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A INFLUÊNCIA DO BULLYING NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

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Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque 
 
 
Pedagogia 
 
 
 
JULIANA APARECIDA VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DO BULLYING NO PROCESSO 
ENSINO/APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO ROQUE/SP 
2016 
 
 
 
JULIANA APARECIDA VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DO BULLYING NO PROCESSO 
ENSINO/APRENDIZAGEM 
 
 
 
Monografia aprovada como exigência parcial obtenção do título 
de licenciatura plena em pedagogia pela Faculdade de 
Administração e Ciências Contábeis de São Roque 
 
 
ORIENTADORA: PROFª ESP. TÁGIDES RENATA DE 
MELLO MORAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO ROQUE/SP 
2016 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DO BULLYING NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
POR 
 
JULIANA APARECIDA VIEIRA 
 
Monografia aprovada como exigência parcial para obtenção do 
título de licenciatura em Pedagogia pela comissão formada 
pelos professores: 
 
Comissão julgadora 
 
 Orientador: __________________________________________ 
 Profª Esp. Tágides Renata de Mello 
 
__________________________________________ 
Profª Ms. Delly Danitza Lozano Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 São Roque, 20 de junho de 2016 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho a todos os profissionais e estudantes da educação, que 
acreditam que a mesma é o caminho para contribuir na formação de pensantes 
críticos e para transformar o país, amenizando casos comuns de preconceito, 
corrupção e violência. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, que me deu condições para realização de mais esse sonho, a minha 
família, pelo apoio e carinho, aos meus professores acadêmicos, que com 
profissionalismo e dedicação contribuíram para minha melhor formação, aos amigos 
professores que fiz durante o curso, onde me ofereceram ajuda, conselhos e até 
mesmo um ombro amigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. 
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros 
desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são sob 
controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde 
quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram 
de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. 
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que 
elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos 
pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso, elas não 
podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O 
vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.” 
Rubem Alves, 2004, p. 7. 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho visou relatar “A influência do bullying no processo 
ensino/aprendizagem”. A pesquisa conta com um levantamento bibliográfico sobre a 
história e definição do bullying, suas causas, como são as ações de agressão na 
escola, as consequências mais comuns que afetam as vítimas, abordamos também 
a prevenção e a influência/papel do professor em sala de aula. Após os 
levantamentos da pesquisa bibliográfica, os resultados mostram que o bullying pode 
afetar o estado emocional do aluno e causar baixo desempenho no processo 
ensino/aprendizagem, a postura do professor em sala de aula também pode 
influenciar tanto na amenização do bullying, como despertar ou alimentar o 
fenômeno entre os alunos. 
 
Palavras-chave: Bullying; relação professor-aluno; processo 
ensino/aprendizagem. 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................8 
 
1. BULLYING: ORIGEM, CONCEITO E HISTÓRIA...................................................10 
1.2 FORMAS E CAUSAS DE BULLYING..................................................................15 
 
2. O BULLYING X ESCOLA.......................................................................................28 
2.2 CONSEQUÊNCIAS MARCANTES......................................................................37 
 
3. BULLYING X APRENDIZAGEM.............................................................................40 
3.2 O PAPEL DO PROFESSOR................................................................................45 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................50 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ao observarmos as diferentes razões pelo o qual não se obtém resultados 
positivos no processo ensino/aprendizado, nos deparamos com o bullying, um 
fenômeno de violência presente nas escolas. 
Porém, é necessário sondar as características das ações em que estão sendo 
sucedidas no momento do ato, pois a expressão bullying tem sido usada em muitos 
casos. Casos esses em que não há nenhum vínculo com o fenômeno, mas apenas 
usado porque o termo tornou-se um hábito para muitos, onde qualquer situação do 
cotidiano é considerada bullying. 
 
 
Um dos erros que devemos evitar numa avaliação de situação ou não de 
bullying é a precipitação. Os céticos da existência do bullying criticam o 
suposto “modismo” da mídia, professores, psicólogos etc., em, segundo 
eles, apontam bullying em todas as situações de conflito de grupos com 
indivíduos. Em parte, dou razão a esses críticos. Há excessos, 
principalmente, quando há interesse mais afoito da mídia em divulgar o 
caso. Devemos, então, redobrar o cuidado para uma análise mais cautelosa 
e isenta possível sobre o fato que nos chega para análise. (CALHAU, 2010, 
p. 7). 
 
 
Os sentimentos em que o bullying pode causar à uma criança podem causar 
bloqueios emocionais, onde os mesmos passam a ter fracasso do processo 
ensino/aprendizagem. Assim, como o sentimento de alegria pode refletir no 
desempenho do aluno, a tristeza também pode ter mesmo efeito. 
A estrutura emocional e afetiva do aluno precisa estar em equilíbrio para que 
o seu rendimento escolar possa caminhar positivamente. 
 
 
Muitas vítimas passam a ter baixo desempenho escolar, apresentam queda 
no rendimento escolar, déficits de concentração, prejuízos no processo de 
aprendizagem, resistem ou recusam-se a ir para a escola, trocam de 
colégios com freqüência ou abandonam os estudos. No âmbito da saúde 
física e emocional, a vítima acaba desenvolvendo uma severa depressão, 
estresse, pânico, fobias, distúrbios psicossomáticos, podendo chegar a 
tentar ou cometer o suicídio (FANTE, 2005 p. 89). 
 
 
O fenômeno bullying, pode ser um ato de violência física e/ou verbal, onde 
pode trazer diversas consequências, na maior parte do público quando se refere à 
vítima, a mesma tende a guardar para si todas suas emoções, devido ser um alvo de 
violência para seu agressor. Sendo assim, a vítima passa a carregar apenas para si 
9 
 
aquilo que deveria dividir com seus pais e a equipe pedagógica da escola em que 
estuda, porém a mesma pode optar por não compartilhar com ninguém, muitas 
vezes por medo, receio, insegurança de contar para alguém e que o problema se 
agrave ainda mais ao invés de ser resolvido. 
Uma das causas do fracasso escolar dos alunos pode ser devido a reação 
dos mesmos em se manter em silêncio perante o bullying em que sofre. A criança 
pode passar a ter uma baixa auto estima, faltasexcessivas nas aulas e ausência de 
comprometimento e interesse com suas tarefas escolares. 
Acredita-se que este trabalho trará grande contribuição acadêmica para o 
leitor. Abordaremos o conceito de bullying, os cuidados em que o professor deve ter 
em seu olhar perante o aluno que se encontra com dificuldades na aprendizagem e 
os conflitos de emoções negativas em que o bullying causa na criança e que 
consequentemente refletem no desempenho escolar da mesma. 
Após leituras realizadas sobre o bullying, algumas perguntas foram lançadas 
e com base nos materiais científicos relacionados ao tema, iremos responder 
durante o desenvolvimento deste trabalho. As perguntas questionadas são: 
O bullying pode influenciar no processo ensino/aprendizagem? 
O bullying é uma das causas que pode comprometer o desenvolvimento do 
aluno no processo ensino/aprendizagem? 
O fenômeno bullying pode provocar a baixa auto estima no aluno? 
O bullying pode trazer danos psicológicos para a vítima, que podem perdurar 
por longo prazo de sua vida? 
O professor pode influenciar para que o bullying aconteça em sala de aula? 
Temos como objetivo geral explorar as causas da agressividade, suas 
consequências e como lidar com a situação, com o intuito de fechar as portas para 
esse fenômeno denominado bullying no ambiente escolar. Para responder nosso 
problema e alcançar o objetivo proposto, nosso trabalho ficou assim estruturado: 
abordaremos no capítulo 1 o conceito e história do bullying e suas formas e causas 
mais comuns; no capítulo 2 o bullying x escola e as consequências marcantes das 
ações e no capítulo 3 o bullying x aprendizagem e o papel do professor. 
Esta pesquisa será desenvolvida com levantamento bibliográfico com autores 
como Lélio Braga Calhau, Ana Beatriz Barbosa Silva, Cleo Fante, e não conta com 
pesquisa de campo. 
10 
 
1. BULLYING: ORIGEM, CONCEITO E HISTÓRIA 
 
Dentro do contexto da história do bullying, pode-se afirmar que o mesmo 
sempre existiu, mas só passou a ser estudado por cientistas na década de 70 na 
Suécia, quando o tema tornou-se algo preocupante e irrelevante para a população. 
Logo após os estudos realizados na Suécia, despertou-se um grande interesse pelo 
assunto em diversos países, numa intenção de conscientização contra o ato de 
violência causado pelo bullying. 
 
 
O bullying é um fenômeno tão antigo quanto a própria instituição 
denominada escola. No entanto, o tema só passou a ser objeto de estudo 
científico no início dos anos 70. Tudo começou na Suécia, onde grande 
parte da sociedade demonstrou preocupação com a violência entre 
estudantes e suas consequências no âmbito escolar. Em pouco tempo, a 
mesma onda de interesse contagiou todos os demais países escandinavos. 
(SILVA, 2010, p.111). 
 
 
Segundo Calhau (2010), o bullying é um ato de violência que sempre existiu, 
porém não era estudado, quando uma vítima era atacada a mesma mantinha-se em 
silêncio, mudava de escola, de cidade, fugia dos maus tratos. Antes da década de 
70 na Suécia, o bullying era encarado como algo natural, chegavam até a colocar a 
culpa nas próprias vítimas pelas situações em que passavam. 
Pais e professores do país da Noruega vivenciavam problemas de bullying, 
mas, mesmo as escolas enfrentando esse mal, o governo norueguês não tomava 
uma atitude que desse impacto perante a situação. No ano de 1982 três crianças 
com a idade entre 10 a 14 anos cometeram suicídio após serem torturados 
constantemente por alunos da escola em que frequentavam, após essa ruptura as 
autoridades do Ministério da Educação do país tomaram a providência de realizar 
uma campanha que iniciou no ano seguinte, com o objetivo de conscientizar e 
amenizar esse ato de violência, com o foco voltado para o ambiente escolar. 
 
