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DIREITO PENAL CONSTITUCIONAL CRIMES EM ESPÉCIE

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Apresentação ................................................................................................................................ 6 
Aula 1: Crimes contra a Pessoa e a vida ........................................................................................ 7 
Introdução ............................................................................................................................. 7 
Conteúdo ................................................................................................................................ 7 
Vida – Introdução .............................................................................................................. 7 
Conceito de vida ................................................................................................................ 7 
Fins de caracterização do término da vida ................................................................... 8 
Homicídio – Artigo 121 do Código Penal ..................................................................... 8 
Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio – Artigo 122 do Código Penal ..... 12 
Consumação e tentativa ................................................................................................ 13 
Código Penal .................................................................................................................... 13 
Tutela-se a vida extrauterina ......................................................................................... 14 
Infanticídio – Artigo 123 do Código Penal .................................................................. 14 
Questões relevantes ........................................................................................................ 15 
Aborto – Artigo 124 a 128 do Código Penal ............................................................... 16 
Aborto com e sem consentimento da gestante ........................................................ 17 
Abortos Necessário e Humanitário .............................................................................. 19 
Atividade proposta .......................................................................................................... 22 
Aprenda Mais ....................................................................................................................... 26 
Referências........................................................................................................................... 26 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 27 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 33 
Aula 02: Lesões Corporais ........................................................................................................... 35 
 ........................................................................................................................... 35 Introdução
 .............................................................................................................................. 35 Conteúdo
Conceito de integridade física e saúde corporal ....................................................... 35 
Disponibilidade do bem jurídico tutelado .................................................................. 36 
Incidência do principio da insignificância .................................................................. 38 
Conflito aparente de normas e concurso de crimes com demais figuras típicas
 ............................................................................................................................................. 38 
Distinção entre violência doméstica e violência de gênero discriminatório 
contra a mulher ............................................................................................................... 39 
Violência de gênero ........................................................................................................ 40 
Código Penal .................................................................................................................... 40 
Perdão judicial .................................................................................................................. 41 
A representação como condição de procedibilidade da ação penal para o delito 
de lesões corporais leves e culposas ........................................................................... 42 
Violência doméstica contra a mulher.......................................................................... 43 
Atividade proposta .......................................................................................................... 44 
 ....................................................................................................................... 46 Aprenda Mais
........................................................................................................................... 46 Referências
 ......................................................................................................... 47 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 52 
 .................................................................................................. 54 Aula 03: Crimes contra a Honra
 ........................................................................................................................... 54 Introdução
 .............................................................................................................................. 55 Conteúdo
Conceito de honra ........................................................................................................... 55 
Disponibilidade do bem jurídico-penal ....................................................................... 55 
A pessoa jurídica como sujeito passivo dos delitos contra a honra ...................... 56 
Observações a partir da interpretação do disposto .................................................. 57 
Decisão proferida em sede de Recurso Especial ....................................................... 57 
Menores e incapazes como sujeitos passivos dos delitos contra a honra ........... 57 
Ofensas perpetradas no mesmo contexto fático ...................................................... 58 
Semelhanças e dessemelhanças entre os delitos de calúnia, difamação e injúria
 ............................................................................................................................................. 58 
Exceção da verdade nos crimes contra a honra ....................................................... 59 
Conceito ............................................................................................................................ 59 
Consequências ................................................................................................................. 60 
Atividade proposta .......................................................................................................... 64 
 ....................................................................................................................... 66 Aprenda Mais
........................................................................................................................... 66 Referências
 ......................................................................................................... 67 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 72 
. ..................................................................... 74 Aula 04: Furto, Estelionato,Apropriação indébita
 ........................................................................................................................... 74 Introdução
 .............................................................................................................................. 74 Conteúdo
Disposições gerais ........................................................................................................... 74 
Delito de furto: questões relevantes e controvertidas (Artigo 155 do Código 
Penal).................................................................................................................................. 75 
Detectores antifurto ........................................................................................................ 75 
Furto qualificado-privilegiado: admissibilidade ......................................................... 77 
Estelionato (Artigo 171 do Código Penal) .................................................................... 78 
Consumação e tentativa ................................................................................................ 79 
A possibilidade de configuração de efeitos permanentes ao delito de estelionato 
previdenciário ................................................................................................................... 80 
Estelionato previdenciário ............................................................................................. 80 
Fraude para recebimento de indenização de seguro e os delitos de perigo 
comum .............................................................................................................................. 81 
Apropriação indébita e estelionato .............................................................................. 83 
Distinção entre os delitos de furto de energia elétrica e estelionato .................... 83 
Furto mediante fraude e estelionato ........................................................................... 84 
Furto e apropriação indébita ......................................................................................... 84 
Aspectos relevantes aplicáveis aos crimes contra o patrimônio cometidos sem 
violência ou ameaça à pessoa ...................................................................................... 85 
Furto de uso, furto, apropriação indébita e estelionato – forma privilegiada ..... 85 
Escusas absolutórias ....................................................................................................... 86 
Atividade proposta .......................................................................................................... 87 
 ....................................................................................................................... 88 Aprenda Mais
 ......................................................................................................... 89 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 97 
. .................................................................................. 101 Aula 05: Receptação, Roubo e Extorsão
 ......................................................................................................................... 101 Introdução
 ............................................................................................................................ 102 Conteúdo
Roubo - Artigo 157 do Código Penal ......................................................................... 102 
Narrativa .......................................................................................................................... 102 
Interpretação analógica para caracterizar a violência presumida no crime de 
roubo ................................................................................................................................ 103 
O delito de latrocínio .................................................................................................... 106 
Consumação do delito ................................................................................................. 107 
Entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal .................................... 107 
Figuras típicas dos crimes contra o patrimônio ...................................................... 108 
Extorsão - questões relevantes e controvertidas (Artigo 158 do Código Penal)108 
Situações de natureza prática ..................................................................................... 110 
Distinção entre o delito de extorsão e os demais delitos contra o patrimônio 111 
Extorsão mediante sequestro - questões relevantes e controvertidas (Artigo 159 
do Código Penal) ........................................................................................................... 112 
Atividade proposta ........................................................................................................ 113 
 ..................................................................................................................... 116 Aprenda Mais
......................................................................................................................... 116 Referências
 ....................................................................................................... 117 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 122 
 ................................................................................. 124 Aula 6: Crimes contra a Dignidade Sexual
 ......................................................................................................................... 124 Introdução
 ............................................................................................................................ 125 Conteúdo
Dignidade Sexual ........................................................................................................... 125 
Estupro ............................................................................................................................. 125 
A classificação do estupro ........................................................................................... 126 
Crime único .................................................................................................................... 127 
Análise do grau de resistência da vítima ................................................................... 128 
A Lei nº 12.015 ................................................................................................................ 129 
Ação Penal nos Crimes contra a Dignidade Sexual ................................................ 129 
Os delitos contra vulnerável ........................................................................................ 130 
Questões relevantes ...................................................................................................... 130 
Corrupção de menores - Artigo 218, do CP ............................................................. 133 
Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou adolescente ................ 134 
Exploração sexual de criança ou adolescente ......................................................... 134 
Figuras previstas nos Artigos 218; 218-A e 218-B .................................................... 136 
Atividade proposta ........................................................................................................ 136 
 ..................................................................................................................... 138 Aprenda Mais
.........................................................................................................................138 Referências
 ....................................................................................................... 138 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 144 
