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Síndrome da Abstinência Alcoolica

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Diferença de Delírio e Alucinação
Alucinação é a percepção real de um objeto inexistente, ou seja, são percepções sem um estímulo externo. 
Dizemos que a percepção é real, tendo em vista a convicção inabalável que a pessoa manifesta em relação ao objeto alucinado, portanto, será real para a pessoa que está alucinando. 
 
Sendo a percepção da Alucinação de origem interna, emancipada de todas variáveis que podem acompanhar os estímulos ambientais (iluminação, acuidade sensorial, etc.), um objeto alucinado muitas vezes é percebido mais nitidamente que os objetos reais de fato. 
 
Tudo que pode ser percebido pode também ser alucinado e isso ocorre, imaginativamente, com maior liberdade de associações de formas e objetos. Na Alucinação, por exemplo, um leão pode aparecer de 
asas, ou um caracol que cavalga um ouriço. O indivíduo que alucina pode ter percebido isoladamente cada umas das formas e, mentalmente, combinado umas com as outras. 
1 - Alucinações Auditivas 
Alucinação é a percepção real de um objeto inexistente, ou seja, são percepções sem um estímulo externo. 
Dizemos que a percepção é real, tendo em vista a convicção inabalável da pessoa que alucina em relaç ão 
ao objeto alucinado. Sendo a percepção da Alucinação de origem interna, emancipada de todas as 
variáveis que podem acompanhar os estímulos ambientais (iluminação, acuidade sensorial, etc.), um 
objeto alucinado muitas vezes é percebido mais nitidamente que os objetos reais de fato.
 
2 - Alucinações Visuais 
São percepções visuais, como vimos, de objetos que não existem, tão claras e intensas que dificilmente são 
removíveis pela argumentação lógica. Mesmo o paciente referindo ter visto apenas vultos, tais vultos são 
muito fielmente percebidos, portanto são reais para a pessoa que os percebe. O objeto alucinado pode não 
ter uma forma específica: clarões, chamas, raios, vultos, sombras, etc, ou têm formas definidas, tais como 
pessoas, monstros, demônios, animais, santos, anjos, bruxas.
3 - Alucinações Táteis 
A percepção de estímulos táteis sem que exista o objeto correspond ente é observada principalmente nas 
psicoses tóxicas e nas psicoses delirantes crônicas, como veremos adiante. Nestes casos, principalmente 
no Delirium Tremens ou na dependência de cocaína, o paciente sente-se picado por pequenos animais, 
insetos esquisitos, vermes que caminham sobre a pele, pancadas, alfinetadas, queimaduras, estranhos 
carrapatos que penetraram em algum orifício fisiológico,etc. Freqüentemente as alucinações táteis com 
pequenos insetos é acompanhada por um Delírio de infestação também chamado de Síndrome de Ekbom. 
Não são raros os casos de Alucinação tátil que se caracteriza pela sensação de ter-se as pernas puxadas à 
noite ou estrangulamento, sufocação ou opressão antes de conciliar o sono.
 
Delírio:
 1 - deve apresentar-se como uma convicção subjetivamente irremovível e uma crença absolutamente inabalável; 
2 - deve ser impenetrável e incompreensível para o indivíduo normal, bem como, impossível de sujeitar-se às influências de correções quaisquer, seja através da experiência ou da argumentação lógica e; 
3 - impossibilidade de conteúdo plausível
Abstinência de Álcool
Critérios Diagnósticos
A. Cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de álcool.
B. Dois (ou mais) dos seguintes sintomas, desenvolvidos no período de algumas horas a alguns dias após a cessação (ou redução) do uso de álcool descrita no Critério A:
1. Hiperatividade autonômica (p. ex., sudorese ou frequência cardíaca maior que 100 bpm).
2. Tremor aumentado nas mãos.
3. Insônia.
4. Náusea ou vômitos. 
5. Alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias.
6. Agitação psicomotora.
7. Ansiedade.
8. Convulsões tônico-clônicas generalizadas.
C. Os sinais ou sintomas do Critério B causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. Os sinais ou sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental, incluindo intoxicação por ou abstinência de outra substância.
Especificar se:
Com perturbações da percepção: Este especificador aplica-se aos raros casos em que alucinações (geralmente visuais ou táteis) ocorrem com teste de realidade intacto ou quando ilusões auditivas, visuais ou táteis ocorrem na ausência de delirium.
