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O DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL DA CRIANÇA DE 0 À 1 ANO: ORIENTAÇÕES PARA PAIS E CUIDADORES

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA 
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA 
SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
MONICA VIEIRA PORTUGAL DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
O DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL DA CRIANÇA DE 0 À 1 
ANO: ORIENTAÇÕES PARA PAIS E CUIDADORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOLTA REDONDA 
2011 
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA 
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA 
SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL DA CRIANÇA DE 0 À 1 
ANO: ORIENTAÇÕES PARA PAIS E CUIDADORES 
 
 
Dissertação apresentada ao curso de 
Mestrado em Ciências da Saúde e Meio 
Ambiente do UniFOA, como requisito parcial 
para obtenção do título de Mestre. 
Aluna: 
Mônica Vieira Portugal de Carvalho 
Orientadora: 
Profª. Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto 
 
 
 
 
 
 
 
Volta Redonda 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico essa Dissertação à minha família que 
me incentivou durante toda sua realização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A todos os professores do Mestrado, 
principalmente à minha orientadora Profª. 
Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto, por 
sua competência durante toda pesquisa. 
RESUMO 
 
 
 
 
O presente trabalho teve como objetivo fundamentar a elaboração de uma Cartilha 
sobre o Desenvolvimento Motor Normal da criança de zero a um ano de idade, e 
orientações de como identificar precocemente possíveis alterações, direcionada a 
pais e profissionais da saúde. Contém informações sobre o desenvolvimento motor 
normal e seu desenvolvimento. A partir do nascimento, o recém nascido é exposto a 
uma série de estímulos novos, como o roçar das roupas na pele, o frio e o calor, o 
desconforto da fome, das cólicas e a necessidade de manter uma postura que o leve 
a vencer a força da gravidade, por exemplo. Isto faz com que o individuo supere 
constantemente as dificuldades que se apresentam, e exige uma adaptação 
possibilitada pela maturação do sistema nervoso central. As etapas do 
desenvolvimento não são estáticas e a sequência das aquisições motoras são 
interligadas, sendo cada etapa preparatória das subsequentes. Com isso, pode-se 
afirmar que no primeiro ano de vida as aquisições nas áreas sensoriomotoras e 
psicoafetivas, são a base da relação da criança com o mundo e ocorrem de forma 
intensa neste período. A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica com 
captação de publicações através de bancos de dados científicos eletrônicos, além 
de livros voltados à área de pediatria e neuropediatria. O resultado deste estudo foi a 
produção da cartilha sobre o desenvolvimento motor normal, contendo informações 
sobre posturas saudáveis, ambiente favorável, e dicas para a percepção de 
possíveis alterações no desenvolvimento motor. 
 
 
Palavras-chave: Atividade motora. Desempenho psicomotor. Prevenção e controle. 
Relações professional/família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
This study aimed to support the preparation of a booklet on the normal motor 
development of children from zero to one year of age, and guidelines for early 
identification of possible changes, aimed at parents and health professionals. 
Contains information on motor development and normal development. From birth, the 
newborn is exposed to a series of novel stimuli, such as the rubbing of clothing on 
the skin, cold and heat, the discomfort of hunger, colic and the need to maintain a 
posture that causes you to overcome the force of gravity, for example. This causes 
the individual to overcome the difficulties that are constantly present, and requires an 
adaptation made possible by the maturation of the central nervous system. The 
stages of development are not static and sequence of motor skills are interrelated, 
each of the subsequent preparatory stage. Thus, one can say that in the first year of 
life purchases psychoaffective and sensorimotor areas, are the basis of the child's 
relationship with the world and occur intensively during this period. The methodology 
used was to capture bibliographic publications through electronic scientific 
databases, and books focused on the area of pediatrics and neuropediatrics. The 
result of this study was the production of primer on the normal motor development, 
containing information about healthy attitudes, environment, and tips for the 
perception of possible changes in motor development 
 
 
 
 
Key words: Motor activity. Psychomotor performance. Prevention and control. 
Professional relationships/family. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 13 
2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR ................................................................... 13 
2.2 PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR ................................................................... 18 
2.2.1 O Recém-nascido e o lactente: 0 a 2 anos ................................................ 18 
2.2.2 Maturação do SNC .................................................................................... 19 
2.2.3 A coordenação dos Reflexos ..................................................................... 21 
2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA . 35 
2.3.1 O neonato de 0-10 dias ............................................................................. 37 
2.3.2 Primeiro mês .............................................................................................. 38 
2.3.3 Segundo mês ............................................................................................. 39 
2.3.4 Terceiro mês .............................................................................................. 40 
2.3.5 Quarto mês ............................................................................................... 41 
2.3.6 Quinto mês ................................................................................................ 43 
2.3.7 Sexto mês .................................................................................................. 44 
2.3.8 Sétimo mês ................................................................................................ 46 
2.3.9 Oitavo mês ................................................................................................. 47 
2.3.10 Nono mês ................................................................................................ 47 
2.3.11 Décimo mês ............................................................................................. 47 
2.3.12 Décimo primeiro e Décimo segundo mês ................................................ 49 
2.3.13 Sinais de possíveis atrasos: primeiro ano de vida ............................ 50 
 
3 METODOLOGIA .............................................................................................. 53 
 
4 O PRODUTO ................................................................................................... 54 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 68 
 
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 69 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
RN Recém Nascido 
RTCA Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico 
RTL Reflexo Tônico Labiríntico 
RTCS Reflexo Tônico Cervical Simétrico 
SNC Sistema Nervoso CentralLISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 1 Reação de Moro .............................................................................. 22 
FIGURA 2 Reflexo tônico-nucal assimétrico ou Magno de Kleijn ..................... 24 
FIGURA 3 Reflexo tônico-cervical inverso em decúbito ventral ........................ 24 
FIGURA 4 Retificação cefálica e extensão corporal ......................................... 26 
FIGURA 5 Reflexo de Landau ........................................................................... 26 
FIGURA 6 Reflexo mão-boca de Babkin: atitude inicial .................................... 27 
FIGURA 7 Reflexo mão-boca de Babkin: atitude inicial..................................... 27 
FIGURA 8 Reflexos de busca: atitude inicial e estimulação ............................. 28 
FIGURA 9 Reflexos de busca: resposta bucal e rotação cefálica .................... 28 
FIGURA 10 Reflexos de busca: resposta bucal e extensão cefálica ................ 29 
FIGURA 11 Reflexos de encurvamento do tronco ............................................ 29 
FIGURA 12 Reflexos de encurvamento do tronco – Reação de Galant ........... 30 
FIGURA 13 Reflexos de preensão plantar ........................................................ 30 
FIGURA 14 Reflexo de preensão palmar .......................................................... 31 
FIGURA 15 Reflexo de Marcha ......................................................................... 31 
FIGURA 16 Suporte positivo ............................................................................. 32 
FIGURA 17 Reflexo postural labiríntico ............................................................ 33 
FIGURA 18 Reação postural cervical ............................................................... 34 
FIGURA 19 Reação automática. ....................................................................... 38 
FIGURA 20 Levantar a criança da posição dorsal ............................................ 38 
FIGURA 21 Posição ventral .............................................................................. 39 
FIGURA 22 Posição ventral .............................................................................. 40 
FIGURA 23 P quarto mês ................................................................................. 42 
FIGURA 24 Conhecimento do corpo: palpação dos pés .................................. 44 
FIGURA 25 Conhecimento do corpo: o lactente leva os pés à boca ................ 44 
FIGURA 26 O sexto mês ................................................................................... 45 
FIGURA 27 Posição decúbito ventral (prono) ................................................... 46 
FIGURA 28 Engatinhar ..................................................................................... 48 
FIGURA 29 Ficar em pé e andar ....................................................................... 50 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
TABELA 1 - Sinais de possíveis atrasos no desenvolvimento da criança........ 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O desenvolvimento motor normal é acompanhado de processos de 
crescimento, maturação e aquisição da competência e reorganização psicológica. 
Esses processos permitem à criança adquirir novas habilidades no domínio motor 
grosseiro e fino, cognitivo e emocional. 
O desenvolvimento motor pode promover impacto no desenvolvimento 
social, emocional e cognitivo. Portanto, não devemos ficar surpresos ou 
confusos quando crianças desenvolverem habilidade motora em razões 
diferentes com modelos e movimento (ALEXANDRE E BOEHEME 1993, 
p.10). 
De acordo com Mafra e Pereira (2007) vários estudos apontam para a 
identificação precoce das alterações no desenvolvimento da criança e/ou 
indicadores de risco seja ela orgânica ou ambiental como forma de intervenção 
oportuna. A Política Nacional de Prevenção de Deficiências (BRASIL, 2010) 
descreve que prevenir implica em realizar ações que impeçam a ocorrência de fatos 
ou fenômenos prejudiciais à vida e à saúde e, caso ocorram, evitar a progressão de 
seus efeitos. Assim, quanto mais ações preventivas, menores as alterações no 
desenvolvimento natural e as chaves de risco biopsicossocial para a criança 
(PEREZ & PEREZ, 1992). 
Segundo Willians & Aiello (2001) nos últimos anos, tem-se observado na 
literatura estrangeira, uma ênfase cada vez maior na importância do envolvimento 
da família para o reconhecimento do indivíduo. 
Formiga et al. (2004) destacam o papel exercido pela figura materna no 
ambiente familiar e no desenvolvimento da criança, atuando como facilitadora e 
promotora do desenvolvimento infantil, em especial nesse estudo, o motor. 
Nesse contexto é de fundamental importância que os pais e cuidadores 
tenham o conhecimento das etapas do desenvolvimento motor normal no primeiro 
ano de vida das crianças, com objetivo de acompanhar, estimular e perceber 
12 
 