 ............................................................................... 145 Aula 7: Crimes contra a Paz e a fé públicas
 ......................................................................................................................... 145 Introdução
 ............................................................................................................................ 146 Conteúdo
Delitos contra a paz pública ........................................................................................ 146 
Associação criminosa ................................................................................................... 146 
Organização criminosa................................................................................................. 148 
Constituição de milícia privada – Artigo 288-A do Código Penal ....................... 149 
Constituição de milícia privada ................................................................................... 150 
Delitos contra a fé pública ........................................................................................... 150 
Falsificação de documento .......................................................................................... 151 
Tipos de falsificação de documento .......................................................................... 153 
Tipos de falsificação de documento: moeda falsa .................................................. 155 
Atividade proposta ........................................................................................................ 156 
 ..................................................................................................................... 157 Aprenda Mais
......................................................................................................................... 158 Referências
 ....................................................................................................... 158 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 163 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 163 
 ........................................................................ 165 Aula 8: Crimes contra a Administração Pública
 ......................................................................................................................... 165 Introdução
 ............................................................................................................................ 166 Conteúdo
Definição de Administração Pública .......................................................................... 166 
Conceito de funcionário público ................................................................................ 166 
Crimes praticados por funcionário público contra a Administração Pública .... 167 
Tipo penal de ação múltipla ou tipo misto alternativo .......................................... 170 
Princípios da intervenção mínima e adequação social .......................................... 170 
Dos crimes praticados por particular contra a administração pública ............... 171 
Prática do delito de resistência em seguida ao delito de roubo .......................... 172 
O delito como verdadeiro estelionato perpetrado contra a Administração 
Pública.............................................................................................................................. 174 
Conceito de contrabando e descaminho ................................................................. 176 
Súmula nº 151, do Superior Tribunal de Justiça ...................................................... 176 
Atividade proposta ........................................................................................................ 177 
 ..................................................................................................................... 178 Aprenda Mais
......................................................................................................................... 178 Referências
 ....................................................................................................... 178 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 183 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 183 
Nesta disciplina, faremos um estudo crítico das principais figuras típicas, a partir 
da relevância do bem jurídico tutelado, de forma a adequá-las aos princípios 
norteadores, limitadores e garantidores do Direito Penal. 
Em seguida, provocaremos o raciocínio crítico-jurídico referente à Parte Geral 
do Direito Penal, das Teorias da Sanção Penal e de seus reflexos no estudo dos 
crimes em espécie, sempre pautado na filtragem constitucional. 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
1. Compreender a relevância do estudo integrado entre as Teorias do Delito, da
Sanção Penal e os Crimes em Espécie; 
2. Compreender a relação entre o instrumental, teórico e prático por meio da
exposição, de um contexto pedagógico e de suas experiências profissionais; 
3. Compreender as medidas de Política Criminal adotadas para fins de seleção
dos bens jurídicos, a tipificação das condutas e aplicação de sanção penal para 
fins de legitimação do Controle Social. 
Introdução 
Inicialmente, será feita a análise do bem jurídico vida, seja ela intrauterina ou 
extrauterina, seus respectivos termos iniciais e finais para fins de tutela penal e 
respectiva tipificação. 
Posteriormente, será feito um estudo dos crimes contra a vida: homicídio, 
induzimento, instalação ou auxílio ao suicídio, infanticídio e as modalidades de 
aborto. 
Objetivo: 
1. Estudo das figuras típicas dos crimes de homicídio e induzimento, instigação
ou auxílio ao suicídio; 
2. Estudo das figuras típicas dos crimes de infanticídio e aborto.
Conteúdo 
Vida – Introdução 
Em um primeiro momento, é necessária a delimitação do conceito de “vida 
humana” para o Direito Penal, bem como a distinção entre vida intrauterina e 
extrauterina, e seus termos inicial e final. 
Dessa forma, em consonância com a adoção de um Direito Penal 
Constitucional, imperioso o reconhecimento de que o bem jurídico-penal vida 
deva abranger não só aspectos biológicos (naturais), como também 
normativos, de modo a partirmos da premissa que, em regra, o bem jurídico 
tutelado é indisponível, sendo irrelevante o consentimento da vítima. 
Conceito de vida 
No que concerne ao termo inicial da vida humana, para fins penais, não 
obstante a questão seja extremante controvertida, o melhor entendimento é no 
sentido da adoção da teoria conceptualista, segundo a qual o início da vida 
intrauterina ocorre com a nidação, ou seja, no momento em que o óvulo 
fecundado é fixado no útero materno. Nesse sentido, Luiz Regis Prado afirma 
que “a gestação tem início com a implantação do óvulo fecundado no 
endométrio”. (PRADO, 2010, p. 86). 
Assim, poderemos diferenciar os delitos contra a vida a partir da distinção entre 
eliminação da vida intra ou extrauterina. No que concerne à eliminação da vida 
intrauterina, tipificada pelo abortamento criminoso, este poderá ser praticado 
pelo agente desdeo momento da concepção (nidação) até o instante anterior 
ao início do parto, conforme se depreende da interpretação do disposto no 
artigo 123, do Código Penal, que faz expressa menção de que a mãe atuaria 
durante o parto ou logo após. 
Fins de caracterização do término da vida 
Por outro lado, para fins de caracterização do término da vida extrauterina, o 
critério a ser adotado encontra-se previsto no Artigo 3º, da Lei nº 9434/1997, 
que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para 
fins de transplante e tratamento. 
O término da vida extrauterina se confirma com a morte encefálica, que ocorre 
com a “parada das funções neurológicas segundo os critérios da inconsciência 
profunda sem reação a estímulos dolorosos, ausência de respiração 
espontânea, pupilas rígidas, pronunciada hipotermia espontânea e abolição de 
reflexos”. (Dicionário Médico Blakiston apud CAPEZ, Fernando. Curso de 
Direito Penal. v. 2. 10. ed. p. 36). 
Homicídio – Artigo 121 do Código Penal 
Disposições gerais - O delito de homicídio caracteriza-se pela eliminação da 
vida extrauterina. Por se tratar de um delito material com a admissibilidade da 
tentativa, a consumação ocorre com a ocorrência do resultado naturalístico. 
Trata-se ainda de um crime instantâneo de efeitos permanentes. 
Homicídio Privilegiado – previsto no §1º do Artigo 121: Uma vez 
reconhecido o privilégio, a doutrina é unânime em estabelecer que se trata de 
direito subjetivo do réu a diminuição de pena. Por motivo de relevante valor 
social, pode-se entender aquilo que venha a atender os interesses da 
coletividade, como, por exemplo, o caso clássico apresentado na Exposição de 
Motivos da Parte Especial do Código Penal, item nº 39, que seria a morte de 
um traidor da pátria. Motivo de relevante valor moral seria aquele que levasse 
em conta os interesses do agente, como o caso do homicídio eutanásico ou de 
um pai que mata o estuprador da filha. A segunda parte do Artigo. 121, §1º 
apresenta a hipótese de o agente estar totalmente influenciado pela emoção, 
aliado a praticamente um ato reflexo à provocação da vítima. 
Homicídio Qualificado – previsto no §2º do Artigo 121: Ainda de acordo 
com a Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal, item nº 38, in 
verbis: 
“As circunstâncias qualificativas estão enumeradas no § 2º do Artigo 121. Umas 
dizem com a intensidade do dolo, outras com o modo de ação ou com a 
natureza dos meios empregados; mas todas são especialmente destacadas pelo 
seu valor sintomático: são circunstâncias reveladoras de maior periculosidade 
ou extraordinário grau de perversidade do agente (...)”. 
Abaixo você conhecerá mais informações sobre o homicídio qualificado. 
O homicídio qualificado e a incidência dos institutos repressores da 
Lei n. 8072/1990 – Lei de Crimes Hediondos. 
Consoante expressa previsão legal, art.1º, da Lei n. 8072/1990, o delito de 
“homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 
121, § 2o, I, II, III, IV, V, VI e VII; §2º-A, CP)” é considerado hediondo, 
consumado ou tentado, de modo a incidirem todos os institutos repressores da 
Lei de Crimes Hediondos aos condenados pelo respectivo delito. 
Concurso de pessoas e incomunicabilidade das circunstâncias de 
caráter pessoal. 
Conforme dispõe o art.30, do Código Penal, no caso de concurso de pessoas as 
circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam. Desta forma, para que 
possamos analisar a comunicabilidade ou não, seja do privilégio, seja das 
qualificadoras, imperioso identificar a espécie de circunstância. No que 
concerne ao privilégio, este se caracteriza como motivo determinante do crime, 
logo circunstância de caráter pessoal, incomunicável. 
Em relação às qualificadoras, pode-se dizer que se subdividem em: motivos 
qualificadores determinantes, meios e modos de execução qualificadores. No 
que concerne aos primeiros, não há que se falar em comunicabilidade no caso 
de concurso de pessoas. 
Por outro lado, no caso de qualificadoras de natureza objetiva, ou seja, afetas 
aos meios e modos de execução do delito, caso o agente que concorra para o 
delito tenha conhecimento destas é plenamente possível a sua 
comunicabilidade. 
Concurso entre o homicídio privilegiado e qualificado e a 
caracterização da hediondez: O ponto nodal da questão versa sobre a 
possibilidade da incidência simultânea do privilégio, causa especial de 
diminuição de pena e a qualificadora no delito de homicídio. O entendimento 
doutrinário e jurisprudencial dominante é no sentido da possibilidade, desde 
que a qualificadora seja de natureza objetiva, como, por exemplo, os meios e 
modos de execução (art. 121,§2°, III, CP). 
Quanto a incidência ou não, no delito de homicídio qualificado-privilegiado, dos 
institutos repressores da Lei n.8072/1990 – Lei de Crimes Hediondos, 
prevaleceu o entendimento pela inaplicabilidade dos institutos repressores da 
Lei de Crimes Hediondos ao delito de homicídio qualificado-privilegiado, 
manifestou-se o Superior Tribunal de Justiça, ao utilizar a técnica de auto 
integração legislativa - analogia, de modo a aplicar a norma contida no art. 67, 
do Código Penal, segundo a qual devem preponderar os motivos determinantes 
do crime (privilégio), de modo a afastar a incidência da Lei de Crimes 
Hediondos. 
O delito de homicídio culposo e a natureza jurídica da sentença 
concessiva do perdão judicial – prevista no §5º do Artigo 121: O 
perdão judicial, causa extintiva de punibilidade prevista no Artigo 107, IX, do 
Código Penal, configura-se como direito público subjetivo do réu de caráter 
unilateral, no qual o Estado-juiz deixa de aplicar a pena em circunstâncias 
expressamente previstas em lei, como, por exemplo, nos casos de homicídio e 
lesões corporais culposas (Artigo 121, §5º e Artigo 129, §8º, ambos do Código 
Penal). 
Atenção 
Nos casos de homicídio culposo, aplica-se o perdão judicial 
quando, face ao sofrimento infligido ao agente, a sanção penal 
estatal tornar-se desnecessária. O STJ sumulou, através do 
verbete da Súmula nº 18, no sentido de que a sentença 
concessiva do perdão judicial configura decisão declaratória de 
extinção de punibilidade, não gerando qualquer consequência 
para o réu. Esse é o entendimento sumulado pelo verbete de 
Súmula nº 18 do Superior Tribunal de Justiça em consonância 
com o disposto no Artigo 120 do Código Penal. 
Ainda no que concerne ao instituto do perdão judicial, questiona-
se a possibilidade de sua incidência nos delitos de homicídio e 
lesão corporal culposos previstos no Código de Trânsito. Nesses 
casos, o entendimento predominante tem sido no sentido da 
admissibilidade da aplicação da causa de extinção de 
punibilidade. 
Causa de aumento de pena – trazida pela Lei nº 12.720/2012: 
Historicamente falando, na época do Império, os portugueses entendiam como 
“milícia” as tropas que exerciam uma reserva auxiliar ao Exército, uma espécie 
de tropa de segunda linha. Pelo fato de a polícia militar, por muito tempo, ser 
considerada uma tropa reserva do exército, utilizou-se, então, a palavra 
“milícia” para ser feita referência à polícia militar. A lei faz menção às milícias 
privadas, que inicialmente eram formadas por policiais e ex-policiais que tinham 
por objetivo proteger comunidades localizadas em certas regiões e que 
cobravam valores individuais para remunerar serviços por eles prestados. Pelo 
fato de estarem armados, eram comuns os confrontos com pequenos 
criminosos e traficantes. A referida lei trouxe ao crime do homicídio uma 
novatio legis in pejus, ao introduzir uma causa de aumentode pena ao 
homicídio quando este for praticado por milícia privada quando esta estiver sob 
o pretexto de praticar segurança privada. A referida causa de aumento também
é aplicável para os casos de o homicídio ser cometido por grupo de extermínio. 
Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio – Artigo 122 do 
Código Penal 
A autolesão e o sistema jurídico-penal vigente 
A conduta sancionada é atribuída ao terceiro, que induz, instiga ou auxilia 
alguém a suicidar-se, pois, a partir da interpretação do Princípio da Alteridade, 
a Legislação Penal pátria não sanciona a conduta de destruir a própria vida por 
questões de Política Criminal. 
Segundo Nélson Hungria apud Fernando Capez, são duas as razões de Política 
Criminal: 
• Caráter repressivo da sanção penal (não pode recair sobre um cadáver);
• Caráter preventivo da sanção penal (a ameaça da pena queda-se inútil ante
aquele indivíduo que nem sequer teme a morte). 
 
