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RESUMO DAS ESTAÇÕES DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

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RESUMO DAS ESTAÇÕES DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
 O circuito inicial de uma disciplina é sempre o seu primeiro contato com as temáticas que fazem parte do campo de estudos abordado pela disciplina.
 Na estação 1, você será apresentado a uma breve contextualização teórica a respeito do surgimento da orientação nas escolas, destacando o papel desempenhado pela Revolução Industrial no surgimento da disciplina. Veremos, também, os principais modelos de orientação educacional existentes e te auxiliaremos a localizar o orientador educacional e pedagógico dentro da estrutura da escola, destacando a interação que ele possui com os demais atores da vida escolar.
 Posteriormente, na estação 2, abordaremos algumas práticas e condutas que caracterizam um bom trabalho de orientação, destacando o fato de que ninguém “nasce para ser” orientador, mas, sim, aprendemos as melhores práticas da profissão mediante estudo constante aplicado ao cotidiano do trabalho. Nesta estação, apresentaremos, ainda, alguns problemas e questões recorrentes no ambiente escolar, em relação aos quais você deverá estar sempre atento.
Estação 1
ORIENTAÇÃO E EDUCAÇÃO
 Quando ouvimos a palavra orientação, nossa primeira referência geralmente é a ação de se localizar fisicamente no espaço, ou seja, como encontrar o oriente para, a partir dele, descobrir onde estou e como seguir da forma mais eficiente até o local onde desejo estar. Da mesma maneira, a noção de orientação em educação está associada ao ato de auxiliar o aluno a definir seus referenciais, traçar a meta aonde gostaria de chegar, para, com isso, trilhar o caminho mais eficiente em direção ao seu pleno desenvolvimento.
2 – Contextualização histórica
 Historicamente, a necessidade de incluir nos quadros escolares um profissional para dedicar-se exclusivamente à orientação educacional e pedagógica surgiu com o advento da Revolução Industrial, momento em que o fortalecimento das fábricas e sua demanda por mão de obra fez com que um número cada vez maior de adultos saísse de suas casas para trabalhar na indústria. Com isso, a educação dos filhos deixou de ser responsabilidade exclusiva da família e da comunidade local, e os jovens e as crianças passaram a ser agrupados em instituições formais de ensino.
 Além disso, o trabalho que antes era executado inteiramente por um indivíduo passou a ser dividido por vários funcionários, cada um especializado em apenas uma parte do processo.Isso ocasionou grande modificação no perfil do trabalhador, o que transformou também o perfil do aluno, que era preparado pela escola para colocar-se no mercado de trabalho.
 Esses espaços educacionais passaram a reunir uma miríade de indivíduos com uma diversidade grande de origens étnicas, religiosas, socioeconômicas, e até mesmo de saúde mental e física. Com isso, apresentou-se um novo desafio para as escolas: descobrir como cuidar de um número tão grande de indivíduos tão diferentes. Para atendê-los, criou-se o cargo do Orientador Educacional, que seria aquele responsável por auxiliar professores e alunos no desenvolvimento das atividades escolares.
3 – Principais modelos de Orientação Educacional e Pedagógica
 Ao longo da história, a Orientação Educacional e Pedagógica (OEP) sofreu, de acordo com o contexto histórico e cultural em que se encontrava, diversas transformações em suas formas de atuação, sendo os modelos enunciados abaixo os mais significativos:
Modelo pragmático: possuía o objetivo absolutamente pragmático de selecionar e treinar os seus alunos para o mercado de trabalho e, por esse motivo, suas atividades praticamente se restringiam à Orientação Vocacional dos alunos. Com isso, podemos dizer que a preocupação fundamental da Orientação Educacional e Pedagógica neste modelo era o interesse social de corrigir e adaptar o indivíduo, de forma que fosse assegurado o bem-estar da sociedade como um todo. O indivíduo era completamente passivo na orientação, não tendo a menor autonomia sobre esse processo.
Modelo terapêutico ou corretivo: tinha como foco adaptar os alunos ao ambiente escolar, identificando os indivíduos problemáticos e solucionando seus problemas de comportamento inadequado. Assim como no modelo anterior, possuía uma atuação muito mais centrada no interesse social do que nas expectativas e necessidades do indivíduo, pois o intuito de adaptar os alunos ao convívio no ambiente escolar não tinha como princípio o bem-estar destes ou o aumento de sua produtividade acadêmica individual. O objetivo era o de criar um ambiente harmônico em que a coletividade fosse atendida de forma bem-sucedida e os indivíduos fossem, de certa maneira, adaptados passivamente para conviver em sociedade.
Modelo preventivo:em face da implementação do modelo corretivo, percebeu-se que o esforço em remediar o problema depois que ele já havia se instaurado despendia muito mais esforços e causava muito mais transtornos do que encontrar uma maneira de impedir que os problemas de comportamento surgissem. Foi criado assim o modelo preventivo de Orientação Educacional e Pedagógica, no qual todos os alunos seriam doutrinados igualmente a se comportarem de forma adequada, buscando, assim, prevenir o surgimento do comportamento indesejável. Neste modelo, o aluno também recebia passivamente as determinações do orientador e o foco do trabalho continuava sendo o bem-estar da coletividade, e não o desenvolvimento individual.
Modelo centrado no desenvolvimento individual: oriundo de um paradigma educacional humanista, este modelo de orientação tira o aluno de seu papel de passividade diante do orientador e o torna protagonista de seu próprio desenvolvimento. Ainda que exista uma preocupação social implícita em todo o processo de educação, seu foco principal passa a ser auxiliar o indivíduo a atingir toda a sua potencialidade.
Tabela 1 – Evolução da Orientação Educacional no Brasil
Fonte: Elaboração com dados de GIACAGLIA; PENTEADO, 2015, p. 13.
3 - O orientador educacional e pedagógico na escola
 O Orientador Educacional e Pedagógico é, por lei, um profissional graduado em pedagogia ou pós-graduado em Orientação Educacional, que integra o quadro gestor da escola. Com isso, pretende-se garantir que este profissional seja, antes de tudo, um educador, que compreende as nuances do processo de ensino e aprendizagem e domina os conceitos e as estratégias envolvidos no planejamento, na execução e na avaliação do projeto educacional de uma instituição de ensino.
 Seu papel é atuar no planejamento, na execução e na avaliação do projeto pedagógico da escola, caminhando ao lado do aluno durante todo o processo, auxiliando-o, assim, a desenvolver-se plenamente.
 Nessa busca por auxiliar os alunos a solucionarem seus problemas da melhor forma possível, o Orientador precisa atuar em diversas frentes dentro das instituições de ensino. Destarte, interage e trabalha em conjunto com todos os envolvidos direta ou indiretamente no processo educativo, para, desse modo, ser capaz de atender às demandas dos alunos de maneira mais eficiente.
Figura 3 – O Orientador Educacional e Pedagógico em relação à comunidade escolar
O que aprendemos nesta estação:
A Orientação Educacional e Pedagógica tem como principal preocupação auxiliar o aluno a encontrar seu próprio rumo, desenvolvendo-se plenamente e com autonomia.
O surgimento da Orientação Educacional e Pedagógica está historicamente associado à Revolução Industrial, que fez com que o número e a diversidade dos alunos matriculados na escola aumentassem significativamente.
Os principais modelos de Orientação Educacional e Pedagógica são: pragmático, terapêutico ou corretivo, preventivo e centrado no desenvolvimento individual.
O modelo de orientação centrado no desenvolvimento individual é o primeiro a dar autonomia e protagonismo ao aluno.
O Orientador Educacional e Pedagógico é, por lei, um profissional graduado em pedagogia e/ou pós-graduado em Orientação Educacional, quefaz parte da equipe gestora da escola.
Em seu trabalho cotidiano, o orientador deve interagir com todos os personagens que constituem a vida escolar: alunos, professores, gestores, funcionários, famílias e comunidade.
Estação 2
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA CONTEMPORÂNEA
1 – Orientação Educacional e Pedagógica no contexto atual
 Durante muito tempo, a escola – e consequentemente o orientador educacional e pedagógico – percebeu o aluno como um ser passivo, que deveria se colocar submissamente diante do professor para ser moldado por ele de acordo com as expectativas da sociedade. Formar o indivíduo para a vida social costumava ser sinônimo de adestrar o aluno para reproduzir determinados comportamentos e saberes sem refletir verdadeiramente a respeito deles.
