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Semiologia do Sistema Nervoso
Introdução
- Existe um certo preconceito com o sistema nervoso, as pessoas veem muita dificuldade em trabalhar com sistema nervoso devido principalmente a dificuldade do diagnóstico, pois o sistema nervoso é acometido por diversas enfermidades com diversos mecanismos fisiopatológicos e ai no ponto de vista semiológico a manifestação clinica é praticamente a mesma, ou seja, pode-se ter varias enfermidades essencialmente neurológicas, outras secundárias ao sistema nervoso e a manifestação clínica ao exame físico é absolutamente a mesma, podendo variar no tempo de evolução, a forma como essa enfermidade acomete o animal, dentre outras poucas coisas, logo se você não tiver os dados do animal, histórico, dados epidemiológicos etc. é praticamente impossível insinuar que aquele quadro é de tal enfermidade.
- Há uma relação direta entre o local da lesão no sistema nervoso e a manifestação clinica. Então o máximo que conseguimos dizer no exame físico é que o animal esta acometido de uma síndrome neurológica de determinado segmento, seja ele encefálico, cerebelar, pares de nervos cranianos, medular etc. 
- Continua sendo difícil mesmo depois de determinada a doença devido ao tratamento, pois são poucas as enfermidades que tem um tratamento especifico e eficaz, a grande maioria das vezes o tratamento é sintomático. Uma dessas enfermidades que conseguimos tratar é o tétano. 
- Outro fator que devemos levar em consideração é o tamanho dos animais que dificulta a realização de vários tipos de testes, comumente utilizados na avaliação de cães e gatos. 
- Como grande parte dos processos neurológicos em grandes animais não possui um bom prognostico, uma avaliação mais criteriosa é desestimulada, entretanto deve-se lembrar que algumas enfermidades apresentam bons resultados quando diagnosticadas e tratadas precocemente, como a poliencefalomalácia dos bovinos, mieloencefalopatia por protozoários em equinos, etc. além do que um diagnostico correto permitira a adoção de medidas que irão evitar que outros animais adoeçam. 
- Dificuldades do exame neurológico em grandes animais:
Tamanho e temperamento do paciente.
Limitada experiência do examinador.
No sistema nervoso as respostas apresentam maior correlação com o local da lesão do que com sua causa.
Limitadas opções terapêuticas.
Sequelas residuais são menos toleráveis em grandes do que em pequenos animais.
Neuroanatomia e Neurofisiologia
O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central e sistema nervoso periférico, que por sua vez se dividem:
- A calota craniana oferece proteção contra traumatismos. Entre o encéfalo e a calota craniana estão justapostas as meninges, sendo a mais externa e espessa denominada dura-máter, a intermediaria aracnoide, sob a qual circula o liquido cefalorraquidiano, abaixo desta e justaposta ao encéfalo encontra-se a pia-máter. 
- O tronco encefálico é uma área de grande importância para o exame neurológico, já que envolve as regiões do mesencéfalo, ponte e bulbo onde se encontram a maior parte dos núcleos de nervos cranianos (como núcleo, entende-se o conjunto de corpos celulares de neurônios dentro do SNC, sendo o seu correspondente no SNP denominado gânglio). Sendo assim, uma lesão neste local mesmo que pequena, acarretara dano ou alteração na função de mais de um par de nervos cranianos, já que é grande a proximidade entre eles.
- A medula espinhal pode ser morfológica e funcionalmente dividida em 5 regiões:
Região cervical → C1 a C5.
Região cérvico – torácica ou plexo ou intumescência braquial → C6 a T2.
Região tóraco – lombar → T3 a L3
Região lombo – sacra ou plexo ou intumescência lombo – sacra → L4 a S2.
Região sacro – coccígea → S3 ao ultimo segmento medular.
- O termino da medula espinhal em grandes animais se da aproximadamente na primeira ou segunda vertebras sacrais. Neste ponto inicia-se a estrutura denominada cauda equina, que nada mais é do que o conjunto de nervos espinhais localizados dentro do canal vertebral e que irão estender-se caudalmente ate a sua saída. 
- Observando a medula espinhal dorsalmente iremos notar que as regiões C6 a T2 e L4 a S2 possuem um volume maior em comparação com as regiões anteriores e posteriores, dai o termo intumescência, isso se deve a grande entrada e saída de neurônios nessas duas regiões, responsáveis pela conexão entre o SNC e a musculatura dos membros anteriores e posteriores respectivamente.
