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CONCURSO DE AGENTES / PESSOAS

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– CONCURSO DE AGENTES:
Fala-se em concurso de agentes quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática de uma mesma infração penal. Essa colaboração recíproca pode ocorrer tanto nos casos em que são vários autores, bem como naqueles onde existam autores e partícipes e, de acordo com o que determina o art. 29 do CP, quando duas ou mais pessoas concorrerem para o crime, incidirão nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
O art. 29 do Código Penal aplica-se, em regra, aos delitos unissubjetivos (podem ser praticados por uma única pessoa), também conhecidos como delitos de concurso eventual, uma vez que para os crimes plurissubjetivos (exigem, no mínimo, duas pessoas para que possam se configurar), também chamados de delitos de concurso necessário, não haveria necessidade de regra expressa para os co-autores, tendo aplicação somente no que se refere à participação.
Pluralidade de agentes e de condutas – é necessário que haja, no mínimo, duas pessoas que, envidando esforços conjuntos, almejam praticar determinada infração penal;
Relevância causal de cada conduta – Se a conduta levada a efeito por um dos agentes não possuir relevância para o cometimento da infração penal, devemos desconsiderá-la e concluir que o agente não concorreu para a sua prática. Ex.: A decidido a matar B, pede a arma de C emprestada para praticar o crime. C, sabendo da intenção de A, empresta sua arma. Porém, ao chegar à casa de B, A resolve matá-lo a pauladas e não utiliza a arma de C. Podemos dizer que C, apesar de ter emprestado a arma a A, não participou do crime, pois, sua arma não foi utilizada, isto é, sua conduta não teve relevância causal para a prática do delito.
Liame subjetivo entre os agentes – é o vínculo psicológico que une os agentes para a prática da mesma infração penal. Se não se conseguir vislumbrar o liame subjetivo entre os agentes, cada qual responderá, isoladamente, por sua conduta.
Identidade de infração penal – quer isto dizer que os agentes, unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a mesma infração penal. Seus esforços devem convergir ao cometimento de determinada e escolhida infração penal.
AUTORIA-Em relação à autoria, foram criados conceitos restritivos e extensivos de autor como situações extremas para, posteriormente, surgir uma outra conceituação que podemos denominar de intermediária, trazida pela teoria do domínio do fato. Em seguida, faremos a análise de cada um desses conceitos.
Conceito Restritivo de Autor -Para aqueles que adotam o conceito restritivo, autor seria somente aquele que praticasse a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais que, de alguma forma, o auxiliassem, mas que não viessem a realizar a conduta narrada pelo verbo do tipo penal seriam considerados partícipes.
O conceito restritivo de autor segue atrelado a uma teoria objetiva de participação que, por sua vez, segue duas vertentes: uma formal e outra material. Para a teoria objetivo-formal, autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo. Todos os demais que concorrerem para essa infração penal, mas que não realizam a conduta expressa pelo verbo existente no tipo, serão considerados partícipes; a teoria objetivo-material, de acordo com que prescreve Damásio E. de Jesus, distingue autor e partícipe pela maior contribuição do primeiro na causação do resultado.
A teoria objetiva sofreu várias críticas, pois, acaba não conseguindo explicar a possibilidade de punição do agente nos casos de autoria mediata, haja vista que, nesses casos, o autor mediato não pratica a conduta descrita no verbo núcleo do tipo.
Conceito Extensivo de Autor - conceito extensivo de autor encontra-se numa situação diametralmente oposta à do conceito restritivo. Pelo fato de partir da teoria da equivalência das condições, os adeptos do conceito extensivo não fazem distinção entre autores e partícipes. Todos aqueles que, de alguma forma colaboram para a prática do fato, são considerados autores.
Se não é possível distinguir autor e partícipe de forma objetiva, já que ambos são equivalentes desde um prisma causal, somente resta a possibilidade de fazermos uma distinção através de um critério subjetivo. Dessa forma, o conceito extensivo de autor segue atrelado à Teoria Subjetiva da Participação.
