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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Sistemas de Avaliação da Qualidade Aula 1 Prof. Ricardo Lucena de Souza CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Contextualizando Quando falamos de sistemas da qualidade, necessitamos fazer uma análise mais robusta para não cair dentro de uma qualidade como sendo algo filosófico e sim como um diferencial nos resultados operacionais da empresa, para tal temos que conhecer as bases da qualidade, como podemos definir alguns atributos norteadores para a satisfação de nosso cliente. Devemos também saber medir corretamente e entende o que é um sistema de medição, como também as normas e o significado delas, e por fim a famosa cultura da qualidade que é a base de um sistema da qualidade sustentável que prima por resultados qualitativos, mas também quantitativos. Tema 01: Introdução aos Sistemas de Avaliação da Qualidade A avaliação de sistemas da qualidade não é algo simples, porém podemos através de um conjunto de conhecimentos aplicados, os quais veremos dentro de nossas rotas desmistificar a avaliação da qualidade, avaliamos sistemas continuamente, nosso livro base no capitulo 1.2 (CHIROLI, Avaliação de sistemas de qualidade), apresenta uma analogia sobre a avaliação de um sistema da qualidade com não conformidade pela aquisição de um produto que acabou como o encerramento da parceria cliente-empresa, escrito desta maneira parece algo complexo, mas se trata de algo muito simples. A busca por um Pensamento da Qualidade: Mesmo que exista uma série de definições de qualidade, principalmente no quesito de adequação ao uso, posso afirmar que o conceito desse termo evoluiu. Qualidade significa muito mais do que a integridade de um produto manufaturado. Esse conceito é complexo e muito mais abrangente, pois representa uma filosofia, um sistema de metodologias e práticas e um compromisso com a excelência de negócios que abrange todas as áreas, os indivíduos e as questões de uma organização. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Deste modo, é necessário olhar para as três gerações da empresa, ou seja, passado, presente e futuro. Conhecer o passado permite compreender como aconteceram os desenvolvimentos socioculturais, além de ajudar a entender o presente com base nos erros passados e nas ações executadas, com o intuito de projetar melhorias ao futuro. Uma frase muito conhecida de um pensador diz: “Se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; se queres conhecer o futuro, examina o presente que é a causa” (CONFÚCIO, apud UOL, 2016). Ao olhar para o passado, é possível falar da primeira forma de produção organizada, na qual o artesanato era representado por uma produção de caráter familiar, realizado na casa do artesão junto com a família, em que ele realizava todas as etapas da produção em suas oficinas (também chamadas manufaturas), desde o preparo da matéria-prima até o produto final. O trabalho era feito do início ao fim pela mesma pessoa, ou seja, não havia divisão do trabalho, nem especialização. Em alguns casos, o artesão trabalhava junto com um ajudante, que não recebia um salário, apenas pagava uma taxa para a utilização das ferramentas. Conforme esses ajudantes aprendiam o trabalho, eles se tornavam novos artesãos. Neste período, a produção artesanal era controlada pelas corporações de ofício, que funcionavam praticamente como fazem atualmente os sindicatos. Havia as corporações de artesãos, de padeiros, de marceneiros etc. A manufatura predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. A partir desse momento, ocorreu um aumento na produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção, em que cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. A ampliação do mercado consumidor relacionou-se diretamente ao alargamento do comércio. Este período pode ser caracterizado como a primeira era da qualidade, na qual artesãos faziam uso da inspeção para garantir a conformidade com os requisitos dos clientes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 O processo de inspecionar era satisfatório enquanto o volume de fabricação era baixo. Porém, com o aumento da produção, evidenciada principalmente devido à Revolução Industrial, surgiu a necessidade de melhorar este método de controle de qualidade, tornando-o mais eficaz. LEITURA OBRIGATÓRIA CHIROLI, D. Avaliação de sistemas de qualidade. Curitiba: Editora InterSaberes, 2016. SAIBA MAIS Entenda mais