 A orientação educacional centrada no desenvolvimento individual, que se fundamenta no paradigma humanista da educação, tem sido utilizada majoritariamente nas escolas por ter seu foco no desenvolvimento pleno dos estudantes, de forma que os resultados positivos sejam uma consequência natural da prática educativa. Neste modelo, a autonomia e o protagonismo do aluno são valorizados em detrimento da manipulação passiva dos discentes para obter certos resultados esperados.
2 – O que caracteriza um bom Orientador Educacional e Pedagógico?
 A postura do profissional de educação é uma prática sobre a qual precisamos refletir e para a qual devemos nos preparar de acordo com as reflexões que fazemos e os conceitos novos que aprendemos. Ao falarmos sobre qualidades ou características do bom orientador educacional e pedagógico, devemos pensar imediatamente na possibilidade de formação do profissional, que se constrói por meio da prática e do estudo continuado a respeito das questões que se apresentam no cotidiano.
Postura respeitosa diante da autonomia do aluno:aquela em que o orientador valoriza a autonomia do aluno, tendo como objetivo o desenvolvimento pleno das potencialidades dos educandos, ou seja, aquela em que o orientador busca ajudá-los a se desenvolver e encontrar seus próprios caminhos para a solução de problemas e para a participação na vida social. 
 No vídeo que se segue, você será apresentado à teoria de Paulo Freire, um dos mais importantes pensadores da educação brasileira, conhecido, inclusive, internacionalmente, por defender um modelo de educação em que o aluno não recebe passivamente os conhecimentos transmitidos pelo professor, mas participa ativamente da construção dos seus saberes.
Imparcialidade e flexibilidade:
Postura baseada na percepção de que o orientador não é detentor da verdade absoluta e, por isso, seu papel não é definir o caminho a ser seguido pelo aluno, mas indicar os caminhos possíveis, ajudando o indivíduo a avaliar suas possibilidades para escolher de forma responsável e consciente. Ofoco da orientação deve ser o orientando e suas demandas, temos de ter em mente as idiossincrasias e particularidades deste indivíduo ao elaborar para ele um programa eficaz de orientação. É fundamental considerar que cada caso é um caso, ou seja, cada pessoa possui certas especificidades subjetivas e uma história de vida que a tornam única, motivo pelo qual as técnicas utilizadas com outra pessoa talvez não sejam adequadas para ele.
Reconhecimento das limitações profissionais do Orientador Educacional:
Mesmo que o orientador trabalhe em parceria com profissionais de diferentes especialidades, ele não pode perder de vista que a sua atuação continua sendo a de um educador, que deve encaminhar para atendimento especializado os casos em que isso seja necessário, mas nunca fazendo, ele mesmo, diagnósticos ou apresentando sugestões de tratamento.
Busca constante por formação e atualização:
O mundo se modifica muito rapidamente e com ele mudam também nossos alunos, suas demandas, questões e expectativas. Por esse motivo, é importante que estejamos em constante processo de atualização, para que nossas práticas e ferramentas não se tornem obsoletas e deixemos de se comunicar com os alunos de maneira eficiente.
3 - Desafios contemporâneos da Orientação Educacional e Pedagógica
Existem algumas problemáticas que se desenvolvem recorrentemente nos mais variados contextos educacionais da atualidade. Por esse motivo, é importante que o orientador educacional e pedagógico esteja sempre preparado e atualizado teoricamente para lidar com elas, e que se mantenha atento para perceber quando algum dos alunos sob sua orientação as está vivenciando com algum destes problemas.
Problemas familiares:
São inúmeras as questões ocorridas na família que podem influenciar o desenvolvimento e o desempenho escolar do aluno, como a separação dos pais, os casos de doenças graves ou mortes, situações de desemprego dos responsáveis ou o nascimento de um novo irmão, etc.
Indisciplina e violência:
A observação e punição da indisciplina e dos casos de violência são historicamente atribuídas ao orientador educacional e pedagógico, a ponto de muitas vezes suas funções serem confundidas com as do inspetor de alunos. A melhor forma de trabalhar essas questões, no entanto, não é pelo enfrentamento, mas oferecendo ao educando um exemplo de padrão de solução de conflitos que se fundamente no diálogo e no acolhimento.
Respeito à diversidade e inclusão:
É preciso, antes de mais nada, reconhecer a escola como espaço propício ao convívio com o diferente, para, desse modo, praticar o respeito à diversidade e incluir verdadeiramente todos os alunos, independente de raça, religião, orientação sexual e de gênero, ou de deficiência seja ela física ou intelectual. É fundamental que os professores sejam formados e recebam o treinamento adequado para que saibam lidar com o aluno diferente e sejam modelo de respeito e convivência.
Bullying:
São os casos em que um indivíduo sofre atos repetidos e continuados de violência física ou psicológica, que podem ser desempenhados por uma pessoa ou grupo e causam danos graves à sua autoestima, ao seu equilíbrio emocional e psicológico, bem como à sua capacidade de interação social e ao seu desempenho acadêmico. 
 Além dessas problemáticas, que ocorrem na escola como um todo, existem ainda alguns temas que são tipicamente identificados em determinados segmentos da vida estudantil. Cada momento da vida de uma pessoa possui suas questões e dilemas próprios e, por isso, é natural que as diferentes séries escolares também possuam alguns problemas específicos, os quais ocorrem nelas com certa frequência, e que por isso já devem fazer parte da observação do orientador educacional e pedagógico.
Tabela 1 – Problemas para monitoramento do OEP divididos por série
	SÉRIE
	PROBLEMAS OU QUESTÕES
	EDUCAÇÃO INFANTIL E PRIMEIRAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL
	Adaptação à situação escolar.
Horários e disciplina.
Concentração.
Relacionamento com professor e colegas.
Prontidão.
Hábito e cuidados com o material.
Falta, repetência e evasão.
Problemas de visão e audição.
Hábitos de estudo.
Problemas familiares.
Problemas emocionais.
	NOSTERCEIRO, QUARTO E QUINTO ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
	Disciplinas novas.
Mais de um professor.
Repetência e evasão.
Hábitos de estudo.
Violência.
Bullying.
Drogas.
	NO SEXTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
	Hábitos de estudo.
Muitos professores, muitas disciplinas.
Diferentes exigências e diferentes personalidades do professor.
Tratamento mais impessoal do aluno.
Tratamento de “adulto”.
Mudança de período ou de escola.
Namoricos.
Violência.
Bullying.
Drogas.
	NOS SÉTIMO E OITAVO ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
	Número grande de disciplinas.
Diferentes professores, diferentes exigências.
Transformações da puberdade.
Violência.
Bullying.
Drogas.
	NO NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
	Decisões vocacionais: cursos, trabalho atual e/ou futuro.
Eventual mudança de turno ou de escola.
Violência.
Bullying.
Drogas.
Namoro.
	PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO
	Nova escola, período, prédio ou colegas.
Disciplinas novas.
Eventualtrabalho ou maiores responsabilidades fora da escola.
Namoro.
Violência.
Bullying.
Drogas.
	SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO
	Namoro.
Violência.
Bullying.
Drogas.
Decisões sobre prosseguimento nos estudos.
	TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO
	Decisões profissionais e/ou escolares.
Término do curso, saída da escola.
Cursinho e vestibular.
Namoro.
Violência.
Bullying.
Drogas.
Fonte: Elaboração com dados de GIACAGLIA; PENTEADO, 2015, p. 171-173.
O que aprendemos nesta estação:
A orientação educacional centrada no indivíduo é aquela que percebe e respeita a autonomia do aluno, dando-lhe a chance de encontrar as soluções para seus próprios problemas.
As características de um bom orientador educacional não são inatas, mas, sim, construídas e refletidas por meio da formação do profissional.
A postura respeitosa diante da autonomia do aluno, a imparcialidade e a flexibilidade, o reconhecimento dos limites profissionais do orientador e a busca constante por formação são algumas das principais posturas de um bom orientador educacional e pedagógico.
