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Instituto Tecnológico do Estado de Goiás REDE ITEGO Governador do Estado de Goiás Marconi Ferreira Perillo Júnior Secretário de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação Francisco Gonzaga Pontes Superintendente Executivo de Ciência e Tecnologia Mauro Netto Faiad Chefe de Gabinete de Gestão de Capacitação e Formação Tecnológica/ Coordenadora Geral - PRONATEC Soraia Paranhos Netto Coordenadora Adjunto - PRONATEC Sônia Maria Barros Galvão Coordenador Pedagógico - PRONATEC José Teodoro Coelho Coordenadora Administrativa - PRONATEC Andréa Gonçalves Fonseca Confeccionador de Lingerie e Moda Praia CONFECCIONADOR DE LINGERIE E MODA PRAIA Prezado (a) estudante, Antes de tudo, gostaria de parabenizá-lo (a) pela decisão de buscar o conhecimento através da formação inicial e continuada. Esse material é proveniente de uma pesquisa e de uma reunião de textos técnicos e literaturas específicas, além de opiniões e comentários de profissionais da área de costura do segmento têxtil, vestuário, lingerie e moda praia. O Brasil é um polo confeccionista e o país que mais consome produtos do segmento moda praia, sendo referência e reconhecido no mundo todo por seu estilo ousado e pela criatividade dos modelos dos seus biquínis, investindo constantemente em tecnologia e capacitação no setor. No segmento roupa íntima, é o 5º maior produtor mundial, um leque de oportunidades de empreendimentos na área e um mercado promissor para quem sabe explorar o segmento. Diante desse cenário, percebe-se que espaço para crescimento existe, bastando, para tanto, que o estudante desse segmento estude o mercado e invista constantemente em sua capacitação e potencial. Essa apostila está dividida em três tópicos importantes para o curso de confeccionador de lingerie e moda praia: Tecnologia têxtil do vestuário; Técnica de modelagem, costura e montagem das peças; Prática da costura industrial em lingerie e moda praia. Parte I Introdução à tecnologia têxtil do vestuário Classificação das fibras têxteis e divisão da indústria têxtil Tipos de fibras têxteis Desenvolvimento da cadeia têxtil no cenário brasileiro Parte II Máquinas, equipamentos e acessórios para confecção de lingerie e moda praia Aviamentos Tipos de malhas para confecção de lingerie e moda praia Fluxograma e montagem das peças Risco e corte em tecido de malha Acabamentos e costura Parte III Moldes moda íntima e moda praia Prática da costura industrial em lingerie e moda praia Noções de controle de qualidade no processo produtivo Através dos tempos, o homem vem produzindo a sua própria roupa e experimentando materiais para que sua vestimenta atenda às suas necessidades. Com a racionalização do trabalho, foram surgindo máquinas e equipamentos para a fabricação de fios e roupas. Na Europa, em meados do século XVIII, as fibras utilizadas eram a lã, o linho e a seda. O algodão surgiu no fim do mesmo século com um outro nome, “JULINE”, que era composto de fios de linho e algodão. O sucesso foi tanto que sua fabricação não atendida ao consumo. Com tanta demanda, as indústrias tiveram que importar grande quantidade de fios produzidos em outros países. A primeira fiandeira foi inventada por Thomas Higgs e tinha apenas seis fusos. Mais tarde, ela foi aperfeiçoada por James Hargreaves, e esta fabricava apenas a trama. Depois de quase 20 anos, Samuel Crompton criou a mule-jenny, uma máquina de fiação hidráulica que, ao progredir, tecia, com o mesmo movimento, de 30 a 1000 fios ao mesmo tempo, um grande avanço para a época. Com o decorrer dos anos, houve a necessidade de se produzir fibras artificiais. Esse fato surgiu porque a produção de fibras naturais não acompanhava o ritmo do seu consumo, ou seja, a demanda era grande para o A designação da mula é melhor compreendida quando se sabe que a palavra inglesa jenny, além de ser, primeiramente, um nome feminino, também denota o burro. Os próprios ingleses, além disso, preferem o termo mule jenny, o de girar a mula. A ortografia mull-jenny, usada aqui e ali em francês 2 , mas desprovida de significado, deve ser proscrita. algodão, e as fibras artificiais foram, aos poucos, suprindo o mercado têxtil. Estas fibras apareceram no final do século XIX. A fibra têxtil é a matéria-prima fibrosa, um termo para diversos tipos de materiais, naturais ou químicos, constituídos por macromoléculas lineares, que vão formar os fios têxteis. Uma de suas características é apresentar proporção entre comprimento, diâmetro e espessura, e a fibra também tem alta resistência à tensão e absorção, é elástica e possui alongamento. A fibra é utilizada para a fabricação de não tecidos, como também para a fiação. Tipos de fibras têxteis Fibras têxteis naturais: são retiradas da natureza e precisam de apenas alguns processos físicos para serem transformadas em fios. As fibras naturais tradicionais são comparadas às fibras vegetais, pois estas apresentam como principais vantagens: abundância, baixo custo, pouco volume, pouca capacidade de absorção de dióxido de carbono do meio ambiente, biodegradabilidade, além de serem renováveis. Em contrapartida, as suas principais desvantagens são: elevada absorção de humidade, baixa resistência a micro-organismos, baixa estabilidade térmica e propriedades mecânicas inferiores às das fibras não naturais. Estão divididas em: fibras têxteis animais: de origem animal, são obtidas a partir de secreções ou pelos de animais. Exemplos: seda (bicho-da-seda) e lã (Lhama etc.); Qual a diferença entre tecidos naturais e sintéticos? As fibras naturais são o algodão, o linho, a lã e a seda. Estas fibras se caracterizam por serem confortáveis, flexíveis, duráveis, resistentes e por “respirarem”, fazendo com que a roupa não tenha cheiro ruim. O ponto negativo é que amassam facilmente e desbotam com o tempo. Já os materiais sintéticos – viscose, acetato, poliéster, acrílico, entre outros – são resistentes, secam rapidamente e praticamente não amassam. Porém, não “respiram” e podem queimar com facilidade quando são passados. Fonte: http://www.audaces.com/tecidos-naturais-e-sinteticos-quais-as-diferencas- entre-eles/ fibras têxteis vegetais: de origem vegetal, são obtidas a partir de caules, sementes, folhas e frutos de vegetais. Exemplos: algodão, juta, linho, sisal, coco etc.; Fonte: http://plastico-fibrastexteis.blogspot.com.br/2010/08/tipos-de-fibras.html fibras têxteis minerais: de origem mineral, são obtidas a partir de rochas, com estrutura fibrosa, constituídas, essencialmente, por silicatos. Um exemplo de uma fibra de origem mineral é o amianto; Fonte: http://usimak.blogspot.com.br/2011/10/sisal-aumenta-resistencia-de-concreto.html Fibras têxteis químicas: são conhecidas como fibras manufaturadas, tecnofibras ou man-made-fibers (produzidas pelo homem e por máquinas). Compostas de macromoléculas lineares retiradas de processos químicos, é um grupo de fibras não naturais que engloba as fibras artificiais e sintéticas. As fibras químicas foram desenvolvidas, inicialmente, com o objetivo de copiar e melhorar as características e propriedades das fibras naturais. Fibras têxteis artificiais: são todas as fibras que se apresentam na natureza numa forma não utilizável. Por meio dealguns processos químicos, o homem as transforma e as coloca em condições de uso; são obtidas a partir da transformação de polímeros naturais, através da ação de agentes químicos em processos de extrusão. Geralmente o polímero percursor de muitas das fibras artificiais é a celulose, extraída de línters de algodão e folhas de árvores, como o eucalipto, bamboo, a soja, o milho, entre outras. Outros percursores, como a caseína do leite ou o alginato extraído das algas, podem igualmente ser utilizados. Ex.: viscose, modal, cupro, liocel, acetato, triacetato etc. Fonte: http://plastico-fibrastexteis.blogspot.com.br/2010/08/tipos-de-fibras.html http://carolinepalmer.blogspot.com.br/2013/01/tecnologia-textil-fibra.html Fibras têxteis sintéticas: não existem na natureza. O homem, por meio de processos químicos, as coloca em condições de uso, ou seja, são formadas por macromoléculas criadas (sintetizadas) pelo homem. As fibras sintéticas são normalmente produzidas quimicamente através de derivados do petróleo, originando uma vasta gama de materiais com propriedades diversas. O aparecimento das fibras sintéticas contribuiu fortemente para o alargamento da gama de aplicações dos materiais à base de fibras, considerando-se as suas propriedades físicas, químicas e mecânicas. Desta forma, fibras de poliéster, poliamida ou polipropileno encontraram rapidamente aplicações generalizadas e, em grande escala, em áreas ditas não convencionais – vestuário e têxteis-lar, incluindo