- A medula espinhal ainda é dividida em região cinzenta correspondente ao H medular e é o local onde se encontram os corpos celulares dos neurônios e substancia branca que é onde se encontram os axônios agrupados em tratos ou fascículos. 
- A medula espinhal tem varias funções e uma delas é a integração entre o SNP e o encéfalo. Pode-se avaliar a sua integridade observando-se a integridade motora de um animal e também a capacidade de percepção de estímulos sensoriais (captados nos membros e interpretados no encéfalo). Além disso, ela possui importantes centros responsáveis pela postura e coordenação de movimentos nas regiões de C6 a T2 e L4 a S2. Um exemplo de complexidade da medula espinhal pode ser observado em lesões medulares cervicais responsáveis pela ocorrência da síndrome de Horner.
- Síndrome de Horner: determinadas lesões na região cranial da medula espinhal torácica podem provocar a síndrome de Horner (ptose da pálpebra superior, miose, protrusão da terceira pálpebra geralmente acompanhada de sudorese unilateral da região facial). Esses sinais ocorrem em virtude da lesão dos nervos simpáticos do tronco vagosimpatico que cursa da medula espinhal torácica cranial ate próximo a orbita. É importante lembrar que essa síndrome também ocorre em decorrência de lesões na bolsa gutural, avulsão do plexo braquial ou neoplasias próximas à região orbital.
- Lesões medulares discretas ou parciais causam anormalidades locomotoras e sensoriais. As anormalidades locomotoras de origem neurológica caracterizam-se por:
Fraqueza muscular ou paresia.
Ataxia.
Espasticidade.
Hipermetria → é uma ataxia, ou seja, uma incoordenação motora em que o animal faz um movimento exagerado, parece que ele esta manchando igual a soldado.
- O termo incoordenação motora é utilizado para caracterizar uma alteração na locomoção apresentada por animais portadores de anormalidades de origem neurológica. Sendo muito comum nos equinos do que em outros animais de grande porte. Este termo engloba um conjunto de sinais como:
Balanço exagerado da pelve durante a movimentação.
Falta de firmeza nos membros torácicos/ pélvicos.
Encurtamento de passos.
Abdução exagerada dos membros ao andar em círculos.
Cruzar os membros sobre o corpo.
Pisar no membro contralateral ou torácico.
Hipermetria.
Arrastar a pinça durante a troca do passo. 
- Principais manobras a serem realizadas para avaliação da locomoção e postura de equinos:
Postura.
Simetria de pescoço e tronco.
Andar em linha reta.
Trotar em linha reta.
Afastar → pode evidenciar anormalidades discretas. 
Andar em círculos abertos.
Andar em círculos fechados → podem apresentar posturas anormais devido a lesões motoras e proprioceptivas.
Descer e subir rampas → os animais ao descer uma rampa necessitam de um SN adequado para que possam interpretar as informações sensoriais e emitir adequados estímulos motores.
Ultrapassar pequenos obstáculos durante a locomoção.
Observação do andar com o animal montado.
Andar com o pescoço estendido e flexionado.
Palpação do pescoço e da coluna dorsal.
Manipulação do pescoço.
Resposta cervical e cervicofacial → é realizado após a percussão da região ventral das segundas e terceiras vertebras cervicais, produzindo uma resposta ipsilateral de contração labial. Apesar deste reflexo ser citado como um verificador da integridade medular, os autores não observaram utilidade na avaliação clinica dos animais com incoordenação motora.
Sensibilidade do pescoço.
Reflexo musculo – cutâneo → pode ser realizado como auxilio na localização das lesões medulares atravésde leves toques com objetos pontiagudos no sentido caudo - cranial, onde todos os toques em animal normal irão apresentar movimentos da pele. Os animais portadores de lesões medulares não apresentarão este reflexo quando o estimulo for realizado caudalmente a lesão.
