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Professor: Rafael Barreto – Avaliação Cinético-Funcional. Evolução dos Métodos de Avaliação e Tratamento Fisioterapêutico. A história da evolução dos métodos de avaliação e tratamento fisioterapêutico pode ser dividida em três fases, de acordo com seu principal enfoque. Em cada uma delas predominou o tratamento de determinado sistema anatômico, devido geralmente a prevalência de determinada deficiência física que era causada por um problema específico. Conceitos básicos diferentes foram criados em cada uma dessas épocas, influenciando as características do exercício da profissão, assim como os métodos usados. Esses conceitos também forneceram uma importante base filosófica para a prática da fisioterapia. Primeira Fase: Atenção Voltada para as Disfunções do Sistema Neuromuscular e Musculoesquelético. O primeiro período compreendia o tratamento de pacientes apresentando disfunção do sistema neuromuscular ou musculoesquelético, disfunção esta que resultava da poliomielite ou dos traumatismos de guerra. O exame manual da musculatura, como meio para determinar a disfunção neurológica e muscular de forma quantitativa, foi fundamental para definir o papel diagnóstico da fisioterapia. Eram realizados testes específicos, capazes de informar ao Fisioterapeuta o grau de disfunção dos pacientes. A relação, de certa forma clara, entre a perda da função muscular e a disfunção de movimentos, servia para orientar o tratamento. A relação existente entre a destruição de unidades motoras e suas conseqüências, consistindo em fraqueza muscular e perda da mobilidade, era nítida, porem ainda existia controvérsias a respeito dos melhores métodos de tratamento da poliomielite, particularmente durante a fase aguda da doença. O tratamento focalizava, durante essa fase, a preservação da mobilidade, através dos exercícios de alongamento e do uso de aparelhos ortopédicos. Durante a fase de recuperação, os exercícios destinados a fortalecer os músculos em recuperação ou não afetados também constituíam parte Professor: Rafael Barreto – Avaliação Cinético-Funcional. importante do tratamento. O tratamento mais eficaz compreendia determinados exercícios baseados nos resultados dos testes musculares manuais. Essas informações também eram usadas para orientar a prescrição de orteses e próteses, alem de ajudarem no prognóstico relativo ao desempenho funcional. Segunda Fase: Atenção Voltada para a Disfunção do Sistema Nervoso Central Depois de a poliomielite ter sido erradicada, a população predominante de pacientes recebendo tratamento fisioterapêutico passou a ser a de casos de acidente vascular cerebral, traumatismo craniano e lesão da medula espinhal. As deficiências que esses pacientes apresentavam eram devidas a disfunção do sistema nervoso central; por isso, os métodos até então usados pelos fisioterapeutas já não se aplicavam a esses casos. Não se conhecia, nessa época, a fisiopatologia especifica dos problemas motores decorrentes da disfunção do sistema nervoso central. Os métodos de alongamento e fortalecimento até então usados no tratamento das seqüelas da poliomielite, eram considerados inaceitáveis; acreditava-se que fossem capazes de aumentar a espasticidade. O teste muscular manual também deixou de ser considerado um indicador confiável de desempenho muscular, pois acreditava-se que a espasticidade deveria exacerbar a resposta muscular. Não se conheciam os mecanismos que contribuíam para a deficiência no paciente que apresenta disfunção neurológica. Dai não se considerarem aceitáveis os métodos tradicionais de exame e tratamento que vinham sendo aplicados nos pacientes com disfunção musculoesquelética. A relação entre diagnostico e tratamento se modificou durante esse período. Os diagnósticos clínicos das doenças do sistema nervoso central não se acompanhavam de diretrizes para o tratamento fisioterapêutico, ao contrario do que ocorria com a poliomielite, cujo problema fisiopatológico era relativamente conhecido. Diante do quadro apresentado sobre os mecanismos da fisiopatologia das disfunções motoras decorrentes de lesões do sistema nervoso central, foi necessário ao Fisioterapeuta o conhecimento sobre