medicina, transportes, aeronáutica, construção civil, entre muitas outras. Exs.: poliéster, poliamida, polipropileno, acrílico, elastano etc. Fonte: https://www.slideshare.net/Blowbell/blowbell-mens-wear-diferentes-tipos-de-fibras-para-tecidos Fonte: blowbell-mens-wear-diferentes-tipos-de-fibras-para-tecidos-5-1024 Fibras naturais vegetais e suas características Algodão Suave e confortável, possui boa solidez e amassa facilmente. É hidrofílico porque tem excelente capacidade de absorção. Ele absorve o suor, proporciona maior conforto e é antialérgico. Ainda dentro do grupo das fibras naturais, temos o cânhamo, que se origina das fibras do caule da planta de cannabis ruderallis. Tanto o cânhamo quanto a maconha são membros da família da cannabis, mas são cultivos diferentes dentro dessa família. O cânhamo possui aparência rústica, grande solidez, resistência e durabilidade; seus fios impedem a entrada de raios ultravioleta, além de terem uma propriedade chamada termodinâmica, que significa que a roupa fica fresca no verão e quente no inverno. Juta É resistente e sólida à luz do sol, ou seja, sua tinta, seu substrato ou a peça como um todo possui durabilidade. É um tecido ecologicamente correto e um dos mais utilizados depois do algodão. É totalmente versátil, econômico e forte. Atualmente, a cidade que mais cultiva a juta como matéria-prima é Bangladesh, e o maior fabricante de mercadorias é a Índia, seguida da China, Tailândia, do Mianmar, Butão e Nepal. Fonte: https://br.pinterest.com/explore/juta/?lp=true Linho O linho é obtido do caule do Linun usitatissimum, que se desenvolve em muitas regiões temperadas e subtropicais do planeta. No interior da casca da planta há células longas, delgadas e de espessas paredes, das quais os elementos fibrosos são compostos. Cultivada para a fibra, a planta do linho é anual e apresenta uma haste dupla que, posteriormente, se ramifica. Suas fibras têm aparência lustrosa, elevado “brilho” natural e possuem alta resistência e baixo alongamento. O linho tem alto grau de rigidez e absorve umidade com bastante rapidez. O cultivo, assim como o processo de produção da fibra, é muito caro, o que faz com que o tecido tenha um custo elevado. Para solucionar esse problema, as indústrias têxteis produzem a fibra de linho misturada a outras fibras, tais como o algodão e a viscose, sem perder as suas características. Rami Rami é uma planta cultivada permanente, que pode produzir, sem renovação, por cerca de 20 anos. A planta apresenta uma cepa de onde partem as hastes, que podem atingir, em terrenos apropriados, dois e três metros de altura. Destaca-se por sua grande aplicação em tecidos para vestuário e para artigos de decoração. É clara, brilhante e seus fios podem ser tão fortes quanto os do linho. A fibra é bastante durável, mas tende a perder elasticidade. Absorve água com muita rapidez e aumenta sua resistência em cerca de 25% quando molhada, o que torna os tecidos de fácil lavagem e de rápida secagem. Bastante resistente, rami tem a vantagem de ser uma fibra longa (150 a 200 cm). Os tecidos de rami têm boa aceitação no mercado, podendo ser considerados como um produto substituto muito próximo do linho, sendo de menor qualidade, mas com a vantagem de serem relativamente mais baratos. Em geral são vendidos ao consumidor final como se fossem linho ou com o nome de "linho rami", pois dificilmente as pessoas comuns conseguem distinguir o rami do linho, seja sob a forma de roupa pronta ou de tecido para ser confeccionado. Sisal É uma planta originária da América Central cujo ciclo de vida é longo e as fibras são retiradas através das folhas. É cultivada em regiões semiáridas e, no Brasil, seus principais produtores são os estados da Bahia e Paraíba. As cidades de Valente, Queimadas, Santa Luz, Retirolândia, São Domingos e Conceição do Coité são consideradas regiões sisaleiras, onde está localizado o maior polo produtor e industrial de sisal do mundo. Nesse polo industrial, concentram-se as maiores indústrias de produção da fibra de sisal, que produzem fios e cordas para serem exportados para diversos países. O comprimento varia entre 60 e 160 cm. Essa fibra apresenta excelente resistência à ruptura, ao alongamento e à água salgada (aumento de resistência quando molhada). Os principais produtos são os fios biodegradáveis, utilizados em artesanato, enfardamento de forragens, nas cordas de várias utilidades, nos torcidos e cordéis. As fibras podem ser utilizadas também na indústria automobilística, substituindo a fibra de vidro. Uma fibra sintética demora até 150 anos para se decompor no solo, enquanto a fibra do sisal, em meses, torna-se um fertilizante natural. Coco O Brasil produz uma grande quantidade de cocos por ano (aproximadamente dois bilhões), e seu consumo se restringe à agua e à polpa. O Nordeste é a região que concentra a maior parte do cultivo do coco e onde é descartada grande quantidade de casca, parte fibrosa e dura que representa 80% do peso total do coco, que acaba virando lixo. Isso significa que, para cada coco consumido, um quilo e meio de lixo orgânico é gerado. A casca do coco pode levar até 10 anos para se decompor, porém, é uma fonte de matéria-prima atraente para a indústrias de reciclagem. Essa matéria-prima pode ser transformada em estofamento para veículos, colchões, palmilhas, material para jardinagem, substrato para agricultura, tecido etc. De acordo com dados obtidos pela Embrapa, as dez maiores empresas processam, industrialmente e diariamente, mais de um milhão de cocos. Nessa cadeia produtiva, as indústrias que reciclam o que é descartado ganham força. A fibra e o substrato são as matérias extraídas da casca do coco, e ambos são reciclados. A fibra é utilizada como matéria-prima para a confecção de bancos para automóveis e mantas geotêxtis, e o chamado tecido não tecido, conhecido como TNT, feito da mistura de fibra de coco e látex, é utilizado na confecção de bolsas e artesanatos. Exercício: pesquisar outras fibras naturais de origem vegetal. Fibrasnaturais animais A lã é derivada do pelo dos ovinos, carneiros, das ovelhas e dos cordeiros. O comprimento das fibras varia de 50 a 150 mm, e estas apresentam ondulação natural, que constitui uma vantagem para a produção de fios e tecidos. As fibras mais finas apresentam um leve brilho superior ao das fibras grossas e têm a aparência semelhante à da seda. A lã é retirada da ovelha por meio de tosquia. A qualidade da lã depende da raça do animal e, antes de ser transformada em têxtil, passa por um processo de lavagem para serem retiradas as impurezas, como a terra e outro tipo de matéria orgânica. O suint e o sebo, produzidos pelo animal, são retirados após lavagem com água quente e carbonato de potássio para dissolver as gorduras do sebo. Após esse processo, a lã é pulverizada com óleos vegetais para amaciar o pelo e facilitar o deslizamento entre as fibras durante a fiação. Possui excelente alongamento, elasticidade, flexibilidade e durabilidade. Resistente ao frio, de fácil recuperação à forma original depois de ser lavada, não amarrota com facilidade, é muito confortável e tem um ótimo caimento. Outra característica marcante é que os tecidos de lã criam uma sensação de frescor, e isso acontece porque a temperatura do tecido encontra-se entre a temperatura da pele e a do meio ambiente. Assim, quando o tecido toca a pele, ocorre uma queda da temperatura do tecido. Quando o tecido 100% lã se distancia da pele para uma atmosfera mais úmida, ele reabsorve a unidade perdida. Esse processo repete-se toda vez que uma parte do tecido entra em contato com a pele. Conforme pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio Grande do Sul é o maior produtor de lã do país. Seda O fio de seda é retirado do casulo da lagarta de diversas mariposas. A mais comum é o bicho-da-seda da amoreira, que responde por 95% da produção mundial. A sericultura moderna é mecanizada, porém, o processo de produção é basicamente o mesmo há cinco mil anos. Segundo a lenda, o primeiro fio de seda foi descoberto pela imperatriz Hsi-Ling-Shi, em 2.640 a.C. Embaixo de uma aroeira, quando tomava o chá da tarde, um casulo do bicho-da seda teria caído dentro do chá fervente; a imperatriz, então, percebeu que, amolecido pelo calor do chá, o casulo poderia ser desenrolado, formando um fio. Os chineses produziram a seda com exclusividade por três milênios. Considerado um tecido nobre e com alto valor comercial, o tecido que pode ser usado em dias quentes ou frios chamou a atenção dos maiores comerciantes da época. Foi então que o governo chinês proibiu a exportação de ovos de mariposas e sementes de amoreiras, condenando à morte os traficantes. A fibra que é produzida pelo