Em sua prática cotidiana, o orientador já deve se manter alerta para o surgimento de alguns problemas e questões que, de forma geral, apresentam-se na escola.
Existem também problemas que são típicos de determinadas séries escolares, e por isso devem fazer parte das preocupações e até mesmo do planejamento do orientador.
Ao longo deste circuito, você foi apresentado a uma breve contextualização teórica a respeito do surgimento da orientação nas escolas, momento em que esperamos que você tenha sido capaz de compreender o papel desempenhado pela Revolução Industrial no surgimento da disciplina. Vimos também os principais modelos de orientação educacional existentes e partimos dessa discussão para estabelecer o lugar do orientador educacional e pedagógico dentro da estrutura da escola, destacando a interação que ele possui com os demais atores da vida escolar.
Abordamos, ainda, algumas práticas e condutas que caracterizam um bom trabalho de orientação, ressaltando o fato de que ninguém “nasce para ser” orientador, mas, sim, aprendemos as melhores práticas da profissão mediante estudo constante aplicado ao cotidiano do trabalho. Nesta estação, apresentamos alguns problemas e questões recorrentes no ambiente escolar, em relação aos quais você deverá estar sempre atento.
Por fim, utilizamos todos os conhecimentos que você reuniu pelas duas primeiras estações para discutir sobre a formação do profissional de Orientação Educacional e Pedagógica, suas exigências legais, desafios e potencialidades.
Estação 3
 Depois de ter sido apresentado às reflexões teóricas a respeito da atividade de Orientação Educacional e Pedagógica, no circuito intermediário desta disciplina, abordaremos as questões mais objetivas, que envolvem a prática da profissão do orientador.
 Na Estação 3, analisaremos de que forma o Orientador Educacional e Pedagógico participa do planejamento, da execução e do desenvolvimento do projeto educativo da escola. Você perceberá que, além de dedicar-se à tarefa específica de orientar os alunos, o orientador é também um personagem importante da equipe gestora, que tem como missão auxiliar a direção a cuidar de diferentes aspectos da vida escolar.
 Na Estação 4, você vai conhecer as atividades de responsabilidade específicas do Orientador Educacional e Pedagógico. Em um contexto profissional de multiplicidade de demandas, discutiremos a importância da organização para o bom desempenho do trabalho e estabeleceremos um fluxo de atividades que servirá como fio condutor para que todos os aspectos de todas as atividades sejam contemplados ao longo do serviço. Dessa forma, buscamos estabelecer um sistema de melhores práticas para otimizar o desempenho e os resultados do trabalho de orientação.
O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO NAS ATIVIDADES GERAIS DA ESCOLA
1 – A versatilidade do Orientador Educacional e Pedagógico
 O Orientador Educacional e Pedagógico desempenha uma multiplicidade de atividades, que se relacionam com todas as ocorrências do cotidiano e se estendem pelas mais variadas áreas da vida escolar. Por esse motivo, é importante que esse profissional tenha grande versatilidade em termos de saberes teóricos sobre as questões pedagógicas, conhecimentos técnicos sobre o funcionamento escolar e um bom relacionamento interpessoal com todos os personagens que fazem parte da vida da instituição.
 Suas obrigações podem ser divididas em dois grupos distintos:
 Atividades de auxílio à equipe gestora, relacionadas ao planejamento, à execução e à avaliação do projeto pedagógico da escola.
 Atividades específicas de orientação dos alunos.
 Nesta estação, analisaremos a participação do orientador nas atividades que fazem parte da estruturação do projeto pedagógico e, para isso, levaremos em conta cada uma de suas etapas.
2 – Planejamento
 O planejamento, presente em todas as etapas e esferas do projeto educativo, desde a atividade coletiva de criar rumos para o sistema de ensino como um todo até o trabalho do professor em sua sala de aula, é uma ferramenta decisiva para que as ações educativas sejam implementadas com eficiência e as metas sejam atingidas. É um momento valioso em que é possível equalizar as expectativas e visões de gestores, professores e do restante da comunidade escolar.
 O desenvolvimento de um projeto educativo funciona como uma cadeia de planejamentos, que se iniciam de forma muito generalizada na reflexão dos especialistas em educação e vão criando diretrizes e normas que serão refinadas até chegar ao professor e seu cotidiano em sala de aula. Sendo assim, podemos dizer que mesmo o professor solitário que pensa suas aulas individualmente tem como norteadoras as diretrizes e condutas anteriormente estabelecidas por outras esferas educativas. 
Âmbito nacional:
O planejamento da educação realizado pelo governo federal tem como objetivo estabelecer metas e normas de conduta que abranjam a realidade de todo o território nacional, sendo rígidas o bastante para estabelecerem um padrão a ser seguido em todas as regiões do país, mas flexíveis o suficiente para que possam ser adaptadas diante das idiossincrasias das diferentes localidades.
Âmbito regional (Estadual e Municipal):
Partindo do planejamento mais amplo estabelecido pelo Ministério da Educação para o país como um todo, os Estados e Municípios realizarão um planejamento próprio para as suas redes de ensino, que busque adequar a visão geral do PNE à realidade de suas localidades.
Âmbito escolar:
Planejamento realizado por cada escola, utilizando o Plano Nacional de Educação e os planos estabelecidos pelo seu Estado ou município para chegar a um planejamento realista e possível de ser desenvolvido naquela instituição de ensino específica.
Âmbito individual de cada professor:
Neste momento, cada professor deve elaborar as suas aulas tendo como fundamentação todo o planejamento que recebeu das esferas superiores, desde o que foi pensado pelos especialistas das mais diversas áreas da educação para o país como um todo, chegando ao resultado local, que foi filtrado e adaptado até atingir a medida exata de cada escola.
	CLIENTELA
	Descrição da comunidade em que se localiza a escola, descrevendo suas principais características e problemas enfrentados. É interessante que este tópico contemple também um perfil geral dos alunos matriculados e dos estudantes egressos, bem como de suas famílias.
	MISSÃO, VISÃO E VALORES
	Neste tópico, deve ser descrita a missão que a escola pretende desempenhar diante da comunidade por ela atendida. Aqui será explicitada a visão de mundo e de sociedade a que se alinha a instituição, bem como os valores que nortearão as suas práticas.
	DADOS SOBRE A APRENDIZAGEM
	É um perfil elaborado a respeito do desempenho acadêmico da escola, contemplando questões como a taxa de evasão, de fracasso escolar, o desempenho nos programas de avaliação institucionaloferecidos pelo governo, como, por exemplo, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
	RECURSOS
	Este tópico deve incluir os recursos de que dispõe a instituição e o uso que planeja ser feito deles no processo de desenvolvimento do projeto pedagógico. Neste ponto, vale ressaltar que os recursos podem ser materiais, como equipamentos e infraestrutura, ou imateriais, como os profissionais que compõem a equipe pedagógica e o corpo docente.
	DIRETRIZES PEDAGÓGICAS
	Descrição da conduta educacional adotada pela escola, incluindo a corrente pedagógica que orienta suas atividades e o regulamento interno que norteará a solução de problemas e definirá as normas de comportamento a serem seguidas.
Nesse fluxo de planejamento, cabe ao Orientador Educacional e Pedagógico servir de elo entre as diretrizes da rede de educação e o planejamento da escola, atentando para a necessidade de elaboração e de atualização democráticas de dois documentos de planejamento distintos, o Projeto Político-Pedagógico da escola e o seu Pano Anual de atividades.
Projeto Político-Pedagógico: é um instrumento de planejamento democrático, elaborado em conjunto por toda a comunidade escolar. Nele deve ser descrita a identidade da própria instituição, registrando suas principais características, inclinações políticas e pedagógicas e a clientela atendida por ela e suas necessidades. Este documento deverá servir como principal guia para o estabelecimento das regras de conduta adotadas na escola.
Tabela 1 - Itens básicos que devem compor o PPP da escola
Plano Anual: planejamento específico para o ano letivo que se inicia, deve conter as metas, os objetivos e procedimentos a serem seguidos ao longo de todo aquele ano. Para isso, a equipe gestora da escola deverá realizar uma semana pedagógica com seus professores e funcionários para que o Plano Anual seja discutido e construído em conjunto.
