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1 GLICONEOGÊNESE BIOQUÍMICA I Profa. Dra. Jane Marlei Boeira Gliconeogênese 1. Revisão geral da glicólise 2. Ocorrência 3. Importância Biológica da Gliconeogênese 4. Precursores não glicídicos 5. Reações reversas da glicólise 6. Reações próprias da gliconeogênese a. Do Piruvato ao Fosfoenolpiruvato (PEP) b. Da Frutose-1,6-BiP à Frutose 6-P c. Da Glicose 6-P à Glicose 7. Ciclo de Cori 8. Regulação da Gliconeogênese Visão geral da glicólise Voet et al, 2008 G L IC Ó L IS E G L IC O N E O G Ê N E S E Matriz mitocon - drial Gliconeogênese Ocorrência o Via universal, encontrada em todos os animais, vegetais, fungos e microorganismos. o Nos animais, ocorre principalmente no fígado (90%) e, em menor grau, nos rins (10%). o Quando não há disponibilidade de glicose na dieta ou quando o fígado esgota seu suprimento de glicogênio o NÃO É A REVERSÃO DA GLICÓLISE o Glicogênio hepático atende as necessidades de Glicose por 8-10h de jejum. o O jejum prolongado o glicogênio é exaurido e a Glicose é sintetizada pela GLICONEOGÊNESE Gliconeogênese Importância biológica 2 Gliconeogênese Medula Cérebro Tecidos que requerem suprimento contínuo de glicose Hemáceas Músculo Córnea e CristalinoRim o Período de jejum: glicose é formada a partir de fontes não-glicídicas suprir os tecidos Gliconeogênese Importância biológica Precursores da Gliconeogênese o Síntese de glicose a partir de precursores não- glicídicos: o Lactato, piruvato, glicerol, aminoácidos (exceção da Lys e Leu) e os intermediários do CK podem ser utilizados o Todas estas substâncias devem ser convertidas em oxaloacetato ou diidroxiacetona-fosfato (glicerol) o Os AGs não podem ser precursores da glicose nos animais, porque a maioria são degradados à acetil-CoA e este não pode ser convertido em glicose G L IC Ó L IS E G L IC O N E O G Ê N E S E Matriz mitocon - drial Nos animais e vegetais a via do PEP até G-6-P é comum na conversão biossintética em carboidratos de precursores diferentes (PEP) G-6-P Precursores de carboidratos Todas as substâncias têm que ser convertidas em oxaloacetato Os caminhos dependem do precursor 3 Precursores não-glicídicos o Glicerol: derivado da hidrólise dos Triacilgliceróis nas células adiposas Glicerol quinase Glicerol fosfato desidrogenase Diidroxiacetona fosfato Glicose Gliceraldeído 3-fosfato Aminoácidos glicogênicos agrupados segundo o local de entrada* * Estes aminoácidos são precursores da glicose sanguínea ou do glicogênio hepático, porque eles podem ser convertidos em piruvato ou intermediários do ciclo do ácido cítrico. Apenas a Leu e a Lys são totalmente incapazes de fornecer carbonos para a síntese da glicose. ł Estes aminoácidos são também cetogênicos. Glicose Gliconeogênese LACTATO → PIRUVATO → GLICOSE Lactato formado no músculo e eritrócitos Aminoácidos (exceto Leu e Lys) derivados da alimentação e, no jejum, da degradação das proteínas no músculo AMINOÁCIDOS → OXALOACETATO AMINOÁCIDOS → PIRUVATO GLICOSE Precursores não-glicídicos Vias opostas da glicólise e da gliconeogênese no fígado dos mamíferos Reações irreversíveis da glicólise: 1. Glicose → Glicose-6-P 2. Frutose-6-P → F-1,6-bisP 3. Fosfoenolpiruvato → Piruvato P ri m e ir o d e s v io 2 o d e s v io 3 o d e s v io Reações glicolíticas