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* * KAROSHI Disciplina: POT I Docente: Lyerge Carvalho Discentes: Anayara Oliveira Carla Oliveira Jéssica Silva Luciene Maria Marcele Mathias Vânia Cristina * * INTRODUÇÃO Em nossa contemporaneidade hodiernamente, percebemos claramente que as exigências profissionais sobre os trabalhadores estão cada vez mais elevadas e constantes, tal qual, a crise econômica mundial, contribui bastante para uma hiper-competitividade nas organizações. Desta forma, percebe-se o esforço e dedicação demasiada dos trabalhadores às atividades profissionais, no qual muitos destes podem chegar a esquecer-se de si mesmos, de suas necessidades pessoais e outras atividades também relevantes para a suas vidas. A omissão do descanso devido, falta alimentação adequada, falta de qualidade de vida ou mesmo, bem estar no ambiente de trabalho, são aspectos que prejudicam a saúde de muitos trabalhadores. Dentre tantos fenômenos existentes no contexto organizacional, ligados ao mal estar do trabalhador, vamos abordar o KAROSHI. * * CURIOSIDADES Biblicamente, o trabalho tinha a significação de pena e castigo voltados para Adão e Eva, ao ter-lhes sido retirado o direito a inação que desfrutavam no paraíso; Na Roma antiga, tinha o Labor e o Tripalium. * * CURIOSIDADES Segundo Foucault (1990, p. 271) o trabalho, como atividade econômica, "só apareceu na História do mundo no dia em que os homens se acharam numerosos demais para poderem nutrir-se dos frutos espontâneos da terra”, pondo em risco sua sobrevivência. $ * * CURIOSIDADES Apenas a partir do século XIV, com o Renascimento, os sistemas econômicos e o Estado, o trabalho adquire a um novo patamar, integrando uma economia mundializada, no qual começou a ter o sentido que hoje lhe atribuímos “É uma atividade carregada de significados na construção/reconstrução de identidades e na definição/redefinição de normas de vida” (BENFATTI, DANTAS, 2017) * * * * KAROSHI Origem japonesa; KARO significa excesso de trabalho e SHI, morte; Utilizado no Japão para definir “morte por excesso de trabalho”. * * CONCEITO CLÍNICO É descrito na literatura como um quadro clínico extremo ligado ao stress ocupacional e que por sua vez leva a morte súbita por patologia coronária isquêmica ou cerebral vascular. Desse modo, tecnicamente aplica-se esse termo sócio-médico para descrever doenças, em geral cardiovasculares, ocasionadas pelo dispêndio desumano de horas e energia física e psíquica nas atividades produtivas (CARREIRO, 2007). KAROSHI * * KAROSHI NO BRASIL As principais notícias e estudos da atualidade sobre o tema no país dizem respeito às mortes súbitas ocorridas no corte da cana-de-açúcar, especialmente no interior de São Paulo. O pagamento proporcional à produção é o principal malefício observado neste tipo de trabalho (CARREIRO, 2007,p.133). * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS Segundo Tetsunojo Uehata citado por Chehab (2013, p.154) existe uma condição em que processos de trabalho psicologicamente doentios podem conduzir a um caminho que interrompe o ritmo normal de vida do trabalhador. O conceito de “morte súbita” exclui causas de violência como homicídio, suicídio, envenenamento, traumas, acidentes, etc. Trata-se de um óbito não esperado, e não traumático que ocorre de forma instantânea ou dentro de 24h após o início dos sinais e sintomas. * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS Principais causas médicas associadas aos Karoshi: ATAQUE CARDÍACO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL TROMBOSE OU INFARTO CEREBRAL INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Somente pela causa mortis , há uma dificuldade em estabelecer o nexo entre trabalho e falecimento. * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS O estresse é uma reação de defesa fisiológica do nosso organismo, em resposta a um estímulo aversivo. Segundo Hans Selye o estresse possui três estágios: FASE DE ALERTA FASE DE RESISTÊNCIA FASE DE EXAUSTÃO A fadiga é uma sensação de cansaço e é resultado de exposição ao estresse no trabalho durante um longo período. * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS Causas de fadiga que podem conduzir ao KAROSHI Trabalho físico pesado; Trabalho contínuo intenso; Conteúdos e formas de organização do trabalho estressantes; Elementos que tendem a acompanhar cargas excessivas de trabalho; Reações bioquímicas * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS Karoshi é provocado pelo ritmo e intensidade que decorrem da busca incessante do aumento de produtividade O Karoshi não está relacionado à susceptibilidade individual do trabalhador, e sim em respeito a aspectos da organização do trabalho. * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS O Governo japonês reconhece haver a morte por excesso de trabalho quando a vítima laborou continuamente nas 24 horas anteriores ao óbito ou se houve labor por 16 horas (dupla jornada) nos sete dias imediatamente anteriores à morte. Chen-Yin Tung, Mei-Yen Chen e Shu-Ping Ting citado por Chehab (2013,p.161)destacam que, na história clínica dos trabalhadores que sofreram Karoshi, há relatos de fadiga, dor de cabeça, dor no peito, desconforto, sintomas de gripe e dor de garganta. A pesquisa dessas ocorrências é útil para a aferição do nexo causal. Um fator que pode ser útil na identificação do nexo causal entre o óbito súbito e o excesso de trabalho é a idade da vítima, pois o Karoshi abrevia o tempo de vida. * * KAROSHI – IDENTIFICAÇÃO, CAUSAS E CARACTERÍSTICAS A demonstração de que a morte do trabalhador decorreu de excesso de trabalho é difícil porque não há um critério fixo44. As causas médicas do óbito são comuns a