A Teoria Subjetiva procura traçar um critério de distinção entre autores e partícipes, valorando o elemento anímico dos agentes. Existe uma vontade de ser autor (animus auctoris), quando o agente quer o fato como próprio, e uma vontade de ser partícipe (animus socii), quando o agente deseja o fato como alheio. Aqui também surgem dificuldades nos casos de autoria mediata.
Teoria do Domínio do Fato - Ocupando posição intermediária entre as teorias objetiva e subjetiva, surge, em 1939, pela cátedra de Hans Welzel, a teoria do Domínio do Fato.
Para Welzel, a característica geral do autor é o domínio final sobre o fato. “Senhor do fato é aquele que o realiza em forma final, em razão de sua decisão volitiva. A conformação do fato mediante a vontade de realização que dirige em forma planificada é o que transforma o autor em senhor do fato”.
A teoria do domínio do fato é considerada objetivo-subjetiva. Aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo penal tem o poder de decidir se irá até o fim com o plano criminoso, ou, em virtude de seu domínio sobre o fato, isto é, em razão de ser o senhor de sua conduta, pode deixar de lado a empreitada criminosa. Pode acontecer contudo, que o agente, em vez de ser o autor executor, seja o “homem inteligente” do grupo e a sua função seja limitada a elucubrar o plano criminoso. Pode acontecer, também, que alguém seja um exímio motorista e, durante um assalto a uma agência bancária, tal agente fique encarregado de dirigir o automóvel, indispensável à fuga do grupo. Enfim, podem ocorrer inúmeras situações nas quais devemos distinguir quais são os autores e os partícipes.
Quando se fala em domínio do fato, não se quer dizer que o agente deve ter o poder de evitar a prática da infração penal a qualquer custo, mas sim que, com relação à parte do plano criminoso que lhe foi atribuída, sobre esta deverá ter o domínio funcional. O domínio será, portanto, sobre as funções que lhe foram confiadas e que têm uma importância fundamental no cometimento da infração penal. Assim, aquele que possui o manejo dos fatos e o leva a sua realização, é autor, ainda que não tenha praticado a conduta descrita no tipo, enquanto o que simplesmente colabora, sem ter poderes decisórios a respeito da consumação do fato, é partícipe.
 CO-AUTORIA -A co-autoria é uma forma de autoria; sua particularidade é que consiste em que o domínio do fato unitário é comum a várias pessoas. Co-autor é quem possuindo as qualidades pessoais de autor é portador da decisão comum a respeito do fato e em virtude disso toma parte na execução do delito.
Assim, podemos dizer que dentro do conceito de divisão de tarefas, serão co-autores todos os que tiverem uma participação importante e necessária ao cometimento da infração, não se exigindo que todos sejam executores, isto é, que todos pratiquem a conduta descrita no núcleo do tipo.
Podemos falar em co-autoria quando houver a reunião de vários autores, cada qual com o domínio das funções que lhe foram atribuídas para a consecução final do fato, de acordo com o critério de divisão de tarefas.
Obs.: Para aqueles que adotam o conceito restritivo de autor, haverá co-autoria quando, existindo mais de um agente, todos praticarem a conduta descrita no verbo núcleo do tipo.
Autoria Mediata – hipóteses -Autor pode ser aquele que executa diretamente a conduta descrita pelo núcleo do tipo penal, ocasião em que será reconhecido como autor direto ou autor executor; ou poderá ser, também, aquele que se vale de outra pessoa, que lhe serve, na verdade, como instrumento para a prática da infração penal, sendo, portanto, chamado de autor indireto ou mediato.
Pode acontecer que o agente não realize diretamentea conduta prevista pelo verbo reitor do tipo penal, valendo-se, muitas vezes, de outras pessoas que lhe servem como instrumento para a prática da infração penal, sendo considerado, portanto, autor indireto, ou mediato.