importância essencial que a função reguladora do sistema nervoso possui para a motricidade, elaborando novos testes específicos e novos exercícios para reabilitação de lesões do sistema nervoso central. Professor: Rafael Barreto – Avaliação Cinético-Funcional. Terceira Fase: Atenção Voltada para a Disfunção Articular Durante a década de 1980, os Fisioterapeutas, influenciados por seus colegas da Austrália e da Nova Zelândia, começaram a aplicar métodos de exame e de tratamento que visam diretamente à função das articulações como meio de tratar a dor musculoesquelética. Esses métodos exigem o exame dos movimentos articulares acessórios e a observação das respostas dolorosas associadas. Trata-se de um tratamento diferente do padrão adotado até então, o qual se baseava no uso de modalidades destinadas a combater o processo inflamatório e na aplicação de exercícios para fortalecer os músculos do segmento afetado. Foi, portanto, uma mudança significativa quando o Fisioterapeuta passou a examinar as articulações, a fim de determinar a origem da dor, em vez de aplicar modalidades terapêuticas e prescrever um esquema geral de exercícios destinados a melhorar a função. A avaliação da mobilidade articular acessória representou uma mudança na filosofia da profissão: o foco passou a ser a identificação das restrições articulares e das partes moles como causa responsável pela disfunção; já não se tratava mais de aliviar a dor mediante métodos paliativos. Todavia, o papel do controle muscular e motor na etiologia da disfunção receberam apenas um mínimo de atenção, já que se considerava que o problema principal prendia-se a restrição da mobilidade de articulações e tecidos periarticulares. Outro avanço importante que ocorreu durante esse período consistiu na classificação dos pacientes, fazendo-os executar movimentos da coluna vertebral com o objetivo de identificar os movimentos associados à dor. Fase Atual: Atenção Voltada para o Sistema de Movimento Durante a década de 1990, o maior grupo de pacientes encaminhado aos Fisioterapeutas era formado por casos de dores musculoesqueléticas. Por conseguinte, o tratamento desses pacientes é importante para a profissão. A avaliação e o tratamento devem ser considerados incompleto e inadequados quando dirigido isoladamente nos problemas musculares, neurológicos ou ósseos. Professor: Rafael Barreto – Avaliação Cinético-Funcional. A evolução constante da fisioterapia exige que os movimentos constituam seu foco central. A Associação Americana de Fisioterapeutas adotou uma declaração filosófica dizendo claramente que a disfunção dos movimentos é o problema básico contra o qual dirigem-se nossas intervenções. O movimento resulta do ato de um sistema fisiológico que produz a movimentação do corpo inteiro ou das partes de seus componentes. Esses componentes compreendem os aparelhos musculoesquelético, neurológico, cardiopulmonar e metabólico. As noções de anatomia, cinesiologia e fisiologia, nas quais se baseia a formação do fisioterapeuta, constituem a base do desempenho muscular e motor do paciente. O exame consiste em: 1) observação dos movimentos com base nos princípios da cinesiologia; 2) exame da força muscular e do comprimento do músculo. Desde os primeiros dias de nossa profissão, os fisioterapeutas lançaram mão desses tipos de exame para conhecer o desempenho físico do paciente e para elaborar o esquema de exercícios. Esse método é conhecido como equilíbriodo sistema de movimento (ESM), em vista da importância que cabe aos movimentos exatos ou equilibrados para a saúde do aparelho locomotor e dos elementos que o compõem. O protocolo de diagnostico e tratamento baseado no equilíbrio do sistema de movimento e que é usado pelos fisioterapeutas, organiza as informações básicas em síndromes de diagnósticos e identifica os fatores que contribuem para essas síndromes. O nome da síndrome identifica a disfunção primaria, ou a disfunção de movimento, e orienta o tratamento. O fisioterapeuta não esta autorizado a continuar tratando seus pacientes pelo método de tentativa e erro; nem a eficácia quanto aos resultados nem a contenção de custos justificam tal conduta.
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