“Slap test” ou resposta toracolaringeana → método para avaliar a integridade medular e do nervo laríngeo recorrente. O teste é realizado com estimulo sobre a região anterior do costado, logo após a escapula, observando-se a movimentação da cartilagem aritenóide contralateral. Esta observação pode ser realizada tanto manualmente (palpação externa) como por visualização das estruturas utilizando-se o endoscópio. A diminuição ou ausência da movimentação da cartilagem pode se da em 3 situações: impossibilidade de chegada de estímulos aferentes ao bulbo decorrente de lesões significativas na medula espinhal cervical e cranial torácica; anormalidades na transmissão de estímulos eferentes ate a musculatura, devidas a lesão no nervo laríngeo recorrente; o reflexo pode estar abolido em cavalos tensos ou assustados em virtude da interferência de núcleos encefálicos. 
Deslocamento lateral dos membros torácicos → muito útil para avaliar o comprometimento ou não dos membros torácicos. A resposta normal esperada é um saltitar lateral do membro torácico apoiado ao chão. Pode ser realizado empurrando a garupa do animal ou puxando a cauda com o animal parado ou em movimento. Os animais normais apresentam resistência a este tipo de deslocamento lateral. Os animais com incoordenação motora nos membros pélvicos são deslocados facilmente. 
Observação de atrofias musculares.
Deslocamento da garupa como animal parado e em locomoção.
Observação do tônus anal, movimentação da cauda e sensibilidade perineal.
Palpação retal.
- As manobras mais uteis para avaliação da incoordenação motora são: a locomoção em trote, descida de rampa e o andar em círculos fechados com uma mão na cauda e a outra no cabresto. 
- Durante essas provas devem-se procurar sinais que indiquem incoordenação motora. Esses sinais estão presentes em virtude da ausência ou diminuição de atividade motora e ou proprioceptiva adequadas, produzindo sinais de paresia, ataxia, hipermetria e espasticidade.
- O balanço da pelve é também denominado de bambeira, sendo decorrente de um misto de anormalidades motoras e proprioceptivas.
- Durante a avaliação do animal o padrão de anormalidade deve ser graduado para cada membro de 0 a 5 para a incoordenação motora equina. Essa graduação é importante porque permite determinar os membros acometidos, o grau de acometimento e facilita o acompanhamento neurológico do tratamento instituído. Também ajudara no diagnostico diferencial, pois determinadas enfermidades apresentam características de assimetria lateral.
- Graduação para analise da locomoção e postura de equinos com anormalidade neurologica:
0: padrão nromal de locomoção.
1: deficits dificilmente observados durante a locomoção em linha reta, mas confirmados após a realização de manobras especiais.
2: deficts facilmente observados durante a locomoção em linha reta e exacerbados após a realização de manobras especiais .
3: o animal pode cair quando manobras especiais são realizadas e geralmente apresenta posturas anormais mesmo quando parado.
4: quedas espontaneas durante a locomoção.
5: decúbito permanente.
- A partir do momento em que essas anormalidades são identificadas reconhecendo-se que o paciente possui uma incoordenação motora, o próximo passo é a localização dessa lesão, como já citado a medula é divida em 5 regiões. A partir do momento que a lesão foi localizada em um ou mais segmentos da medula espinhal, deve-se verificar a existência de simetria lateral ou não.
- Obs.: olhar algoritmo para a localização da lesão na medula espinhal no artigo
- O SNP inclui 12 pares de nervos cranianos originando-se no encéfalo e os diversos pares de nervos espinhais originando-se na medula .
- Dentre as estruturas celulares encontradas no SN, o neurônio assume importância fundamental por apresentar a característica de excitação (polarização e despolarização), sendo responsável pelo inicio e manutenção da atividade neurológica. As células da glia e outras estruturas são responsáveis pela estabilidade, suporte, proteção e nutrição do sistema nervoso, porem para o exame clínico o neurônio assume maior importância. O exame neurológico será realizado observando-se a resposta aos estímulos realizados. 
- Os neurônios podem ser divididos em sensitivos e motores, sendo estes últimos responsáveis pelo inicio e manutenção da atividade motora, podendo ser divididos m neurônios motores superiores (NMS) e neurônios motores inferiores (NMI).
- Avaliação do neurônio motor superior e inferior
Neurônio moto superior é aquele neurônio onde seu corpo celular estar no córtex cerebral e faz sinapse com o neurônio moto inferior, exerce o controle sobre o inferior, então quando se tem doenças que afetam o córtex cerebral ou o neurônio motor superior teremos uma espasticidade, uma paralisia espástica, rígida, como nos casos de raiva e botulismo.