Características Diagnósticas
A característica essencial da abstinência de álcool é a presença de uma síndrome de abstinência característica que se desenvolve no período de várias horas a alguns dias após a cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de álcool (Critérios A e B). A síndrome de abstinência inclui dois ou mais sintomas que refletem a hiperatividade autonômica e a ansiedade listadas no Critério B, em conjunto com sintomas gastrintestinais.
Os sintomas de abstinência causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (Critério C). Os sintomas não devem ser atribuíveis a outra condição médica nem ser mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno de ansiedade generalizada), incluindo intoxicação por ou abstinência de outra substância (p. ex., abstinência de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos) (Critério D).
Os sintomas podem ser aliviados por meio da administração de álcool ou benzodiazepínicos (p. ex., diazepam). Os sintomas de abstinência geralmente começam quando as concentrações sanguíneas de álcool declinam abruptamente (i.e., em 4 a 12 horas) depois que o uso de álcool foi interrompido ou reduzido. Refletindo o metabolismo relativamente rápido do álcool, a intensidade dos sintomas costuma atingir o auge durante o segundo dia de abstinência, e os sintomas tendem a melhorar acentuadamente no quarto ou quinto dia. Após abstinência aguda, entretanto, os sintomas de ansiedade, insônia e disfunção autonômica podem persistir durante um período de até 3 a 6 meses em níveis menores de intensidade.
Menos de 10% dos indivíduos que desenvolvem abstinência de álcool chegam a desenvolver sintomas drásticos (p. ex., hiperatividade autonômica grave, tremor, delirium por abstinência de álcool). Convulsões tônico-clônicas ocorrem em menos de 3% das pessoas.
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico
Embora confusão mental e alterações na consciência não sejam critérios para abstinência de álcool, delirium por abstinência de álcool (ver “Delirium” no capítulo “Transtornos Neurocognitivos”) pode ocorrer no caso de abstinência. Assim como é válido para qualquer estado de confusão e agitação independentemente da causa, além de perturbação da consciência e da cognição, o delirium porabstinência pode envolver alucinações visuais, táteis ou (raramente) auditivas (delirium tremens).
Quando se desenvolve delirium por abstinência, provavelmente há uma condição médica clinicamente relevante (p. ex., insuficiência hepática, pneumonia, sangramento gastrintestinal, sequelas de traumatismo craniano, hipoglicemia e desequilíbrio eletrolítico ou estado pós-operatório).
Prevalência
Estima-se que aproximadamente 50% dos indivíduos altamente funcionais da classe média com transtorno por uso de álcool sofreram pelo menos uma vez uma síndrome de abstinência de álcool completa. Entre aqueles com transtorno por uso de álcool hospitalizados ou sem-teto, a taxa de abstinência de álcool pode ser superior a 80%. Menos de 10% das pessoas em abstinência demonstram delirium por abstinência de álcool ou convulsões.
Desenvolvimento e Curso
A abstinência aguda de álcool ocorre na forma de episódio com duração de 4 a 5 dias e apenas após períodos prolongados de consumo pesado. A abstinência é relativamente rara em indivíduos com idade inferior a 30 anos, e o risco e a gravidade aumentam com a idade.
Fatores de Risco e Prognóstico
Ambientais. A probabilidade de desenvolver abstinência de álcool aumenta com a quantidade e com afrequência do consumo da substância. A maioria dos indivíduos com essa condição bebe diariamente e ingere grandes quantidades (aproximadamente mais de oito doses por dia) durante vários dias. Contudo, há grandes diferenças de uma pessoa para outra, sendo que há risco aumentado naquelas com condições médicas concomitantes, nas que tiveram abstinência anteriormente e em pessoas que consomem sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos.
Marcadores Diagnósticos
Hiperatividade autonômica no caso de níveis de álcool no sangue moderadamente elevados, porém em queda, e história de consumo intenso prolongado de álcool indicam probabilidade de abstinência de álcool.
Consequências Funcionais da Abstinência de Álcool
Sintomas de abstinência podem ajudar a perpetuar o comportamento de ingestão alcoólica e contribuir para recaída, resultando em prejuízo persistente no funcionamento social e profissional.
Os sintomas que requerem desintoxicação com supervisão médica resultam em utilização hospitalar e perda de produtividade no trabalho. De modo geral, a presença de abstinência está associada a maior prejuízo funcional e prognóstico desfavorável.