precocemente qualquer alteração. É necessário que saibam que as etapas de 
evolução motora não são estáticas e a sequência das aquisições motoras são 
interligadas podendo melhorar e adequar a qualidade da movimentação que a 
criança já possui. 
A partir de tais considerações realizamos uma extensa pesquisa 
bibliográfica sobre o desenvolvimento motor normal da criança de zero a um ano de 
idade identificando as principais aquisições motoras dentro de cada mês e os sinais 
de alerta no seu desenvolvimento. 
Nessa investigação o objetivo geral foi construir uma cartilha contendo as 
etapas do desenvolvimento motor normal de crianças de 0 a 1 ano de idade. Para 
complementar, selecionaram-se como objetivos específicos: 
 Descrever os elementos essenciais para a estimulação ambiental de crianças de 
0 a 1 ano de idade; 
 Apontar os sinais de alerta para o atraso no desenvolvimento motor e suas 
respectivas possibilidades de intervenção precoce. 
Desse modo, a elaboração do produto dessa investigação, a Cartilha, terá 
como público alvo pais e cuidadores; acadêmicos; profissionais da área da saúde; 
podendo também se estender para estabelecimentos como Creches; Escolas; 
Clínicas e Maternidades públicas e privadas, contribuindo para orientações 
importantes sobre o desenvolvimento motor normal e cuidados básicos com a 
criança. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR 
 
O desenvolvimento humano é um processo que ocorre durante toda vida 
e resulta de uma inter-relação complexa de fatores biológicos, psicológicos, culturais 
e ambientais. É definido como “mudanças que acontecem na vida de um indivíduo 
desde a concepção até a morte” (SHORT, 1988, p.8). 
Segundo Schwartzman (2007) o desenvolvimento físico normal é 
caracterizado pela maturação gradual do controle postural pelo desaparecimento 
dos reflexos primitivos, em torno de 4 a 6 meses de idade, como o reflexo de moro; 
o reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA); o reflexo de galant; os reflexos 
plantares; os reflexos orais e pela indução das reações posturais (retificação e 
equilíbrio). Em uma avaliação dos reflexos primitivos torna-se relevante observar 
que, mesmo quando presentes na idade esperada, deve-se avaliar se a sua 
intensidade é adequada para aquela fase. De modo geral, estes reflexos primitivos 
estarão presentes durante os primeiros seis meses de vida, e serão paulatinamente 
inibidos, na medida em que padrões de endireitamento e de equilíbrio forem 
surgindo. 
Haywood (1986) refere-se a desenvolvimento motor como processo 
gradativo de refinamento e integração das habilidades e dos princípios biomecânicos 
do movimento, de modo que o resultado seja um comportamento motor consistente 
e eficaz. A eficácia é alcançada na prática de um comportamento.Oliveira (2008), citando Willians e cols., afirma que algumas diferenças 
em relação ao desenvolvimento são devidas a características hereditárias, enquanto 
outras resultam de diferenças na maturação do sistema nervoso e fisiológico. As 
diferenças no desempenho dependem muitas vezes do nível e da eficiência dos 
sistemas de feedback sensitivo motor. 
14 
 
Segundo Ayres (1995) os movimentos dependem de feedback eficaz para 
serem eficientes. É importante ressaltar que, apesar de algumas respostas estarem 
presentes desde o nascimento, nem todos os indivíduos adquirem as mesmas 
habilidades motoras à mesma idade cronológica. 
Segundo Prado (2001) as etapas do desenvolvimento não são estáticas e 
a frequência das aquisições motoras são encadeadas, sendo cada uma preparatória 
das subsequentes. As idades em que são alcançados os marcos do 
desenvolvimento são utilizados como dados estatísticos e servem como guias para o 
reconhecimento dos desvios da normalidade. 
De acordo com Schwartzman (2007) o desenvolvimento refere-se ao 
conjunto de alterações mais ou menos contínuas na vida de um organismo. 
Obedece a uma certa sequência progressiva e irreversível, em condições normais, 
que pode ocorrer ao nível molecular, funcional ou comportamental. 
Essas modificações se dão em idades dependentes e consistem de 
alterações quantitativas e qualitativas, tendo características que permitem a 
identificação de certas etapas previsíveis para os organismos de certa espécie. 
Segundo Shepherd (2002) o crescimento e o desenvolvimento não 
dependem apenas dos processos de maturação determinados pelo código genético. 
São oriundos também, da experiência da criança e das suas oportunidades de 
interação com o meio ambiente, ficando evidente que uma das características do 
desenvolvimento motor normal é a sua grande variabilidade. 
Conforme descreve Béziers & Hunsinger (1994) através dos movimentos 
a criança percebe as diferentes sensações: motoras, orgânicas, sensoriais e 
afetivas. Desse modo, quando tiver percebido o movimento como um todo e quando 
for capaz de reproduzi-lo voluntariamente, a criança reviverá as sensações que 
experimentou e que percebeu anteriormente. 
A teoria maturacional do crescimento e desenvolvimento de Gessel 
(1997) enfatiza os componentes físicos e motores do comportamento humano. 
Joavigevest (1972, apud BURNS & MaC DONALD, 1999) consideram o 
desenvolvimento como uma interação entre forças biológicas, sociais e culturais, 
15 
 
pelos quais os indivíduos estão continuamente aumentando suas habilidades para 
funcionar efetivamente na sociedade. 
A teoria psicossocial de Erickson (1976) refere-se a experiências 
corporais que fornecem a base para um estado psicológico de “confiança versus 
falta de confiança”. O bebê aprende a confiar na “mãe”, em si mesmo e no ambiente, 
pela percepção materna de suas necessidades e exigências. A confiança mútua e o 
desejo de enfrentar as situações juntos, ficam estabelecidos entre a mãe e a 
criança. Nessa fase, o movimento é um relacionamento recíproco. O embalar 
rítmico, o ato de banhar e as brincadeiras gerais fornecem um meio natural, com 
movimento para estabelecer um sentimento de confiança. 
Já segundo Piaget (1975), anterior a Erickson e a Gessell, o 
desenvolvimento cognitivo ocorre pelo processo em que o indivíduo se ajusta às 
condições ambientais. Para ele a acomodação é a adaptação que a criança deve 
fazer ao meio ambiente quanto às informações novas e assimilação é a 
interpretação de novas informações. Se essas informações não puderem ser 
incorporadas, ocorrerá acomodação. O desenvolvimento da capacidade cognitiva se 
dá numa sequência fixa de estágios qualitativamente diferentes e inclui, também, o 
conceito de equilíbrio. O mecanismo de formação para o conhecimento se divide em 
assimilação e acomodação. Quando o desequilíbrio é produzido pela experiência 
nova, um novo equilíbrio é alcançado em nível mais alto de organização cognitiva. 
Nessa condição, o desequilíbrio é necessário para o desenvolvimento. Assim as 
novidades atraem as crianças, mas, se a dissonância cognitiva1 for grande se 
sentirão frustradas e não alcançarão novo equilíbrio. 
A partir da análise das teorias do crescimento e desenvolvimento 
podemos determinar que o movimento baseia-se na percepção sensoriomotora. A 
senso motricidade pode ser compreendida como o sistema regulador do externo e 
percepção mediante conexões entre a pele (tátil), os tendões, os músculos, as 
articulações, os ossos e o aparelho vestibular. Todos estes sentidos externos têm 
relação com a estimulação ambiental e a criação que esta gera na criança. 
 
1 Dissonância na aquisição do conhecimento. 
16 
 
Piaget (1975) fala da inteligência sensoriomotora condicionada pelo 
componente hereditário da criança e da inter-relação da carga genética com o 
ambiente da criança, pela utilização progressiva da experiência adquirida. Piaget 
sempre destaca que o desenvolvimento mental do lactente e da criança pequena, 
durante os primeiros 18 meses, depende da capacidade de mover-se normalmente. 
O desenvolvimento motor normal tem repercussões sobre o ambiente e o estímulo, 
e é dividido em períodos de acordo com o aparecimento das qualidades. Todos os 
indivíduos passam por estas fases ou períodos, porém, o início e o término de cada 
uma delas dependem das características biológicas e de fatores educacionais e 
sociais. A divisão dessas faixas serve como referência e não como norma rígida. 
Para Piaget (1975) no estágio sensório-motor, o bebê apresenta 
comportamento inteligente, percebendo o ambiente e agindo sobre ele. 
Segundo Saccani & Valentini (2010) as aquisições e o desenvolvimento 
de habilidades motoras ocorrem com ritmos diferenciados entre os indivíduos, 
observando-se grande variabilidade entre desempenhos ainda na primeira infância, 
a qual é decorrente da maturação neurológica, das especificidades da tarefa e 
oportunidades do ambiente. 
Lopes et al. (2010) complementam que esse estágio se subdivide cinco 
etapas: uso de reflexos; reação circular primária; reação circular secundária; 
coordenação de esquemas secundários; e reação circular terciária. 
A seguir, iremos descrever estas etapas de modo pormenorizado: 
 
 Uso de Reflexos 
A criança exerce os reflexos durante o primeiro mês de vida. Depois ela 
coordena reflexos e reações, surgindo além dos reflexos instintivos, como por 
exemplo, a sucção, as primeiras tendências imitativas. Esse período tem duração do 
zero aos dois meses. Os reflexos motores e sensoriais inatos (sucção, preensão, 
acompanhamento visual) são utilizados para interagir e se acomodar com o mundo 
exterior. 
17 
 
 Reação Circular Primária 
A criança coordena as atividades do próprio corpo e dos cinco sentidos, 
como sugar o dedo, brincar com a língua etc. A realidade permanece subjetiva; não 
procura estímulos fora do ambiente; mostra curiosidade e imitação. Esse período se 
inicia com poucas semanas de vida e vai até o quarto mês. Nessa etapa acontece a 
assimilação. O fato primitivo geralmente é admitido como o mais elementar da vida 
psíquica: a repetição. O bebê tende a repetir, quando algum comportamento tem 
resultado interessante. Inicia-se a organização da visualização, na qual a criança 
segue com os olhos os objetos que passam por ela. A fonação e a audição 
manifestam-se desde o nascimento. Os sons percebidos e produzidos apresentam 
uma organização interna. Tal como a boca, o olho e o ouvido, a mão é um dos 
instrumentos mais essenciais de que se vai servir a inteligência uma vez constituída. 
A conquista definitiva dos mecanismos de preensãomarca o início das condutas 
complexas que caracterizam as formas de ação intencional. 
 