 
Na Noruega, o bullying foi, durante muitos anos, motivo de apreensão entre 
pais e professores que se utilizavam dos meios de comunicação para 
expressar seus temores e angústias sobre os acontecimentos. Mesmo 
assim, as autoridades educacionais daquele país não se pronunciavam de 
forma oficial e efetiva diante dos casos ocorridos no ambiente escolar. 
(SILVA, 2010, p. 111). 
 
11 
 
Desde então, os combates contra o fenômeno bullying escolar passaram a 
serem desenvolvidos cada vez mais. Foi o caso do pesquisador Dan Olweus, 
professor na Universidade de Bergen, Noruega (1978 à 1993), no qual realizou um 
estudo nesse mesmo ano em que o Ministério da Educação norueguês aplicou. 
O estudo de Dan Olweus foi baseado em um grande público de alunos, 
professores e pais de alunos, o mesmo era elaborado em salas de aula, onde os 
alunos eram observados para se entender como procediam os atos de violência, e, 
consequentemente junto dela a conscientização dos problemas causados pelo 
bullying e plena proteção para as vítimas, procurando observar a diferença entre 
brincadeiras da idade e ações de bullying executadas pelos alunos. Um dos pontos 
destacados onde se pode diferenciar brincadeiras saudáveis da própria idade e 
bullying, é a insistência de uma brincadeira com um determinado aluno, onde nessa 
ação fica claro o constrangimento do alvo, por tanto o mesmo tende a perder o 
domínio da situação, e, consequentemente sendo vítima de violência escolar, o 
próprio bullying. 
 
 
Existem alguns critérios básicos, que foram estabelecidos pelo Dan Olweus, 
da Universidade de Bergen, Noruega (1978 a 1993), para identificar as 
condutas de bullying e diferenciá-las de outras formas de violência e das 
brincadeiras próprias da idade. Os critérios estabelecidos são: ações 
repetitivas contra a mesma vítima num período prolongado de tempo; 
desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ausência de 
motivo que justifique o ataque. Acrescentamos ainda que deva levar em 
consideração os sentimentos negativos mobilizados e as seqüelas 
emocionais, vivenciados pelas vítimas de bullying. (CALHAU, 2010, p. 7). 
 
 
O resultado foi uma queda de 50% de casos de bullying, além do sucesso 
conquistado pelo pesquisador, outros países como Inglaterra, Canadá e Portugal 
passaram a adotar o mesmo método de pesquisa e campanha no ambiente escolar 
de suas devidas populações. 
 
 
O estudo constatou que um em cada sete alunos encontrava-se envolvido 
em casos de bullying, tanto no papel de vítima como no de agressor. Essa 
revelação mobilizou toda a sociedade civil e deu origem a uma campanha 
nacional antibullying, que houve uma redução em cerca de 50% dos casos 
dessa prática escolar. O sucesso de tal iniciativa foi tão grande que 
desencadeou, de forma imediata, a promoção de campanhas antibullying 
em outros países, entre eles a Inglaterra, o Canadá e Portugal. (SILVA, 
2010, p. 112). 
 
 
12 
 
A palavra bullying é de origem inglesa, no Brasil ainda não há uma tradução 
para a mesma, portanto a palavra não tem uma tradução definida. O bullying está 
relacionado tanto ao gênero masculino como ao feminino, e está ligado a 
comportamentos de violência, exclusão de pessoas em um ambiente, maus tratos, 
atitudes ligadas a uma determinada pessoa, no qual resulta em constrangimentos, 
agressões físicas e psicológicas. 
A violência ocorre de uma maneira quase que natural, como uma atitude 
assídua, porém, esse comportamento do agressor é tido como uma diversão, um 
desejo em ter o domínio sobre a vítima. O causador da situação não tem um motivo 
específico para tal ação, apenas prazer em ver a vítima sendo humilhada e sentir-se 
no auge do poder, onde a parte mais frágil (vítima) é submissa ao mais forte 
(agressor). 
O bullying quando praticado acarreta muitos danos a vítima, um deles muito 
comum é a perda variável de autoestima, o alvo tende a sofrer com as situações 
delicadase constrangedoras em que é submetida. 
 
 
A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De origem 
inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar 
comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de 
meninas. Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, 
os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados da maneira 
recorrente e intencional por parte dos agressores. É fundamental explicitar 
que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou alguns 
estudantes, geralmente, não apresentavam motivações específicas ou 
justificáveis. Isso significa dizer que, de forma quase “natural”, os mais 
fortes utilizavam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e 
poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas 
vítimas. E isso, invariavelmente, sempre produz, alimenta e até perpetua 
muita dor e sofrimento nos vitimados. (SILVA, 2010, p. 21). 
 
 
Conforme Fante (2005), o bullying é um termo adotado por muitos países 
para definir situações em que alguém alimenta uma vontade de ofender e atingir 
moralmente e/ou fisicamente outra pessoa, onde é posta em prática de forma 
consciente, sem motivo justificável, apenas para satisfazer seu desejo de poder ver 
sua vítima sob tortura de suas ações. 
 
 
[...] bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas 
que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos 
contra outro (s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, imitações, 
apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, 
atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de 
13 
 
outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e 
materiais, são algumas das manifestações do “comportamento bullying”. 
(FANTE, 2005, p. 28 e 29). 
 
 
Fante (2005) ainda afirma que os agressores agem como se a ação não 
passasse de brincadeiras, porém deixam o verdadeiro sentido da ação em oculto, 
para que não sejam descobertas em seus verdadeiros propósitos e intenções. 
Calhau (2010) explica que para a Associação Brasileira Multiprofissional de 
Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA), não temos no Brasil uma palavra 
exata que possa suprir definitivamente todas as ações e transtornos em que o 
bullying acarreta, portanto quando se trata desse ato temos um vocabulário 
diversificado em que estão ligadas a cada expressão de violência, tais como: colocar 
apelidos, ofender, encarar, amedrontar, chutar, furtar, excluir, entre outros. 
Calhau (2010) ainda afirma que para diferenciar o ato de bullying de 
brincadeiras é necessário estabelecer o conceito de que não existem brincadeiras 
quando alguém está sofrendo com a situação, ou seja, a partir do momento em que 
se torna constrangedor para aquele em que se está sendo voltada a ação não pode 
ser classificada como tal, mas sim como um ato de bullying, e que haja antes de 
qualquer ação o bom senso para dirigir-se a alguém para realizar uma brincadeira. 
Ou seja, se tratando de um comentário, deve-se pensar antes de tudo se o que 
iremos pronunciar não irá afetar moralmente e/ou psicologicamente a pessoa 
mencionada. 
Silva (2010) afirma que o bullying é um fenômeno no qual não acontece só 
dentro da escola, mas nos arredores da mesma. Nesse amplo espaço em que o 
bullying predomina, consequentemente abrem-se oportunidades de ocorrências de 
violência que por sua vez tratando-se de violência física ou não causam traumas 
psicológicos as vítimas, porém se a segurança pública encarasse o bullying como 
uma ação de violência e desrespeito oficial, evitar-se-iam os casos entre 
adolescentes em que são relatados sobre assassinatos, suicídios e graves 
hematomas deixados pelo corpo da vítima. 
 
 
O bullying ocorre em todas as escolas, independente de sua tradição, 
localização ou poder aquisitivo dos alunos. Pode-se afirmar que está 
presente, de forma democrática, em 100% das escolas em todo o mundo, 
públicas ou particulares. O que pode variar são os índices encontrados em 
cada realidade escolar. Isso decorre do conhecimento da situação e da 
14 
 
postura que cada instituição de ensino adota, ao se deparar com casos de 
violência entre os alunos. (SILVA, 2010, p. 117). 
 
 
Conforme Chalita (2008), o bullying pode ser considerado a negação da 
amizade. Sendo assim, sem nenhum sinal de afetividade para com a vítima, o 
agressor sente prazer em ver seu alvo sendo humilhado, fisicamente ou 
verbalmente, onde por ser mais forte fisicamente, usa esse atributo para estar no 
comando do poder. Raramente a vítima toma uma atitude em que tente cortar esses 
laços de violência, mantém-se em silêncio diante da situação, fazendo que 
consequentemente o agressor continue com suas ações de bullying contra o 
agredido. 
Deve-se observar que atualmente a mídia tem ganhado um grande espaço e 
seu público espectador tem crescido gradativamente, onde a mesma usa como 
ferramenta o termo bullying em determinados casos para que haja um determinado 
impacto em seus espectadores, e consequentemente gerando polêmica entre os 
mesmos. Não somente a mídia, mas no âmbito da educação e psicologia, onde 
todas as situações em que geram intrigas entre grupos são classificadas como 
bullying, e em muitas dessas situações não são casos de violência gerados pelo 
fenômeno bullying, mas apenas uma expressão em que se usa, um modismo 
adquirido pelos profissionais mencionados. Nesse caso é importante saber 
diferenciar o verdadeiro sentido do bullying e as artimanhas da mídia em seus 
respectivos interesses. 
 
