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Medicina na Antiguidade

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A Medicina na Antiguidade 
Historicamente a antiguidade é o período compreendido entre 4000 a.C, momento no 
qual ocorre os primeiros registros escritos da vida humana, e a queda do império 
romano por volta de 476 d.C. Neste período floresceram as civilizações Mesopotâmica, 
Egípícia, Indiana, Chinesa, Greco e Romana as quais influenciariam definitivamente o 
mundo atual e deixaram seus legados na construção da Medicina como ciência e arte. 
Graças ao surgimento da escrita por volta de 4000 a.C ocorre o registro da evolução da 
medicina mágica e empírica até a prática baseada na interpretação dos fenômenos 
naturais, introduzida por Hipócrates, na Grécia antiga. Podemos, portanto, dividir o 
período da antiguidade para Medicina em dois momentos, ou seja, antes e após a 
medicina praticada por Hipócrates (460-435 a.C). 
 
 
 
A seguir comentaremos sobre as características da Medicina praticada em cada uma 
dessas civilizações. 
A Medicina Mesopotâmica: 
Momento Histórico: 
A Mesopotâmia compreende a região hoje ocupada pelo Iraque e parte da Síria. 
A área entre os rios tigre e Eufrates, era é chamada de Crescente Fértil. Diversos povos 
dominaram esta região como os babilônicos, os assírios e sumérios. 
A mesopotâmia atingiu grande desenvolvimento cultural e esteve sob domínio 
de diversos reis como o babilônico Hammurabi (1792-1750 a.C) e o assírio 
Assurbanipal (669-612 a.C). O homem primitivo não nos deixou registros de sua prática 
médica de forma escrita. O registro escrito é um feito sumério o qual desenvolveu a 
escrita cuneiforme, chamada assim por se utilizar de objetos em cunha para registrar em 
tábuas de argila, a primeira escrita a qual temos conhecimento. Embora o objetivo 
inicial desta escrita tenha sido provavelmente para fins administrativos e comerciais, foi 
através dela que podemos conhecer os primeiros registros escritos de sinais ou sintomas, 
as medidas terapêuticas aplicadas e a evolução dos quadros clínicos apresentados por 
seres humanos doentes. A maioria destas informações foi possível graças às tábuas 
encontradas na Biblioteca do rei assírio Assurbanipal. 
Nosso conhecimento da organização, prática e teoria da medicina na 
Mesopotâmia decorrem das seguintes fontes: 
1. O código de Hamurabi( 1800 a.C): o código traz as regras da conduta 
médica em vários aspectos como os honorários pelos serviços prestados, 
dias de trabalho e retribuição por lesões provocadas por procedimentos. 
A compensação era influenciada pelo estrato social do paciente sendo 
menor para escravos e plebeus. Alguns dias do mês eram considerados 
impróprios ao trabalho dos curadores, por não trazerem sorte. Danos 
causados a pacientes poderiam ser punidos com a amputação das mãos 
do curador. 
2. Leis Assírias (1000 a.C): também um código de condutas médicas o qual 
estipulava os honorários e penalidades a má prática da cura. 
3. Hebário Assírio (1000 a.C): encontrado em tábuas de argila relatava 
cerca de 250 vegetais, 120 minerais e 180 produtos de origem animal, 
usados como terapia. 
4. Coleção de tábuas de Argila contendo textos médicos (2000 a.C): cerca 
de 40 tábuas divididas em 05 sessões: 1) presságios os quais indicariam o 
melhor tratamento 2)relato de sinais e sintomas relacionados a partes do 
corpo 3) prognóstico de acordo com a evolução diária da doença 4) 
doenças complexas e tratamentos 5) doenças em mulheres e crianças, 
incluindo gravidez. 
5. Textos de Prescrição (3000 a.C): onde se encontra relatos de 
encantamentos, medicações orais e banhos em infusões quentes. 
6. Pequena tábua(400 a.C): nesta as doenças são decorrentes de agressões a 
quatro órgãos: coração, pulmões, rins e estômago. 
 