 Reação Circular Secundária 
O bebê procura por novos estímulos no ambiente; começa a prever as 
conseqüências do próprio comportamento, agindo propositadamente a fim de 
modificar o mesmo; início do comportamento intencional. Os movimentos centram-se 
num resultado produzido no meio exterior e a ação tem como objetivo manter esse 
resultado. A originalidade das reações circulares do presente estágio é que 
constituem as manifestações intelectuais mais avançadas de que a criança é capaz, 
depois passarão a ter uma posição cada vez mais derivada. A duração desse 
estágio é do quarto ao sexto mês. 
 
 Coordenação de Esquemas Secundários 
Esse estágio tem duração do sétimo ao décimo segundo mês. A criança 
mostra os sinais preliminares da constância de objeto; possui uma vaga idéia de que 
18 
 
os objetos têm uma existência independentemente dele próprio; e imita 
comportamentos novos. 
 
 Reação Circular Terciária 
O bebê procura novas experiências e produz novos conhecimentos. A 
descoberta de novos meios por experimentação ativa é utilizada pela criança para a 
solução de novos problemas. Ela começa a experimentar ao invés de repetir as 
experiências; diferencia o eu e o objeto, e esse de um ato ou ação. Há a formação 
de estruturas através de deslocamento de objetos, de posições e de relações 
causais ligados à ação. 
 
2.2 PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR 
 
2.2.1 O Recém-nascido e o lactente: 0 a 2 anos 
 
Neste período, a criança conquista, através da percepção e dos 
movimentos, todo o universo que a cerca. No recém nascido (RN) a vida mental 
reduz-se ao exercício dos aparelhos reflexos, de caráter hereditário, como a sucção. 
Esses reflexos, apesar de inatos, melhoram com o treino: o bebê mama melhor no 
10º dia de vida do que no 2º, por exemplo. Por volta dos 5 meses, a criança 
consegue coordenar os movimentos das mãos e olhos, e pegar objetos. 
No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento como meio 
para atingir um objeto. Descobre que se puxar a toalha, o biscoito ficará mais 
próximo para pegar, utilizando a inteligência prática, ou sensório-motora que envolve 
a percepção e vários movimentos. 
Fica evidente que o desenvolvimento ósseo, muscular e neurológico 
permite a emergência de novas habilidades, como sentar-se e andar. Ocorre uma 
19 
 
diferenciação entre o “eu” e o mundo exterior, que até então era continuação do 
próprio corpo. Isto permite que a criança, por volta de 12 meses, admita que um 
objeto, mesmo que não esteja no seu campo visual, continue a existir. 
Segundo Vigotski (1984, apud BOCK et al., 1993) por volta dos 24 meses, 
a criança evolui de uma atitude passiva em relação ao ambiente e pessoas, para 
uma atitude ativa e participativa. 
Nessa ótica o desenvolvimento infantil é visto sob três aspectos: 
instrumental, cultural e histórico. 
O instrumental aponta que o ser humano não responde apenas ao 
estímulo apresentado no ambiente, mas a altera e usa suas modificações como um 
instrumento do comportamento. O cultural envolve os meios socialmente 
estruturados, pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa que a criança em 
crescimento enfrenta. O elemento histórico funde-se com o cultural, pois os 
instrumentos que o homem usa para dominar seu ambiente e seu próprio 
comportamento foram criados e modificados, ao longo da história. 
O desenvolvimento das crianças está alicerçado sobre o plano das 
interações. Desde o seu nascimento, os adultos procuram incorporá-las à suas 
relações e culturas. Segundo Vigotski (1984, apud BOCK et al., 1993) o gesto da 
criança é criado justamente na interação, pois todos os movimentos e expressões 
verbais no início da vida afetam o adulto, que os interpreta e devolve à criança, com 
ação e ou com a fala. 
 
2.2.2 Maturação do SNC 
 
Segundo Nuessen (1978, apud BARROS, 1997) entende-se por 
maturação: 
(...) o desenvolvimento do organismo como função do tempo ou da idade; 
refere-se a transformações neurofisiológicas e bioquímicas que tem lugar 
desde a concepção até à morte (p.27). 
20 
 
De acordo com Piaget (1975), a maturação do SNC é 
(...) a expansão do esquema reflexo pela incorporação de um novo 
elemento que determina a formação de um esquema de ordem superior, o 
hábito, no qual se integra o esquema inferior, o reflexo. A assimilação de um 
novo elemento a um esquema anterior implica consequentemente na 
integração deste ultimo ao esquema superior (p. 87). 
Shepherd (2002) achava que o marco do desenvolvimento motor ocorria 
dentro de uma sequência invariável do desenvolvimento neurológico. O padrão de 
desenvolvimento era quase o mesmo em todo bebê, mas existia diferença individual 
na velocidade da maturação, ou seja, a ordem em que as crianças passam de um 
estágio ao outro é semelhante, mas varia a idade em que alcançam os estágios. 
Segundo Roberton (1978 apud Shepherd, 2002) embora a capacidade de 
executar determinados movimentos surja devido à maturação do sistema, não 
significa obrigatoriamente que um ato precoce favorece, de alguma maneira, a 
aquisição de outro ato motor. 
No desenvolvimento motor, a maturação tanto na vida pré-natal quanto 
após o nascimento, segue duas tendências ou direções: direção céfalo-caudal ou 
craniocaudal, onde o controle da cabeça precederia ao do tronco e direção próximo 
distal, onde o desenvolvimento se processa de dentro para fora. Ou seja, as partes 
centrais do corpo amadurecem mais cedo (tronco e ombro) antes dos braços e pés 
(periferia) e, por último, há controle das mãos e dedos. Isso revela que os primeiros 
movimentos dos bebês são globais (movimentos grosseiros) e indiferenciados. Só 
mais tarde realizam movimentos com habilidades finas. 
Segundo Brodley (1990, apud SHEPHERD, 2002) o indivíduo é capaz de 
iniciar um movimento complicado antes da época prevista desde que preenchidas 
determinadas condições que abrangem desde a maneira de criar o bebê a seu 
manuseio. 
A concepção de desenvolvimento motor, atualmente, focaliza a 
biomecânica nos diversos grupos etários e em circunstâncias diferentes (ZENICHE 
& SCHERIDER, 1993). Os reflexos neonatais são considerados como uma forma 
imatura de comportamento motor, a qual irá se aperfeiçoar à medida em que a 
21 
 
criança se locomove e interage com o meio ambiente. Antes era de opinião comum 
que os reflexos neonatais (primitivos) deveriam sofrer inibição, para o 
comportamento moderno acontecer. 
Todo desenvolvimento motor realiza-se sempre sob uma ideal adaptação 
aos estímulos externos. O organismo e meio ambiente são dependentes um do 
outro. Para Schilling (1970) a capacidade motora ou o estado motor evolutivo é 
sempre ambiente dependente. 
 
2.2.3 A coordenação dos Reflexos 
 
Os reflexos são as primeiras formas do desenvolvimento humano, e nos 
esclarecem a diferenciação entre o processo de desenvolvimento motor normal e 
anormal. 
Os reflexos são reações automáticas desencadeadas por estímulos, que 
tendem a favorecer a adequação do individuo ao ambiente. As respostas reflexas 
dependem das necessidades fisiológicas, do momento em que são solicitadas, do 
estado emocional da criança e do contexto ambiental (BARROS, 1997). 
As reações involuntárias resultam de alterações na pressão, visão, sons e 
estímulo tátil. Tais estímulos formam uma base para o estágio de reunião para 
informações, ou estágio de codificação. Nesse estágio da vida da criança, os 
reflexos servem como equipamento primário para reunião de informações, que são 
armazenadas no córtex em desenvolvimento. 
Os comportamentos reflexos infantis atuamcomo fonte primária de 
informações no período neonatal, tendo como funções principais de sobrevivência a 
busca de alimentação e de proteção. 
É comum suspeitar-se de disfunção neurológica quando um reflexo 
estiver ausente, irregular ou desigual em força. A ausência de movimentos reflexivos 
normais ou a continuação prolongada de vários reflexos podem sugerir dano 
neurológico. No entanto, um reflexo que perdure por tempo demasiado é de grande 
22 
 
