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DEMOCRACIA PARTICIPATIVA O PODER DO POVO EXPRESSO POR MEIO DA INICIATIVA POPULAR elcio junior

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47
UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO - UNIFENAS
ELCIO AURELIO DE FARIA JUNIOR
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA: O PODER DO POVO EXPRESSO POR MEIO DA INICIATIVA POPULAR 
ALFENAS
2014
ELCIO AURELIO DE FARIA JUNIOR
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA: O PODER DO POVO EXPRESSO POR MEIO DA INICIATIVA POPULAR 
Pesquisa Cientifica apresentada à Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS.
Orientadora: Profa. Ms.Nivalda de Lima Silva
ALFENAS
2014
A João Cardoso, meu avô e grande exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
A minha mãe Vera, ao meu pai Elcio, que sempre prestaram todo o apoio aos meus estudos e estiveram em todos os momentos do meu lado. 
A toda a minha família que sempre acreditaram em mim e na minha capacidade.
A professora Nivalda que me ajudou a desenvolver o projeto. 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Imagem retirada do livro de Pedro Lenza, Direito Constitucional Esquematizado (2014, p. 1239)	15
Figura 2 – Número de eleitores por Estado da Federação em Julho de 2014, Tribunal Superior Eleitoral	32
RESUMO
FARIA JUNIOR, Élcio Aurélio de. Democracia Participativa: o poder do povo expresso por meio da iniciativa popular. Orientadora: Nivalda de Lima Silva: Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, 2014.
É entendido que entre todos os meios de estruturação da sociedade, a democracia é o caminho, ou no mínimo, o caminho ate então encontrado, no qual a população pode expressar-se com maior liberdade e autonomia. A participação do individuo na vida pública é essencial, a democracia participativa busca diminuir a distancia entre o Estado e o Cidadão. Sendo a iniciativa popular um dos caminhos principais nesse processo. A presente pesquisa buscou compreender o funcionamento da democracia participativa, seus pontos positivos e seu funcionamento, levando em consideração a posição do cidadão diante da vida política. Foi feito uma analise das iniciativas populares de lei já aprovadas e o caminho na qual tiveram que percorrer pra que fossem aprovadas. Notou-se que os empecilhos legislativos e a falta de instrução da população são fatores que afetam diretamente a participação popular nas questões públicas. 
Palavras-chave:Democracia participativa. Iniciativa Popular. Povo. 
ABSTRACT
FARIA JUNIOR, Élcio Aurélio de. Participatory Democracy: the power of the people expressed through the popular initiative. Advisor: Nivalda de Lima Silva: University José do Rosário Vellano – UNIFENAS, 2014.
It is understood that among all means of structuring society, democracy is the way, or at least the way til then found, in which people can express themselves with freedom and autonomy. The participation of the individual in public life is essential to participatory democracy attempts to decrease the distance between the state and the citizen. Being a popular initiative a major paths in the process. This research sought to understand the functioning of participatory democracy, its good points and its operation, taking into account the position of the citizen in the face of political life. An analysis of popular initiatives already approved the law and the way in which they had to go for it to be approved was made. It was noted that the legislative impediments and lack of education of the population are factors that directly affect people's participation in public affairs.
Keywords: Participatory democracy. Popular initiative. People.
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	8
2	FASES DEMOCRATICAS	11
2.1	O estabelecimento da democracia como governo	15
3	DEMOCRACIA PARTICIPATIVA	18
3.1	Principais mecanismos de soberania popular	20
3.1.1	Plebiscito e Referendo	22
3.1.2	Veto popular e Recall	24
3.2	A participação popular positivada	26
4	INICIATIVA POPULAR DE LEI	30
4.1	Iniciativas concretizadas	35
4.2	Não Foi Acidente	39
5	CONCLUSÃO	42
	REFERÊNCIAS	44
1 INTRODUÇÃO
A estrutura social humana esta baseada no convívio entre homens e na relação entre as sociedades e as estruturas de poder que as governam. Portanto existe a necessidade de formar um sistema no qual possam interagir as diversas camadas sociais e as instituições de poder. Sendo assim, a democracia esta diretamente relacionada com a harmonização da sociedade. 
O emprego do poder como meio de coerção social faz-se necessário para que o funcionamento das sociedades,porém, isso não legitima que o poder que rege o ordenamento seja totalitário. A estruturação da democracia pressupõe o nivelamento entre os extremos, seja dos governantes, que administram a máquina pública, até os operários que a fazem funcionar, estes que são a massa maior da sociedade, os cidadãos e trabalhadores, que proporcionam a estes políticos legitimidade para governar em seu nome. 
Na atualidade, a falta de políticos íntegros e realmente interessados em ajudar as camadas populares tem como consequência um sistema político-administrativo corrupto e uma sociedade carente de recursos públicos. O Brasil apresenta, sem sobra de duvidas, tais pontos que prejudicam e muito o funcionamento do país. 
As constantes casos de corrupção no cenário político, faz com que o população perca a confiança nos seus representantes. Um dos últimos casos que foi muito bem repercutido pela mídia, foi o Mensalão, um escalando político que estava relacionado a compra de votos no Congresso Nacional. Dessa maneira, como acreditar nas instituições governamentais. 
Apesar de todo o avanço social que o Brasil teve nos últimos anos, a população ainda sim sofre com a falta de políticas públicas. A falta de educação, saúde e emprego, faz com que o abismo da diferença econômica e social cresça ainda mais. Os políticos não se preocupam em atender a tais necessidades, legislam mais em causas próprias do que em nome do povo.
Portanto, com um sistema corrupto que não atende aos anseios sociais, sobra para a própria sociedade tomar para sim a responsabilidade, que na negligencia dos governantes e nos limites da lei, tem de agir para que suas vontades sejam atendidas. 
A democracia é o poder do povo, e a soberania é o poder supremo do Estado de reger a sociedade. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, garante que todo o poder emane do povo, com isso, a população é o pião principal da sociedade, cabendo a ela reivindicar medidas que atendam a suas necessidades.
A democracia participativa que foi um termo criado ao fim do século passado, vem com esse intuito de integrar a população ao funcionamento do Estado, fazer com que os indivíduos participem direta ou indiretamente da governabilidade da nação. Com isso, a opinião publica é levada em consideração diante das decisões políticas. 