Neurônio motor inferior é o que inerva a musculatura, logo, uma lesão no neurônio motor inferior, normalmente nos nervos periféricos, lesão no nervo radial, no plexo braquial, no nervo femoral etc., teremos uma paralisia flácida. 
	NMS
	Movimento voluntário reduzido ou ausente
	Resposta reflexa normal ou exagerada (hiper-reflexia)
Hipermetria
	Aumento do tônus muscular
	Perda da propriocepção e da dor (hipoalgesia, analgesia)
	NMI
	Movimento voluntário reduzido ou ausente
	Resposta reflexa reduzisa ou ausente (hipo-reflexia)
Sem Hipermetria
	Tônus muscular reduzido (hipotonia) ou ausente (atonia)
	Perda da propriocepção e da dor, atrofia muscular grave
- O tétano é uma exceção dessa regra, porque ele é uma lesão de neurônio inferior mas que causa espasticidade, porque a toxina tetânica age na fenda sináptica liberando muita acetilcolina o que vai geras a espasticidade, mas age lá no neurônio não no cérebro. O tétano também é exceção no sentido de que como doença neurológica se consegue fazer o diagnóstico somente no exame físico, pois apresenta uma manifestação clínica bastante clássica, como espasticidade, protrusão de terceira pálpebra, cauda em bandeira, hiperexcitabilidade, fotofobia. E tem tratamento. 
- A associação entre neurônios motores e sensitivos permite a realização de arcos reflexos. Reflexos são respostas biológicas normais, espontâneas e praticamente invariáveis, sendo uteis ao organismo. O arco reflexo é uma resposta básica após a realização de um estimulo e é por meio de suas varias modalidades (reflexos espinhais, reflexos dos nervos cranianos) que o exame neurológico será realizado. O arco reflexo nada mais é do que uma resposta motora involuntária frente a um estímulo aplicado a uma determinada estrutura. Basicamente 3 neurônios são responsáveis pela efetuação de um arco reflexo. Em primeiro lugar um neurônio sensitivo (aferente) ira captar a informação sensorial e conduzi-la ate a medula ou tronco encefálico e fara a conexão com um interneuronio, o qual será responsável pela transmissão da informação para um neurônio motor (eferente) que efetuara a estimulação de um musculo. Vários reflexos podem ser utilizados para avaliação neurológica como, por exemplo, o reflexo patelar (espinhal), o palpebral, pupilar etc.
- Encéfalo: suas principais divisões anatômicas e respectivas funções:
Telencéfalo: córtex cerebral (frontal: intelecto, comportamento e atividade motora refinada; parietal: nocicepção e propriocepção; occipital: visão; temporal: comportamento e audição) e núcleos basais (conjunto de corpos celulares localizados abaixo do encéfalo, ex: caudado, putamen, etc.; com funções relacionadas ao tônus muscular e iniciação e controle da atividade motora).
Diencéfalo: hipotálamo (modula o sistema nervoso autônomo, apetite, sede, regulação de temperatura e balanço de eletrólitos), tálamo (é um complexo de vários núcleosque entre outras funções estão relacionados com nocicepção, propriocepção e consciência), subtálamo (sistema reticular ativador relacionado à consciência). O diencéfalo também é o local que abriga o núcleo do nervo olfatório e do nervo óptico.
Mesencéfalo: relacionado à consciência (sistema reticular ascendente ativador), núcleos de nervos cranianos (III, IV), apresenta também tratos ascendentes e descendentes com presença de atividade motora e sensorial.
Ponte: local onde esta localizado o núcleo do nervo trigêmeo (V), formação reticular (centros vitais de respiração e sono), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora.
Bulbo: local com maior acumulo de núcleos de nervos cranianos (VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora.
Cerebelo: coordenação de movimentos, tônus muscular, propriocepção inconsciente e equilíbrio.
Exame clínico
- O roteiro do exame neurológico vai se basear simplesmente em ver a função neurológica. Não há como se fazer nenhum tipo de avaliação anatômica, pois não tem como inspecionar, palpar, percutir ou auscultar o sistema nervoso já que não da pra se visualizar o sistema nervoso com exceção da papila óptica. Logo na semiológica o que iremos fazer é o exame funcional do sistema nervoso.