importância, se comparado à sua ausência completa. Outra evidência que pode 
sugerir lesão é um reflexo exacerbado ou fraco demais; um reflexo que provoque 
uma forte reação na metade do corpo em relação ao outro, também pode indicar 
uma disfunção no sistema nervoso central (GALLAHUE & OZMUN, 2003). 
Sobre o gerenciamento dos estímulos do SNC, Bobath & Bobath (1989) 
ressaltam que, 
(...) ele age como um órgão coordenador para a grande maioria dos 
estímulos sensoriais recebidos, produzindo respostas motoras integradas, 
adequadas às necessidades do meio ambiente. Os músculos estão 
agrupados em padrões de ações coordenadas, alguns contraindo e outros 
relaxando (p.07) 
Gallahue & Ozmun (2003) classificaram os reflexos como primitivos e 
posturais. Os reflexos primitivos estão intimamente associados à obtenção de 
alimento e à proteção do bebê, aparecendo primeiramente na vida fetal e persistindo 
durante todo o primeiro ano de vida. Já os reflexos posturais fazem lembrar 
movimentos voluntários posteriores, pois fornecem automaticamente a manutenção 
de uma posição ereta para um indivíduo em relação ao seu ambiente, sendo 
encontrados em todos os bebês normais nos primeiros meses pós-natais, podendo, 
em alguns casos, persistir no primeiro ano de vida. Tipos mais comuns de reflexos 
humanos: 
a) Reflexo de Moro: É uma reação corporal maciça, que tem a particularidade de 
induzir uma brusca extensão da cabeça, alterando sua relação com o tronco. 
Consiste na extensão, abdução e elevação de ambos os membros superiores, 
seguida de retorno à habitual atitude flexora em adução. Foi descrito por André 
Thomas como “reflexo de braços em cruz” (Figura 1). 
 
 
 
 
 
Figura 1 Reação de Moro. 
Fonte: Flehmig (2002, p.28). 
23 
 
A literatura indica o decurso do quarto mês como a idade habitual de sua 
extinção; o Moro inferior persiste algumas semanas após a extinção do Moro 
superior, o que constitui mais um dado aos exemplos que assinalam o sentido 
céfalo-caudal da maturação. Nas crianças que crescem em ambientes estimulantes, 
seu desaparecimento se acelera. Enquanto persiste durante longos meses quando a 
exercitação postural é escassa, como aponta Alvarez (CORIAT, 2001). 
Segundo Coriat (2001) o reflexo de Moro desencadeia-se sempre no 
decurso de um sobressalto, de uma reação tônica brusca, consecutiva a um 
estímulo nociceptivo2. Pode ser considerado uma reação defensiva que tende para 
uma melhor adequação do corpo no espaço, assim que se altere o equilíbrio numa 
posição determinada. 
b) Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico (RTCA): Trata-se de um reflexo postural 
desencadeado por mudanças na posição da cabeça em relação ao tronco, de 
grande importância para o desenvolvimento do conhecimento corporal e sua 
situação no espaço. 
O RTCA resulta da tendência em manter a cabeça voltada para um dos 
lados no decúbito ventral ou dorsal. A assimetria postural cefálica provoca 
mudanças tônicas assimétricas nos músculos do pescoço, que são percebidas pelas 
terminações proprioceptivas correspondentes às raízes posteriores dos três 
primeiros nervos cervicais. Deles parte a via aferente até centros subcorticais ligados 
ao labirinto. A resposta motora que fecha o arco reflexo determina a extensão dos 
membros para os quais se orienta a face, membros mandibulares, e a reflexão dos 
opostos, membros nucais (Figura 2), sendo normal do primeiro ao terceiro mês de 
vida (FLEMIGH, 2002). 
Esse reflexo é uma resposta ligada a atividades extensoras da cervical e 
cintura escapular, portanto sua persistência pode dificultar o uso das mãos na linha 
média, entre outras dificuldades de movimentação, sendo comum em pacientes 
neuropatas, hipertônicos e de tônus flutuante (MAFRA & PEREIRA, 2007). 
 
 
2 Reflexos que provém de estímulos dolorosos. 
24 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 Reflexo tônico-nucal assimétrico ou Magno de Kleijn. 
Fonte: Flehmig (2002, p.21). 
 
O RTCA nem sempre se apresenta completo podendo apresentar 
somente o desvio lateral da cabeça, mantendo os membros superiores simétricos 
em flexão. No decúbito ventral o reflexo tônico cervical se expressa com atitude 
inversa dos membros: flexionados os faciais e estendidos os nucais chamado de 
atitude de esgrimista (Figura 3). 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 Reflexo tônico-cervical inverso em decúbito ventral. 
Fonte: Coriat (2001, p.41). 
 
A persistência de atitude de esgrimista, rígida e estereotipada, mesmo na 
idade em que sua presença é fisiológica, sugere patologia, geralmente lesão 
cerebral; ao contrário, sua ausência se observa em alterações congênitas do 
sistema nervoso, como na maioria dos lactentes afetados pela síndrome de Down 
(CORIAT, 2001). 
25 
 
A atitude rotada da cabeça permite ao bebê ver as grades de seu berço, 
as paredes do quarto e o ajuntamento de móveis e pessoas no ambiente onde se 
encontra. Dentre esses objetos irá percebendo, de forma diferenciada, aqueles que 
atuam como estímulos específicos. O rosto da mãe será rapidamente reconhecido. 
Outro objeto possível de ser percebido distintamente é sua própria mão. De fato, 
graças ao reflexo tônico cervical, a mão, como objeto móvel, cruza frequentemente 
seu campo de visão. A reiteração do estímulo visual fará com que a criança fixe sua 
atenção nela até se familiarizar (CORIAT, 2001). 
Coriat (2001) afirma que a aquisição da imagem da mão se deve aos 
estímulos visuais, sinestésicos e táteis percebidos pela criança. O roçar das polpas 
digitais contra a palma, contra as roupas, além disso, o reflexo da palma da mão 
auxilia na presença de objetos na mão. 
O conhecimento de cada mão se integra em separado: a criança ignora a 
mão que não vê em determinado momento, e essa dissociação, que a leva a 
desconhecer o hemi-mundo, que fica às suas costas, por não ter noção da 
permanência dos objetos, a ajuda a concentrar-se no objeto que está em frente a 
seus olhos. 
A estimulação através de brinquedos sonoros colocados na mão estimula 
o tato, a visão e a audição e permite associações com a imagem da mão a do 
próprio objeto. 
 
c) Reflexo de Landau: O reflexo descrito por Landau resulta de uma complexa 
interação de reações labirínticas e tônico-cervicais. Para observá-lo deve-se 
manter a criança suspensa horizontalmente (Figura 4), dorso para cima, posição 
na qual a cabeça da criança se eleva espontaneamente, em dorsiflexão, 
impulsionada por reflexos de retificação cefálica de origem labiríntica. Tal atitude 
determina que o tronco e os quatro membros se estendam dando ao eixo do 
corpo a disposição de um arco tenso côncavo para cima. Com isso, quando se 
flexiona passivamente a cabeça, a criança imediatamente flexiona o tronco e os 
membros (Figura 5) (CORIAT, 2001). 
26 
 
A partir dos 4 ou 5 meses de idade o bebê normal reage a suspensão 
ventral com extensão de cabeça e tronco; por volta dos 6 a 8 meses ele também 
reage nos membros inferiores. Essa resposta normal pode faltar em bebês com 
paralisia cerebral ou retardo mental acentuado (SHEPHERD, 2002, p.389). 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 Retificação cefálica e extensão corporal. 
Fonte: Coriat (2001,p.47). 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 Reflexo de Landau. 
Fonte: Coriat (2001, p.47). 
 
d) Reflexo de conexão entre as mãos e a boca: Descrito também por Coriat 
(2001) consiste na rotação da cabeça para a linha média, acompanhada da 
abertura da boca como resposta à pressão exercida pelos polegares do 
observador sobre as palmas das mãos do lactente. 
27 
 
O reflexo se atenua progressivamente no decorrer do terceiro mês, para 
desaparecer no quarto. Nesta fase se estabelece a coordenação sensório-motora 
entre as mãos, olhos e a boca (Figuras 6 e 7). Crianças, desde o 3º mês, levam à 
boca todos os objetos que apanham com suas mãos, para obter maior 
conhecimento de sua consistência, textura (CORIAT, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 Reflexo mão-boca de Babkin: atitude inicial 
Fonte: Coriat (2001, p.51) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 Reflexo mão-boca de Babkin: atitude final. 
Fonte: Coriat (2001, p.51). 
28 
 
e) Reflexo corneano: Estimulação suave da córnea determina contração ativa do 
músculo orbicular das pálpebras. 
 
f) Reflexos orais: Tem a finalidade de possibilitar o ato de se alimentar. 
Compreendem os reflexos de busca, sucção e deglutição. Consiste também, na 
orientação seletiva dos lábios e da cabeça para o local onde se aplica a 
estimulação, denominado por André-Thomas (CORIAT, 2001 ) como “reflexo 
dos quatro pontos colaterais” (Figuras 8, 9 e 10). 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 Reflexos de busca: atitude inicial e estimulação. 
Fonte: Coriat (2001, p.56) 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 Reflexos de busca: resposta bucal e rotação cefálica 
Fonte: Coriat (2001, p.56). 
29 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 Reflexos de busca: resposta bucal e extensão cefálica 
Fonte: Coriat (2001, p.57) 
 
g) Reflexos cutâneos abdominais: Consistem na contração brusca dos músculos 
da parede abdominal, como resposta a estímulos superficiais. 
 
h) Reflexo de Galant (encurvamento do tronco): Presente desde o nascimento 
desaparece no decorrer do 2º mês de vida. Esse reflexo é testado com a criança 
em prono, deslizando-se um objeto pontiagudo da região do ilíaco até a última 
costela, próximo às vértebras lombares. Como resposta, ocorrerá uma flexão 
lateral do tronco; com o desenvolvimento da capacidade de extensão do tronco. 
A resposta à este estímulo passa a ser em extensão e flexão lateral do tronco. 
Sua persistência resulta em dificuldade de desenvolver a transferência lateral de 
peso (Figuras 11 e 12). 
 