 
Um dos erros que devemos evitar numa avaliação de situação ou não de 
bullying é a precipitação. Os céticos da existência do bullying criticam o 
suposto “modismo” da mídia, professores, psicólogos etc., em, segundo 
eles, apontam bullying em todas as situações de conflito de grupos com 
indivíduos. Em parte, dou razão a esses críticos. Há excessos, 
principalmente, quando há interesse mais afoito da mídia em divulgar o 
caso. Devemos, então, redobrar o cuidado para uma análise mais cautelosa 
e isenta possível sobre o fato que nos chega para análise. (CALHAU, 2010, 
p. 7). 
 
 
Fante; Pedra (2008) nos diz que se deve ficar atento as sequelas deixadas 
pelo bullying, pois a violência não deixa apenas marcas visíveis. 
Existem os ataques psicológicos, afetando o emocional da vítima, onde deixa 
danos negativos, em que a vítima pode optar por transparecer que é uma 
15 
 
consequência obtida pelo bullying, ou a mesma pode não contar sobre o ocorrido e 
sofrer calada. 
 
1.2 FORMAS E CAUSAS DE BULLYING 
 
Calhau (2010) afirma que existe o bullying por omissão, onde não há sinais de 
violência física, o bullie ignora a vítima de maneira que envolve os demais colegas 
de classe, os induzindo a excluir o alvo. O professor ao pedir que formem grupos 
para a realização de alguma atividade, os integrantes induzidos pelos causadores de 
bullying o desprezam, causando constrangimento e queda de autoestima no aluno 
ali excluído, assim os grupos vão se formando, a vítima é escolhida por último ou o 
professor toma a atitude de encaixar o aluno em algum dos grupos já formados. Em 
situações como essa, além do constrangimento do aluno excluído ser visível, 
também deixa transparecer que o mesmo não é popular e acolhido pelos demais 
colegas da sala de aula. 
O bullying por omissão é muito usado pelo sexo feminino, onde é quase 
impossível de ser identificado. O ato de bullying por omissão, de início pode 
transparecer que não é prejudicial, mas com as agressões feitas paulatinamente 
podem afetar a vítima, de maneira que causam danos psicológicos com o passar dotempo. 
 
 
Em geral, o bullying praticado com omissão é mais afetado ao praticado por 
meninas e é bem sutil. É quase invisível. Se você analisar o ato isolado ele 
pode não significar nada, mas são como pequenas agressões, que pouco a 
pouco vão minando a integridade psicológica da vítima. (CALHAU, 2010, p. 
40). 
 
 
Silva (2010) explica que no bullying existem os agressores, vítimas e 
espectadores. Sendo que cada um deles mencionados podem ter diferentes atitudes 
e reações. 
Em respeito aos agressores, Silva (2010, p. 43) afirma que: 
 
 
Eles podem ser de ambos os sexos. Possuem em sua personalidade traços 
de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes, essas características 
estão associadas a um perigoso poder de liderança que, em geral, é obtido 
ou legitimado através da força física ou de intenso assédio psicológico. O 
agressor pode agir sozinho ou em grupo. Quando ele está acompanhado de 
seus “seguidores”, seu poder de “destruição” ganha reforço exponencial, o 
16 
 
que amplia seu território de ação e sua capacidade de produzir mais e 
novas vítimas. 
 
 
Calhau (2010) afirma que se tratando em examinar o gênero masculino e 
feminino para saber qual deles é mais violento, entende-se que o que os diferencia é 
a maneira em que ambos provocam suas ações, onde o gênero masculino usa mais 
de força física e o gênero feminino age mais com fofocas, onde é atingido os valores 
morais e psicológicos da vítima. 
O gênero feminino as ferramentas mais usadas são fofocas, intrigas verbais, 
impedimento da vítima em se incluir em algum grupo de colegas na escola, 
espalhando mentiras contra a mesma, colocando apelidos constrangedores, etc. O 
sexo feminino em ação de violência usa também agressões físicas, mas os mais 
frequentes são ações relacionadas a moral da vítima. 
 
 
[...] o que basicamente ocorre é que os tipos de agressões são bem 
diferentes. Regra geral, os agressores utilizam mais a força física e as 
agressoras utilizam mais os ataques morais, como por exemplo, espalhar 
fofocas, inventar mentiras, colocar apelidos, arquitetar pequenos complôs 
para diminuir a vítima perante as colegas, proibir o acesso a grupinhos na 
escola etc. (CALHAU, 2010, p. 37). 
 
 
Conforme Simmons (2004) por usarem de doçura aos olhos dos adultos, as 
agressoras agem por gestos, passam entre elas bilhetes com conteúdos de ofensa 
diretamente ou indiretamente para o alvo, discretamente pressionam a vítima nos 
corredores da escola, onde agridem com piadas de mau gosto, ou ações desse 
mesmo porte e saem sorrindo, amenizando ali a situação pesarosa ao público 
existente, mas para a vítima causa grandes danos psicológicos. 
Silva (2010, p. 21) diz que: 
 
 
Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a 
palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão 
bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou 
psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully 
(agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas 
de se defender. Seja por uma questão circunstancial ou por uma 
desigualdade subjetiva de poder, por trás dessas ações sempre há um bully 
que domina a maioria dos alunos de uma turma e proíbe qualquer atitude 
solidária em relação ao agredido. 
 
 
17 
 
O bullie é acompanhado de características de indisciplina, não aceita ser 
repreendido, em sua maioria tem notas regulares, seu comportamento é agressivo, 
demonstrando falta de afetividade de sua parte ou afetividade parcial, ou seja, há 
momentos que se mostra agressivo, onde esses aspectos podem ser observados 
desde cedo, numa faixa etária de 5 e 6 anos, ocorrendo a implantação e maus tratos 
com seus coleguinhas da própria idade, irmãos, animais de estimação, empregados 
domésticos ou funcionários da escola. O bullying pode não ser praticado apenas 
individualmente, mas por um grupo, onde todos tem a mesma intenção, que é atingir 
o alvo frágil (vítima). 
 
 
Os agressores apresentam, desde muito cedo, aversão às normas, não 
aceitam serem contrariados ou frustrados, geralmente estão envolvidos em 
atos de pequenos delitos, como furtos, roubos ou vandalismo, com 
destruição do patrimônio público ou privado. O desempenho escolar desses 
jovens costuma ser regular ou deficitário; no entanto, em hipótese alguma, 
isso configura uma deficiência intelectual ou de aprendizagem por parte 
deles. Muitos apresentam, nos estágios iniciais, rendimentos normais ou 
acima da média. O que lhes falta de forma explícita, é afeto pelos outros. 
Essa afetividade deficitária (parcial ou total) pode ter origem em lares 
desestruturados ou no próprio temperamento do jovem. Nesse caso, as 
manifestações de desrespeito, ausência de culpa e remorso pelos atos 
cometidos contra os outros podem ser observadas desde muito cedo (por 
volta dos 5 a 6 anos). Essas ações envolvem maus-tratos a irmãos, 
coleguinhas, animais de estimação, empregados domésticos ou 
funcionários da escola. (SILVA, 2010, p. 43 e 44). 
 
 
Calhau (2010) explica que os bullies gostam de estar no controle, no poder da 
situação, sendo assim, temos a compreensão de quando observamos que dois ou 
três alunos dentro de uma sala de aula com cinquenta alunos conseguem estar no 
auge do poder do ambiente. 
Guillain (2012, p. 28) explica sobre os bullies da seguinte forma: 
 
 
Não existe uma única razão ou motivo para o bullying. Às vezes, as 
pessoas pensam que estão apenas brincando e não percebem que estão 
magoando os outros. Podem apenas ter a intenção de se divertir com os 
colegas à custa de alguém. Ou ainda pensar que, através do bullying, 
podem se tornar mais populares e admirados pelos amigos. Outros podem 
ter sido vítimas de agressões quando menores e querem vingança ou 
atenção. 
 
 
Quando a situação problema bullying é cometida, os alvos do ato e seus 
familiares quando resolvem procurar auxílio do estado, se deparam com 
profissionais que são leigos no assunto ou não estão estruturados profissionalmente 
18 
 
para lidar com o problema, sendo assim o ato continua a firmar raízes por todo o 
país. 
 Calhau (2010) explica que uma das consequências graves que o bullying 
acarreta é que quando ele ocorre não termina após o agressor deixar de torturar a 
vítima, mas a violência em si quando cometida ocasiona diretamente a qualidade de 
vida da vítima. 
 Em respeito à vítima, Calhau (2010) afirma que é comum que a mesma 
mantenha-se em silêncio, pois na maior parte as agressões são morais e não 
físicas, portanto não ficam visíveis ao público espectador. A vítima tem dificuldade 
em falar das humilhações em que enfrenta por temer que o problema não seja 
resolvido, podendo assim apenas aumentar os danos por ser revelado ao público. 
Outras vítimas temem a reação contraditória dos pais, e por fim existem muitas 
outras vítimas que temem que a escola não possa fazer nada para ajudá-las em 
suas situações desconfortáveis. 
As vítimas geralmente sentem-se infelizes, não estando satisfeitas consigo 
mesmas. Em muitas vezes os alvos de bullying acham que todos estão contra elas, 
onde todas as práticas escolares que envolvem competições, regras, e afins, 
ocasionam em mais desmotivação para as vítimas. 
 