- As funções neurológicas são basicamente cognição, ou seja, função aferente e motricidade, ou seja, função motora. Isso vai ser avaliado no paciente naturalmente sem intervenção. A intervenção é feita posteriormente através de testes, ou seja, estímulos a determinadas funções neurológicas e observar uma resposta, que pode ser normal ou anormal. 
- Iremos avaliar 4 funções inicialmente e depois o animal é avaliado da cabeça a cauda, sendo que na cabeça é onde se gasta mais tempo devido aos pares de nervos cranianos. Normalmente se dividi: cabeça, parte cervical, membros anteriores, coluna tóraco lombar, lombo sacro e sacro ilíaco. E podemos ver que a manifestação clinica é bem relacionada com cada um desses segmentos.
- Na neurologia somos bastante dependentes de exames complementares tanto do animal vivo quanto do animal morto, e a importância de buscar o diagnostico é se saber do que o animal morreu, já que existem grandes enfermidades dessas que são infectocontagiosas e zoonoses.
- Quando avaliamos um animal com suspeita de doença neurológica, a primeira coisa que eu tenho que identificar é: essa manifestação é mesma neurológica? O que mais confunde é a observação do sistema locomotor: o que é claudicação e o que é ataxia? Ambas são alterações na motricidade, o animal se locomove de uma forma errada, mas a claudicação tem origem ortopédica e a ataxia tem origem neurológica, isso confunde bastante. Determinar se esse envolvimento neurológico é primaria, ou seja, uma lesão realmente neuronal, ou se esse envolvimento neurológico é secundário a outro processo inicial, como por exemplo, nos casos de acidose, encefalopatia hepática, uremia, azotemia, leucose, ou qualquer outra enfermidade que se agrave muito. Descartamos se a lesão é primaria ou secundaria através de exames complementares. Determinar o diagnostico neuroanatômico, ou seja, classificar aquele quadro neurológico como oriundo de uma determinada parte do sistema nervoso. O grande objetivo final do exame é construir uma lista de possíveis diagnósticos diferenciais. Na clinica o que vai nos ajudar a chegar a um diagnóstico são os dados epidemiológicos, dados do animal e o diagnostico post mortem. 
- Objetivos de um exame neurológico
Confirmar a presença de um problema neurológico -> esse animal realmente apresenta anormalidades neurológicas?
Localizar o problema → qual o local mais provável?
Definir uma lista de diagnósticos prováveis → diagnósticos diferenciais.
Definir os exames complementares necessários.
Estabelecer o diagnostico mais provável e o prognostico.
Possibilita o plano terapêutico mais adequado.
Tomar medidas preventivas necessárias para que o problema não acometa outros animais.
- Inicio e progressão dos sinais:
Agudo não progressivo: enfermidades traumáticas e vasculares.
Agudo progressivo e simétrico: enfermidades metabólicas, nutricionais e toxicas.
Agudo progressivo não assimétrico: enfermidades inflamatórias (infecções), degenerativas e neoplásicas.
Roteiro do Exame Neurológico
Identificação → raça, sexo, idade, manejo, ambiente etc.
2 – Anamnese → principal informação deve ser referente ao histórico da doença (evolução)
3 - Exame físico geral → lembrar que já começa com a avaliação neurológica
4 - Exame especifico: 
 Atitude → estado mental ou estado de consciência: observar a relação do animal com o ambiente, se ele reage a estímulos, posso oferecer comida, fazer um som pra observar se ele ouve. O animal normal chamamos de alerta ou vigília. O animal anormal pode estar deprimido, em coma, irresponsivo, apático ou hiperexcitado.
Comportamento → importante diferenciar de atitude, atitude é uma coisa somática, da função química neurológica, já o comportamento pertence mais ao individuo ou a espécie. Pode ser linfático (calmo) ou sanguíneo (agitado) ou se o animal tem algum tipo de vicio. 
Postura → é a posição que o animal esta. Existem posturas compatíveis para cada espécie. O animal pode estar em estação, sentado ou em decúbito. Sendo que cavalos e bovinos não sentam normalmente. Podemos ter também alterações posturais como, por exemplo, um animal com heald tilt, estrabismo, o animal que não apoia o membro, opistótono (olhar para as estrelas) e emprostótono (olhar para baixo). 
Movimentos → Fazer a diferenciação do que é claudicação e ataxia, colocando o animal para se movimentar. 