 A Prática Médica: 
A medicina mesopotâmica era fortemente influenciada pela religião e por 
forças sobre naturais. A concepção do adoecimento para os povos 
mesopotâmicos baseava-se no conceito mágico e religioso. Portanto, a doença 
seria decorrente da entrada de maus espíritos, encantamentos e punição pelos 
deuses por transgressões. 
 Havia três tipos de curadores: 
Bârû (vidente): eram os adivinhadores, intérpretes de sonhos e presságios, 
capazes de realizar um diagnóstico e um prognóstico. 
Âshipu (exorcistas): trabalhavam com encantamentos e eram capazes de 
exorcizar demônios. 
Asû (sacerdote-médico): trabalhavam com rituais mágicos, herbários e 
procedimentos cirúrgicos. 
De modo geral, os curadores eram respeitados e provenientes de classes 
mais educadas. O treinamento ocorria em locais específicos próximos a templos 
e considerado de natureza confidencial. Usavam vestimentas específicas e 
cabeça raspada com pequeno coque no topo. 
Os principais deuses relacionados à cura eram Ea (deus da água), Ninazu 
(deus dos curadores) e Ninib e Gula( deuses da cura ). 
 
 
Conceito Básico de Adoecimento: 
 As doenças eram encaradas como sendo enviadas por deuses por 
transgressões, invasões de demônios e espíritos. Assim era fundamental acalmar 
os deuses e demônios através de cerimonias de adoração, oferendas a ancestrais, 
uso de amuletos e encantamentos, e seguir de forma estrita aos tabus. Podiam-se 
atacar as doenças através do reconhecimento e prevenção dos maus presságios e 
o uso de encantamentos. Uso de bruxaria para evitar demônios e evitar contato 
com pessoas doentes para evitar o contágio espiritual. Grande atenção era dada a 
interpretação de sonhos, fenômenos astrológicos, adivinhações através da chama 
de fogo e da distribuição de gota de óleo em água. A leitura do futuro era 
também realizada através de tábuas de argila em formato de fígado de carneiro 
(Fig 1). Para os mesopotâmicos o fígado era a “sede da vida” e também da 
“alma”, portanto, era através dele que os deuses expressavam suas vontades. 
 
Era comum ao âsu a visita a casa do paciente e identificação de maus 
presságios durante o trajeto e no interior da casa. O asu observava também as 
condições do doente desde a cabeça aos pés. Os mesopotâmicos não tinham 
conhecimento significante em anatomia ou fisiologia humana, não havia 
dissecções em animais ou humanos para fins científicos. 
Por outro lado, reconheciam a importância para a saúde de fatores como 
o frio, intoxicação alcoólica e condições sanitárias inadequadas. 
De modo geral, a estruturação da terapia baseava-se na identificação da 
transgressão e do demônio ou espirito invasor. 
 
Conclusões: 
 Embora fortemente influenciada pela força religiosa e mágica, a herança 
escrita da medicina mesopotâmica propicíanos entender os primórdios do 
exercício da medicina, compreendendo melhor o início da formação dos 
primeiros curadores, suas áreas de atuação e as suas regras de conduta. Embora 
arcaica, mesmo hoje muito da estrutura terapêutica sobreviveu, especialmente 
entre populações como pouco grau de escolarização e baixo acesso a medicina 
contemporânea. 
 
