Buscar

Curso SONDAGENS GEOTECNICAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO 
DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
 
Fundamentos - Interpretação 
Aplicações Práticas 
 
 
 
 
 
ABPv - Maio / 2002 
 
 
 
 
ABPv AAsssseessssoorriiaa ddee EEnnggeennhhaarriiaa 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 2 
 
 
ÍNDICE 
 Página 
1 - Importância dos estudos geotécnicos em uma obra de engenharia 04 
 
 
2 - As sondagens 07 
 
 
3 - Síntese do histórico da sondagem à percussão e do índice de resistência a 
penetração 11 
 
4 - Planejamento das sondagens 14 
 
 
5 - Sondagem à percussão de simples reconhecimento 18 
 
 
6 - Ensaio SPT-T-Medição de torque em sondagem de simples reconhecimento 24 
 
 
7 - Amostradores especiais para coleta de amostras indeformadas em solos 27 
argilosos e em solos arenosos 
 
 
8 - Qualidade das amostras indeformadas, ensaios "in situ" e de laboratório 31 
 
 
9 - Classificação, caracterização e interpretação dos resultados das sondagens 33 
 
 
10 - Apresentação dos resultados das sondagens 38 
 
 
11 - Relevância da interface do programa de sondagens e projeto de fundação 40 
 
 
12 – Bibliografia 47 
 
 
ANEXO 49 
 
 
APÊNDICE 68 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 3 
 
 
 
 
 
OBJETIVO 
 
 
O curso tem por objetivo fornecer conhecimentos 
sobre a norma de sondagem, os equipamentos, o método 
de execução e a interpretação dos resultados obtidos pela 
execução de sondagem à percussão para fins de 
engenharia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS 
GEOTÉCNICOS EM UMA OBRA DE 
ENGENHARIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 5 
 
 
 
 
1 - IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS GEOTÉCNICOS EM UMA OBRA DE 
ENGENHARIA: 
 
 
Como será visto, as sondagens são investigações do subsolo ou do subleito (em 
estradas) que, como a Topografia, precedem o desenvolvimento de qualquer projeto e 
podem ser necessárias no transcorrer da obra, ou posteriormente a ela. 
Ainda como será visto, estas investigações podem ser executadas por diversos 
processos. Destes processos o nosso curso se prende, exclusivamente, ao processo mais 
freqüente nas obras de construção civil - Sondagem à Percussão - como é chamada 
correntemente. 
São aplicadas necessariamente em: 
 
1 - Projetos de prédios e residências de um pavimento; 
2 - Projetos de estradas; 
3 - Projetos de barragens; 
4 - Projetos de fundações de diversas naturezas; 
5 - Projetos portuários. 
 
A topografia, como sabemos, estabelece os limites e a conformação das áreas, as 
cotas e as orientações geográficas. 
Conforme será visto, a prospecção do solo permite conhecer: 
 
! O tipo de terreno (rochoso, arenoso, argiloso, etc); 
! As camadas constituintes do solo; 
! A resistência destas camadas; 
! O nível do lençol freático. 
 
O conhecimento destas características permitirá definir o tipo de fundação e a cota 
de implantação da mesma. 
Em projetos de estradas, a investigação destas características é tão importante, que 
pode determinar um traçado mais longo pela análise custo/benefício. 
Assim, é preciso lembrar, ainda, que o custo de uma obra poderá ser efetivamente 
minimizado, se bem programado e bem estudada a prospecção do terreno. 
O que se diz para a construção civil se pode dizer para a exploração de jazidas 
minerais e outras obras que envolvam conhecimento do terreno. 
Ainda, como será visto, as prospecções podem ser efetuadas por diversos 
processos e, dentre os existentes, é importante a escolha levando-se em conta: o tempo 
de realização, a precisão das respostas e os custos. 
Outro fato que não pode ser esquecido: para se obter uma resposta confiável, 
nunca ser executada uma única prospecção, a não ser em situações particulares, como 
aquela de implantação de torres de telefonia ou de energia elétrica. 
Os métodos tradicionais de prospecção serão apresentados em nosso curso, com 
destaque para as sondagens a percussão. 
Gostaria de enfatizar o que venho pregando ultimamente em engenharia: 
Em sondagens, fundações e estruturas importa mais a qualidade que os custos. 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 6 
 São de difícil recuperação os insucessos nestas fases. 
 
 
 
 
Os profissionais (engenheiros, arquitetos, geólogos e outros) se prendem 
basicamente a uma das três funções: 
 
! Projetistas; 
! Construtores; 
! Gerenciadores. 
 
As sondagens são fundamentais para os projetistas de fundações, entretanto os 
construtores, frequüentemente, levando em conta as informações de sondagem, por 
ocasião da obra, se vêem na necessidade de solicitar reformulação do projeto. Os 
gerenciadores fazem parte da discussão desta situação. 
Nesta situação três informações são importantes: 
As cotas de bocas de furo, o RN e o N.A, e a natureza do subsolo. 
Aconteceu na construção da sede da A.B.O (Associação Brasileira de Odontologia), 
onde o N.A apontado pela sondagem se apresentou acima do indicado. 
Outra situação, estacas cravadas com comprimento previsto na sondagem, que 
ultrapassaram o comprimento projetado, porque não foi levado em conta o R.N. indicado 
na sondagem. 
Outra situação: além do pequeno número de sondagens indicado, também não 
foram considerados os deslocamentos executados na sondagem. A surpresa se 
apresentou na execução das fundações, pois, apesar do perfil dos furos apresentar um 
solo contínuo até a nega, certas áreas apresentaram blocos de concreto, ou matacões. 
A complementação das sondagens à percussão pode ser feita com: sondagens 
rotativas, sondagem por eletroresistividade ou sondagem por sísmica de refração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 - AS SONDAGENS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 8 
 
 
 
2 - AS SONDAGENS 
 
 
As sondagens são procedimentos de engenharia que têm por escopo a obtenção de 
informações de subsuperfície de uma área na terra, ou na água. 
As modalidades atualmente mais empregadas no Brasil são mostradas no quadro 
abaixo: 
 
Tipo de sondagem Sigla Método Processo 
Poço de inspeção PI direto mecânico 
Trincheira TR " " 
A Trado ST " " 
A Percussão SP " " 
Rotativa SR " " 
Mista SM " " 
Sísmica de refração rasa SS indireto geofísico 
Eletroresistividade SE " " 
 
O objetivo principal do curso é tratar principalmente dassondagens mecânicas, 
destacando a sondagem à percussão. 
 
 
2.1 - OBJETIVOS DAS SONDAGENS: 
 
Os objetivos mais freqüentes são: 
 
Determinação do perfil do terreno por meio de identificação dos solos e/ou rochas que 
formam as camadas ou estratos na subsuperfície (PI, TR, ST, SP, SR, SM, SS, SE); 
! 
! Determinação da resistência das camadas, à cravação de um barrilete padrão, 
nos solos (SP, SM); 
! Determinação do nível d’água (PI, ST, SP, SR, SM, SE); 
! Determinação da cota de ocorrência do embasamento rochoso, tipo e grau de 
sanidade da rocha (SP, SM, SS, SE); 
! Existência de matacões nas camadas de solos (ST, SP, SM, SS, SE); 
! Cubagem de jazidas de solos e rochas (PI, ST, SR, SM, SS, SE); 
! Coleta de amostras (PI, TR, ST, SP, SR, SM). 
 
 
2.2 - AS DIVERSAS SONDAGENS: 
 
 
2.2.1 – Poços de Inspeção: 
 
Os poços de inspeção são executados em terrenos que permitam a sua escavação, 
sem escoramento, atingindo usualmente até 2,00m a 3,00m de profundidade. 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 9 
Têm como objetivo o conhecimento do perfil do terreno, grau de compactação das 
camadas e coletas de amostras deformadas e indeformadas. 
 
 
 
2.2.2 – Trincheiras: 
 
São valas longas com profundidade máxima de 2 metros, para uma investigação 
linear das primeiras camadas do terreno, em situações específicas. 
 
 
2.2.3 – A trado: 
 
As sondagens a trado são efetuadas com uma ferramenta chamada trado concha, 
com diâmetro de 75mm, 100mm e 150mm, podendo ser usados outros diâmetros. Outro 
tipo de trado usual é o helicoidal. 
Estas sondagens são executadas em solos argilosos ou arenosos até atingir uma 
profundidade que é limitada pelo nível d’água ou natureza do terreno. 
São utilizadas para coletas de amostras deformadas, identificação do perfil do 
terreno, determinação do N.A, como ferramenta auxiliar de outros tipos de sondagem e 
para a execução de furos em ensaios especiais, como permeabilidade e palheta (vane-
test). 
 
 
2.2.4 – Sondagem à Percussão: 
 
Estas sondagens são as mais freqüentes na engenharia e usualmente executadas 
para: 
 
! Perfil geológico das camadas do subsolo; 
! Determinação da capacidade de carga das diferentes camadas do subsolo; 
! Coleta de amostras das diversas camadas; 
! Determinação do nível do lençol freático; 
! Determinação da compacidade ou consistência das camadas do subsolo em 
solos arenosos ou argilosos, respectivamente, e também para a determinação de 
eventuais linhas de ruptura que possam ocorrer em subsuperfície. 
 
