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A geografia comparada de Karl Ritter

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
JOSÉ MANOEL MONDEGO RAMOS
RONY GIL DIAS
LAIZ GARCEZ
GABRIEL DE CASTRO
ADNA AZEVEDO
MATEUS ANDRADE
A GEOGRAFIA COMPARADA DE KARL RITTER
São Luís
2014
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JOSÉ MANOEL MONDEGO RAMOS
RONY GIL DIAS
LAIZ GARCEZ
GABRIEL DE CASTRO
ADNA AZEVEDO
MATEUS ANDRADE
A GEOGRAFIA COMPARADA DE KARL RITTER
Síntese apresentada pelos alunos Manoel Mondego, Rony Dias, Gabriel de Castro, Laiz Grarcez, Adna Azevedo e Mateus Andrade, do curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão.
Professor : Samarone Marinho
São Luís
						 2014
		O presente trabalho é baseado no capítulo 3 – A Geografia Comparada de Ritter - do livro “A gênese da Geografia Moderna” do professor Antônio Carlos Robert de Moraes. Fontes acessórias como são utilizadas para fortalecer a proposta da apresentação desta síntese, como a obra “Terra dos Homens” de Paul Claval. 
Pioneiro no processo de sistematização da Geografia, Ritter vai dividir com Humboldt a fundação desta geografia como ciência moderna, onde Humboldt fundamenta a Geografia Física e Ritter, sendo historiador e filósofo, aprofunda-se na relação entre o homem e o espaço. Para o geógrafo Jean Dresch, Ritter “[…] ainda que de estatura científica menor, exerceu influência bem mais profunda”. Outro autor que concorda com esta importância é Paul Claval afirmando que Ritter formulou a historicidade dos seres geográficos e cabendo-lhe o mérito da caraterização da ciência geográfica como campo de análise e de sínteses profundas. Claval é ainda mais enfático noutra obra e diz: “A Geografia Clássica adere à postura de Ritter. Apesar das aparências, deve muito pouco a Humboldt”. Pode-se perceber que a opnião destes autores se faz presente em detrimento da importância de Humboldt. Ainda, outros autores em suas obras concordarão com esse entedimento, o aprofundarão e irão discutí-las, como, Friedrich Ratzel, Oskar Peschel, Semenov-Tyan-Shansky, Elisée Reclus, sendo estes dois últimos seus alunos.  O que é seguro dizer é que a influência ritteriana está firmemente marcada na sistematição geográfica. 
	Neste momento é possível observar as diferenças entre Ritter e Humboldt. Enquanto Humboldt aprofunda-se no conhecimento da paisagem é Ritter que dedica-se exclusivamente ao pensamento geográfico e toda sua produção intelectual está voltada para este campo do conhecimento. Compreende-se então que suas obras têm um conteúdo normativo claro e assumido, diminuindo assim polêmicas entre humbolditianos e ritterianos. 
	Entender o pensamento ritteriano não é tarefa complicada, caso a comparemos com o pensamento humbolditiano mas é extremamente difícil encontrar as obras de Ritter em língua latina e com traduções confiáveis, apesar de serem extensas suas obras. 
	Bibliográfica e biograficamente é muito difícil falar da vida e obra de Carl Ritter sem mencionar o seu contemporâneo, Alexandre Von Humboldt. Seria deixar esta síntese incompleta não mencioná-lo pois foram os estudos desses dois grandes geógrafos que deram uma nova dimensão e importância ao estudo sistematizado da Geografia como ciência. Embora ambos trabalhassem no desenvolvimento e reconhecimento da Geografia, entretanto, não deixaram de divergir em alguns aspectos, sendo Ritter mais acadêmico e filosófico e Humboldt um grande viajante e naturalista, onde seu conhecimento de mundo foi de grande importância para o entendimento do espaço geográfico com ênfase na relação homem- natureza e a paisagem.
	A diferença entre Humboldt e Carl Ritter, também é perceptível na origem da classe social às quias pertenciam. Humboldt apesar de conterrâneo e quase contemporâneo tem como origem de classe a aristocracia, ao contrário, Ritter tem como origem social a burguesia. 