 
 
A medicina Egípcia 
Momento Histórico: 
A história do Egito divide-se em três fases: 
1. Antigo Império (3200-2100 a.C) : neste período são construídas as primeiras 
pirâmides e um desenvolvimento da agricultura. 
2. Médio Império (2100-1580 a.C):chamado período clássico caracterizado por 
importante evolução intelectual e desenvolvimento da medicina. 
3. Novo Império (1580-715 a.C): Nesse período o Egito alterna entre 
conquistas territoriais e invasões. Por volta de 323 a.C Alexandre o Grande, 
conquista o Egito e funda a cidade de Alexandria que se tornará centro 
intelectual e médico do mundo antigo. 
A palavra Papiro provém da planta Cyperus papyrus encontrada as margens do delta do 
rio Nilo. As folhas dessa planta eram usadas como uma espécie de “papel” para registro 
daescrita hieroglífica. Assim, a dependência da passagem oral da informação ou o seu 
registro em pedras de argila, poder ser abandonada. Graças à escrita em papiros, muito 
do que sabemos sobre a medicina no Egito foi preservado. As fontes principais de desse 
conhecimento residem em algo como 14 papiros, sendo os mais importantes, os abaixo: 
Papiro Data (a.C) Conteúdo 
Ebers 1555 Medicina geral, 
ginecologia, cirurgia e 
oftalmologia 
Edwin Smith 1600 Trauma cirúrgico 
Kahum 1900 Medicina da mulher e 
gravidez 
Berlin 1350-1200 Infância e farmacopéia 
 
O papiro de Edwin Smith foi descoberto em Tebas em 1862, e é datado de 1600 
a.C mas acredita-se que o papiro era uma cópia de um documento ainda mais antigo 
talvez em torno de 3000 a.C. Neste papiro há a descrição de 48 casos, na maioria 
traumáticos que segue uma lógica anatômica que vai da porção da cabeça aos pés. Cada 
caso cirúrgico tem um título e em seguida o método de exame no qual compunha de 
interrogações, inspeção e palpação para então obter o diagnóstico. Para cada diagnóstico 
há a possibilidade uma das três assertivas: “ uma desordem que eu irei curar”, “uma 
desordem que eu irei controlar” , “uma desordem que não tem tratamento”. 
No papiro de Smith fica claro o conhecimento egípcio da correlação do pulso ao 
coração e a ideia de circulação. Os egípcios usavam um pequeno vaso por onde em uma 
pequena abertura caíam gotas de água as quais eram contadas ao mesmo tempo que 
contavam o pulso. 
O papiro de Eber, contem material relacionado a medicina interna ou clínica. 
Neste papiro encontra-se descrição de tumores e a sugestão de remoção cirírgica com 
facas aquecidas de maneira a reduzir o sangramento. Também reforça neste papiro a 
percepção do coração como sede da circulação e o exame do pulso como parte 
importante da avaliação da saúde do paciente. 
Não podemos esquecer a importância do historiador Heródoto o qual registrou diversos 
aspectos da atividade médica egípcia. 
A palavra swnw (sunu) designava o curador. A prática médica no antigo Egito 
era especializada por doenças em cada órgão, portanto havia curadores para doenças dos 
olhos, dos intestinos e assim por diante. 
 Embora praticassem a mumificação, o que exigia conhecimentos anatômicos, os 
egípcios não fizeram grandes avanços nessa área. Acredita-se que os sacerdotes 
mumificadores não praticavam a medicina o que pode ter levado a este atraso. Os 
egípcios consideravam o coração como a sede do pensamento e das emoções, ele 
portanto, era preservado durante a mumificação enquanto que o cérebro era retirado. 
A prática médica no Antigo Egito: 
Os reis egípcios eram considerados deuses mas mantinham qualidades humanas. 
Embora os deuses fossem associados a aspectos como cura e adoecimento, nenhum 
deus era devotado exclusivamente a Medicina. Cada especialização, tinha o seu deus(es) 
patrono(s), o qual o swnw trabalha sob os auspícios do deus particular. 
Os dois mais importantes divindades da cura foram Thoth , considerado o deus 
patrono dos Médicos (como fonte do conhecimento médico) e dos escribas(como 
inventor da escrita), e Imhotep o qual Willian Osler reconhece como “ a primeira figura 
de um médico a erguer-se claramente dentre os mitos da antiguidade”. 
Imhotep era um personagem com múltiplas habilidades realizando obras na 
poesia, arquitetura e medicina. Sua obra ocorre no reinado do faraó Djoser, por volta de 
2667-2648 a.C). Após sua morte ele foi deificado e durante o período grego, 
identificado como Asclépio (Deus da cura para os Gregos). Atribui-se a Imhotep os 
escritos do papiro de Edwin Smith. Dentre seus legados está a construção da pirâmide 
de Saqqara, considerada a primeira desstas construções no Egito. 
É provável que a organização da Medicina tenha se iniciado no período de 
Imhotep. A hierarquia médica era desenhada da seguinte forma: 
Sunu Médico Comum 
Imyr Sunu Médico Supervisor 
Wr Sunu Médico Chefe 
Smsw Sunu Médico Sênior 
Shd Sunu Médico Inspetor 
Imy-rt-Sunu Diretora da Mulheres Médicas 
 