 
2.2.5 – Sondagens Rotativas 
 
Estas sondagens são as mais freqüentes na engenharia e usualmente executadas 
para: 
 
! A profundidade em que se encontra o embasamento rochoso; 
! O tipo ou os tipos de rocha e seu estado de sanidade e fraturas; 
! Para indicar a presença de matacões diferenciando-os do embasamento 
rochoso; 
! Para implantação de uma fundação ou de tirantes; 
! Para obtenção de poços para captação de águas; 
! Para possibilitar injeção de cimento ou de outros materiais em fraturas que 
podem ocorrer nos maciços rochosos em profundidade. 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 10 
 
 
 
 
2.2.6 – Sondagens Mistas 
 
São aquelas executadas por sondagem à percussão, em todos os tipos de terreno, 
penetráveis por este processo e por meio de sondagem rotativa, onde for inoperante o 
sistema à percussão, face a impenetrabilidade no terreno prospectado. 
Os dois métodos são utilizados alternadamente, de acordo com a natureza do 
terreno atravessado, até ser atingida a cota do estudo e/ou critérios estabelecidos em 
especificação para sua paralisação. 
Sua execução é recomendada, dentre outras em: 
 
! Terrenos com presença de blocos de rocha e de matacões; 
! Área de tálus (matacões erráticos em maciços terrosos); 
! Área de concreções lateríticas; 
! Área de rejeito de pedreira; 
! Área de bota fora, etc... 
 
 
2.2.7 – Sísmica de Refração 
 
Esta prospecção se faz objetivando conhecer: 
 
! Espessuras e naturezas das camadas de solos sobre o embasamento rochoso; 
! Natureza, estado de sanidade e aspectos estruturais do embasamento; 
! Contato entre diferentes tipos de rochas; 
! Ninhos de blocos ou matacões mergulhados na capa de solo (tálus); 
! Capacidade de carga aproximada do solo; 
! Definição dos materiais em 1ª, 2ª e 3ª categorias (terraplenagem); 
! Identificação das camadas de materiais cascalhosos; 
! Presença de água subterrânea; 
! Presença de grandes espaços vazios nas rochas (fendas e / ou cavernas), 
principalmente em áreas cársticas (calcáreos ou rochas calcíferas). 
 
Apesar da grande diversificação de respostas, este processo (sísmica de refração) 
não dispensa o auxílio de outros tipos de sondagem, e propicia a redução do número de 
investigações mecânicas, com a sua realização. 
 
 
2.2.8 – Eletroresistividade: 
 
É um método de investigação de campo que auxilia muito na definição do perfil 
geológico do terreno, identificando os diferentes tipos de solo e rocha. Muito empregado 
na definição ou mapeamento do lençol freático existente nas camadas permeáveis de 
alguns solos e rochas. A variação no valor da resistividade de solos e/ou rochas depende 
de: 
 
! Porosidade; 
! Forma dos grãos; 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 11 
! Estrutura do sub-estrato rochoso; 
! Salinidade da água. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 - SÍNTESE DO HISTÓRICO DA 
SONDAGEM À PERCUSSÃO E DO 
ÍNDICE DA RESISTÊNCIA A 
PENETRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 12 
 
 
 
 
3 - SÍNTESE DO HISTÓRICO DA SONDAGEM À PERCUSSÃO E DO ÍNDICE DE 
RESISTENCIA A PENETRAÇÃO 
 
 
3.1 – No final da década de trinta (1938), inicia-se a fabricação do primeiro equipamento 
de sondagem à percussão do país, na oficina mecânica do recém criado (1934) Instituto 
de Pesquisas Tecnológicas, IPT, anexo à USP. 
O equipamento foi confeccionado com base no projeto e nas especificações trazidas 
dos USA, pelo então chefe do serviço de solos e fundações do IPT, Engº Odair Grillo. 
O processo de sondagem executado com o equipamento fabricado, era o de 
percussão com circulação d'água, realizado através de dois tubos. Um tubo de aço de 
duas polegadas de diâmetro, e outro tubo galvanizado de uma polegada de diâmetro, 
dotado de ponta cortante. A água era injetada pelo tubo galvanizado. O avanço do furo 
era feito pela ponta cortante e o material cortado, carregado para superfície pela água, 
que subia entre este tubo e o revestimento, e depositado num tanque. 
Para identificar o tipo de terreno atravessado pela sondagem foi projetado um 
amostrador de cilindro bipartido, que era conectado às hastes e introduzido através do 
tubo de revestimento, todas as vezes que se notava mudança, tanto no material (subsolo 
sondado) como na coloração d’água. Para se quantificar a consistência ou a compacidade 
do solo, recorreu-se à medição do número de golpes de um peso de 60 Kg, caindo de 
uma altura de 75cm, necessários para cravação de 30cm de amostrador no solo. Este 
número de golpes foi correlacionado pelo uso corrente do método, com a compacidade 
dos solos arenosos ou com a consistência dos solos argilosos. 
A utilização deste número que foi chamado de resistência a penetração e era usado 
para a previsão das pressões admissíveis em sapatas de fundação direta, levou a 
exigência da padronização deste ensaio. 
Foi realizado estudo estatístico pelo prof. Ruy da Silva Leme, e passou-se a adotar 
nas sondagens à percussão com lavagem, o amostrador padrãotipo IPT. 
 
3.2 – Em 1944, engenheiros da empresa Geotécnica, desenvolveram e adotaram um 
novo tipo de amostrador que ficou conhecido comercialmente por Mohr-Geotécnica, cujas 
dimensões eram diferentes do amostrador padronizado pelo IPT. 
E para este tipo de amostrador, o número N de resistência a penetração toma dois 
significados: N ipt e N mg. 
 
3.3 – Em 1948, com a publicação Terzaghi e Peck de “ Soil Mechanics in Engineering 
Practice”, um terceiro método veio a ser conhecido internacionalmente como o “standard 
peneration test”, e com ele um outro número de N spt. 
O amostrador padronizado por Terzaghi-Peck é utilizado pelo DNER, trazido dos 
USA pelo Engº Galileu Antenor Araújo, onde consta do “Catálogo de Equipamentos e de 
Material para o Conjunto de Sondagem de Reconhecimento do Subsolo”, datado de 1957. 
Todos os projetos de obras de artes especiais (pontes e viadutos), bem como as obras 
de arte correntes do DNER (bueiros, galerias) , passaram a ser elaborados com base nos 
resultados deste equipamento padronizado, do qual era parte o barrilete “tipo Raymond” 
de 34,9mm e 50,8mm de diâmetros interno e externo, respectivamente. 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 13 
 
 
 
 
 
3.4 – Durante os anos 60 foram realizados estudos, publicados artigos e teses sobre a 
correlação dos 3 tipos de amostradores, então em uso por entidades governamentais ou 
por firmas de sondagem atuando no país. 
 
3.5 – A partir da década de 70, o grande volume de obras existentes no país proporcionou 
o aparecimento de diversas especificações de execução de sondagem à percussão, que 
resultaram na norma MB-1211, publicada em 1979, pela ABNT: “Execução de Sondagem 
de Simples Reconhecimento dos Solos”, que em 1980, foi renumerada em NBR-6484. 
Nela, o equipamento, o processo de sondagem, o amostrador e o peso de bater são 
padronizados para a obtenção de resistência a penetração “SPT”. 
 
3.6 – O índice de resistência a penetração, conhecido internacionalmente como N spt , é 
um número que representa o valor da compacidade ou da consistência de um solo, obtido 
do ensaio de penetração que consiste na cravação dinâmica de 45cm do amostrador 
padrão no solo, sendo o número N SPT, o número de golpes necessários a cravação dos 
30cm finais do amostrador. 
 
3.7 - No XII Congresso Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações 
(ISSMFE), realizado no Rio de Janeiro, em 1989, Luciano Décourt, foi co-relator especial 
sobre o ensaio SPT que, a partir de então, passou a ser chamado de "International 
Reference Test Procedure (IRTP). 
 
3.8 - A ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, em fevereiro de 2001, publicou 
a nova versão da NBR-6484, com validade a partir 30/03/2001, que substitui a NBR-6484-
1980 e cancela e substitui a NBR 7250-1982. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 - PLANEJAMENTO DAS SONDAGENS 
À PERCUSSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 15 
 
 
 
 
 
4 - PLANEJAMENTO DAS SONDAGENS 
 
 
Qualquer execução de uma obra requer um planejamento prévio para a definição do 
tipo de serviço a ser realizado. Este conhecimento prévio possibilitará a melhor escolha 
do tipo ou dos tipos de sondagens, que poderão ser utilizados para a avaliação da 
subsuperfície. 
 
O conhecimento inicia-se através de uma inspeção no local, onde deverá ser 
observado o seguinte: 
! Natureza do terreno – tipo de solo, ocorrência de afloramento de rocha, presença 
de blocos ou matacões, proximidade de rio, linhas de drenagem; 
! Morfologia do terreno – terreno plano, suavemente ondulado, ondulado, terreno 
íngreme, encosta natural (talude de corte), área de aterro; 
! Presença ou vestígio d’água ou umidade; 
! Finalidade da sondagem para uma adequada interação entre a futura obra e o 
meio ambiente, tanto em superfície como subsuperfície; 
! Sondagem em terreno firme ou dentro de um espelho d’água (mar, rio, lago); 
! Número de furos definido por norma, especificação ou solicitação do cliente, na 
contratação da sondagem; 
! Profundidade do furo, variável com o tipo de obra, sendo também objeto de 
norma, especificação ou solicitação do cliente; 
! Local da sondagem, também amarrado ao tipo de obra; 
! Tipo de prospecção é também escolhido durante o planejamento, em função da 
realidade do terreno onde as sondagens serão executadas; 
! Posição dos furos e previsão de possíveis deslocamentos devido à presença de 
blocos ou matacões. 
 