 
Consumação e tentativa 
No que concerne ao momento consumativo e possibilidade de caracterização da 
tentativa, a questão resta controvertida, ensejando dois entendimentos. O 
primeiro entendimento é no sentido de que, por ser um delito instantâneo e de 
mera conduta, os resultados lesão grave e morte são apenas condições de 
punibilidade. 
 
Nesse caso, seria correto afirmar que o delito se consuma com o mero 
induzimento, instigação ou auxílio. (PRADO, 2010, p. 70). O segundo 
entendimento é no sentido de que se trata de um delito material e, por isto, os 
resultados lesão grave e morte são elementares do tipo. Dessa forma, a 
consumação exige a ocorrência de tais resultados. Caso contrário, a conduta 
será atípica. (Fernando Capez. Op. Cit. p. 127). 
 
Código Penal 
Vale lembrar que, seja qual for o entendimento adotado, a tentativa é 
inadmissível. 
 
A figura majorada prevista no parágrafo único, inciso II do Artigo 122 
do Código Penal e o alcance da expressão “menoridade da vítima”. 
 
O dispositivo legal mencionar a menoridade da vítima, na verdade, refere-se ao 
menor de 21 e maior de 14 anos, pois, segundo melhor entendimento, face à 
interpretação extensiva do disposto no Artigo 217-A do Código Penal, o menor 
de 14 anos, considerado vulnerável pelo ordenamento jurídico pátrio, a 
princípio, não teria capacidade de discernimento para fins de ser instigado, 
induzido ou auxiliado a praticar seu suicídio, razão pela qual, nestes casos, a 
conduta de terceiro caracterizar-se-ia o delito de homicídio. 
 
 
 
 
 
Pacto de Morte 
O pacto de morte, também denominado ambicídio, caracteriza-se pelo acordo 
realizado entre duas pessoas com vistas à eliminação simultânea de suas vidas. 
A questão deve ser analisada com cuidado a fim de diferenciar a conduta 
descrita no Artigo 122 do Código Penal com o delito de homicídio, pois, o 
acordado no pacto de morte é a morte conjunta, logo, caso um dos agentes 
venha a praticar conduta correspondente a ato executório do homicídio de 
outrem, terá sua conduta como incursa neste delito. 
 
Tutela-se a vida extrauterina 
Mais uma vez, nesse caso, tutela-se a vida extrauterina, a qual será eliminada 
pela própria mãe do neonato durante ou logo após o parto, desde que ela 
esteja sob a influência do estado puerperal. Por tratar-se de crime material, 
consuma-se com a morte do nascituro, sendo admissível a tentativa, haja vista 
tratar-se de crime plurissubsistente. 
 
Infanticídio – Artigo 123 do Código Penal 
Natureza jurídica do estado puerperal - O estado puerperal configura 
elementar do tipo penal e, sendo um critério fisiopsíquico, deve ser aferido 
mediante laudo pericial com vistas à atenuação da culpabilidade. 
 
Para Guilherme de Souza Nucci, o estado puerperal “é o estado que envolve a 
parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno (...) sendo uma 
hipótese de semi-imputabilidade que foi tratada pelo legislador (...) sendo o 
puerpério o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às 
condições pré-gravidez”. (NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal 
Comentado, 9. ed. p. 612). 
 
Vale lembrar que, se for retirada total ou parcialmente a capacidade de 
entendimento ou de autodeterminação da parturiente em decorrência do grau 
de desequilíbrio fisiopsíquico, aplicar-se-ão as disposições do Artigo 26, caput, 
 
 
ou parágrafo único do CP. (CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal. Parte 
Especial. 2. ed. p. 38). 
 
 
Atenção 
 Você sabe o que é lapso temporal? Veja: 
Para Genival Veloso de França, puerpério, sobreparto ou pós-
parto é “o espaço de tempo variável que vai do desprendimento 
da placenta até a involução total do organismo materno às suas 
condições anteriores ao processo gestacional. Dura, em média, 
seis a oito semanas. Seu diagnóstico é muito importante nas 
questões médico-legais ligadas a sonegação, simulação e 
dissimulação do parto e da subtração de recém-nascidos, 
principalmente nos casos em que se discute a hipótese de aborto 
ou de infanticídio, ou ainda de parto próprio ou alheio”. 
(FRANÇA, 2001. p. 225). 
 