Heródoto (450 a.C), historiador grego, descreve a medicina egípcia como 
especializada onde cada doutor era responsável por tratar um único tipo de doença 
consequentemente também, havia muitos médicos. 
Os egípcios se preocuparam em descrever alguns sintomas dramáticos como o 
da angina pectoris “se o homem doente do coração tem dor em seu braço do lado do 
coração e em seu tórax, a morte o ameaça”. 
O ensino da medicina era provavelmente transmitido pela tradição oral que 
escrita. Possivelmente, médicos eram treinados em “Casas da vida” e além de 
conhecimentos médicos racionais recebiam ensinamentos religiosos. Os deuses 
protetores se associavam a partes do corpo assim, Horus era protetor dos braços, Re da 
cabeça. Havia também a ideia da deusa das doenças Sekhmet. 
Embora os egípcios dominassem a técnica da mumificação isto não lhes trouxe 
conhecimento anatômico aplicável. Acredita-se que os embalsamadores não praticavam 
a medicina. 
Para os egípcios o coração era a sede da alma e da mente (Fig 2), consideravam 
que ele estaria conectado aos outros órgãos através de uma rede de canais chamados 
“metu”. A rede seria composta por 36 canais que partiam do coração e eram 
preenchidos por sangue, ar, lágrimas, suor, saliva, muco, urina e sêmen. 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 2. Ilustração “ O Julgamento de Osíris” .Representa a cerimônia onde o morto trazido por 
Anúbis tem seu coração pesado contra uma pluma. Na sequência o morto fica entre Thot e 
Horus, sendo apresentado a Osiris. 
Conceito Básico de Adoecimento: 
Os egípcios atribuíam o adoecimento a entrada dos espíritos malignos pelos 
orifícios como boca, nariz, ouvidos se espalhando através do metu e se concentrando em 
um determinado órgão. As medidas ditas terapêuticas envolviam desde mágica, 
encantamentos e evocação de deuses além do uso de produtos naturais como plantas, 
mel, óleos com o objetivo de expulsar o espirito maligno. Embora o culto e o uso de 
rituais fossem parte da estratégia terapêutica dos antigos médicos egípcios, eles 
desenvolveram uma extensa farmacopeia com mais de 700 produtos naturais 
utilizados.Com relação a cirurgia conheciam técnicas de cauterização, remoção de 
tumores superficiais, uso de bandagens em fraturas e amputações. 
Conclusões: 
Os egípcios apresentavam de certa forma apresentavam uma medicina mais 
complexa a cerca da avaliação do paciente utilizando da história e do exame f´sisco para 
determinar o tipo de doença e o espirito a ser combatido. Reconheceram a possibilidade 
de uma circulação e da importância da avaliação do pulso na avaliação do paciente. 
Tinham noção de prognóstico e uma noção ética como demonstrado no papiro de Ebers 
por um conselho repetido diversas vezes, em relação ao paciente “Não abandona-lo”. 
 