 
4.1 - NÚMERO DE SONDAGENS: 
 
A NBR 8036 - Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos 
para fundações de edifícios - 1983, estabelece: 
No item 4.1.1.2 “As sondagens devem ser, no mínimo, de uma para cada 200m2 de 
área da projeção em planta do edifício, até 1.200m2 de área. Entre 1.200m2 e 2.400m2 
deve-se fazer uma sondagem para cada 400m2 que excederem 1.200m2 . Acima de 
2.400m2 o número de sondagens será fixado de acordo com o plano particular da 
construção. Em quaisquer circunstâncias o número mínimo de sondagens deve ser: 
 
a) Dois para área da projeção em planta do edifício até 200m2 ; 
b) Três para área entre 200m2 e 400m2 . 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 16 
 
 
 
 
 
4.2 - POSIÇÃO DOS FUROS: 
 
A NBR 8036 no item 4.1.1.4 "As sondagens devem ser indicadas em planta e 
obedecer as seguintes regras gerais: 
 
a) Na fase de estudos preliminares ou de planejamento do empreendimento, as 
sondagens devem ser distribuídas em toda a área da edificação; na fase de projeto 
executivo pode-se localizar as sondagens de acordo com critérios específicos que levem 
em conta pormenores estruturais; 
b) Quando o número de sondagens for superior a três, elas não devem ser 
distribuídas ao longo de um mesmo alinhamento; 
c) Para fundações, as sondagens devem ser feitas tanto mais próximas quanto 
possíveis das mesmas. 
 
 
4.3 - PROFUNDIDADE DAS SONDAGENS 
 
A NBR 8036 , no item 4.1.2.2 "As sondagens devem ser levadas até a profundidade 
onde o solo não seja mais significativamente solicitado pelas cargas estruturais, fixando-
se como critério, aquela profundidade onde o acréscimo de pressão no solo, devido às 
cargas estruturais aplicadas, for menor do que 10% da pressão geostática efetiva". 
 
Em anexo, gráfico para estimativa da profundidade, apresentado na norma citada. 
A norma NBR 6884 - 2001, também estabelece critérios de paralisações, os quais 
serão abordados a seguir. 
 
A paralisação da sondagem obedece a critérios pré-estabelecidos entre o cliente e o 
executor adotando-se: 
 
a) Critérios estabelecidos na Norma NBR-6884 / 2001 usando-se a resistência à 
penetração em ensaios SPT sucessivos, como por exemplo: 
 
! Em 3m sucessivos, se obtiver índices de penetração de 30/15 iniciais; 
! Em 4m sucessivos, se obtiver índices de penetração 50/30 iniciais; 
! Em 5m sucessivos, se obtiver índices de penetração com valor de 50/45 do 
amostrador padrão. 
 
b) Ao se atingir uma profundidade pré-determinada, caso tenha sido ultrapassada, 
por exemplo, uma camada de argila orgânica, já previamente conhecida. 
 
c) Quando atingida determinada profundidade, desde que a consistência (no caso de 
argila) ou a compacidade (no caso de areia) obtida no ensaio SPT tenha alcançado um 
valor de resistência a penetração pré-estabelecido. 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP17 
d) Nega de trépano de lavagem, que caracteriza a condição de impenetrável ao 
método de sondagem a percussão, com o uso do ensaio SPT, alternado com o método 
de avanço por lavagem. 
 
 
 
 
Usualmente considera-se que ocorreu a nega do trépano de lavagem se durante 30 
minutos de execução da lavagem, operação que consiste na elevação da composição de 
lavagem em cerca 0,30m do fundo do furo, e de sua queda, que deve ser acompanhada 
de movimento de rotação imprimido manualmente pelo operador, constata-se uma das 
situações abaixo descritas: 
 
! Durante os 30 minutos do ensaio e da anotação em separado dos avanços 
obtidos, para cada 10 minutos, forem conseguidos avanços inferiores a 5,0 cm, 
para o total tempo de lavagem, isto é, 30 minutos; 
! Quando após a realização de quatro ensaios consecutivos (SPT), não for 
alcançada a profundidade completa de execução do ensaio penetrométrico, isto 
é, 0,45m, e a cota do ensaio penetrométrico seguinte seja atingida por lavagem; 
! Para o caso específico de projetos geotécnicos na construção de edifícios, deve 
ser consultada a NBR 8036 / JUN – 1983, cujo gráfico para a estimativa da 
profundidade das sondagens na área da futura edificação é mostrado em anexo. 
 
 
4.4 - CUSTO DAS SONDAGENS 
 
Qualquer investigação de subsolo terá um custo maior ou menor em função do 
terreno, bem como da obra a ser executada. 
As sondagens mais dispendiosas são aquelas que não são realizadas. A não 
realização de sondagens, seguramente vai acarretar aumento de custos e riscos de ruína 
para a futura obra. 
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e 
Ambiental, após a realização do 1º Workshop sobre seguros de engenharia promovido 
pela ABGE em 2001, no país, o custo das investigações geotécnicas fica abaixo de 1% do 
valor total das obras civis, enquanto que em outros países essa percentagem varia de 1 a 
3%. 
O preço para execução das sondagens, de um modo geral, é definido por: 
 
1 - Mobilização e Desmobilização de equipe e equipamentos; 
2 - Custo de metro linear perfurado (sondagem mecânica); 
3 - Custo de bases (extensões) ou caminhamentos (sondagem geofísica); 
4 - Instalação por furo; 
5 - Execução de plataformas em encostas; 
6 - Execução de plataformas ou flutuantes em espelhos d'água. 
 
No planejamento das sondagens também deve ser considerado o tempo gasto na 
sua execução, bem como a época de sua realização, se durante o projeto ou a obra, 
algumas áreas, face às dificuldades de acesso, só possibilitem a execução das 
sondagens durante a execução da obra. 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 - SONDAGEM À PERCUSSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 19 
 
5 – SONDAGEM À PERCUSSÃO: 
 
5.1 – EQUIPAMENTO: 
 
O equipamento padrão para execução de sondagens à percussão com circulação 
d’água compõe-se principalmente das seguintes peças: 
 
! Torre desmontável, com quatro pernas de 5m de comprimento, de tubo de aço, 
sem costura, com 2” de diâmetro interno e 5mm de espessura mínima de parede. 
Acompanha a torre, sarilho e roldana. A roldana terá eixo de aço de 1” de 
diâmetro sobre rolamento de esferas; 
! Conjunto moto-bomba constituído por: bomba d’água com entrada e saída de 2”, 
com vazão mínima de 70 L/min, conjugada com motor à gasolina, diesel ou 
elétrico, com potência da ordem de 6,5CV e pressão também da ordem 70 
Kg/cm2 , montado sobre esquis e/ou rodas, acompanhado dos seguintes 
complementos: 
 
• mangote de sucção de 1 1/2” de diâmetro, com 5,00m de comprimento; 
• mangueira de borracha com quatro (4) lonas de 1” de diâmetro interno com 
7,00m de comprimento. 
 
! Caixa ou reservatório d’água com capacidade de armazenar cerca de 200L; 
! Haste-guia (do peso batente), com 1” de diâmetro interno e 4mm de espessura 
mínima; 
! de parede, com cerca de 1,12m de comprimento; 
! Peso batente de 65 Kg; 
! Cabeça batente, com rosca especial, confeccionada em aço de 95% a 100% de 
carbono por revestimento; 
! Revestimento constituído por: tubo de aço, sem costura, para pressão, com 2 
1/2” de diâmetro interno e 6mm de espessura mínima de parede, com rosca 
especial em ambas extremidades, conforme descrição abaixo: 
 
• Seção de 3,00m; 
• Seção de 2,00m; 
• Seção de 1,50m; 
• Seção de 1,00m; 
• Seção de 0,50m. 
 
! Duas sapatas cortantes, com rosca especial, confeccionada em aço de 95% a 
100% de carbono; 
! Cabeça batente, com rosca quadrada de uma entrada e três filetes por polegada 
nas duas extremidades p/ haste; 
! Hastes constituídas por: tubo de aço, sem costura, com 1” de diâmetro interno e 
4mm de espessura mínima de parede, com rosca especial e peso 2,97 Kg/ml, 
conforme descrição abaixo: 
 
• seção de 3,00m - sete varas 
• seção de 2,00m - cinco varas 
• seção de 1,00m - três varas 
• seção de 0,50m - duas varas 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 20 
Nota: Na maioria das execuções de sondagem à percussão para obra de engenharia, se 
usa, no máximo, 35,00m de haste de 1”. 
 
! Amostrador padrão bipartido longitudinalmente, tipo Raymond com 2” de 
diâmetro externo e 1 3/8” de diâmetro interno, figura em anexo; 
! Cruzeta de lavagem com entrada de 3/4” e saída de 1”; 
! Lâmina de lavagem de 2” x 1/4”, soldada em tubo de aço, sem costura, com 1” 
de diâmetro interno e 4mm de espessura mínima de parede, com 0,5m de 
comprimento, com rosca comum para ser adaptada a tubo de 1”; 
! Cruzeta de lavagem (tubo de 2 1/2” x 3” x 0,30m), com rosca especial para 
descarga d’água, com luva para tubo de aço, sem costura, para pressão, de 2” de 
diâmetro interno, soldada a 0,05m da rosca; 
! Balde interno para tubo de 2”, para esgotar água do furo; 
! Bomba de areia de sucção para tubo de 2”; 
! Trado concha de 4” de diâmetro, com rosca comum, para adaptar em tubo de 1” 
(figura em anexo); 
! Trado helicoidal de 2” de diâmetro, com rosca comum, para adaptar em tubo de 
1” (figura em anexo); 
! Braçadeira para sacar tubo de diâmetro externo, em chapa de 3/4”, com 3” de 
largura e 0,70m de comprimento; 
! Ferramenta para sacar tubo de guia; 
! Chave de grifa de 24”; 
! Chave de grifa de 18”; 
! Chave de alçar; 
! Tenaz com corrente para tubo de 2 1/2” até 4” (tipo jacaré); 
! Cabo de aço de 3/8" com 20,0m; 
! Escova de aço; 
! Sacos plásticos pequenos (± 20cm) para amostra individual; 
! Saco plástico grande (± 40cm) para coleção de amostra do furo; 
! Etiquetas gomadas para identificação da amostra (furo, nº amostra, penetração); 
! Balde metálico com capacidade para 20 litros; 
! Recipiente com capacidade de 20 litros para transporte de gasolina; 
! Recipiente com capacidade de 10 litros para transporte de óleo lubrificante; 
! Jogo de chave de boca de 1/4” até 1 1/2”; 
! Trena de 20m; 
! Metro de madeira, de balcão; 
! Mangueira de borracha transparente com 20m, para nivelamento. 
 