A democracia participativa é empregada por vários mecanismos, estes que estão de fato positivados na Constituição, e são de fundamental importância para a soberania popular. O cidadão como meio capaz de mudar o ambiente social, através de instrumentos de soberania possui uma responsabilidade grande, pois não é apenas o seu meio social que ira mudar mais sim o de toda a sociedade. 
O funcionamento da democracia participativa dá se por vários mecanismo, como por exemplo plebiscito, referendo, ação popular,recall, veto, iniciativa popular de lei entre os meios existentes, que são fundamentais para a formação de um Estado Democrático de Direito. Tais institutos funcionam de maneira diferente em cada país, e variam de acordo com o objetivo que se deseja alcançar. 
A iniciativa popular de lei destaca-se entre os mecanismos de participação popular, devido a suas peculiaridades. Ela não fica a mercê da vontade dos governantes como em outros institutos, todos cidadãos, indivíduos aptos a votar e serem votados, podem ingressar com um projeto, dês que atendam aos critérios estabelecidos. 
A iniciativa popular de lei consiste na apresentaçãode um projeto elaborado pelo povo ao Congresso Nacional, que deliberara sobre sua aprovação, para que o projeto ser aceito é necessário o atendimento de certos critérios estabelecidos pelo legislador, como um determinado número de assinaturas que deve ser apresentado junto á petição. Tais assinaturas devem estar distribuídas por cinco estados da federação, com um numero mínimo de eleitores em cada um deles, de acordo com a lei 9.709de 1998. 
Nota-se que pode ser um pouco complicado elaborar um projeto de lei de iniciativa popular. No entanto, tal instrumento proporciona autonomia aos cidadãos, que através dela pode fazer com sua vontade seja feita, não dependendo assim da iniciativa de um deputado ou senador. 
Um dos princípios basilares da democracia e a participação do cidadão na vida pública, a formação de indivíduos participativos é fundamental para estabilidade democrática de um país. A população deve ser peça chave no processo legislativo. 
2 FASES DEMOCRATICAS
O intuito da democracia e fazer com que os cidadãos, participem das políticas públicas, de maneira que o poder que rege o Estado seja emanado do povo, e este seja o responsável direta ou indiretamente pelas medidas tomadas. A democracia esta ligada diretamente a população, quando esta não mais for a engrenagem principal do mecanismo que rege a nação, não terá mais sentido enquadra o democracia como forma legitimadora do poder estatal.
Bobbiofaz excelente referencia ao termo democracia:
Da idade clássica a hoje o termo “democracia” foi sempre empregado para designar uma das formas de governo, ou melhor, um dos diversos modos com que pode ser exercido o poder político. Especificamente, designa a forma de governo na qual o poder político é exercido pelo povo(BOBBIO, 2007, p. 135).
Assim sendo, democracia e o mecanismo no qual o poder é emanado do povo, nota-se isso na própria etimologia da palavra que se refere ao ‘poder do povo’, quanto a isso Azambuja,destaca:
A palavra e o conceito de Democracia vieram da Grécia e especialmente de Atenas. Significa literalmente “poder do povo”, expressão que era entendida como “poder exercido pelo povo”. Começam aí as distinções necessárias e as dificuldades inevitáveis, que concorrem dede logo para distanciar o conceito do fato conceituado. (AZAMBUJA, 2003, p. 216).
Portanto existe todo um processo que deve ser compreendido para entender a estruturação da democracia. Dessa maneira, para se chegar ao atual sistema democrático conhecido atualmente, a democracia passou por períodos conturbados através dos séculos.
Como visto, a origem da democracia surgiu na Grécia antiga nas chamadas Cidades-Estados, onde o povo participava diretamente das decisões político-administrativa, ou seja, opinavam pessoalmente sobre as leis e as questões governamentais, a chamada democracia direta. Sem duvidas foi em Atenas, o berço da democracia, que o sistema funcionava com maior perfeição, todos os cidadãos, nos limites estabelecidos opinavam sobre a vida política da cidade. 
Ferreira Filho destaca:
O supremo poder na democracia ateniense era atribuído a todos os cidadãos. Nisso estava o ponto-chave para a qualificação de Atenas como uma democracia. Todo cidadão ateniense tinha o direito de participar, usando da palavra e votando, na assembléia onde se tomavam as decisões políticas fundamentais. (FERREIRA FILHO, 2014, p. 109)
Eram milhares de indivíduos reunidos nas ágoras ou nos próprios centros das cidades, exercendo o direito de participar dos rumos que sua nação iria seguir. Deve-se destacar que nas Cidades-Estados gregas, nem todos os indivíduos eram considerado cidadãos, era um condição hereditária apenas filhos de atenienses enquadravam se como cidadãos, estrangeiros e menores de 21 anos, por exemplo, não podia participar das discussões públicas. 
Atualmente existe um sistema que merece destaque, apesar de não ser uma democracia direta possui um instrumento parecido com o grego, a Landsgemeinde. Tal sistema é utilizado em alguns Cantões (o que se assemelha aos Estados Federativos para nos brasileiros) Suíços como Glaris, Unterwalden e Appenzel, no entanto existem autores que a consideram uma forma semidireta. A Landsgemeinde, que é uma espécie de assembléia regional, na qual todos os cidadãos reunidos questionam as políticas públicas e votam a respeito de novas leis. 
Quanto aLandsgemeinde,DALLARI diz:
Durante séculos a Landsgemeinde foi o órgão supremo em todos os pequenos Cantões da Suíça central e oriental, começando a sua abolição no século XIX. Trata-se de uma assembléia, aberta a todos os cidadãos do Cantão que tenham o direito de votar, impondo-se a estes o comparecimento como um dever. (DALLARI, 2014, p. 152)
A Landsgemeinde, apesar de ainda hoje existir ele se limita a pequenas decisões, sendo estas regionais, pois é extremamente complicado desenvolver uma democracia totalmente direta, com Estados onde a população é muito numerosa. Dessa maneira, fica complicado manter um sistema onde todos os cidadãos opinem de maneira direta sobre os rumos da nação. 
Ferreira Filho, como árduo constitucionalista defende:
A democracia direta, ou seja, aquela em que as decisões fundamentais são tomadas pelos cidadãos em assembleia, é uma reminiscência histórica ou uma curiosidade quase que folclórica.