Nesse caso, para que se possa falar em autoria mediata, será preciso que o agente detenha o controle da situação, isto é, que detenha o domínio do fato. Nosso Código Penal prevê expressamente quatro casos de autoria mediata que são:
Erro determinado por terceiro (art. 20, §2º, CP) – como exemplo de erro determinado por terceiro podemos citar a situação em que um médico, querendo matar um paciente internado no hospital onde trabalha, prepara uma injeção de veneno e pede à enfermeira para aplicá-la no paciente, dizendo tratar-se de medicamento. A enfermeira, sem saber tratar-se de veneno, aplica a injeção no paciente e vem a matá-lo. A enfermeira não agiu com dolo nem com culpa e, portanto, quem responderá pelo crime é o terceiro que determinou o erro, isto é, o médico que será considerado autor mediato.
Coação moral irresistível (art. 22, primeira parte, CP) – se alguém, em virtude de uma coação a que não possa resistir vier a praticar uma infração penal, somente será punível o autor da coação que será considerado autor mediato.
Obediência hierárquica (art. 22, segunda parte, CP) – aqui, aplica-se o mesmo raciocínio adotado nos casos de coação moral irresistível.
Caso de instrumento impunível em virtude de condição ou qualidade pessoal (art. 62, III, segunda parte, CP) – existe a possibilidade de que o agente se valha de inimputáveis (doentes mentais ou menores) para o cometimento de infrações penais, casos em que também será considerado autor mediato.
Via de regra, aquele que é induzido a erro pelo provocador não responde pelo fato típico praticado, mas, excepcionalmente poderá responder.
Autoria Colateral, Incerta e Ignorada - Fala-se em autoria colateral quando dois agentes, embora convergindo as suas condutas para a prática de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame subjetivo. Assim, não se pode falar em concurso de pessoas (em razão da ausência de liame subjetivo). Suponhamos que A e B queiram a morte de C. Por mera coincidência, os dois se colocam de emboscada aguardando a vítima passar. Quando avistam a presença de C os dois atiram, no mesmo instante, sem que um soubesse da presença do outro naquele local. Nesse caso surgem as seguintes hipóteses: a) se ficar comprovado que a morte de C foi ocasionada pelo disparo de A, este responde por homicídio e B por tentativa de homicídio e vice-versa; b) se a perícia não puder provar quem efetuou o disparo que causou a morte da vítima ambos responderão por tentativa de homicídio, ainda que o resultado tenha sido a morte, pois, não se conseguindo apurar o autor do resultado morte, não podem os dois responder por homicídio uma vez que, nesse caso, um deles estaria respondendo por um fato que não cometeu e, ao mesmo tempo, não se pode deixar que ambos fiquem impunes e, por isso é que os dois respondem pela tentativa.
Pode acontecer, contudo, que saibamos os autores dos disparos, como noc aso acima em que A e B atiraram contra C, mas, mesmo assim, não consigamos identificar o autor do disparo que levou a vítima à morte. Existe autoria colateral, haja vista que não atuaram unidos pelo vínculo psicológico. Dessa autoria colateral surgirá outra, chamada autoria incerta. Sabe-se quais são os possíveis autores, mas não se consegue concluir, com a certeza exigida pelo Direito Penal, quem foi o produtor do resultado. Daí dizer-se que a autoria é incerta.
Quando não se conhece a autoria, ou seja, quando não se faz idéia de quem teria causado ou ao menos tentado praticar a infração penal, surge uma outra espécie de autoria, chamada agora de desconhecida ou ignorada. Esta forma de autoria difere da incerta, visto que nesta última sabe-se quem praticou as condutas, sendo que somente não se conhece, com precisão, o produtor do resultado. Na autoria desconhecida, os autores é que não são conhecidos, não se podendo imputar os fatos a qualquer pessoa.
Participação: O vocábulo partícipe pode ser empregado em dois sentidos: no sentido amplo significa, indistintamente, todos aqueles que participam da realização da infração penal (é o conceito extensivo de partícipe), englobando tanto os autores quanto os partícipes em sentido estrito. Para o efeito de distinguir entre os diversos agentes do crime, no entanto, a palavra partícipe é usada para destacar, dentre todos os agentes, somente aqueles que, embora concorrendo para a prática da infração penal, desempenham atividade diversa da do autor.