 
5.2 – EXECUÇÃO: 
 
A execução dos serviços de sondagem à percussão inicia-se pelo posicionamento 
da torre (tripé) num ponto locado e nivelado em relação a um RN fixo e bem determinado 
no terreno, ou num ponto pré-determinado num espelho d’água. 
O posicionamento da torre de sondagem em terra firme é realizado, com o 
levantamento e o nivelamento da torre (tripé) sobre a superfície do terreno, tendo-se o 
cuidado de que as pernas de apoio estejam firmemente assentadas. 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 21 
 
 
O processo de perfuração é iniciado atravésde trado ou cavadeira, até a 
profundidade de 1,00m. O material coletado através do trado ou da cavadeira, deve ser 
identificado, como amostra inicial de trado, e colocado em saco plástico apropriado. 
 
O ensaio de penetração SPT é iniciado, com a descida das hastes, por dentro do 
furo, acopladas ao amostrador padrão, que é posicionado no fundo do furo. A cabeça de 
bater é conectada no topo da haste, o peso batente será apoiado sobre ela devendo ser 
anotada uma eventual penetração do amostrador no terreno. O ensaio de penetração 
SPT – Standard Penetration Test consiste na cravação dinâmica de 45cm do barrilete 
amostrador padrão tipo Raymond, no solo. 
O topo do tubo de revestimento de 2 1/2” de diâmetro é usado como nível de 
referência, e na haste de perfuração marca-se de forma visível (com giz), um segmento 
de 0,45m, dividido em três segmentos iguais de 0,15m cada um. O peso batente de 65Kg 
é levantado por meio de cabo de aço e sarilho, até a altura de 0,75m, marcada na haste 
guia do peso. Deve-se observar que os eixos longitudinais do peso batente e a 
composição de cravação do amostrador, estejam rigorosamente coincidentes e 
verticalizados. 
A queda do peso batente deve ser totalmente livre, por gravidade, para ser evitada 
perda de energia de cravação por atrito, principalmente, quando for utilizado equipamento 
mecanizado, o qual deve ser dotado de dispositivo disparador que garanta a queda 
totalmente livre do peso. 
Procede-se a cravação do amostrador, através da queda livre do peso de 65Kg a 
uma altura de 0,75m, anotando-se separadamente o número de golpes necessários para 
a cravação de cada segmento de 0,15m. 
De acordo como definido por Terzaghi-Peck (Soil Mechanics in Engineering 
Practice), e normalizado pela NBR 6484, o índice de resistência a penetração, é a soma 
do número de golpes necessários a cravação no solo dos 0,30m finais do amostrador. 
Após a realização do ensaio de penetração, a composição da sondagem, composta 
pelas hastes e barrilete, será retirada do subsolo através de manobra com auxílio da torre, 
cabeça de alçar hastes, cabo de aço, sarilho e chaves. 
O amostrador bipartido é aberto para retirada da amostra, tendo-se o cuidado de 
anotar uma possível mudança de material, na amostra coletada. Uma parte representativa 
da amostra é colocada em saco plástico próprio, etiquetado, principalmente a parte 
relativa ao bico do amostrador. Na etiqueta gomada utilizada deve constar o número do 
furo, o número da amostra, a profundidade e os números de golpes, relativos a cada 
segmento de 0,15m. 
 
Após a execução do primeiro ensaio SPT em terreno firme, a perfuração do subsolo 
é prosseguida, através do uso de trado até que o mesmo se torne inoperante, ou o nível 
d’água (N.A) seja encontrado. A partir daí, a sondagem é realizada com a utilização do 
processo de perfuração por circulação d’água, no qual, usa-se o trépano de lavagem 
como ferramenta para escavação do subsolo. O material escavado pela ação do trépano 
acoplado às hastes, é removido por meio de circulação d’água impulsionada pelo 
conjunto moto-bomba. 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 22 
 
 
 
Se as paredes do furo durante a sua perfuração tornarem-se instáveis, isto é, o furo 
tendendo a fechar, o revestimento de 2 1/2” deve se descido através de sua cravação 
dinâmica com o uso do peso batente, até onde se fizer necessário, para evitar o 
fechamento da perfuração. O revestimento deve ficar posicionado sempre acima da cota 
de realização do ensaio SPT, de 0,50m. Somente, em casos de fluência do solo para o 
interior do furo, será admitido deixá-lo a mesma profundidade do fundo do furo. Em alguns 
casos pode-se usar a lama bentonítica para revestir as paredes do furo, sendo a mesma, 
previamente preparada, 12:00h antes de uma utilização. 
A lama bentonítica não poderá ser usada em sondagem à percussão que também 
se pretenda instalar medidor de nível d'água subterrâneo ou piezômetro. 
A sondagem prossegue com a cravação dinâmica do amostrador, isto é, realização 
do ensaio SPT, a cada metro, sendo utilizado como método de avanço da sondagem a 
circulação d’água por lavagem, entre duas penetrações sucessivas, portanto, para cada 
0,45m penetrados no terreno, serão lavados 0,55m para se atingir a nova cota de 
penetração. 
Na sondagem executada dentro d’água, inicialmente o tripé é instalado sobre o 
flutuante ou plataforma, posicionado e poitado, e o revestimento é descido até o fundo do 
espelho d’água, sendo o mesmo, a partir daí, cravado no terreno, usando-se os mesmos 
critérios utilizados em terra firme. 
O índice de resistência a penetração SPT, quando realizado de acordo a Norma 
NBR - 6484, apresenta valores, que dão uma indicação bastante útil, para a determinação 
da consistência nos estratos argilosos sondados, ou da compacidade nos estratos 
arenosos. Entretanto, o índice de resistência à penetração, pode apresentar resultados 
incorretos, uma vez que, uma série de fatores pode influenciar os valores obtidos. 
De maneira geral, estes fatores podem estar associados ao equipamento e/ou a 
própria execução da sondagem. 
Dentre os fatores mais preponderantes associados ao equipamento incluem-se: 
 
! O amostrador tipo Raymond utilizado não obedece à forma e às dimensões 
exigidas pela norma, em relação ao estado de conservação, principalmente 
quanto a sua extremidade cortante (bico); 
! O estado de conservação das hastes ou o uso de hastes fora de padrão em 
relação ao tamanho ou ao peso; 
! O martelo (peso batente) não ter o peso correto (65Kg). 
 
Quanto aos fatores mais freqüentes associados à execução da sondagem 
destacam-se: 
 
! O tripé mal assentado enverga-se, desloca-se lateralmente ou uma das pernas 
afunda, o que pode comprometer a simetria das hastes e do peso batente; 
! Variação na energia de cravação, devido a incorreção na altura de queda do 
martelo (0,75m), ou atrito no cabo de sustentação do peso, quando no 
levantamento do peso; 
! O processo de avanço da sondagem, acima e abaixo do nível d’água 
subterrânea (inclusive a manutenção ou não do “NA”), quando do avanço da 
sondagem, em cota abaixo de sua ocorrência; 
! O furo não estar totalmente limpo, o que provoca sedimentação de material no 
seu interior, notadamente, quando se trata de material pedregulhoso; 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 23 
 
 
 
! O furo não estar suficientemente alargado para permitir a passagem livre do 
amostrador padrão, tipo Raymond. 
 
 
Excesso de lavagem para cravação do revestimento. 
Número de golpes contados de maneira errada (incorreta) em qualquer segmento do 
ensaio SPT. 
 
A eliminação destes fatores, assegura que os valores adotados para a consistência 
ou a compacidade do solo, obtidos com SPT, estão corretos e aceitáveis, podendo ser 
correlacionados, com outros parâmetros obtidos através de outros ensaios, para o mesmo 
tipo de solo sondado. 
 
 
5.3 – DETERMINAÇÃO DO NÍVEL D'ÁGUA (N.A): 
 
Na realização da sondagem à percussão, a determinação da profundidade de 
ocorrência do nível d’água subterrâneo – “N.A”, é também um valioso subsídio para 
qualquer tipo de obra que se pretenda edificar. 
Deste modo, durante a execução da sondagem, deverá ser observado o seguinte: 
 
! Cota do nível d’água (N.A); 
! Registro da pressão (no caso de artesianismo) e a altura atingida pela coluna 
d’água em relação a superfície do terreno; 
! Subida ou descida da coluna d’água de circulação da sondagem, durante a 
operação de prospecção; 
! A cota de fuga ou perda total da água de circulação de lavagem, bem como a 
metragem; 
! Final de revestimento ∅ 2 1/2” utilizado. 
 