 
 
 
 
Figura 11 Reflexos de encurvamento do tronco 
Fonte: Coriat (2001, p.25) 
30 
 
 
 
 
 
Figura 12 Reflexos de encurvamento do tronco – Reação de Galant 
Fonte: Flehmig (2002, p.60) 
 
i) Defesa plantar: Típico reflexo de automatismo medular, que desaparece no 6º 
mês. Para obtê-lo estimula-se a planta do pé em decúbito dorsal e a resposta é a 
retirada em tríplice flexão. 
 
j) Reflexo de preensão plantar: Pode estar presente desde o nascimento até o 3º 
trimestre, desaparecendo com 01 ano de vida (Figura 13). 
 
 
 
 
 
Figura 13 Reflexos de preensão plantar 
Fonte: Flehmig (2002, p.26) 
 
Tocando a planta do pé abaixo do grande artelho, o reflexo de preensão 
plantar, assume os demais artelhos com a posição em garra. Quando cessa o toque 
estendem-se os artelhos. Persistindo este reflexo, não é possível manter-se o pé 
plano, nem a marcha normal (apoio alternado no calcanhar e artelhos). 
31 
 
k) Reflexo de preensão palmar: Ao tocar a superfície interna da mão, esta se 
fecha e permanece fechada enquanto dura o estímulo. Pode-se puxar a criança 
para cima, mantendo-se, entretanto, as articulações dos cotovelos ligeiramente 
fletidas. Se este reflexo durar mais tempo, desfazer-se da posição através da 
abertura da mão (ausência de reações de equilíbrio) é reforçado fisiologicamente 
pela sucção (Figura 14). 
 
 
 
 
 
 
Figura 14 Reflexo de preensão palmar 
Fonte: Flehmig (2002, p.25). 
l) Reflexo de Marcha: Esse reflexo é testado segurando-se o bebê pelas axilas 
com pés em uma superfície de apoio, inclinando-a para frente. Com o estímulo, o 
bebê vai “andar” realizando flexão alternada de membros inferiores. Esse reflexo 
apresenta faixa de normalidade do nascimento até o quarto mês (Figura 15). 
 
 
 
 
 
 
 Figura 15 Reflexo de Marcha 
Fonte: Flehmig (2002, p.20). 
32 
 
m) Suporte positivo: O suporte positivo é considerado normal desde o nascimento 
até o segundo ou terceiro mês de vida. Esse reflexo é testado segurando-se o 
bebê de pé sobre uma superfície de apoio, e realizando ligeiros “quikes” para 
cima e para baixo. Com isso, o bebê realiza suporte em extensão digitígrado, 
significando resposta em padrão extensor total; resquícios desta resposta são 
comuns até, aproximadamente, sete meses (Figura 16). 
 
 
 
 
 
 
Figura 16 Suporte positivo. 
Fonte: Flehmig (2002, p.20). 
 
n) Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS): Esse reflexo demonstra 
dependência entre a postura da cabeça e dos ombros e pode ser testado com o 
bebê em prono sobre a perna do examinador, com membros superiores e 
inferiores livres. A extensão da cabeça produzirá extensão dos membros 
superiores e flexão de membros inferiores; a flexão da mesma provocará flexão 
de membros superiores e extensão de inferiores. Pode ser observado do 
segundo ao quarto mês de vida do bebê, e sua persistência pode dificultar a 
permanência na postura de gatas, o engatinhar em padrão cruzado e 
proporcionar o engatinhar sem dissociação de cinturas (escapular e pélvica), 
gerando o engatinhar em bloco. 
 
 
 
33 
 
o) Reflexo Tônico Labiríntico (RTL): Pode ser testado nas posturas prona ou 
supina. Com a criança em supino sobre as mãos do examinador, busca-se 
observar presença de aumento da atividade extensora, fletindo os membros 
superiores e inferiores, observando-se a resistência a esses movimentos e à 
flexão passiva da cabeça. Na postura supina, analisa-se o aumento da atividade 
flexora, observando a resistência à extensão da cabeça e de membros. Caso o 
reflexo esteja presente com hipertonia, é sempre patológico (Figura 17). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17 Reflexo postural labiríntico. 
Fonte: Flehmig (2002, p.24) 
 
p) Reação cervical de endireitamento: Pode ser testada com o bebê em supino, 
segurando-o delicadamente pelo occipital e rodando sua cabeça para o lado. O 
restante do corpo move-se reflexivamente na mesma posição da cabeça; 
primeiro, os quadris e pernas alinham-se, seguidos pelo tronco. Com faixa de 
normalidade do quarto ao sexto mês de vida, é a única reação que irá 
desaparecer, dando lugar à reação corpo sobre corpo (Figura 18). 
 
34 
 
 
 
 
 
Figura 18 Reação postural cervical 
Fonte: Flehmig (2002, p.23). 
 
q) Reação corpo sobre corpo: Com início a partir do sexto mês de vida, essa 
reação é testada da mesma forma que a anterior, porém com o bebê 
apresentando alguma dissociação de cinturas escapular e pélvica. 
 
r) Reação labiríntica e óptica de retificação: Ambas as reações são testadas nas 
posturas prona, supina e decúbito lateral, com a criança suspensa na postura 
desejada e com olhos vendados. Na reação labiríntica, a partir do estímulo dos 
canais semicirculares, ela busca, com sua maturação, a verticalização da 
cabeça. Na reação óptica, ela é orientada por algum objeto de seu interesse. Em 
ambas, a faixa de normalidade é a partir do primeiro mês, em prono, e 
aproximadamente entre o quinto e o sexto mês, em supino e decúbito lateral.s) Reação de anfíbio: Com a criança na postura prona, essa reação é testada 
levantando-se um lado da cintura pélvica. Como resposta, haverá flexão de 
tronco e do membro inferior do mesmo lado. Essa reação permite o 
desenvolvimento do arrastar e do engatinhar, sendo normal a partir do sexto 
mês. 
 
t) Reações protetoras: São movimentos protetores dos membros na direção da 
força que se desloca, como reação a uma súbita força deslocadora ou quando o 
equilíbrio não pode mais ser mantido. Pode ser testada nas posturas prona, 
prona para os lados, supina e sentada. Na postura prona, o bebê é posicionado 
35 
 
com os braços para frente, respondendo com apoio de mãos e elevação da 
cabeça; reação normal a partir do terceiro mês. O teste da reação em supino, 
normal a partir do sexto mês, é realizado posicionando-se a criança sobre o rolo 
e deslocando-a para um dos lados; como resposta ao estímulo, ela realizará 
apoio do membro superior do lado do deslocamento e tentará a verticalização da 
cabeça. Com a criança sentada, o examinador a desloca anterior, posterior e 
lateralmente; a resposta, normal dos sexto ao nono mês, será sempre o apoio 
dos braços e mãos espalmadas protegendo o corpo e livrando a face com a 
verticalização da cabeça. 
 
u) Reação de equilíbrio: Testada da mesma forma que a reação anterior, nessa 
reação busca-se observar a procura da criança pela verticalização e aumento da 
base, através do afastamento. Sua faixa de normalidade é do sétimo ao décimo 
oitavo mês, nas posturas prona, supina, sentada, gatas, de joelhos e de pé. 
 
2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA 
 
O bebê nasce após 38 a 42 semanas de gestação. O processo de 
desenvolvimento é influenciado, originalmente, pelo código genético e pela 
maturação do sistema nervoso central. 
O recém-nato não é passivo. Ao acordar ele se move casualmente com 
grande arco de movimento, às vezes, bastante vigoroso. Estes movimentos se 
observam, inicialmente, mais na postura supina. Além dos movimentos esporádicos, 
existem outros mais complexos, geralmente gerados por alguma atividade reflexa, 
como o rastejar e a marcha automática, que são a base de movimentos mais 
elaborados adiante (FLEHMIG, 2002). 
O movimento da cabeça do recém-nato é o ponto de partida da evolução 
da extensão. Em prono, o peso corpóreo se encontra na face. O quadril fletido 
transfere todo peso para esta área. Ao virar a cabeça para liberar as vias aéreas, ele 
36 
 
promove uma extensão da região torácica alta, que por sua vez, vai contribuir para 
adquirir o controle da cabeça, importante para localizar o alimento. O reflexo de 
procura é provocado pela estimulação tátil em volta da cavidade oral. O bebê que 
não apresentar o reflexo de procura, deve ser observado, pois pode ser sinal de 
anormalidade (RATTLIFFE, 2005). 
A postura fletida do tronco acontece porque os discos intervertebrais 
ainda não se formaram. Devido a esta postura fletida, podem acontecer movimentos 
laterais da coluna, que permite o surgimento de posturas assimétricas. Uma coluna 
totalmente retificada não permitiria um desenvolvimento assimétrico, já a postura 
assimétrica dá espaço para que os membros inferiores possam realizar movimentos 
mais amplos e transferência lateral. 
O recém-nato levantado para a postura sentada é incapaz de cooperar. 
Quando ele for sustentado totalmente na vertical, ele estenderá os membros 
inferiores e assumirá um pouco seu peso corporal. Se o examinador transferir o 
peso, o bebê realizará a marcha automática. O ficar de pé primário e a marcha 
automática desaparecem por volta da quarta à sexta semana. O bebê passará por 
uma fase de astasia e abasia3. A acuidade visual, neste momento, é muito baixa. 
Willrich et al. (2009) afirmam que o aprimoramento motor é considerado 
como um processo sequencial, contínuo e relacionado a idade cronológica, pelo qual 
o ser humano adquire uma enorme qualidade de habilidades motoras simples e 
desorganizadas para execução de habilidades motoras altamente organizadas e 
complexas. 
Burns e Mac Donald (2007) ressaltam que o conhecimento do 
desenvolvimento motor do lactente é muito importante, principalmente em casos de 
o recém-nascido apresentar ou correr o risco de apresentar distúrbio motor. Cada 
criança apresenta seu padrão característico de desenvolvimento, pela influencia 
sofrida em seu meio, existido assim, uma considerável variabilidade individual de 
acordo com cada criança. 
 