 A medicina na Índia Antiga: 
Momento histórico: 
 Os primeiros registros escritos sobre a organização social e religiosa da índia 
datam de aproximadamente 2000 aC. Esses textos são chamados de “Vedas” que 
significam em sânscrito “conhecimento”. 
Os relatos mais antigos sobre aprática médica na índia antiga surgem a partir da 
interpretação de um dos textos chamado “Atharvaveda” o qual servirá de base para uma 
prática médica sistematizada chamada “Ayurveda” que significa “conhecimento da 
vida”. 
Os escritos iniciais do atharvaveda revelam uma medicina religiosa e mágica, 
onde as doenças deveriam ser tratadas com a expulsão de demônios, uso de amuletos 
próprios, cerimônia e ritos de invocação de deuses da cura. Nos textos observa-se que as 
doenças poderiam ser provocadas por umidade, vento e desidratação. Em algunsmomentos os textos também sugerem que podem ocorrer doenças devido a fatores 
congênitos, mudanças sazonais ou por minúsculos organismos que residem no corpo. 
Embora tais ideias possam revelar certo avanço, as praticas védicas eram basicamente 
mágico religiosas especialmente no que se referem à terapia. 
Contudo, por volta de 600 aC consolida-se um sistema filosófico que sistematiza 
a relação do homem com a natureza, o que fará uma mudança significativa no modo de 
compreensão dos antigos indianos do processo de adoecimento, surgindo assim a 
abordagem Ayurveda. 
A prática médica e Conceito básico de adoecimento: 
A prática ayurvédica compreende oito ramos: 
Kayacikitsa Medicina Interna 
Salya tantra Cirurgia 
Salakya tantra Oftalmologia e otorrinolaringologia 
Kaumara brhtya Pediatria, ginecologia e obstetrícia 
Agada tantra Toxicologia 
Rasayana Geriatria e nutrição 
Vajikarana Sexologia 
Bhuta vidya Psiquiatria e demonologia 
 
Os dois principais livros que trazem os conhecimentos da ayurvédica são o 
Charaka Samhita( 250 a.C), em alusão ao médico Charaka, que apresenta os princípios 
fundamentais do tratamento ayurvédico e a compreensão do corpo humano para a 
época. O segundo é o Susruta Samhita, em alusão ao médico Susruta (150 aC) , revela 
as práticas cirúrgicas e o conhecimento anatômico da época. Vale ressaltar que o 
conhecimento anatômico era baseado em corpos de crianças até 02 anos, pois a prática 
na antiga cultura indiana era realizar a cremação de crianças acima desta idade. 
O pensamento filosófico-religioso predominante por volta de 600 aC na índia é 
chamado de Samkhya, o qual dá a sustentação para perspectiva ayurvédica que entende 
que há uma relação direta do homem e o universo. 
De acordo com este pensamento os seres humanos seriam formados a partir de 
cinco elementos que compõem o universo: éter, terra, fogo, ar e água. Esses elementos 
se combinam para gerar três forças vitais (tridoshas): vata( éter e água), pitta(fogo e 
água ) e kapha(terra e água). 
Cada um desses elementos estaria associado a um objeto do sentido (p. ex:som) 
uma faculdade sensorial(p. ex :audição),a um órgão sensorial(p. ex: ouvido), a uma 
faculdade de ação(p. ex: fala) e um órgão motor(p. ex: cordas vocias). 
Para os antigos indianos, o coração seria a sede da alma, a doença seria resultado 
do desequilíbrio ou desarmonia envolvendo os três doshas e o ser humano é uma 
representação do cosmos (microcosmo) 
 
 
 
 
Além disso, existiriam os cinco tecidos que formam o corpo, chamados dathu: 
Rasa Dathu Intestinos 
Rakta Dathu Sangue 
Mansa Dathu Tecidos musculares 
Meda Dathus Gordura 
Asthi Dathu Ossos 
Shukra/Artava Dathu Tecidos reprodutivos 
Majja Dathu Encéfalo, medula espinhal e medula óssea 
 