O nível d’água deve ser anotado desde a suaevidência de ocorrência, quando o 
solo, por exemplo, se apresentar mais úmido, durante o avanço da sondagem a trado. 
Neste caso, deve-se esperar um certo lapso de tempo, para que o surgimento d'água no 
fundo do furo, possibilite a medida da sua profundidade. 
O nível d’água final da sondagem é determinado no término do furo, após o 
esgotamento do mesmo, com a utilização da bomba balde e da retirada do tubo de 
revestimento, e após decorridas, no mínimo, doze horas da sua conclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 - ENSAIO SPT-T - MEDIÇÃO DE 
TORQUE DE SONDAGEM À PERCUSSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 25 
 
 
 
6 – ENSAIO SPT–T - MEDIÇÃO DE TORQUE EM SONDAGEM À PERCUSSÃO: 
 
O ensaio SPT – T (SPT-Torque) foi desenvolvido recentemente, a partir de uma 
idéia original de SMT Ranzini (1995), e consiste na medida após a cravação do barrilete 
amostrador padrão Raymond, do momento de torção do referido amostrador, conforme 
Ranzini, UR Alonso e L. Décourt, publicada no número 511 da revista “Engenharia” de S. 
Paulo. 
 
6.1 – EQUIPAMENTO BÁSICO: 
 
Constituído pelo equipamento completo de sondagem à percussão de simples 
reconhecimento, acrescido de: 
 
6.1.1 – Torquímetro: ferramenta mecanizada de controle manual para medição de 
torque. A capacidade mínima do torquímetro deve ser de 50 Kgf x m. Entretanto, 
recomenda-se o torquímetro com capacidade de 80 Kgf x m, preferencialmente com 
ponteiro de arraste. 
 
6.1.2 – Chave soquete: ferramenta de encaixe sextavado utilizado para atarraxar e 
desatarraxar pinos ou porcas. 
 
6.1.3 – Disco centralizador: disco de aço carbono especial, com diâmetro externo de 3”, 
e furo central de 1 1/4”, cujo objetivo é manter a composição das hastes de 1” da 
sondagem à percussão centralizada em relação ao tubo de revestimento de 2 1/2”. A 
face inferior do disco tem um sulco de 4mm de largura por 4mm de profundidade, com 
diâmetro de 2 1/2” para encaixe do tubo guia ou revestimento, de 2 1/2”. 
 
6.1.4 – Pino adaptador: constituído de aço, na forma de um tarugo sextavado com 
diâmetro de 1 1/4” e rosca BSP de 1” numa das suas extremidades. 
 
 
6.2 – A MEDIDA DO TORQUE: 
 
O Torque é efetuado, conforme seqüência abaixo, após a realização de cada ensaio 
SPT, de acordo com a NBR-6484: 
 
Após cravado o amostrador Raymond padrão, retira-se a cabeça de bater, e coloca-se o 
disco centralizador até o mesmo ficar apoiado no tubo guia e rosquea-se na mesma luva, 
onde estava anteriormente a cabeça de bater, o pino adaptador. 
A chave soquete de medida é encaixada perfeitamente no pino sextavado, e acopla-se 
ao torquímetro, a chave soquete. 
O operador inicia o movimento de rotação do conjunto de hastes de 1”, usando o 
torquímetro como braço de alavanca, tendo o cuidado de manter o mesmo na horizontal, 
não forçando o encaixe do torquímetro com a chave soquete, e desta com o pino 
sextavado, isto é, o conjunto está perfeitamente encaixado, e o torquímetro na horizontal. 
Um observador bem posicionado lê no instrumento de leitura do torquímetro, o valor 
máximo obtido na operação de torque e avisa ao operador que interrompa a rotação após 
ter sido alcançada aquela leitura máxima. 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 26 
 
 
 Às vezes, é anotado também, o valor residual após o torque máximo. 
 
 
As anotações devem ser feitas no próprio boletim de sondagem, em coluna própria, 
ao lado da que contém o SPT. 
A operação é realizada, a cada metro, sendo observada a capacidade do 
torquímetro. 
 
 
6.3 – O ÍNDICE DE TORQUE (TR): 
 
É a relação existente entre o valor do torque, medido em Kgf x m, pelo valor N do 
SPT (T/N). 
O estabelecimento de correlações estatísticas entre o valor do torque (T), medido 
em Kgf x m, e o valor de resistência à penetração N, permite uma nova classificação de 
solos, que desempenha um papel fundamental na estrutura destes solos. 
 
 
6.4 – INTERPRETAÇÃO DO SPT – T: 
 
A partir do conhecimento das propriedades e parâmetros geotécnicos, dos solos da 
bacia sedimentar terciária do estado de S. Paulo, os autores admitiram que, a relação T/N 
é aproximadamente 1,2. A partir daí, Décourt (1996) propôs que se definisse a 
equivalência entre o SPT e o SPT-T, como sendo o valor do torque T (Kgf x m) dividido 
por 1,2, tendo por base o conceito de N equivalente (Neq.) 
Entretanto, deve-se frisar que, a sua utilização deverá ser feita com muita cautela. 
As comprovações existentes estão muito longe de se constituir numa prova definitiva de 
ampla aplicabilidade, a partir da premissa estabelecida, para os solos da BST SP (Bacia 
Sedimentar Terciária de S. Paulo). 
Outra forma de interpretar e de utilizar os valores do torque, seria, através de 
correlações diretas "entre o atrito unitário de estacas e o atrito unitário amostrador-solo", 
Alonso, U.R . 
"Correlações entre o atrito lateral medido com o torque e o SPT", dezembro 1994, 
segundo Fundações - Teoria e Prática - ABNT / ABEF, 2ª edição. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 - AMOSTRADORES ESPECIAIS PARA 
COLETA DE AMOSTRAS 
INDEFORMADAS EM SOLOS 
ARGILOSOS E EM SOLOS ARENOSOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 28 
 
 
 
7 – AMOSTRADORES ESPECIAIS PARA COLETA DE AMOSTRAS INDEFORMADAS 
EM SOLOS ARGILOSOS E EM SOLOS ARENOSOS: 
 
7.1 - AMOSTRADOR SHELBY: 
 
A ocorrência de estratos no subsolo de natureza argilosa, com consistência mole e 
espessura variável, cuja camada pode variar desde lentes centimétricas até pacotes com 
espessura da ordem de metros, levaram ao desenvolvimento de um amostrador especial 
de parede fina, que possibilitasse a coleta deste tipo de material. 
O amostrador tipo Shelby de parede fina, é o mais usado, tanto no Brasil como no 
exterior. Normalmente são fabricados em latão ou alumínio, e também podem ser em aço 
inoxidável, porém a um custo mais elevado. 
A qualidade da amostra indeformada coletada, está diretamente relacionada ao 
diâmetro do amostrador, normalmente de 3” ou 4” polegadas, bem como a operação de 
coleta, da manipulação da amostra após a coleta, do transporte e do armazenamento 
da amostra. 
A sondagem, para a coleta de amostra indeformada do tipo Shelby, é realizada com 
o equipamento de sondagem à percussão, de simples reconhecimento. Utilizando tubo de 
revestimento de, no máximo, 6” de diâmetro, com avanço, por lavagem, até que se tenha 
atingido a camada argilosa, e a cota em que vai ser realizada a amostragem. Limpa-se o 
fundo do furo, com trado helicoidal ou lavagem, para garantir a qualidade da amostra. 
O amostrador é composto por um tubo conectado a um cabeçote provido de uma 
válvula de esfera, que possibilite ao ar e a água escaparem, à medida que, o amostrador 
é cravado na camada argilosa, e a amostra coletada, alojada no seu interior. Toda a 
operação de amostragem no solo é realizada, por introdução do amostrador Shelby, 
através de pressão estática constante, que é retirado do solo quando estiver cheio. 
Durante a operação de cravação, deve ser observado que, o amostrador não 
penetre mais que o seu comprimento, a fim de evitar que a amostra seja comprimida no 
seu interior, perdendo, portanto, as características de amostra indeformada. 
A camisa Shelby é desconectada das hastes e do cabeçote, removendo-se os doisparafusos de fixação e selando-se as extremidades com parafina, para serem enviadas 
ao laboratório, as amostras, serão guardadas em câmara úmida 
As amostras Shelby merecem cuidados especiais, desde a sua extração. Serão 
mantidas sempre, na posição vertical, de forma que a parte inferior, seja a correspondente 
à parte inferior da amostra, antes de suas extremidades serem seladas com parafina. 
Na extração, devem ser evitados impactos e vibrações, na obtenção da amostra, 
que será transportada em caixas com serragem. Deve ser evitada a exposição ao sol, 
quando é retirada do furo, para as operações de embalagem e transporte. Períodos 
longos de armazenagem em câmara úmida, devem ser evitados. A Norma Brasileira NBR 
9820 - 1977 - Coleta de Amostras Indeformadas de Solos de Baixa Consistência em furos 
de sondagem, dá os procedimentos para a coleta de amostras Shelby. 
Em anexo, figura do amostrador Shelby. 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 29 
 
 
7.2 – AMOSTRADORES DE PISTÃO: 
 
Utilizados para a extração de amostras indeformadas, em argilas orgânicas muito 
moles a moles, em argilas médias e rijas e em solos arenosos. 
Na operação de cravação do amostrador, através de pressão estática e contínua, a 
adesão e o atrito entre o solo e as paredes do tubo provoca, nos solos coletados, uma 
pequena perturbação na estrutura original destes solos. Uma vez que, entra menos 
amostra no tubo do amostrador do que deveria ocorrer em relação ao seu avanço, muita 
importância há no amolgamento da amostra coletada. 
Nos solos, considera-se que houve o amolgamento, quando ocorreu a destruição da 
sua estrutura original com conseqüente perda de sua resistência. 
A influência da estrutura do solo nas suas propriedades é pesquisada através de 
ensaios realizados com amostras indeformadas. 
 