Avalia-se cada parte do animal, começando da cabeça, avaliando a posição da cabeça, a rotação da cabeça (heald tilt) é um sinal indicativo de lesão vestibular, a pressão da cabeça contra obstáculos (heald pressing) pode ser observado em diversas encefalopatias que afetem a função cerebral como a poliencefalomalácia em ruminantes, encefalopatia hepática dos equinos ou o trauma craniano; mastigação, postura dos olhos e das orelhas, tônus da língua, reflexo pupilar, palpebral e de ameaça, avaliando na verdade a função dos pares de nervos cranianos onde se gasta um pouco mais de tempo. São 12 nervos cranianos, onde para cada par de nervos cranianos temos uma função, que no conjunto são responsáveis pela olfação, visão, movimentação de orelhas, pálpebras, lábios, simetria e tônus da musculatura facial, preensão e mastigação de alimentos, movimentação de língua e deglutição, que quando esta afetado temos um resultado no exame. No teste de ameaça avaliamos o nervo óptico e o nervo facial, sendo o normal do animal piscar o olho ou afastar a cabeça. Já no reflexo pupilar, colocamos uma lanterna no olho com o objetivo de causar uma miose, sendo que os dois olhos tem que responder de forma igual. No caso da disfagia estão envolvidos o nervo glossofaríngeo e o vago. Tônus da língua esta envolvido o hipoglosso. Fazem-se esses testes para dizer qual parte do nervo craniano esta afetada. Uma coisa importante é que podemos ter um animal cego, porém ele pode ter reflexo pupilar presente, porque ele pode ter uma lesão no córtex occipital que é responsável pela visão, mas as vias que são os nervos estão preservados, não fazendo apenas a imagem que é de responsabilidade do córtex. Porem eu posso ter também um animal que enxerga, mas sem reflexo pupilar, esse animal tem uma síndrome do sistema nervoso autônomo, ele vai ter midríase (pupila dilatada). Se a lesão do nervo óptico do oculomotor for antes do quiasma óptico só teremos o reflexo afetado de um lado, se for depois do quiasma óptico perdem-se os dois. OBS: olhar no artigo a tabela que fala de cada nervo
Depois passa para a medula espinhal avaliando desde o pescoço, membros anteriores, coluna torácica, tóraco lombar, lombo sacro e sacro ilíaco, avaliando a simetria da musculatura corporal como um todo, simetria de pescoço e tronco, tônus anal e da cauda, posturas adotadasem descanso e padrão de locomoção, fazem-se testes de reflexos, observando se o animal tem propriocepção, que é a noção que temos do próprio corpo mesmo de olhos fechados, e em uma doença neurológica perde-se a propriocepção, então cruzamos o membro do animal e o mesmo não percebe que o membro esta cruzado e assim permanece, o normal é que ele volte pro lugar. Classificamos como síndrome medular de acordo com o segmento, se o animal tiver uma lesão entre C1 e C5, por exemplo, temos uma tetraparesia ou uma tetraplegia. E sempre nos membros pélvicos tem a manifestação clinica mais acentuada, ou seja, se eu tenho uma ataxia de grau 1 nos membros torácicos, eu vou ter de grau 3 nos membros pélvicos, isso porque as fibras que inervam os posteriores são mais superficiais na medula do que os que inervam os anteriores. Então normalmente o animal com lesão cervical, tem uma doença clássica que causa isso, chama-se Síndrome de wobbler, é a constrição do canal cervical, logo a manifestação sempre é maior nos posteriores. Se a lesão for de T3 a L3 teremos uma paraplegia ou paraparesia (incoordenação motora em equinos). A doença que mais causa paraparesia no equino é a EPM causada por um protozoário, o animal fica todo bambo “mal das cadeiras”. A diferença da síndrome cerebral é que não vai ter alteração de atitude nem de comportamento. 
Avaliamos em todos os segmentos a sensibilidade usando uma escovinha e uma agulha, passando em todos os membros desde o pescoço ate o membro pélvico. 
- Dica importante: quando se tem alterações motoras (ataxias) ou proprioceptivas sem alterações do estado mental e comportamento estamos diante de uma síndrome medular, não tendo envolvimento cerebral. Quando se tem alteração de comportamento e atitude temos uma síndrome cerebral. 