	Nasce, Ritter, em 7 de agosto de 1779 em Quedlimburgo (então Prússia). Seu pai, Friedrich W. Ritter, é de uma família burguesa de funcionários e intelectuais. Sua mãe, Elisabeth Dorothea era filha de um tecelão. Per si, isso já demonstra que no futuro Ritter terá um pensamento influenciado por sua classe e, por tanto, começarão deste ponto suas divergências de pensamento com Humboldt. Ainda assim, une-se à aristocracia em defesa da monarquia o que lhe garante ascensão à corte prussiana. Sua família é numerosa e religiosa, o que também exerce-lhe grande influência.
	Em 1787, Ritter, ingressa como bolsista, na escola de Schnepfenthal, onde teve contato com a proposta de ensino baseado nos princípios defendidos por Jean-Jacques Rosseau e pelo pedagogo suiço Johann Heinrich Pestalozzi. A proposta tinha o objetivo de desenvolver o interesse do aluno pelo estudo da natureza, treinando-lhe a contemplação e representação da paisagem como procedimentos fundamentais do processo de aprendizagem, foi esse processo pedagógico que despertou profunda influência no seu pensamento. Neste período, é a geografia o seu maior interesse. Seus professores o incentivam neste interesse e o orientam. Em 1796, Ritter, ingressa na Universidade de Halle. Na universidade, Ritter, estuda Moral, Física, Química, Estatística e História. Seus estudos são pagos por um banqueiro de Frankfurt, mediante contrato, para que ele se torne preceptor de seus filhos. Aos dezenove anos, retorna e inicia seu trabalho. Neste emprego, atua durante vinte anos. Neste período escreve sua primeira obra: Europa, Quadros Geográficos, Históricos e Estatísticos; também publica uma série de seis cartas da Europa, seguidas de um texto de metodologia. Todos essas obras têm relativo sucesso. Em 1815, sua principal obra, “Geografia Comparada” está finalizada e em 1817 é publicado o primeiro volume contendo a introdução teórico-metodológica; o segundo volume sai em 1818. Em 1820 é convidado por Guilherme Humboldt e torna-se professor na Escola Militar de Berlim, onde é o primeiro professor da recém criada cátedra de Geografia da Universidade de Berlim. No ano 1822 é editado o primeiro volume da versão definitiva de sua obra, Geografia Geral Comparada. Então, em 1827, Ritter fica mais próximo de Humboldt e esta proximidade é fundamental para a evolução do pensamento ritteriano. Faleceu em Berlim, 28 de setembro de 1859 no mesmo ano do falecimento de Humboldt.
	Quanto ao próprio pensamento de Ritter e das bases filosóficas que o sustenta, tem não somente um fonte de influências as de várias fontes e de diferentes matizes de ideias. Não nos é possível enquadra-lo nesta ou naquela tradição de pensamento, visto que suas fontes filosóficas abrangem um vasto leque de orientações, o que lhe nos dá a riqueza de seu pensamento e que ao mesmo tempo deixa-o exposto a alguma polêmica àqueles que discutem sua filiação. Há autor que afirme ter sido Ritter influenciado por Kant, há que suscite uma influência mais abrangente em Ritter, como Fichte, Schelling, Hegel, Kant e Spinoza. Há, ainda, autor como P.Rossi que diz o oposto, afirma ele que Hegel toma a Geografia Comparada e dela retira uma grande parte do material de informação, bem como seus princípios interpretativos para determinar a estrutura física dos continentes e do desenvolvimento histórico da humanidade. Ainda que Hegel discordasse nas concepções de “finalidade” e da “determinação”, tem este em suas obras, grande correspondência nas concepções de “tonalidade”, “unidade”, “particularidade”, “espírito entre os povos” e da “terra como teatro da história”. Apesar das polêmicas, é certo encontrar cada um dos autores mencionados exercendo algum tipo de influência em Ritter e o inverso também é verdadeiro em alguns casos. 
	Ainda sobre a filosofia de seu pensamento, Ritter traz a possibilidade de realizar um estudo racional do mundo sem romper, necessariamente, com o plano divino, traz em si a visão do todo como um organismo particular dotado de um sentido dado pela finalidade divina; traz também esta visão do todo como ao nível das nacionalidadese da busca da identidade nacional e, traz na aceitação do papel das condições ambientais na formação casual de tais individualidades.