De acordo com Cezar Roberto Bitencourt, “a participação em sentido estrito, como espécie do gênero concurso de pessoas, é a intervenção em um fato alheio, o que pressupõe a existência de um autor principal. O partícipe não pratica a conduta descrita pelo preceito primário da norma penal, mas, realiza atividade secundária que contribui, estimula ou favorece a execução da conduta proibida”.
Como atividade acessória, a participação pode ser moral ou material. Diz-se moral a participação nos casos de induzimento (que é tratado pelo Código Penal como determinação, que ocorre quando o partícipe cria, faz brotar a idéia criminosa na cabeça do autor) e instigação (que ocorre quando o partícipe apenas estimula uma idéia criminosa já existente na cabeça do autor). Material seria a participação por cumplicidade (prestação de auxílios materiais).
Participação por Omissão – Conivência -Existe discussão acerca da possibilidade ou não de participação por omissão e, de acordo com a corrente amplamente majoritária, a participação moral (induzimento / instigação) é impossível de ser realizada por omissão, pois, seria impossível que alguém, sem nada fazer, induzisse, determinando, colocando uma idéia criminosa na mente de alguém, ou mesmo que estimulasse, reforçasse uma idéia já existente.
Já a participação material, pode concretizar-se através de uma inação do partícipe que, com sua omissão, contribui para a ocorrência da infração penal, desde que o partícipe não esteja enquadrado em nenhuma das hipóteses do § 2º, do art. 13, do CP, pois, nesses casos, sua omissão fará com que responda como autor e não como partícipe (omissão imprópria).
A Punibilidade no Concurso de Pessoas -Com a finalidade de distinguir e apontar a infração penal cometida por cada um dos seus participantes (autores e partícipes), surgiram três teorias que são as seguintes:
Teoria pluralista – por esta teoria haveria tantas infrações penais quantos fossem o número de autores e partícipes. Seria como se cada autor e cada partícipe tivesse praticado sua própria infração penal, independentemente da sua colaboração para com os demais agentes.
Teoria dualista – aqui faz-se uma distinção entre a infração praticada pelos autores daquela praticada pelos partícipes. Para esta teoria, haveria uma infração penal para os autores e outra para os partícipes.
Teoria monista – também conhecida como teoria unitária, adotada pelo nosso Código Penal, aduz que todos aqueles que concorrem para o crime, incidem nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade, ou seja, há um crime único, atribuído a todos aqueles que para ele concorreram, autores e partícipes. 
A reforma penal de 1984 manteve a teoria monista. Porém, o Código Penal, nos parágrafos do seu art. 29 aproximaram a teoria monista da teoria dualísta ao determinar a punibilidade diferenciada da participação. Além da exceção referida, outras existem no CP, tais como aquela que, no crime de aborto, onde a gestante responde pelo art. 124 e aquele que nela realiza o aborto, com seu consentimento, responde pelo art. 126.
A rigor, para punir o co-autor o art. 29 do CP seria desnecessário. Porém, esse dispositivo é indispensável para a punibilidade do partícipe, sendo uma norma de extensão.
Participação de menor importância -De acordo com o que prescreve o § 1º, do art. 29 do CP, “se a participaçãofor de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço”.
A participação aqui referida diz respeito exclusivamente ao partícipe e não ao co-autor. Ainda que a participação do co-autor tenha sido pequena, terá ele contribuído diretamente para a execução do crime. 
Quando o dispositivo diz que a pena pode ser reduzida, isso não significa que o juiz possa deixar de aplicar a diminuição da pena, pois, a faculdade incide somente no quantum da redução, ou seja, reconhecida a participação de menor importância, a redução se impõe.
Cooperação Dolosamente Distinta – Os desvios entre os participantes -Na cooperação dolosamente distinta, também conhecida como desvio subjetivo de condutas, a conduta executada difere daquela idealizada a que aderira o partícipe, isto é, o conteúdo do elemento subjetivo do partícipe é diferente do crime praticado pelo autor. Isso vem previsto no § 2º, do art. 29 do CP.
Aqui verifica-se a quebra da teoria monista ou unitária. O legislador pretendeu punir os concorrentes nos limites impostos pela finalidade de sua conduta, ou seja, se queria concorrer para o cometimento de determinada infração penal, se seu dolo era voltado no sentido de cooperar e praticar determinado crime, não poderá responder pelo desvio subjetivo de conduta atribuído ao autor executor.