- Uma parte importante do exame neurológico é fazer desafios para os animais, porque conforme se vai dificultando para ele a manifestação aumenta. Por exemplo, circuitos em cavalos, onde a tendência é ele desviar, mas numa doença neurológica ele pode sair batendo em tudo. 
- Para que existam alterações encefálicas, os seguintes aspectos devem ser observados: comportamento, estado mental, posicionamento da cabeça e integridade dos nervos cranianos. Geralmente, quando as alterações encefálicas estão presentes pelo menos dois desses itens se apresentam anormais.
- Os nervos cranianos podem ser rapidamente avaliados quando observamos a simetria facial, integridade da função visual, movimentação de orelhas, pálpebras e lábios, mastigação, movimentação da língua e deglutição. Dificilmente se estas funções estiverem integras existirão alterações dos nervos cranianos. A presença de anormalidades em 2 ou mais pares de nervos cranianos é muito indicativo de anormalidades encefálicas enquanto alterações em apenas 1 par são indicativos de lesões periféricas. 
- Animais com lesão bilateral severa do nervo óptico estão cegos e em midríase.
- O sistema vestibular tem a função de integração animal e ambiente no que diz respeito a gravidade. Ajuda a manter a posição dos olhos, membros, tronco e cabeça durante os movimentos. Contem receptores no ouvido interno, nervo vestibular, núcleo vestibular, cerebelo e tratos vestibulares na medula espinhal.
- Têm-se eventos fisiopatológicos que serão correlacionados com a manifestação clinica do animal. Podendo ter uma manifestação focal, muito comum em trauma e neoplasias, ou processos difusos, como nos casos de intoxicação, infecciosos e congênitos.
- Paralisia é quando se perde todas as funções neuronais, então se perde a propriocepção, a função motora e o reflexo, não tendo sensibilidade nem movimentação. Já a paresia é uma paralisia incompleta, ainda tendo algum tônus muscular, alguma sensibilidade, ainda responde um pouco aos reflexos, mas esta meio flácido. E ai podemos ter uma paralisia, uma paraplegia, uma paraparesia.
- Obs.: quando falamos PARAplegia ou PARAparesia significa um quadro que só acomete os membros pélvicos ou posteriores, ou seja, a lesão acontece na medula lombar, logo esse animal fica com a cauda flácida, perde o tônus do anus, fica com incontinência urinaria. Quando se fala TETRAparesia ou TETRAplegia, significa um quadro clinico que afeta os quatros membros. Quando a lesão acontece em apenas um lado, seja ele direito ou esquerdo, chamamos de HEMIplegia ou HEMIparesia
- Diagnostico neuroanatômico – Principais sinais neurológicos observados quando as diferentes áreas encefálicas são acometidas:
Síndrome cerebral → encefalite a vírus, intoxicação, traumatismo craniano, encefalopatia hepática, azotemia, acidose: se caracteriza por anormalidades locomotoras que inclusive podem ate mesmos serem discretas (ataxia), alteração do estado mental (depressão), alteração do comportamento, cegueira (reflexo pupilar normal), heald pressing, andar em circulo (geralmente lesões unilaterais), respiração irregular, opistótono. 
Síndrome mesencefálica: anormalidades locomotoras, depressão mental, midríase não responsiva ou miose (visão normal), estrabismo.
Síndrome pontobulbar: anormalidades locomotoras, alterações em diversos nervos cranianos, depressão mental.
Síndrome vestibular: central (nistagmos horizontais, rotacionais, verticais ou posicionais, déficits nos nervos cranianos: VI, VI e VII; podem ocorrer sinais cerebelares); periférica (nistagmos horizontais ou rotacionais, possível déficit no VII par de nervo craniano). Ambas podem apresentar perda de equilíbrio, queda, rotação de cabeça e estrabismo.
Síndrome cerebelar: heald shweick (cabeça tremendo), anormalidades locomotoras (hipermetria), nistagmos, alteração na resposta de ameaça visual, aumento da área de sustentação do corpo (ampla base), opistótono.
- Obs.: independente da causa, o decúbito em si para bovinos e equinos deve ser evitado ao máximo, porque pelo peso do animal tem-se uma compressão dos nervos periféricos, causando lesões graves. 
5 - Exames complementares:
Analise do liquido cefalorraquidiano.
Radiografias simples ou contrastadas (mielografia).
Eletroencefalografias.
Tomografia computadorizada.
Ressonância magnética.

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