição equatorial, um domínio de elétron está situado a 120° das outras duas posições equatoriais e a 90° das duas posições axiais. A posição que minimiza a repulsão entre os domínios de elétrons é a que o par não-ligante ocupará. No caso da bipirâmide, a posição equatorial é preferida porque as repulsões são menores a 120° do que a 90° (axial). O arranjo mais estável para 6 domínios de elétrons é o octaedro (poliedro com 6 vértices e 8 faces). Quando um átomo tem 5 domínios de elétrons ligantes e 1 não-ligante, o domínio não ligante é colocado apontando em direção a qualquer um dos 6 vértices do octaedro. O resultado é sempre uma geometria molecular piramidal quadrática. Entretanto, quando existem dois domínios de elétrons não-ligantes, suas repulsões são minimizadas quando eles estão apontando para vértices opostos do octaedro produzindo uma geometria quadrática plana. C O Cl Cl 111.4o 124.3o 4 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES 13.5. FORMA ESPACIAL MOLECULAR E POLARIDADE MOLECULAR Polaridade da ligação é uma medida de quão igualmente os elétrons em certa ligação são compartilhados entre os dois átomos da ligação: à medida que a diferença na eletronegatividade entre os dois átomos aumenta, aumenta também a polaridade. 5 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES O momento de dipolo é uma medida quantitativa da separação de carga da molécula. Para uma molécula com mais de dois átomos, o momento de dipolo depende tanto das polaridades das ligações individuais quanto da geometria da molécula. O momento de dipolo total é a soma de seus dipolos de ligação. Moléculas com µ = 0 são APOLARES enquanto moléculas com µ ≠ 0 são POLARES. Moléculas tipo ABn, em que o átomo central está rodeado simetricamente por átomos idênticos (linear, trigonal plana, tetraédrica, bipiramidal trigonal e octaédrica) devem resultar moléculas apolares mesmo que as ligações individuais sejam polares. As moléculas possuem formas espaciais e tamanhos definidos pelos ângulos e pelas distâncias entre os núcleos de seus átomos constituintes. A forma e o tamanho de uma molécula, com a força e a polaridade de suas ligações, são fatores determinantes das suas propriedades. FORÇAS INTERMOLECULARES Em condições ambientes, os compostos iônicos são sólidos, devido às forças elétricas de atração existente entre seus cátionse ânions. Do mesmo modo, os metais são quase todos sólidos, devido a forte união que a ligação metálica exerce sobre seus átomos. No entanto, existem substâncias de massas moleculares próximas, mas que tem propriedades físicas muito diferentes; isso prova que entre as moléculas podem existir forças de intensidades maiores ou menores que acabam influindo nas propriedades das substâncias. São exatamente essas forças ou ligações entre as moléculas que são chamadas de forças intermoleculares. As forças intermoleculares podem ser de quatro tipos: íon-dipolo, dipolo-dipolo, forças de dispersão de London e ligação de hidrogênio. ÍON-DIPOLO Força existente entre um íon e a carga parcial em certo lado de uma molécula polar, que possui um lado positivo e outro negativo. Os íons positivos são atraídos pelo lado negativo de um dipolo e os íons negativos sofrem atração pelo lado positivo da molécula. É a mais forte de todas as forças intermoleculares. DIPOLO-DIPOLO Ocorre entre moléculas polares neutras que se atraem quando o lado positivo de uma está próximo ao lado negativo de outra. São efetivas somente quando moléculas polares estão muito próximas e geralmente são mais fracas que as forças íon- dipolo. Ex.: 6 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES FORÇAS DE DISPERSÃO DE LONDON São atrações entre dipolos instantâneos em moléculas vizinhas. Agem geralmente entre moléculas apolares, que não possuem dipolo permanente. São forças de caráter fraco e acontecem de forma momentânea, ou seja, em um determinado momento as atrações eletrostáticas entre os átomos da molécula formam um dipolo instantâneo. Moléculas volumosas que têm muitos elétrons são mais polarizáveis (facilidade de deformar a nuvem eletrônica) que as pequenas, com poucos elétrons. LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO É um tipo especial de atração intermolecular entre um átomo de hidrogênio em uma ligação polar (particularmente uma ligação H-F, H-O ou H-N) e um par de elétrons não compartilhado em um íon ou átomo pequeno e eletronegativo que esteja próximo (geralmente, um átomo de F, O ou N em outra molécula). A água apresenta alto ponto de ebulição, indicando que as forças intermoleculares são fortes de maneira incomum. Uma das mais notáveis conseqüências da ligação de hidrogênio é encontrada quando as densidades do gelo e da água são comparadas. Em muitas substâncias as moléculas no sólido são mais densamente empacotadas do que no líquido. Assim, a fase sólida é mais densa que a fase líquida. Contrariamente, a densidade do gelo a 0°C (0,917 g/ml) é menor que a da água líquida (1,00 g/ml), de forma que o gelo flutua na água líquida. A menor densidade do gelo comparada com a da água, pode ser entendida em termos das interações de ligação de hidrogênio entre as moléculas de água. No estado líquido, cada molécula de água sofre variações contínuas de interações com seus visinhos. A ligação de hidrogênio é uma componente principal dessas interações. As moléculas estão tão próximas quanto possível, mesmo que seus movimentos térmicos mantenham-nas em constante movimento. Entretanto, quando a água congela, as moléculas assumem o arranjo aberto e ordenado como mostrado na figura abaixo. Esse arranjo otimiza as interações de ligação de hidrogênio entre as moléculas, mas ele cria uma estrutura menos densa para o gelo se comparada com a da água. Uma determinada massa de gelo ocupa maior volume que a mesma massa de água líquida. 7 QUÍMICA GERAL – PROF. JACKSON NUNES
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