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CAUSASDEEXTINÇÃODAPUNIBILIDADE[1]

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CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
1 - Morte do agente
A primeira das causas extintivas da punibilidade previstas no art. 107 do CP é a morte do agente.
De acordo com o que prescreve o art. 62 do CPP, em caso de morte do acusado, o juiz, após juntada da certidão de óbito e de ouvir o Ministério Público, declarará a extinção da punibilidade.
Entende o prof. Rogério Greco que o MP, antes de opinar pela extinção da punibilidade deve, ad cautelam, requerer ao juiz que confirme o documento apresentado aos autos, expedindo ofício ao cartório de registro civil indicado no documento a fim de que seja ratificado pelo tabelião.
Contudo, mesmo diante de todas as cautelas tomadas, pode acontecer que seja extinta a punibilidade e, posteriormente se descubra que o documento comprobatório do óbito era falso. Duas correntes de pensamento se formaram a esse respeito: a maioria de nossos autores entende não ser possível retomar o curso da ação penal, desconsiderando-se a decisão anterior, uma vez que nosso ordenamento jurídico não admite a revisão criminal pro societate. Porém, isso não impede que o réu seja processado por crime de falso. O STF, posicionando-se contrariamente ao entendimento anterior já decidiu que a revogação do despacho que julgou extinta a punibilidade do réu, a vista de atestado de óbito baseado em registro comprovadamente falso é admissível, uma vez que referido despacho, além de não fazer coisa julgada em sentido estrito, funda-se exclusivamente em fato juridicamente inexistente, não produzindo quaisquer efeitos.
A morte do agente extinguindo a punibilidade também terá o condão de impedir que a pena de multa aplicada ao condenado seja executada em face de seus herdeiros, pois, o fato de o art. 51 do CP considerá-la dívida de valor não afasta sua natureza de pena (art. 5º, XLV, da CF/88).
2 – Anistia, graça e indulto
Uma das mais antigas formas de extinção da pretensão punitiva é a indulgentia principis, que se expressa em três instituições: a anistia, o indulto e a graça.
Pela anistia o Estado renuncia ao seu ius puniendi, perdoando a prática de infrações penais que, normalmente, têm um cunho político. A regra, portanto, é a de que a anistia dirija-se aos chamados crimes políticos, embora, nada impeça sua aplicação as demais espécies delitivas. A concessão da anistia é da competência da União, conforme preceitua o art. 21, XVII, da CF/88, e se encontra no rol das atribuições do Congresso Nacional (art. 48, VIII, CF/88). Pode ser concedida antes ou depois da sentença penal condenatória, sempre retroagindo a fim de beneficiar os agentes. Se concedida após a sentença condenatória, faz cessar todos os seus efeitos, exceto a reparação do dano ex delito. Pode ser concedida em termos gerais ou restritos. Quando a anistia restrita exclui determinados fatos, indivíduos, grupos, ou classes de indivíduos, diz-se parcial; quando estabelece cláusulas para a fruição do benefício, diz-se condicional. A anistia geral ou absoluta não conhece exceção de crimes ou de pessoas, nem se subordina a limitações de qualquer espécie. O art. 2º, I, da Lei 8.072/90 veda a concessão de anistia aos crimes hediondos e equiparados. A anistia não pode ser recusada pelo beneficiado, salvo se se tratar de anistia condicional.
A graça e o indulto são da competência do Presidente da República (art. 84, XII, CF/88). Diferem os dois institutos no sentido de que a graça é concedida individualmente a uma pessoa específica, enquanto o indulto é concedido de maneira coletiva a fatos determinados pelo Chefe do Poder Executivo. Graça e indulto pressupõem sempre sentença condenatória com trânsito em julgado e atingem somente os efeitos executórios penais da condenação (os efeitos civis da sentença condenatória continuam íntegros. O indulto é espontâneo; a graça deve ser requerida pelo interessado.
O prof. Fernando da Costa Tourinho Filho entende que, não obstante a concessão de graça ou indulto, permanecerão íntegros os efeitos específicos da condenação previstos no art. 92 do CP, salvo se o decreto de concessão referir-se a eles expressamente.
Nos termos do art. 188 da Lei 7.210/84 (LEP), a graça passou a ser conhecida como indulto individual e, em conseqüência, o indulto propriamente dito, passou a ser conhecido como indulto coletivo. Tais benefícios têm sua concessão vedada aos crimes previstos na Lei 8.072/90 e, quanto à Lei 9.455/97, somente houve proibição de concessão de graça ou anistia.
Alguns autores sustentam a inconstitucionalidade da vedação de concessão de indulto aos crimes hediondos e assemelhados, já que, o inciso XLIII, do art. 5º, da 	CF/88, somente prevê a vedação de graça e anistia. Porém, outra corrente surgiu no sentido de que a graça mencionada no referido inciso é a chamada graça lato sensu, da qual são espécies a graça stricto sensu (indulto individual) e o indulto (coletivo) e, portanto, não há inconstitucionalidade na previsão da Lei 8.072/90.