Hoje, nenhum Estado pode adotá-la, já que não é possível reunir milhões de cidadãos, frequente e quase diuturnamente, para que resolvam os problemas comuns. Sem se falar na incapacidade de que sofre esse povo de compreender os problemas técnicos e complexos do Estado-providência. 
(FERREIRA FILHO, 2014, p. 109)
A necessidade de acelerar o processo de decisões governamentais e organizar o sistema político, fez com que desenvolve-se a democracia indireta. A democracia indireta consiste na eleição de representantes, este que iriam questionar a governabilidade da nação e as leis existentes, a população dessa maneira não mais elabora as leis, elegem através de votos de igual valor, representantes para que eles a elaborem em seu nome.
Ferreira Filho (2010, p. 111) define democracia indireta como sendo aquela onde o povo se governa por meio de “representante” ou “representantes” que, escolhidos por ele, tomam em seu nome e presumidamente no seu interesse as decisões de governo.Com isso, a população passa a proporcionar legitimidade a indivíduos que os representaram em assembleia, conselhos e congressos, onde as leis e os rumos da nação passam a ser tomados. 
Surge dessa maneira um Estado representativo, este que se encaixa muito bem com a forma de governo Republicana (coisa pública), ou seja, o Estado é do povo. A República criou forma na Roma antiga, porém foi apenas com o surgimento das treze colônias americanas, que ela realmente criou força. Sendo assim, o sistema representativo se mostra como um dos caminhos no qual a democracia se desenvolveria.
No entanto, nem uma forma de governo é perfeita, assim o sistema representativo que se desenvolveu mais acentuadamente após o século XVIII, comportava algumas falhas:
Quando de sua implantação, o governo representativo tinha efetivamente um caráter aristocrático. A seleção da minoria governante era feita também por uma minoria dentre o povo, por intermédio do sufrágio censitário. Este, com efeito, excluía os mais pobres de qualquer participação política, graduando o direito de votar e a elegibilidade para os demais, em função de seu grau de riqueza. (FERREIRA FILHO, 2010, p. 111)
Segundo o aludido autor, inicialmente o sistema representativo possuía falhas principalmente na maneira de escolher os governantes. Havia uma segregação quanto aos indivíduos que poderia votar, ou seja, era um sufrágio censitário, onde certos critérios eram levados em consideração na hora do voto, como por exemplo, a condição econômica do individuo. Dessa maneira, o sistema democrático ainda comportaria algumas mudanças. 
Quanto a essas modificações Azambuja,coloca que:
A democracia representativa, ou regime representativo, é o sistemacomum de governo nos Estados modernos. Nos últimos decênios, porém,a doutrina política e a legislação constitucional preconizaram e adotaram modificações sensíveis no regime representativo, surgindo uma terceira modalidade democrática, a democracia semidireta(AZAMBUJA, 2003, p. 223).
Entre a democracia direta e indireta surge assim o que alguns autores chamam de democracia semidireta, ou democracia indireta, com mecanismo direto de participação popular, tal sistema varia muito de Estado para Estado.
Na atualidade, a maioria dos países faz um balanço entre o sistema direto e indireto,utilizam-se por tantoda democracia semidireta, esta que visa aproximar ao máximo o sistema político do almejado padrão democrático. Em tal sistema existem combinações das duas democracias citadas, ou seja, a população ainda sim elege seus representantes, por meio do voto, porém ao mesmo tempo existem mecanismos nos quais exerce diretamente sua vontade. 
No entanto os elementos que classificação a democracia semidireta como tal, varia muito de autor para autor. Existem autores que já a definem, como democracia participativa ou mesmo deliberativa.
Nesse âmbito:
Há vários outros institutos que, embora considerados por alguns autores como característicos da democracia direta, não dão ao povo a possibilidade de ampla discussão antes da deliberação, sendo por isso classificados pela maioria como representativos da democracia semidireta (DALLARI, 2014, p. 153).
Já, Lenza, por exemplo, a classifica como um sistema híbrido, que na realidade não deixa de ser, existente entre a democracia direta e indireta:
Figura 1 - Direito Constitucional Esquematizado
Fonte: Lenza (2014, p. 1239)
Nesse sentido,idem,ainda explica:
A democracia participativa ou semidireta assimilada pela CF/88 (arts. 1.º, parágrafo único, e 14) caracteriza-se, portanto, como a base para que se possa, na atualidade, falar em participação popular no poder por intermédio de um processo, no caso, o exercício da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como pelo ajuizamento da ação popular (LENZA, 2014, p. 1240)
Fica evidente que, a transformação do sistema democrático durante os tempos através das varias modificações pela qual sua estrutura passou, pode-se notar que o ideal democrático sempre visava o povo como legitimador do poder estatal. Porém, foi apenas depois do século XVIII que as transformações, começaram a se tornar mais acentuadas. 
2.1 O estabelecimento da democracia como governo
Duranteo surgimento da democracia e todos os altos e baixos que passou durante os séculos, visava-se um meio no qual a população pode-se expressar-se politicamente, de maneira que a soberania emana-se do povo.
 Após a Idade Média, período no qual o absolutismo e a monarquia prejudicavam as relações democráticas, o acontecimento segundo DALLARI (2014) de três movimentos político-sociais, foram determinantes para as mudanças ocorridas no século XVIII e para significativa transformação no sistema democrático, naquele período. São elas: a Revolução Inglesa, que culminou no Bill of Rights (Declaração de Direito), de 1689; a Revolução Americana, que teve como consequência a Independência das Treze Colônias americanas em 1776; e por fim a Revolução Francesa, que teve seu ápice com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão1789.
Tais movimentos representam o firmamento do sistema democrático. O Bill of Rights, significou a limitação do poder absolutista, a Declaração de Independência Norte Americana, representou um ruptura com o sistema colonial, pela primeira vez nas Américas uma colônia fica independente e instalará a democracia, a Revolução Francesa, certamente o movimento mais pragmático no período garantiu o nivelamento, pelo menos nos termos da lei, de um individuo perante o outro, a partir daquele momento os homens nasciam livres e iguais em direitos e deveres. Nota-se que tais acontecimentos foram graduados, um seguido do outro, e proporcionaram caminhos nos quais a democracia se desenvolveria. 