que são contornadas na gliconeogênese 4 Reações próprias da gliconeogênese o 1o desvio: na mitocôndria, o Piruvato é convertido em Oxalacetato e este, no citosol, em PEP (reações irreversíveis). o 1ª etapa: Carboxilação do piruvato (Piruvato carboxilase – enzima mitocondrial): Piruvato + CO2 + ATP + H2O → Oxaloacetato + ADP + Pi + H2O o 2ª etapa: Descarboxilação e fosforilação do Oxaloacetato (Fosfoenolpiruvato carboxiquinase - citosol): Oxaloacetato + GTP → Fosfoenolpiruvato + GDP + CO2 Reações próprias da gliconeogênese Na mitocôndria, o Piruvato é convertido em Oxalacetato e este, no citosol, em PEP C C CH2 O O OPO3 2 C C CH3 O O O ATP ADP + Pi C CH2 C C O O O OO HCO3 GTP GDP CO2 Piruvato Oxaloacetato PEP Piruvato Carboxilase PEP-Carboxiquinase Biotina Reações próprias da gliconeogênese na 1a etapa ocorre uma carboxilação do piruvato, catalisada pela enzima Piruvato Carboxilase. Ocorre gasto de um ATP e usa o bicarbonato como substrato e biotina (grupo prostético - carreador de CO2 ativado) Piruvato carboxilase BIOTINA Reações próprias da gliconeogênese Resíduo de Lys da Enzima Piruvato Carboxilase Biotina (vitamina H, B7 ou B8) – presente no arroz integral, frutas, leite, ovos, nozes e carnes em geral; sua deficiência causa furunculose, eczema e seborréia (caspa) O CO2 é ligado à Biotina, que então é transferido para o Piruvato, formando o Oxaloacetato Malato desidrogenase citosólica Malato desidrogenase mitocondrial Reações próprias da gliconeogênese O oxaloacetato formado na 1ª etapa tem que ser transportado para fora da mitocôndria; ele é reduzido à malato pela malato desidrogenase mitocondrial, com consumo de NADH Malato é transportado para citosol e reoxidado à oxaloacetato (enzima citosólica) 5 Reações próprias da gliconeogênese 2ª etapa: O Oxaloacetato é então descarboxilado e fosforilado pela PEP- carboxiquinase, dependente de Mg+2 formando PEP GTP: doador de grupo fosfato Piruvato → PEP são consumidos 2 fosfatos de alta energia (ATP e GTP) PEP- carboxiquinase Vias opostas da glicólise e da gliconeogênese no fígado dos mamíferos P ri m e ir o d e s v io 2 o d e s v io 3 o d e s v io Reações próprias da gliconeogênese 2o desvio: conversão de F-1,6-biP em F-6-P, catalisada pela F-1,6-bifosfatase (etapa irreversível) o Hidrólise da Frutose-1,6-Bifosfato: P ri m e ir o d e s v io 2 o d e s v io 3 o d e s v io Vias opostas da glicólise e da gliconeogênese no fígado dos mamíferos Reações próprias da gliconeogênese o 3o desvio: conversão de G-6-P, em Glicose livre, catalisada pela Glicose-6-Fosfatase no Retículo Endoplasmático dos hepatócitos o Ocorre uma defosforilação da G-6-P o Na maioria dos tecidos, não é gerada glicose livre; a glicose 6-P forma glicogênio Reações próprias da gliconeogênese Lado citosólico Luz do RE Pi + GlicoseGlicose 6-Fosfato PE • Geração de glicose a partir de G-6-P A Glicose-6-Fosfatase é estabilizada por uma proteína PE ligante de Ca+2 Stryer et al., 5a ed., 2004 6 Reações próprias da gliconeogênese Formação de glicose pela Glicose-6 Fosfatase no RE dos hepatócitos Sequência de reações da gliconeogênese a partir do Piruvato 2 Piruvato + 4ATP + 2GTP + 2 NADH + 4H2O → Glicose + 4ADP + 2GDP + Pi + 2NAD+ + 2H+ Destino do Lactato formado nos eritrócitos As hemácias não possuem mitocôndrias e não