3 – Execução
 Para que o planejamento realizado seja colocado em prática de forma eficiente, é recomendado que o gestor, juntamente com sua equipe, planeje as ações que serão implementadas e as estratégias que serão utilizadas para que se atinjam os objetivos e as metas estabelecidos no planejamento.
Tabela 2 - Modelo de Plano de Ação
	PLANO DE AÇÃO
	TEMA
	Definição do tema geral em que está inserido o problema que você trabalhará ao longo do plano.
	PROBLEMA
	Neste item, você deverá apresentar ao seu leitor o problema para o qual está buscando uma solução. Qual é exatamente a questão a ser trabalhada?
	DIAGNÓSTICO
	Descreva a situação causadora do problema.
	JUSTIFICATIVA
	A justificativa, em qualquer plano, diz respeito à fundamentação teórica necessária para que o seu leitor compreenda a importância desta temática. Convença a pessoa que está lendo de que este problema realmente precisa ser solucionado!
	OBJETIVOS
	Estabeleça em tópicos os objetivos que se pretende alcançar com o desenvolvimento deste plano. Uma forma interessante de pensar os objetivos é desmembrar em partes a solução que você imagina para o problema em questão.
	AÇÕES PEDAGÓGICAS
	Descreva detalhadamente e em etapas todas as ações que serão desenvolvidas de modo que os objetivos estabelecidos sejam alcançados.
	EQUIPE RESPONSÁVEL
	Descreva as pessoas que farão parte do desenvolvimento desta ação, detalhando as atribuições de cada uma delas.
	RECURSOS
	Defina os recursos que precisarão ser utilizados para o desenvolvimento desta ação, sejam eles materiais, como cartazes, material de papelaria para dinâmicas.
	AVALIAÇÃO
	Estabeleça os parâmetros e as estratégias que serão utilizadas ao final da ação para mensurar se ela foi bem-sucedida ou não.
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	Cite todo o material utilizado por você para fundamentar teoricamente o trabalho.
 Diante dessa diversidade de indivíduos singulares que formam o todo da vida escolar, o papel do Orientador Educacional e Pedagógico ao longo da execução do PPP – ou de qualquer outro elemento de planejamento implementado na escola - deve ser administrar as diferenças individuais para que, respeitando as características de todos os membros da equipe, o objetivo geral e as metas coletivas sejam atingidas.
 Da mesma forma, o papel do Orientador Educacional e Pedagógico, no que diz respeito ao impacto dos diversos planejamentos sobre o desempenho dos alunos, é trabalhar em parceria com os professores para que, analisando cada caso específico, as diretrizes estabelecidas no plano possam ser seguidas, mas utilizando as estratégias que melhor se adéquem ao perfil de cada aluno individualmente.
4 – Avaliação pedagógica
 A avaliação em educação não pode ser entendida apenas como um evento único que ocorre ao final da execução de qualquer processo. Na verdade, a avaliação deve ocorrer continuadamente, ao longo de todo o desenvolvimento do projeto educativo, para que, no caso de eventuais desalinhos entre o que foi planejado e a realidade, seja possível replanejar as estratégias e ações de maneira a que não nos distanciemos das metas e dos objetivos que buscamos alcançar.
Avaliações diagnóstica, formativa e somativa.
 Como podemos ver, a avaliação é um projeto cíclico que se inicia antes do próprio planejamento e atravessa todo o desenvolvimento do projeto. Nesse sentido, cabe ao orientador auxiliar a gestão da escola a executar os diferentes momentos de avaliação, estabelecendo sempre um paralelo entre os resultados do projeto educativo da escola com os resultados do projeto de orientação educacional elaborado por ele.
O que aprendemos nesta estação:
 Nesta estação, analisamos de que forma o Orientador Educacional e Pedagógico participa do planejamento, da execução e do desenvolvimento do projeto educativo da escola. Você pode perceber que, além de dedicar-se à tarefa específica de orientar os alunos, o orientador é também um personagem importante da equipe gestora, que tem como missão auxiliar a direção a cuidar de diferentes aspectos da vida escolar.
A partir dessa reflexão, esperamos que você tenha sido capaz de:
Compreender a multiplicidade de tarefas desempenhadas pelo orientador em diferentes áreas da vida escolar.
Definir que, além de trabalhar diretamente com os alunos, cabe ao orientador Educacional e Pedagógico auxiliar a equipe gestora a planejar, implementar e avaliar o projeto político-pedagógico da escola.
Compreender que o planejamento da educação se desenvolve em diferentes âmbitos – nacional, regional, escolar e individual – que se complementam para que a visão geral se adéque às realidades específicas de cada sala de aula.
Reconhecer a importância do Projeto Político-Pedagógico enquanto documento democrático, que estabelece as metas e os critérios a serem seguidos pela escola para que o pleno desenvolvimento dos alunos seja alcançado.
Compreender as principais etapas que compõem o Plano Anual de educação de uma escola.
Entender os elementos que compõem um plano de ação.
Perceber o caráter cíclico da avaliação, compreendendo o papel desempenhado por cada tipo de avaliação – diagnóstica, formativa e somativa – para que o projeto atinja todo o seu potencial. 
Estação 4
AS ATIVIDADES ESPECÍFICAS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO
1 – O trabalho específico do Orientador Educacional
 Além de tomar parte da elaboração, implementação e avaliação dos planejamentos e projetos da escola como um todo, o Orientador Educacional possui também atribuições específicas que são de sua responsabilidade e, por isso, devem ter espaço privilegiado no cronograma de atividades do Orientador Educacional e Pedagógico. Para dar conta dessa multiplicidade de afazeres, é importante que o profissional de orientação tenha o trabalho, o espaço e seus materiais muito bem organizados, para que, desse modo, o serviço tenha fluidez e nenhuma etapa ou aspecto seja deixado de lado.
 Nesse contexto, traçaremos um modelo de conduta em que cada um dos elementos contribuirá para que a prática do orientador educacionalse torne mais segura e eficiente, atingindo os resultados esperados no desenvolvimento dos alunos e sendo reconhecida pela equipe pedagógica e pela comunidade escolar. É o estabelecimento inicial dos pilares que darão sustentação ao trabalho de orientação, para, a partir deles, lidar com qualquer situação específica que se apresente.
2 – Atribuições específicas do Orientador Educacional
 O Decreto nº 72.846, de 26 de setembro de 1973, criado para regulamentar a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, define a atividade de Orientação Educacional, estabelecendo quais são as atribuições escolares que só poderão ser desempenhadas por este profissional (privativas) e aquelas das quais ele deverá participar juntamente com a equipe pedagógica (participativas).
Tabela1 - Atribuições do OE segundo a lei
	DECRETO Nº 72.846/1973
	ARTIGO
	ATRIBUIÇÃO
	
	ART. 8º
SÃO ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
	Planejar e coordenar a implantação e o funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de: Escola e Comunidade.
Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas.
Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global.
Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando.
Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à orientação vocacional.
Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando.
Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial.
Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino.
Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.
Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.
 
	
	ART. 9º
COMPETE, AINDA, AO ORIENTADOR EDUCACIONAL AS SEGUINTES ATRIBUIÇÕES:
 
	Participar do processo de identificação das características básicas da comunidade;
Participar do processo de caracterização da clientela escolar;
Participar do processo de elaboração do currículo pleno da escola;
Participar da composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos;
Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;
Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários;
Participar do processo de integração escola-família-comunidade;
Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.
3 - A sala do Serviço de Orientação Educacional (SOE)
 O Serviço de Orientação Educacional, também conhecido pela sigla SOE, é o setor ou departamento da escola em que atuará o orientador educacional e pedagógico. Será neste espaço que ele reunirá seu material de trabalho e concentrará as suas atividades de atendimento aos alunos, responsáveis, professores, funcionários, etc.
 Sendo assim, é interessante que exista na escola uma sala de uso exclusivo deste profissional, onde será organizado o Serviço de Orientação Educacional (SOE) da escola. Este espaço deve ser composto, sempre que possível e dadas as proporções e condições da escola, de uma área de trabalho com mesa com gavetas e espaço para acomodar um computador e/ou arquivos em que possam ser colocadas informações de consulta a respeito dos alunos e da própria escola.
