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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Ética e Responsabilidade Social Profa. Olívia Carolina de Resende Aula 4 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 CONVERSA INICIAL Nas aulas anteriores vimos que viver em sociedade é um ato complexo de respeito mútuo, e que a ética é um tema importantíssimo para uma convivência em sociedade com equidade e harmonia. Vimos também que, no ambiente empresarial, essa convivência também é assunto primordial, uma vez que uma organização nada mais é que um conjunto de indivíduos vivendo a maior parte de suas vidas em busca de um objetivo. Nos dias atuais a preocupação com questões éticas nas organizações tem proporcionado várias discussões e estudos também na área acadêmica. Outros temas surgiram, como: desenvolvimento econômico, desenvolvimento sustentável, responsabilidade social empresarial, sustentabilidade dentre outros. E apesar do foco, a premissa do lucro nas organizações ainda é determinante, uma vez que é esta a finalidade de uma empresa. A partir desta rota de aprendizagem, iremos discutir questões éticas nas empresas como um negócio, discussão que abrange a ética em si, a responsabilidade social, o código de ética e seus desdobramentos. Vamos à videoaula? Ela está disponível no material on-line! CONTEXTUALIZANDO Nesta aula, refletiremos sobre o discurso ético apresentado pelas empresas e o desenvolvimento de mecanismos que proporcionem olhares críticos para a problemática. Também vamos analisar se as empresas que se dizem éticas desenvolvem, de fato, essa característica com responsabilidade ou se apenas aproveitam esse discurso para obter mais lucro. Conforme afirma SOUSA (2005), o sistema capitalista, no qual nossa sociedade vive nos dias atuais, apresenta-se deficiente, necessitando recriar- CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 se constantemente. As organizações, com a finalidade de obtenção de lucro, dotavam-se da confiança de que recursos naturais e humanos eram capazes de suprir todos os insumos para a produção demandada e receber todos os refugos de produção e lixos dessas demandas. A problemática da degradação ambiental não era levada em consideração em estudos econômicos. Na medida em que a exploração de recursos naturais e humanos não estava sendo tratada com a devida seriedade, houve necessidade de o sistema de produção capitalista se reinventar, se adequando às limitações impostas. Inovações foram implementadas na tentativa de gerar resultados positivos sobre a problemática, uma vez que, cada vez mais, a opinião pública tem cobrado posicionamento das empresas. No âmbito social, o sistema capitalista também se mostrou deficiente. De acordo com o Banco Mundial, em 2008 cerca de 1,29 bilhão de pessoas viviam abaixo da linha da extrema pobreza, ou seja, viviam com menos de US$1,25 dólar por dia; 1,18 bilhões de pessoas vivem na fronteira, entre extrema pobreza e pobreza, que são os que vivem com US$1,25 à US$ 2,00; e no total 2,471 bilhões de pessoas viviam abaixo do patamar de US$2,00. Isso implica dizer que mais de um terço da população mundial encontra-se em condições indignas de sobrevivência, passando por privações de toda espécie. Esse estado de privação e marginalização dá origem a tensões sociais e violência (BANCO MUNDIAL, 2008). Desemprego, subnutrição, crises econômicas e fragilidade nos sistemas educacional, de saúde, previdenciário etc. são fatores que têm sido agravados pela crescente desigualdade social e econômica, não apenas em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, mas na realidade de cada nação. Esse quadro tem sido evidenciado anualmente pelos relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009). Para SACHS (2008), o desenvolvimento sustentável pressupõe a existência de critérios de sustentabilidade social, ambiental e de viabilidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 econômica, entendendo que apenas soluções que abarcam esses três elementos podem obter denominação de desenvolvimento. A relevância do papel das organizações na sociedade e, mais especificamente, nos dias atuais, forçam-nas a buscar formas de amenizar as externalidades negativas sobre a sociedade e o meio ambiente, empregando conceitos e práticas do Desenvolvimento Sustentável, mediante a implantação de atributos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), em sua estratégia de gestão. A RSE “é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com as quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais e promovendo a redução das desigualdades sociais” (INTITUTO ETHOS, 2012). Para que possamos verificar essa questão, veremos os fatores que englobam a responsabilidade social nas empresas em sua dimensão ecológica, social e humana, apontando também para as relações interpessoais dentro dessas instituições. Como ferramenta de aplicação, apresentaremos uma proposta sobre o código de ética e suas funções. Vamos lá? PESQUISE Ética como negócio Tratar de questões éticas nas organizações é um assunto demasiadamente delicado, por envolver interesses pessoais e sociais. Em um contexto que envolve ética versus lucro, a ética, como dito antes, é um jogo com regras nem sempre claras e objetivas e uma competição em que os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 interesses pessoais muitas vezes se sobrepõem aos interesses comuns. Nesse sentido, algumas práticas vêm sendo desenvolvidas para minimizar a sobreposição destes interesses. Com relevância, o tema Responsabilidade