 
[...] frequentemente, esses alunos são muito infelizes, não gostam de si 
mesmos e ficam muito frustrados e ressentidos. Muitas vezes sentem que 
todo mundo está contra eles, e que os adultos são injustos e nunca 
compreendem seu ponto de vista. Para esses alunos, as práticas 
tradicionais da escola de se concentrar nas conquistas, na competição, na 
avaliação e nas regras criam um contexto que estimula mais frustração e 
afastamento. (BEAUDOIN; TAYLOR, 2006, p. 75).Se tratando da vítima típica, Silva (2010) específica alguns traços de seu 
comportamento. Na intenção de identificar a vítima no ambiente escolar, pode-se 
observar que a mesma no decorrer do intervalo da aula sempre está isolada, onde 
não há a interação com os demais alunos, ou pode encontrar-se perto de um adulto, 
seja esse um professor, inspetor, num ato de tentar proteger-se do agressor e suas 
ações pejorativas. Ausência de presença com frequência nas aulas, não tem amigos 
e quando tem os mesmos são poucos, mostra um semblante triste, e em casos mais 
decadentes apresenta arranhões, manchas de batidas, empurrões, roupas 
19 
 
rasgadas, detalhes esses que são causados infelizmente pelo bullying. A vítima é 
alvo central de violência dos bullies. 
A vítima típica tem vários aspectos que podem ser observados para identificá-
la, os mesmos aspectos são classificados como uma marca, que os diferencia dos 
demais alunos, onde indica que a mesma pode ser um alvo fácil de violência. 
Algumas das características em que são comuns entre as vítimas são: baixa 
autoestima, dificuldade em interagir em grupos, falta de coordenação motora, 
orientação sexual, deficientes físicos, alterações de peso tanto para mais como para 
menos, etc. 
 
 
As vítimas típicas são os alunos que apresentam pouca habilidade de 
socialização. Em geral são tímidas ou reservadas, e não conseguem reagir 
aos comportamentos provocadores e agressores dirigidos contra elas. 
Normalmente são mais frágeis fisicamente ou apresentam alguma “marca” 
que as destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou magras demais, 
altas ou baixas demais; usam óculos; são “caxias”, deficientes físicos; 
apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais 
destacados; usam roupas fora de moda; são de raça, credo, condição 
socioeconômica ou orientação diferentes...Enfim, qualquer coisa que fuja ao 
padrão imposto por um determinado grupo pode deflagrar o processo de 
escolha da vítima do bullying. Os motivos (sempre injustificáveis) são os 
mais banais possíveis. 
Normalmente, essas crianças ou adolescentes “estampam” facilmente as 
suas inseguranças na forma de extrema sensibilidade, passividade, 
submissão, falta de coordenação motora, baixa autoestima, ansiedade 
excessiva, dificuldades de se expressar. Por apresentarem dificuldades 
significativas de se impor ao grupo, tanto física quanto verbalmente, tornam-
se alvos fáceis e comuns dos ofensores. (SILVA, 2010, p. 37 e 38). 
 
 
Silva (2010) afirma que as vítimas provocadoras são classificadas aqui como 
imaturas, impulsivas e hiperativas, onde sem intenção através dessas características 
que carregam, tornam o ambiente escolar mais agitado, onde despertam o interesse 
no agressor em manifestar um conflito contra a vítima. Quando são atingidas 
rebatem as atitudes através de insultos, xingamentos, porém não conseguem atingir 
à altura do agressor, sendo assim terminam sem sucesso, trazendo apenas tumulto 
diante a situação. Pelas características que carrega, a vítima é reconhecida como a 
principal culpada pelo transtorno causado, e o agressor por sua vez continua no 
anonimato, livre para continuar suas ações de violências transmitidas pelo fenômeno 
bullying. 
A vítima provocadora pode ter TDAH, ou seja, é agitada, intromete-se em 
assuntos em que não está ligada a mesma, tem dificuldade de concentração, 
20 
 
portanto acarreta dificuldades na aprendizagem, tem a mente inquieta, é impaciente, 
dá respostas sem pensar naquilo em que está sendo dito, porém esse conjunto de 
características de um aluno que possui TDAH não está relacionado ao caráter da 
mesma, mas ao seu funcionamento mental em que não permite o controle ideal de 
sua impulsividade. 
 
 
[...] quem está familiarizado com o assunto sabe que o portador de TDAH, 
principalmente quando predomina o lado impulsivo e hiperativo, não 
consegue parar quieto na carteira, corre de um lado para outro, vive a “mil 
por hora”, é impaciente, dá respostas impensadas, é “abelhudinho” e 
intromete-se nos assuntos sem ser chamado. Isso porque sua mente é 
inquieta, veloz, não para nunca, como se estivesse plugada na tomada o 
tempo todo. E é exatamente por essa velocidade em seus pensamentos 
que muitos não conseguem se concentrar no que o professor está falando 
ou apresentam dificuldades na aprendizagem. Porém, a impulsividade de 
um TDAH (seja ela física ou verbal) não está associada a falta de caráter, 
má educação ou intenções maldosas, mas ao funcionamento mental que 
não permite o controle dos impulsos de forma adequada. Isso, 
invariavelmente, ocasiona “gafes” sociais e dificuldades nos seus 
relacionamentos interpessoais. (SILVA, 2010, p. 41). 
 
 
A vítima agressora é aquela que sofre através das atitudes do bullying 
aplicada pelo agressor, a mesma não consegue reagir mediante a situação em que 
se encontra com o agressor, porém a vítima procura uma nova vítima mais frágil que 
ela, onde aplica todo seu sofrimento em seu alvo escolhido. Sendo assim, torna-se 
um fenômeno imortal, onde está sempre surgindo novas vítimas e agressores com 
seus diferentes aspectos perante a violência causada pelo bullying. 
 
 
A vítima agressora faz valer os velhos ditos populares “Bateu, levou” ou 
“Tudo o que vem tem volta”. Ela reproduz os maus-tratos sofridos como 
forma de compensação, ou seja, ela procura outra vítima, ainda mais frágil e 
vulnerável, e comete contra esta todas as agressões sofridas. Isso aciona o 
efeito “cascata” ou círculo vicioso, que transforma o bullying em um 
problema de difícil controle e que ganha proporções infelizes de epidemia 
mundial de ameaça à saúde pública. (SILVA, 2010, 42). 
 
 
Segundo Silva (2010), os espectadores são os alunos que presenciam o 
acontecimento de bullying, porém não ficam ao lado da vítima defendendo-a, e 
também não alimentam as ações junto ao agressor. Dentre as diversas atitudes do 
espectador, pode-se classificar o mesmo três grupos diferentes. 
Fante; Pedra (2008) explica que os espectadores representam a maior parte 
de alunos de uma escola, eles não sofrem da violência e também não praticam, mas 
21 
 
presenciam as situações de bullying realizadas entre os agressores e vítimas, onde 
as atitudes de cada espectador são variadas. Existem os espectadores em que não 
apóiam os agressores, mas também não tomam atitude alguma para intervir nos 
constrangimentos em que as vítimas se encontram, outros espectadores estimulam 
as agressões dando risada diante das situações, deixando a entender que são a 
favor do agressor e suas atitudes de violência, e por fim temos os espectadores em 
que encenam um falso divertimento perante o sofrimento das vítimas, porém os 
espectadores desse grupo tomam atitude como uma maneira de se protegerem e 
não serem escolhidos como os próximos alvos de bullying pelos agressores. 
Para identificar os espectadores se faz necessário a observação constante 
sobre os mesmos, pois eles costumam ser discretos, não deixando claro que 
presenciam as ações de bullying. Grande parte dos espectadores se mantém 
calados, não intervindo nem contra e nem à favor diante do ato de sofrimento das 
vítimas. Mas existem os espectadores mais ansiosos, que costumam comentar 
histórias de bullying, e quando são interrogadas sobre a situação desconversam, 
negando qualquer envolvimento com o ato. 
 
 
Tendem, em ambos os ambientes (na escola e no lar), a se manter calados 
sobre o que sabem ou presenciam. Os mais ansiosos ou sensíveis contam 
casos e histórias de bullying, mas negam que sejam reflexo de sua vivência 
escolar. Quando indagados, disfarçam citando cenas de filmes, novelas, 
seriados ou histórias da internet como a origem principal de seus 
comentários. (SILVA, 2010, p. 51).Os espectadores são os alunos que são as testemunhas dos acontecimentos 
de violências causados pelo bullying, mas permanecem em seus respectivos lugares 
sem revidar, ou seja, não defendem a vítima, e não ajudam os agressores em seus 
atos contra seus alvos. O espectador passivo mantém-se em silêncio, pois assim 
como a vítima, o mesmo também é frágil psicologicamente, portanto tem receio de 
ser um alvo fácil para o agressor. 
 
 
Em geral, os espectadores passivos assumem essa postura por medo 
absoluto de se tornarem a próxima vítima. Recebem ameaças explícitas ou 
veladas do tipo: “Fique na sua, caso contrário a gente vai atrás de você”. 
Eles não concordam e até repelem as atitudes dos bullies; no entanto, ficam 
de mãos atadas para tomar qualquer atitude em defesa das vítimas. Nesse 
grupo encontram-se aqueles que, ao presenciarem cenas de violência ou 
que trazem embaraços aos colegas, estão propensos a sofrer as 
22 
 
conseqüências psíquicas, uma vez que suas estruturas psicológicas 
também são frágeis. (SILVA, 2010, p. 45 e 46). 
 
 
O avanço tecnológico da internet tem sido de grande contribuição para a vida 
humana, porém tem sido também um dos recursos usados pelos bullies para trazer 
sofrimento e constrangimento para suas vítimas na prática de bullying. Se antes 
havia pichações nos muros e banheiros da escola, com algo sempre ligado a 
intenção de ataque à vítima, hoje os bullies mudaram seus meios, mas a ideia e 
desejo de agressão a vítima continua sendo a mesma. O ato praticado pode ser 
através de a criação de uma conta falsa numa rede social (fake), onde através desse 
perfil falso o bullie que está por traz disso ataca a vítima sem exitar. Essa forma de 
bullying praticada é chamada de cyberbullying, e infelizmente vem ganhando espaço 
cada vez mais no mundo virtual. 
 
