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bem maior que 1 CAPI´TULO 3. PROPRIEDADE BA´SICAS DOS NU´MEROS REAIS 41 Uma Figura compat´ıvel8 com essa descric¸a˜o e´: y 2 -2 3 1 -1 0 -3 x 1,61,20,80,40 Caso r < 0 Agora y2 = x · (x2 + r), e (x2 + r) pode ser positivo, negativo ou positivo. Por isso o estudo do sinal de x · (x2 + r) e´ mais delicado. Note que x2 + r > 0 ⇔ x2 > −r > 0 ⇔ √ x2 > √−r. So´ que √ x2 = |x| e portanto temos x2 + r > 0 ⇔ |x| > √−r. Se x > 0, |x| > √−r quer dizer x > √−r mas se x < 0 isso quer dizer −x > √−r, ou seja x < −√−r. Em suma: x2 + r > 0 ⇔ x < −√−r ou x > √−r. Enta˜o • se x > 0 x · (x2 + r) ≥ 0 ⇔ x ≥ √−r, e teremos duas opc¸o˜es de ra´ızes para determinar y. Que colapsam para y = 0 se x = √−r. • se x ≤ 0, so´ teremos x · (x2 + r) ≥ 0 se (x2 + r) ≤ 0. Ou seja, −√−r ≤ x ≤ 0. Nessa faixa de valores de x teremos duas opc¸o˜es de y, que colapsam em y = 0 se x = 0 ou x = −√−r. 8Na Figura trac¸ada ha´ mais informac¸a˜o do que a que justificamos. Somente na Sec¸a˜o 5 do Cap´ıtulo 15 e´ que teremos esses dados. 5. METAMORFOSES DE CU´BICAS 42 Uma Figura compat´ıvel com essa descric¸a˜o e´ (r = −1). y 1 2 0 -2 -1 x 21,50,50 1-1 -0,5 Por u´ltimo, note que se |r| vai ficando pequeno, enta˜o os pontos (−√−r, 0), (0, 0) e (√−r, 0) va˜o se aproximando. Note que as ovais da parte negativa va˜o diminuindo de tamanho quando |r| vai diminuindo. Imagine r vindo de valores positivos, que va˜o ficando bem pro´ximos de zero, pulam o valor zero, e passam a assumir enta˜o valores negativos. E´ como se de um continente fosse expelida uma ilhota, que vai ficando maior e mais distante do continente: as quatro figuras a seguir tentam mostrar isso. y 2 -2 3 1 -1 0 -3 x 1,61,20,80,40 CAPI´TULO 3. PROPRIEDADE BA´SICAS DOS NU´MEROS REAIS 43 Figura: A curva y2 − x3 − x = 0. y 2 -2 3 1 -1 0 -3 x 21,510,50 Figura: A curva y2 − x3 − 0.4 x = 0. y 1 2 0 -2 -1 x 21,50,50-0,5 1 Figura: A curva y2 − x3 + 0.3 x = 0. y 1 2 0 -2 -1 x 21,50,50 1-1 -0,5 Figura: A curva y2 − x3 + x = 0. 5. METAMORFOSES DE CU´BICAS 44 5.1. Suavizac¸a˜o do caso r = 0. Ha´ uma pergunta natural: o que acontece na curva y2 − x3 − 0 x = y2 − x3 = 0 ? Ja´ aviso: os programas gra´ficos ficam bem perdidos para trac¸ar essa curva, se a coordenada x fica pro´xima de 0. Por isso vou proceder como em muitos ramos da cieˆncia, vou tentar inferir qual o formato dessa curva tomando curvas que entendamos e que estejam cada vez mais pro´ximas dela. Num sentido que ficara´ claro mais tarde, essas curvas pro´ximas sa˜o suaves ou na˜o-singulares (ver Definic¸a˜o 4.1 na Sec¸a˜o 4 do Cap´ıtulo 32). Na Figura a seguir trac¸o a curva y2 − x3 = 0 so´ que estabelec¸o x ≥ 0.4, deixando a regia˜o em torno de x = 0 como um miste´rio. y 2 -2 3 1 -1 0 -3 x 1,61,20,80,40 A curva y2 − x3 = 0, so´ que x ≥ 0.4. Como quero ter mais luz sobre esse objeto y2−x3 = 0 na˜o vou deforma´-lo de novo na famı´lia y2 − x3 − r x = 0, mas sim noutra famı´lia: y2 − x3 + s = 0, s ∈ R>0. Observo que a relac¸a˜o y2 = x3 − s permite tirar ra´ızes quadradas desde que x3 − s ≥ 0. Portanto ha´ duas opc¸o˜es de x > 3 √ s ou apenas y = 0 se x = 3 √ s. Ou seja: • a curva y2 = x3 − s so´ tem trac¸o no plano Real se x ≥ 3√s e • a partir de x > 3√s a curva e´ sime´trica em relac¸a˜o ao eixo x, ja´ que temos duas opc¸o˜es diferentes: y = √ x3 − s e y = −√x3 − s. Ademais note que se x > 3 √ s, enta˜o y = √ x3 − s < √ x3 e y = − √ x3 − s > √ x3. ou seja: CAPI´TULO 3. PROPRIEDADE BA´SICAS DOS NU´MEROS REAIS 45 • dado x > 0, o trac¸o da curva y2 = x3 + s que tem y > 0 fica sempre abaixo do de y = √ x3. • dado x > 0, o trac¸o da curva y2 = x3 + s que tem y < 0 fica sempre acima do de y = −√x3. A Figura a seguir ilustra isso para y2 − x3 + 8 = 0: y 2 4 x 0 2,51,5 21 -4 -2 0,5 A curva y2 − x3 = 0, so´ que x ≥ 0.4, e a curva y2 − x3 − 8 = 0. As Figuras a seguir ilustram curvas cada vez mais pro´ximas: y 2 4 x 0 2,51,5 2 -4 -2 0,5 1 A curvas y2 − x3 = 0, y2 − x3 + 8 = 0 e y2 − x3 + 1 = 0. 