 
3 Incapacidade de ficar de pé. 
37 
 
2.3.1 O neonato de 0-10 dias 
 
O bebê se apresenta numa flexão fisiológica em supino e prono, que é o 
resultado da maturação do Sistema Nervoso Central (SNC) durante a vida fetal. 
No prono, a postura é bem fletida. A pelve está em retroversão, e os 
joelhos estão dobrados e geralmente próximos ao abdômen. Esta atitude faz com 
que o peso corpóreo seja deslocado para a face. O bebê consegue liberar as vias 
aéreas levantando a cabeça, virando a mesma para a direita e esquerda, 
promovendo uma forte estimulação proprioceptiva. Este movimento é influenciado 
pelo sistema labiríntico, que provoca a reação de retificação da cabeça. Os 
músculos do ombro promovem a estabilidade sinérgica, permitindo que a criança 
levante a cabeça e vire a mesma, de um lado para outro. Ao levantar a cabeça o 
peso corpóreo passa para a cintura escapular. O movimento de elevação da cabeça, 
muitas vezes, é acompanhado por movimentos dos membros inferiores. 
Em supino demonstra a flexão fisiológica, principalmente nas 
extremidades. O bebê ainda não tem uma flexão ativa e graduada do pescoço e não 
é capaz de manter a cabeça na linha mediana. A cabeça virada para o lado facilita o 
contato da mão à boca. A mão se apresenta em flexão com os dedos aduzidos. 
Deve-se frisar que esta postura não é uma situação fixa. Há presença do reflexo de 
preensão da mão. Os membros inferiores se encontram em flexão, abdução, e 
rotação externa. A pelve está em retroversão e ao chutar, o bebê mantém alguma 
rotação externa e o pé fica, geralmente, em flexão dorsal (FLEHMIG, 2002). 
Quando levantado para a posição sentada o bebê tenta iniciar o 
movimento de flexão da cabeça, mas perde o controle e a cabeça cai para trás, 
devido ainda à ausência do controle do tronco, e apresenta uma cifose quando 
colocado na postura de sentado. Apresenta marcha automática, quando colocado de 
pé, que desaparecerá por volta da 4ª a 6ª semana. Nesta fase o bebê consegue 
visualizar melhor com contraste preto e branco, acompanhando um objeto 
lateralmente e verticalmente. 
 
38 
 
2.3.2 Primeiro mês 
 
Predomina o padrão de flexão fisiológica e, o período de posturas 
assimétricas. A cabeça está quase sempre colocada de lado, o corpo segue em 
rotação em bloco (posição dorsal/supina); os braços formam ângulo com o corpo, as 
mãos estão semi-fechadas, o polegar aduzido (mas sem resistência, frouxo). O tórax 
encontra-se na linha média e muda de posição de acordo com a movimentação da 
cabeça com auxílio do reflexo tônico-nucal assimétrico. O reflexo de Moro pode 
aparecer quando a cabeça se move (Figura 19). 
 
 
 
 
Figura 19 Reação automática. 
Fonte: Flehmig (2002, p.16) 
Em decúbito ventral predomina também a postura flexora; levanta a 
cabeça momentaneamente, os braços ficam para baixo do tronco ou ao lado, e 
cintura escapular encontra-se retraída, joelhos fletidos e nádegas ligeiramente 
levantadas. Quando levantada da posição dorsal para sentada, segurada pelas 
mãos a cabeça pende para trás, a cabeça oscila para os lados, e o cotovelo mantém 
em flexão. Ainda não possui o controleda cabeça (Figura 20). 
 
 
 
 
 
Figura 20 Levantar a criança da posição dorsal 
Fonte: Flehmig (2002, p.112) 
39 
 
Ao ser segurado pelas axilas, como se fosse andar, apresenta a marcha 
reflexa, que costuma desaparecer por volta dos 2 meses, que inicia com o contato 
dos pés no apoio, apresenta atitude flexora inicial, depois o reflexo retificação do 
tronco (reação extensora) e, marcha automática. Os olhos acompanham os objetos 
em linha média. Reage a brinquedos luminosos ou sonoros, porém assusta-se com 
facilidade. 
 
2.3.3 Segundo mês 
 
A criança ainda apresenta predomínio da flexão corporal, mas realiza 
extensão melhor. Na posição dorsal (supino) apresenta a cabeça para o lado quase 
sempre para o lado de preferência, mas sem restrição para virar para o outro lado. 
As mãos encontram-se mais abertas, os braços com mais extensão, mas não 
chegando a linha média. 
O corpo se encontra mais simétrico e as pernas apresentam menos flexão 
e dorsiflexão, mais abdução e extensão, rotação, descarrega o peso sobre 
calcanhares e bordo lateral dos pés (marcha automática). 
Os movimentos maciços são em menor número, o reflexo de moro ainda 
aparece quando a cabeça se move para posição dorsal quando puxado para sentar; 
ainda não apresenta controle da cabeça, apesar de acompanhar bem o movimento. 
Quando na posição ereta, sentada, a cabeça tende a cair um pouco, oscilando. 
Na postura (ventral/prono) a criança começa a estender o segmento 
torácico, levanta a cabeça de 0 a 45º, muitas vezes de forma assimétrica, tentando 
manter a cabeça na linha média. Os braços ainda estão situados atrás dos ombros, 
mas quando ergue a cabeça realiza mais abdução (Figura 21). 
 
 
 
 
Figura 21 Posição ventral 
Fonte: Flehmig (2002, p.112). 
40 
 
O quadril (pélvis) se encontra com menos flexão (retroversão) e mais 
extensão, levando assim mais estabilidade para o pescoço, as pernas menos 
flexionadas com mais abdução e rotação externa. 
No bebê com 2 meses, ainda é possível verificar a assimetria fisiológica, e 
influências de padrões tônicos posturais como o reflexo tônico-nucal assimétrico e o 
reflexo labiríntico, porém nenhum destes limitam o movimento ativo. 
Quando estimulada a pegar um objeto nas mãos, ambas se encontram 
predominantemente fechadas; mas abre-se quando tocada e frequentemente 
encontra-se na boca o polegar ou a mão inteira. Consegue visualizar o objeto até a 
linha média e a ultrapassa a curto período, porém, quando pega um objeto com as 
mãos, não solta-o devido o reflexo de preensão palmar. 
 
2.3.4 Terceiro mês 
 
Na posição supino ou dorsal apresenta rotação corporal, a cabeça 
consegue ser mantida na linha média, mas a mesma tende a ficar do lado de 
preferência. Quando a criança move a cabeça para o lado, o tronco mostra-se 
virando para o lado do rosto. 
As mãos já podem ser trazidas na linha média, os dedos se encontram 
mais abertos, pegam objetos, mas não os largam voluntariamente, é largado apenas 
quando as mãos se abrem, como por exemplo, na presença do reflexo de Moro. As 
pernas apresentam mais extensão durante os movimentos; menor flexão e 
dorsiflexão, porém mais abdução e rotação externa. Quando levantado para sentar, 
a cabeça se mantém na linha média, acompanhando o movimento na posição 
ventral ou prono (Figura 22). 
 
 
 
 
Figura 22 Posição ventral 
Fonte: Flehmig (2002, p.112) 
41 
 
A cabeça ergue até 45º, com apoio nos antebraços podendo oscilar de 
um lado para o outro e para frente. As mãos fechadas podem abrir 
momentaneamente. 
O quadril realiza mais extensão (anteroversão), o bumbum (nádegas) 
ligeiramente levantado; as pernas com menos extensão e dorsiflexão e mais 
abdução e rotação externa. 
Nesta fase o tônus flexor, já não predomina, entrando mais o extensor 
para vencer a gravidade como o controle da cabeça, tronco em diferentes posições. 
A criança já apresenta melhora nas reações de equilíbrio. Apresenta-se mais 
simétrica, embora ainda apresente assimetria, não havendo, portanto, limitação da 
movimentação ativa. 
Nesta fase ainda estão presentes os reflexos tônico-cervical assimétrico, 
reflexo labiríntico e o reflexo tônico nucal simétrico. O reflexo de preensão palmar 
praticamente já desapareceu, mas ainda permanece o reflexo de preensão plantar. 
Não há mais reflexo de marcha, e a reação de Moro pode aparecer as vezes quando 
os bebês abrem as mãos. 
Já percebe os objetos na linha média e além dela para ambos os lados. 
Acompanha com a cabeça 180º, observando o objeto mais prolongadamente; os 
olhos já se encontram mais coordenados. O polegar, ou um dedo é colocado na 
boca, ao invés da mão inteira, as mãos podem ser juntadas na linha média. 
“Sustentar a cabeça aos três meses é a melhor prova de que o desenvolvimento 
psicomotor do bebê está perfeito” (DE LAMARE, 2009). 
 