 
Hoje, os “lobos” mudaram os métodos, mas não as práticas. Abrem 
dolosamente, por exemplo, uma conta falsa (fake) no Orkut, MSN, 
Facebook, Myspace etc. e passam a espalhar e-mails difamatórios contra 
as vítimas com grande prejuízo para sua honra e integridade moral. 
(CALHAU, 2010, p. 59). 
 
 
Calhau (2010) ainda aborda que na vida real o bullying tem como ser detido e 
colocado um ponto final, já na internet não há fim, e fica no anonimato sempre, como 
uma sombra. 
Ainda que a tecnologia tenha tido um grande avanço, a investigação pelo 
poder jurídico em relação ao cyberbullying requer detalhes para se chegar ao bullie 
em que deu origem as agressões e assim poder tomar providências e cessar a 
violência. 
 
 
Um dos problemas no cyberbullying é a demora de sua apuração. Embora 
com a tecnologia atual, através do IP, seja possível identificar a conexão 
que originou a possível agressão, a demora na apuração desses crimes 
ainda é um complicador. Isso ocorre tendo em vista a falta de recursos 
materiais e humanos da polícia, que investiga quase todos os crimes 
somente com prova testemunhal. No caso do cyberbullying isso não 
funciona bem, é necessária a realização ainda da coleta de provas técnicas, 
através de perícias, que só poderão ser realizadas com a tomada de 
medidas judiciais prévias, tais como a busca e apreensão de computadores 
e celulares suspeitos. (CALHAU, 2010, p. 60). 
 
 
Calhau (2010, 62 e 63) em relação ao cyberbullying ainda afirma mais: 
 
23 
 
 
A “bofetada feliz” (happy slapping) é uma prática cruel de bullying (real) que 
se mistura ao cyberbullying (virtual). No entanto, os agressores atacam uma 
vítima com bofetadas sendo que um comparsa fica a uma pequena 
distância filmando as agressões com câmera de vídeo de um telefone 
celular. 
O vídeo com as agressões são imediatamente postados em redes sociais 
(ou enviados para telefones celulares) e visualizados por centenas ou 
milhares de pessoas em pouco tempo. Infelizmente, tem se tornado comum 
no Brasil também. 
 
 
Em relação ao comportamento do bullie, Santana (2013, p. 29) explica que: 
“[...] determinar com exatidão as causas do comportamento de um bully é algo muito 
complexo. Todavia, há estudos de antropólogos, filósofos, pedagogos e psicólogos 
que explicitam dados suficientes para conclusões lógicas [...]”. 
Guillain (2012) explica que a vítima de cyberbullying não se sente segura nem 
em sua própria casa, uma vez que as agressões causadas pelos bullies não é 
necessário ser exatamente na escola, mas podendo atingir as vítimas a qualquer 
hora, já que os ataques são feitas através do uso da internet. A autora Guillaiin 
(2012, p. 22) conta uma história verídica que aconteceu com uma adolescente de 13 
anos: 
 
 
Megan Meier se suicidou aos 13 anos. Ela conheceu um garoto chamado 
Josh na rede social MySpace, Josh foi muito legal no começo, mas depois 
virou-se contra ela. Passou a postar mensagens ofensivas sobre ela, 
deixando-a extremamente infeliz. Depois da morte de Megan, descobriu-se 
que Josh nunca existira – tinha sido criado por uma família do bairro. 
Histórias trágicas como esta, mostram a que ponto o bullying na internet 
pode chegar. 
 
 
Segundo Silva (2010), o uso inadequado da internet tem levado muitos para 
um caminho de grandes problemas, onde pessoas inocentes acabam sendo 
culpadas. É o caso do cyberbullying, em muitos casos o e-mail particular da vítima 
chega a ser clonado pelos bullies, onde as mesmas passam a enviar mensagens 
pejorativas para outros colegas como se fosse a vítima o autor de todo o transtorno. 
Em outros casos os bullies criam perfis e páginas em redes sociais onde 
destacam suas vítimas de forma constrangedora, onde através desses meios os 
bullies falam e incentivam os internautas participantes daquela rede social a ajudá-
los a deixar suas vítimas humilhadas e com baixa autoestima, criando páginas com 
algo relacionado a beleza física, como votações para saber quem é o mais esquisito 
24 
 
(a) daquela círculo de amizades, incluindo imagens em que de alguma forma 
ataquem a vítima psicológicamente. 
São através de atitudes assim que os bullies atingem suas vítimas de 
cyberbullying e consequentemente muitas vezes atingem também a família e amigos 
mais íntimos das vítimas. 
 
 
Os praticantes de cyberbullying participam, inclusive, de fóruns e livros de 
visitas virtuais para deixar mensagens depreciativas sobre o assunto em 
que questão ou opinar de forma inconveniente. Tudo para semear brigas, 
desordem e desentendimentos entre os participantes sérios e interessados. 
Promovem, ainda, votações em diversos sites para eleger os colegas que 
consideram mais esquisitos. 
Quando as vítimas se deparam com toda essa gama de maldades 
maquiavelicamente planejadas e executadas, seus nomes e imagens já se 
encontram divulgados em rede mundial. Não há qualquer possibilidade de 
sair ileso dessas situações. As conseqüências psicológicas para essas 
vítimas são incalculáveis e, muitas vezes, chegam a atingir seus familiares 
ou amigos mais próximos. (SILVA, 2010, p. 128). 
 
 
Em relação às atitudes tomadas pelos adultos ao redor da criança, deve-se 
ter bastante cautela, pois a criança tende a observar as ações dos adultos e tomá-
las como exemplo, ou seja, a criança se espelha no adulto. 
 
 
[...] canções de ninar ou cantigas de roda como “Boi da cara preta”, “Atirei o 
pau no gato”, “O cravo brigou com a rosa”, “Nana nenê”, “Marcha soldado”, 
além de outras, assim como frases do tipo das que serão citadas a seguir; 
podendo criar nela sentimentos de medo de falta de amor; e transmitir 
conteúdo de violência. Eis as frases: 
Você precisa deixar de ser sem educação! 
Você não ama seus pais! 
Você tem tudo de mão beijada; eu não tive! 
Desse jeito, quem vai querer ser seu amigo? 
Sua turminha não lhe conhece! 
Você não aprende nada de bom! 
Assim, você não vai ser feliz, nunca!Por que você não é como o seu irmão? 
Homem que é homem não chora! 
Suma daqui ou lhe quebro a cara! (SANTANA, 2013, p. 30). 
 
 
Santana (2013) explica que a mídia impõe um padrão de beleza e é aceito 
com facilidade por muitos da sociedade, despertando em muitos sentimentos, como 
desejo de competição, ressentimento, domínio, inveja, preocupação com a própria 
imagem quando em seus primeiros laços familiares a pessoa sofre humilhações. 
Programas de televisão mostram na íntegra casos de violência verídicos, jogo de 
25 
 
vídeo game, armas de brinquedo, que colaboram com a estimulação de 
comportamentos agressivos na criança e adolescente. 
Calhau (2010) afirma que existe um jogo de vídeo game chamado Bully, seu 
procedimento é relatado dentro de um ambiente escolar, onde há cenas de 
violência, humilhação e provocações entre alunos e professores, quanto mais o 
jogador comete atos de bullying durante a partida do jogo mais ele avança. Como 
um meio de capitalismo, observa-se que as pessoas não se importam com o 
sofrimento em que podem ocasionar ao público, ficando claro que o jogo é uma 
porta aberta para estimulação de violência, porém o Ministério Público do Rio 
Grande do Sul conseguiu impedir a importação no Brasil do jogo Bully, onde a 
quebra de cumprimento das determinações judiciais acarreta em multa diária de R$ 
1.000,00 por dia. 
O preconceito de raça, religião, desigualdade social e orientação sexual são 
alguns dos pontos principais em que ocasionam em atitudes de bullying. O desejo 
em competir, seja no ambiente de trabalho, escolar e/ou familiar são características 
de uma cultura onde ser o segundo colocado não é satisfatório, é necessário sempre 
ser o melhor. 
 
 
Como fatores causadores de bullying, podemos ainda citar as mudanças 
sociais, o apelo ao consumismo, a dificuldade de integração étnica, a 
desigualdade social, o preconceito de cor, raça e de religião, a homofobia, 
enfim, a não aceitação do ser diferente. A alta competitividade nos mais 
diversos setores da vida humana, como no trabalho, na família, na escola, 
numa cultura onde ser o segundo colocado, ser o vice-campeão, em uma 
competição, representa quase nada, pois a luta é sempre para ser o número 
um – o que fortalece a individualidade em detrimento do coletivo, podendo 
levar uma pessoa que já tenha tendência à prática de bullying a tentar 
buscar, a qualquer custo, sua autoafirmação. (SANTANA, 2013, p. 30 e 31). 
 
 
Outros fatores também são destacados para o compreendimento da causa 
em que crianças e adolescentes usam a agressividade, fatores esses como a falta 
de afetividade dos pais para com os filhos, que usam de violência psicológica e/ou 
física para deixar claro aos filhos que o poder da casa está sobre os pais, a ausência 
de regras, que está ligada muitas vezes ao excesso de afeto dos pais sobre a 
criança, a ausência de pontos positivos e a presença de pontos negativos. 
 