Social é uma dessas práticas que decorre de um crescente envolvimento das organizações com a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) nos últimos anos. A capacidade de determinar a relação, as características das empresas socialmente responsáveis e os fatores internos e sistêmicos que podem influenciar o resultado é um pré-requisito para o desenvolvimento e análise de políticas que visem a incentivar o desenvolvimento sustentável. Porém, podemos perceber que algumas empresas podem construir uma imagem eticamente correta, dando visibilidade à dimensão ambiental, social e, ao mesmo tempo, esconder suas transgressões. A bandeira ética pode ser um grande slogan para marqueteiros e empresários mal- intencionados. Neste contexto, a ética no ambiente organizacional adquiriu uma posição peculiar no campo da ética aplicada. Além disso, falar sobre a ética e seus dilemas não é algo novo, porém, hoje tenta-se aplicá-la ao contexto empresarial. Inicialmente Sócrates já tentava desenvolver o senso ético nas pessoas a partir da seguinte pergunta: Como devemos viver nossa vida? O ser humano tenta responder a essa mesma pergunta há muitos séculos. Podemos inferir que essa pergunta é feita desde que o ser humano se entende como parte de uma sociedade. Contudo, hoje a ética ultrapassa os limites da filosofia, da sociologia, da psicologia e da teologia e vem ganhando cada dia mais espaço no campo empresarial. O que de fato intriga é o fato de não sabermos se a dimensão ética nas empresas é mesmo desenvolvida e respeitada ou se é puro discurso de marketing para alcançar o lucro. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6Algumas empresas podem construir uma imagem eticamente correta, dando visibilidade à dimensão ambiental, social e, ao mesmo tempo, esconder suas transgressões. A bandeira ética pode ser um grande slogan para marqueteiros e empresários mal-intencionados. As questões éticas e de Responsabilidade Social Empresarial no âmbito das organizações devem ser muito mais do que uma propaganda empresarial ou uma ação de marketing, bem-remunerada e segura: devem possibilitar a realização de um trabalho em equipe com cooperação e integridade de indivíduos capazes de se motivarem para agir de maneira correta, com atitudes voltadas para o bem e para fazer o que é correto. A ética nas empresas deve estar associada à integridade da pessoa física com a pessoa jurídica, pois uma empresa ética, harmoniosa, bem- sucedida e estável é constituída por pessoas exercendo sua liberdade. Para entendermos uma mudança comportamental nas organizações, o colaborador deve agir como membro ativo do seu ambiente de trabalho, ou seja, da empresa, fazendo a opção pelo que é bom, justo e correto. Segundo a Terceira Lei de Newton (1643-1727), “para cada ação há uma reação igual e em sentido contrário” (NEWTON, 1687). O indivíduo que exerce ações éticas deixa visível em sua atuação profissional os valores cultivados em sua vida pessoal e vice-versa. Isso vale também para as empresas: toda ação empresarial implica em uma reação ou uma consequência, ou seja, para cada ato ético ou antiético praticado, haverá uma consequência. Essa é uma asserção muito forte, pois se aplica a cada ação em qualquer lugar e em qualquer tempo. Assim, é imperativo que a empresa não trate a ética apenas como mais um negócio, mas como uma atitude que irá desencadear benefícios para os stakeholders, para a própria empresa e para a sociedade como um todo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Para fixar o conteúdo desta aula, façamos a leitura do capítulo que trata sobre ética no livro de Mário Alencastro: “Ética Empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa”. Boa leitura! http://ava.grupouninter.com.br/tead/hyperibook/IBPEX/548.html Percebemos, ao final deste tema, que muitas empresas se dotam de atitudes éticas apenas se valendo dos benefícios que vão adquirir. Por isso, entender questões como humanização, relacionamento interpessoal e ética é importantíssimo. Assista à videoaula que está disponível no material on-line para analisar estas questões. Ética e RSE A educação ética dos funcionários é uma responsabilidade da empresa. Sendo assim, caso os colaboradores não tenham tido uma formação para a ética na vida pessoal, também é responsabilidade da empresa encontrar um caminho para que se possa colaborar no cultivo de valores, por meio de treinamento e formação apropriados. Já que os indivíduos são parte viva da organização, os colaboradores deverão se comprometer com o código de ética da empresa. Assim, é importante a relação ética com as práticas de Responsabilidade Social Empresarial. Segundo SROUR (2003), essas práticas, vão além ao afirmar que a responsabilidade social acontece dentro e fora da empresa, pois representa a constituição de uma cidadania organizacional dentro da empresa e com a realização de direitos sociais fora dela. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 CARROLL (1979) define RSE como uma prática que incorpora categorias econômicas, legais, éticas e discricionárias de desempenho do negócio. Essas quatro categorias básicas refletem uma visão de responsabilidade social empresarial que está relacionada com algumas das definições oferecidas anteriormente, mas que classifica as responsabilidades sociais das empresas de uma forma mais exaustiva. Divide-se, assim, a RSE em quatro níveis: econômico, legal, ético e discricionário, iniciando pela obrigatoriedade e chegando à responsabilidade assumida pela própria vontade e escolha. A responsabilidade econômica é a base para todas as outras e reflete a necessidade de a empresa zelar por sua saúde financeira e estratégica para garantir sua sobrevivência e crescimento. Já a responsabilidade legal significa que a empresa deve ser responsável pela adequação de suas ações à legislação vigente, incluindo sua relação com o governo, consumidores, fornecedores e outros stakeholders, em especial aqueles cujas relações sejam regulamentadas pela lei. Atender a esses dois níveis de responsabilidade significa cumprir os Responsabilidade descricionária Responsabilidade ética Responsabilidade legal Responsabilidade econômica CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 requisitos da sociedade, de suas normas e leis para viabilizar o funcionamento da organização. A responsabilidade ética não é exigida, mas é algo esperado da empresa pela sociedade como um todo. Traduz-se em escolhas organizacionais que estejam de acordo com princípios éticos e morais vigentes na cultura social onde a empresa está inserida, levando-a a atuar num patamar acima do mínimo requerido por lei, no que se refere ao atendimento dos interesses coletivos. O quarto e último nível, responsabilidade discricionária, abriga as iniciativas da empresa em se envolver e buscar soluções para os problemas sociais de maneira voluntária, que depende de sua escolha e vontade. Não é um envolvimento exigido e nem sempre é esperado, mas é desejado pela sociedade. É no nível discricionário que a empresa aporta, voluntariamente, recursos humanos, materiais e financeiros para a melhoria das condições sociais coletivas. Esse nível é também denominado de filantropia. Responsabilidade Social Empresarial é uma forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS). Assim, entendemos que o conceito de responsabilidade social empresarial tem na ética seu fundamento, delimitando ações e relações com todos os stakeholders − representados por cada pessoa ou grupo de pessoas com interesse nas ações e no desempenho de uma organização, ou seja, colaboradores, funcionários, clientes, consumidores, acionistas, fornecedores etc. Porém, este fundamento não é simples e cabe a pergunta: Como é praticada a Responsabilidade Social Empresarial nas relações entre as organizações e seus stakeholders? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Não podemos deixar de lado, o aspecto mais importante das práticas de Responsabilidade Social Empresarial, estas ultrapassam o aspecto legal da empresa, do uso da filantropia ou de uma ação social, podendo proporcionar uma mudança de atitude significativa por meio da gestão empresarial, em uma perspectiva sobre os valores sociais, ambientais e econômicos para além dos muros da instituição. A Responsabilidade Social Empresarial pressupõe consciência e compromisso das empresas com mudanças sociais. Impõe que elas reconheçam sua obrigação não só com acionistas e clientes, mas também com os seres humanos, com a construção de uma sociedade mais justa, honesta e solidária, uma sociedade melhor para todos. Assim, ela é uma prática orientada pela ética, que vai além das obrigações legais e econômicas, rumo às sociais, respeitando-se a cultura e asnecessidades e desejos das pessoas (PASSOS, 2004, p. 166). Assim, quando abordamos o assunto, Responsabilidade Social Empresarial, não devemos nos esquecer do tema que está em destaque atualmente em todos os empreendimentos: o desenvolvimento sustentável. Três pilares do Desenvolvimento Sustentável: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 FONTE: elaborado a partir de CMMAD (1987) A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) apresentou os três pilares para o Desenvolvimento Sustentável: Ambiental, Econômico e Social. Na ocasião da publicação do Relatório Brundtland − documento intitulado “Nosso Futuro Comum” −, definiu desenvolvimento sustentável da seguinte forma: “satisfazer as necessidades das gerações presentes sem comprometer as possibilidades das gerações futuras para atender as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1987). Para que uma empresa atenda aos pilares do Desenvolvimento Sustentável, deve ser economicamente viável, socialmente justa e responsável ambientalmente. Para tanto, deve adotar a ética como parâmetro e prática, bem como a Responsabilidade Social Empresarial. Já fez a leitura do livro de apoio desta disciplina, o “Ética Empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa”? Aproveite o momento! http://ava.grupouninter.com.br/tead/hyperibook/IBPEX/548.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Entenda um pouco mais sobre Ética e Responsabilidade Social Empresarial com a professora Olívia Resende. A videoaula correspondente a esse assunto está disponível no material on-line! Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Empresarial Vamos entender um pouco mais sobre esses dois conceitos muito importantes e que têm como premissa a ética? O Desenvolvimento Sustentável e a Sustentabilidade ainda confundem muitas pessoas, pois parecem ser conceitos parecidos, mas têm significados diferentes. A sustentabilidade se apresenta na atualidade como conceito fundamental para um desenvolvimento econômico, social e ambiental equilibrado, requerendo transformações em diversas esferas da sociedade. Nas empresas a sustentabilidade se destaca na forma de objetivos a serem alcançados e valores a serem criados. Para haver um Desenvolvimento Sustentável efetivo, as empresas e organizações têm um papel fundamental no que tange a adoção de medidas que minimizem os impactos de suas operações, seja na dimensão econômica – reduzindo custos e aumentando lucros – ou na social, reduzindo as externalidades negativas oriundas de suas operações sobre as comunidades, e ainda, na dimensão ambiental, contribuindo efetivamente com a redução dos níveis de extração, poluição e rejeitos. Às empresas, caberá a implementação de inovações na gestão que visem ao uso racional das matérias-primas, à eliminação do desperdício e à utilização de práticas responsáveis em relação aos stakeholders e shareholders. Para ELKINGTON (1994), tornou-se cada vez mais claro que as empresas devem desempenhar um papel central na concretização de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 objetivos e de estratégias para o desenvolvimento sustentável, enfatizando que a opinião pública tem sido determinante nessas iniciativas. Como exemplo, ele aponta que, em 1992 uma pesquisa de opinião pública, realizada em 22 países com cerca de 22.000 pessoas mostrou que “a preocupação com o meio ambiente se tornou um fenômeno mundial”. Porém, como já vimos, isso não é tão simples, uma vez que a empresa visa o lucro e adotar estas práticas pode se tornar inviável para a organização. HART e MILSTEIN (2004), no trabalho intitulado “Criando Valor Sustentável”, apresentam um modelo baseado na criação de valor ao acionista, no qual esse valor é um construto multidimensional. O modelo é fundamentado em duas dimensões bem conhecidas que são fontes de tensão criativa para as empresas. Se você tiver a oportunidade, não deixe de fazer a leitura desse trabalho! Observe os três pilares do Desenvolvimento Sustentável: Fonte: elaborado a partir de HART e MILSTEIN (2004) Para HART e MILSTEIN (2004), o eixo vertical no modelo reflete a necessidade simultânea que a empresa tem de manter os negócios atuais e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 de criar a tecnologia e os mercados de amanhã. Essa dimensão captura a tensão experienciada pela necessidade de alcançar resultados de curto prazo ao mesmo tempo em que pensa no crescimento futuro. O eixo horizontal reflete a necessidade de crescimento da empresa e de proteger as habilidades e os potenciais organizacionais internos, e, ao mesmo tempo, de infundir na empresa novas perspectivas e conhecimentos vindos de fora. Essa dimensão reflete a tensão experienciada pela necessidade de proteger a essência técnica a fim de que ela possa operar sem interferência, ao mesmo tempo em que permanece aberta a novas perspectivas e a novos modelos e tecnologias. Em cada quadrante do modelo, HART e MILSTEIN (2004) especificam um foco que a empresa deve dar: No quadrante inferior esquerdo, o foco se direciona em fatores de desempenho interno como redução de custo e risco. Já o quadrante inferior direito foca no desempenho ampliado, inserindo os stakeholders externos como fornecedores e clientes na cadeia de valor imediata, bem como órgãos de regulação e comunidades. Nos quadrantes superiores, o futuro é vislumbrado não apenas a curto prazo: No quadrante superior esquerdo do modelo, a empresa deve não apenas ter um desempenho eficiente nos negócios atuais, mas também deve estar constantemente preocupada com a criação de produtos e serviços do futuro. O quadrante superior direito foca nas dimensões externas associadas ao desempenho futuro e atuação em camadas sociais menos favorecidas economicamente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Para que haja maximização da Criação de Valor ao Acionista ao longo do tempo, as empresas devem ter um bom desempenho simultâneo em todos os quatro quadrantes do modelo e em uma base contínua. Percebe-se que a implementação das estratégias abordadas no modelo propicia a criação de valor ao acionista e exige inovações que devem pensar o Desenvolvimento Sustentável em todos os quadrantes. Assim, para atingir o ponto central, as organizações necessitam, inicialmente, considerar em seus planejamentos e estratégias para o atual momento em que se encontram e também para o futuro, bem como para seus ambientes internos e externos. A adoção das estratégias que compõem o modelo possibilitará às organizações criar valor sustentável aos seus stakeholders, a partir de processos de conscientização, assimilação, acomodação, adaptação, experimentação e aprendizagem da organização com relação às estratégias componentes do modelo. Em resumo, a sustentabilidade é um conceito complexo, multidimensional, que não pode ser equacionado por meio de uma única ação corporativa. A criação de valor sustentável requer que as empresas levem em conta cada um dos quatro conjuntos abrangentes de motivadores. 1. Primeiro, as empresas podem criar valor reduzindo o nível de consumo de matéria-prima e de poluição, associado com a rápida industrialização. 2. Segundo, as empresas podem criar valor ao operar com níveis mais amplos de transparência e responsabilidade, uma vez que são impulsionadas pela sociedade civil. 3. Terceiro, as empresas podem criarvalor por meio do desenvolvimento de novas e revolucionárias tecnologias que tenham o potencial para reduzir os danos do homem ao planeta. 