Questões relevantes 
Concurso de pessoas no delito de infanticídio: possibilidade e 
comunicabilidade do estado puerperal 
Para fins de esclarecimentos sobre o tema, analisemos a seguinte narrativa e 
consectários: 
 
Narrativa: Mãe que mata o próprio filho sob a influência do estado puerperal, 
e a possibilidade da interferência de conduta de terceiro. (Luiz Regis Prado) 
 
Hipótese 1 
Mãe e terceiro realizam o núcleo do tipo. Ambos respondem pelo delito de 
infanticídio por força do Artigo 29, CP. 
 
 
 
 
Hipótese 2 
Mãe mata o nascente e é ajudada pelo terceiro; ambos respondem pelo delito 
de infanticídio por força do Artigo 30, CP. Ele, entretanto, na condição de 
partícipe. 
 
Hipótese 3 
O terceiro mata a criança com a participação da mãe. Nesse caso, há a quebra 
da teoria unitária do concurso de pessoas, sendo o terceiro responsabilizado 
pelo delito de homicídio, e a mãe, infanticídio, por força do disposto no Artigo 
67 do Código Penal. 
Aborto – Artigo 124 a 128 do Código Penal 
Considera-se aborto a eliminação dolosa da vida intrauterina, seja por meio da 
expulsão do útero materno, seja por meio da interrupção dolosa da gravidez, 
levada a termo por terceiro – gestante (Artigo 124 do Código Penal) ou terceiro 
(Artigos 125 e 126 do Código Penal). É irrelevante para a caracterização do 
delito de aborto o estágio de desenvolvimento da gestação, bem como a 
capacidade de vida independente. Por se tratar de delito material, consuma-se 
com a morte do produto da concepção, sendo irrelevante que ela ocorra dentro 
ou fora do útero materno. 
 
A doutrina classifica as espécies de aborto para fins de tipificação das condutas 
ou para o reconhecimento de condutas atípicas e justificadas, ou seja, 
acobertadas por causas excludentes de ilicitude. 
 
Acerca do tema, cabe apresentar algumas das espécies elencadas por Rogério 
Sanches Cunha: 
a) Natural: geralmente ocorre por problemas de saúde da gestante – 
irrelevante penal (atípico). 
b) Acidental: decorrente de quedas, traumatismos e acidentes – em regra, 
atípico. 
c) Criminoso: previsto nos Artigos 124 a 127 do Código Penal. 
d) Legal ou permitido: previsto no Artigo 128 do Código Penal. 
 
 
Aborto com e sem consentimento da gestante 
Autoaborto 
É possível a prática das condutas do autoaborto pela própria gestante ou do 
consentimento desta para que terceiro o pratique. 
 
Na primeira modalidade, estamos diante de um delito de mão própria, ou seja, 
que exige, para a sua prática, a pessoalidade do sujeito ativo.Logo, não será 
admissível, no caso de concurso de pessoas, a coautoria, mas, somente, a 
participação. 
 
Na segunda modalidade, aborto consentido, o legislador optou pelo 
rompimento com a teoria unitária do concurso de pessoas, sendo a conduta da 
gestante tipificada no Artigo 124, CP, e a do terceiro, no Artigo 126, CP. 
 
Conheça abaixo as questões controvertidas sobre cada situação: 
Questão controvertida: Validade do Consentimento e capacidade para 
consentir. A menor de 18 anos pode consentir para a prática do aborto e, 
portanto ser a conduta do terceiro que praticar o aborto tipificado no art. 126, 
Código Penal. Entretanto, se a gestante for menor de 14 anos, consoante o 
disposto no art. 126, parágrafo único, Código Penal, o terceiro será 
responsabilizado pelo delito de aborto provocado por terceiro sem o 
consentimento da gestante. 
 
Questão controvertida: No caso da conduta do auto aborto, com a 
participação de terceiro, no qual resulte lesões corporais graves ou a morte da 
gestante, qual será a responsabilização penal do partícipe? O melhor 
entendimento é no sentido de que o terceiro será responsabilizado pela 
participação na figura típica do art. 124, Código Penal em concurso formal 
perfeito com a modalidade culposa afeta aos resultados mais gravosos – 
art.121, §3º ou art. 129, §6º c.c art. 124 n.f art. 70, 1ª parte, todos do Código 
Penal, uma vez que o art. 127 do Código Penal é aplicável somente aos artigos 
125 e 126 do mesmo diploma legal. 
 
 
Questão controvertida: gestante que tente se suicidar sem, contudo, lograr 
êxito nesta empreitada. Neste caso, sua conduta será incursa na figura típica do 
delito de aborto na modalidade tentada ou consumada, haja vista a lesão ao 
bem jurídico vida intrauterina e, consequente reconhecimento de que o feto é o 
sujeito passivo do referido delito. 
 
Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante – 
Artigo 126 do CP 
Como dito anteriormente, nessa figura típica, há o rompimento com a teoria 
unitária do concurso de pessoas no que concerne à conduta da gestante que 
consente com a prática do aborto, sendo sua conduta tipificada como incursa 
no Artigo 124, CP. Por configurar crime comum (pode ser praticado por 
qualquer pessoa), admite a ocorrência de concurso de pessoas em quaisquer 
de suas modalidades (coautoria ou participação). 
 
Cabe lembrar ainda que a gestante poderá desistir da conduta mesmo após o 
início dos atos executórios (durante a operação), desde que antes da 
interrupção da gravidez, caso em que será o terceiro responsabilizado, caso 
prossiga com a conduta, pelo crime do Artigo 125. 
 
Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante 
Nessa figura típica, a gestante e o produto da concepção (óvulo, embrião ou 
feto) são sujeitos passivos da conduta praticada por terceiro. Questão de suma 
importância é a compreensão acerca da ausência de consentimento da 
gestante, podendo ser o dissenso real (nos casos de emprego de fraude, grave 
ameaça ou violência contra a gestante) ou presumido (nos mesmos moldes da 
caracterização da “vulnerabilidade” da vítima prevista no Artigo 217-A do CP – 
se a gestante não é maior de quatorze anos). 
 
Caso terceiro mate a gestante ciente da gravidez, será juridicamente 
responsabilizado pelos dois resultados – homicídio e aborto sem o 
 
 
consentimento da gestante, em concurso formal imperfeito de crimes (Artigo 
121 c.c. Artigo 125 n.f Artigo 70, parte final, todos do Código Penal). 
 
Aborto qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave ou 
morte 
A figura majorada prevista no Artigo 127, Código Penal, configura-se como 
figura preterdolosa e, somente, é aplicável às figuras típicas previstas nos 
Artigo 125 e 126, Código Penal, ou seja, ao terceiro que pratica o aborto e não 
à gestante, no caso de lesões corporais de natureza grave por questões de 
política criminal, haja vista o ordenamento jurídico não sancionar, em regra, a 
autolesão (princípio da alteridade). 
 
Se em virtude dos meios empregados para provocar o aborto não houver a 
morte do feto, embora ocorra a lesão de natureza grave ou a morte da 
gestante, o melhor entendimento é no sentido de aplicar-se a figura majorada 
consumada, pois por ser delito preterdoloso, não há que se falar em tentativa 
(PRADO, Luiz Regis. Op. cit, p 92). 
 
Abortos Necessário e Humanitário 
O Artigo 128, do Código Penal apresenta causas especiais de exclusão de 
ilicitude e compreende os denominados aborto necessário e aborto humanitário. 
Possui por fundamento o disposto no item n. 41, da Exposição de Motivos da 
Parte Especial do Código Penal. 
 
Aborto Legal 
Aborto Necessário ou terapêutico: Neste caso, face à ponderação de 
interesses, o melhor entendimento é no sentido de que não há a exigência do 
consentimento da gestante e tampouco a autorização judicial para a prática do 
aborto. Cabe salientar que é aplicável à junta médica, no caso de erro de 
diagnóstico a descriminante putativa prevista no Artigo 20,§1º, CP (CAPEZ, 
Fernando. Curso de Direito Penal. v.2. 10 ed. São Paulo: Saraiva, pp 159). 
 
 
 
São requisitos para a sua realização que o aborto seja praticado por médico, 
que haja perigo para a vida da gestante e que não seja possível a outro meio 
para salvá-la. 
 