 
Somados às possíveis causas citadas, há outros aspectos evidenciados: 
uso de violência psicológica e/ou física de pais sobre filhos, para afirmar sua 
autoridade; exigência em demasia; ausência de limites, implicando a 
26 
 
permissividade, possivelmente devido ao excesso de ternura; impunidade; 
ausência de exemplos positivos; presença de exemplos negativos; omissão 
no seio da família; além de débito de afetividade no convívio familiar. 
(SANTANA, 2013, p. 31). 
 
 
Santana (2013) diz que é necessário ressaltar que apesar das diferenças 
entre as pessoas, sejam elas psicológicas, intelectuais, físicas, o respeito e a 
igualdade deve prevalecer entre a sociedade. 
Calhau (2010) explica que a mídia tem aumentado a exposição de notícias de 
violência, tais essas notícias existentes mostram acontecimentos dentro da escola, 
crianças e adolescentes como alvos de crime, gangues de jovens, pedofilia, etc. 
Esses noticiários têm sido comuns e causa de grande preocupação na população. 
Quando questionado o porquê da ocorrência do bullying, muitos dizem que a 
vítima que se deixa ser vencida pela ação é fraca, porém a própria sociedade é 
submissa aos padrões impostos pela mídia e ser diferente não se adequando aos 
padrões impostos não é bem visto pela própria sociedade em que se convive. 
São impostos padrões para a população em que chega a ser entendido por 
muitos que para ser aceito entre os demais é necessário estar dentro das 
comodidades em que são impostas, como consumismo de produtos caros, sem a 
intenção de ter algo de qualidade, apenas com o propósito de estar incluso nos 
padrões oferecidos por um modismo social. 
 
 
Lamentavelmente, ser honesto, para alguns, é sinônimo de fraqueza, 
porque para esses o “mundo é dos espertos”, numa total deterioração dos 
fundamentos éticos que devem dirigir as ações das pessoas. Ser diferente 
nessa sociedade individualista é um “pecado”. A ditadura do modismo 
impõe que nossas crianças e adolescentes, sem nenhum limite, consumam 
cada vez mais e comprem objetos semelhantes (de marcas famosas e 
caras), se vistam de forma similar e com produtos caros, sem se importarem 
com a questão social. Chego a dizer que, para muitas pessoas, ostentar, 
supera o desejo de consumir um produto de qualidade. (CALHAU, 2010, p. 
4). 
 
 
 Fromm (1987) explica que a situação problema não está em ter bens 
materiais, mas sim uma linha tênue que nos liga ao ser. As atitudes dessa cultura 
obtida pela sociedade deixam claro que o ser humano só é classificado como bom 
quando se tem e não pela essência daquilo que o mesmo é. 
27 
 
O mesmo autor ainda relata que não há problema em ter bens materiais, pois 
para vivência humana ter é necessário e devem ser desfrutados, mas infelizmente 
há pessoas que usam os mesmos para diminuir e atacar outras pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
2. O BULLYING X ESCOLA 
 
 
O ensino no Brasil passa por uma fase muito difícil. Os atuais alunos não 
estão habituados a respeitar limites, e isso já começa em casa, onde alguns 
pais não fazem a sua parte. As crianças fazem o que querem, chegam à 
escola e reproduzem esses comportamentos. (CALHAU, 2010, p. 28 e 29). 
 
 
O mesmo autor afirma que atualmente o papel da escola não tem sido apenas 
o processo ensino/aprendizagem, mas também educar os alunos, papel esse que é 
um dever dos pais, porém muitos deles têm deixado nas mãos dos professores essa 
função. 
A violência dentro da escola tem aumentado, e um dos motivos tem sido a 
ausência de limites trazidos do ambiente familiar, onde consequentemente os 
professores vêem a situação como um desafio a ser driblado. 
 
 
Além de sobrecarregados pela omissão educacional de alguns pais, o 
sistema escolar enfrenta novos desafios, mais e mais funções para os 
professores, aumento da violência social e da provocada pelo bullying 
também. Menos diálogo, mais conflitos. Ser professor é cada vez mais 
difícil, pois se exige cada vez mais do profissional e pouco se fez na 
melhora de suas condições de trabalho. O bullying acaba sendo mais um 
problema, um círculo vicioso dentro do ambiente escolar, onde os 
agressores sempre tentam arrastar mais vítimas para o seu campo de ação. 
O problema cai quase sempre nas mãos dos professores. São eles que 
tomam contato primeiro com o problema, ora sendo procurados pelas 
vítimas, ora percebendo que um conflito está no ar. (CALHAU, 2010, p. 29). 
 
 
Quando falamos de leis uma grande parte dos cidadãos gostam de lembrar 
apenas de seus direitos e esquecem que também existem deveres e obrigações a 
serem cumpridas. Saímos de uma era onde o poder da ditadura dominava tudo ao 
redor, atualmente vivemos emum país democrata, porém democracia não está 
apenas ligada aos direitos, mas aos deveres, onde um deles é não causar danos 
prejudiciais a outras pessoas. 
Os problemas em relação aos limites estão ligados diretamente ao bullying. O 
que se observa é que os pais não tratam do assunto com os filhos em casa, 
passando esse dever que lhes cabe para a responsabilidade da escola, igreja, 
colegas do filho. 
Zagury (2014) relata que ensinar limite para os filhos requer um trabalho de 
diálogo e quando necessário a correção, porém muitos acreditam que essa correção 
causa traumas psicológicos nos filhos, e assim esse valor que é de extrema 
29 
 
importância no educar acabava ficando ausente. Sem conhecer seus limites não é 
possível respeitar seu próximo, e é preciso também deixar claro para a criança que 
ela poderá ter muitas coisas que deseja, porém nem tudo será no momento em que 
ela quer e outras coisas ela não chegará a ter. 
Calhau (2010) diz que no ambiente escolar, professores vivenciam a falta de 
limite dos alunos todos os dias, falta de educação e respeito muitas vezes através 
de brincadeiras que julgam ser saudáveis, quando na verdade estão agindo com 
falta de respeito com os demais colegas de sala e/ou professor, e quando se fala de 
falta de limite não está relacionado apenas às crianças e adolescentes, mas adultos 
e/ou adolescentes em universidades, ao receber uma nota ruim os mesmos se 
voltam contra o professor e em alguns casos chegam a realizar baixo assinado para 
mandar o professor embora daquela instituição, afirmando que o mesmo não tem 
competência para ensiná-los. 
A negação está presente no bullying de maneira que os agressores indagam 
que toda sua forma de violência é uma “zoação”, ou seja, a colocação verbal zoar é 
apenas uma maneira de ocultar todos os atos violentos que afetam o alvo e trazem 
transtornos ao ambiente escolar. 
O papel de ensinar para as crianças que existem limites pertencem aos pais, 
porém quando foge do controle dos mesmos, a educação das crianças deixa a 
desejar. 
 
 
Quando os pais não conseguem delimitar de forma clara as fronteiras entre 
o que se pode e o que não se pode fazer, eles se tornam incapazes de 
exercer uma ação educativa eficaz. Os pais podem até, de forma 
momentânea, obter um clima doméstico mais calmo e livre de conflitos 
diários. No entanto, isso impede o amadurecimento de seus filhos dentro 
dos processos evolutivos no verdadeiro diálogo, na responsabilização e na 
futura independência efetiva e financeira da família. (SILVA, 2010, 62). 
 
 
Quando a ausência de ensinamento de limites para as crianças existe, o 
resultado é filhos sem nenhuma noção de limite, despreparados para um futuro com 
desafios, e em casos mais graves os mesmos se tornam dependentes químicos. 
As pessoas em muitos casos omitem a agressão da criança, rebatem dizendo 
que com o tempo esse comportamento é deixado para trás, que não é uma atitude 
em que deve haver preocupação, pois são crianças e faz parte do temperamento ou 
fase em que a criança está vivendo. 
30 
 
 
 
Algumas pessoas ainda têm a impressão de que bullying é um 
comportamento normal e aceitável, que as crianças aprenderão quando 
crescerem. Elas dizem coisas como depois passa, é coisa de criança, ele é 
só esquentado, é só não dar bola que passa. Não passa (MOZ; ZAWADSKI, 
2008, p. 79). 
 
 
Benjamin Spock (1960) relata a importância da presença de limites na 
vivência dos filhos, onde os pais devem ser firmes com os mesmos quando eles 
cometem algo que não está dentro dos limites impostos. Spock explica que a 
correção dos erros dos filhos é necessária na construção da educação. 
Nos dias presentes o que se observa é que os pais omitem os erros de seus 
filhos, e ainda afirmam que não contrariam os mesmos para evitar cortar laços 
familiares, que a rebeldia é consequência de sua fase de desenvolvimento, etc. 
 
 
Os pais, em sua grande maioria, agem desta forma sob a alegação de que 
não querem ferir a sensibilidade dos filhos ou para evitar desavenças 
familiares. Outros, ainda, assim o fazem como forma de compensar o 
período que estão distantes dos filhos por motivos profissionais. Por essa 
razão, passam a ser permissivos em excesso e as crianças ou adolescentes 
“pintam e bordam” sobre suas cabeças. O resultado dessa matemática 
(mais emocional do que racional) é que, desde muito cedo, as crianças se 
habituam a fazer tudo o que querem e impõem-se, de forma autoritária e 
tirana, perante os pais sobrecarregados e exaustos. Em função do 
sentimento de culpa que carregam por não acompanharem a vida dos filhos 
como deveriam, os pais cedem praticamente a todas as vontades deles e 
toleram quase tudo, inclusive posturas intoleráveis. (SILVA, 2010, p. 61). 
 