outras enfermidades que não estão associadas ao labor. Os limites quantitativos de excesso de trabalho, do aspecto doentio dos processos de trabalho e dos fatores internos e externos que conduzem ao karoshi não são exatos, dependem da interação deles entre si, da intensidade e do tempo de exposição ao estresse e à fadiga e da capacidade fisiológica de resistência e adaptação de cada organismo à exaustão. (Chehab, 2013, p.160) * * PROFISSÕES MAIS COMUNS As três profissões que no passado tiveram mais ocorrência de Karoshi no Japão foram motoristas, jornalistas e operadores de máquina e as que atualmente mais têm tido ocorrência são bancários, trabalhadores da construção civil e imigrantes estrangeiros. * * KAROSHI - MEDIDAS PROTETIVAS Diante das pesquisas e leituras sugere-se algumas medidas protetivas que poderão contribuir na redução de número de casos mortes súbitas relacionadas a carga excessiva de trabalho que são atribuídos para os trabalhadores, como: Redução de carga horaria excessiva; Condições dignas de trabalho; Fiscalização quanto as condições de trabalho; Apoio psicológico; Descanso; Acompanhamento médico periódico entre outros. Onde tudo começa... * * PAPEL DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO. Estudos sobre a psicologia inserida nas organizações do trabalho revelam que os movimentos inovadores têm incentivado mudanças nas práticas tradicionais e incorporando novas propostas de intervenção. Tais práticas visam diminuir a incidência de adoecimento dos trabalhadores. (SANTOS E CALDEIRA, 2014, p.6). O psicólogo precisa: • Atualizar-se sobre as modernas técnicas de gestão organizacional; • Estar sintonizado com as mudanças sociais que se impõem (como a globalização da economia). * * PAPEL DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO. • Trocar experiências profissionais, participando de debates e discussões; • Conhecer o negócio da empresa em que atua; antecipar-se às mudanças; • Envolver-se no planejamento estratégico; utilizar seus conhecimentos para melhorar a qualidade de vida dos funcionários na empresa; • Assessorar a direção da empresa em planejar seusrecursos humanos; ser criativo, exercer a liderança e ter flexibilidade para a atuação; * * CONCLUSÃO Então, a partir dos artigos estudados sobre o tema abordado neste trabalho, compreendemos que as exigências pessoais e profissionais em relação ao trabalho, eleva-se cada vez mais à medida que os tempos se modificam e é preciso o indivíduo garantir seu lugar no mercado de trabalho, e, sobreviver de certa forma, as agruras da vida. Nesse aspecto, mesmo o Karoshi (morte súbita no trabalho) sendo de maior incidência nas regiões orientais, justamente pela cultura de excesso de trabalho e hora extra. Além de execução das atividades sem remuneração de forma voluntária e excessiva, não deixa escape outras regiões do mundo, de maneira que, o capitalismo tem gerado um desequilíbrio maior na relação homem x trabalho, aumentando a incidência de excesso de exposição no trabalho, noites mal dormidas, má alimentação e estresse, permitindo ao homem a qualquer momento, caso não trate o problema, morrer. Porém, para comprovação de morte por karoshi, é necessário avaliar diversas questões, como a intensidade dos sintomas, níveis de estresse, de fadiga e demais comorbidades, pois existe a dificuldade em estabelecer um critério fixo, já que algumas causas em certos níveis são naturais. Portanto, a observação da empresa em relação ao funcionário é importante, no sentido de que, essa identificação vai definir se os sintomas passaram a ocorrer nesse processo de excesso de trabalho ou se, já existiam previamente, além da própria percepção do sujeito, sendo importante estabelecer medidas para evitar que ocorra. * * REFERÊNCIAS ALBORNOZ, S. O que é trabalho. 5 ed., São Paulo: Brasiliense, 1992. BENFATTI, X.D; DANTAS, L. M. R. 2017. A intensificação e precarização do trabalho: um estudo bibliográfico sobre seu sentido na contemporaneidade. Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 32, n. 1, p. 82-93, jan./jun. 2017. CAGNO, Adriana Pellanda. VENTURI, Eliana de Paula Congro. Atuação dos psicólogos que trabalham em empresas que desenvolvem programas de qualidade. Disponível em: revistas.ufpr.br/psicologia/article/viewFile/7635/5443. Consultado em 02 de abr. de 2018. CARREIRO, Líbia Martins. Morte por excesso de trabalho (Karoshi). Disponível em: LM Carreiro -Morteporexcessodetrabalho(Karoshi), 2007 - juslaboris.tst.jus.br. Consultado em 02 de abr. de 2018. CHAUÍ, M., “Introdução”. In: LAFARGUE, P. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec/ Unesp, 1999. CHEHAB, Gustavo Carvalho. Karoshi: a morte súbita pelo excesso de trabalho. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12178/50030. Consultado em 02 de abr. de 2018. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 9 ed., Rio de Janeiro: Graal, 1990. GUARESCHI, P. & RAMOS, R. A máquina capitalista. 3 ed., Petrópolis: Vozes,1989. Disponível em : http://www.acm.org.br/acm/acamt/index.php/em-foco-novo/663-sindrome-de-karoshi-a-morte-por-excesso-de-trabalho. . Consulta em 05 de maio de 2018. MORIN, Estelle, TONELLI, Maria José, VIEIRA PLIOPAS, Ana Luísa. O TRABALHO E SEUS SENTIDOS. Psicologia & Sociedade 2007. Disponível em<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=309326396008> ISSN 0102-7182. Consulta em 01 de maio de 2018. SANTOS, Fernanda Cristina Oliveira. CALDEIRA, Patrícia. A Psicologia organizacional e do trabalho na contemporaneidade: as novas atuações do psicólogo organizacional. Disponível em: www.psicologia.pt/artigos/textos/A0929.pdf. Consultado em 02 de abr. de 2018.
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