 
Atenção 
 Necessidade de autorização judicial para sua realização. 
Acerca da discussão sobre cabe transcrever breve trecho de 
decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio 
Grande do Sul: 
 
Por outro lado, destaco que quando se trata de aborto 
necessário (Artigo 128, inc. I – “se não há outro meio de salvar a 
vida da gestante”), conforme leciona E. Magalhães Noronha 
(DIREITO PENAL, 2º vol., 9ª edição. fls. 61). “É ao médico que 
cabe a enorme responsabilidade de dizer se deve ou não 
sacrificar a spes personae. A ele incumbe pronunciar-se acerca 
da necessidade e do momento da intervenção.”. Resulta, daí, 
que se, no caso concreto, houver necessidade de intervenção 
imediata, deverá o médico responsável tomar tal decisão, sequer 
necessitando de autorização judicial. (Apelação Crime n. 
70026698019, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do 
RS, Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa, Julgado em 
16/10/2008). 
 
Aborto Humanitário, ético ou sentimental: Esta norma permissiva tem por 
escopo o “reconhecimento claro do direito da mulher a uma maternidade 
consciente” (Jimenez de Asúa apud Luiz Regis Prado, op.cit., p 95). Ainda é 
possível falar-se no direito ao afeto, bem como “nada justifica que se obrigue a 
mulher a aceitar uma maternidade odiosa, que dê vida a um ser que lhe 
recordará, perpetuamente, o horrível episódio da violência sofrida” (HUNGRIA, 
Nelson apud CUNHA, Rogério Sanches, op. cit. p 43). 
 
 
 
Atenção 
 Neste caso é indispensável o consentimento da gestante ou de 
seu representante legal. Por outro lado, não é necessária a 
autorização judicial ou a existência de uma sentença 
condenatória pelo delito contra a dignidade sexual, cabendo ao 
médico, por questões de cautela, verificar a existência de 
certidões ou cópias de boletins de ocorrências policiais, 
testemunhos colhidos perante a autoridade policial ou, na 
ausência destes, de atestado médico ou prontuário de 
atendimento médico afeto às lesões decorrentes da conjunção 
carnal ou da prática de ato libidinoso forçada. 
 
Entre o aborto legal, há a questão do aborto de feto anencéfalo. 
 
Foi de fundamental importância a manifestação o STF no julgamento da APPF 
n.º 54 no sentido de autorizar a interrupção da gestação no caso de aborto de 
fetos anencéfalos,de forma que esses casos venham a ser resolvidos de uma 
maneira mais rápida e eficiente. 
 
O ponto principal do estudo enfrentado é que existe vida no feto anencefálico. 
Essa conclusão torna-se clara baseada no fato de que o anencéfalo possui 
apenas uma parte do encéfalo comprometida pela doença, e não todo ele, 
como sugere o nome anencefalia. No entanto, não há viabilidade de vida fora 
do útero. 
 
A melhor justificativa para que se permita o aborto de fetos portadores de 
anencefalia está na Constituição da República, uma vez que estamos diante de 
um conflito de direitos fundamentais. De um lado, a dignidade humana da mãe 
e do outro o direito à vida do feto. O direito à vida, como já foi mencionado, é 
um direito fundamental constante no rol das cláusulas pétreas, as quais não 
podem ser modificadas. Como há vida intrauterina, ela está a salvo desde o 
 
 
momento da concepção. A dignidade humana da genitora também está 
igualmente amparada legalmente, já que o Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana é um dos fundamentos da Constituição, não podendo ser afastada em 
hipótese alguma. 
 
Sabe-se que não há direitos absolutos e por isso não há motivo para se falar 
que o direito à vida está acima de todos os outros, visto que a própria 
Constituição Federal permite a pena de morte em casos de guerra declarada. 
Dessa forma, em casos de conflitos com os demais direitos, deve-se dar ênfase, 
e portanto, maior privilégio àquele que menos se distancie da dignidade de uma 
pessoa. 
 
Ao se aplicar esse raciocínio ao tema em questão, temos por um lado a vida do 
feto anencéfalo que apesar de se encontrar vivo no útero materno, ao nascer, 
poderá viver apenas por alguns momentos, já que sua vida é inviável. De outro 
lado, uma mulher que sempre sonhou em ser mãe e tem a sua vida 
transformada em um pesadelo após o diagnóstico de tão grave doença, e que a 
espera do parto é uma verdadeira tortura. A mulher grávida que participará 
intensamente daquela dor, não estará correndo risco de vida. No entanto, o 
sofrimento daqueles meses de gestação serão comparados à morte. 
 
Assim, com base no fundamento da Constituição Federal Brasileira constante no 
art.1o, inciso III, que é o direito de todas as pessoas terem uma vida digna, 
não há motivos para que se proíba o aborto de fetos anencéfalos, sob pena de 
se colocar sob suspeita a constitucionalidade do ordenamento em situações 
como essas. 
 
Atividade proposta 
Adamastor Vale foi condenado como incurso nas sanções do Artigo 121,§2º, 
inciso IV, do Código Penal por ter matado Anatalino da Silva, utilizando de 
recurso que impossibilitou a defesa da vítima, desferindo pauladas no ofendido, 
 
 
causando-lhe as lesões descritas no auto de necropsia de fls. 19 do Inquérito 
Policial, que foram a causa de sua morte. 
Na ocasião, o denunciado utilizando-se de um pedaço de madeira, uma “trama” 
para cerca, desferiu pauladas na vítima, quando esta tentava se retirar do pátio 
da residência do acusado. 
 
Por outro lado, não se pode deixar de registrar que, momentos antes do fato, a 
vítima estaria embriagada no pátio da casa do réu, proferindo diversas ofensas 
verbais a ele e sua cunhada, além de tentar invadir sua residência e agredi-los 
fisicamente, razão pela qual, Adamastor Vale interpôs recurso de apelação com 
vistas ao reconhecimento da nulidade da decisão proferida pelo Tribunal do Júri 
por não ter sido formulado quesito relativo à forma privilegiada do delito, 
consoante entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal (Verbete de 
Súmula n.162). 
 
Sucessivamente, argüiu o reconhecimento da causa de diminuição de pena 
(privilégio) e, consequente, afastamento da hediondez do delito. A partir da 
premissa que a tese relativa à forma privilegiada do ilícito não foi ventilada pela 
defesa técnica em nenhum momento processual, nem mesmo no julgamento 
em plenário, ocasião em que propugnou apenas pelo afastamento da 
qualificadora e pela absolvição, resta improcedente o pedido de nulidade da 
decisão. Desta forma, com base nos estudos realizados sobre a teoria da pena, 
o delito de homicídio e a incidência dos institutos repressores da lei de crimes 
hediondos (Lei nº 8072/1990), responda de forma objetiva e fundamentada se 
os pedidos sucessivos serão julgados procedentes. 
 
Chave de resposta: A questão versa sobre a possibilidade da incidência 
simultânea do privilégio, causa especial de diminuição de pena e a qualificadora 
no delito de homicídio. O entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante 
é no sentido da possibilidade, desde que a qualificadora seja de natureza 
objetiva, como, por exemplo, os meios e modos de execução. No caso em 
exame é perfeitamente possível que o homicídio seja qualificado pelo meio 
 
 
utilizado para a prática do delito (recurso que impossibilitou a defesa da vítima, 
já que as “pauladas” foram desferidas pelas costas, tornando impossível a 
defesa do ofendido) - Artigo 121,§2°, IV CP e privilegiado pelo domínio da 
violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima - Artigo 
121,§1°, CP. 
 
Veja abaixo uma análise deste caso, vide entendimento do Tribunal de Justiça 
do Rio Grande do Sul. 
 
A questão é controvertida e demanda análise cuidadosa, haja vista a previsão 
expressa contida no art. 1°, I da lei n. 8072/1990 de que considera-se 
hediondo o homicídio qualificado. Sobre o tema, manifesta-se Cezar Roberto 
Bitencourt (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. v.2. 11. ed 
São Paulo: Saraiva, 2011, p. 76), ao citar entendimento do Supremo Tribunal 
Federal, no sentido de que, por analogia, aplicar-se-ia a norma contida no art. 
67 CP, segundo a qual devem preponderar os motivos determinantes do crime 
(privilégio), o que afastaria a incidência da lei de crimes hediondos. O mesmo 
raciocínio é utilizado por Fernando Capez ao tratar dos delitos hediondos 
(CAPEZ, Curso de Direito Penal. v.4. 5.ed.São Paulo: Saraiva, 2010 , p. 203-
204). 
 