6. EXERCI´CIOS 46 y 2 4 x 0 2,51,5 2 -4 -2 0,5 1 A curvas y2 − x3 = 0, y2 − x3 + 8 = 0, y2 − x3 + 1 = 0 e y2 − x3 + 0.5 = 0. Sera´ que agora o leitor consegue inferir a forma de y2 − x3 = 0 ? 6. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 6.1. (resolvido) Prove, ao inve´s de apenas assumir, que vale: x · x = (−x) · (−x), ∀x ∈ R. Exerc´ıcio 6.2. (resolvido) Para quais valores de x: i) −3x+ 2 > 0 ? ii) x2 − x > 0 ? iii) 3x2 − 2x− 1 > 0 ? iii) 3x+ 2 > 2x− 8 ? iv) |x− 6| < 2 ? v) |x+ 7| < 1 ? Exerc´ıcio 6.3. (resolvido) Prove que para quaisquer nu´meros Reais � e 4: |�+4| ≤ |�|+ |4|. Exerc´ıcio 6.4. Como sa˜o os gra´fico das func¸o˜es (com domı´nio ∀x ∈ R): i) y = |x|, ii) y = −| x|, iii) y = |x− 5|, iv) y = |x|+ |x− 1|+ |x− 2| ? CAP´ıTULO 4 Sequeˆncias e seus limites 1. Sequeˆncias Neste Curso sera´ importante a situac¸a˜o em que o domı´nio de uma func¸a˜o sera´ o conjunto dos nu´meros Naturais N = {1, 2, 3, ...}. Nesse caso f : N→ R e´ chamada de sequeˆncia. A imagem de uma tal f e´ uma lista de nu´meros Reais. Como cada ponto de sua imagem e´ do tipo f(n) e´ comum denota´-lo por xn e a sequeˆncia toda por (xn)n. Exemplo 0: f : N → R dada por f(n) = K e´ a sequeˆncia mais boba de todas, pois sua imagem e´ somente o conjunto {K} - chama-se sequeˆncia constante. Exemplo 1: Uma sequeˆncia na˜o ta˜o boba e´ f : N→ R dada por f(n) = 2n, cuja imagem sa˜o os nu´meros Pares. Exemplo 2: Uma sequeˆncia fundamental para todo o Curso e´ f : N→ R, f(n) = 1 n . No que segue, dizer que N e´ um conjunto ilimitado em R e´ dizer que sempre ha´ um nu´mero Natural maior que qualquer nu´mero Real que for dado. Afirmac¸a˜o 1.1. O fato de que os nu´meros naturais N formam um conjunto ilimitado nos R e´ equivalente ao fato de que os valores de f : N → R, f(n) = 1/n ficam ta˜o pro´ximos quanto quisermos de 0, desde que n seja suficientemente grande. Demonstrac¸a˜o. Uma equivaleˆncia e´ uma implicac¸a˜o em dois sentidos: ⇔. Prova do sentido ⇒: Obviamente 1/n nunca e´ igual a 0: caso pensa´ssemos o contra´rio para algum n0, obter´ıamos de 1 n0 = 0 e multiplicando por n0 obtemos que 0 = 1: absurdo. A distaˆncia entre f(n) = 1/n e 0 e´ dada por |1/n− 0| = 1/n. Suponha que nos foi dado um nu´mero positivo muito pequeno �0 > 0. Queremos confirmar que 1/n < �0 47 2. LIMITES DE SEQUEˆNCIAS 48 a partir de um certo n, ou seja se n ≥ n� (onde uso a notac¸a˜o n� para destacar que esse n depende do �, quanto menor o � maior o n�). Mas negar o anterior seria dizer: ∀n ∈ N, �0 ≤ 1 n . Mas isso equivale (multiplicando por n �0 > 0): ∀n ∈ N, n ≤ 1 �0 Concluir´ıamos enta˜o que o nu´mero 1 �0 e´ maior que todos os nu´meros naturais, con- tradizendo a hipo´tese. Prova do sentido ⇐: Se existe um nu´mero K ∈ R tal que ∀n ∈ N tenhamos n ≤ K enta˜o ∀n ∈ N ter´ıamos 1 K ≤ 1 n . Logo a sequeˆncia 1 n na˜o se aproxima de 0 mais que 1 K . Contradic¸a˜o. � Observac¸a˜o: E´ poss´ıvel se colocar um Axioma sobre os nu´meros Reais - chamado Axioma de Completamento - que implica a propriedade de N ser ilimitado em R. Para no´s, neste Curso, o fato dos Naturais serem ilimitados e´ tomado como um Axioma. Podemos tambe´m dizer o conteu´do da Afirmac¸a˜o anterior de outro modo: dada uma cerca (−� + 0, 0 + �), se tomamos um n� suficientemente grande, enta˜o ∀n ≥ n� teremos 1/n ∈ (−�+ 0, 0+ �). Ou seja, esperando o tempo suficiente n�, a partir dali a sequeˆncia 1/n na˜o sai mais da gaiola (−�+ 0, 0 + �). Simbolicamente escreveremos lim n→+∞ 1 n = 0,