– Abolitio criminis
Ocorre a chamada abolitio criminis quando o Estado, por razões de política criminal, entende por bem em não mais considerar determinado fato como criminoso.
Se determinado bem jurídico antes gozava de certa importância, posteriormente, em virtude da evolução social, passa a não possuir o mesmo status, deverá o legislador retirá-lo do ordenamento jurídico-penal, surgindo o fenômeno da abolitio criminis, previsto expressamente no art. 2º do Código Penal.
Nenhum efeito penal permanecerá, tais como reincidência e maus antecedentes, permanecendo, contudo, os efeitos de natureza civil, como por exemplo, a possibilidade de a vítima proceder a execução civil de seu título executivo judicial, conquistado em razão do trânsito em julgado da sentença penal que condenou o agente pela infração penal cometida.
4– Decadência
A decadência é o instituto jurídico mediante o qual a vítima, ou quem tenha qualidade para representá-la, perde seu direito de queixa ou de representação em virtude do decurso de certo espaço de tempo sendo, portanto, instituto aplicável somente aos casos de ação penal privada.
O direito de queixa ou representação é expresso nos artigos 103 do CP e 38 do CPP.
Porém, o prazo previsto nos dispositivos acima comporta exceções, como era o caso do crime de adultério (art. 240 do CP) que previa prazo decadencial de um mês.
O prazo decadencial inicia sua contagem a partir do momento em que o ofendido vem a saber quem é o autor do crime ou, nos casos de ação penal privada subsidiária da pública, na qual o prazo decadencial inicia-se a partir do momento em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia.
A perempção é instituto jurídico aplicável às ações de iniciativa privada propriamente ditas ou personalíssimas, não se destinando, contudo, àquela considerada como privada subsidiária da pública. Não tem aplicação, portanto, nas ações penais de iniciativa pública incondicionada ou condicionada à representação do ofendido. É um instituto previsto no art. 60 do CPP que, em seu caput, deixa claro sua aplicação aos crimes em que somente se procede mediante queixa.
Além das hipóteses previstas pelo art. 60 do CPP, entende-se pela perempção, também, havendo morte do querelante no caso de induzimento em erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236 do CP, respectivamente).
Conforme corretamente observado pelo prof. Mirabete, a perempção, como perda de prosseguir na ação penal de iniciativa privada, é uma sanção jurídica imposta ao querelante por sua inércia, negligência ou contumácia. Não pode ocorrer, portanto, antes de proposta a queixa (somente se fala em querelante, como em todos os incisos do art. 60 do CPP, após iniciada a ação penal de iniciativa privada). Assim, só poderá haver decadência antes de iniciada a ação penal e, só poderá haver perempção após o início daquela.
Há entendimento de que, antes de decretar a perempção, em caso de inércia do querelante, deve o juiz intimá-lo para que dê andamento ao processo.O inciso III do art. 60 do CPP pune com a perempção a ausência do querelante a qualquer ato do processo sem justificativa. Porém, o prof. Rogério Greco entende que, somente haverá necessidade de comparecimento do querelante aos atos nos quais sua presença seja imprescindível, não havendo perempção se houver comparecimento de seu advogado em todos os atos. Além disso, se o querelante, nas alegações finais deixar de pedir a condenação do querelado, deverá o juiz declarar a perempção.
Sendo o querelante pessoa jurídica, em caso de extinção, aplica-se a regra do inciso II, do art. 60 do CPP, devendo a habilitação do sucessor ocorrer em 60 dias contados da data da extinção.
5– A retratação da representação
A representação, como é de todos sabido, é a manifestação de vontade do ofendido ou de quem legalmente o represente, no sentido de ser instaurado o processo contra o seu ofensor.
Feita a representação, aquele que a fez poderá retratar-se desde que a denúncia ainda não tenha sido oferecida. De observar que, basta o oferecimento da denúncia, ainda que a mesma não tenha sido recebida pelo juiz, para impedir a retratação.
A retratação da representação tem o efeito de impedir a propositura da ação penal. O prof. Fernando da Costa Tourinho Filho entende que a retratação da representação assemelha-se à renúncia e, assim, devem os autos ser arquivados, em face da ausência de representação, condição a que se subordina, às vezes, o jus accusationis, até porque, o rol do art. 107 do CP, é numerus apertus, não exaurindo as possibilidades de extinção da punibilidade. Porém, há entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que, enquanto não expirar o prazo decadencial, pode haver retratação da retratação, isto é, se ofendido, investido do direito de representação, se retrata, os autos devem permanecer em cartório até que se esgote o prazo decadencial, pois, até o seu final, poderá o ofendido desfazer a retratação.
6 – Retratação do agente, nos casos em que a lei admite
A retratação é o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia a autoridade, retirando o que anteriormente havia dito.
Em várias de suas passagens, a legislação penal permitiu ao autor do fato retratar-se, como ocorre nos crimes de calúnia e difamação (art. 143 do CP), nos de falso testemunho e de falsa perícia (art. 342, § 2º do CP), bem como na Lei de Imprensa (art. 26, da Lei 5.250/67).