bicho-da-seda é um dos mais nobres tecidos que o homem já utilizou para a fabricação de tecidos. Seu brilho e textura são únicos e, além de sua maciez ser extremamente resistente, é muito apropriada para regiões de clima quente, pois absorve umidade e suor. Desde a época de sua descoberta é um tecido nobre apreciado pela alta sociedade. A seda é um tecido extremamente desejado e por anos o oriente foi o principal produtor. Na Idade Média, a seda era tão valorizada que os nobres chegaram a trocar um quilo de seda por um quilo de ouro. No Brasil, as primeiras plantações de amoreiras surgiram em Minas, por ordem de dona Maria I, a Louca, que reinou de 1777 a 1792, quando foi declarada mentalmente incapaz. Mas, a produção de seda teve início apenas no Segundo Império. Atualmente, o Brasil é o quarto produtor mundial da seda, no entanto, esse mercado ainda é dominado pelos chineses, produtores de quase metade da seda comercializada na Terra. A seda é um tecido macio, maleável e de brilho intenso. Confortável, mantém a temperatura do corpo. Pode ser usado em camisas, saias, blusas, batas e em alguns produtos de decoração. Além de ser antibacteriano, esse tecido é antialérgico e, ainda por cima, termodinâmico. Caxemira A lã de caxemira é um dos têxteis naturais mais luxuosos e caros do mundo. Por suas características utilitárias e estéticas, também está entre os tecidos mais procurados. É uma das mais finas fibras, proporcionando sensação quente, de leveza e maciez, além de ter efeito terapêutico no corpo humano. O processo de extração da fibra é demorado, porque, entre os pelos ásperos e mais duros, estão os pelos macios. As cabras caxemiras não são animais que se reproduzem com frequência, e esse é um dos motivos de essa fibra ser uma das mais procuradas. Anualmente, produz-se em média 150g por animal. Exercício: pesquisar outras fibras naturais de origem vegetal. Fibra têxtil mineral Amianto O amianto foi descoberto no séc. XIX, com o advento da Revolução Industrial. A matéria-prima, escolhida para isolar termicamente as máquinas e os equipamentos, atingiu seu apogeu nos esforços da primeira e segunda guerras mundiais. Depois desse período, as epidemias de adoecimentos e vítimas levaram o mundo "moderno" ao conhecimento e reconhecimento de um dos males industriais do século XX. Constatou-se que o amianto é um material extremante perigoso à saúde humana, passando a ser considerado daí em diante como o "pó assassino”. Suas características são: boa qualidade isolante, durabilidade, flexibilidade, incombustibilidade (característica do que não se queima). Resumo Fibra têxtil animal: seda, lã, lhama etc. Fibra têxtil vegetal: algodão, linho, sisal, coco etc. Fibra têxtil mineral: amianto. CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS As fibras têxteis possuem várias fontes de extração, e esse critério é utilizado para sua classificação. As fibras podem ser de origem natural quando extraídas na natureza, ou de origem não natural quando produzidas por processos industriais. Fibras celulósicas ou de celulose As fibras celulósicas são as fibras cujo componente primordial é a celulose. A celulose é um carboidrato constituído por 44,4% de carbono, 6,2% de hidrogênio e 49,4% de oxigênio. Possuem diversas propriedades em comum, queimam fácil e rapidamente, soltam odor de papel queimado e produzem resíduos e cinzas de cor acinzentada. A celulose é decomposta por soluções fortes de ácidos minerais, mas apresentam excelente resistência a soluções alcalinas. As fibras têxteis compostas por celulose pura são: · fibras celulósicas naturais: algodão, linho, juta, sisal etc.; · fibras celulósicas artificiais regeneradas: modal e viscose; · fibras celulósicas artificiais modificadas: diacetato e triacetato. Fibras celulósicas artificiais regeneradas: As fibras de celulose regenerada são fibras químicas obtidas através da celulose quimicamente tratada. Proveem da polpa da madeira ou de pequenos ramos do algodão. São elas: rayon, viscose e acetato. Rayon O algodão rayon é uma fibra produzida por meio de um processo que utiliza matérias-primas naturais, como a celulose, para desenvolver um tecido que se assemelha muito ao algodão e ao linho. No final do século XIX, o rayon foi desenvolvido na França e ganhou espaço no mercado por conta de sua versatilidade, relação custo-benefício e semelhança com outros tipos de fibras para o consumidor final. Apesar de ser uma fibra confeccionada através de um processo industrial, o uso de materiais naturais faz com que as peças de roupa produzidas com o rayon tenham as mesmas características de conforto, bem- estar, leveza e bom caimento. É um tecido leve e fluido que não adere ao corpo e dá um caimento bastante elegante para quem o estiver vestindo. Ao contrário dos tecidos sintéticos, o rayon é um tecido que respira e, por esse motivo, é muito usadopara a fabricação de roupas esportivas e de verão, pela sua leveza, por seu frescor e conforto. Viscose É composta por uma fibra artificial de celulose, fabricada a partir de pequenos pedaços de madeiras triturados de árvores pouco resinosas. Essa matéria-prima é processada por extrusão, formando uma pasta celulósica agregada a outras soluções; desse processo, se obtém a fibra. A viscose é utilizada em malhas, vestidos, casacos, blusas e trajes desportivos, e também é conhecida por seda javanesa (em mistura com o acetato). O crepe de viscose é formado por fios de filamentos de viscose, excessivamente torcidos. Os fios fiados de viscose formam o filamento e podem ser cortados e processados em tamanhos diferentes, mais apropriados para o algodão, a lã ou o linho. Da fibra da viscose, originam-se o poliéster-viscose, a viscose-linho e a viscose-lã, que recebem o nome da fibra natural que entra na sua composição. Fibras artificiais modificadas Fibras de acetato O acetato também é uma fibra obtida a partir de um processo químico derivado da celulose. Conhecido também como ácido acético, por este produto fazer parte da sua composição, não deve ser confundido com o rayon, pelo fato de suas propriedades físicas e químicas, assim como a sua reação aos corantes, serem diferentes do rayon. Poliamida Segundo o dicionário on-line da Língua Portuguesa, poliamida é um composto caracterizado por mais de um grupo de amida, especialmente uma amida polimérica (como o náilon, um polipeptídeo ou uma proteína). A etimologia da palavra poliamida é poli + amida. Foi o primeiro tecido produzido industrialmente, por volta dos anos 1930. Seu toque é mais macio e se aproxima mais do toque do algodão. É leve, seca rápido e tem boa resistência. No vestuário, a poliamida é mais usada para a moda praia, roupa íntima e esportivas. Poliéster O poliéster é um tipo de plástico com diversas aplicações industriais, em especial na produção de tecidos para a fabricação de roupas. A fibra é obtida de processos químicos e deriva do petróleo. O poliéster é caracterizado por ter uma ótima resistência, baixo encolhimento, secagem rápida e, além disso, não amarrota. Surgiu ainda no século XIX, quando apareceram as primeiras fibras artificiais pela necessidade do ritmo do consumo das fibras naturais, que era muito grande para a época. Conde Hilaire de Chardonnet, percursor desse descobrimento, em 1889, apresentou, em Paris, uma amostra da seda artificial. Já o poliéster foi descoberto por JR. Winfield, na Inglaterra, no ano de 1941. Após 14 anos, começou a ser produzido em grande escala. Mais áspero, se comparado com a poliamida, seu baixo custo permite a confecção de roupas com um preço mais acessível, além de secar rápido e ser difícil de encolher e amassar. O poliéster foi desenvolvido depois da poliamida, por volta dos anos 1950. Elastano O elastano é uma fibra sintética conhecida por sua grande elasticidade. É a “lycra” pura, sem a adição da poliamida, mais forte e durável do que a borracha, sua principal concorrente. Foi inventada em 1959, pela Du Pont e, quando foi colocada no mercado, revolucionou a área da indústria do vestuário, principalmente na confecção de trajes esportivos e meias. O elastano deve ser misturado com outros materiais e encontramos, especialmente, a mistura com algodão, numa combinação perfeita entre o natural e o sintético. O elastano entra sempre em menor proporção na composição do tecido. Pode- se encontrá-lo na forma nua, na produção de tecidos de malha ou recoberto com poliamida em forma de multifilamento ou almado. Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/elastano/ O desenvolvimento da cadeia têxtil no cenário brasileiro Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis e Confecção (ABIT), nos últimos sete anos o crescimento das importações de vestuário foi de 658%. A importação representa hoje 25% do consumo têxtil de confecção. Atualmente, a cadeia têxtil e de confecção no Brasil vai muito além do que pensamos, pois existem 30 mil empresas em atividade regular e oito milhões de empregos direto e indireto. O faturamento anual é de oito bilhões de reais e, apesar de grandes dificuldades de competir em um mercado cada vez mais globalizado, a indústria brasileira como um todo ainda cresce na economia nacional. Fatores como a oscilação cambial, a carga fiscal e a infraestrutura deficiente dificultam a competição dos produtos fabricados no Brasil no mercado internacional. Apesar de todos esses entraves, se fortalece uma luta cada vez mais intensa e estruturada em defesa do setor têxtil, que emprega cerca de 1,5 milhão de brasileiros, e é demasiado relevante para o desenvolvimento do país. Fonte: http://www.abit.org.br/conteudo/links/publicacoes/cartilha_rtcc.pdf Resumo do que estudamos até agora: 1. No grupo das fibras animais, incluem-se todas as fibras produzidas por animais. 2. No grupo das fibras vegetais, aquelas que são compostas por celulose se encontram na natureza já em forma de fibras. 3. No grupo das fibras minerais, estão as rochas fibrosas. 4. No grupo das fibras químicas, que também podem ser chamadas regeneradas, incluem-se as fibras cuja estrutura química final é a mesma ou muito próxima da matéria-prima que lhe deu origem, como por exemplo a celulose (polpa da madeira). 5. No grupo das fibras sintéticas orgânicas, incluem-se as fibras obtidas por síntese, a partir de matérias primas orgânicas. Hoje, é o grupo com maior relevo quanto à produção e ao consumo mundial. 6. No grupo das fibras sintéticas inorgânicas, incluem-se as fibras de vidro. 7. Finalmente, as fibras metálicas são constituídas por metais, podendo este grupo ser considerado também como de fibras regeneradas. Tecido têxtil é definido como um material que pode ser de fios de fibra natural, artificial ou sintética. É composto por diversas formas de fios e utilizado em forma de vestimenta (roupa) e cobertura de diversos usos (decoração, limpeza, equipamento de segurança ou medicinal). Tipos de tecidos Tecido plano: é uma estrutura produzida pelo entrelaçamento de um conjunto de fios de urdume e outro conjunto de fios de trama, formando ângulo de (ou próximo) a 90º. Malha: a carreira de malhas é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido da largura do tecido. Já a coluna de malha é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido. A laçada é o principal elemento deste tipo de tecido, constituindo-se de uma cabeça, duas pernas e dois pés. Tecido não tecido: conforme a norma NBR – 13370, não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras, ou filamentos, orientado na mesma direção ou aleatoriamente, consolidado por processos: mecânico (fricção), e/ou químico (adesão), e/ou térmico (coesão) ou pela combinação destes. Urdume: conjunto de fios dispostos na direção longitudinal (comprimento) do tecido. Trama: conjunto de fios dispostos na direção transversal (largura) do tecido. Parte II Máquinas, equipamentos e acessórios para a confecção de lingerie e moda praia Aviamentos Tipos de malhas para confecção de lingerie e moda praia Fluxograma e montagem das peças Risco e corte em tecido de malha Acabamentos e costura As lingeries são produtos que seduzem tanto o público masculino quanto o feminino e têm alta vendagem no mercado. O Brasil é o 5º maior produtor mundial de roupa íntima, em um mercado dominado pela China, Índia, pelos EUA e pelo Paquistão, e estamos em uma posição de destaque.Esses dados foram divulgados pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), que é especializado no setor. O crescimento do setor foi de 33% nos últimos quatro anos, índice alto comparado a outros setores do vestuário. Isso significa um leque de oportunidades de empreendimento na área, um mercado promissor para quem sabe explorar o segmento cheio de oportunidades inovadoras. Existem infinitos modelos, tamanhos e cores, atendendo todos os bolsos e todas as faixas etárias, num cenário peculiarmente voltado à customização e à experimentação das peças. Mais do que peças do vestuário feminino, a lingerie atingiu o auge da ousadia e inovação na década de 1960, com a revolução sexual e feminista. Por todo país, cerca de 1,5 bilhão de peças são produzidas de norte a sul, movimentando R$ 3,6 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Industria Têxtil (ABIT). Um dos fatores que contribui para a expansão do setor é a oferta de cursos técnicos e universitários na área do design, criando a possibilidade de empresários e interessados pelo setor fabricarem suas próprias peças de forma mais simples. Com o uso de novas tecnologias, máquinas e equipamentos, o setor vem atraindo o interesse de pessoas com ideias e técnicas novas para incrementar e alavancar o crescimento. No próximo tópico vamos conhecer as máquinas e os equipamentos essenciais para a confecção de lingerie e moda praia. Máquina Três Pontos modelo 20U-309-03: também faz costura reta. É de fácil manuseio, podendo ser utilizada em vários tipos de tecidos, efetuando várias funções diferentes. Podemos usá-la para pregar zíper e botão, rebater elástico e efetuar aplicações em tecidos em geral. Através de regulagem é possível efetuar bordados manuais com bastidores. Máquina Ponto Fixo: a máquina de costura ponto fixo 301 é a mais utilizada no processo de costura. Ela possibilita realizar operações simples, como costurar retas ou costuras mais complexas, tais como fechamento de peça ou até mesmo a construção da peça em sua totalidade. Essa classe de máquina pode possuir uma agulha (conhecida popularmente como reta) ou duas agulhas (pespontadeira). Máquina Zig Zag: é específica para tecidos de malha, mais precisamente para acabamentos, recoloca elásticos em lingeries e cuecas etc. Máquina Travete: máquina robusta, que tem como finalidade fazer travas em pontos específicos, onde há maior tensão como bolsos, passantes, laterais, zíperes. Máquina Overlok Industrial e semi-industrial: para acabamento em tecidos planos e fechamento de tecidos de malha. Diferente da reta industrial, exige o uso de três a quatro linhas para a formação da corrente, um espaço maior e, por ser industrial, precisa de um local fixo. Overloque caseira: tem a mesma função, mas, por ser caseira, torna-se portátil, podendo ser transportada com maior facilidade. Máquina Duas agulhas ou ultralock - máquina de costura doméstica que permite o ajusto de pontos mais largo e mais estreito, sendo possível ter o ponto de overloque e o ponto de segurança, com distância menor do que o da interlock, chamado de ponto cadeia. Essa máquina tem duas agulhas, podendo trabalhar com dois fios e duas linhas, tendo como resultado um ponto duplo. Máquina Galoneira: utilizada para fazer acabamento em malha (barras simples, galão e trançador) e também fabricar lingerie para rebater elásticos, colocar viés, vivo etc. São utilizadas duas linhas e um fio, de uma a três agulhas, dependendo do acabamento que se quer ter. Interloque: tipo de overloque com três agulhas que faz a costura reta e overloque ao mesmo tempo, diminuindo a necessidade do uso da overloque, acelerando o processo de produção. Aviamentos Aviamentos são todos os acessórios que vão na peça, agregando funcionalidade. A confecção de qualquer peça do vestuário requer o emprego de aviamentos que variam de acordo com a finalidade da peça. Ex.: botões, rendas, zíperes, elásticos etc. Os aviamentos usados na confecção de lingeries são: 1. renda 2. etiqueta 3. viés comum 4. barbatana 5. armação de sustentação 6. elástico 7. reguladores 8. fecho 9. tule 10. tule lycra 11. laço 12. bojo por metro 13. bojo pronto Linhas e fios Fios: utilizar fios 100% poliamidas (overloque e Interloque). Os loopers das máquinas overloque, elastiqueira e trançadeira deverão utilizar os fios de poliamida. Linhas: a linha varia de acordo com o tecido a ser usado. A linha de algodão mercerizada é uma linha bem versátil e recomendada para tecidos sintéticos e de malha. Ao final desse capítulo, vamos pesquisar para que serve cada aviamento utilizado na montagem de uma peça de lingerie Tipos de malhas para confecção de lingerie Para a confecção de lingeries, os tecidos mais indicados são com, no mínimo, 5% de elastano. Para os sutiãs, aqueles são adequados nas laterais e na base para ficarem mais elásticos. Já a copa e o bojo, que não precisam de muita elasticidade, podem ser de tecidos sem elastano, como por exemplo o cetim, algodão, as rendas etc. Nas calcinhas, recomenda-se utilizar tecidos com elastano por serem mais confortáveis, sendo apenas um detalhe utilizado na parte da frente. Tecidos mais