	A tradição familiar religiosa de Ritter influencia fortemente seu conhecimento e sua visão de mundo a ponto de tornar incompreensíveis seu pensamento se deixamos à margem os fundamentos teológicos que formaram Ritter.
 	A produção geográfica de Ritter ,diferente de Humboldt ,possui conteúdo normativo explícito que facilita bastante sua análise e interpretação .De qualquer modo, é nas próprias formulações de Ritter que este propósito de ordenar a investigação geográfica fica absolutamente evidente .Diz ele, logo ao início da Geografia Comparada ,que “A geografia é uma ciência ainda por fazer”, e reforça que seu intuito é” fazer da geografia uma ciência ”;mais à frente reafirma seu objetivo de promover uma geografia científica, esforçando-se por introduzir um método. Assim ,questões como a da classificação das ciências ou a definição do objeto geográfico ,que não constituíram tema central das elaborações de Humboldt ,aparecem com esta temática central discutida nas páginas ritterianas consultadas. Este é ,inclusive ,um dos elementos de diferenciação dos sistematizadores da geografia: enquanto Humboldt elabora sua geografia na prática direta de investigação ,Ritter se propõe explicitamente a elucidação teórico-metodológica dessa disciplina .As ciências sistemáticas trabalhariam prioritariamente com o método “subjetivo ou classificatório”, e as ciências históricas ,com o método “objetivo ou dedutivo” ,que tende a revelar o aspecto principal das formações da natureza e a construir os sistemas, revelando as relações fundadas na essência mesma da natureza .Enfim ,essa seria a divisão das ciências subjacente à concepção de geografia de Ritter .
Na sua concepção ,a geografia física seria uma apreensão da superfície da Terra ,vista enquanto local de manifestações de fenômenos naturais variados estudados por ciências sistemáticas específicas .Estudaria então ,os efeitos de uma causalidade que lhe é exterior ,sendo ,nesse sentido ,tributária das ciências naturais e de alguns ramos da geografia especial. A geografia comparada abre para a geografia como ciência um novo domínio, que nós nos esforçaremos para expor aqui na medida de nossos falhos meios ,mas que pode evoluir a ponto de ser um dia a geografia universal . A Terra seria uma manifestação de inúmeras forças e elementos da natureza governados por harmonia própria ( seria um todo ) ,isto é ,possuiria um movimento interno de agregação desses fenômenos diferenciados . Tal ordem própria atribuiria à Terra o estatuto de entidade , isto é , dotada de uma causalidade própria e inerente. Daí , pode-se interpretar que, na concepção de Ritter, a geografia física estudaria à manifestação das forças da natureza na Terra, isto é ,como as leis naturais se substantivam em cada realidade local da Terra. Já a geografia comparada, visaria explicar a causalidade própria da Terra, a ordem que governa os fatos na superfície terrestre; enfim , buscaria as leis telúricas. Nesse sentido, a física é posta como uma preliminar da geografia comparada , uma ordenação sintetizada das manifestações das leis da natureza na superfície da Terra , necessária para se chegar a compreender a ordem que rege e une tais manifestações. A geografia comparada seria claramente uma ciência preocupada com relações . Nas palavras de Ritter : “ a ciência das relações terrestres espaciais “ . Ao defender a Geografia Comparada, ele também diz : “ As obras da geografia têm-se limitado até qui a descrever as partes. Contentam-se em descrever e classificar sumariamente as diferentes partes do todo; a geografia não tratou ainda das relações e das leis gerais , as únicas capazes de fazer dela ciência e de lhe fornecer sua unidade ” .
A discussão ritteriana vai desenvolver-se prioritariamente no plano da Geografia Geral Comparada ,diz Ritter explicitamente que sua Geografia “ pode ser definida por dois qualitativos : Geral – não pelo esforço de apresentar tudo , porém porque , sem considerar um só objeto específico , está empenhada em explorar com a mesma atenção cada parte da Terra e cada uma de suas formas , imbricadas no líquido e no sólido , num lugar longínquo ou no solo pátrio , seja a terra de um povo agricultor ou um deserto (...) Pois é só discutindo os tipos básicos das formações essenciais da natureza que se pode chegar a um sistema natural ( ... ) ; e Comparada, no sentido de outras ciências que já se constituíram como disciplinas instrutivas ; pensamos aqui especificamente na Anatomia Comparada “ .Essa geografia , se subdivide em três grandes campos de estudo ,a saber : As formas sólidas ou continentes ; As formas fluidas ou elementos ; e Os corpos dos três reinos da natureza .