O “grau de sensibilidade” Gs de um solo é expresso pela razão entre a resistência à 
compressão simples (Rc) de uma amostra indeformada e a resistência (Rc’) da mesma 
amostra, depois de amolgada a teor de umidade constante. 
 
Gs = Rc 
 Rc’ 
 
Os valores a seguir dão classificação proposta por A. W. Skempton, para a 
sensibilidade das argilas: 
 
 
Grau de Sensibilidade Tipo de Argila 
Gs < 1 Argilas insensíveis 
1 < Gs < 2 Argilas de baixa sensibilidade 
2 < Gs < 4 Argilas de média sensibilidade 
4 < Gs < 8 Argilas sensíveis 
Gs > 8 Argilas extra-sensíveis 
 
 
O uso de um pistão ou êmbolo que se desloca, por dentro do tubo de parede fina, 
proporciona uma sensível melhoria nas condições da amostragem, quanto à qualidade da 
amostra obtida, sendo as suas características in natura, consideradas preservadas para 
efeito de ensaios, e a amostra considerada indeformada. 
A operação para retirada da amostra é realizada com a descida do amostrador até o 
fundo do furo de sondagem, totalmente limpo, estando o tubo fechado pela êmbolo. 
Suspende-se, a seguir, o êmbolo ou pistão, puxando-se a haste interna até cerca de um 
terço da altura do tubo e crava-se esta parte no solo. Depois puxa-se o restante do pistão 
e crava-se o restante do amostrador. Para destacar a amostra coletada do solo, gira-se o 
amostrador, sendo o mesmo puxado para a superfície. 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 30 
 
 
7.2.1 - Amostrador de pistão estacionário Osterbeg: 
 
Consiste de um amostrador de pistão estacionário, conforme figura anexa, utilizado 
para coleta de amostras em: 
 
! Solos argilosos orgânicos de consistência mole; 
! Solos silte-argilosos de consistência mole; 
! Solos arenosos ou silte-arenosos, de compacidade fofa à medianamente 
compacta. 
 
O amostrador é formado por um tubo de parede fina, interno a um outro tubo, 
coroado por uma cabeça, que recebe a pressão hidráulica utilizada para a cravação do 
tubo de parede fina no solo. No interior do corpo do amostrador existe um êmbolo que 
permanece estacionário durante toda a operação de cravação do amostrador. 
Quando o tubo interno estiver completamente preenchido pela amostra de solo, que 
corresponde ao término do curso da cabeça, executa-se, na coluna das hastes, uma 
torção para cortar a base da amostra. 
A seguir, o conjunto de hastes e de barrilete, é retirado, com todo cuidado. As 
válvulas de esfera aliviam toda a pressão durante a subida do conjunto e provocam um 
vácuo, que permite reter a amostra coletada no tubo interno. 
A obtenção das amostras indeformadas, seja através de amostradores especiais, 
seja através de blocos em poços escavados, permitem a realização de ensaios em 
laboratório de solos, onde as características naturais dessas amostras são consideradas 
como praticamente preservadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 - QUALIDADE DAS AMOSTRAS 
INDEFORMADAS, ENSAIOS "IN SITU" E 
DE LABORATÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 32 
 
 
8 - QUALIDADE DAS AMOSTRAS INDEFORMADAS, ENSAIOS "IN SITU" E DE 
LABORATÓRIO: 
 
As amostras indeformadas, coletadas com amostradores especiais, ou obtidas 
através de blocos moldados "in situ" permitem realizar ensaios de granulometria com 
sedimentação, cisalhamento direto, adensamento, triaxial ou ainda ensaio de difração por 
raio-x e lâmina petrográfica. 
O ensaio de granulometria com sedimentação permite identificar a fração fina e 
coloidal do solo. 
O ensaio de adensamento tem como objetivo a deteminação experimental das 
características do solo, que interessem à determinação dos recalques provocados pelo 
adensamento, isto é, sua compressibilidade quando submetidos a uma carga em função 
do tempo. 
A resistência ao cisalhamento pode ser obtida através de cisalhamento direto, 
compressão triaxial e compressão simples. 
Estes ensaios permitem conhecer a resistência de um solo ao cisalhamento, isto é, 
a propriedade de suportar cargas e conservar a estabilidade. 
Os ensaios de difração por raio-x e lâmina petrográfica permitem identificar a 
composição mineralógica e as propriedades associadas à mineralogia, como por exemplo 
a expansibilidade. 
Por mais cuidados que recebam em suas extrações, as amostras indeformadas, 
ainda apresentam a inevitável limitação, representada pela descompressão que 
experimentam, ao serem retiradas de sua posição natural. Daí, a importância de ensaios 
"in situ", como, por exemplo, o ensaio de penetração estática ou Diepsondering, (ensaio 
CPT), hoje modificado e denominado de ensaio piezocone - ensaio CPTU, e também 
realizado na versão de ensaio de cone elétrico. 
Ainda, quanto a ensaios "in situ", podemos relacionar o Vane-Test, conhecido como 
ensaio de palheta e os ensaios pressiométricos, realizados através de placas 
(carregamento) ou sondas pressiométricas, como por exemplo o pressiômetro do tipo 
Menard. 
Considerando os objetivos do curso, não serão detalhados os ensaios "in situ" 
realizados sobre solos argilosos ou arenosos, bem como os de laboratório. 
No estado atual da técnica de coleta de amostras, seja através de amostradores 
especiais (citado no item 7) ou de blocos indeformados, ou por aparamento com o uso de 
cilíndricos e anéis biselados, no fundo de cavas em solo de qualquer natureza, a extração 
da amostra exigirá a introdução de ferramenta (barrilete, cilindro, anéis biselados, etc...) 
que provoca alterações nas condições de tensão na vizinhança, onde a amostra está 
sendo tirada. No entanto, a amostra contida no amostrador,não está submetida aos 
mesmos esforços que possui no seu estado natural, bem como, durante a sua extração 
no laboratório, seja de barrilete ou de bloco indeformado, também produzirá outra 
variação de esforços. Dessa maneira, as variações de tensões são inevitáveis, 
especialmente, quando da determinação por ensaio triaxial da pressão neutra na amostra 
de solo. 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 - CLASSIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO 
E INTERPRETAÇÃO DOS 
RESULTADOS DAS SONDAGENS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 34 
 
 
9 - CLASSIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 
DAS SONDAGENS: 
 
9.1 - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE SOLO: 
 
A classificação e a caracterização das amostras coletadas, nas sondagens à 
percussão, é feita através da identificação tátil-visual do solo constituinte das amostras e 
serão observadas: 
 
! A sua granulometria; 
! A sua origem ou gênese; 
! A sua composição mineralógica visível a olho nu, ou com auxílio de lupa; 
! A sua cor; 
! Quanto à granulometria, os solos poderão ser classificados, segundo a ABNT 
conforme o quadro abaixo. 
 
 
Classificação Diâmetro do grão 
Pedregulho 4,8mm a < 76mm 
Areia Grossa 2,0mm a 4,8mm 
Areia Média 0,42mm a 2,0mm 
Areia Fina 0,05mm a 0,42mm 
Silte 0,05mm a 0,005mm 
Argila < 0,005mm 
 
 
A fração grossa do solo, constituída por pedregulho ou areia, poderá ser 
individualizada, através da inspeção visual ou do tato, com o auxílio dos dedos ou lupa. 
Quanto à fração fina do solo, constituída por silte e argila, é, normalmente, identificada 
usando-se a plasticidade ou consistência. 
A amostra que contém argila em contato com a água, torna-se pegajosa e, quando 
seca, apresenta resistência ao destorroamento por pressão dos dedos. 
O silte, quando molhado, não apresenta plasticidade e, quando seco, é sedoso ao 
tato, sendo os torrões facilmente desagregados pela pressão dos dedos. 
Em relação à sua gênese ou origem, os solos podem ser classificados em: residuais 
e transportados (sedimentares). Em áreas urbanas ou onde ocorreu ação antrópica os 
aterros também deverão ser identificados, mencionando-se o tipo do material constituinte. 
Os solos residuais são aqueles que não sofreram nenhum tipo de transporte. Estes 
solos são resultantes da decomposição da rocha matriz que lhe é subjacente. 
A sua formação está intimamente associada à velocidade de decomposição da 
rocha matriz, cuja ação do intemperismo é maior do que a velocidade de remoção 
provocada por agentes atmosféricos tais como: chuva, vento, associados à declividade ou 
morfologia do terreno e cobertura vegetal. 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 35 
 
 
 
Os solos residuais são usualmente classificados em: 
 
! Residuais jovens - onde é visível a olho nu a estrutura original da rocha matriz, 
inclusive a presença de veios intrusivos, xistosidade, fissuras, sendo às vezes, 
classificados como saprolito, tendo aspecto heterogêneo; 
! Residuais maduros - onde é visível algum vestígio da estrutura original da rocha 
matriz e têm aspecto bastante homogêneo. 
 