Neste sentido vide entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
Ementa: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. COMUTAÇÃO. HOMICÍDIO 
QUALIFICADO PRIVILEGIADO. LEI Nº 8.072/90 E DECRETO Nº 7.420/10. 
Homicídio qualificado privilegiado não integra o rol dos crimes hediondos. 
AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. (Agravo Nº 70047561998, Primeira Câmara 
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, 
Julgado em 25/04/2012). 
 
Ementa. AGRAVO EM EXECUÇÃO. LIVRAMENTO CONDICIONAL. HOMICÍDIO 
QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. AFASTADA A HEDIONDEZ DO DELITO. FRAÇÃO 
DE 1/3. PROVIMENTO. A privilegiadora do § 1º do artigo 212 do Código Penal 
 
 
afasta a hediondez do homicídio qualificado praticado pelo agravante. 
Precedentes deste Tribunal. Afastada a hediondez do delito pelo qual o réu foi 
condenado e cumpre pena, exigível, para fins de livramento condicional, o 
cumprimento de apenas 1/3 da pena, fração essa que foi obtida no dia 
19/07/2010, conforme expediente da folha 14. Agravo provido. (Agravo Nº 
70037560885, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
Marco Antônio Ribeiro de Oliveira, Julgado em 15/09/2010). 
 
No que concerne ao entendimento dos Tribunais Superiores acerca da 
possibilidade do homicídio ser concomitantemente qualificado e privilegiado, o 
Superior Tribunal de Justiça tem se manifestado no seguinte sentido: 
 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO 
QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. COMPATIBILIDADE ENTRE QUALIFICADORA 
INSERTA NO ART. 121, § 2º, INCISO IV COM A FORMA PRIVILEGIADA. 
POSSIBILIDADE.I - Não há incompatibilidade, em tese, nacoexistência de 
qualificadora objetiva (v.g. § 2º, inciso IV) com a forma privilegiada do 
homicídio, ainda que seja a referente à violenta emoção. (Precedentes desta 
Corte e do Pretório Excelso).II - Assim, a resposta afirmativa ao quesito 
atinente a forma privilegiada do crime de homicídio não implica a 
prejudicialidade do quesito que indagaria aos jurados acerca da qualificadora 
inserta no art. 121, § 2º, inciso IV do CP (recurso que dificultou a defesa da 
vítima). Recurso especial provido. (STJ - Recurso Especial 922932/SP, Quinta 
Turma, Rel.Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprenda Mais 
 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre Crimes contra a pessoa e contra a vida, 
acesse e leia os textos indicados. 
• Acesse a Biblioteca Virtual da sua disciplina e leia o artigo 
sobre o tema “A interrupção da gravidez de feto 
anencéfalo segundo o entendimento do Supremo Tribunal 
Federal – ADPF n. 54”. 
• Acesse a Biblioteca Virtual da sua disciplina e leia as 
decisões proferidas pelos Tribunais Estaduais e Superiores 
sobre o tema desta aula. 
 “EUTANASIA Y DERECHOS FUNDAMENTALES” Recensión 
del libro de Fernando Rey Martinez escrito por Mercedes 
Alonso Álamo: http://criminet.ugr.es/recpc/10/recpc10-
r3.pdf 
 
 
Referências 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. V.2. 11. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011. 
CAPEZ, Fernando Capez. Curso de Direito Penal. v.4. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. 
 ______ Curso de Direito Penal. Parte Especial, v.2.10. ed. São Paulo: 
Saraiva. 
CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal – parte especial. 2 ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais. 
FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
koogan, 2001. 
GRECO, Rogério.Código Penal Comentado. 6.ed. Niterói: Impetus, 2012. 
 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 6.ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2009. 
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. v.2.8.ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2010. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Tibúrcio praticou um homicídio sob o domínio de violenta emoção, logo em 
seguida à injusta provocação da vítima, com o uso de asfixia. Na ocasião, 
apesar de ser maior de dezoito e menor de 21 anos de idade, era reincidente. 
Confessou a autoria da infração penal perante a autoridade judiciária e no 
plenário do júri. Julgue os itens que se seguem, relativos à situação hipotética 
apresentada e à legislação a ela pertinente: 
I. Tibúrcio praticou um crime de homicídio privilegiado-qualificado. 
II. O homicídio privilegiado-qualificado é crime hediondo, insuscetível de 
comutação da pena. 
III. Caso Tibúrcio venha a ser condenado pelo júri popular, o juiz presidente 
deverá observar o critério trifásico na dosimetria de pena, sob pena de nulidade 
da sentença. 
IV. De acordo com a jurisprudência dominante, a circunstância atenuante da 
menoridade relativa não é preponderante sobre as demais. 
V. No caso de condenação de Tibúrcio, reconhecidas as atenuantes da 
menoridade e confissão espontânea, o juiz presidente poderá fixar a pena 
privativa de liberdade em quantidade inferior ao mínimo previsto no tipo. 
a) I e II 
b) I e III 
c) II e IV 
d) III e IV 
 
 
e) IV e V 
 
Questão 2 
Abelardo, tomado pelo sentimento de comiseração e misericórdia, com o intuito 
de abreviar o sofrimento de Leopoldo, amigo desde a infância e condenado pela 
doença, contrata Leôncio, mediante o pagamento da quantia de R$1.000,00, 
para este pôr fim ao sofrimento e à vida do enfermo. Diante da situação 
narrada, com base nas teorias adotadas sobre concurso de pessoas, é correto 
afirmar que Abelardo e Leôncio responderão: 
a) ambos por homicídio privilegiado, pelo motivo de relevante valor moral 
(Artigo 121, § 1°, CP). 
b) ambos por homicídio qualificado pela torpeza (Artigo 121, § 2°, I, CP). 
c) Abelardo responderá por homicídio privilegiado (Artigo 121, § 1°, CP), 
bem como por homicídio qualificado (Artigo 121, § 2°, I, CP) por força 
da comunicabilidade das circunstâncias, haja vista ter contratado, 
mediante pagamento Leôncio e, este, por homicídio qualificado (Artigo 
121, § 2°, I, CP). 
d) Abelardo responderá por homicídio privilegiado (Artigo 121, § 1°, CP) e 
Leôncio por homicídio qualificado (Artigo 121, § 2°, I, CP), pois as 
circunstâncias são incomunicáveis. 
e) Ambos por homicídio qualificado-privilegiado (Artigo 121, §§ 1 e 2º, CP). 
 
Questão 3 
Ana e Bruna desentenderam-se em uma festividade na cidade onde moram e 
Ana, sem intenção de matar, mas apenas de lesionar, atingiu levemente, com 
uma faca, o braço esquerdo de Bruna, a qual, ao ser conduzida ao hospital para 
tratar o ferimento, foi vítima de acidente de automóvel, vindo a falecer 
exclusivamente em razão de traumatismo craniano. Acerca dessa situação 
 
 
hipotética, é correto afirmar, à luz do CP, que Ana.( Exame OAB/Cespe- UnB. 
2009.1) 
a) Deve responder pelo delito de homicídio consumado. 
b) Deve responder pelo delito de homicídio na modalidade tentada. 
c) Não deve responder por delito algum, uma vez que não deu causa à 
morte de Bruna. 
d) Deve responder apenas pelo delito de lesão corporal. 
 
