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Arqueologia Ambiental Adriana Schmidt Dias - UFRGS A arqueologia ambiental tem por objetivo compreender: 1) Como o homem age sobre o ambiente = alterações antrópicas da paisagem. 2) Como as transformações do meio ambiente agem sobre os processos adaptativos humanos. Seu objeto de estudo divide-se em duas esferas: a) Macro-escala = Dinâmica das ações climáticas globais, estudando as variações do paleoclima (Quaternario), das paleopaisagens (geomorfologia) e do paleoambiente (paleobotânica e paleontologia de vertebrados). b) Micro-escala = Estuda como as variações climáticas globais manifestam-se em fenômenos adaptativos locais, influenciando os sistemas de assentamento e de subsistência humanos. As evidencias estudados nos contextos dos sítios arqueológicos são de natureza sedimentar, bem como ecofatos presentes em função de agentes naturais, como micro-vestígios botânicos (polen, fitolitos, diatomaceas) ou faunisticos (roedores, besouros, moluscos) Métodos de Reconstrução de Variações Paleoclimáticas do Quaternário: 1) Colunas de Sedimentos Marinhos: Os sedimentos marinhos tem acumulação lenta e regular, atingindo poucos cm a cada milênio, acumulando-se e preservando-se também grande variedade de micro-fósseis de planctons (foraminíferos) devido a rápida sedimentação. Estes fósseis podem ser datados de forma absoluta pelos métodos de Séries de Urânio e paleomagnetismo. Os foraminíferos (acima) possuem carapaças de CaCo3 cuja composição apresenta variações de concentração de isótopos de Oxigênio dependendo do clima predominante. Glaciações = em funçao dos glaciares, as águas oceanicas apresentam maior salinilidade e densidade, com maior a concentração de O18, também presente nas carapaças dos foraminíferos. Inter-glaciares = Com a liberação de água das calotas, a salinidade e densidade da água diminui e a concentração de O16 é maior também nas carapaças dos foraminíferos. 2. Colunas de Gelos Perenes: Também estuda as variações nas concentrações dos isótopos de Oxigênio em amostras de colunas de gelos perenes obtidas na Groenlândia e na Antártida, sendo os dados correlacionados as colunas de sedimentos marinhos para datação. 3) Estudos de Linhas de Costa: Avalia como a avarição climática global afeta o nível do mar e a quantidade de terra disponível para ocupação humana ao longo do Quaternário. A expansão/ concentração das geleiras continentais ao longo do Quaternario causou oscilações globais na pluviosidade e no nivel do mar e consequentemente na topografia costeira, relacionadas: a) Variação nas Pontes Continentais; b) Movimentos Isostáticos e Tectônicos em função da variação do peso das geleiras Outra consequencia das variações do nível do mar está relacionada a alterações dos cursos de rios e a formação de terraços fluviais (maior deposição e erosão). Uma das primeiras cronologias das glaciações pleitocênicas foi realizada Penk & Buckner (1909) a partir do estudo dos terraços aluviais dos principais afluentes do rio Danubio (acima), estabelecendo a chamada Série Alpina, replicável em outras regiões. 4) Estudo de Paisagens Glaciais: Determinadas características Geomorfológicas são indicativas da extensão das antigas geleiras pleisticenicas, como por exemplo, vales em forma de “U” (acima). Morainas ou Morenas são depósitos de rochas fraturadas e estriatas pela contração térmica, presentes em zonas peri-glaciares, leitos de rios e grutas calcareas, indicando neste caso eventos glaciais na estratigrafia) Loess são sedimentos amarelados e finos, formados por partículas de limo e likens arrancados pelos ventos em paisagens peri- glaciais. Depositos de loess indicam a periferia das antigas geleiras, marcando periodos de clima frio de seco. Varvas são sucessivos depósitos de argila, associados ao degelo em lagos peri- glaciais. Em anos quentes formam estratos grossos e arenosos, de coloração clara. Em anos frios, formam estratos finos, escuros e argilosos Métodos de Reconstrução das Paleopaisagens: As evidencias paleobotânicas são mais sensiveis as variações paleoclimaticas de longa duração e sua preservação depende do contexto deposicional e das condições climaticas. Dentre os vestigios floristicos mais usados para estudos de paleopaisagens destacam-se os polens (esq, acima), as diatomaceas (esq abaixo) e os fitolitos (direita, abaixo).
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