sobre a evolução dos Sistemas da Qualidade, para assim conhecer de forma efetiva seus benefícios. A preocupação com a qualidade é milenar e sua utilização como função gerencial determinou práticas utilizadas durante certo período, fomentando o surgimento de outras sistemáticas incorporadas à gestão como ferramentas específicas. Consulte: http://www.blogdaqualidade.com.br/a-evolucao-do-sistema-de-gestao- da-qualidade/ Tema 02: Atributos da qualidade A história mostra a evolução da qualidade, porém é difícil conceituar a qualidade, Dellaretti (1994) conseguiu com maestria demonstrar em forma de um templo os atributos da qualidade e estes atributos se bem seguidos podem se tornar a base para o estabelecimento de marcas, empresas e profissionais com qualidade de maneira estruturada, a figura 2 demonstra este templo: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Tudo tem sua base e alicerce na moral, ou seja, o estado de espirito, o fator motivador do trabalhador, passando então por seus quatro pilares: Qualidade Intrínseca; Entrega; Custo; Segurança. Estes pilares geram uma sustentação para a satisfação das pessoas que geram produtos com mais qualidade e assim diminuem os erros sendo cada vez mais produtivos e trabalhando não somente pelo seu bem-estar mais sim por e com um proposito maior. LEITURA OBRIGATÓRIA SELEME, R. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2010. Figura 2 – Seleme, Os Cinco atributos da Qualidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 SAIBA MAIS Assista ao vídeo sobre os atributos da qualidade, em um enfoque de consultoria, sobre seus princípios e aplicações. Vale a pena analisar como os atributos podem atrapalhar o “moral” das pessoas: https://www.youtube.com/watch?v=GKx2ro54SDQ Tema 03: Sistemas de medição A metrologia, é a ciência das medições e de suas aplicações, considerada uma ferramenta fundamental no crescimento industrial e na capacidade tecnológica de empresas e países. As medições estão presentes em praticamente todos os processos de tomadas de decisão sejam do cotidiano ou de grandes indústrias, sua confiabilidade é de suma importância para termos certeza dos resultados obtidos. Erros metrológicos podem aprovar produtos ruins e gerar grandes prejuízos a marca atrelada a ele, ou de modo contrário podem reprovar lotes de peças ok, gerando grandes gastos com refugos ou retrabalhos desnecessários. Além de uma série de outras implicações que podem chegar a inclusive problemas intercontinentais em uma pior instância. O princípio da intercambiabilidade de peças, ou seja, a certificação de peças idênticas fabricadas em qualquer parte do globo terrestre e que deve ter todas as funções necessáriaspassa por um controle robusto para definir a capacidade dos processos se reproduzirem dentro dos padrões pré-definidos. Outro conceito extremamente importante é o de sistemas de medição que são compostos por pessoas, instrumentos, equipamentos, dispositivos, locais de medição, métodos de medição e condições do ambiente; a melhoria do sistema de medição deve reduzir, ao longo do tempo, a variação devido ao sistema de modo que os erros sejam minimizados. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 LEITURA OBRIGATÓRIA TOLEDO, J.C. Sistemas de medição e metrologia. Curitiba: Editora InterSaberes, 2013. SAIBA MAIS A comprovação metrológica é fundamental para sistemas de gestão da qualidade e segurança dos alimentos. O que não é medido não é gerenciado, e isto é especialmente verdadeiro quando se trata de requisitos do cliente e medidas de controle de perigos em alimentos. Leia o texto com uma visualização voltada ao ramo alimentício sobre a necessidade de sistemas de medição: http://foodsafetybrazil.org/precisamos-de-um-sistema-de-gestao-das- medicoes/ Tema 04: A Estrutura de um Sistema de Gestão Quando a necessidade de estruturação de um sistema de gestão, devemos ter apoio da parte de cima da organização, como chamamos o sistema deve vir top-down da alta direção. A implantação da gestão estratégica da qualidade não parte apenas da vontade do gerente, mas, sim, do comprometimento da alta direção, que fornecerá subsídios para que todos possam contribuir com essa mudança cultural dentro da organização. Outro ponto muito importante é o uso do benchmarking. O benchmarking é um processo de medição e comparação de produtos, serviços e processos de empresas modelos ou líderes em algum aspecto de sua operação. Essa comparação permite identificar algumas necessidades da