4. Finalmente, as empresas podem criar valor ao atender às necessidades dos indivíduos localizados no extremo inferior da pirâmide de renda do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 mundo – e isso de uma forma que facilite a criação e distribuição de renda inclusiva. A criação de valor é um fator de extrema relevância para a sobrevivência das empresas e contribuição ao Desenvolvimento Sustentável. Podemos entender que a responsabilidade Social Empresarial, conforme conceituada anteriormente, vem ao encontro de necessidades primordiais do Desenvolvimento Sustentável. A videoaula correspondente a esse assunto está disponível no material on-line! Código de ética Como desenvolver atitudes éticas e práticas de Responsabilidade Social Empresarial dentro das organizações? “Só uma moral que reconhece normas válidas sempre e para todos, sem qualquer exceção, pode garantir o fundamento ético da convivência social tanto nacional como internacional” (Encíclica Veritatis Splendor, João Paulo II). Com estas palavras do Papa João Paulo II vamos começar nossa reflexão sobre a importância de se definir uma norma de conduta ética para as organizações. A relevância de se adotar normas nas organizações advém do conflito de interesses. A incorporação de elementos e princípios sociais e ambientais nas práticas organizacionais podem gerar conflitos de interesses políticos, culturais, econômicos, entre outros. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH, 2010), a contribuição à diminuição das desigualdades socioeconômicas, da redução da pobreza é dever de diferentes organizações da sociedade, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 independentemente de seu caráter público ou privado, incluindo governos que desempenham papel fundamental na elaboração de políticas públicas. Atualmente, muitas empresas – e até mesmo conselhos profissionais – estabelecem códigos de ética (ou códigos de conduta empresarial/profissional). Esses códigos têm por objetivo concretizar os princípios, a visão e a missão da empresa ou da profissão. O Código de Ética é um instrumento/norma/documento elaborado em formato de texto com diversas diretrizes que norteiam os indivíduos quanto a suas posturas e atitudes ideais, moralmente aceitas ou toleradas pela empresa e sociedade como um todo. Essa norma enquadra os indivíduos a uma conduta aceita e alinhada com a boa imagem da entidade ou da profissão a qual pretende ocupar. Visa, dentre outras atitudes, o incentivo à voluntariedade e à humanização, em vista da criação de algumas atividades profissionais. É redigido, analisado e aprovado pela sua entidade de classe, organização ou governo competente, de acordo com as atribuições da atividade desempenhada, proporcionando benefícios éticos para a sociedade. Para o Instituto de Ética nos Negócios, o Código de Ética pode ser definido como “a declaração do conjunto de direitos, deveres e responsabilidades empresariais para com os stakeholders, refletindo a cultura, os princípios, os valores, a atuação socioambiental e o conjunto das normas de conduta para dirigentes, executivos e colaboradores, bem como para as empresas integrantes da cadeia produtiva, mediante os quais atuam as premissas que enriquecem os processos decisórios da empresa e orientam o seu comportamento. Além disso, deve ser o principal instrumento da Governança Corporativa e da gestão estratégica para se tornar um aliado das empresas no caminho que levará ao Desenvolvimento Sustentável”. No sentido de orientar as pessoas, o Código de Ética determina normas que fixam alguns regulamentos acerca dos comportamentos dos colaboradores dentro de uma organização. Apesar de a ética não implicar em penas legais, o código de ética supõe uma normativa interna de cumprimento obrigatório. Essa norma dá respaldo aos gestores para identificarem possíveis falhas na conduta dos indivíduos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Embora não sejam normas que implicam em penas legais, podem estar vinculadas às normas legais como por exemplo, discriminar que é um crime punido por lei. Essas normas têm como principal objetivo determinar uma linha de conduta uniforme, dentro de determinado setor, categoria ou empresa. Existindo instruções por escrito, não há necessidade de os dirigentes explicarem constantemente quais são as obrigações que têm os funcionários. Um código de ética deve levar em consideração o setor de atuação da empresa, a categoria dos profissionais que ali trabalham e os anseios da própria empresa. Assim, respeitando os interesses do setor, das categorias e da empresa, o código de ética apresenta proibitivos com a intenção de orientar ações que colaborem na atitude social da empresa frente aos diferentes públicos com os quais se relaciona. Para a construção do código de ética, além das considerações já mencionadas, é de extrema importância que seu conteúdo suscite reflexão e participação de todos os envolvidos, envolvendo desde a diretoria geral até o último colaborador contratado, pois todos têm a responsabilidade de colocá- lo em prática em seu dia a dia. O conteúdo deve ser claro e objetivo, facilitando a compreensão de todos e reduzindo o risco de interpretações errôneas ou subjetivas no que se refere ao caráter moral e ético. O Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios publicou em sua revista Ética nos Negócios, Ano IV – n. 13 de março de 2014, um artigo que faz a seguinte pergunta: Para que servem os códigos de ética? A professora Maria Cecília Coutinho de Arruda argumentou alguns fatores justificam o código de ética. Segundo ARRUDA (2014), programas de educação, sensibilização e incentivo à atuação ética estão sendo cada vez mais desenvolvidos nas empresas. Os executivos do topo começam a perceber que o custo de controles, auditoria e compliance, assistência jurídica, prevenção à lavagem de dinheiro, corrupção e risco ultrapassam CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 valores que se classificariam