Nesse âmbito, DALLARI apud ROUSSEAU:
O Estado Democrático moderno nasceu das lutas contra o absolutismo, sobretudo através da afirmação dos direitos naturais da pessoa humana. Daí a grande influencia dos jusnaturalistas, comoLOCKE e ROUSSEAU, embora estes não tivessem chegado a propor a adoção de governos democráticos, tendo mesmo ROUSSEAU externado seu descrédito neles. De fato, após admitir que o governo democrático pudesse convir aos pequenos Estados, mas apenas a estes, diz que “um povo que governar sempre bem não necessita de ser governado’’, acrescentando que jamais existiu verdadeira democracia, nem existirá nunca. E sua conclusão é fulminante:“Se existisse um povo de deus, ele se governaria democraticamente. Tão perfeito governo não convém aos homens”. Apensar disso tudo, foi considerável a influencia de ROUSSEAU para o desenvolvimento da idéia de Estado Democrático, podendo-se mesmo dizer que estão em sua obra, claramente expressos, os princípios que iriam ser consagrados como inerentes a qualquer Estado que se pretenda democrático (DALLARI apud ROUSSEAU, 2014, p. 147)
Nota-se que a influencia dos pensamentos de grandes autores foi fundamenta para as transformações ocorridas no século XVIII. Em tal período, ressurgiram também os antigos pensamentos gregos os quais possibilitaram um maior questionamento popular sobre as questões públicas. Ao passo que também houve um alargamento do termo cidadão, ou seja, mais indivíduos eram considerados integrantes da vida pública, em com comparação com a Grécia antiga.
DALLARI, em tal âmbitoconclui:
Assim, pois, o que se pode concluir é que houve influencia das idéias gregas, no sentido da afirmação do governo democrático equivalente ao governo de todo o povo, neste se incluindo, porém uma parcela muito mais ampla dos habitantes do Estado, embora ainda se mantivessem algumas restrições.(DALLARI, 2014, p. 146)
Houve, portanto, uma reutilização dos pensamentos gregos, porém num contexto social e político diferente. Tais pensamentos começaram a ser difundidos nos séculos XVI e XVII, por meio de vários autores que questionavam o sistema político e democrático existente, nesse âmbito destaca-se: Thomas Hobbes (O Leviatã), Jean-Jacques Rousseau (O contrato social), John Locke (O segundo tratado sobre o governo civil), Nicolau Maquiavel (O Príncipe) e Montesquieu (O espírito das leis). Todos os pensadores possuíram obras de grande impacto social, que transformavam profundamente o ambiente político-social ate então vigente. Portanto, as mudanças vistas nos últimos séculos deve-se, e muito, ao posicionamento e questionamentos de tais autores. 
Com explosão política ocorrida no século das luzes, ouve uma consolidação da soberania popular:
No combate da burguesia contra a monarquia absoluta, que teve seu ponto alto na Revolução Francesa, a idéia da soberania popular iria exercer grande influência, caminhando no sentido de soberania nacional, concebendo-se a nação como próprio povo numa ordem (DALLARI, 2014, p. 85)
Em certa parte consolidada a estrutura democrática, e mesmo apresentado ainda alguns empecilhos políticos e de maneira lenta, o Estado passa a instituir cada vez mais mecanismos e caminhos nos quais o individuo passa a se expressar, e ao passo foi havendo um redirecionamento das políticas públicas que se voltam ainda mais para os cidadãos. 
3 DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
Com as bases democráticas conquistadas, alguns Estados ainda passaram por períodos no qual a democracia fora extinta, e o totalitarismo se reergueu. O nazismo e o fascismo, juntamente com o sistema socialista são exemplos disso. Dessa maneira, nasce uma crise no sistema representativo, este que passa a ser visto de maneira diferente pelo cidadão. 
Quando os governantes já não conseguem mais atender aos anseios sociais, a população procura novamente meios pelos quais possam faz jus aos seus direitos. Nota-se que durante a primeira metadedo século XX, vários país por todo o mundo passaram por períodos ditatoriais, oligarquias surgira, tiramos assumiram o poder em varias cantos do mundo, e consequentemente a população se mobilizou para fazem com que seus direitos fossem atendidos. 
Portanto nasce ao fim do século XX, após as conturbações democráticas da metade o respectivo século, para os Estados Democráticos de Direito, o termo ‘democracia participativa’. Tal concepção surge quando o sistema representativo já não mais supre as necessidades sociais, e onde a própria capacidade dos governantes de coordenar a nação se mostra frágil. Dessa maneira, a população passa a criar institutos que visam recuperar as essências do principio democrático. 
Os instrumentos de participação popular na democracia participativa permitem uma maior interação entre governo e povo, em comparação com o sistema representativo.
Se na democracia representativa, a participação é um episódio, restrito às eleições, às quais o eleitor comparece e deposita seu voto, perdendo o contato com o eleito e deixando de influir no desempenho de seu mandato, na democracia participativa a cidadania é permanente, diária, cotidiana, é o chamamento ao eleitor para que no curso da ação ele esteja permanentemente colado, integrado, articulado, entendido, próximo do governante, para que as ações sejam permanentemente discutidas. (ANDRADE, apud AMARAL, 2003, p. 5 e 6).
 
Dessa maneira, destaca SELL:
Por democracia participativa podemos entender um conjunto de experiências e mecanismos que tem como finalidade estimular a participação direta dos cidadãos na vida política através de canais de discussão e decisão. A democracia participativa preserva a realidade do Estado (e a democracia representativa). Todavia, ela busca superar a dicotomia entre representantes e representados recuperando o velho ideal da democracia grega: a participação ativa e efetiva dos cidadãos na vida pública. SELL (2006, p.93)
Diante da posição de SELL compreende-se, que na democracia participativa comporta mecanismos pelos quais os cidadãos iram exercer sua soberania. Caminhos nos quais o povo não fique totalmente a mercê de uma legislação na qual apenas os políticos opinem, mas sim na qual o cidadão tenha voz ativa, e seja capaz de estar no mesmo nível que os governantes.