Os solos transportados são aqueles que sofreram algum tipo de transporte mecânico 
provocado por água de chuva ou de rio ou do mar, por gravidade, por vento ou por 
geleira. 
Os solos coluvionares são formados por ação da gravidade, associados à morfologia 
íngreme. O talus é um tipo especial de solo coluvial, associado às escarpas da serra do 
mar. 
Os solos aluvionares são formados por ação das águas de chuvas e/ou fluviais, 
associados, quase sempre, a relevo ondulado ou de baixada. 
Os solos sedimentares eólicos, constituem os depósitos recentes de dunas, 
formados principalmente por areias finas. Os solos de origem marinha geralmente 
exibem conchas, com granulometria variando de areia à argila. 
Ocorrem, ainda, os solos orgânicos de origem sedimentar, que apresentam como 
características principais: alta plasticidade, odor característico, e a cor variando de cinza 
escura à preta. Existem também os depósitos de geleira que constituem os til e drífts, de 
pequena ocorrência no país. Eles são caracterizados por uma granulometria totalmente 
descontínua, aberta, onde ocorrem desde matacões até sedimentos finos, dentro de um 
mesmo estrato ou camada. 
Finalizando, temos os solos lateríticos, que por transformações pedogenéticas, tanto 
podem ocorrer em camadas de solos residuais ou transportadas. 
Os solos lateríticos têm sua fração argila, constituída predominantemente de 
minerais cauliníticos, e apresentam elevada concentração de ferro e alumínio, sob a 
forma de óxidos e hidróxidos, dando, caracteristicamente, uma peculiar coloração 
avermelhada. Estão associados a clima quente, com regime de precipitação 
pluviométrica, variando de moderada a intensa. 
Quanto a composição mineralógica, em áreas de rocha cristalina (granito / gnaisse), 
passível de identificação em uma classificação táctil visual temos, principalmente, o 
quartzo, o feldspato e a mica. A partícula de quartzo é inerte, não está sujeita a alteração 
química, sofrendo modificações na sua forma geométrica, variando desde a arestada até 
a arredondada, devido ao transporte. 
A partícula de feldspato está sujeita a alteração química, se apresentando sob a 
forma de caulim. As micas biotita (mica preta) e moscovita (mica branca), sob a forma de 
palhetas, vão caracterizar, principalmente, os solos de comportamento siltoso. 
A cor também pode ajudar na caracterização de um solo. 
Os solos orgânicos apresentam cor preta ou cinza escura. 
Os solos de coloração cinza clara estão, quase sempre, associados à presença 
d'água ou a variação do lençol freático. Os solos avermelhados estão, na sua maioria, 
associados a leterização. Os solos residuais, que apresentam uma coloração variada, 
(mosqueada) são, comumente, classificados como cor variegada. 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 36 
 
 
 
9.2 - INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS SONDAGENS: 
 
A interpretação dos resultados obtidos nas sondagens à percussão, está associada, 
principalmente : 
 
! Ao sítio onde estão localizadas as sondagens; 
! Ao tipo de morfologia ocorrente (terreno plano, ondulado, escarpado); 
! À natureza das rochas e dos solos, principalmente, quanto a sua gênese; e se o 
solo é de origem sedimentar ou residual; 
! À espessura das diversas camadas de solo obtidas nos perfis individuais; 
! À resistência ao ensaio de penetração obtido durante a realização das 
sondagens, nas diferentes camadas de solos detectadas; 
! À confecção da seção transversal geológico-geotécnico, das subsuperfície do 
terreno, levando em consideração o SPT, o N.A, a ocorrência de possíveis lentes 
compressíveis; 
! À identificação de parte de um maciço de terra, susceptível a escorregamento, 
através de perfis longitudinais / transversais. 
 
Torna-se necessário lembrar que, toda interpretação, além da experiência do técnico 
responsável pela sua elaboração, apresenta, inevitavelmente, uma dose de subjetividade. 
A interpretação das formas de jazimento das camadas do subsolo, tende a se 
aproximar, cada vez mais, da sua realidade, quando o fator subjetividade diminui devido à 
qualidade, e à eficiência fornecidos pela sondagem, associada à interpretação correta (fig. 
9 a fig. 11, anexas) 
A qualidade e a eficiência das sondagens estão associadas à observância das 
normas de sondagens, tanto no que se reporta ao equipamento e seu estado de 
conservação,quanto à realização das sondagens, por sondador devidamente treinado 
para a sua execução. 
Estudos realizados no Brasil sobre a eficiência do SPT, em comparação com outros 
países, e principalmente nos Estados Unidos, Decourt - "The Standard Penetration Test-
State of the Art Report " XII ICMFE, Rio de Janeiro, 1989 ", quando o mesmo é 
executado de acordo com a NBR 6484, sua eficiência é em média 72%. Atualmente há 
nos Estados Unidos uma variedade enorme de equipamentos de sondagem à percussão, 
para a realização de ensaio SPT, com eficiência variando, de um mínimo, de cerca de 
40%, e um máximo de 95%. 
Esta interpretação deve ser realizada, preferencialmente, por um geólogo de 
engenharia ou um engenheiro geotécnico, e objetiva fornecer elementos confiáveis, como 
por exemplo: 
 
! Ao projetista e/ou calculista de uma fundação, dados concretos para que ele 
possa definir a taxa de fundação e a sua cota de assentamento; 
! Em estudos de viabilidade técnica, ou em projeto executivo para construção de: 
estradas, ferrovias, linhas de transmissão, emboques de túneis, dutos enterrados, 
etc. Identificando a melhor diretriz, as características geotécnicas dos terrenos, 
os materiais de construção, a estabilidade de taludes, etc... 
! No complexo de uma barragem, em todas as suas fases de projeto e execução: 
fundação, cortes, taludes naturais e artificiais, instalação de instrumentação, etc. 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 37 
 
 
 
 
Os vários tipos de solos ocorrentes numa sondagem à percussão podem caracterizar: 
 
! A gênese deste solo, se sedimentar ou residual, quando associado, 
principalmente, à forma do grão, a sua mineralogia e a sua morfologia. Solo 
coluvial (sedimentar) ocorrente em área de rocha gnáissica apresenta grãos de 
quartzo ou de feldspato, angulosos ou arredondado, imerso em solo argilo-
arenoso ou areno-argiloso, com diâmetro igual ou maior que, cerca de 3,00cm, 
em topografia íngreme, ondulada ou suavemente ondulada. 
! Nos solos residuais é possível identificar a presença da textura da rocha matriz, e 
o índice de penetração (SPT), quase sempre crescente com a profundidade. 
! A presença de matacão é caracterizada por impenetrabilidade brusca ou 
repentina, quando comparada com a impenetrabilidade ou nega de sondagem, 
para outros furos, já concluídos na área. Quando ocorre em profundidade menor 
que 5,00m, recomenda-se deslocar o furo para tentar ultrapassar o bloco ou 
matacão, ou passar a utilizar o método de sondagem rotativa. 
 
Sondagem à percussão realizada sem uso de lavagem, principalmente em área de 
aterro, e com penetração contínua, pode caracterizar uma possível superfície de ruptura 
do aterro. 
 
A cota correta de ocorrência do nível d'água subterrâneo e a sua variação devem ser 
rotineiras, observadas e medidas, tendo-se em vista as futuras escavações e/ou 
fundações. 
 
Em solos expansivo-argilosos e em solos colapsíveis de qualquer natureza, a sua 
correta determinação, pode evitar danos graves à futura obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 - APRESENTAÇÃO DOS 
RESULTADOS DAS SONDAGENS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 39 
 
 
 
 
10 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS SONDAGENS: 
 
A norma NBR - 6484 - 2001, item 7, determina as informações que devem conter o 
boletim de sondagem de campo (relatório de campo) e o relatório de apresentação final. 
De forma geral, as firmas de sondagem, com pequenas variações, apresentam, 
praticamente, os mesmos tipos de boletim de campo e de relatório final. 
Em síntese, o relatório final é baseado nas informações e nas anotações de campo, 
e na coleção de amostras coletadas. Para cada sondagem realizada é preparado um 
desenho (no formato A-4 da ABNT), contendo o perfil individual do furo, geralmente na 
escala de 1:100; com a cota de boca de cada furo, a identificação das diferentes camadas 
atravessadas pela sondagem, as profundidades onde forem realizadas os ensaios de 
penetração e coletadas as amostras, com os respectivos índices de resistência a 
penetração (inicial e final); o gráfico de penetração relativo às penetrações inicial e final e 
à cota de paralisação da sondagem. É parte também integrante do relatório final, um 
desenho com a localização das sondagens em relação a pontos bem determinados do 
terreno, amarradas a RN fixo e indestrutível. 
Quando solicitado, também pode ser apresentado, um perfil (corte) do subsolo, 
contendo os perfis individuais, interpretado de preferência por geólogo ou engenheiro 
geotécnico. 
Em anexo, boletins de campo, de escritório e perfil geológico-geotécnico do subsolo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 - RELEVÂNCIA DA INTERFACE DO 
PROGRAMA DE SONDAGENS E 
PROJETOS DE FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 41 
 
 
 
11 - Relevância da interface do programa de sondagens e projetos de fundações: 
 
11.1 - Estudo da Aplicação de Resultado das Sondagens na Escolha do Tipo de 
Fundação: 
 
As sondagens para reconhecimento do subsolo, pelo processo simples de 
percussão, poderão oferecer elementos que permitirão definir e, até mesmo, dimensionar 
uma fundação. 
Os ensaios de penetração simples não podem substituir, em todas as aplicações, os 
ensaios de laboratório efetuados sobre amostras indeformadas. Contudo, na falta destes, 
os ensaios de penetração oferecem dados extremamente úteis, e disparam, certamente, o 
processo de avaliação e comprovação da escolha do tipo de fundação de uma 
construção. 
É válido afirmar que com os dados fornecidos pelas sondagens, como os índices de 
resistência à penetração e camadas subjacentes do subsolo, caracterizadas pelas suas 
classificações, podemos obter uma correlação, que permita uma análise positiva, não 
apenas do tipo de fundação, mas também o seu comprimento, pelo estudo da interação 
solo e elemento enterrado. 
Na medida do possível, organizamos o nosso raciocínio, caracterizando os solos 
como granulares e coesivos. 
Os índices de penetração, que são apresentados nas páginas dos relatórios de 
sondagens, já permitem uma primeira correlação entre o tipo de camada de solo e os 
valores de resistência à penetração. 
 