Se o resultado mais grave for previsível para o concorrente, a pena prevista para a infração penal para a qual queria concorrer será aumentada até a metade.
O § 2º, do art. 29 do CP pode ser aplicado tanto aos casos de co-autoria como aos de participação em sentido estrito, pois, inicia sua redação com a menção a “algum dos concorrentes”, não limitando a sua aplicação tão-somente aos partícipes. 
O Concurso de Agentes nos Crimes Culposos -Embora exista controvérsia doutrinária, a tendência contemporânea é a de aceitar a co-autoria em delitos culposos. Duas pessoas podem, em um ato conjunto, deixar de observar o dever objetivo de cuidado que lhes cabia e, com a união de suas condutas, virem a produzir um resultado lesivo. Ex.: dois operários de uma construção pegam uma trave e a atiram à rua ferindo um transeunte.
Ao contrário do que acontece com a co-autoria em crimes culposos, que é aceita sem dificuldades pela maioria da doutrina, quando nos referimos à participação em crimes culposos, a tendência quase unânime é a de rechaçar essa possibilidade.
Porém, há duas possibilidades que devem ser analisadas: 1) participação dolosa em crime culposo – nesse tipo de participação a doutrina é pacífica em não aceitar a possibilidade de concurso de agentes, pois, se o agente, dolosamente instiga, induz ou auxilia um indivíduo para que este pratique infração culposa, o que haverá, na verdade, é uma hipótese de erro determinado por terceiro (art. 20, § 2º CP) e, assim, haverá duas infrações sendo uma dolosa praticada pelo causador do erro e outra culposa, praticada pelo agente induzido em erro, desde que este seja inescusável. Aqui não pode haver concurso de agentes, pois, para a aplicação deste instituto é necessária a identidade de infração penal (todos os co-delinqüentes devem praticar uma única infração); 2) participação culposa em crime culposo – aqui surge certa controvérsia. De acordo com Cezar Roberto Bitencourt não existe possibilidade de participação culposa em crime culposo, pois, é até possível que exista um vínculo subjetivo na realização da conduta, que é voluntária, mas não existirá este vínculo com relação ao resultado, que não é desejado. Para o referido penalista, os que cooperam na causa (falta do dever de cuidado), agindo sem a atenção devida, são co-autores. Porém, Rogério Greco entende possível a participação culposa em crime culposo e dá o seguinte exemplo: um passageiro de um táxi que induz o motorista a imprimir velocidade excessiva, pois, deseja chegar em casa mais cedo para assistir a uma partida de futebol na televisão e, em função disso, o motorista acaba atropelando um pedestre. Nesse caso, quando o passageiro induz o motorista a imprimir velocidade excessiva, sua finalidade era lícita, mas, era previsível o resultado. Da mesma forma, havia previsibilidade em relação ao motorista que detinha o controle do automóvel. Nesse caso, foram as duas condutas conjugadas que levaram ao resultado e, autor será aquele que praticar a conduta contrária ao dever objetivo de cuidado (motorista); partícipe será aquele que induzir ou estimular alguém a realizar tal conduta (passageiro).
O Concurso de Agentes nos Crimes Omissivos -– Co-autoria em crimes omissivos
Existe corrente doutrinária que não admite a co-autoria em crimes omissivos, uma vez que cada agente possui seu dever de agir de forma individualizada, indecomponível e intransferível. Para esta corrente, mesmo que haja identidade de propósito entre os omitentes, cada um responderá pela infração individualmente, ou seja, é como se cada um praticasse uma infração omissiva.
Cezar Roberto Bitencourt e Rogério Greco, no entanto, entendem diversamente, afirmando ser possível a co-autoria em crimes omissivos. Para os renomados autores, se duas pessoas têm o dever de agir e se omitem, praticam, cada uma, individualmente, um crime omissivo. Porém, se as duas pessoas, de comum acordo, deixarem de agir quando são obrigadas, serão co-autoras de crime omissivo. Em suma, desde que haja comunhão de desígnios em praticar a omissão, haverá co-autoria. Tal raciocínio aplica-se tanto aos crimes omissivos próprios quanto aos impróprios.