Quanto a capacidade popular para tomar decisões Azambuja, coloca:
A verdade é que a capacidade do povo para bem decidir as questões que o regime democrático lhe apresenta, não é maior nem menor do que as dos melhores governantes para bem desempenhar as complexas e inumeráveis atribuições do governo. (AZAMBUJA, 2003, p. 238)
Portanto, existe um credito muito grande na população. Há uma esperança na qual o povo, apensar da fragilidade de algumas sociedades, seja capaz de tomar decisões que transformam a nação. Sendo assim, o cidadão intervém no governo substituindo seus representados, quando estes não atendem suas necessidades. 
O descrédito político que a população passa a ter sobre os governantes, se dá sobre tudo as constantes negligencias deste sobre o povo. As políticas governamentais se direcionam mais para os próprios governantes do que para a sociedade. Dessa maneira, os cidadãos buscam suprir através de certos mecanismos essa falha no sistema representativo. 
Quanto a isso:
É preciso reconhecer que a participação do povo tem limitações, não podendo abranger todas as decisões dos governantes, mas, ao mesmo tempo, é evidente que a participação popular é benéfica para a sociedade, sendo mais uma forma de democracia direta, que pode orientar os governantes e os próprios representantes eleitos quanto ao pensamento do povo sobre questões de interesse comum. (DALLARI, 2014, p. 156)
A democracia participativa pode se desenvolver de diversas formas, a través de vários mecanismos, como por exemplo, o sufrágio, referendo, plebiscito, iniciativa popular, ação popular, conselhos deliberativos, veto popular e recall. Tais institutos tomam por base a vontade popular, ou seja, o posicionamento do povo é levado em consideração quando á decisão governamental esta para ser tomada.
A ação popular se enquadra como um meio de participação popular, pois proporciona ao cidadão a capacidade de ingressar em juízo quando este entende que ouve algum ato que foi lesivo ao patrimônio público. Sendo assim, na Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 5°, LXXII assegura:
Artigo 5°, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
O respectivo artigo ainda garante a custa judicial do processo, seja em caso de perda ou ganho a ação. Tal instrumento émais uma garantia da participação do cidadão na vida pública do país, além de ser também um meio no qual o individuo fiscaliza o funcionamento do Estado. 
Sendo, portanto, assegurado pela Constituição:
A ação popular garante, em última análise, o direito democrático de participação do cidadão na vida pública, baseando-se no princípio da legalidade dos atos administrativos e no conceito de que a coisa pública é patrimônio do povo; já nesse ponto nota-se um estreito parentesco com as ações que visam à tutela jurisdicional dos interesses difusos, vistas como expressão de participação política e como meio de apropriação coletiva de bens comuns. (GRINOVER, 1979, p.38)
Ação popular pode ser um meio de democracia participativa, pois atrela o cidadão ao Estado, o povo é o legitimador dos atos governamentais, ao mesmo passo também é fiscalizador desse ordenamento. 
Por fim deve-se destacar o posicionamento de DALLARI:
O que se pode concluir, tendo em conta a experiência das ultimas décadas, é que vêm sendo ampliada a autoridade dos institutos de democracia participativa, que são, de certo modo, um reforço á busca de intensificação do caráter democrático das decisões e ações das autoridades públicas. A utilização de tais institutos coloca os governos mais próximos do ideal de democracia direta, contribuindo para atenuar, em parte, as imperfeições e os riscos da democracia representativa, que continua sendo a principal forma de busca da democratização dos governantes. (DALLARI, p. 157)
3.1 Principais mecanismos de soberania popular
Para a efetivação e funcionamento de uma democracia, faz-se necessário a existência de mecanismos que possibilitem de maneira concreta a participação popular nas questões publicas. 
Entre todas as formas de soberania popular, o sufrágio universal sem duvidas é um dos mecanismos básicos para a o funcionamento de um Estado democrático. O sufrágio consiste no direito de voto, de eleger representantes e opinar sobre as leis, quando essas são colocadas em pauta.
Nota-se que:
Por mais imperfeito que seja o sistema eleitoral, a escolha por eleição é a que mais se aproxima da expressão direta da vontade popular, além do que é sempre mais justo que os próprios governados escolham livremente os que irão governá-los(DALLARI, 2014, p. 183)
Compreende-se que apesar das dificuldades, e barreiras que o sistema eleitoral possui, sem sobra de duvidas ele ainda é a base dos Estados Democráticos. Dessa maneira, o voto e o meio, indireto, no qual a população mais se aproxima das decisões públicas. 
Apesar dessa multiplicidade de formas de manifestação da cidadania, há que se reconhecer, entretanto, que é ainda o exercício do voto que a centraliza e a fortalece, na medida em que todo e qualquer cidadão - independentemente de classe social, cultural ou econômica, de pertencer a grupos sociais ou a qualquer outra forma de organização -, pode influenciar o processo legislativo e por isso intervir nos destinos da Nação, atuando na escolha das pessoas que administrarão o País. (MASCHIO, 2004, p, 16)
O direito ao voto foi uma conquista gradual da sociedade, muitosseguimentos sociais, nos últimos séculos eram impedidos de votar. Questões como sexo, ordem econômica, deficiência física e etnia eram empecilhos, que dificultavam a participação popular nas eleições. 