organização, ou mesmo ideias a serem debatidas e transformadas em ações. Desta forma, o benchmarking auxilia na obtenção de informações e no CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 empreendimento de ações destinadas à melhoria do desempenho de uma organização. A alta gerência, ao almejar esse modelo de gestão, deve então se organizar para isso. Para delinear seu comprometimento, é importante elaborá- lo considerando os fatores descritos: Defina a situação atual da empresa em relação à sua competitividade internacional. Responda concretamente e se possível por meio de números as razões que impedem a empresa de ser mais competitiva (Custo? Qualidade? etc.). Estabeleça “metas de sobrevivência”. Estabeleça estratégias para atingir estas metas. Estabeleça o comitê de implantação do Planejamento Estratégico de Qualidade ou Controle da Qualidade Total. Nomeie o coordenador do Planejamento Estratégico de Qualidade ou Controle da Qualidade Total. O primeiro passo é definir a situação atual, ou seja, identificar como a empresa se apresenta no mercado e os porquês do cenário atual. Para tal, o mapeamento dos problemas é um bom começo. Neste processo, pode-se utilizar o brainstorming como metodologia, de modo a já iniciar o processo de envolvimento das pessoas na busca por melhorias. Metas de sobrevivência um plano de metas que visem garantir a competitividade da empresa por meio de avaliação de concorrência internacional – no caso, com as melhores empresas do mundo no segmento em questão. Para deixar esse plano de metas organizado, a melhor metodologia a ser utilizada é o ciclo PDCA, pois, conforme a própria ABNT NBR ISO 9001 destaca, é possível com esse método delinear os passos a serem seguidos no alcance das metas. Neste planejamento estratégico da qualidade, há necessidade de se definir as diretrizes de qualidade. Uma diretriz nada mais é que um procedimento ou plano para se alcançar um resultado. Assim, uma diretriz de qualidade apresenta o estabelecimento de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 metas de qualidade e um caminho a ser seguido para se atingir as metas de qualidade. Também é importante deixar bem definidas as ações a serem feitas, os objetivos das metas, as responsabilidades, os prazos, bem como de que forma as ações deverão ser realizadas, tudo de forma clara e organizada – o 5W1H é um bom método para isso. Outro ponto importante neste processo é a organização da equipe de trabalho, criando conselhos ou comitês de implantação da gestão estratégica da qualidade, uma vez que são essenciais para o sucesso desta implantação. O conselho tem por função supervisionar a manutenção da gestão da qualidade dentro da organização. Esse conselho geralmente é composto pela diretoria executiva. Certamente, quando a empresa é muito grande, pode-se estabelecer vários conselhos integrados a fim de que se tenha uma infraestrutura consolidada. Após a delineação dessa estrutura, é preciso formalizar a política de qualidade da organização, pois se trata de um guia para a ação gerencial. LEITURA OBRIGATÓRIA CHIROLI, D. Avaliação de sistemas de qualidade. Curitiba: Editora InterSaberes, 2016. SAIBA MAIS Entenda um pouco mais sobre a aplicação de um sistema da qualidade em pequenas empresas. Em tempos de crise, todas as empresas buscam manter-se competitivas frente aos seus concorrentes. Para que isso ocorra com mais facilidade, uma das principais medidas que normalmente é adotada é a melhoria dos processos internos. Esse é um trabalho que envolve a criação de rotinas, protocolos e processos que melhoram as operações internas e os indicadores da companhia. http://blog.qualidadesimples.com.br/2016/06/27/sistema-de-gestao-da- qualidade-pequenas-empresas-tambem-devem-ter/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Tema 05: Qualidade nas organizações Qualidade não é somente uma dimensão a ser tratada dentro das empresas, ela deve ser vista como uma estratégia capaz de trazer vantagem competitiva para a organização, para tal é necessário que ela faça parte da estratégia organizacional. Implementar um suposto sistema da qualidade enquanto a qualidade não faz parte da estratégia significará o insucesso na aplicação e isto é um dos grandes fatores motivadores de comentários contrários a qualidade, portanto estratégia na operação e qualidade devem seguir no mesmo caminho para alcançar resultados sustentáveis. A cultura, de maneira geral, pode ser definida como o conjunto de