podem oxidar completamente a glicose (glicólise); assim, a glicose é convertida em Lactato (anaerobiose) e este passa ao sangue, fígado onde é convertido em piruvato para síntese de glicose (gliconeogênese) Destino do Lactato formado pelo músculo esquelético o O músculo em contração fornece Lactato ao fígado, que o utiliza para a síntese da glicose (gliconeogênese). o Assim, o fígado restaura o nível de glicosenecessário para as células musculares ativas, que derivam ATP da transformação glicolítica da glicose em Lactato o Estas reações constituem o CICLO DE CORI Fonte: Campbell, Peter N. Biochemistry. Saunders College Publishing Harcourt Brace College Publishers, 2a Edição, 1995, pg 482. C I C L O D E C O R I Descobridores do Ciclo de Cori Fonte: Campbell, 2000 7 Destino do Alanina formada nos músculos Alanina formada nos músculos pode ser utilizada para síntese de glicose (gliconeogênese) Regulação da gliconêogenese e da glicólise no fígado Glicólise Gliconeogênese Regulação da Glicólise e Gliconeogênese M e m b ra n a P la s m á ti c a Efeito do Glucagon na Via Glicolítica e Gliconeogênese Glucagon Receptor Gs ATP AMPc Diminui [Fru2,6 biP] Inibe a Hexoquinase (glicólise) e ativa a F2,6- BPase (gliconeogênese) + + Hepatócito Adenilato- ciclase Papel da Frutose 2,6 bifosfato na Via Glicolítica e Gliconeogênese Estimula a glicólise, inibe a gliconeogênese Inibe a glicólise, estimula a gliconeogênese Glucagon Ingestão de álcool inibe a Gliconeogênese O consumo de álcool (etanol), especialmente por indivíduos subalimentados, pode causar hipoglicemia. Uma das principais regiões afetadas pela falta de glicose no corpo durante a bebedeira é o cerebelo, que é responsável pelo nosso equilíbrio e controle motor 8 Ingestão de álcool inibe a Gliconeogênese CH3CH2OH + NAD + Etanol CH3CHO + NADH + H + Acetaldeído o A hipoglicemia resulta dos efeitos inibidores do álcool sobre a gliconeogênese hepática causado pelo NADH produzido durante o metabolismo do álcool o O etanol é convertido em acetaldeído pela reação: Ingestão de álcool inibe a Gliconeogênese o O acetaldeído inibe a disponibilidade de piruvato e oxaloacetato para as reações catalisadas por Piruvato carboxilase e PEP-carboxiquinase. o O NADH excedente bloqueia a conversão do lactato a glicose provocando hipoglicemia e promove a conversão da alanina em lactato, resultando em acúmulo do lactato no sangue (acidose láctica). o Os NADH deveriam ser transportados para a mitocôndria mas o fígado não consegue fazê-lo na velocidade suficiente para evitar distúrbios metabólitos. Hipoglicemia e Intoxicação Alcoólica Consumo de Álcool Pessoa desnutrida Após exercício extenuante Hipoglicemia Inibição da gliconeogênese hepática NADH Depleção do glicogênio hepático Lactato Diminuição do desempenho motor e intelectual Estupor e anestesia lesão irreversível do SNC Referências o CAMPBELL, M.K. Bioquímica. Editora ARTMED, POA, 2000. o DEVLIN, T.M. Manual de bioquímica com correlações clínicas.Ed. Edgar Blücher Ltda, S.P. 2008. o LEHNINGER, L. A.; COX,N. Princípios de bioquímica 2ª ed., Editora Savier, S.P. 2002 o STRYER, L. Bioquímica. Guanabara Koogan, 2008 o VOET, D.; JUDITH G; CHARLOTTE W. Fundamentos de Bioquímica. Ed. ArtMed, POA-RS, 2008.
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