2.3.5 Quarto mês 
 
A criança apresenta competência para manter-se na posição dorsal 
(supino). A simetria indica que ela é capaz de virar para os lados, manter a cabeça 
na linha média com o pescoço alongado; quando levantada para sentar para frente, 
utiliza ativamente o abdômen com bom controle de cabeça. 
42 
 
Os braços estão na linha média, mãos nos joelhos, bate palmas, segura 
objetos quando colocados na mão e solta-os ao acaso. O quadril apresenta retro e 
anteroversão; porém não tem controle e pode flexionar o quadril, ao invés de fazer 
retroversão. 
Utilizam a extensão lombar para realizar a elevação do quadril (ponte) 
com os pés apoiados no chão realizando o movimento de plantiflexão (ponta dos 
pés). 
Na posição ventral ou prona a cabeça chega a extensão até a região 
lombar inferior, as escápulas estão mais estabilizadas em abdução, e se apóia nos 
antebraços. Iniciam-se os movimentos de rastejamento. As mãos estão mais abertas 
e arranham a superfície mais externa dos cotovelos. Inicia-se o suporte de peso nas 
mãos, semifechadas com extensão dos cotovelos se empunhando para cima (Figura 
23). 
 
 
 
 
 
Figura 23 O quarto mês 
Fonte: De Lamare (2009, p.240) 
 
Quando colocada sentada, o tronco não possui estabilidade ou equilíbrio 
e tende para frente. Ainda não há reações de apoio embora o braço já apresente 
extensão sem que a criança faça peso. As mãos iniciam o abrir quando se 
aproximam de um suporte. 
Ainda se nota, nesta fase, uma pequena influência dos reflexos tônico 
cervical assimétrico e reflexo tônico labiríntico, o que não impede o movimento. 
Nesta fase o lactante vai deixando de utilizar mecanismos de reflexos para realizar 
43 
 
movimentação ativa. Os reflexos magnéticos, Galant, placing-reaction4, as reações 
de marcha já não aparecem mais. Os reflexos de preensão palmar aparecem 
discretamente, os reflexos plantares ainda permanecem, e o de Moro, 
discretamente. 
 
2.3.6 Quinto mês 
 
Nesta fase a criança em posição prono apresenta bom controle de cabeça 
na posição de prono/supino com extensão até a pelve (± 90º no quadril). As 
escápulas possuem forte abdução com estabilidade e braços estendidos, e os 
cotovelos fletidos (posição puppy) transfere o peso para o lado craneal, a fim de 
liberar o outro lado e estender o braço para diante. O quadril mostra-se apoiado na 
base, suporta peso durante os movimentos natatórios com os braços estendidos, as 
pernas com mais extensão, rotação, externa e abdução. 
Na posição dorsal ou supina, quando levantado para sentar antecipa o 
movimento de elevação da cabeça, apresenta total controle em todos os planos, 
iniciando o controle ativo do pescoço e tronco superior, começando o preparo para 
sentar. Apresenta boa reação postural da cabeça sobreo tronco com início de 
reação postural do corpo ao corpo. Nesta fase desaparecem todos os padrões 
tônicos posturais e reação de Moro. Em relação à motricidade pega objetos com as 
duas mãos com preensão palmar de toda a superfície da mão, frequentemente leva 
os seus pés a boca. O polegar está estendido e pouco aduzido (Figuras 24 e 25). 
No quinto mês ocorre explosão das atividades. Tenta-se arrastar; rola; 
brinca com os chocalhos; puxa o pé à boca e chupa o dedo do pé, consegue 
apanhar objetos e trocá-los de mão (DE LAMARE, 2009). 
 
 
 
4 Segura-se o bebê por baixo dos braços, com os pés abaixo da borda da escada levantando-o devagar, tocando 
de leve no dorso do pé; puxa-se este para cima pela borda inferior da escada com o que o pé sobe a escada. 
Esta reação também se chama reação de subida devido a impressão que se tem de estar subindo uma escada. 
44 
 
 
 
 
 
 
Figura 24 Conhecimento do corpo: palpação dos pés 
Fonte: Coriat (2001, p.96) 
 
 
 
 
 
 
Figura 25 Conhecimento do corpo: o lactente leva os pés à boca 
Fonte: Coriat (2001, p.104) 
 
2.3.7 Sexto mês 
 
A criança com 6 meses na posição dorsal ou supina é capaz de virar sua 
cabeça livremente para um lado e outro e o tronco pode manter-se com o dorso 
apoiado na cama ou girar ativamente. Quando puxado para sentar, eleva a cabeça, 
ombros e braços, antecipando posição. Quando está sentada, transfere o peso para 
um dos lados, geralmente transfere o peso para frente e utiliza os braços (Figura 
26). 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 26 O sexto mês 
Fonte: De Lamare (2009, p.344) 
 
No decúbito ventral, a cabeça eleva-se para posição de ± 90º, tronco 
estendido o quadril apóia na base. Suporta bem o peso de um lado com fixação da 
escápula em abdução contra a caixa torácica, os movimentos do tronco são em 
rotação e não mais em bloco. 
As mãos não despertam tanto interesse, assim, agora são instrumentos 
para suas necessidades como de locomoção. A curiosidade agora é despertada 
para os pés. 
Na posição supina com as pernas elevadas e os pés diante da visão, a 
criança realiza um ângulo poplíteo em torno de 150º até que os joelhos se 
aprofundem nos flancos e os pés ou pelo menos o dedo do pé chegue até a boca 
(CORIAT, 2001). 
Quando assume a postura sentada a coluna forma um arco convexo para 
trás, requererá apoio das mãos abertas contra a cama. Nessa idade a criança se 
interessa por objetos grandes, pois todo objeto agarrado é transferido para outra 
mão. Possui eficaz reação de bloqueio a queda (pára-quedismo). A criança em 
decúbito ventral eleva a cintura escapular e aplainamento da cintura pélvica nesta 
idade os membros superiores adquirem capacidade de deslocamento (CORIAT, 
2001). 
 
46 
 
2.3.8 Sétimo mês 
 
Nesta fase a criança praticamente não fica em decúbito dorsal e, se 
segurada para sentar ergue-se praticamente sozinha. Não existe predomínio do 
padrão flexor ou extensor. 
Na posição decúbito ventral (prono) a cabeça é bem erguida, desloca o 
seu peso e puxa as pernas para ficar ereta, se arrasta empurrando para trás e 
realiza movimento de “gatas”. Faz movimentos para frente e para trás, realiza 
transferência de peso para sentar de lado enquanto o bumbum passa sobre os 
calcanhares (Figura 27). 
 
 
 
 
 
Figura 27 Posição decúbito ventral (prono) 
Fonte: Flehmig (2002, p.196) 
 
Na postura sentada apresenta melhor equilíbrio, mais estabilidade, 
quando se inclina para frente, o tronco ainda é curvado, pernas em abdução e os 
quadris bem fletidos. 
Quando levantada, oscila para cima e para baixo, por pouco tempo se 
equilibra no quadril com boa extensão e controle de cabeça. Quando perde o 
equilíbrio, este se restabelece mediante boas ações posturais do corpo. 
 
 
 
47 
 
2.3.9 Oitavo mês 
 
A criança se movimenta constantemente e realiza espontaneamente as 
mudanças de decúbito (prono/supino). Apresenta bom controle de cabeça no 
decúbito ventral e inicia o engatinhar com rotação deficiente do tronco e, se vira em 
círculo, em torno do próprio eixo (FLEHMIG, 2002). 
Transfere o peso através da pélvis, se apóia sobre um cotovelo, estende 
os braços e caminha com as mãos para trás, no início não cruza a linha média, 
depois cruza enquanto o corpo se move sobre o braço. Sentada apresenta bom 
controle de tronco em extensão e braços livres para brincar. 
A criança começará a chutar e se erguer nas mãos das pessoas ou em 
objetos e móveis. Quando fica em pé os artelhos ficam em garras, pois ainda se vê o 
reflexo de preensão plantar. Apresenta boa reação de equilíbrio e reações de apoio 
Landau. 
 
2.3.10 Nono mês 
 
Nesta fase praticamente não fica em uma postura somente. Movimenta-
se alternando de deitada, para sentada, sentada para “gatas”. Passa de um móvel 
para outro com flexão lateral de tronco, transferência de peso no tronco inferior e 
quadril. Agacha-se, caminha na posição de “urso”, quando fica de pé apresenta 
ligeira flexão dos joelhos, pois ainda não apresenta domínio desta postura. 
Apresenta boa reação de equilíbrio (dorsal, ventral, sentada) e boa reação de 
Landau. 
 
2.3.11 Décimo mês 
 
A criança se movimenta constantemente, senta sozinha com total 
equilíbrio, vira para os lados, para frente e para trás, se apóia em objetos para 
assumir a postura de pé, embora às vezes, consegue realizá-la sem apoio. Anda se 
48 
 
sustentando pelas duas mãos e normalmente passa da postura de pé para 
engatinhar, pois já o realiza com rapidez e agilidade (Figura 28). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 28 Engatinhar 
Fonte: Flehmig (2002, p.228) 
 
Alcança um objeto e também já o larga espontaneamente, atira o 
brinquedo a espera que alguém o busque, a preensão é como pinça (utilizando o 
polegar e o indicador). Brinca com as mãos na linha média, com os pés e o corpo 
inteiro, troca objetos de uma mão para a outra (coordenação). 
A criança apresenta preparo para grande variabilidade de mudanças de 
posturas com alternância de posição ereta para marcha. 
 