A terapia ayurvedica baseaia-se na terapia divina na qual se aplica a doenças 
sem uma causa aparente e se recorre a uso de amuletos, encantamentos, ritos e 
cerimônias de oferendas a deuses. Mas também a terapia “racional” na qual, através de 
um exame do paciente, chega-se a um diagnóstico do desequilíbrio e institui-se o uso de 
herbário com objetivos de restaurar os doshas. 
Conclusões: 
A antiga medicina indiana trazia consigo uma visão do homem integrada à 
natureza e de certa forma valoriza o conceito de doença filosófico metafísico, 
diminuindo, em certa maneira, a influência mágico-religiosa. Além disso, sobreviveu a 
moderna medicina, sendo ainda hoje seus princípios filosóficos e terapêuticos exercidos 
por médicos em diversas partes do mundo. 
 
A Medicina Chinesa 
Momento histórico: 
Assim como a mesopotãmia, Egito e índia a civilização Chinesa floresceu as 
margens de um grande rio, o Amarelo. E também como outros povos antigos 
desenvolveram sua própria escrita. 
Os registros mais antigos dessa civilização datam de 1700 a.C, e acredita-se que 
neste período, a civilização chinesa não utilizavam qualquer abordagem farmacológica 
para tratamento de pessoas doentes. O adoecimento era resultado da influência de 
espíritos da morte e, por conseguinte, oferendas, preces e encantamentos tinham uma 
maior influência na cura que qualquer erva. 
A prática Médica e concepção do adoecimento: 
O desenvolvimento e fortalecimento das ideias taoistas trouxeram uma nova 
forma de pensamento, em que a percepção do adoecimento mudaria definitivamente 
entre os chineses. De acordo com o taoísmo, o homem é produto da natureza e parte 
integrante do universo. Para essa forma de pensamento, o universo é regido por forças 
opostas que se equilibram harmonicamente. Essas forças são chamadas Yin e Yang: 
duas forças opostas e equilibradoras de extremos cíclicos de tudo que existe na natureza 
tal como o dia e a noite, o quente e o frio, o feminino e o masculino. Para os chineses a 
natureza era composta por cinco elementos básicos: terra, fogo, madeira, água e metal. 
Estes elementos compunham todos os elementos da natureza animada ou inanimada. 
Portanto, o corpo humano seria constituído pelos cinco elementos básicos e 
estaria sujeito às forças opostas do Yin e Yang. A doença seria, portanto, um 
desequilíbrio entre estas forças opostas. Para a medicina chinesa os órgãos internos são 
chamados de “Zang Fu” e são subdivididos em “Zang” e “Fu”. Cada órgão está 
relacionado a um elemento básico da natureza e a uma emoção. 
Os órgãos Zang ( natureza Yang) são o coração, fígado, baço, pulmões e rins. Os 
órgãos “Fu” ( natureza Yin) são intestinos delgado e grosso, vesícula biliar, bexiga, 
estômago. 
A medicina chinesa refere-se à existência de uma energia chamada de Qi a qual 
circula em meridianos distribuídos no corpo humano e representados pelo Zang Fu. 
Os chineses antigos desenvolveram a acupuntura a qual através de agulhas 
posicionadas em pontos específicos de um determinado meridianos mobiliza o Qi e 
tenta restaurar a harmonia do órgão correspondente. Além disso, desenvolveram um 
extenso herbário terapêutico. 
 
Conclusões: 
Muito do conhecimento da Medicina Chinesa sobreviveu e hoje sua prática é 
reconhecida como área de atuação médica pelo Conselho Federal de Medicina. Assim 
como os indianos, os chineses gradualmente se distanciaram da prática mágico-
religiosa, elaboraram um complexo sistema filosófico para compreender o fenômeno do 
adoecimento. Gregos e romanos desenvolveram suas próprias teorias mas que de certa 
forma mantinham a ideia de elementos ou humores os quais seu desequilíbrio levariam 
à enfermidade. Entretanto, a concepção mágico-religiosa, está presente em graus 
variáveis de intensidade na base da explicação do sofrimento pelo adoecimento em 
todas as civilizações antigas.

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