 
Silva (2010) explica que os pais tolerando quase todos os comportamentos 
dos filhos, até atitudes intoleráveis, fazem parecer que seu lar tem harmonia e 
tranquilidade, porém é um quadro falso, onde só aparenta, pois os pais estão 
submissos aos seus filhos e não os punem justamente por receio de causar o 
aumento da rebeldia dos mesmos e tornar o ambiente familiar ainda mais 
desagradável. 
 
 
Quando os pais não conseguem delimitar de forma clara as fronteiras entre 
o que se pode e o que não se pode fazer, eles se tornam incapazes de 
exercer uma ação educativa eficaz. Os pais podem até, de forma 
momentânea, obter um clima doméstico mais calmo e livre de conflitos 
diários. No entanto, isso impede o amadurecimento de seus filhos dentro 
dos processos evolutivos inerentes ao ser humano, o que desfavorece laços 
relacionais estruturados no verdadeiro diálogo, na responsabilização e na 
futura independência efetiva e financeira da família. (SILVA, 2010, p. 62). 
 
 
31 
 
Silva (2010) explica que os resultados de filhos que não se habituam aos 
limites são de estado crítico, os mesmos crescem sem se importarem com as regras 
sociais e as consequências de suas atitudes infratoras que podem afetar outras 
pessoas, onde as mesmas pagam sem merecer. A autora ainda afirma que existem 
escolas que sabendo das mudanças em todo o mundo estão à procura de uma 
reforma escolar, no objetivo de combater os desafios em que dia após dia 
aumentam. 
 
 
Individualmente falando, os jovens refletem no dia a dia a cultura na qual 
estão inseridos. Eles exprimem um comportamento repleto de elementos 
infantis, egocêntricos e transgressores, marcado por uma busca contínua e 
desenfreada de compensações e gratificações imediatas. (SILVA, 2010, p. 
64). 
 
 
Os amigos ou o grupo pode ser um meio de influência para o indivíduo. Os 
pais e professores devem estar cientes de que as amizades podem influenciar de 
maneira tanto positiva como negativa. A partir disso é necessário observar toda a 
estrutura dessas amizades, desde seu linguajar, vestimenta, ideologias, entre outros 
aspectos, e só depois disso poder interferir nessa influência quando for negativa. 
Não são apenas amizades que causam influência de comportamento dos 
filhos ou alunos, mas também a televisão, internet, música, drogas, entre outras que 
podem fazer parte da cultura dos jovens. 
 
 
O aumento do comportamento agressivo entre os adolescentes é um dos 
fenômenos que mais preocupam e angustiam os pais e todos que, de forma 
direta ou indireta, lidam ou se ocupam com os jovens. A agressividade entre 
eles pode se manifestar das mais diversas formas, desde pequenos 
conflitos verbais entre indivíduos e/ou grupos até brigas físicas e violentas 
geradas pelas razões mais fúteis possíveis. São visíveis os abusos e as 
arbitrariedades dos “mais fortes” em relação aos mais frágeis, através de 
intimidações psicológicas e físicas, humilhações públicas, comentários 
maldosos,difamações, intrigas e até as mais variadas formas de violência 
propriamente dita. (SILVA, 2010, p. 66). 
 
 
Quando os jovens assumem sua real postura agressiva, fica fácil de identificá-
los, bem como os mais frágeis que são afetados por esses agressores através das 
violências que os mesmos cometem contra os jovens mais sensíveis. As agressões 
na juventude são comuns, pois é nesse momento em que os jovens estão 
construindo uma identidade pessoal. É evidente que pela trajetória dessa busca por 
32 
 
sua identidade o indivíduo explore experiências novas e vivencie vários momentos 
tanto concretos como psicológicos. 
 
 
Temos que considerar que comportamentos agressivos do tipo transgressor 
são freqüentes na adolescência, afinal é nesse período da vida que nos 
lançamos no mundo em busca de nossa identidade. A adolescência 
pressupõe riscos, aventuras, inquietações, angústias, descobertas, 
irresponsabilidades pontuais, insensatez, paixões, emoções exacerbadas 
etc. Na maior parte das vezes, todas essas manifestações não são fruto de 
patologias de fundo psíquico individual ou sociofamiliar (apesar de a maioria 
das pessoas achar o contrário). Elas são, na maioria absoluta dos casos, 
manifestações exasperadas, ainda que disfuncionais e socialmente 
inaceitáveis, de jovens se lançando na busca de sua própria identidade. Em 
última instância, são as formas tortas e ineficazes de demonstrarem que 
existem e que valem alguma coisa para seus colegas, amigos, familiares e 
também para a sociedade. (SILVA, 2010, p. 67). 
 
 
Essa agressividade na juventude não permanece e não se torna uma 
característica de sua futura identidade, na maioria dos casos esse comportamento é 
passageiro e permanece apenas numa pequena fração, que continua a prevalecer 
atos de violência, desrespeito e imprudência. 
 
 
Se, de um lado, existem jovens que têm um comportamento muito agressivo 
e sérias dificuldades de adaptação às regras sociais, de outro há, também, 
aqueles que tendem a não se mostrar socialmente. Do ponto de vista 
psicológico, estes adolescentes possuem uma nítida tendência à 
introspecção; são personalidades inseguras, angustiadas e quase 
desprovidas de autoestima. 
Para eles, a vida social pode representar um verdadeiro martírio. (SILVA, 
2010, p. 68). 
 
 
Silva (2010) relata que jovens sensíveis, com fragilidade psicológica e baixa 
autoestima, são ineptos diante das atitudes violentas físicas e/ou verbais dos 
agressores, por isso sofrem das mesmas e da incompreensão familiar. Esse cenário 
histórico em muitos casos termina em afastamento das pessoas ao seu redor, 
abatimento psíquico, e em casos mais graves podem chegar ao cenário de suicídio 
e homicídio. Os adultos podem intervir em casos como esse ficando atentos ao 
comportamento dos jovens, desenvolvendo um possível diálogo com os mesmos, 
tentando uma aproximação afetiva, participação em todo seu desenvolvimento tanto 
escolar como construção de identidade, orientando os jovens de forma que se crie 
um vínculo entre ambos e desde cedo estabelecer limites e regras a serem 
respeitadas. 
33 
 
 
 
A palavra afeto vem de “afetar”, de modificar através das emoções e dos 
sentimentos. Dessa forma, um trauma psicológico é capaz de deixar 
cicatrizes não só na “alma”, mas também em nosso cérebro. Dessa forma, 
situações positivas ou posturas transcendentes perante as mazelas vitais 
podem “tatuar” nossos cérebros com força e determinação, capazes de 
transformar as fragilidades de uma fase da vida em diferenças vitoriosas no 
futuro. (SILVA, 2010, p.74). 
 
 
Silva (2010) explica que todo ser humano tem suas habilidades em alguma 
área, um gênio físico pode ser bom em matemática, porém pode mostrar que deixa 
a desejar na área de comunicação (publicidade/marketing), e um publicitário o 
inverso dessa suposição. Ou seja, o ser humano nunca será perfeito, portanto não 
existem motivos para julgar uns aos outros, sempre haverá falhas e acertos, e sobre 
tudo somos todos diferentes. 
 
 
Podemos afirmar, então, que o nosso cérebro, além de ser a mais complexa 
e deslumbrante estrutura humana, é também o atestado vivo de que o 
preconceito e a intolerância com as diferenças são, sobretudo, uma 
estupidez científica, um atraso na nossa evolução como espécie, uma vez 
que esta só pode obter sucesso quando há solidariedade e colaboração 
entre todos os seres humanos. (SILVA, 2010, p. 75). 
 
 
É através desse conceito que podemos afirmar que o bullying é um ato que 
não deve ser tolerado, pois o ser humano tem valores culturais, sociais, morais e até 
científicos que não são iguais aos dos outros seres humanos, devido a fatores 
biológicos individuais. 
Silva (2010) relata que nós seres humanos sendo diferentes uns dos outros, 
podemos dizer que em relação ao bullying cada um tem um comportamento 
diferente. Alguns alvos procuram ajuda médica para uma melhora mental, no qual o 
deixe mais estruturado diante do sofrimento causado pelo bullying, melhora na 
autoestima e até relações sociais com outras pessoas ao seu redor. Existem 
também vítimas que através do bullying geram sentimentos de raiva, mágoa, mas 
transformam esses sentimentos em aprendizado, algumas frases definem 
exatamente a postura dessa vítima, como: “Aquilo que não me mata só me 
fortalece”, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, ou “O guerreiro está ferido, mas 
não está morto!”, de Ronaldo, o Fenômeno. Outras vítimas por sua vez carregam 
junto de si os traumas e frustrações em que o bullying as afetou quando criança e/ou 
jovem, levam para a fase adulta e se tornam pessoas ansiosas, depressivas, 
34 
 
inseguras ou até mesmo agressivas, e repetem toda a violência que um dia sofreu 
no ambiente escolar, usando seus familiares e/ou aqueles que convivem junto delas. 
Outras crianças e/ou jovens devido a violência que sofrem transmitidas pelo bullying, 
podem apresentar alguns transtornos como depressão, bulimia, anorexia, fobias, 
geralmente esses transtornos psiquiátricos são desenvolvidos nas crianças e/ou 
jovens que já possuem uma genética de fácil desenvolvimento para essas 
patologias. Algumas crianças já possuem todas essas características patológicas, 
como os de espectro autista, quando as mesmas sofrem bullying o que ocorre é a 
piora de desses transtornos. 
 