usados na confecção de lingerie Algodão: tecido confortável, de fácil modelagem e costura, apropriado para forros de calcinha e sutiãs. Muito usado em peças de lingeries artesanais, como calcinhas e cuecas para adultos e crianças. Lycra Tactel Lingerie: lycra de microfibra, com toque e caimento mais sedoso, com qualidade melhor para confeccionar peças íntimas. Microfibra: é um tecido fino e suas fibras têm um diâmetro 100 vezes menor do que um fio de cabelo humano. Encontra-se com brilho, fosco, com estampas detalhadas e em diferentes gramaturas, o que resulta em um tecido mais leve ou mais pesado. Existe também a microfibra elástica, que possui elastano em sua composição. A microfibra é muito versátil, pois é um tecido suave e macio ao toque, mas, ao mesmo tempo, oferece muita resistência e alta durabilidade. Com relação ao acabamento, por causa de sua composição, a microfibra exibe alta solidez de cores. Além disso, é um tecido que permite a transpiração e, portanto, as peças com microfibra secam muito mais rápido. Suas características são: possui toque suave e macio; permite trocas térmicas; respira; tem durabilidade e resistência; possui solidez e conforto; apresenta secagem rápida, tem bom caimento e favorece a transpiração. Liganete: malha de pouca elasticidade, é mais apropriada para pijamas, camisolas, baby doll etc. Sua composição é 96% poliéster e 4% elastano, e seu rendimento é de 3,30/3,70 m/Kg. Cotton: é uma palavra em inglês que se refere ao algodão, fio, à fibra ou ao tecido. O cotton é o algodão com o elastano. Sua composição é 92% algodão e 8% elastano. Rendas: a renda mais apropriada para a confecção de roupa íntima é a que possui elastano. As rendas de poliamida com elastano são clássicas na confecção de lingeries, pois são produzidas em diversos padrões, larguras e acabamentos nas pontas ou nos bicos (arremates nas extremidades do tecido que não deixam a renda desfiar). Cortes de renda mais largos são ideais para forrar bojos de sutiãs, fazer calcinhas mais largas, como as coleções, e até fazer adornos em camisolas e outras peças. Rendas estreitas são usadas para a aplicação de detalhes e acabamentos em inúmeros itens. A poliamida A poliamida têxtilé uma fibra sintética produzida a partir de um conjunto de processos químicos e tecnológicos (compostos petroquímicos), à base de carbono, que lhe confere grande versatilidade de uso e aplicações no setor têxtil, como na fabricação de tecidos para roupas de banho (biquínis, sungas e maiôs), roupas esportivas, lingeries, meias finas, entre outras. As principais características da poliamida são: - alta resistência; - baixa capacidade de absorção de umidade; - elevada durabilidade; - bom acabamento na confecção de materiais têxteis, valorizam as peças fabricadas com esse tipo de material. As fibras de poliamida podem ser obtidas em diversas espessuras de fios, o que reforça o grande leque de aplicabilidade desse material. As fibras de poliamida são tão diversas que podem apresentar espessuras que possibilitam classificações que vão deste 1 dtex até 2.100 dtex. wecomex.com.br/tecido.pdf Elastano Segundo principal componente dos tecidos, o elastano também é uma fibra sintética, derivada de polímeros petroquímicos, e possui as mesmas características da poliamida: elevada resistência mecânica, baixa capacidade de absorção de umidade, alta durabilidade e boa aceitação de processos de acabamento nas peças. Porém, a principal característica do elastano é a sua alta elasticidade, pois uma fibra desse material pode ser esticada até sete vezes o comprimento original. Além da alta elasticidade, o elastano possui propriedades notáveis de recuperação, o que o torna um tecido nobre, lhe confere qualidades indispensáveis às roupas de banho (biquínis, maiôs e sungas), além de trazer conforto e um excelente caimento. Por tudo isso, podemos dizer que o elastano é uma fibra especial para ser usada em combinação com outras fibras, cujo percentual, normalmente, varia entre 5% e 20%. No caso da lycra, o percentual recomendado é de 15%, sendo a maior parte, ou seja, 85%, de poliamida. O que significa dtex: O termo tex é semelhante a uma unidade de medida que é adotada pelo sistema internacional de unidades (SI) para especificar fios da indústria têxtil. 1 tex corresponde ao peso de um fio de 1.000 metros de comprimento que, nesse caso, é igual a 1 grama. Assim, temos que: 1 tex = 1 g/1.000 m. Dtex é um submúltiplo dessa unidade e corresponde a 10% de um tex, ou seja: 1 dtex = 0,1 tex. Portanto, uma fibra de 1 dtex pesa 0,1 grama por 1.000 metros de comprimento, ou seja: 1 dtex = 0,1 g/1.000 m. Se as fibras de poliamida variam de 1 a 2.100 dtex, isso significa que possuem 0,1 g/1.000 m a 2,1 g/1.000 m. Fluxograma e montagem das peças Planejamento da coleção: primeira etapa do processo produtivo. Planejar uma coleção significa criar e atender as necessidades do público-alvo, bem como as quantidades solicitadas, de acordo com a capacidade produtiva da empresa. É nessa etapa que são definidos o desenvolvimento do produto, a formação do preço de venda e a ficha técnica. A ficha técnica é um documento que deve conter todas as informações e especificações necessárias para a confecção da peça. É um recurso de comunicação que circula na empresa para garantir que as informações necessárias para o desenvolvimento do modelo cheguem aos responsáveis de cada etapa e aumentem a agilidade e a entrega de resultados com qualidade. A partir das informações contidas na ficha técnica é que a empresa vai avaliar a viabilidade da produção da peça. É importante lembrar que cada empresa deve elaborar uma ficha técnica que adeque melhor as suas necessidades. Ela deve conter todas as informações pertinentes à peça e, ao longo do processo de desenvolvimento desta, vai se modificando e recebendo as informações de cada etapa. No final do processo ela estará completa e pronta para a próxima etapa, registrando todo o histórico daquele modelo. Seguem, abaixo, dois exemplos de ficha técnica: Planejamento do processo produtivo: nessa etapa é necessário um planejamento dos insumos que serão usados em todas as peças da coleção. No caso de uma empresa onde a produção depende dos pedidos dos clientes, essa etapa otimiza a produção das peças aprovadas na etapa anterior. É necessário identificar os pedidos dos clientes, as datas de entrega e o estoque de materiais. Estoque de materiais: o estoque é um setor da empresa ou indústria que precisa ser controlado periodicamente, pois o tempo de entrega dos fornecedores e o grau de importância nas entregas das mercadorias são fundamentais para a empresa cumprir os prazos com os clientes. É importante que haja um controle de materiais que não estão sendo utilizados. A organização da matéria-prima e dos aviamentos é fundamental para o andamento do processo. Modelagem: a modelagem se define pela interpretação do desenho criado pelo estilista e transferido para um molde em um papel. O profissional responsável por essa etapa da produção chama-se modelista. Essa etapa é uma das mais importantes do processo produtivo, pois é a partir do molde que se desenvolve a peça-piloto. Desta forma, esse profissional deve ser escolhido criteriosamente. Existem, então, dois tipos de modelagens: Modelagem plana ou bidimensional: esse tipo de modelagem é fundamentado na matemática, caracterizada por ser um método geométrico, pois utiliza da geometria para a construção dos moldes. Através das formas anatômicas do corpo humano, o modelista constrói diagramas feitos em papel, que são baseados nas medidas do corpo humano através de linhas horizontais e verticais. A modelagem plana pode ser dividida em bidimensional manual e bidimensional computadorizada. A modelagem bidimensional computadorizada é feita com o auxílio da tecnologia. Atualmente existem softwares específicos para desenvolver moldes, que representam a mesma técnica da modelagem manual, otimizando mais o processo. Esse tipo de modelagem com base em tabelas padronizadas auxilia as grandes indústrias a produzirem em larga escala. A modelagem tridimensional é desenvolvida com a utilização de bustos e manequins, que remetem às formas humanas, permitindo um trabalho mais efetivo, pois utiliza as medidas e as curvas corporais (três dimensões), que retratam a profundidade. A grande vantagem é que o molde se adequa ao caimento perfeito da peça ao corpo humano. Normalmente é utilizada em ateliês, onde não há produção em larga escala, e sim peças produzidas com exclusividade. As bases prontas, ou seja, os moldes auxiliam muito o trabalho do modelista. Normalmente, apenas ¼ do molde completo é cortado no papel. Isso serve apenas para as bases simétricas. Modelagem simétrica: veste igualmente os dois lados do corpo, esquerdo e direito. Modelagem assimétrica: as partes que vestem o lado esquerdo e o lado direito do corpo são diferentes ou formadas por peças únicas. Risco: é uma etapa responsável pelo encaixe do molde em cima do tecido. De grande importância para o rendimento do tecido, depende da capacidade de encaixe dos moldes utilizados. Enfesto: é o processo de descansar as várias camadas de tecido sob uma mesa. É importante que o comprimento se baseie na matriz para dispor o tecido na mesa de corte. No enfesto, não se deve esticar os tecidos, pois isto alterará as dimensões dos produtos; apenas é aconselhável desenrolar os tecidos sob a mesa de corte. Corte: pode ser feito manualmente com a tesoura ou de forma mecânica, com o auxílio de máquinas especiais. A precisão do corte, seguindo as linhas do risco, é importante na qualidade do produto final e deve ser realizada por profissional qualificado e equipamento adequado ao tipo de tecido e altura do enfesto. Preparação para a costura: é uma etapa muito importante para a qualidade da costura.Tudo o que for usado naquela peça é imprescindível estar agregado com a peça. Exs.: ficha técnica, etiquetas, botões, elásticos etc. Costura: esta etapa é o gargalo da empresa por exigir grande quantidade de máquinas, equipamentos e pessoal qualificado. Todos os profissionais têm que ser capacitados para realizar as operações de montagem da peça. Limpeza da peça: responsável pela retirada dos fios e vistoria da peça. Alunos, vamos pesquisar em que situações são usadas as modelagem simétrica e assimétrica. Passadoria: esta não cabe à produção de moda praia e lingerie, pois trata-se de uma etapa que se faz necessária ao surgimento de costuras franzidas, que são originadas durante o processo produtivo. Estoque de produtos: o setor de estoque somente armazena peças quando a empresa produz para depois vender; nas empresas em que apenas se trabalha com pedidos, o estoque é circulante, ou seja, o ideal é que todo o produto que chegue à expedição seja logo faturado e enviado ao cliente. Expedição: a última etapa do processo produtivo começa logo na saída do corte, durante a preparação para a costura, porque é importante reunir as referências conforme a necessidade da empresa para faturamento. Isto agiliza as entregas na expedição, contribuindo para a satisfação dos clientes e a efetivação de novas vendas. Através das etapas da indústria de confecção é possível verificar que o processo produtivo é longo e necessita de estudos, tanto para a inovação de modelos de lingerie como para aprimorar o processo produtivo em um ambiente que está cada vez mais acirrado. O corte em tecido de malha O conhecimento do tecido é importante quando se vai montar uma peça. Use, portanto, o conhecimento adquirido na disciplina de Tecnologia Têxtil para escolher o melhor tecido para suas peças. Não se esqueça de olhar a composição e anotá-la na ficha técnica. Urdume: fio vertical paralelo à ourela, possui menos elasticidade. Diz-se que a roupa cortada no sentido do urdume é “cortada no fio”. Este sentido dá à roupa um aspecto menos volumoso. Segundo Araújo (1996, p. 25), “o sucesso do funcionamento de uma empresa depende de uma boa estrutura organizacional: comunicação eficaz, boa definição e eficácia de níveis de coordenação e funções, bem como os procedimentos internos”. Trama: sentido horizontal, perpendicular à ourela, possui mais elasticidade. Raramente se corta uma roupa na trama, com exceção dos tecidos que possuem barra. Viés: sentido diagonal em relação à ourela, possui mais elasticidade que a trama. Uma peça cortada no sentido do viés tem o caimento mais suave. 1.1 Preparação do tecido Quando compramos um tecido, geralmente os vendedores puxam uma de suas pontas e o rasgam. Isso faz com que as beiradas fiquem desiguais, sendo necessário acertá-las. Assim, corte a ourela com a tesoura, puxe um fio do tecido e corte cuidadosamente ao longo do fio puxado até atingir a outra ourela. O tecido também pode ter sofrido alguma distorção na fábrica, de modo que a trama e o urdume não estejam perfeitamente perpendiculares. Neste caso é preciso fazer o alinhamento dos fios. Coloque o tecido sobre uma superfície plana e dobre-o, juntando as ourelas. Se o tecido ficar enrugado, precisa ser acertado de acordo com os passos seguintes: puxe o tecido no viés em todo o seu comprimento, até que fique alinhado; passe a ferro o tecido antes de cortá-lo (tecidos não sintéticos). É muito importante tomar todos esses cuidados para corrigir as distorções do tecido antes de cortá-lo, porém, devemos ter conhecimento de que nem sempre é possível fazer tais correções. Alguns tecidos, como os que possuem acabamento à prova d’água, vinco permanente ou forro colado, não permitem que seja feito este realinhamento da trama. No caso de tecidos que têm a tendência a encolher − ou quando há a intenção de se fazer uma peça com dois ou mais tecidos diferentes −, é aconselhável molhá-los e deixá-los secar à sombra antes de cortar. Quando o tecido estiver muito enrugado é importante passá-lo a ferro, para que não ocorra qualquer alteração do molde. Dicas na hora de comprar o tecido Verificar os critérios abaixo: Estrutura: deve ser firme, sem fios soltos ou rompidos, e ter espessura uniforme; Fios: os fios da trama devem ser perpendiculares às ourelas; Cor: deve ser uniforme e firme. No caso de tecido estampado, verificar se há falhas na estampa; Verifique sua composição para saber como manuseá-lo durante a confecção da peça e como passar e lavar a peça já pronta. De preferência, anote a composição do tecido na hora da compra. Como reconhecer o avesso e o direito do tecido É necessário identificar o direito do tecido antes de cortar uma peça, pois o risco deve ser feito sempre pelo avesso. Nos tecidos que são enrolados em peça ou tubos, o direito está sempre para dentro, e você deve observar isso quando estiver comprando. Outras formas de identificação são: tecidos macios são mais brilhantes do lado direito; tecidos com textura apresentam mais definição do lado direito e, no lado avesso, podem-se observar irregularidades como bolinhas ou linhas soltas; tecidos com textura no estilo brocado são mais macios do lado direito e têm fios levantados do lado avesso; tecidos estampados: as cores são mais vivas do lado direito, e geralmente a ourela dos tecidos é mais macia do lado direito; geralmente as malhas, quando esticadas, enrolam as suas bordas para o lado direito; existem tecidos nos quais o lado direito e o avesso são muito semelhantes e, neste caso, escolha um dos lados para ser o direito e marque o avesso com giz para não confundir. COMO TRABALHAR COM TECIDOS DELICADOS Tecidos com pelo Estes tecidos pertencem ao grupo de estrutura com pelos. Há uma rica variedade deste tipo de tecido, podendo ser de fibras naturais ou artificiais, como de veludo, pelúcia, peles ou imitação de peles, ter pelo curto com superfície aveludada e pelos com menos de 3mm ou pelo longo com superfície com pelos com mais de 3mm. Cada tipo deste tecido precisa de cuidados específicos. Os veludos podem ser feitos de seda, acetato e/ou raiom. Nos tecidos de pelo curto, você pode cortar o sentido do pelo para cima para obter um efeito de cor mais viva e com sentido do pelo para baixo, obtendo um tom mais opaco; Nos tecidos de pelo longo, corte sempre o sentido do pelo para baixo. Risque cuidadosamente as partes do molde com giz e corte-o rigorosamente em cima da linha riscada. Separe as partes e identifique todas elas do lado avesso para não as confundir. Montagem Antes de costurar, prenda as partes com alfinetes ou alinhave-as. Mantenha as margens de costura regulares e costure apenas uma vez, pois, se a costura for desfeita, deixará marcas no tecido. Deve-se utilizar uma agulha fina de ponta arredondada (ponta bola). As costuras devem ser feitas de preferência seguindo o sentido do pelo. Para os tecidos de pelo alto, deve-se tomar também o cuidado de regular a tensão da máquina e aumentar o comprimento do ponto. Nos tecidos de pelo alto, elimina-se o excesso de volume nas margens de costura, aparando o pelo neste local. Para os veludos, recomenda-se o acabamento da bainha com debrum, podendo este ser uma tira de tule. Em seguida, vira-se a bainha e costura-a com um ponto invisível. TECIDOS LISOS E TRANSPARENTES Risco e corte Estender o tecido sobre uma superfície plana e lisa. Prenda as partes do molde ao tecidocom alfinetes finos ou corte as partes do molde em papel de seda, unindo-as ao tecido por alinhavos e costurando papel e tecido juntos, para que o tecido não deslize. Se for riscar o tecido, faça-o sempre pelo lado avesso. Quando o molde tiver partes de