 Deve haver ainda um espaço mais reservado para o atendimento, que pode ser formado por um sofá ou uma mesa com cadeiras, na qual não devem ser organizados materiais de trabalho. Este é um espaço de acolhimento e escuta sensível, que deve ser organizado para transmitir sensação de calma e tranquilidade. Vale ressaltar a importância de um aviso que possa ser colocado na porta todas as vezes que um atendimento estiver ocorrendo, para que,dessa forma, a equipe pedagógica e os funcionários saibam que o profissional não deve ser interrompido.
4 – Os saberes teóricos e os saberes práticos no desenvolvimento de projetos de Orientação Educacional e Pedagógica
 Para o desenvolvimento de suas atividades de orientação educacional, é preciso que o orientador coloque em ação dois tipos distintos de saberes: os saberes teóricos e os saberes práticos.
5 -Tratamento das questões específicas da realidade escolar
 A partir do momento em que o profissional de orientação estabelece as bases sobre as quais sustentará a sua atividade, podemos passar ao tratamento das questões específicas da realidade escolar em que ele atuará. Neste momento, utilizaremos todos os saberes e as estruturas preparados anteriormente a serviço da obtenção de resultados concretos no aprimoramento do projeto educacional da escola e do desempenho dos alunos. 
Diagnosticar a realidade:
 Elaboração de um diagnóstico realista e objetivo a respeito de todos os aspectos que compõem a realidade em que se encontra a escola. Crie um mapa contendo todos os elementos a serem considerados e coloque-o em local visível de sua área de trabalho, para que você possa retornar a ele sempre que estiver planejando uma ação pedagógica, replanejando uma atividade em desenvolvimento ou quando se deparar com um novo problema a ser enfrentado.
Planejar a ação:
 Partindo do mapa diagnóstico da realidade da escola, o orientador elencará todos os problemas a serem solucionados e elaborará um plano de ação para cada um deles. Esses planos individuais deverão ser inclusos no Plano de Orientação Educacional e Pedagógica, que deve conter os seguintes itens:
Identificação e localização da escola.
Instâncias superiores às quais a escola e a Orientação Educacional e Pedagógica estão subordinadas.
Localização e contato de entidades às quais a escola e/ou o orientador podem precisar recorrer.
Nome do diretor ou gestor da escola e de seu vice ou assistentes.
Nome e contato do orientador Educacional e Pedagógico.
Data do plano.
Síntese das principais características da comunidade escolar.
Objetivos da escola e do Serviço de Orientação Educacional.
Quadro de recursos humanos da escola, dos professores, conselheiros, dos alunos e croquis da escola.
Estratégias.
Cronograma.
Avaliação do Serviço de Orientação Educacional nos anos anteriores.
Referência bibliográfica.
Anexos.
Avaliar a ação:
 Avaliar para perceber ao longo do caminho se existem pontos a serem replanejados para potencializar os resultados ou corrigir eventuais desvios com relação às metas e aos objetivos que se pretendam alcançar.
 Sempre que, durante a avaliação do processo, o orientador identificar problemas que estejam impedindo o desenvolvimento do trabalho, deve retornar à sua fundamentação, e fazer as seguintes perguntas:
O orientador educacional é de fato a pessoa mais indicada para a solução deste problema?
O problema em questão faz parte de suas atribuições?
Existe algum equipamento ou estrutura que pode ser adquirido para o SOE que auxilie na solução da questão?
 Por fim, identifique a questão teórica ou prática diante da qual se sente despreparado e retome seus estudos.Pesquise possíveis soluções anteriormente bem-sucedidas nesta área, ou discussões teóricas que o auxiliem a desenvolver uma saída inovadora para o problema. 
6 – Dar visibilidade aos resultados
 Ao final do desenvolvimento e da avaliação de uma ação específica de orientação educacional, é importante a redação de um relatório no qual sejam apresentados os resultados obtidos. Essas informações serão importantes para futuras consultas, seja na resolução de um problema semelhante ou na tentativa de utilizar as mesmas ferramentas e técnicas no enfrentamento de outras questões.
 Considerando que o progresso da ciência acontece a partir do momento em que o pesquisador se respalda no trabalho e nos resultados anteriormenteobtidos por outros profissionais da área, é importante que as informações a respeito de determinado projeto não se percam. Tenha sido ele bem ou malsucedido, as orientações de conduta e metodologias empregadas, quando defrontadas com os resultados obtidos, servem de fundamentação para novos planejamentos.
 É importante não perder a oportunidade de aproximar a comunidade escolar do trabalho desenvolvido pelo SOE, para que haja o entendimento dentro da equipe daquilo que está sendo realizado em prol dos alunos. Estes, por sua vez, ao perceberem os bons resultados obtidos no trabalho acompanhando pelo orientador, possivelmente se sentirão mais estimulados a procurar o auxílio do setor de orientação para tirar dúvidas, buscar aconselhamento e soluções para o seu problema.
O que aprendemos nesta estação:
 Nesta estação, você conheceu as atividades de responsabilidade específicas do Orientador Educacional e Pedagógico. Estabelecemos um eficiente fluxo de atividades que deve ser usado como fio condutor com vistas a que todos os aspectos de todas as atividades de orientação sejam contemplados ao longo do serviço. Vale reforçar que a Orientação Educacional e Pedagógica existe dentro de um contexto profissional de múltiplas demandas e afazeres, o que torna essencial a criação de um sistema de melhores práticas para otimizar o desempenho e os resultados do trabalho.
A partir dessa reflexão, esperamos que você tenha sido capaz de:
Compreender o fluxo de trabalho que orienta todas as etapas das atividades de orientação;
Identificar as atribuições privativas e participativas definidas pelo Decreto nº 72.846/1973 para a atividade de Orientação Educacional;
Compreender os principais aspectos a serem considerados na organização do Serviço de Orientação Educacional (SOE);
Refletir sobre a importância do domínio teórico e prático das questões relativas ao campo de atuação do orientador educacional;
Estabelecer uma sequência de atividades no tratamento das questões específicas do trabalho para otimizar o rendimento e a obtenção de resultados;
Discutir a importância de que o trabalho desenvolvido nas escolas pelo Orientador Educacional e Pedagógico tenha visibilidade;
Enriquecer sua prática por meio dos exemplos apresentados de projetos bem-sucedidos
Neste circuito intermediário, aprendemos que o Orientador Educacional e Pedagógico desempenha papel significativo ao participar do planejamento, da execução e do desenvolvimento do projeto educativo da escola. Além de dedicar-se à tarefa específica de orientar os alunos, o orientador é também um personagem importante da equipe gestora, que tem como missão auxiliar a direção a cuidar de diferentes aspectos da vida escolar.
Você conheceu atividades de responsabilidade específicas do Orientador Educacional e Pedagógico, distinguindo-as entre privativas e participativas.
Estação 5
 O Decreto nº 72.846, de 26 de setembro de 1973, criado para regulamentar a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, define atribuição privativa do Orientador Educacional a coordenação da orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global. Sendo assim, justifica-se a atribuição de todo este circuito à análise da orientação vocacional e de seus principais aspectos.
 Na Estação 5, nos dedicaremos a uma discussão introdutória sobre a orientação vocacional. Daremos início a essa reflexão desconstruindo a naturalidade da possibilidade de escolha e contextualizando historicamente os processos pelos quais se tornou possível decidir a profissão a seguir. Discutiremos os principais aspectos da orientação vocacional desenvolvida no ambiente escolar, analisando o importante papel ocupado pela instituição de ensino e seus personagens para a tomada de decisão profissional do indivíduo.
 Na Estação 6, apresentaremos a você algumas questões práticas a respeito da Orientação Vocacional, discutindo temas específicos dos diferentes tipos e momentos de orientação e sugerindo atividades que podem ser desenvolvidas em sua prática.
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL E EDUCAÇÃO
1. A importância da escolha profissional
A identidade profissional de uma pessoa representa, também, uma porção significativa de sua identidade pessoal, pois a vida profissional do sujeito define boa parte da vida que ele levará fora do trabalho. Quando o indivíduo decide o que fará profissionalmente, ele está definindo também o estilo de vida que terá, as atividades sociais que desempenhará e o tipo de pessoas com as quais se relacionará.