Diagnóstico Diferencial
Outras condições médicas. Os sintomas de abstinência de álcool também podem ser mimetizados por outras condições médicas (p. ex., hipoglicemia e cetoacidose diabética). Tremor essencial, um transtorno com padrão frequentemente familiar, pode sugerir equivocadamente os tremores associados à abstinência de álcool.
Abstinência de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos. Abstinência de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos produz uma síndrome muito semelhante à de abstinência de álcool.
Comorbidade
A ocorrência de abstinência é mais provável com a ingestão crônica de álcool e pode ser observada com mais frequência em indivíduos com transtorno da conduta e transtorno da personalidadeantissocial. Os estados de abstinência também são mais graves em indivíduos mais velhos, nos que também apresentam dependência de outras drogas/fármacos depressores (sedativo-hipnóticos) e naqueles que sofreram abstinência de álcool anteriormente.
Síndrome da Abstinência Alcoólica:
Pessoas que bebem de forma excessiva, quando diminuem o consumo ou se abstêm completamente, podem apresentar um conjunto de sintomas e sinais, denominados Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA). Alguns sintomas, como tremores, são típicos da SAA.
Uma série de fatores influenciam o aparecimento e a evolução dessa síndrome, entre eles: a vulnerabilidade genética, o gênero, o padrão de consumo de álcool, as características individuais biológicas e psicológicas e os fatores socioculturais. Os sintomas e sinais variam também quanto à intensidade e à gravidade, podendo aparecer após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada, voluntária ou não, como, por exemplo, em indivíduos que são hospitalizados para tratamento clínico ou cirúrgico. Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: agitação, ansiedade, alterações de humor (irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia, hipertensão arterial, entre outros. Ocorrem complicações como: alucinações, o Delirium Tremens (DT) e convulsões.
Bases biológicas As dificuldades em estabelecer um tratamento farmacológico mais eficaz para a SAA estão ligadas a um, ainda incompleto, entendimento do funcionamento dos neurotransmissores ligados à dependência e à síndrome de abstinência do álcool. O aumento da eficácia e da resposta terapêutica de novas drogas está diretamente relacionado à compreensão dos mecanismos de ação do etanol e dos seus efeitos nos diferentes sistemas de neurotransmissão que ocorrem no sistema nervoso central (SNC). O que se conhece dos sintomas da SAA tem sido explicado pelo fenômeno de neuroadaptação que ocorre no SNC, quando há exposição crônica ao etanol. Tais mecanismos e a associação com as manifestações neurofisiológicas serão descritos a seguir.
. SAA e monoaminas Os sintomas e sinais da SAA estão relacionados à alteração nos níveis de liberação de noradrenalina e dopamina. A hiperestimulação adrenérgica, que pode ser intensa na SAA, deve-se a uma redução da atividade de adrenoreceptores inibitórios pré-sinápticos do subtipo α2 , 1 um fenômeno conhecido como down–regulation. A hiperatividade de receptores NMDA (N–Metil–D– Aspartato) também está relacionada ao aumento da liberação noradrenérgica no locus ceruleus de ratos, observada após a retirada do álcool.2 Alguns trabalhos demonstram que a liberação de dopamina, durante a SAA, apresenta queda a níveis inferiores aos observados no período anterior à exposição crônica ao álcool, por cessação do disparo dopaminérgico na área tegmental ventral.3,4 Esses efeitos são responsáveis por um grande número de reações fisiológicas, tais como:5,6 • taquicardia por ativação de receptores beta-adrenérgicos; • hipertensão por ativação de vias alfa-adrenérgicas; • aumento da força de contração do músculo cardíaco por ação adrenérgica inotrópica positiva; • náuseas e vômitos devido à redução do esvaziamento gástrico; • piloereção; • midríase; • tremores pela facilitação da neurotransmissão muscular; • aumento do consumo de oxigênio; • aumento da temperatura corporal em até 2o C. 