Ritter afirmou explicitamente em seu contexto , que incluía não apenas a crosta da Terra , a cobertura vegetal e o mundo animal , mas também o mundo do homem com todas as atividades deste, que incluíam os ‘ movimentos animados ‘ e as ‘ forças intelectuais ‘ ( ... ) . Deve-se assinalar ,entretanto ,que , apesar da postura marcadamente antropocêntrica , a Geografia de Ritter apreende o elemento humano como fator de compreensão da realidade terrestre, sendo esta e não o homem em si o objeto primordial do estudo. É na aceitação do estudo das relações como caminho para se apreender a individualidade dos Todos terrestres que Ritter se depara com aquela que será uma das questões a cujo tratamento seu nome será mais vinculado no futuro : a questão das relações entre as condições naturais e o desenvolvimento histórico dos povos .
Ritter defende que o método especificamente geográfico seria o método redutor , ou “ das conexões “ , o único capacitado para definir as individualidades . Tal método preconizaria algumas regras de procedimentos : A primeira, “ que assegura o progresso do conjunto e de cada um dos resultados , embasa-se na passagem do mais simples ao mais complexo, de cada um dos lados ao centro ou à unidade , começando pela regra para depois enfrentar nas relações do espaço ( ... ) Indo da influência mecânica , química e orgânica à vida total , da natureza ao homem , e , novamente , do caracterizado em geral ao espacial ,do geral ao individual , da generalidade ao singular “ . A segunda regra diz respeito ao “ agrupamento do igual e do similar “ . Um outra consiste “ em se esforçar para recolocar o fenômeno em seu contexto histórico , a saber ,em sua evolução “ . E uma última , finalmente , “ compreende a distinção entre a magnitude intensiva de cada fenômeno em relação à sua extensiva manifestação territorial ; dito de outra forma , acelerando a subordinação necessária da matéria à lei geral “ . Após a formulação geral de método, Ritter detalha alguns preceitos de sua concepção. 
Tal é , o sentido de suas colocações sobre o papel do estudos das formas na investigação geográfica. Ele defende que tal estudo é primordial para a Geografia , e que , para realiza-lo , deve ser buscado o arsenal da Geometria, também vai discutir diz respeito do uso do número e do arsenal da Matemática, Ritter também destaca o papel da análise histórica na pesquisa geográfica.
Ritter inaugura a discussão geográfica sobre a relação homem-natureza, colocando-a mesmo como um dos objetos principais de tal disciplina. O pensamento ritteriano vai priorizar muito mais do que o de Humboldt a figura do homem, vista como sujeito e a razão de ser da natureza e da própria ciência. Dessa forma, para Ritter é na natureza manifestada na Terra que se encontra a chave para a compreensão da história humana.
Cabo apontar algumas condições que Ritter apresenta como favoráveis ao progresso humano. A primeira é a água que aparece como principio básico de multiplicação das civilizações. Em outra passagem fala dos rios como “estímulos naturais que contribuem para tirar a humanidade da sua letargia original, e que ajudam a formar um povo e depois um Estado e a adquirir uma verdadeira personalidade”. Eletambém vai defender claramente que as formas extremas são ” influências negativas e inibidoras sobre o desenvolvimento dos seus primeiros habitantes” e que assim são pouco favoráveis a evolução, “ que faz os povos saírem da barbárie primitiva”.
Seu determinismo fica mais saliente e rígido: são condições naturais que explicam o predomínio europeu no mundo. Como a teoria da articulação litorânea , discutida por gerações posteriores de geógrafos. Segundo esta teoria, as costas mais recortadas seriam mais propícias ao desenvolvimento, pois permitiriam maiores deslocamentos ,contatos e o avanço da navegação e de uma vida mais ligada ao mar.