Participação em crimes omissivos -A participação nos crimes omissivos deve ser analisada sob dois enfoques:
crimes omissivos próprios – é possível que haja participação nos crimes omissivos próprios, mas, nesse caso, quem instiga ou induz o agente a não praticar a conduta a que estava obrigado deve ser alguém que não poderia praticar a mesma conduta sem risco pessoal, pois, caso contrário estaria havendo co-autoria e não participação. Ex.: A paraplégico, induz B nadador profissional a não prestar socorro a C que se afogava. A não poderia prestar socorro sem risco pessoal, já B, poderia socorrer a vítima sem o menor problema. Nesse caso, B será autor do delito previsto no art. 135 do CP enquanto A será partícipe do mesmo crime.
crimes omissivos impróprios – aqui, para que haja participação, é necessário que o partícipe não tenha o dever jurídico de agir, isto é, o partícipe não pode ser garante como o autor, pois, caso contrário, haveria co-autoria. É perfeitamente possível que um terceiro, que não está obrigado a agir, instigue o garante a não impedir o resultado. Ex.: A, salva-vidas, é induzido por B, sua namorada a não socorrer um banhista que se afogava no mar, pois, aquela queria que seu namorado a levasse ao cabeleireiro com o qual havia marcado hora, pois, estava atrasada. Nesse caso, A será autor, pois é agente garantidor e tem o dever de agir, mas, B será apenas partícipe, pois, não tinha dever de agir e induziu o primeiro a não socorrer a vítima.
As Circunstâncias Incomunicáveis -O art. 30 do Código Penal diz que “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
A regra é a da incomunicabilidade, entre os co-participantes, das circunstâncias, bem como das condições de caráter pessoal, sendo excepcionada quando se tratar de elementares do crime.
Circunstâncias são dados periféricos, acessórios, que gravitam em torno da figura típica, somente interferindo na graduação da pena. A existência ou não de uma circunstância em nada interfere na definição da figura típica, tendo a sua importância limitada ao aumento ou diminuição da pena de uma determinada infração penal.
As circunstâncias podem ser de natureza objetiva ou subjetiva. As objetivas, materiais ou reais, são as que se relacionam com o fato delituoso em sua materialidade (modos de execução, uso de determinados instrumentos, tempo, ocasião, lugar, qualidades da vítima etc.); as subjetivas ou pessoais são aquelas que dizem respeito à pessoa do agente, nãotendo qualquer relação com a materialidade do delito, tais como os motivos determinantes (motivo torpe, motivo fútil etc.), suas condições ou qualidades pessoais (médico, cônjuge etc.) e relações com a vítima ou com outros concorrentes (filho, pai etc.) etc. 
Ao contrário, as elementares são dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta (o fato praticado torna-se um indiferente penal), ou uma atipicidade relativa (quando ocorre a chamada desclassificação de uma infração para outra).
Condições pessoais são as relações do sujeito com o mundo exterior e com outras pessoas ou coisas, como as de estado civil (casado, solteiro etc.), de parentesco (filho, irmão etc.), de profissão ou emprego (médico, advogado etc.). Segundo Damásio E. de Jesus, tais condições já funcionam como circunstâncias na Parte Geral ou Especial do CP, ou como elementares da figura típica e, dessa forma, a referência a elas seria supérfula.
Na verdade, o artigo 30 do CP deve ser assim interpretado: 
as condições e circunstâncias subjetivas (de caráter pessoal) não se comunicam, por expressa determinação legal;
as circunstâncias objetivas se comunicam, desde que tenham entrado na esfera de conhecimento do agente;
as condições e circunstâncias (subjetivas ou objetivas) se comunicam quando passam a ser elementares do crime, mas, ainda assim, é necessário que entrem na esfera de conhecimento do agente, pois, embora tal exigência não esteja expressa na lei, deve ser entendida como implícita sob pena de aceitarmos a responsabilidade penal objetiva.

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