contorno bem definido, corte-o em papel de seda, já com as margens, alinhavando estas peças, em seguida, ao tecido, recortando tudo junto. Ao costurar as partes, mantenha o papel de seda e só retire-o após terminar de unir as partes. Montagem Costure apenas uma vez, pois os pontos, depois de retirados, deixam marcas no tecido. Para isso é necessário alfinetar ou alinhavar sempre as partes antes de unir. Deve ser manuseado com cuidado, pois amarrota, suja e desfia com facilidade. Para evitar que o tecido escorregue ao costurar, coloque tiras de papel de seda entre o tecido. Ajuste o comprimento e a tensão do ponto para evitar que o tecido franza com a costura. A tensão deve ser reduzida, e o ponto deve ser pequeno. Para evitar que o tecido estique, prenda sempre as partes com alinhavos. Use agulha de máquina fina de ponta arredondada. Os detalhes de montagem nos tecidos transparentes devem ter acabamento perfeito por serem visíveis do lado direito. Nestes casos, pode-se recorrer a costuras francesas ou com debruns. Os tecidos transparentes podem ser arrematados com uma simples bainha virada. Nos tecidos mais maleáveis, pode-se aplicar uma bainha em rolinho. Estas bainhas podem ser feitas à mão ou à máquina, com o auxílio de um pé calcador-embainhador. TECIDOS COM ELASTANO Atualmente, a indústria têxtil tem produzido tecidos finos como crepes, veludos e rendas com fios de elastano, para dar mais aderência e conforto às roupas mais sofisticadas. Porém, a utilização destes tecidos é bem mais difícil. São imprescindíveis alguns cuidados no corte e na montagem das peças feitas com tecidos que contenham fios de elastano. Risco e corte · Estenda o tecido sobre uma superfície plana e lisa, com cuidado para não o esticar; · Prenda as partes do molde ao tecido com alfinetes finos, pois os alfinetes mais grossos podem romper os fios de elastano e deixar marcas no tecido; · Se o tecido tiver a tendência a deslizar, corte as partes do molde em papel de seda, como já foi explicado acima; · Se for riscar o tecido, faça-o sempre pelo lado avesso; Montagem Para evitar que as costuras arrebentem, utilize linha adequada ao tipo de fibra do tecido e agulha fina de ponta arredondada. Nos locais onde a elasticidade não for conveniente (como nos ombros, por exemplo), costure uma fita de tecido como reforço. Para que as partes não estiquem ao serem costuradas, alinhave-as antes e, se for preciso, faça pontos de fixação em locais estratégicos. TECIDOS COM FIOS METÁLICOS Os tecidos para noite ganham um glamour a mais quando têm em sua trama fios metálicos, o que lhes confere brilho e um aspecto luxuoso. Estes fios metálicos são geralmente muito frágeis e é preciso atenção para não os danificar. Risco e corte Estenda o tecido sobre uma superfície plana e lisa. Ao cortar o tecido, tenha cuidado para não puxar ou deformar os fios metálicos durante o corte. Montagem Costure apenas uma vez, pois os pontos, depois de desmanchados, deixam marcas no tecido. Para evitar que os fios metálicos se partam ao costurar, utilize uma agulha fina e, por precaução, verifique sempre se a sua ponta está em forma. Forre a peça para evitar que os fios arranhem a pele. RENDAS A renda é um tecido de trama muito aberta e geralmente combina estrutura de enredamento e bordados com ou sem relevo. As rendas podem ser leves ou pesadas. Risco e corte Corte a renda, procurando conservar todos os desenhos na mesma direção, de forma que haja uma continuidade sem interrompê-los. O forro deve ser cortado em primeiro lugar. Deve ter uma cor harmoniosa com a renda, e a composição de sua fibra também tem que ser compatível com a renda que será utilizada. Corte a renda de acordo com o forro e transfira todas as marcações para o forro. Uma boa opção é riscar as partes do molde em papel fino, prendendo o papel à renda com alfinetes, e cortar os dois juntos. Depois de cortadas as partes, retire o papel. Risque cuidadosamente as partes do molde com giz sobre o forro, cortando em cima da linha riscada. Separe as partes e identifique todas do lado avesso do forro, prendendo com alfinetes as partes de renda e de forro correspondentes para não as confundir. Da mesma maneira que a renda leve deve ser cortada, procure conservar todos os desenhos na mesma direção, de forma que haja uma continuidade sem interrompê-los. Os desenhos nas costuras laterais e nos ombros devem ser harmoniosos. Todas as marcas de costuras devem ser feitas pelo avesso da peça, através de alinhavos. Montagem Para evitar que a renda deslize ao costurar, coloque tiras de papel de seda entre o impelente e o tecido. Use agulha de máquina “ponta bola” nº 11 e de mão n º 10, bem fina e longa, se a renda for fina. Se a renda for mais pesada, pode ser usada uma agulha mais grossa. Se for colocar forro solto, todas as costuras feitas na renda devem ter acabamento perfeito. Para isso, pode-se recorrer a costurar debruadas. Se a renda exigir forro preso, este deve ter a função de entretela, de forma que a renda se una a ele, formando uma tela única. O forro deve ser preso à peça por meio de alinhavo diagonal, sobre uma superfície plana. A bainha deve ser feita com todo o cuidado, de forma a manter o desenho na posição certa. Nas rendas pesadas, a barra pode ser recortada, aproveitando o contorno do desenho. Para bainhas em renda pesada, recomenda-se uma bainha postiça. Para uma renda leve, recomenda-se a bainha em rolinho ou a aplicação de uma tira para reforçar. Pode-se ainda optar pela aplicação de uma renda decorativa como arremate da bainha, costurada com ponto de luva ou zigue-zague. Algumas rendas permitem que se recorte o contorno dos motivos, sendo isso suficiente para o acabamento da barra. Relação tecido, agulha, linha e ponto Para obter os melhores resultados, escolha sempre uma agulha de número e ponta adequados ao tecido. A agulha mais fina é de nº 9, e a mais grossa é de nº 18. Quanto mais leve o tecido e mais fina a linha, mais fina deverá ser a agulha. Você deve ter em mente que cada máquina de costura tem o seu tipo específico de agulha e, portanto, antes de colocar a agulha, procure ter certeza de que esta é adequada à máquina. Existem também agulhas duplas ou triplas para fazer costuras decorativas. Partes da agulha Tronco ou cabo: é a parte superior da agulha; Lâmina ou haste: trata-se do corpo da agulha; Concavidade: é a reentrância que há por trás do fundo da agulha. Serve para facilitar a passagem da linha; Buraco ou fundo: está situado imediatamente acima da ponta; Ponta: é a parte que penetra no tecido, formando a costura; Fresado: é uma ranhura que há em um dos lados do tronco para facilitar o deslize da linha, sendo, portanto, o lado pelo qual a linha deve ser enfiada. Tipos de pontas Ponta fina: utilizada mais frequentemente, é a agulha “comum”, indicada para todos os tipos de tecidos. Ponta arredondada: é especialmente indicada para costurar todos os tipos de malhas, pois não rompe os fios de elastano. Também pode ser utilizada em tecidos finos e delicados. Ponta facetada: esta agulha é indicada para costurar couro e materiais vinílicos.RISCO E CORTE Esta etapa é uma das mais delicadas na confecção de uma peça de vestuário, pois se deve proceder minuciosamente no risco e no corte das partes do molde, para que estas realmente se encaixem na montagem. Quando o molde é mal cortado, dificilmente a peça cairá bem e seria muito complicado fazer correções. Como utilizar as peças do molde 1. Reúna todas as partes necessárias ao modelo; 2. Verifique quantas vezes deverá cortar cada peça; 3. Se as peças do molde estiverem muito amarrotadas, passe-as a ferro; 4. Prenda as peças do molde ao tecido com alfinetes ou alinhavos. Como prender o molde ao tecido 1. Comece a prender os alfinetes sempre partindo da dobra do tecido, passando depois para os cantos e depois para as bordas; 2. Os alfinetes devem ser pregados diagonalmente nos cantos e perpendicularmente às beiradas, com as pontas para fora do molde; 3. Utilize apenas os alfinetes necessários, exceto em tecidos maleáveis e escorregadios; 4. Estude a posição de todas as peças do molde antes mesmo de riscar; 5. Depois que fizer o risco, siga-o rigorosamente. Processos de marcação A marcação consiste em transferir as indicações do molde para o tecido. Deve-se marcar as linhas de costura, as pences, os pontos de encontro, as partes que serão dobradas etc. As marcações podem ser feitas com carbono e carretilha ou giz. Para marcar com carretilha e papel carbono, coloque o papel carbono sobre o avesso do tecido e, por cima deste, o molde correspondente. Em seguida, passe a carretilha, seguindo todas as marcações contidas no molde para reproduzi-las no tecido. Este processo de marcação é aconselhável