 
 
49 
 
2.3.12 Décimo primeiro e Décimo segundo mês 
 
Apresenta marcha livre com os braços abertos. Transfere de decúbito 
dorsal para sentada, engatinha, utiliza os móveis para a posição de ajoelhada, meio 
ajoelhada e de pé. Sustenta-se com as duas mãos, em seguida, retira uma mão e 
tenta a marcha livre. Essas atividades motoras não são reflexos nem automáticas, 
requerem aprendizagem prévia (CORIAT, 2001). 
Ainda segundo Coriat (2001) nesta fase a criança adquire noções 
espaciais que ajudam a situar-se no mundo. O conhecimento do espaço está 
associado ao do tempo. 
(...) as primeiras noções temporais dependem da tomada de consciência a 
cerca da duração e da sucessão ou de posições através das ações, das 
quais a criança participa; se confundem com as impressões de expectativas 
e esforço com o próprio desenvolvimento do ato, interiormente vividos (...) 
(PIAGET, 1975, p.119). 
Adquirem-se nessa idade, noções de distância quando engatinha para 
alcance do brinquedo, de profundidade e do espaço vertical, ao dar os primeiros 
passos. 
Quando a criança está de pé parada, predomina o apoio plano que 
persiste até a modelação do arco plantar, às vezes observa-se o apoio na ponta dos 
pés que logo desaparece (equinismo). Normalmente os pés encontram-se 
separados com aumento da base de sustentação; suas bordas internas ficam quase 
paralelas e os dedos apontam para frente (Figura 29). 
Segundo Coriat (2001) algumas crianças pulam etapa do engatinhar, não 
significandoque apresentem problemas motores. A criança inverte a preensão 
bimanual, bate palmas, explora o próprio corpo. Gessel (1997) chamou a brincadeira 
de passar um brinquedo de uma mão para outra de “aposição”. 
 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 29 Ficar em pé e andar 
Fonte: Flehmig (2002, p.244) 
 
2.3.13 Sinais de possíveis atrasos: primeiro ano de vida 
 
A Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP) elaborou marcos de 
desenvolvimento para as crianças, desde o nascimento até os 5 anos de idade. 
A Tabela 1 demonstra os problemas, sinais e sintomas possíveis, que 
comprometem e/ou denotam anormalidades no desenvolvimento nos 3 primeiros 
anos das crianças. Se ela não está aprendendo habilidades que outras da mesma 
faixa etária, como engatinhar; virar, sentar, dentre outras, torna-se necessário o 
profissional comunicar aos pais sua preocupação e aconselhá-los a buscar 
orientação específica. 
 
 
 
51 
 
IDADE DA CRIANÇA PROBLEMAS ENCONTRADOS 
Durante a 2ª, 3ª e 4ª semanas 
Sucção deficiente e alimentação demorada 
Não pisca diante de luz intensa 
Não fixa o olhar nem segue objeto próximo que se move 
de um lado para outro 
Raramente movimenta os braços, e as pernas parecem 
rígidas 
Parece ter membros excessivamente flácidos 
A mandíbula parece trêmula mesmo quando não está 
chorando nem excitado 
Não responde a sons em alto volume 
Final do 3º mês 
Não tem reflexo de Moro após os 4 meses 
Não parece reagir a sons em alto volume 
Não percebe as próprias mãos aos 2 meses de vida 
Não segue com o olhar em movimento aos 2 a 3 meses 
Não agarra nem segura objetos aos 3 meses 
Não tenta alcançar nem segurar brinquedos aos 3 a 4 
meses 
Inicia balbucio, mas não imita qualquer som aos 4 meses 
Não balbucia aos 3 e 4 meses 
Não leva objetos à boca aos 4 meses 
Não tenta empurrar com os pés quando são apoiados 
sobre uma superfície firme aos 4 meses 
Apresenta dificuldade de movimentar um ou ambos os 
olhos em todas as direções 
Apresenta olhar cruzado a maior parte do tempo 
Não presta atenção em novas faces, ou parece assustar-
se com novas faces ou novos ambientes 
Ainda mantém o reflexo tônico cervical aos 4 a 5 meses 
Final do 4º mês 
Aparece rígido com músculos tensos 
Parece muito flácido, como uma boneca de pano 
A cabeça cai parar trás como em uma boneca de pano 
Alcança objetos apenas com uma das mãos 
Recusa abraço 
Não demonstra afeição pelo cuidador 
Parece não gostar de estar próximo de outras pessoas 
Um ou ambos os olhos constantemente se desviam (para 
dentro ou para fora) 
Lacrimejamento constante, sensibilidade à luz 
Não reage aos sons ao seu redor 
Demonstra dificuldade de levar um objeto à boca 
Não gira a cabeça para localizar sons aos 4 meses 
Não rola em qualquer direção (de frente para trás ou vice-
versa) aos 5 meses 
Parece inconsolável durante a noite depois dos 5 meses 
Não sorri espontaneamente aos 5 meses 
Não consegue sentar, mesmo com ajuda, aos 6 meses 
 
 
 
52 
 
Continuação Tabela 1 
IDADE DA CRIANÇA PROBLEMAS ENCONTRADOS 
Final do 4º mês 
Não ri nem faz sons engraçados aos 6 meses 
Não tenta ativamente alcançar objetos aos 6 a 7 meses 
Não acompanha objetos sonoros com o olhar a distancia 
da audição (0,3 a 1,8) aos 7 meses 
Não sustenta peso sobre os membros inferiores aos 7 
meses 
Não tenta chamar atenção com gestos aos 7 meses 
Não balbucia aos 8 meses 
Não se interessa por brincadeira de encontrar objetos aos 
8 meses 
Final do 12º mês 
Não engatinha 
Inclina-se para um lado do corpo enquanto engatinha (por 
mais de 1 mês) 
Não consegue ficar de pé mesmo com apoio 
Não procura objetos que viu serem escondidos 
Não pronuncia nenhuma palavra (“mamão ou papá” 
Não aprende a utilizar gestos, tais como dar adeus ou 
balançar a cabeça 
Não aponta objetos nem gravuras 
TABELA 1 Sinais de possíveis atrasos no desenvolvimento da criança 
Fonte: Umphred & Constance (2007, p.111) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
3 METODOLOGIA 
 
 
A Metodologia utilizada trata-se de um estudo bibliográfico de caráter descritivo 
exploratório, a partir de referências teóricas publicadas em livros, artigos, 
dissertações e teses disponibilizadas na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) no 
período de 1970 a 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
4 O PRODUTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
ÍNDICE 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 
 
2 ZERO A TRES MESES .................................................................................... 
 
3 QUATRO A SEIS MESES ................................................................................ 
 
4 SETE A NOVE MESES .................................................................................... 
 
5 DEZ A DOZE MESES ...................................................................................... 
 
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O objetivo desta Cartilha é apresentar informações essenciais para os pais e 
profissionais da área da saúde, sobre as principais etapas do desenvolvimento 
motor da criança de zero a um ano de idade, possibilitando assim minimizar, 
prevenir, e intervir precocemente, caso seja necessário. 
As habilidades motoras como engatinhar, sentar, andar, arrastar, dentre outras, são 
características individuais e particulares de cada criança. Entretanto é necessário 
observar se o desenvolvimento do bebê está como o esperado para a faixa etária 
em que se encontra. Caso identifique alguma dificuldade nesse processo, procure 
um profissional de saúde como: Pediatra, Neuropediatra, Fisioterapeuta, para 
esclarecer dúvidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
 
2. Zero a Três meses 
 
Durante este período, a vida do Recém Nascido (RN) é ritmada pelo sono e pela 
alimentação, o que deve ser respeitado. É comum, nesta fase, a presença de 
“movimentos desencontrados”, o que é chamado de assimetria, pois a atividade 
reflexa é muito intensa. A criança apresenta flexão fisiológica (fica curvada), mãos 
quase sempre fechadas (reflexo de preensão palmar) e uma tendência a manter a 
cabeça virada para um lado (direito ou esquerdo). 
A principal aquisição motora nesta fase é o controle da cabeça. 
 
 
 
 
Fonte: Flehmig (2002, p.16) 
O RN eleva a cabeça momentaneamente para virar de lado. Os braços ficam 
próximos do corpo. No 1º mês, a postura é em flexão. O rosto está para o lado. Os 
cotovelos, quadril e joelhos estão fletidos. 
Quando puxado para sentar, as mãos estão fechadas, e a cabeça cai para trás. 
 
 
 
 
 
Fonte: Gonzalez (1979, p.54) 
58 
 
No 2º mês, o queixo já se encontra fora do apoio; a cabeça permanece mais tempo 
elevada. Assim, quando puxado para sentar, a cabeça começa a ser controlada a 
partir de 45º, mantendo ativamente a cabeça na linha média. 
 
 
 
 
Fonte: Gonzalez (1979, p.54) 
No 3º mês, os membros do RN estão cada vez menos em flexão. Sustenta o peso 
nos antebraços, a cabeça se mantém na linha média e a extensão chega até a 
região torácica. 
 
 
 
 
Fonte: Gonzalez (1979, p.54) 
Quando puxado para sentar, a cabeça se mantém na linha média, e a preensão tátil 
(pegar objetos), brinca com chocalhos, puxa a roupa, dentre outros movimentos. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Gonzalez (1979, p.55)

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