 
 
QUADRO l 
 
 
 
 
Por outro lado, as informações contidas nos relatórios de sondagens permitem, com 
a classificação das camadas e os índices de resistência a penetração, a avaliação 
próxima da realidade dos valores tais como: o ângulo de atrito interno, a coesão, a 
resistência à compressão, a compressibilidade, o peso específico, a densidade. 
Solo Denominação SPT 
Fofa ≤ 4 
Pouco compacta 5 a 8 
Medianamente compacta 9 a 18 
Compacta 19 a 41 
Muito compacta > 41 
Compacidade de areias e 
siltes arenosos 
Rocha > 80 
Muito mole < 2 
Mole 2 a 5 
Média 6 a 10 
Rija 11 a 19 
Consistência de argila e 
siltes argiloso 
Dura > 19 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 42 
 
 
 
Finalmente, cabe aqui, reafirmar, que é bastante comum o uso de tabelas práticas 
que relacionam o tipo de solo, e o índice da resistência, com os valores já mencionados 
noestudo do subsolo, para o projeto de fundações. Vale dizer que, uma campanha de 
sondagens é o agente definidor de todo o processo de avaliação, de previsão, de 
comprovação e de cálculo das fundações rasas ou profundas dentro da construção civil. 
 
 
11.2 – Comentários: 
 
Os resultados obtidos por uma campanha de furos de sondagens podem definir as 
fundações rasas ou profundas da obra em construção. 
As fundações rasas são executadas em geral na forma de sapatas, blocos de apoio 
direto, tubulões curtos e pequenos radiers. 
As fundações profundas são representadas pela execução de estacas 
(premoldadas, escavadas, moldadas no local, trilhos, perfis, etc), tubulões e estacas 
escavadas de grande seção transversal (circulares ou barretes). 
As correlações obtidas, através dos furos de sondagens, permitem o estudo dos 
seguintes aspectos relativos ao projeto e à execução das fundações. 
 
! Quanto às fundações rasas: 
a) tipo de sapata ou bloco; 
b) taxa de assentamento no contato com o solo; 
c) cota de assentamento ou profundidade da peça; 
d) avaliação de recalques. 
 
! Quanto às fundações profundas (estacas em geral): 
a) tipo de estaca - valor da carga admissível - previsão de comprimento de cada 
elemento; 
b) estaca em solo coesivo; 
c) estaca em solo granular; 
d) efeito de grupo de estacas; 
e) atrito lateral negativo; 
f) cargas horizontais e cargas laterais nas estacas; 
g) adensamento ou recalques. 
 
 
11.3 - Os resultados das sondagens aplicadas às fundações rasas: 
 
A definição de uma sapata é feita basicamente pelo valor da capacidade de carga do 
solo subjacente à esta peça. 
Esta capacidade de carga pode ser feita pela expressão: 
 
 __ 
N = 1,3 CNc + 0,3 ﻻ DN ﻻ + ﻻ HN g 
 
 
 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 43 
 
 
 
onde: 
 
N = carga; 
Nc , Ng , Nﻻ = fatores de capacidade de carga função do ângulo de atrito interno do solo; 
H = profundidade da sapata; 
D = dimensões da sapata; 
ﻻ = peso específico aparente do solo; 
C = coesão do solo. 
 
 
Relembramos que todos estes valores estão relacionados com o tipo de solo e seus 
índices de resistência. 
Alguns autores assinalam as seguintes relações práticas: 
 
 
Para solos granulares (areias, siltes) 
 
Areia SPT Atrito interno (φφφφ) 
muito fofa < 4 < 30º 
fofa 4 a 10 30º - 35º 
median. compacta 10 a 30 35º - 40º 
compacta 30 a 50 40º - 45º 
muito compacta > 50 > 45º 
 
 
 
Para solos coesivos (argilosos) 
 
Consistência SPT Compressão 
Simples 
Kgf/cm2 
muito mole 2 0,25 
mole 2 a 4 0,25 - 0,50 
média 4 a 8 0,50 - 1,00 
rija 8 a 15 1,00 - 2,00 
muito rija 15 a 30 2,00 - 4,00 
dura > 30 4,00 - 8,00 
 
 
 
11.4 - Os resultados das sondagens aplicados nas fundações profundas: 
 
A definição e o projeto de uma estaca é feita, conforme já citamos, através de uma 
série de fatores. 
O tipo de estaca escolhida depende das condições do solo, incluindo a posição do 
nível do lençol freático. 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 44 
As estacas em solos coesivos trabalham com a maior parte da carga suportada pelo 
fuste. 
 
 
Por outro lado, as estacas de solos granulares funcionam, principalmente, como 
estacas de ponta. 
Mas, na verdade, a capacidade de carga de qualquer estaca é a soma da resistência 
de ponta mais a resistência por atrito lateral do fuste. Em todos estes casos, os 
parâmetros definidos pelo resultado das sondagens, são utilizados no cálculo do projeto e 
na monitoração da execução. 
Quando a análise de um relatório de sondagens apresentar camadas de argila mole, 
através do perfíl geotécnico, as estacas estarão submetidas a cargas causadas pelo atrito 
lateral negativo, além das cargas estruturais do peso da construção, se o solo recalcar em 
relação às estacas. Este recalque pode ser causado pelo peso de um aterro recém-
colocado, ou pelo rebaixamento do lençol d'água ou pelo amolgamento da argila causada 
pela própria cravação da estaca. 
Esta carga adicional devido ao atrito negativo, pode ser tão grande que cause 
solicitação em excesso do material da estaca, ou pode causar maiores recalques, ou 
mesmo a ruptura do solo subjacente. 
É preciso notar que, todo este fenômeno de vital importância para o comportamento 
da estaca, é logo definido pelo relatório das sondagens. 
Por outro lado, a revelação na sondagem de qualquer camada de argila mole, no 
perfíl da percussão, provoca a ação de componentes horizontais de forças provenientes 
da ação de sobrecargas unilaterais da estaca, função de peso do aterro sobrejacente do 
solo ou mesmo de influência da sobrecarga distribuída ao longo do muro ou barranco 
muito comum em terrenos de obras industriais. 
Estes esforços causam flexão no fuste da estaca em profundidades que as 
sondagens podem revelar. 
 
 
11.5 - Estudo da Aplicação do Resultado das Sondagens na Previsão da 
Capacidade da Carga das Estacas: 
 
Uma das notáveis aplicações que podemos apresentar baseados nos dados 
geotécnicos retirados dos ensaios e relatórios de sondagens à percussão, é a previsão 
da capacidade de carga das estacas e seu comprimento relativo no solo adequado a 
mesma carga. 
Como se sabe, o grande elo de ligação da área de fundações com o consumidor, é o 
valor da carga admissível por estaca, definida para a obra em construção. 
A carga admissível da estaca é função da capacidade de carga na ruptura. 
O valor da carga admissível é calculada por diferentes autores, por métodos de 
previsão de capacidade de carga na ruptura, todos eles baseados em parâmetros 
retirados do relatório das sondagens, no projeto em estudo. 
O método de previsão de AOKI e VELLOSO (1975) permite a previsão da 
capacidade de carga na ruptura de uma estaca para um comprimento correlato. Tal 
metodologia utiliza o resultado do ensaio estático CPT (Cone Penetration Test) para a 
avaliação das parcelas. 
A carga de ruptura PR de uma estaca, do ponto de vista geotécnico, é admitida igual 
à soma das duas parcelas: 
 
PR = PP + PL , onde: 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 45 
 
 
 
 
PR = carga de ruptura 
PP = A . rp 
PP = parcela de carga revestida pelo solo sob a ponta da estaca (carga de ponta) 
 
PL = U. A1 . re 
 
PL = parcela de carga revestida pelo solo ao longo do fuste da estaca (carga de 
atrito lateral) 
U = perímetro de seção transversal da estaca 
A = área da projeção da ponta da estaca 
A1 = Trecho onde se admite atrito lateral unitário constante r l 
rp = resistência unitária distribuída na ponta 
rl = atrito lateral unitário constante 
 
 
Convêm esclarecer que, para atender a condição de segurança à ruptura, verifica-se 
que a carga admissível Padm estará compreendida entre: 
 
O <<<< Padm ≤≤≤≤ PR 
 2 
 
onde: 
 
PR = PP + PL 
 
PR = carga ruptura do solo 
PP = parcela de ponta 
PL = parcela de atrito lateral 
 
Nota-se, claramente, que a previsão da carga admissível é baseada em dados 
disponíveis do solo informados pelo relatório de sondagens. 
Pelo método dos professores engenheiros Nelson Aoki e Dirceu Velloso, temos: 
 
rp = qc e rl = fs 
 F1 F2 
 
 
onde: 
 
qc = resistência de ponta medida no CPT 
fs = atrito lateral unitário na camisa de atrito 
F1 e F2 são valores que dependem do tipo de estaca. Em geral F2 = 2F1 sendo que: 
 
! F1 = 2,5 para estacas tipo Franki, 
! F1 = 1,75 para estacas pré fabricados 
! F1 = 3,00 para estacas escavadas 
 
CURSO DE SONDAGEM À PERCUSSÃO DE SIMPLES RECONHECIMENTO 
CBR - ABPv - EXEMPLO - FUNDESP 
 46

Outros materiais