O voto da mulher, por exemplo, foi uma conquista muito difícil pra o sexo feminino. Devido a maioria das sociedades serem muito patriarcais, era complicado a mulher ser vista como individuo da vida política. Sendo assim, o direito ao voto feminino, foi conquistado através de uma árdua batalha, em diferentes Estados e diferentes épocas. Na primeira metade do século XX, houve um elevado numero de nações que legitimaram o voto da mulher:
No presente século, o voto feminino contaminou os Estados em geral, expondo-se assim, sua conquista, cronologicamente e ate o meado respectivo:1902, Austrália; 1906, Finlândia; 1913, Noruega; 1915, Dinamarca e Islândia (nesta se exigia o bom caráter para o exercício de tal direito); 1917, Rússia, Bielo Rússia, Holanda e Ucrânia; 1918, Reino Unido (inicialmente com idade superior para as mulheres), Irlanda do Norte, Canadá, Irlanda e Luxemburgo; 1919, Áustria, Checoslováquia, Polônia, Sarre e Alemanha; 1920, Hungria e Estados Unidos da América ( onde, embora a partir de 1890 Estados como Colorado, Utá, Idaho, Califórnia e Oregon tivessem permitido o voto ás mulheres, só a XIX emenda á constituição generalizou a providencia); 1921, Suécia; 1924, Mongólia; 1929, Equador; 1930, África do Sul; 1931, Ceilão (até 1934 com idade superior á dos homens); 1932, Brasil, Uruguai e Tailândia; 1934, Cuba e Turquia; 1935, Birmânia e Índia; 1937, Filipinas; 1942, República Dominicana; 1944, França, 1945, Itália, Libéria, Guatemala, Mônaco e Portugal (neste com exigência de estudos secundários, curso de instrução elementar ou ainda especialização em arte, industria ou comercio); 1946, Albânia, Salvador, Japão, Romênia, Panamá e Iugoslávia; 1947, Bulgária, Argentina, Venezuela, china e Paquistão; 1948, Israel, Coréia e Bélica; 1949, Costa Rica, Indonésia, Chile, e Síria (nesta é preciso certificado de estudos primários); 1950, Haiti; 1952, Bolívia, Grécia e Líbano; 1953, México; 1954, Colômbia e Paraguai; 1955, Honduras, Peru, Vietname e Etiópia. MENEZES (1995 p.392)
O fato dos Estados terem proporcionado a mulher o direito ao voto, foi dessa maneira reflexo de vários embates, nos quais a população, em especial o sexo feminino, reivindicava seus direitos. Nota-se, também que existiam em alguns países restrições, além do sexo, que impedia que a população participasse com mais força nas eleições. Com isso, o sufrágio passou a ser ampliando com o passar do tempo. 
Não se pode interpretar de maneira literal o termo ‘sufrágio universal’. O direito ao voto e a participação na vida política comporta algumas limitações, que atualmente são consideráveis para o funcionamento do sistema eleitoral. Bonavides (2009),a rigor todo sufrágio é restrito. Não há sufrágio completamente universal. Sendo assim, sempre haverá algumas limitações quanto ao sufrágio, no entanto, atualmente existe um certo entender que comporta limitações, como a idade por exemplo. 
Lenza (2014), define-se o sufrágio universal como aquele em que a faculdade de participação não fica adstrita ás condições de riqueza, instrução, nascimento, raça e sexo. 
A legislação eleitoral brasileira, por exemplo, o voto é obrigatório a partir dos 18 anos a todos os brasileiros. Sendo, no entanto, facultativo para os maiores de 16 e menores de 18, aos maiores de 70 e aos analfabetos. 
O posicionamento do eleitor diante da escolha de seus representantes confere a este legitimidade para governar. Sendo assim, é de extrema importância que o maior número de pessoas nos limites aceitáveis vote, pois são os políticos os principais responsáveis pelas medidas tomadas, medias estas que afetaram direta ou indiretamente o cidadão.
3.1.1 Plebiscito e Referendo
Quando há uma questão de grande relevo social, existe dois mecanismos que são utilizados, para saber o posicionamento dos cidadãos diante de alguma ação governamental, são eles referendo e plebiscito. Ambos são institutos de consulta a opinião pública, sendo estes de fundamental importância. 
Lenza (2014), a semelhança entre eles reside no fato de ambos serem formas de consulta ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. 
Ambos os institutos são empregados em situações de grande relevância, quando a opinião popular é de essencial importância para a decisão a ser tomada, seja ela legislativa ou administrativa.
O referendo é imprescindível ao funcionamento da democracia e consiste na apreciação, por meio de sufrágio, aos cidadãos sobre um projeto de lei. Após a elaboração de uma lei pelos governantes, esta é colocada a deliberação popular, ou seja, o povo aprovara ou negara a respectiva lei. 
Já o plebiscito é a convocação da população antes do ato a ser discutido, ou seja, antes do ato em pauta os cidadãos posicionam a favor ou contra. Dessa maneira, caso o povo posicione contra uma lei por exemplo, esta não será mais objeto de discussão no Congresso Nacional. 
Nesse contexto, Lenza diferencia os institutos da seguinte maneira:
A diferença está no momento da consulta: a ) no plebiscito, a consulta é prévia, sendo convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, por meio do voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido à apreciação. Ou seja, primeiro consulta-se o povo, para depois, só então, a decisão política ser tomada, ficando o governante condicionado ao que for deliberado pelo povo; b ) por outro lado, no referendum , primeiro se tem o ato legislativo ou administrativo, para, só então, submetê-lo à apreciação do povo, que o ratifica (confirma) ou o rejeita (afasta)Lenza (2014, p. 1240)
A fragilidade de tais institutos, no direito brasileiro, esta relacionada que ambos para serem utilizados, ficam a cargo do Poder Legislativo ou do Poder Executivo. O Art. 3° da Lei numero 9.709/98, dispõem que nas questões de relevância nacional, que exija a necessidade de referendo ou plebiscito, ficara a cargo do Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das duas Casas do Congresso Nacional. Sendo assim, fica a critério dos governantes entenderem se há ou não a necessidade de consulta popular, quando esta em discussão questões de grande relevo social.
Mendes aborda também:
O plebiscito ou o referendo como instrumentos da democracia direta ou semidireta procuram atenuar o formalismo da democracia representativa. A sua utilização não será efetiva, porém, sem que se identifique um adequado nível de politização da população. (MENDES, 2014, p.723)
Não basta assim existir mecanismo que permitam a população participar da vida pública faz-se necessário ao passo que os cidadãos que iram exercer seus direitos, tenham a devida noção do tema a ser discutido.
No que tese a participação popular nas questões: 
Recentemente, após as intensas manifestações populares do chamado “junho de 2013”, a Presidente da República veio a público propor uma Constituinte exclusiva para impulsionar o debate sobre a reforma política. Uma vez rechaçada a proposta pelas classes políticas e jurídicas, a presidência adotou para sugerir a consulta á população em plebiscito, sobre a necessidade e a forma de uma reforma política. O Congresso Nacional, no entanto, cioso de sua prerrogativa de convocar a consulta popular, e ante os números inconvenientes de se convocar um plebiscito em matéria tecnicamente tão sofisticada, houve por bem não aderir à sugestão oriunda do Poder Executivo. Assim, pelo menos ate o momento, a reforma política está a depender apenas da vontade dos congressistas e do Poder Executivo, que poderão apresentar projetos de lei e de emenda à Constituição trazendo as modificações que julgarem necessáriasMendes (2014, p. 722)
A população brasileira é extremamente fervorosa quanto apolítica, no entanto ainda é tímida no que diz respeito a real participação nas questões governamentais. Houve nos últimos anos um aumento expressivo dos brasileiros que participam das questões públicas, mas ainda sim existe um caminho muito longo a se caminha, no sentido de uma democracia mais participativa no Brasil. 