Os autores desta obra trazem citações diversas que ora monstram Ritter com uma importância signficativamente superior a Humboldt, ora tentam demonstrar certo equilíbrio entre pensamento e ações de Ritter e Humboldt, ora mostram que Ritter de alguma forma fora influênciado tanto por Humboldt quanto por diversos outros autores. Ainda que muitas das discussões trazidas por Ritter não serem originalmente suas é comum a todos que à ele cabe o mérito de tê-las trazido ao debate. Destas têm-se como exemplo a ideia “ver a Terra como teatro da história” que é creditada à Ritter mas em verdade é um pensamento herediano e que surge na discussao dos geógrafos sobre a relação-homem natureza. Tal pensamento é aceito tanto por “deterministas” quanto por “possibilistas” que se faz presente nas obras de Ratzel, bem como nas de LaBlanche. Mas discutir Ritter como aquele apenas reproduz ideias é de fato um erro grave de entendimento.
Ainda há certa dificuldade para entender quais são as ideias originais de Ritter e quais – e de quem – ele utilizou como defesa de seus próprios argumentos. É justamente o que acontece entre Humboldt e Ritter em muitas dessas ideias. Não é possível precisar de quem é o formulador original de determinados temas, visto que numa mesma época, ambos autores tiveram obras publicadas e em muitos casos, a mesma opinião. Isso se dá por exemplo quando Ritter define a geografia como a “ciência das relações terrestres espaciais”. Outro ponto comum entre ambos é o entendimento de que as individualidades locais (o caráter dos lugares) derivam de um arranjo de fenômenos variados. Mais um ponto em comum é de ambos afirmam que a geografia é uma “ciência empírica”, em Humboldt associa à observação a impressão e Ritter dá primazia à observação. É, por fim, como visto, realmente difícil definir quem é o formulador original da ideia. O importante é que esta convergência de ideias reforçou sua importância no pensamento geográfico posterior. Porém, num estudo mais aguçado de suas obras é possível observar contextos e propostas distintas. Ritter divide a geografia de forma diferente a de Humboldt, apesar de convergirem quanto a geografia da ciência como síntese. Aqui Humboldt trabalha com a geografia em escala “local e o global” e Ritter a entende como mutiescalar, onde os conjuntos se subdividem em sistemas menores (a Terra como um sistema, os continentes como sistemas, e os lugares como sistemas). Inclusive a aceitação da intuição é aceita de formas diferentes entre eles. Para Humboldt, a intuição emerge no momento inicial da pesquisa enquanto “impressão da paisagem e para Ritter, esta aloca-se no memento da generalização.
 É da concepção religiosa Ritter irá diferenciar seus pressupostos dos de Humboldt. Toda sua obra tem´como base fundamentos teológicos profundos, não podendo ser interpretado corretamente sem este entendimento. Sua concepção de mundo, sua visão de ciência, seu entendimento da casualidade, todos seus pressupostos lógicos que sustentam sua proposta de de Geografia fluem diretamente desse fundamento religioso e transformam seu pensamento menos objetivo do que os de Humboldt, visto que este sustenta um pensamento laico. Partindo dessa afirmação fica claro que a proposta de Ritter foca-se no plano estrito do conhecimento científico e entende que a ciência é uma ferramenta para auxiliar o homem na sua missão terrena.
Fazer uma conclusão sobre a obra de Ritter e de sua importância para a geografia, não é uma tarefa simples. Além da influência exercida por vários autores e as decorrentes ações e escolhas de método por Ritter, há ainda a forte influência religiosa em seu pensamento e sem a devida atenção isso, interpretar com alguma fidelidade o seu pensamento é ter um entendimento sem precisão. Seria extremamente difícil interpretar de forma correta o pensamento geográfico de Ritter, logo, fazer a relação homem-natureza podería-se se dizer impossível. Somando-se a tudo isso o fato de existirem poucas de suas obras traduzidas em nossa língua e, ainda, levando-se em consideração que muitas destas foram traduzidas de forma interpretativa errônea, pode-se compreender o porquê da bibliografia deste grande geógrafo ser pouco conhecido no meio acadêmico atual.
 
REFERÊNCIAS
CLAVAL, P	aul. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010.

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