crenças, costumes, saberes, técnicas e práticas de um grupo ao longo do tempo ou em um determinado período de tempo. É nesse sentido que empregamos o termo quando nos referimos a cultura oriental, cultura indígena, cultura renascentista etc. A cultura é fruto do desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, exerce sobre ele um poder inconteste. Uma cultura não pode ser mudada senão a partir de suas próprias manifestações, ainda que em interação com outras manifestações culturais. Sob essa ótica, a cultura é um ótimo exemplo de sustentabilidade, pois gera, ela mesma, os recursos para mudar a si própria, para se renovar e para garantir o constante crescimento. Com a cultura organizacional não é diferente. Ela é fruto do ser, do pensar e do fazer das pessoas que compõem a organização. Por isso, a qualidade só se sustenta quando passa a ser o modo de ser, de pensar e de fazer dessas pessoas. Da mesma forma, qualquer mudança só é possível se partir dos elementos da própria cultura organizacional. Se pensarmos em termos de melhoria continua, de estabelecimento de patamares cada vez mais altos de qualidade. CCDD – Centro de Criação e DesenvolvimentoDialógico 11 Para gerar esta cultura é necessário que alguns elementos facilitadores possam ser implementados como o caso da “Qualidade Total”, os “Custos da Qualidade”, o “Retorno da Qualidade”. A decisão por trabalhar em um sistema robusto da qualidade passa por uma relação de investimento e retorno, os sistemas voltados a qualidade devem trazer retornos não somente qualitativos, mas também quantitativos. Investimentos normalmente estão ligadas a questões financeiras, porém para garantir a continuidade a empresa precisa investir “tempo e energia” no clima organizacional e na manutenção da cultura da qualidade. LEITURA OBRIGATÓRIA MELLO, C. Gestão da Qualidade. São Paulo: Editora Pearson, 2013. SAIBA MAIS Este artigo científico discute a importância das variáveis: poder, objetivos e instituições na análise da definição de qualidade nas organizações, com base em dados empíricos coletados em organizações brasileiras e escocesas. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- 65551997000100002&script=sci_arttext&tlng=pt NA PRÁTICA No dia a dia competitivo da vida empresarial muitas vezes os conceitos norteadores são esquecidos, vale muito a pena parar para avaliar como os processos dentro das empresas estão sendo desenvolvidos, pense na empresa a qual você trabalha ou gostaria de trabalhar sobre os pontos a seguir e faça um plano de melhoria para os pontos abertos: a) Os produtos têm os atributos necessários da qualidade para os tornarem competitivos? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 b) Como funciona o sistema de medição e quais podem ser melhorias para aumentar sua efetividade? c) As normas e sistemas da qualidade da empresa são vistos como parte da cultura organizacional e como as pessoas podem contribuir para gerar com estes sistemas e normas vantagem competitiva? Pesquise e reflita montando sua proposta de trabalho. SÍNTESE Vários temas foram abordados nesta aula e vale salientar a necessidade de sempre buscar um pouco mais sobre a qualidade que é um conceito muito abrangente. Os produtos, sejam bens ou serviços tem ligações diretas com nosso cotidiano e repassamos alguns dos atributos mais importantes para chegar em um resultado fim que é a satisfação do cliente. Tivemos também uma revisada no conceito de sistemas de medição e controles, onde deve-se salientar a necessidade de uma avaliação acurada dos dados, para não tomarmos decisões equivocadas gerando problemas a organização. Nossos sistemas atuais têm base em padrões que se tornam normas que estão no cotidiano das empresas, compreender seus conceitos de normalização leva a busca sobre o questionamento da aplicabilidade e dos resultados esperados para a empresa. Uma área a ser explorada dentro das organizações deve ser a utilização de sistemas da qualidade como forma de alavancar resultados operacionais na organização, para isto métricas e atitude devem ser implementadas. Referências CHIROLI, D. Avaliação de sistemas de qualidade. Curitiba: Editora InterSaberes, 2016. MELLO, C. Gestão da Qualidade. São Paulo: Editora Pearson, 2011. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 SELEME, R. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2010. TOLEDO, J.C. Sistemas de medição e metrologia. Curitiba: Editora InterSaberes, 2013.
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