3.1.2 Veto popular e Recall
Além dos meios acima mencionados, existem dois outros meios pelos quais a soberania popular se perfaz, estes instrumentos apesar de não existirem no Brasil, possuem um força muito grande, são eles o veto popular e o Recall(Direito de Revogação),ambos institutos norte-americanos. 
O veto popular consiste na revogação de uma lei, por meio do povo. Os cidadãos, que não estiverem de acordo com determinada norma podem em determinado período de tempo, vetá-la.
No que diz respeito ao veto popular,Bonavides coloca:
Instrumento de participação popular no exercício do poder, o veto é faculdade que permite ao povo manifestar-se contrario a uma medida ou lei, já devidamente elaborada pelos órgãos competentes, e em vias de ser posta em execução(2009, p. 316).
O veto popular permite por tanto que certo número de cidadãos possam em determinado prazo, levar a deliberação pública, ou seja, a vontade do povo, uma lei que já tenha sido publicada.
Bonavides apud Duverger (2009p. 316) complementa:
Diz Duverger que “o silêncio do povo equivale pois á aceitação”. Se o povo porém pede a consulta, esta se faz; e se a votação popular produz então resultado desfavorável, considera-se a lei inexistente, como se nunca houve-se sido feita. 
Já o Recall consiste em um poder popular no qual os cidadãos, possuem a capacidade, de acordo com a lei, de destituir políticos de seus respectivos cargos. Segundo Bonavides (2009, p. 313), é a forma de revogação individual. Capacita o eleitor a destituir funcionários, cujos comportamentos, por motivo, não lhe esteja agradando.
Nesse âmbito, idem,complementa:
Determinado número de cidadãos, em geral a décima parte do corpo de eleitores, formula, em petição assinada, acusações contra o deputado ou magistrado que decaiu da confiança popular, pedindo sua substituição, ou intimando-o a que se demita do exercício de seu mandato. (Bonavides 2009, p. 314) 
Por fim Dallari (2014) especifica. O recall é uma instituição norte-americana, que tem aplicação em duas hipóteses diferentes; ou para revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo, ou para reformar decisão judicial sobre constitucionalidade de lei.
Segundo o aludido autor a primeira hipótese, a requerimento de certo numero de eleitores, é posto em deliberação popular o mandato de algum político. No segundo caso é colocada em pauta a constitucionalidade de determinada lei, tal hipótese, devido ao julgamento de constitucionalidade da lei, é muito questionado e pouquíssimo utilizado. 
Tanto o Recall, quanto o veto popular, são instrumentos que proporcionam aos cidadãos grandes poderes. Tais instrumentos vão afundo no sentido da democracia direta, onde a população mediante votações questionam a validade de leis e a representatividade dos governantes. Talvez por esses fatores, ambos os mecanismos não são utilizados no Brasil. Certamente os legisladores brasileiros não instalaram tais institutos, pois são diretamente afetados por eles.
3.2 A participação popular positivada
A democracia em todo o seu processo histórico apresenta de maneira maior ou menor, aspectos no qual a povo é legitimador do poder Estatal. Uma das maneiras de melhor proteger essa garantia é através de uma Constituição. Como muito bem coloca Kelsen (2009), em sua Teoria Pura do Direito, a Constituição esta no ápice do sistema normativo, representa o escalão do Direito positivo mais elevado. Sendo assim, nada mais correto que as garantias de soberania popular estejam nela positivadas.
Bonavides (2008, p. 26) destaca a importância dos mecanismos participativos estarem positivados na constituição:
Não ha teoria constitucional de democracia participativa que não seja, ao mesmo passo, uma teoria material da Constituição. Uma teoria cuja materialidade tem os seus limites jurídicos de eficácia e aplicabilidade determinados grandemente por um controle que ha de combinar,de uma parte, a autoridade e a judicatura dos tribunais constitucionaise, doutra parte, a autoridade da cidadania popular e soberana exercitada em termos decisórios de derradeira instancia.Bonavides (2008, p. 26)
Diante da posição do aludido autor, compreende se que a instituição da democracia participativa se da ao passo da constitucionalização do Estado. A importância dos mecanismos de participação popular é tão grande, que é necessário que este esteja de fato positivado.
A Constituição sem duvidas é a máxima das leis, e através dela que exercemos nossos direitos e os governantes também dirigem o país.No entanto, os direitos não são apenas mera bondade dos políticos, toda garantia constitucional que faz beneficio a população, sem duvidas, é reflexo de um embate, ou seja, uma luta por direitos. Nota-se que o alargamento dos direitos políticos, ou seja, os meios pelos quais os cidadãos exercem seus direitos, ainda hoje é objeto de discussão. 
A democracia participativa proporciona maneiras nas quais a população, aparada por uma Constituição, faz jus ao ideal democrático. Como já citado anteriormente, a democracia participativa possui diversos mecanismos responsáveis por garantir aos cidadãos soberania popular, este que se apresentam de maneira diferente em todo o mundo, no entanto, existe uma característica em comum, todos estão positivados.
É tão forte o sentimento de soberania popular, que além de estarem garantidos na lei de cada país, normalmente os mecanismos se apresentam como cláusulas pétreas (não comportam mudanças). 
Atualmente em âmbito internacional podemos destacar a Constituição Portuguesa de 1976, esta que possui meios nos quais a democracia participativa é assegurada, em seu artigo 10° a lei maior portuguesa dispõem: ‘Sufrágio universal e partidos políticos’- 1. O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, direto, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição.
O artigo 48° ainda destaca:Participação na vida pública: 1. Todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida política e na direção dos assuntos públicos do país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos. Sendo assim, nota-se a preocupação do poder constituinte originário (pode criador da constituição) em cria caminhos que garantam a participação popular nas questões públicas. 