para tecidos lisos e opacos. Para marcar com giz, una o tecido à parte do molde correspondente e, em seguida, espete alfinetes por cima de cada marcação. Faça as marcações com o giz, seguindo o caminho dos alfinetes. Este método é aconselhável para tecidos mais delicados ou multicoloridos, onde a marca do carbono não seria muito visível. Como cortar Antes de cortar, certifique-se se é necessário dobrar o tecido. Em caso afirmativo, isto deve ser feito com o máximo de precisão, unindo as ourelas perfeitamente e prendendo-as com alfinetes. Verifique também se há alguma falha de fabricação no tecido, para não cortar uma das partes do molde neste local. Lembre-se de sempre dobrar o tecido unindo direito com direito. Para cortar o tecido perfeitamente, mantenha o tecido bem esticado sobre uma superfície lisa adequada para o corte e siga as orientações alistadas abaixo: 1. Utilize uma tesoura adequada para este fim. Verifique sempre se as lâminas estão bem afiadas, para que estas não “mastiguem” o tecido. Tenha cuidado para não prender os alfinetes entre as lâminas da tesoura ao cortar, pois isso as prejudica; 2. Durante o corte, segure o molde com uma das mãos, para que este não saia do lugar; 3. Não levante o tecido da superfície em que ele se encontra enquanto estiver cortando; 4. Corte-o junto às margens do molde, com golpes longos e firmes nas partes mais retas e golpes curtos nas partes curvas e nos cantos; 5. Deixe a tesoura deslizar livremente, tendo o cuidado para não cortar o molde, pois, além de danificá-lo, poderá haver uma alteração na margem de costura. PASSAR A FERRO No processo de montagem de uma peça de vestuário é muito importante passar a ferro à medida que se costura. Pode ser uma coisa dispensável, porém, isto garantirá o bom caimento da peça e evitará qualquer defeito de montagem. Para isso, devem-se ter alguns cuidados: 1. Sempre faça um teste com um retalho do tecido antes de passar a peça; 2. Retire alfinetes e alinhavos antes de passar a ferro, pois os alfinetes estragam o tecido, e a chapa do ferro e os alinhavos podem deixar marcas. Se necessitar passar a peça o com alinhavo, use linha bem fina e alinhavos diagonais; 3. Passe sempre pelo lado avesso; 4. Use um pano de passar entre o ferro e o tecido a ser passado. O tipo de pano de passar irá depender do tipo de tecido a ser passado. Os únicos tecidos que dispensam este cuidado são o algodão puro e o linho; 5. Faça o mínimo de pressão no ferro e acompanhe o sentido do fio do tecido ao passá-lo; 6. Os detalhes que devem sempre ser passados a ferro são: costuras, pences, pregas, bolsos, golas, mangas, acabamentos de decotes etc. Ou seja, deve-se passar a peça praticamente em todas as operações de montagem. ACABAMENTOS FINOS MANUAIS Escolha uma agulha que seja adequada ao tecido. Para fazer os pontos a seguir, prefira agulhas mais finas e curtas para pontos pequenos, e mais longas para alinhavos. Costure com linha relativamente curta, de 45 a 60 cm para costuras definitivas. Para os alinhavos, pode ser usada uma linha maior. A linha só deverá ser dobrada para pregar botões e colchetes. Para alinhavar e fazer marcações, utilizam-se linhas de cores claras, que façam um certo contraste no tecido. As linhas muito escuras podem deixar marcas no tecido. A seguir, estão os mais utilizados pontos à mão. BAINHAS Para fazer bainhas viradas, dobre na altura desejada, marque, pregue os alfinetes perpendicularmente à dobra e passe um alinhavo, não esquecendo de que a bainha deve ter uma altura uniforme. Passe a bainha a ferro e costure com um dos pontos de bainha. A seguir, estão os pontos mais utilizados para fazer bainhas à mão. De acordo com o tecido, deve-se escolher o ponto que mais se aplica ao resultado desejado para a peça. Bainha dobrada com ponto espinha de peixe: indicada para peças de tecidos médios a pesados, sem forro e que desfiam muito. Bainha debruada com ponto espinha de peixe: indicada para peças de tecidos médios a pesados, sem forro, quando a peça não tem corte reto. Bainha com ponto invisível: este ponto é simples e rápido, executado por dentro, indicado para tecidos leves. Bainha com ponto clássico: é bastante prático, porém, menos resistente, indicado para peças delicadas. Acabamentos finos à máquina e costuras abertas Costura com borda rebatida: este acabamento é indicado para tecidos leves e de peso médio em peças que não levam forros. Costura debruada com viés: indicada para uma peça em tecido médio ou pesado que não seja forrada. Costuras fechadas Costura francesa: indicada para tecidos transparentes nos quais as costuras são visíveis do lado exterior da peça. Costura tombada: esta costura é útil para reforçar e dar mais resistência a uma parte da peça. Sobrecostura: esta costura é muito resistente e proporciona durabilidade à peça. Costura debruada em si mesma: esta costura dispensa qualquer acabamento e dá melhor resultado em tecidos leves, que não desfiem facilmente. Costura debruada com viés: indicada para uma peça em tecido médio ou pesado, que não seja forrada. Bainhas As bainhas à máquina são mais práticas e rápidas, proporcionando também muita resistência. Por outro lado, podem não cair tão bem em uma peça mais social, por dar um aspecto mais informal à roupa. Abaixo estão apenas alguns dos tipos de bainhas feitas à máquina. Além destes, também há bainhas coladas, reforçadas, debruadas etc. Para saber mais, você pode consultar um dos livros da bibliografia indicada. Bainhas com ponto invisível: arremate resistente e relativamente discreto é uma alternativa para peças mais delicadas. Só é possível fazer em máquinas que dispõem deste tipo de ponto. Bainha em rolinho: é uma bainha delicada e estreita,indicada para tecidos delicados. Bainha simples: é uma bainha comum, indicada para tecidos médios ou pesados. Bainha postiça: esta bainha é indicada para peças que não têm um corte reto e quando não é possível dobrar a borda. Casas As casas de botão podem ser verticais ou horizontais. O comprimento das casas deve ser igual ao diâmetro do botão, mais a sua espessura. As casas podem ser debruadas ou bordadas à máquina. Casa debruada: este tipo de casa é indicado para tecidos leves e de peso médio, que não desfiam e criam vinco. Cálculo da medida para o elástico Medir no molde o contorno onde vai ser colocado o elástico: · 5% para peças de lycra ou malhas de alta elasticidade; · 10% para malhas de média elasticidade; · 20% para malhas de baixa elasticidade, e · -25% para tecidos planos ou malhas firmes. Elástico · Divida por seis o contorno onde o elástico será aplicado; · Divida por seis o elástico (Figura 1). Figura 1 Monte o elástico na peça, fazendo coincidir os alfinetes; para isso, estique o elástico (Figura 2). Figura 2 Elástico comum · Costure o elástico sobre o avesso da borda da peça e costure com ziguezague prendendo o elástico na borda do tecido (Figura 3). Figura 3 - Vire para o avesso e prenda com pontos de zigue-zague ou com costura reta com agulha dupla. Figura 4 Elástico bico de pato · Coloque o elástico sobre o direito da borda da peça da roupa; costure rente aos bicos com pontos de zigue-zague (Figura 5). Figura 5 · Vire para o avesso, deixando os bicos aparecendo. Prenda com zigue-zague ou costura reta com agulha dupla. Neste caso, o elástico fica visível no avesso. BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Mário de. Tecnologia do vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. ABREU, Dener Pamplona de. Curso Básico de Corte e C ostura. São Paulo: Rideel, s/d. 3° Vol. BRANDÃO, Gil. Aprenda a Costurar. 6ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1981. CRAWFORD, Connie Amaden. A Guide to Fashion Sewing: A Detailed Illustrated Approach to Sewing. New York: Fairchild Publications, 1986. FERREIRA, Regina Silva O e PESSOA, Germana Maria B. de Pinhyo. Estudos de Decotes, Golas e Mangas. Fortaleza: Departamento de Economia Domestica - UFC 1983. MOURA, Maria Augusta Bittencourt. Como Costurar Cantos e Curvas. Viçosa - MG: Universidade Federal de Viçosa, 1972 O GRANDE LIVRO DA COSTURA - Seleções do Reader’s Digest. São Paulo, 1979. SUGAI, Chieko.Princípios Básicos de Costura. Piraci caba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USO. 1968. SANTOS, Laércio F. e FILHO, José Ferreira de A. Introdução à Tecnologia Têxtil. CENAI/CETIQT, 1987. STERBLITCH, Vera. Acabamentos de Costura, Edições de Ouro: Rio de Janeiro, 1989. SOUZA, Maria Tereza F. Aprenda a Trabalhar com Renda e Crepe.Universidade Federal de Viçosa, 1986. O GRANDE LIVRO DA COSTURA - Seleções do Reader’s Digest. Ambar. Porugal, 1990. O NOVO LIVRO DA COSTURA SINGER - Edições Melhoramentos, 1989.
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