SAA e aminoácidos neurotransmissores O etanol atua como um antagonista dos receptores NMDA (N-Metil–D-Aspartato), um receptor do tipo excitatório do SNC.7,8 O consumo crônico de bebidas alcoólicas provoca um aumento da densidade desses receptores.9 Estudos em animais têm demonstrado que esse aumento persiste por cerca de 36 horas após a retirada do etanol, período que coincide com o aparecimento das crises convulsivas, fenômeno neurotóxico relacionado à hiperatividade glutamatérgica. Na SAA há uma hipoatividade GABAérgica. Os receptores GABAA têm uma atividade inibitória e, a medida que deixam de exercer sua atividade durante a SAA, há uma estimulação do SNC. Essa hipoatividade é funcional, uma vez que, diferente mente do que ocorre com os receptores NMDA, não há evidências de alteração no número de receptores GABAA durante a exposição crônica ao álcool.10,11 Há uma redução da densidade de mRNA relacionada ao local de ação dos benzodiazepínicos e do etanol. 2. 3. SAA e canais de cálcio Com a exposição crônica ao etanol, há uma alteração nos canais de cálcio do tipo L, um dos vários canais de cálcio mais conhecidos. A ação do cálcio nos terminais nervosos é fundamental para a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica. Diversos estudos têm demonstrado que a administração crônica de etanol leva a uma redução na atividade dos canais de cálcio do tipo L, reduzindo a atividade elétrica dentro do neurônio e, assim, reduzindo a ação de neurotransmissores.12 As alterações na neurotransmissão e os sintomas correspondentes a cada neurotransmissor envolvido na SAA estão representados na Figura 1.
3. Diagnóstico A redução ou a interrupção do uso do álcool em pacientes dependentes produz um conjunto bem definido de sintomas chamado de síndrome de abstinência. Embora alguns pacientes possam experimentar sintomas leves, existem aqueles que podem desenvolver sintomas e complicações mais graves, levando-os até a morte. O quadro se inicia após 6 horas da diminuição ou da interrupção do uso do álcool, quando aparecem os primeiros sintomas e sinais. São eles: tremores, ansiedade, insônia, náuseas e inquietação. Sintomas mais severos ocorrem em aproximadamente 10% dos pacientes e incluem febre baixa, taquipnéia, tremores e sudorese profusa. Em cerca de 5% dos pacientes não tratados, as convulsões podem se desenvolver. Outra complicação grave é o delirium tremens (DT), caracterizado por alucinações, alteração do nível da consciência e desorientação. A mortalidade nos pacientes que apresentam DT é de 5 a 25%.13 O aparecimento dos sintomas em relação ao tempo após interrompido o uso de bebida alcóolica e a porcentagem dos pacientes que apresentam sintomas da SAA estão ilustrados na Figura 2.
4. Critérios diagnósticos Os critérios da Classificação Internacional das Doenças em sua décimarevisão, CID-10, foram adotados neste consenso como diretrizes no diagnóstico da SAA. 4.1. F 10.3: Síndrome de abstinência Um conjunto de sintomas, de agrupamento e gravidade variáveis, ocorrendo em abstinência absoluta ou relativa do álcool, após uso repetido e usualmente prolongado e/ou uso de altas doses. O início e o curso do estado de abstinência são limitados no tempo e relacionados à dose de álcool consumida imediatamente antes da parada e da redução do consumo. A síndrome de abstinência pode ser complicada com o aparecimento de convulsões. Os sintomas mais freqüentes são: hiperatividade autonômica; tremores; insônia; alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias; agitação psicomotora; ansiedade; e convulsões tipo grande mal. O diagnóstico pode ainda ser mais especificado, utilizandose os seguintes códigos: F 10.30: Síndrome de abstinência não complicada; F 10.31: Síndrome de abstinência com convulsões. A SAA evolui com maior ou menor gravidade e pode ser complicada por delirium tremens, descrito a seguir de acordocom os critérios da CID - 10. Alguns fatores estão associados a uma evolução mais grave, e funcionam como preditores de gravidade da SAA, tais como: história anterior de síndrome de abstinência grave (repetidas desintoxicações); alcoolemia alta sem sinais clínicos de intoxicação; sintomas de abstinência com alcoolemia alta; uso de tranqüilizantes e hipnóticos;e associação de problemas clínicos e psiquiátricos. 4. 2. F 10.4: Síndrome de abstinência com delirium tremens (DT) Delirium tremens induzido por álcool deve ser codificado aqui. DT é um estado confusional breve, mas ocasionalmente com risco de vida, que se acompanha de perturbações somáticas. É usualmente conseqüência de uma abstinência absoluta ou relativa de álcool em usuários gravemente dependentes, com uma longa história de uso. O início usualmente ocorre após abstinência de álcool. Em alguns casos o transtorno aparece durante um episódio de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, em cujo caso deve ser codificado aqui. Os sintomas prodrômicos tipicamente incluem: insônia, tremores e medo. O início pode também ser precedido de convulsões por abstinência. A clássica tríade de sintomas inclui obnubilação de consciência, confusão, alucinações e ilusões vívidas, afetando qualquer modalidade sensorial e com tremores marcantes. Delírios, agitação, insônia ou inversão do ciclo do sono e hiperatividade autonômica estão também usualmente presentes. Exclui: Delirium não induzido por álcool.
