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Lênin e sua contribuição para as Relações Internacionais

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UFRJ, 2014
CONTRIBUIÇÃO PARA AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Marxismo
 Embora o próprio Karl Marx não tenha dedicado muita atenção ao estudo das relações internacionais, vários autores de inspiração marxista (entre eles Lênin e Trotsky) efetivaram algumas generalizações teóricas a respeito da relação entre os Estados. Segundo a teoria do materialismo histórico do próprio Marx, o sistema capitalista de produção tenderia a se universalizar, chegando a se tornar o modo de produção dominante em todo o mundo (portanto, internacional). Na teoria marxista, o capitalismo seria uma fase histórica de desenvolvimento econômico caracterizada por algumas contradições, entre elas o surgimento de duas classes sociais antagônicas, a burguesia e o proletariado, a primeira gerando lucro a partir da exploração do trabalho desta última. Nessa teoria, o papel do Estado seria o de assegurar a ordem burguesa garantindo que os trabalhadores seguissem as normas do capitalismo. Essa sociedade, contudo, seria inevitavelmente superada graças a um fenômeno conhecido como luta de classes, no qual a classe social explorada (proletariado) subverteria a ordem em seu favor após uma revolução política. Para Marx, o proletariado seria uma categoria social universal e, portanto, a teoria marxista só pode ser entendida do ponto de vista do internacionalismo.
Leninismo
 Vladimir Lênin foi o primeiro a pensar as relações internacionais a partir de uma perspectiva marxista. Lênin publicou o livro Imperialismo, fase superior do capitalismo, no qual argumenta que a contradição entre nações capitalistas (para Lênin, nações "imperialistas") e nações exploradas seria essencial para a compreensão do processo revolucionário. De acordo com Lênin, o capitalismo em fase de estagnação seria caracterizado pela busca de novos mercados e novas riquezas (colônias). O autor marxista também defendeu que as nações imperialistas em busca de riquezas seriam levadas a guerras e conflitos violentos. Ao contrário das teorias liberais e realistas das relações internacionais, a teoria marxista de Lênin admite a existência de mais de um ator político nesse meio, isto é, deve-se levar em consideração um corte vertical (entre classes sociais: burguesia e proletariado) e um corte horizontal (entre nações: imperialistas e colonizadas). Lênin também compreende que o Estado age em favor dos interesses de uma classe social (a burguesia) e dos interesses nacionais (o que incluiria os proletários nas nações desenvolvidas), apresentando uma concepção de Estado bastante particular. As afirmações teóricas do leninismo a respeito das relações internacionais fundamentaram orientações políticas da Rússia pós revolucionária, como o pacifismo e a defesa da autodeterminação dos povos.
 Como ele havia afirmado na obra Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, o projeto revolucionário de Lenin não envolveu apenas a Rússia, mas o mundo. Para implementar revolução mundial, a Comitern ou Internacional Comunista foi convocada na Rússia em 1919. Lenin dominou o primeiro, o segundo (1920) e o terceiro (1921) Congresso Mundial da Internacional Comunista e esperava usar a organização como uma agência da revolução socialista internacional. Após o fracasso das ambições revolucionárias na Polônia, na Guerra Polaco-Soviética de 1919 até 1921, e após várias revoluções na Alemanha e na Europa Oriental em 1919 serem derrotadas, Lenin, cada vez mais, viu que as lutas anti-coloniais no Terceiro Mundo seria o foco da luta revolucionária. 
 Em sua obra, Lênin refere-se a necessidade que a revolução socialista deveria ser mundial e duradoura, pois caso contrário, a dinâmica de expansão do capitalismo e os problemas de estrutura social acabaria forçando mais cedo ou mais tarde a queda do governo dos trabalhadores. Para alguns, especialmente os trotskistas, a ideia dessa necessidade foi confirmada pela dissolução da União Soviética em 1991. 
CONCLUSÃO
 O leninismo é o marxismo da época do imperialismo da revolução proletária. Mas exatamente: o leninismo é a teoria e a tática da revolução proletária em geral, a tática da ditadura do proletariado em particular. Marx e Engels militaram no período pré-revolucionário (referimo-nos à revolução proletária), quando o imperialismo ainda não estava desenvolvido, no período de preparação dos proletários para a revolução, no período em que a revolução proletária ainda não se tornara uma necessidade prática imediata. Porém, Lênin, discípulo de Marx e Engels, no período de pleno desenvolvimento do imperialismo, no período do desencadeamento da revolução proletária, quando a revolução proletária já havia triunfado num país, havia destruído a democracia burguesa e iniciado a era da democracia proletária, a era dos Soviets. Por isso, o leninismo é o desenvolvimento ulterior do marxismo.
 Costuma-se pôr em relevo o caráter extraordinariamente combativo e extraordinariamente revolucionário do leninismo. Isso é de todo justo. Mas esta característica do leninismo se explica por dois motivos: em primeiro lugar, pelo fato de que o leninismo brotou da revolução proletária, cujo selo não pode deixar de ostentar; em segundo lugar, pelo fato de que se desenvolveu e fortaleceu na luta contra o oportunismo da II Internacional, luta que e continua a ser condição necessária preliminar para o êxito da luta contra o capitalismo. Não se pode esquecer de que entre Marx e Engels, de um lado, e Lênin, de outro, se estende todo um período de domínio sem contraste do oportunismo da II Internacional. A luta implacável contra o oportunismo não podia deixar de ser uma das tarefas mais importantes do leninismo.
 Diante disso, as principais características do leninismo podem ser resumidas a seguir:
a) Polêmica com a ala “economicista” da social democracia, a partir da defesa de uma intervenção no movimento de massas que fosse além das demandas econômicas, pois só assim a consciência do proletariado poderia atingir caráter revolucionário;
b) Defesa de um partido que interviesse de maneira centralizada em todos os espaços de discussão e militância do proletariado (o centralismo democrático);
c) Compreensão da fase Imperialista do capitalismo como sua época de decadência (teoria do desenvolvimento desigual); e
d) As conseqüências práticas dessa época para o caráter da revolução nos países de industrialização tardia e hiper-tardia (desenvolvidas em 1917, nas Teses de Abril).
BIBLIOGRAFIA
LÊNIN, V. I., Imperialismo – Fase Superior do Capitalismo. São Paulo, 4ª edição – 2008.
LÊNIN, V. I., Esquerdismo – Doença Infantil de Comunismo. São Paulo, 4ª edição - 1978. 
Artigo: A Contribuição Marxista para o Estudo das Relações Internacionais – Tulo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos, Priscila Rodrigues. 
http://omarxistaleninista.blogspot.com.br/
http://www.cstpsol.com/viewnoticia.asp?ID=502

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