Precisamos considerar que os sentimentos de prazer e de realização pessoal que o indivíduo é capaz de extrair das atividades que desempenha cotidianamente o auxiliam a dar um sentido de coerência à sua própria vida e a ver como significativo aquilo que faz. Quando visto apenas como recurso de sobrevivência, o trabalho não prazeroso passa a comprometer a saúde mental, podendo inclusive comprometer a saúde física do sujeito.
Dessa forma, é possível dizer que uma escolha vocacional bem-sucedida é importante tanto para o bem-estar do sujeito, que se realizará pessoalmente mediante sua atividade profissional, quanto para o bem-estar da sociedade, que usufruirá dos melhores resultados garantidos por um trabalho bem feito e comprometido.
2 - Reflexões sobre a possibilidade de escolha
 Apesar de nos parecer uma questão muito natural, os indivíduos nem sempre puderam escolher a profissão a que se dedicariam. O trabalho sempre foi classificado entre tarefas de homens e mulheres, posteriormente tarefas de ricos e pobres, de nobres e plebeus, etc. Além disso, o pertencimento ao grupo muitas vezes determinava as opções de destino possíveis. Da mesma forma que o filho de nobre seria nobre e o filho de plebeu seria plebeu, o filho do ferreiro seria ferreiro e o filho do alfaiate também se tornaria um alfaiate.
 Podemos destacar dois momentos históricos que contribuíram para o surgimento da possibilidade de escolha profissional:
A Revolução Francesa:
A Revolução Francesa foi um conjunto de acontecimentos com o objetivo de acabar com os privilégios de nascimento da nobreza, que impediam a mobilidade social. Seu lema era “liberdade, igualdade e fraternidade”, e culminou com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789.Esta conquista é fundamental para o surgimento da orientação vocacional, mesmo que ela só tenha acontecido de fato muito tempo depois, pois, com o fim dos direitos de nascimento e a maior liberdade de escolha dos cidadãos, surge com a Revolução Francesa a possibilidade de que o indivíduo decida a sua própria profissão.
A Revolução Industrial:
A transição de uma economia agrária para uma economia industrial surtiu efeito principalmente sobre o mundo do trabalho, pois as fábricas modernas exigiam uma mão de obra cada vez maior, que devia estar preparada para desempenhar as atividades apresentadas pelo novo modo de produção. Neste período, surge maior especialização do trabalho que faz com que um único indivíduo não seja mais responsável por todo o processo de produção de determinado bem, mas seja especialista em uma das etapas desse processo. Isso ocasionou a ampliação considerável do número de ocupações existentes, tornando, assim, a escolha profissional mais difícil. 
5 - Breve Histórico da Orientação Vocacional
A história da orientação vocacional até os dias de hoje pode ser dividida em dois momentos principais, que se distinguem fundamentalmente pelo foco dado à orientação. 
Método estatístico-psicométrico:
O primeiro momento, que perdurou até a década de 50, a preocupação da orientação vocacional estava nas características da profissão, e seu objetivo era, através do método estatístico-psicométrico, identificar o homem certo para ocupar determinado cargo.
Método clínico-operativo:
A partir da década de 50, no entanto, o foco da orientação vocacional se transferiu das características da profissão para as necessidades e expectativas do próprio indivíduo, e seu objetivo passou a ser auxiliá-lo a encontrara profissão que melhor se adequaria a ele.
6 - A Orientação Vocacional nos dias de hoje
A concepção moderna de orientação vocacional está diretamente associada à questão da identidade pessoal. Estavam sendo extensamente discutida na teoria social com base no argumento de que, com as transformações advindas da pós-modernidade, a identidade, anteriormente vista como algo fixo, que acompanhava o sujeito do nascimento até a sua morte, teria entrado em declínio dando lugar a um novo tipo de identidade que possui as seguintes características:
Múltipla:o indivíduo não possui mais uma única identidade que se mantém permanentemente inalterada, mas diversas identidades que são construídas e reconstruídas ao longo da vida;
Relacional: a identidade se constrói na interação que se estabelece com os outros;
Contextual: as múltiplas identidades de uma pessoa se manifestam alternadamente, de acordo com o contexto específico em que estão inseridas. Uma mesma pessoa, por exemplo, pode ser liberal e flexível no ambiente de trabalho, ao relacionar-se com seus funcionários, e extremamente rígida e autoritária no ambiente doméstico, ao lidar com seus filhos;
Dinâmicas:estas identidades são constantemente construídas e reconstruídas, sem nunca serem formadas definitivamente;
Incoerentes:as múltiplas identidades de um indivíduo não precisam ser necessariamente coerentes entre si. Como vimos no exemplo,contextualidade, flexibilidade e inflexibilidade, características antagônicas, podem estar presentes em uma mesma pessoa.
 Destaca-se a ênfase dada nos dias de hoje ao individualismo e à ideologia a ele associada, fez surgir todo um aparato ideológico e legal, que transformou o sujeito no ponto central das instituições e das situações, fazendo com que a sociedade opere de acordo com vontades e não mais de necessidades, ou seja, aquilo que importa é o que a pessoa quer ou deseja, e não aquilo de que ela necessita.
 Esse é um fator importante, pois transfere toda a responsabilidade da escolha ao próprio indivíduo. Lembre-se de que os especialistas das diversas áreas de nossas vidas, como médicos, advogados, economistas, professores, podem nos dizer o que nós precisamos para atingir determinado resultado, mas nenhum deles pode nos dizer o que nós queremos e desejamos. Esta é uma escolha profundamente pessoal.
7 – Orientação vocacional e educação
 No Brasil, a história da orientação vocacional sempre esteve profundamente ligada à educação e ao ambiente escolar. No início, seu fundamento básico era a Psicologia Aplicada, que ganhava cada vez mais espaço no país, mas, em pouco tempo, seu principal lócus de atuação se tornou as escolas, onde as teorias psicológicas passaram a dialogar largamente com a pedagogia e a Orientação Educacional.
 Quando falamos sobre a importância da Orientação Vocacional na escola, não estamos nos referindo exclusivamente a um espaço físico, mas, também, a um espaço social que, em certa medida, reproduz os principais aspectos da sociedade a que pertence. A escola é o local onde são feitos os primeiros contatos fora da família, as principais interações com crianças da mesma idade, bem como a introdução do indivíduo a uma série de regras e normas sociais que orientarão sua conduta ao longo de toda a vida.
A importância do brincar na experimentação da vida em sociedade
 Vale ressaltar ainda que a escolha vocacional não é orientada por um único fator. Apesar da importância dos aspectos psicológicos e subjetivos, não podemos desconsiderar que o homem é um ser social, que interage constantemente com uma imensa quantidade de informações que chegam a ele por diversos meios. Por meio da família, da mídia, dos colegas e dos professores, o jovem recebe informações, dados e opiniões variadas que colaboram para que ele forme o seu próprio juízo sobre as diversas opções de escolha que se apresentam a ele.
O que aprendemos nesta estação:
 Nesta estação, desenvolvemos uma discussão introdutória sobre a orientação vocacional, desconstruindo a naturalidade da possibilidade de escolha e contextualizando historicamente os processos pelos quais se tornou possível decidir a profissão a seguir. Discutimos os principais aspectos da orientação vocacional desenvolvida no ambiente escolar, analisando o importante papel ocupado pela instituição de ensino e seus personagens para a tomada de decisão profissional do indivíduo.
A partir dessa reflexão, esperamos que você tenha sido capaz de:
Reconhecer a importância da escolha profissional, contextualizando-a historicamente.
Entender os principais aspectos da orientação vocacional desenvolvida nos dias de hoje, salientando sua relação como o conceito pós-moderno de identidade.
Compreender a orientação vocacional dentro do contexto educacional, salientando o fato de a escola ser um ambiente propício à OV, na qual todos os indivíduos envolvidos influenciam a escolha do aluno.