4.2.1. Curso do delirium tremens Instalação: 1 a 3 dias. Duração: 1 semana a dois meses (maioria entre 10 e 12 dias). Idosos: curso mais prolongado; maior risco de mortalidade; maior número de complicações; mais freqüentemente a recuperação não é total. 5. Avaliação do paciente A avaliação inicial de um paciente que refere uso crônico de álcool deve ser muito cuidadosa e detalhada.14 A partir dessa investigação criteriosa é possível que se determine o nível de comprometimento no momento da intervenção, os problemas relacionados a esse uso e à presença ou não de complicações e comorbidades associadas.15 Essa etapa determinará um diagnóstico mais preciso e um encaminhamento mais adequado para o tratamento subseqüente e, portanto, ela deve ser direcionada por dois vetores fundamentais: (1) a avaliação da SAA e (2) a avaliação dos problemas associados ou não ao consumo (Figura 3). 5.1. Avaliação da síndrome de abstinência do álcool (SAA) 5.1.1. Anamnese Uma história completa sobre o paciente, levando em conta suas várias dimensões, deve ser recolhida, com o objetivo de avaliar o paciente como um todo. Não existem sinais ou sintomas patognomônicos da SAA. Ela é uma síndrome e, portanto, todas as condições clínicas associadas e os diagnósticos diferenciais deverão ser buscados nessa etapa inicial. A maior parte das complicações associadas à SAA ocorrem devido a uma avaliação inadequada. Um paciente com SAA quase sempre tem alguma outra intercorrência clínica associada. 
6. Orientação familiar Educação em saúde é fundamental para assegurar não só o entendimento do cliente, como também de sua família, sobre os problemas relacionados ao uso crônico de álcool. Assim como é imprescindível a orientação do paciente sobre o seu problema, a família, parte integrante dessa disfunção, precisa ser informada e encaminhada para um tratamento mais intensivo, se necessário.
Em qualquer dos níveis de comprometimento que o indivíduo se apresente, é essencial trabalhar os conceitos de síndrome de dependência e abstinência alcoólica, com objetivo claro de desenvolver, nesse sistema familiar, a crítica sobre seu papel nesse transtorno, como também promover sua mudança de pensamento e comportamento. Trabalhar a auto- estima e a importância da desintoxicação, assim como a prevenção da recaída, são estratégias a serem adotadas nessa fase inicial do tratamento, não só com o paciente, como também com seu sistema familiar e social.
Alcoolismo
A dependência de álcool (alcoolismo) é uma doença crônica e multifatorial; isso significa que diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso do álcool, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais. No entanto, não são estes fatores que definem o diagnóstico de dependência. 
Ela é definida pela 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool, tipicamente associado aos seguintes sintomas: forte desejo de beber, dificuldade de controlar o consumo (não conseguir parar de beber depois de ter começado), uso continuado apesar das consequências negativas, maior prioridade dada ao uso da substância em detrimento de outras atividades e obrigações, aumento da tolerância (necessidade de doses maiores de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância) e por vezes um estado de abstinência física (sintomas como sudorese, tremedeira e ansiedade quando a pessoa está sem o álcool).
Segundo a 5ª edição do Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês), os transtornos relacionados ao uso de álcool são definidos como a repetição de problemas decorrentes do uso do álcool que levam a prejuízos e/ou sofrimento clinicamente significativo, cuja gravidade varia de acordo com o número de sintomas apresentados, conforme quadro 1.