O art. 143 do CP diz que o querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Ou seja, o termo ad quem para que o querelado leve a efeito a sua retratação o momento da entrega da sentença em cartório. Além disso, somente nos delitos de calúnia e difamação é que caberá a retratação, não sendo permitida, portanto, no crime de injúria. Porém, nos crimes contra a honra cometidos através da imprensa, admite-se a retratação na calúnia, na difamação e, também, na injúria, ao contrário do que determina o CP (art. 26, Lei 5.250/67), não obstante já ter havido decisão no STF inadmitindo a retratação no crime de injúria cometido por meio de imprensa.
É preciso observar, ainda, que se o crime contra a honra tiver conotação com a segurança nacional e for cometido contra o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do STF, não se admitirá a retratação, pois, a Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) não prevê tal instituto (ver art. 26).
Nos crimes de falso testemunho e falsa perícia (art. 342, § 2º do CP), “o fato deixa de ser punível, se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”.
o perdão judicial nos casos previstos em lei
O perdão judicial não se dirige a toda e qualquer infração penal, mas sim àquelas previamente determinadas pela lei. Assim, torna-se impossível o emprego da analogia in bonam partem quando se tratar de ampliação das hipóteses de perdão judicial. Isso porque a lei penal afirmou categoricamente que o perdão judicial somente seria concedido nos casos por ela previstos.
Muito se discutiu sobre a natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial, sendo que as opiniões se dividiram no sentido de que seria absolutória, condenatória ou meramente declaratória de extinção da punibilidade. O STJ, por intermédio do verbete da Súmula 18, posicionou-se nesse último sentido, afirmando que “a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
A forma como o perdão judicial normalmente vem previsto a fim de ser aplicado a determinada infração penal nos deixa a dúvida se ele é uma faculdade do juiz ou um direito subjetivo do agente. Damásio de Jesus afirma tratar-se de um direito penal público subjetivo de liberdade. Assim, se presentes as circunstâncias exigidas pelo tipo, o juiz não pode, segundo puro arbítrio, deixar de aplicá-lo. A expressão “pode” empregada pelo CP nos dispositivos que disciplinam o perdão judicial, de acordo com a moderna doutrina penal, perdeu a natureza de simples faculdade judicial, no sentido de o juiz poder, sem fundamentação, aplicar ou não o privilégio. Satisfeitos os pressupostos exigidos pela norma, está o juiz obrigado a deixar de aplicar a pena. Cezar Roberto Bitencourt comunga do mesmo entendimento.
7.1 – Perdão judicial no Código de Trânsito Brasileiro
Antes do novo Código de Trânsito (Lei nº 9.503/97), quando os motoristas, na direção de seus veículos, causavam mortes ou lesões corporais culposas, respondiam, respectivamente, pelas sanções previstas nos arts. 121, § 3º e 129, § 6º, todos do Código Penal. Para essas infrações penais, há a previsão do perdão judicial (art. 121, § 5º e art. 129, § 8º do CP).
O Código de Trânsito Brasileiro especializou os delitos de homicídio e lesões corporais de natureza culposa, criando os tipos dos arts. 302 e 303 da Lei 9.503/97. Embora o projeto de lei que disciplinou o CTB tivesse feito previsão do perdão judicial em seu art. 300, nas hipóteses de homicídio culposo e lesões corporais culposas, o Presidente da República entendeu por bem vetá-lo sobre o argumento de que “o artigo trata do perdão judicial, já consagrado pelo Direito Penal. Deve ser vetado, porém, porque as hipóteses previstas pelo § 5º, do art. 121 e § 8º, do art. 129 do CP disciplinam o instituto de forma mais abrangente”. Surgiram duas correntes: 1) a primeira, que tem como adeptos Luiz Flávio Gomes, Damásio de Jesus e outros, entendem ser inaplicável o perdão judicial aos delitos de trânsito previstos nos arts. 302 e 303 do CTB, pois, apesar do fato de que o art. 291 do referido Código determinar a aplicação das regras do CP aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, restringiu essa aplicação às normas Gerais; 2) a segunda, majoritária, capitaneada pelo prof. Rogério Greco, adota o entendimento de que, não obstante o fato de que deve haver previsão legal em cada tipo penal em que seja permitido o perdão judicial e de o art. 291 do CTB determina a aplicação subsidiária, apenas, das normas gerais do CP, não seria razoável entender que, embora razões que fizeram inserir o perdão judicial para os crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa no CP foram, sem dúvida, o elevado número de acidentes de trânsito, agora que foram criadas infrações específicas para o trânsito, o perdão judicial não fosse aplicado. Além disso, os tipos penais dos arts. 302 e 303 do CTB são “crimes remetidos”, isto é, o primeiro menciona “praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor” e o segundo “praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor” sem definir o que vem a ser homicídio culposo e lesão corporal culposa, remetendo o intérprete a estes crimes previstos no CP e, é pacífico o entendimento de que, tudo o que se aplica ao crime que serve de paradigma, aplica-se, também ao crime remetido.

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