Questão 4 
(PC-SP – Escrivão de Polícia – 2014) A conduta de induzir, instigar ou auxiliar 
outra pessoa a suicidar-se, que tem como resultado lesão corporal de natureza 
leve. 
a) Tem pena duplicada se cometida por motivo egoístico. 
b) Tem pena agravada se a vítima tem diminuída, por qualquer causa, a 
capacidade de resistência. 
c) Não é prevista como crime. 
d) Tem pena aumentada se a vítima for menor de idade. 
e) É punida com pena de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
Questão 5 
(Policial Rodoviário Federal – 2013) Joaquim, plenamente capaz, desferiu 
diversos golpes de facão contra Manoel, com o intuito de matá-lo, mas este, 
tendo sido socorrido e levado ao hospital, sobreviveu. Nessa situação 
hipotética, Joaquim responderá pela prática de homicídio tentado, com pena 
reduzida levando-se em conta a sanção prevista para o homicídio consumado. 
a) Verdadeiro 
 
 
b) Falso 
 
Questão 6 
Adalberto, auxiliar de enfermagem, durante uma festa, desejando provocar o 
aborto na sua ex-namorada Magnólia lhe serve um drinque que contém grande 
quantidade de substância abortiva. Magnólia, após ingerir a bebida sente-se 
mal e pede carona a Adalberto que, prontamente aceita o pedido. Durante o 
trajeto Adalberto, ao perceber que Magnólia ainda demonstra interesse por ele 
e, em decorrência da substância abortiva ingerida apresenta fortes dores 
abdominais, Adalberto decide levá-la rapidamente ao hospital mais próximo a 
fim de tentar evitar a consumação do delito inicialmente visado por ele. Ao 
chegar ao hospital, Magnólia foi prontamente socorrida, uma vez que Adalberto 
era a ele conhecido por todos. Após detalhados exames, Adalberto questiona a 
um dos médicos acerca da saúde de sua amada e de seu bebê, quando é 
surpreendido pela notícia de que Magnólia não se encontrava grávida, mas 
apenas sofrera um breve mal estar decorrente de alguma substância que 
ingerira na festa. Diante do caso concreto apresentado, assinale a alternativa 
correta em relação à conduta e respectiva responsabilização penal de 
Adalberto: 
a) Será responsabilizado pelo delito de aborto sem o consentimento da 
gestante na forma tentada. 
b) Será isento de pena, por exclusão de sua culpabilidade. 
c) Sua conduta em relação ao aborto será atípica por tratar-se de crime 
impossível. 
d) Sua conduta em relação ao aborto será atípica por tratar-se de 
arrependimentoeficaz. 
e) Será responsabilizado pelo delito de lesões corporais causadas a 
Magnólia. 
 
 
 
Questão 7 
O agente instiga a gestante a fazer o auto aborto, mediante curetagem, e esta 
vem a falecer em virtude de manobras abortivas, sem que o agente quisesse o 
evento morte da gestante. Nessa hipótese, o agente responderá:(Juiz de 
Direito/SP. 171° Concurso. 1ª Fase). 
a) Apenas pelo crime de auto-aborto na condição de partícipe. 
b) Pelo crime de auto-aborto na condição de partícipe e homicídio culposo. 
c) Pelo crime de auto-aborto, qualificado pela morte da gestante. 
d) Apenas pelo crime de auto-aborto como autor. 
 
Questão 8 
Arlete, em estado puerperal, manifesta a intenção de matar o próprio filho 
recém nascido. Após receber a criança no seu quarto para amamentá-la, a 
criança é levada para o berçário. Durante a noite, Arlete vai até o berçário, e, 
após conferir a identificação da criança, a asfixia, causando a sua morte. Na 
manhã seguinte, é constatada a morte por asfixia de um recém nascido, que 
não era o filho de Arlete. 
Diante do caso concreto, assinale a alternativa que indique a responsabilidade 
penal da mãe. (OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado 2010.2) 
a) Crime de homicídio, pois, o erro acidental não a isenta de 
responsabilidade. 
b) Crime de homicídio, pois, uma vez que o Artigo 123 do CP trata de matar 
o próprio filho sob influência do estado puerperal, não houve 
preenchimento dos elementos do tipo. 
c) Crime de infanticídio, pois houve erro quanto à pessoa. 
d) Crime de infanticídio, pois houve erro essencial. 
 
 
 
Questão 9 
Anderson, ginecologista, foi procurado por Zéfira, que estava grávida de seu 
amante, Josenildo. Com o objetivo de esconder a traição, Zéfira solicitou que 
Anderson interrompesse sua gravidez mediante uma curetagem. O 
ginecologista, que era inimigo de Josenildo, efetuou o referido procedimento 
cirúrgico, causando a expulsão do embrião. Além disso, para se vingar de 
Josenildo, realizou outro método e retirou os dois ovários de Zéfira. Assim, 
pode-se afirmar: 
a) Zéfira deve responder pelo crime de aborto provocado com o 
consentimento da gestante (Artigo 124 do CP), em concurso de agentes 
com Anderson. 
b) Anderson deve responder pelo crime de aborto com o consentimento da 
gestante (Artigo 126 do CP) com a causa de aumento de pena prevista 
no Artigo 127 do CP. 
c) Anderson deve responder pelo crime de aborto com o consentimento da 
gestante (Artigo 126 do CP) e lesão corporal gravíssima (se resulta perda 
ou inutilização de função – Artigo 129, § 2º, III do CP), em concurso 
formal. 
d) Anderson deve responder pelo crime de aborto com o consentimento da 
gestante (Artigo 126 do CP) e lesão corporal gravíssima (se resulta perda 
ou inutilização de função - Artigo 129, § 2º, III, do CP), em concurso 
material. 
e) Anderson deve responder pelo crime de lesão corporal gravíssima (se 
resulta aborto). 
 
Questão 10 
(DPE-ES – Defensor Público – 2013) A respeito dos crimes contra a vida 
previstos no Código Penal brasileiro, assinale a opção correta. 
 
 
a) Não se pune o aborto praticado por médico, em caso de gestação até a 
décima segunda semana, desde que a gestante tenha menos de 
quatorze anos de idade e haja consentimento de seus pais ou de seu 
representante legal. 
b) Classifica-a como qualificado o crime de homicídio doloso praticado 
contra pessoa menor de catorze anos de idade ou maior de sessenta 
anos de idade. 
c) No Brasil, como não se considera crime tentar o suicídio, não há punição 
para o agente que instigue ou induza a pessoa a tentar o suicídio. 
d) O crime de infanticídio ocorre quando a mãe ou o pai mata o próprio 
filho, durante o parto ou logo após, por privação financeira. 
e) O crime de aborto pode ser cometido pela própria gestante e por 
terceiro, sendo, nesse caso, uma a pena para o caso de o terceiro 
provocar o aborto com o consentimento da gestante e outra para o caso 
de o terceiro provocar o aborto sem o consentimento da gestante.Parte 
inferior do formulário. 
Questão 1 - B 
Justificativa: Artigo 121 § 2º, III c.c §1º do CP III. Artigo 5º da Constituição c.c 
Artigo 68 do CP. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: No que concerne ao privilégio, este se caracteriza como motivo 
determinante do crime, logo circunstância de caráter pessoal, incomunicável. 
Em relação às qualificadoras, categorizadas em: motivos qualificadores 
determinantes, meios e modos de execução qualificadores. No que concerne 
aos primeiros, não há que se falar em comunicabilidade no caso de concurso de 
pessoas. Por outro lado, no caso de qualificadoras de natureza objetiva, ou 
seja, afetas aos meios e modos de execução do delito, caso o agente que 
 
 
concorra para o delito tenha conhecimento destas é plenamente possível a sua 
comunicabilidade. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: Trata-se de causa superveniente, relativamente independente, que 
por si só foi capaz de produzir o resultado. Nesse caso, aplica-se o que dispõe o 
Artigo 13 § 1º do Código Penal. 
 
Questão 4 - C 
Justificativa: Artigo 122 do CP, no seu preceito secundário, prevê pena apenas 
para o caso de morte e de lesão corporal de natureza grave. 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: Joaquim não morreu por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
 
Questão 6 - C 
Justificativa: Não havia bem jurídico a ser tutelado. 
 
Questão 7 - B 
Justificativa: Isso ocorre porque o Artigo 127 não é aplicável à figura típica do 
Artigo 124. 
 
Questão 8 - C 
Justificativa: Artigo 20, § 3º. 
 
Questão 9 - B 
Justificativa: No caso, a lesão corporal foi dolosa e por isso não é possível 
responsabilizar o agente pelo Artigo 127 por ser crime preterdoloso. 
 
Questão 10 - E 
Justificativa: Artigo 125 e Artigo 126. 
 
 
Introdução 
Nesta aula, será analisado o bem jurídico-penal integridade física, fisiológica e 
psíquica, bem como os critérios norteadores para fins de flexibilização de sua 
indisponibilidade para fins de exclusão da responsabilidade jurídico-penal em 
consonância com os princípios constitucionais. 
 
Serão analisadas, por meio de casos concretos, as figuras típicas previstas no 
Código Penal e seu confronto com outras figuras típicas, tais como os delitos 
contra a honra, previstos na Legislação de Trânsito – Lei nº 9.503/1997 e na 
Lei nº 11.340/2006. 
 