Estação 6
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL NA PRÁTICA
1 - Modalidades de Orientação Vocacional
Modalidade Estatística: nesta modalidade, o profissional deverá, em um primeiro momento, conhecer as aptidões e osinteresses do orientando, para depois elaborar um trabalho que correlacione os gostos desse indivíduo com as chances existentes no mercado.Vamos ver as principais características dessa modalidade:
Papel do Orientador: ativo, direcionado. Nesta modalidade, o profissional utiliza os testes como principal instrumento, buscando resultados específicos. Pode-se entender o orientador como alguém que caminha pelo sujeito.
Papel do Orientando: apresenta um papel mais passivo, sendo direcionado pelo orientador, realizando as atividades estabelecidas.
Recursos: os testes são os principais materiais utilizados, mas as dinâmicas também têm espaço neste processo.
Aptidões: para os profissionais que trabalham com a modalidade estatística, as aptidões são entendidas como inatas, ou seja, o sujeito já nasce com elas.
Interesse: neste caso o cliente ainda não possui muita noção de seus gostos. Precisa começar a se conhecer.
Mercado de trabalho: a modalidade estatística baseava-se em uma estagnação do mercado para reconhecer positivamente os resultados dos testes. Seria por meio da estabilidade do perfil profissional procurado pelo mercado que os resultados dos testes seriam válidos, pois seriam baseados nessas características específicas. Hoje em dia utilizam-se as dinâmicas para confirmar a validade do processo.
Modalidade Clínica: o profissional poderá auxiliar o orientando à medida que as responsabilidades da escolha sejam assumidas por este último. Para que o orientador conheça melhor o seu cliente, a entrevista acaba sendo utilizada como um dos principais instrumentos. Sem dúvida, a autonomia é sempre enfatizada.
Abaixo, veremos os principais conceitos:
Papel do Orientador: ele deverá caminhar junto com o orientando, buscando ajudar a sanar suas dúvidas e incentivar sua autonomia.
Papel do Orientando: o cliente desempenhará um papel ativo, somente ele conhece sua vida e compreende o que é melhor para si mesmo. Ele será o grande protagonista do processo de orientação vocacional.
Recursos: as atividades irão basear-se, principalmente, em dinâmicas e material informativo (filmes, livros, folders...). Os testes são utilizados de forma diferenciada, em que seus resultados são considerados em conjunto com os demais recursos.
Aptidões/Interesses: durante o processo, o sujeito passa a se conhecer melhor e a compreender seus interesses. Neste processo, a vocação surge como um movimento interno específico daquele momento.
Mercado de trabalho: como considera o mercado de trabalho em constante mudança, cada orientação não é compreendida para a vida toda, e sim relacionada ao momento que está sendo vivido. 
2 - Estrutura de um processo de Orientação Vocacional
Todo processo de orientação vocacional possui uma estrutura com determinados itens que sempre estarão presentes e deverão ser definidos por meio dos encontros com os clientes. Uma boa delimitação,tendo consciência das principais características destes tópicos, determinará um bom caminhar no processo de orientação vocacional. Vamos ver os principais itens.
2.1 - Início
Enquadre: Quando falamos de enquadre, nos remetemos à “cara” que o processo vai apresentar. Em todo serviço de orientação vocacional, precisamos delimitar o que será oferecido. Quando sabemos qual o foco, fica mais fácil acertar o processo, e esse foco será definido de acordo com determinadas questões que precisam ser respondidas, tais como: o que, para que, como, com quem, onde, com o que e quando.
Modalidade de Trabalho: Neste ponto, o orientador deve buscar conhecer como será desenvolvido o seu trabalho; se de maneira individual, em grupo, na escola, no consultório, na clínica, em uma ONG, em organizações, em instituições, entre outras. Devemos lembrar que não existem melhores formas de se trabalhar; em todas elas, cabe ao profissional pesar os pontos positivos e negativos que estarão diretamente relacionados ao contexto de cada uma.
Entrevista Inicial: Durante a entrevista inicial, procura-se conhecer qual a demanda do orientando. Buscamos compreender o que espera o orientando ou quem está contratando nosso serviço. Quando atuamos em uma instituição, como a escola, esta entrevista não se faz necessária, pois esta demanda já está definida – ex.: orientação vocacional com alunos do 3° ano do ensino médio: voltados para o vestibular.
Delineamento: Cabe aqui definir as etapas do processo de Orientação, como o número de encontros, a duração, quantas pessoas participarão por grupo, se existirá ou não sessão de reposição, o que será aceito em relação a atrasos e faltas, quais os materiais que serão utilizados e como será realizada a entrevista de devolução e a entrega do laudo.
2.2 - Meio
A partir do momento em que o orientador já estabeleceu um perfil de seu cliente – individual ou grupo –, ele poderá optar por determinados materiais que serão mais bem aproveitados durante todo o processo. Esses materiais são inúmeros e aqui veremos alguns dos mais utilizados:
Material Informativo:Todo e qualquer tipo de Orientação utiliza materiais básicos para desenvolver-se. Será por intermédio desse material que o profissional possibilitará ao orientando estabelecer contato maior com o mundo das profissões. O material informativo pode ser utilizado enquanto:
Ferramenta: Ele é inserido no processo de Orientação Vocacional, em que o orientando pode se conhecer melhor. Um exemplo desse tipo de material é o Manual de Estudante.
Processo: É uma forma mais independente que necessita de um tempo maior para acontecer. Em orientações que são realizadas em escolas, utilizar o material informativo como processo só tem a acrescentar, pois será mediante filmes, palestras e visitas a empresas e universidades que o orientando compreenderá melhor como as profissões atuam.
Técnicas Lúdicas:Correspondem a atividades que promovem um levantamento de dados sobre cada sujeito frente a determinadas situações e sobre o grupo. Entre as possíveis técnicas, temos:
Dinâmicas: As dinâmicas, de forma geral, são utilizadas para observar habilidades, competências e preferências de cada orientando. Por meio delas, o orientador pode perceber e traçar um perfil, ainda que superficial, se for apenas baseado na dinâmica, de cada sujeito. Como existem inúmeras dinâmicas que podem ser utilizadas (apresentação, aquecimento, desenvolvimento, conclusão ou fechamento), elas precisam ser estudadas de forma cuidadosa e atenciosa, tendo sempre em vista o foco principal de cada encontro.
Teatro: A utilização de conceitos advindos do teatro pode facilitar o entrosamento do orientando com as profissões. Sugerir que ele tente assumir o lugar e a postura de determinadas profissões que lhe agradam cria um momento de experiência, de conhecimento da carreira e do próprio sujeito.
Entrevistas:São os principais recursos utilizados para conhecer o orientando e entender quais seus gostos e interesses. Será pelas entrevistas que o orientador conseguirá auxiliar o sujeito a conhecer suas capacidades e saber lidar com suas dúvidas. As entrevistas apresentam resultados subjetivos, com características específicas do momento vivido pelo orientando.
Testes:São os instrumentos utilizados para que o orientador possa conhecer um pouco mais sobre a personalidade do orientando. Não existem testes específicos de orientação vocacional, eles devem ser utilizados de maneira consciente. Quanto mais o orientador conhecer o orientando, melhor poderá determinar o uso de testes específicos.
Questionários:São ferramentas que complementam o processo, acrescentando informações importantes sobre o orientando. Não existe obrigatoriedade em utilizar os questionários, mas, se o profissional decidir por sim, deverá formular tópicos bem direcionados e objetivos.
2.3 - Final
Após todo o processo, o profissional estará com diversas informações referentes ao perfil profissional de seu orientando. Caberá ao orientador perceber qual a melhor maneira de dar um retorno ao cliente sobre seu resultado. Nesta etapa do processo de orientação vocacional, dependendo da modalidade escolhida, o profissional pode utilizar a entrevista de devolução e/ou a elaboração de laudo.
Entrevista de devolução:A entrevista de devolução pode ser realizada de forma individual ou em grupo. Quando a primeira opção é escolhida, as questões pessoais do orientando podem ser abordadas. Normalmente, a modalidade estatística centra sua devolução nos resultados dos testes; enquanto a modalidade clínica opta por discutir questões mais subjetivas do processo.