como aceitáveis. Assim, entendem que a ética vale a pena. Ainda para ARRUDA (2014), o código de ética dá visibilidade à empresa, indica que há valores sobre os quais se estruturam premissas e compromissos para com diferentes grupos de interesse, dentro e fora da organização. Esse registro sempre configura ou pressupõe relações de seriedade e responsabilidade – condições favoráveis a bons negócios. Em 2006, o Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios, apresentou três funções básicas do código de ética, que são: Função de legitimação moral Os direitos e as responsabilidades da empresa para com os stakeholders, expressos no Código de Ética, oferecem os termos com base nos quais todos os stakeholders podem reconhecer que as suas legítimas expectativas serão tratadas equitativamente. O critério de equilíbrio das expectativas torna-se a base para um acordo e uma cooperação mutuamente vantajosa. Função cognitiva Através da enunciação de princípios abstratos e gerais e de regras de comportamento preventivo, o código de ética, permite reconhecer os comportamentos não éticos (oportunistas) e esclarecer o exercício apropriado (não abusivo) da autoridade, da arbitrariedade, da delegação e da autonomia decisória de cada participante da empresa e de cada stakeholder. Função de incentivo O Código de Ética geraincentivos à observância dos princípios e dos valores corporativos e também das normas de conduta nele contidas, pois da sua observância depende a formação da reputação da empresa e o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 estabelecimento de relações de confiança reciprocamente vantajosas entre a empresa e os seus stakeholders. Podemos perceber que a ética empresarial proporciona a difusão de diversos valores dentro do mundo empresarial, em uma perspectiva quase sempre comportamental, sendo capaz de assegurar o sucesso com bons resultados de maneira clara e determinada. Diversas empresas adotaram um código de ética, com o intuito de agir frente a valores éticos, especificando seu exemplo de conduta em sua estrutura organizacional. A videoaula correspondente a este tema está disponível no material on- line! Pacto Global Aprendemos, no tema anterior, que a ética empresarial proporciona a difusão de diversos valores dentro do mundo empresarial em uma perspectiva quase sempre comportamental; porém, ela necessita de instrumentos para avaliar e mobilizar a comunidade empresarial no que diz respeito a suas práticas de Responsabilidade Social Empresarial. Neste sentindo, o Pacto Global vem ao encontro de necessidades éticas e de Responsabilidade Social Empresarial. Em meio ao cenário de crescente inquietação sobre os efeitos dos aumentos dos mercados, do consumo, da população mundial e de um mundo cada vez mais globalizado, o ex-Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, propôs o Pacto Global no Fórum Econômico Mundial, em 31 de janeiro de 1999, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para adoção, em suas práticas de negócios, de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção refletida em 10 princípios. Para tanto, convocou líderes empresariais, de sindicatos, de ONGs e outros atores da sociedade civil a se unirem e criarem ações e parcerias em prol de um mercado global mais inclusivo, igualitário e sustentável, contribuindo para o avanço das práticas de Responsabilidade Social Empresarial. Hoje, há mais de 5.200 organizações signatárias articuladas por 150 redes ao redor do mundo. (OLIVEIRA et al, 2008). Porém, o Pacto Global não tem como objetivo ser um instrumento regulador, ele não vigia e não gera obrigações comportamentais ou de ações e práticas gerenciais das empresas, apenas visa a ser uma iniciativa de ação voluntária de cidadania empresarial, que procura fornecer diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania, mediante lideranças corporativas, comprometidas e inovadoras. “o Global Compact confia no interesse próprio e esclarecido das empresas, das entidades do trabalho e da sociedade civil para iniciar e compartilhar uma ação substantiva na busca dos princípios nos quais se baseia o Global Compact” (REDE BRASILEIRA DO PACTO GLOBAL, 2012). Os princípios a seguir são baseados na Declaração Universal de Direitos Humanos, na Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, na Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento e na Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção. A partir dessas declarações, definiram-se dez Princípios Universais para o Pacto Global, estando relacionados “às quatro áreas de direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ao meio ambiente e combate à corrupção, escolhidas por possuírem um potencial efetivo para influenciar e gerar mudança positiva” (REDE BRASILEIRA DO PACTO GLOBAL, 1999). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Princípios do Pacto Global Os dois primeiros princípios dizem respeito aos direitos humanos. Desta maneira, o Pacto Global pretende promover o desenvolvimento humano sustentável focando atenções à vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida decente. Direitos Humanos 1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção dos direitos humanos reconhecidos internacionalmente; 2. Assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos; Na dimensão trabalho, observam-se quatro princípios: Trabalho 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; 4. A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; 5. A abolição efetiva do trabalho infantil; 6. Eliminar a discriminação no emprego; No que diz respeito à dimensão sobre o meio ambiente, os princípios enumerados visam a promover maior responsabilidade ambiental, que não agrida a natureza, sendo uma abordagem preventiva e não corretiva, além de unir esforços no sentido de promover a gestão do ciclo de vida dos produtos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Meio Ambiente 7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental; 9. Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis; O princípio referente à última dimensão se posiciona contra a corrupção: Contra a Corrupção 10. As empresas devem combater a corrupção em todas as formas, inclusive extorsão e propina. O PG é um instrumento de livre iniciativa das empresas, sindicatos e organizações da sociedade civil, que busca fornecer diretrizes para a promoção do desenvolvimento sustentável, por meio de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras. A organização que adere ao PG admite voluntariamente o compromisso de implantar os dez princípios (que você acabou de conhecer) em suas atividades cotidianas e prestar contas à sociedade, com publicidade e transparência, dos progressos que está realizando no processo de implantação dos princípios mediante Comunicações de Progresso (COP). A adesão ao Pacto Global não configura obrigação e não é monitorada; contudo, alguns compromissos devem ser assumidos pelas empresas ao aderirem. A adesão de uma empresa ou entidade ao Pacto Global implica comprometer-se com a implantação gradual dos dez princípios. Espera-se que os signatários alcancem uma série de mudanças em suas atividades, de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 modo que o Pacto Global e seus princípios façam parte de sua estratégia, cultura e atividades diárias. O signatário também deve ser transparente, ou seja, informar publicamente e de maneira contínua (anualmente) os progressos realizados na implantação dos princípios (por meio da apresentação de Comunicações de Progresso) e manter um diálogo com os grupos de stakeholders (grupos de interesse da empresa). O compromisso também sugere a seleção de fornecedores, de modo que todos aqueles que fornecem à empresa também cumpram com os princípios do Pacto Global. Em casos específicos de empresas grandes, médias ou pequenas que têm atividade global, o compromisso do Pacto é global, ou seja, para todas as suas operações no mundo. Entidades que participam do Pacto e não são empresas têm um papel específico, no qual se espera que promovam o Pacto em todo seu âmbito de influência. De acordo com o Pacto Global, as empresas, grupos de empresas e outras organizações participam da rede de forma voluntária e, por isso, terão que enviarao Secretário-Geral da ONU uma carta assinada pelo seu executivo principal e, quando possível, pelo Conselho de Administração, manifestando o compromisso empresarial com o Global Compact e seus princípios. Segundo Oliveira et al (2008), as empresas participantes deverão: Impulsionar mudanças nas suas operações, de maneira que os 10 princípios do Pacto Global se tornem parte da estratégia, da cultura e das operações rotineiras; Defender publicamente o Pacto Global e seus princípios através dos meios de comunicação de que dispõe, tais como comunicados à imprensa, discursos, relatórios etc; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Publicar em seu relatório anual (ou outro relatório similar) uma descrição das maneiras pelas quais a empresa está apoiando o Pacto Global e seus 10 princípios (OLIVEIRA et al, 2008). O Brasil, em 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2012), em seus Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, apresentava uma tendência de declínio no grau de desigualdade na distribuição de renda desde 1992. Porém, o índice de Gini – que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mede o grau de concentração de renda em determinado grupo, apontando diferenças entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos – permaneceu elevado em 2009 (0,524), indicando que, apesar da redução, as desigualdades socioeconômicas persistem. A proporção de domicílios com rendimento mensal domiciliar per capita de até ½ salário mínimo sofreu um decréscimo no período observado, passando de 24,4%, em 1992, a 19,1% em 2009; cerca de 9,7% da população de 15 anos de idade ou mais eram ainda analfabetos, correspondendo a, aproximadamente, 14,1 milhões de pessoas (IPEA, 2012). Por outro lado, por várias razões, o Brasil desponta como uma possível potência da economia verde e inclusiva. Mais de 48% da matriz energética brasileira eram de fonte renovável em 2009 (EPE/MME, 2010). O Brasil dispõe de mais de 20% do solo arável do planeta e felizmente conta com insolação e disponibilidade de água. Isso, somado a uma cultura colaborativa e a uma classe empresarial cada vez mais engajada, consciente das suas responsabilidades e que quer atuar como protagonista, permite ao país ir muito mais além, ou seja, desenvolver-se de forma sustentável (PACTO GLOBAL, 2012). Assim, as empresas brasileiras signatárias do Pacto Global cada vez mais percebem que são parte da solução para a promoção de uma economia verde e inclusiva! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 Vamos a mais uma videoaula? Ela está disponível no material on-line! TROCANDO IDEIAS O que você sabe sobre o “Projeto Ortópolis”? Pesquise sobre o contexto em que esse projeto foi desenvolvido e o que ele agregou à população de Barroso, município de Minas Gerais. Em seguida, compartilhe com seus colegas o resultado de sua pesquisa, pois esses dados serão muito importantes para o desenvolvimento prático de nosso estudo! NA PRÁTICA Uma empresa multinacional adquire uma planta de uma empresa brasileira em uma cidade do interior de Minas. Para a implementação de suas práticas, a reestruturação é necessária para a incorporação desta unidade fabril com as políticas e diretrizes da organização. Com a reestruturação, vários funcionários foram demitidos causando insatisfação na comunidade, uma vez que, essa empresa era o maior empregador da cidade. Vamos para Barroso, interior de Minas Gerais, em 2003. A população prepara uma carta para a direção da Holcim na Suíça e no Brasil, reclamando da nova política da companhia, principalmente quanto à redução de postos de trabalho e terceirização. A comunidade, unida pela primeira vez, questiona por que a Holcim não dá mais empregos aos barrosenses. Também reclama da retirada das chaminés da fábrica, consideradas símbolo local. As lideranças solicitam ações que visem fortalecer a sociedade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Com a carta assinada e enviada aos diretores da empresa, a busca pela solução se inicia. O Professor e Consultor Edgar Ricardo von Buettner expõe a ideia de planejar e implementar, de forma sistêmica e participativa, uma “cidade correta”. Com a autorização para implementar o projeto, o consultor Edgar procurou o Sebrae RJ e posteriormente marcaram encontro com as lideranças da comunidade para solucionar os problemas e começar o planejamento da Ortópolis. Compartilha que gostaria de criar um programa para reduzir o impacto dessas ações e fomentar o desenvolvimento das comunidades locais: “Se nós queremos resolver todos os problemas da comunidade, precisamos mudar de comportamento. A comunidade tem que mudar o comportamento”. Neste encontro identificaram grandes problemas: geração de renda, saúde, educação, a questão do meio ambiente e, o principal, a comunidade precisava modificar o comportamento não só em relação à cidade, mas à dinâmica das mudanças que aconteciam. Ficou claro que todas as ações deveriam partir da própria população. Foram traçados os objetivos do projeto, os resultados a serem alcançados, as demandas da cidade. Surgiram os nove eixos temáticos: 1. Mudança comportamental assumida e realizada; 2. Modelos de políticas públicas elaborados; 3. Empreendedorismo difundido e implementado; 4. Agronegócio desenvolvido e implementado; 5. Econegócio desenvolvido e implementado; 6. Plano estratégico urbano elaborado e implementado; 7. Melhoria da infraestrutura instalada; 8. Gestão ambiental municipal implementada; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 9. Cidade embelezada (arquitetura e paisagismo). Assim o Projeto Ortópolis teve como Visão ser um município formado por pessoas que detinham uma postura cidadã consistente e cooperativa, que constituíam os poderes públicos, instituições sociais e organizações empresariais de excelência, articulados e comprometidos com o desenvolvimento sustentável, que resultasse em resgate da autoestima, boa qualidade de vida e justiça social, com respeito ao meio ambiente, à cultura e aos valores éticos. E tinha como Missão possibilitar mudança comportamental que resultasse na participação de todos os setores da sociedade na construção de uma comunidade responsável, justa, solidária e ética, buscando boa qualidade de vida para todos. Com base nestas informações, reflita: esta seria a melhor opção para a comunidade? Teriam outras possibilidades? Confira, na videoaula disponível no material on-line! SÍNTESE Nesta aula estudamos alguns aspectos da ética como negócio, a ética e a responsabilidade social, o Desenvolvimento Sustentável e a Responsabilidade Social Empresarial, o código de ética e o Pacto Global. Segundo SOUSA (2006), o sistema capitalista, no qual nossa sociedade vive nos dias atuais, apresenta-se deficiente e necessita recriar-se constantemente. As organizações, com a finalidade de obtenção de lucro, dotavam-se da confiança de que recursos naturais e humanos eram capazes de suprir todos os insumos para a produção demandada e receber todos os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 refugos de produção e lixos dessas demandas. A problemática da degradação ambiental não era levada em consideração em estudos econômicos. Na medida em que a exploração de recursos naturais e humanos não estavam sendo tratadas com a devida atenção, houve necessidade do sistemade produção capitalista se reinventar, se adequado às limitações impostas. Inovações foram implementadas na tentativa de gerar resultados positivos sobre a problemática, uma vez que, cada vez mais a opinião pública tem cobrado posicionamento das empresas. Nesta aula refletimos sobre o conceito e como se desenvolveram os estudos do Desenvolvimento Sustentável, da Sustentabilidade e da Responsabilidade Social Empresarial, na busca de mecanismos que minimizem os impactos negativos das empresas na sociedade. Vamos recapitular o conteúdo desta aula? Assista à videoaula disponível no material on-line! Referências CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate social performance. Academy of Management Review, Mississippi, v. 4, n. 4, p. 497-505, 1979. CARROLL, A. B. Corporate social responsibility: evolution of a definitional construct. Business & Society, Chicago, v. 38, n. 3, p. 268-295, 1999. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Agenda 21. Strengthening the role of business and industry. 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