Objetivo: 
1. Definir o bem jurídico-penal integridade física, fisiológica e psíquica, para fins 
de respectiva tipificação da conduta típica, ilícita e culpável; 
 
2. Aplicar a Lei nº 11.340/2006 e a respectiva ação penal. 
Conteúdo 
Conceito de integridade física e saúde corporal 
Compreende-se por integridade física a “alteração anatômica, interna ou 
externa, do corpo humano (...) a saúde fisiológica diz respeito ao equilíbrio 
funcional do organismo (...) e a saúde mental, à perturbação de ordem 
psíquica” (CAPEZ, s. d., p. 166). 
 
A autolesão não é punida pelo ordenamento jurídico face ao princípio da 
alteridade, salvo nos casos expressamente previstos em lei – Artigo 171, § 2º, 
V, Código Penal e Artigo 184, Código Penal Militar. 
 
 
 
Disponibilidade do bem jurídico tutelado 
Em decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana, bem como do 
interesse social na manutenção da incolumidade física e mental dos indivíduos, 
o bem jurídico tutelado é considerado um bem público indisponível. 
 
Entretanto, tal indisponibilidade foi mitigada com o advento da Lei nº 
9.099/1995 ao estabelecer que, nos casos de lesões corporais culposas e de 
natureza leve, a ação penal de iniciativapública passou a ser condicionada à 
representação da vítima ou de seu representante legal (Artigo 88, da Lei nº 
9.099/1995). 
 
No mesmo contexto, podemos também questionar a validade do consentimento 
do ofendido e, consequente, disponibilidade do bem jurídico em determinadas 
situações, tais como: lesões desportivas, intervenções cirúrgicas, dentre elas, 
por exemplo, o transplante de órgãos e tecidos, cirurgia transexual e 
esterilização cirúrgica. 
 
Entenda melhor os tipos de lesões: 
As lesões desportivas e as intervenções médico-cirúrgicas encontram-se dentre 
as causas excludentes de ilicitude decorrentes do exercício regular de direito, 
desde que consentidas pela vítima (art. 23, III, Código Penal). 
 
Fernando Capez defende o entendimento de que, sob a perspectiva da 
imputação objetiva do resultado, as lesões desportivas configuram condutas 
atípicas (CAPEZ, 2010, p. 167). No caso de intervenções médico-cirúrgicas, 
admitem-se, inclusive, suas realizações sem o consentimento da vítima quando 
configurar estado de necessidade (art. 24 e art. 146, § 3º, I, ambos do Código 
Penal). 
 
No que concerne ao transplante de órgãos e tecidos, o melhor entendimento 
direciona-se à compreensão do exercício regular de direito no caso de doador 
“juridicamente capaz”, haja vista a finalidade terapêutica do procedimento. 
 
 
Artigo 9 - É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de 
tecidos, órgãos ou partes do próprio corpo vivo para fins de transplante ou 
terapêuticos. 
 
§ 3º. Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos 
duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não 
impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua 
integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e 
saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda 
a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa 
receptora. 
 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade 
responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao 
Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse 
direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou 
privadas. 
 
O referido procedimento encontra-se previsto na Constituição da República – 
art. 199, § 4º e regulado na Lei nº 9.434/1997 – art. 9º. O mesmo 
entendimento é adotado em relação à esterilização cirúrgica, ou seja, tem sido 
considerada conduta atípica, haja vista fundar-se em princípios constitucionais 
– planejamento familiar e paternidade responsável, bem como pelo fato de 
estar expressamente regulada em lei – art. 10, da Lei nº 9.263/1996 e art. 226, 
§ 7º, CRFB. 
 
Em relação à cirurgia transexual (tratamento de transgenitalismo), configura, 
em tese, lesão corporal gravíssima prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código 
Penal, face à mutilação de órgãos e perda da função reprodutora. Todavia, a 
partir do reconhecimento de que a referida cirurgia configura-se como 
 
 
tratamento, não há que se falar em tipicidade da conduta médica (NUCCI, s. d., 
p. 656). 
 
Ainda, sobre o tema, o Conselho Federal de Medicina, em seu Projeto de 
Diretrizes, bem como por meio da Resolução CFM nº 1.955/2010, estabeleceu 
regras para o denominado tratamento de transgenitalismo. 
 
Incidência do principio da insignificância 
Nos casos de perfuração do corpo para a colocação de adereços, faz-se 
necessária a flexibilização da indisponibilidade do bem jurídico tutelado face à 
adoção do princípio da adequação social, bem como do principio da 
insignificância, por serem pequenas lesões corporais consentidas pela vítima, 
juridicamente capaz. 
 
Conflito aparente de normas e concurso de crimes com demais 
figuras típicas 
É possível que, em alguns casos concretos, possamos nos deparar com 
situações nas quais tenhamos dúvidas acerca da correta tipificação da conduta 
de lesões corporais, quando essa “concorrer” com outras figuras típicas, seja 
por meio do conflito aparente de normas, seja por meio da incidência de 
concurso de crimes. Analisaremos, a seguir, algumas dessas hipóteses. 
 
Crime de lesão corporal leve e injúria real 
Nesse caso, o ponto distintivo resulta do animus do agente, ou seja, se “a 
violência exercida for ultrajante, havendo a intenção de humilhar, envergonhar 
a vítima, ofender a sua dignidade ou decoro” estará configurada a figura típica 
de injúria real. Por outro lado, caso haja significativa lesão corporal, consoante 
o disposto no § 2º, do Artigo 140, do Código Penal, será possível a aplicação 
concomitante de ambas as sanções por força da caracterização de concurso de 
crimes. 
 
 
 
Lesões corporais culposas no Código Penal e no Código de Trânsito 
Brasileiro (Lei nº 9.503/1997) 
Nesse caso, estamos diante de um conflito aparente de normas a ser 
solucionado pelo princípio da especialidade, segundo o qual a norma especial, a 
legislação de trânsito, ao exigir que o agente pratique a conduta na condução 
de veículo automotor, afasta a incidência da norma geral prevista no Código 
Penal. 
 
Distinção entre violência doméstica e violência de gênero 
discriminatório contra a mulher 
Questão a ser analisada com cuidado é o confronto entre as figuras típicas de 
lesões corporais qualificadas e majoradas mediante a caracterização da 
violência doméstica (Artigo 129, §§ 9°, 10 e 11 do Código Penal) e a 
violência doméstica e de gênero previstas na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da 
Penha). 
 
Inicialmente, temos de observar que a Lei nº 11.340/2006 não tipificou 
condutas, mas, sim, estabeleceu critérios de política criminal a serem adotados 
nos casos de violência doméstica contra a mulher, conforme se depreende da 
interpretação do disposto no Artigo 5º, da Lei n° 11.340/2006, in verbis: 
 
 
Atenção 
 Artigo 5º da Lei nº 11.340/2006: para os efeitos dessa lei, 
configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano 
moral ou patrimonial. 
 
 
 
Sendo assim, não há que se confundir violência doméstica com violência de 
gênero. Compreende-se por violência doméstica a praticada no âmbito da vida 
em família, independentemente da existência de parentesco. 
 
Violência de gênero 
Por outro lado, a violência de gênero, no caso da Lei nº 11.340/2006, possui 
caráter eminentemente discriminatório contra a mulher, tendo, a referida lei 
abarcado os dois conceitos. 
 
Sobre o tema assevera Luiz Regis Prado: 
“A violência de gênero se refere a atos de agressão ou de violência exercidos 
contra determinada pessoa por força de seu sexo feminino e a violência 
doméstica diz respeito à sua prática no âmbito doméstico ou intrafamiliar, ou a 
ele diretamente relacionado” (PRADO, 2010, p. 122). 
Código Penal 
Deve-se atentar que o disposto nos parágrafos 9º, 10 e 11 do Artigo 129 do 
Código Penal apresentam, como dito anteriormente, figuras qualificadas e 
majoradas a serem aplicadas nos casos de lesões corporais praticadas sob a 
caracterização de “violência domestica”, e não para casos exclusivos de 
“violência de gênero”, apesar de tais parágrafos terem sido inseridos no Código 
Penal pela Lei nº 11.340/2006. 
 
Conheça as contradições: 
 
Código Penal disposto nos parágrafos 9º, 10 e 11, do art. 129 
No caso de lesões corporais de natureza leve praticadas contra ascendente,

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