Laudo:O laudo é um dos itens que podem estar presentes no processo de devolução e o orientador deve voltar sua atenção para ele. Todo profissional deve ter cuidado ao elaborar o laudo para seu cliente, pois este documento apresentará informações específicas que deverão ser explicadas cuidadosamente, evitando interpretações erradas. Cada laudo deve apresentar determinados dados específicos: identificação do orientando; identificação do orientador; a demanda; o procedimento adotado; análise e conclusão. O profissional precisa estar atento para desenvolver um laudo da forma mais ampla possível, procurando não rotular o orientando com aptidão apenas para determinadas profissões. Deve-se mostrar ao cliente que ele possui determinadas áreas de interesse, que podem direcioná-lo a diferentes carreiras.
3 - Pontos importantes da orientação vocacional
Cada processo de orientação vocacional precisa levar em conta determinados aspectos que delimitarão as diferenças do trabalho. O orientando está sujeito a sofrer diversas influências e determinados fatores podem agir diretamente no momento de escolha.
O orientador precisa estar atento para diversos aspectos como: histórico escolar – o rendimento do orientando irá demonstrar algumas de suas preferências; história familiar – a partir dela, o orientador poderá compreender inclinações para profissões específicas; e maturidade – cabe ao profissional perceber em que grau de maturidade está seu orientando.
Segundo Bohoslavsky (2003, p. 91), cada profissional precisa basear-se em alguns questionamentos para melhor delimitar o perfil de seu orientando. Seriam perguntas como:
O orientando tem capacidade de assumir sua escolha profissional sem mudar sua personalidade?
Ele já apresenta maturidade para tomar uma decisão quanto ao seu futuro profissional?
Consegue prever possíveis dificuldades, tolerar frustrações e alcançar sínteses?
Sou a pessoa mais indicada para ajudá-lo?
Esse é o melhor momento para que ele inicie sua orientação vocacional?
Por essas perguntas, o profissional poderá entender melhor a situação que se apresenta e agir corretamente com seu cliente.
Outro ponto que sempre deve ser observado atentamente pelo profissional é que tipo de informações, como e a quem devem ser transmitidas. Seus clientes geralmente apresentarão conhecimentos sobre as carreiras e sobre o meio científico. Esse contato durante o processo escolar proporciona uma absorçãode conhecimento de maneira passiva, em que muitas vezes o orientando não consegue perceber todas as informações que já adquiriu.
Sendo assim, caberá ao orientador fornecer informações ao seu cliente da forma mais clara e objetiva possível, apresentando as diferentes atividades profissionais. Ainda segundo Bohoslavsky (2003, p. 147), existem quatro recomendações básicas que todo orientador deve estar atento ao trabalhar com cada orientando. São elas:
A informação deverá ser passada de maneira completa, visando a mostrar ao orientando quais os objetos das profissões, quais seus papéis sociais, técnicas e instrumentos utilizados e a real demanda da sociedade para aquela profissão.
O orientando precisa entender que as atividades interagem como um todo, contribuindo para um trabalho em equipe.
Caberá ao orientador estar atento ao nível profissional a que o orientando almeja chegar. Cada cliente possui um ideal de como gostaria de trabalhar e o orientador precisa estar atento para passar as informações adequadas ao perfil de cada orientando.
Todas as informações devem centrar-se nas carreiras, demonstrando os ramos das atividades técnicas, científicas e profissionais.
4 - A orientação de grupos típicos 
Orientação vocacional com crianças:
A idade pré-escolar é um momento bastante frutífero para a orientação vocacional, poisé quando a criança começa a reproduzir em seus jogos as funções sociais e as atividades desempenhadas pelos adultos. A partir dessa prática, a criança dá início ao processo de desvendar a realidade social em que está inserida, e isso deve ser feito com o auxílio de ações educativas que estimulem as facetas positivas da realidade reproduzidas nos jogos e desencorajando as interpretações de mundo vistas como negativas. 
Orientação vocacional com os alunos que finalizam o ensino fundamental:
O término do Ensino Fundamental é uma etapa importante na vida escolar do aluno, pois a entrada no Ensino Médio traz com ela o contato com novas disciplinas, como a química, a física e a biologia, que podem ter grande impacto sobre a escolha de carreira do adolescente. Nesta etapa, apresenta-se também um novo leque de modalidades de estudo e instituições de ensino que anteriormente não estavam disponíveis ao sujeito.
O orientador vocacional, nesse caso, deve estar preparado para:
Transmitir as informações que este tipo específico de orientando necessita, como os tipos de cursos técnicos, as instituições que os oferecem, bem como os possíveis efeitos desta modalidade de ensino em um futuro curso superior;
Conscientizar os alunos de que a tomada de decisão é um processo que requer reflexão e, por isso, deve ser iniciado o quanto antes. Mostre a eles que uma decisão tomada às pressas ao final do Ensino Médio tem maiores possibilidades de ser uma decisão equivocada.
Orientação vocacional com vestibulandos:
Ao elaborar um projeto de orientação vocacional direcionado aos alunos do 3º ano do ensino médio ou do pré-vestibular, é preciso não só utilizar todas as técnicas discutidas ao longo deste módulo para auxiliar o aluno a escolher uma opção de carreira, mas, também, ficar atento para lidar com a ansiedade característica deste momento de vida.Para que isso seja feito, é importante frisar ao aluno que a tomada de decisão vocacional não é definitiva, podendo ser mudada ou reorientada ao longo da vida. Isso ameniza o fardo que muitos jovens vivenciam ao pensar que estão definindo de forma permanente aquilo que serão ao longo de toda vida.
Orientação vocacional com adultos:
Durante muito tempo, a reorientação de carreiras foi vista pela sociedade como uma demonstração de instabilidade e inconstância daquele que decidia seguir um novo rumo. No entanto, estamos nos deparando cada vez mais com uma realidade em que a mudança de rumo profissional é vista como um aspecto positivo do currículo do indivíduo que, por essa iniciativa, demonstra não só flexibilidade como a vontade de ampliar suas experiências. 
Orientação com pessoas com algum tipo de deficiência:
Certamente, a orientação vocacional de pessoas com deficiência tem como base um leque reduzido de opções, em virtude de suas limitações específicas, sejam elas auditivas, visuais, físicas, neurológicas ou intelectuais. O importante, no entanto, é estar consciente e conscientizar o próprio orientando de que, apesar de ser limitado para algumas atividades, ele é plenamente capaz de desempenhar uma série de outras.
O orientador deve ter as seguintes preocupações:
Utilizar os procedimentos habituais da orientação vocacional para identificar aquelas atividades que se adaptam aos interesses, aptidões e inteligência do orientando. Neste estágio, é fundamental que se leve em consideração aquelas atividades que se tornam inviáveis devido à sua limitação ou deficiência;
Definir de que forma o indivíduo pode se preparar educacionalmente para desempenhar a atividade profissional escolhida;
Pesquisar as instituições e empresas que admitam esses indivíduos em seus recrutamentos e processos seletivos. 
Orientação vocacional em camadas populares:
O projeto individual de vida é uma forma consciente e emocional de atribuir sentido a uma experiência de vida que é fragmentadora, permitindo que o sujeito a vivencie como algo coerente e único. E mesmo que os projetos sejam vivenciados pelos indivíduos como algo profundamente pessoal, é preciso ter em mente que eles são elaborados dentro de um campo de possibilidades que é definido pelo contexto social e histórico no qual está inserido.
São fundamentais para este tipo de atuação:
Desmistificar a ideia disseminada pelo senso comum de que a universidade é destinada apenas às elites e incluir o curso superior ao leque de opções do aluno;
Não ater o projeto de orientação vocacional à escolha de um curso universitário, pois esta não é a única maneira de ingresso no mercado de trabalho.
Neste circuito, voltamos o nosso olhar para a orientação vocacional Iniciamos nossa conversadesconstruindo a naturalidade da possibilidade de escolha e contextualizando historicamente os processos pelos quais se tornou possível decidir a profissão a seguir. Analisamos os principais aspectos da orientação vocacional desenvolvida no ambiente escolar, salientando o importante papel ocupado pela instituição de ensino e por seus personagens para a tomada de decisão profissional do indivíduo.
Investigamos algumas questões práticas a respeito da Orientação Vocacional, discutindo temas específicos dos diferentes tipos e momentos de orientação e sugerindo atividades que podem ser desenvolvidas em sua prática como orientador educacional.

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