Agitação psicomotora na abstinência alcoólica
A redução ou a interrupção do uso do álcool em pacientes dependentes produz um conjunto bem definido de sinais e sintomas chamado de síndrome de abstinência alcoólica. Estes sintomas no início são leves, intermitentes e pouco incapacitantes, mas, nas fases mais severas da dependência, podem manifestar-se os sintomas mais significativos, como tremor intenso, agitação psicomotora e alucinações. Entre os principais sintomas que levam o paciente para o pronto-atendimento (PA) são (Gigliotti,2004):
· Físicos: tremores (desde finos de extremidades até generalizados), náuseas, vômitos, sudorese, cefaleia, cãibras, tontura
· Afetivos: irritabilidade, ansiedade, fraqueza, inquietação, depressão
· Sensopercepção: pesadelos, ilusões, alucinações (visuais, auditivas ou tácteis). 
Segundo Laranjeira (2000), é frequente o aparecimento destes sintomas em indivíduos que são hospitalizados para tratamento clínico ou cirúrgico. Neste contexto os sintomas que primeiro chamam atenção do profissional de saúde são: agitação, ansiedade, alterações de humor (irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia e hipertensão arterial. Em algumas ocasiões podem ocorrer sintomas mais graves, como: 
· Convulsões: a maioria das crises convulsivas é do tipo tônico-clônicageneralizada e correspondem a uma manifestação relativamente precoce, sendo que mais de 90% ocorrem até 48 horas após a interrupção do uso de álcool (pico entre 13 e 24 horas) e estão associadas com evolução para formas graves de abstinência
· Delirium tremens: forma grave de abstinência, geralmente, iniciando-se entre um a quatro dias após a interrupção do uso de álcool, com duração de até três ou quatro dias. É caracterizado por rebaixamento do nível de consciência, desorientação, alterações sensoperceptivas, tremores e sintomas autonômicos (taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura corporal). Doses elevadas de BDZ são necessárias, mas o uso associado de neurolépticos é geralmente indicado. O tratamento farmacológico inclui: diazepam até 60 mg por dia (ou lorazepam até 12 mg por dia, em casos de hepatopatia grave), olanzapina IM ou VO até 40 mg ao dia e haloperidol 5 mg por dia. No caso de ocorrer distonia induzida por neurolépticos (particularmente se forem administrados por via parenteral), esse efeito colateral pode ser controlado com o uso de anticolinérgicos (biperideno 2 mg)
· Alucinose alcoólica: quadro alucinatório predominantemente auditivo, com sons do tipo cliques, rugidos, barulho de sinos, cânticos e vozes. As alucinações podem ser também de natureza visual e tátil. Os pacientes podem apresentar medo, ansiedade e agitação em decorrência dessas experiências. Uma característica peculiar desse tipo de fenômeno é que ocorre na ausência de rebaixamento do nível de consciência e evolui sem alterações autonômicas óbvias.
Ainda, segundo Laranjeira (2000), com a síndrome abstinência alcoólica ocorre uma redução importante na liberação da dopamina, que, por sua vez, acarreta reações fisiológicas. Estes sintomas estão relacionados à alteração nos níveis de liberação de noradrenalina e dopamina. A hiperestimulação adrenérgica se deve a uma redução da atividade de adrenorreceptores inibitórios pré-sinápticos do subtipo a2, um fenômeno conhecido como down-regulation. Os sintomas mais frequentemente encontrados são:
· Taquicardia por ativação de receptores beta-adrenérgicos
· Hipertensão por ativação de vias alfa-adrenérgicas
· Aumento da força de contração do músculo cardíaco por ação adrenérgica inotrópica positiva
· Náuseas e vômitos devido à redução do esvaziamento gástrico
· Piloereção
· Midríase
· Tremores pela facilitação da neurotransmissão muscular
· Aumento do consumo de oxigênio
· Aumento da temperatura corporal em até 2oC.
Contenção física na abstinência alcoólica
Os pacientes agitados, que ameaçam violência, devem ser contidos se não forem suscetíveis à intervenção verbal. A contenção deve ser feita por pessoas treinadas, preferivelmente com quatro ou cinco pessoas, e é muito importante explicar ao paciente o motivo da contenção. 
Os pacientes devem ser contidos com as pernas bem afastadas e com um braço preso em um lado e o outro preso sobre a sua cabeça. A cabeça do paciente deve estar levemente levantada para diminuir a sensação de vulnerabilidade e reduzir a possibilidade de aspiração. A contenção deve ser feita de modo que as medicações possam ser administradas e contenção deve ser removida, uma de cada vez a cada cinco minutos, assim que o paciente seja medicado e apresente melhora do quadro de agitação.

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