 
No sistema escolar, encontramos outro micromundo, uma subdivisão 
denominada universo dos estudantes. Infelizmente, em grande parte das 
escolas, sejam elas públicas ou particulares, deparamo-nos com uma 
hierarquia que quase reproduz os sistemas de castas das sociedades mais 
desiguais. No mundo dos estudantes, três classes costumam se distinguir 
de forma bem marcada: os populares, os neutros e os excluídos. (SILVA, 
2010, p. 79). 
 
 
Silva (2010) explica que os alunos populares são aqueles que têm qualidades 
que são impostas pela própria sociedade, por isso são bem vindos pelos demais 
alunos da escola. Os meninos populares são os que têm uma boa aparência física, 
habilidade para esportes, corpo atlético, estão sempre acompanhados pela sua 
turma de amigos e são conhecidos também por suas muitas conquistas amorosas. 
As meninas populares são aquelas que possuem uma beleza padrão imposta pela 
sociedade, vestem roupas da moda, tem um bom relacionamento social com os 
meninos populares e são protegidas pelos mesmos. 
Os alunos neutros são os que por insegurança ou tentativa de se 
socializarem, tentam manter uma ligação com os populares, porém não são íntimos 
dos mesmos, e evitam o contato com os excluídos para não aborrecer os populares. 
Os alunos excluídos são os que não estão de acordo com o padrão 
estabelecido pela sociedade e pelo próprio ambiente escolar. Os pensamentos, 
vestimentas e comportamentosdesses alunos não são considerados bem vindos 
pelos padrões impostos, por isso são as vítimas preferidas dos bullies. 
Silva (2010) relata que não quer dizer que um popular sempre será um 
praticante de bullying, mas pela influência que ele exerce no seu grupo de amigos e 
até por ser querido por grande parte da escola, o mesmo pode praticar o bullying 
35 
 
através de suas ideias negativas que ele tem sobre os excluídos, deixando seu 
grupo de amizades contra as vítimas. 
 
 
Já aos excluídos cabe, quase automaticamente, exercer o papel de vítimas 
nesse cenário trágico que é o bullying escolar. Aqui entra uma questão, no 
mínimo, intrigante: ser diferente é sempre algo negativo? Definitivamente, 
não! Ser diferente pode representar um papel difícil de se exercer em uma 
sociedade que estimula e prega a massificação dos modos de vestir, agir e 
pensar. (SILVA, 2010, p. 80) 
 
 
Perante uma cultura imposta no ambiente escolar, onde quem se adapta ao 
estilo dessa cultura é bem vindo, pode-se afirmar que os alunos são manipulados 
para se adequar a esse padrão, comprando roupas da moda, ouvindo músicas de 
um nível baixo, possuem ideologias preconceituosas em relação aqueles que não se 
enturmam nesse padrão imposto pela sociedade e/ou ambiente escolar. Porém, ter 
um perfil diferente dos outros alunos na escola não quer dizer que o mesmo não 
possua habilidades, e que não possa ter sucesso na vida, nada é justificável para a 
exclusão desses alunos. 
 
 
No Brasil existe um Projeto de Lei (nº 350, de 2007) do deputado estadual 
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), no qual o Poder Executivo fica 
autorizado a instituir o Programa de Combate ao Bullying, de ação 
interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e 
privadas do estado de São Paulo. (SILVA, 2010, p. 119). 
 
 
Silva (2010) indaga que o poder político precisa tomar consciência dos 
perigos e danos em que a violência causada pelo fenômeno bullying traz. A 
elaboração de leis é uma providência em que precisa ser tomada, e junto com as 
campanhas de combate ao bullying será uma grande utilidade para esclarecer para 
crianças e jovens do ambiente escolar que o bullying não se trata de uma 
brincadeira da idade, mas uma violência em que pode afetar a vítima de uma forma 
tão profunda e levar de traumas psicológicos para o resto de sua vida e até mesmo 
suicídio. 
 
 
É preciso ainda reiterar a interferência drástica que o bullying produz no 
processo de aprendizagem e de socialização de nossas crianças e jovens. 
Para algumas vítimas, mesmo após a interrupção do bullying, as 
consequências advindas dessa violência tendem a propagar por toda uma 
existência, em decorrência das experiências traumáticas difíceis de serem 
removidas da memória. Em casos mais graves, quando a violência é 
intensa e contínua, a vítima pode chegar a cometer suicídio ou praticar atos 
36 
 
desesperados de heteroagressão e autoagressão (homicídio, seguido de 
suicídio). (SILVA, 2010, p. 156). 
 
 
Fante (2005) conta que existe um programa antibullying de sua autoria, o 
mesmo chama-se “Programa Educar para a Paz”, é uma ação brasileira que tem o 
objetivo de diagnosticar e prevenir o fenômeno bullying através de estratégias 
psicopedagógicas nas escolas. 
Silva (2010) afirma que as escolas no Brasil não estão totalmente 
estruturadas para lidarem com as ações e consequências causadas pelo bullying, o 
corpo docente não sabe em muitos casos como identificar e intervir, e essa situação 
crítica em que as escolas brasileiras enfrentam se dá pelo fato do despreparamento 
profissional, negação, comodidade, entre outros fatos. 
Calhau (2010) relata que segundo uma pesquisa realizada pela ONG PLAN, o 
método seguido pelas escolas tradicionais com o objetivo de punir o aluno em que 
quebra regras, que incluí a prática de bullying, é a suspensão da criança ou 
adolescente, ou reunião com pais junto ao corpo docente. Ficando claro que essa 
estratégia não é o suficiente para o corte de laços de violências causados pelo 
bullying. A pesquisa diz que as escolas brasileiras não têm métodos eficazes ao 
ponto de amenizar o fenômeno bullying, talvez essas medidas sirvam para casos de 
indisciplina na escola, mas não são suficientes quando se trata do bullying. 
Chalita (2007) diz que através de uma pesquisa realizada pela Associação 
Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA), no 
estado do Rio de Janeiro, foram entrevistados 5.875 alunos de onze escolas do 
ensino de 5º ano à 8º ano, em relação ao bullying. No ato da entrevista houve uma 
porcentagem de 40,5% que revelaram terem envolvimento direto à atos de violência 
de bullying, onde as características que levavam aos alunos alvos da violência eram 
deficientes físicos, obesos e raça. 
 
 
No Brasil, não são incomuns casos de alunos que são flagrados dentro de 
escolas com armas de fogo. Em 2003, em Taiúva (SP), um ex-aluno voltou 
à escola e atirou em seis alunos e numa professora, que sobreviveram ao 
ataque. Era ex-obeso e vítima de bullying, e após o atentado, cometou 
suicídio. Em 2004, em Remanso (BA), um adolescente matou dois e feriu 
três, após sofrer humilhações (era também vítima de bullying). Em 2008, um 
adolescente de 17 anos no Rio de Janeiro morreu depois de ser espancado 
na escola, por conta de um corte de cabelo. Os alunos tinham por 
“brincadeira” dar socos em colegas o caso de novo corte de cabelo. Como a 
vítima não gostou e reagiu, mais de dez alunos o agrediram e ele morreu 
37 
 
quatro dias depois, tendo como causa da morte contusão no crânio. 
(CALHAU, 2010, p. 4). 
 
 
Assim como Chalita (2007), Calhau (2010) também relata uma pesquisa 
realizada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à 
Adolescência (ABRAPIA), que tem como objetivo mostrar dentro do ambiente 
escolar os lugares comuns onde é praticado o bullying, os pontos escolares são: 
sala de aula (60,2%), recreio (16,1%), portão (15,9%) e corredores (7,8%). Essa 
pesquisa foi baseada nos estudos realizados pelo pesquisador Dan Olweus. 
Calhau (2010) conta que trabalhou como Promotor de Justiça em Itanhomi 
(MG), num determinado dia alguns pais achegaram até ele para se apresentar 
contra a Diretoria da Escola pública. Os pais afirmavam uma história em que os 
filhos quebraram os vidros da escola, mas que foi num ato de brincadeira e que 
queriam a punição da Diretoria da escola e professores. Calhau ao ouvir o relato dos 
pais, os aconselhou para que pagassem os vidros quebrados por seus filhos. Dentro 
desse contexto, fica nítido à que nível muitos pais chegaram à relação em educação 
de seus filhos, onde o ideal seria corrigi-los e fazê-los reconhecer seus erros, mas 
em vez disso os pais viram-se contra a escola e apóiam os atos de indisciplina dos 
jovens. 
Calhau (2010) relata que através de uma pesquisa também desenvolvida pela 
ABRAPIA, aponta que o bullying é mais frequente no Sudeste e Centro Oeste do 
Brasil, envolvendo adolescentes de idade entre 11 a 15 anos, porém no momento da 
entrevista quando lhes foi perguntado sobre o que os levam a sofrer ou praticar o 
bullying, os alunos tiveram dificuldade em explicar. 
Notamos que o bullying é uma realidade nas escolas e que a relação 
pais/filho poderia contribuir para a diminuição desse ato que pode acarretar 
consequências marcantes na vida de quem sofre o ato, conforme veremos a seguir. 
 
2.2 CONSEQUÊNCIAS MARCANTES 
 
 
Fernanda, desde muito nova, apresentava problemas com relação a seu 
peso. No colégio, ela sempre recebia apelidos pejorativos do tipo “baleia”, 
“balofa”, “bola”, “elefante”. Tanto os meninos quanto as meninas a 
discriminavam por ser diferente do modelo “imposto”

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