Nesse âmbito, Canotinho e Moreira, ambos juristas e professores da Universidade de Direito de Coimbra, destacam:
A participação na vida dos cidadãos na vida política exerce-se, desde logo, ao nível da constituição dos órgãos do poder político (órgãos do Estado, em sentido lato), constitucionalmente previstos, e da formação das suas decisões. Ela efetiva-se, quer diretamente – a chamada << democracia direta >>-, quer através de órgãos representativos, eleitos pelos cidadãos – a chamada <<democracia representativa>>. (CANOTINHO; MOREIRA, 2007, p. 664)
A colocação dos aludidos autores nos permite, refletir o meio no qual a democracia participativa se desenvolve. Através de um sistema representativo, se cria caminhos nos quais o povo possa de alguma maneira ainda ser o legitimador do poder. 
A iniciativa de lei no respectivo país poderá sem elaborada pela população e levada a analise, este que também é um direito garantido na Carta Magna 1976, em seu artigo 166°:
Artigo 166°- Iniciativa de lei e referendo-1. A iniciativa da lei e do referendo compete aos Deputados, aos grupos parlamentares e ao Governo, e ainda, nos termos e condições estabelecidos na lei, a grupos de cidadãos eleitores, competindo a iniciativa da lei, no respeitante às regiões autônomas, às respectivas Assembleias Legislativas.
Nota-se que o respectivo artigo destaca que as leis devem ser levadas a AssembleiaLegislativa, apenas por cidadãos eleitores, ou seja, indivíduos que estejam em dia com a justiça eleitoral. Tal fato também é condição no Brasil. 
Já nos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, a iniciativa popular se da de duas maneiras:
A iniciativa confere a um certo número de eleitores o direito de propor uma emenda constitucional ou um projeto de lei. Nos Estados Unidos da América faz-se uma diferenciação entre duas espécies de iniciativa, que são: iniciativa direta, pela qual o projeto de constituição ou de lei ordinária contendo a assinatura de um número mínimo de eleitores deve, obrigatoriamente, ser submetido à deliberação dos eleitores nas próximas eleições; e iniciativa indireta, que dá ao Legislativo estadual a possibilidade de discutir e votar o projeto proposto pelos eleitores, antes que ele seja submetido à aprovação popular. Só se o projeto for rejeitado pelo Legislativo é que ele será submetido ao eleitorado, havendo Estados norte-americanos que exigem um número adicional de assinaturas, apoiando o projeto, para que ele seja dado decisão popular mesmo depois de recusado pela assembleia. (DALLARI, 2014, p. 154-155)
Nota-se que a iniciativa popular no EUA, pode ser automaticamente colocada em votação pelos cidadãos que diante das próximas eleições a deliberarão, ou o projeto pode ser entregue ao legislativo que também o analisara, caso o poder legislativo venha a negar o projeto este pode ser submetido ao eleitorado.
A Constituição Italiana de 1948, também instituiu mecanismo pelo qual seus cidadãos participam diretamente da vida política do país. Em seu artigo 71, tal Carta Magna dispõe:
Art. 71 – A iniciativa das leis pertence ao governo, a cada membro das Câmaras e aos órgãos e entidades aos quais foi conferida pela lei constitucional. O povo exerce a iniciativa das leis, mediante a proposta, por parte de pelo menos cinquenta mil eleitores de um projeto redigido em artigos. 
O mecanismo de iniciativa popular de lei na Itália possui um processo muito mais pratico do que o brasileiro por exemplo. Com apenas 50 mil assinaturas é possível levar a deliberação do legislativo italiano um projeto de lei.
Além da iniciativa popular de lei a Constituição Italiana, garantiu em seu artigo 75 o referendo: 
Art. 75 – É convocado um referendo popular para deliberar a revogação, total ou parcial de uma lei ou de ato com valor de lei, quando é requerido por quinhentos mil eleitores ou cinco Conselhos regionais. Não é admitido o referendo para as leis tributárias e de balanço, de anistia e de indulto de autorização para tratados internacionais. Têm direito a participar no referendo todos os cidadãos chamados a eleger a Câmara dos deputados. A proposta sujeita a referendo é aprovada se tiver participado na votação dos que têm direito, e se alcançada a maioria dos votos validamente expressos. A lei determinara as modalidades de atuação do referendo. 
O referendo também foi instituído como meio de soberania popular no qual através de requerimento de 500 mil eleitores, pode ser posto em pauta uma lei ou mesmo algum ato administrativo de algum governante. 
A Carta Magna brasileira de 1988, a chamada constituição cidadã, uma das mais democráticas do mundo, proporcionou ao povo brasileiro, grandes vantagens quanto a participação na vida pública do país. Constituição de 1988 assegura aos cidadãos o direito de elaborar leis, sendo essa uma das garantias da soberania popular brasileira. Sendo assim, o artigo 14 que garante: ‘a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito; referendo; e iniciativa popular.’
Nota-se que o respectivo artigo deixa claro que o voto é direto, ou seja, elegemos nossos representantes diretamente, sem a intervenção de nem um colégio ou assembleia, dos nossos prefeitos e vereadores aos senadores, deputados e presidente. Sendo o sufrágio universal a garantia da não diferenciação entre os votos, homens, mulheres, índios, negros, ricos ou pobres, possuem o mesmo valor, sendo assim seus votos tem peso igual na hora da eleição Mendes (2014, p.702), nesse âmbito destaca, que nos termos da Constituição,o sufrágio é universal, o que significa que o direito político se reconhece a todos os nacionais do País, independente da pertinência a dado grupo ou a dada classe, ou da apresentação de certa qualificação.
Deve-se destacar também que o voto sendo secreto proporciona ao cidadão tranquilidade para exercer seu direito. A soberania popular também será exercida por meio do plebiscito, referendo e iniciativa popular, este ultimo que proporcionam ao individuo uma maior participação na vida política do país.
4 INICIATIVA POPULAR DE LEI
As leis podem ser atualmente propostas de diversas formas no ordenamento jurídico brasileiro, tanto por membros da Câmara dos Deputados, quanto do Senado Federal e do Presidente da República. A Constituição Brasileira de 1988 melhor detalha em seu artigo 61 os indivíduos que de acordo com a norma possuem autonomia para elaborar projetos de lei:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Entre as autoridades competentes, nota-se que o respectivo artigo destaca a possibilidade também que os cidadãos possuem de ingressar com projetos de lei perante o Congresso Nacional. 
A iniciativa pode ser tanto de lei complementar, como de lei ordinária. Lenza (2014, p. 628) destaca essa possibilidade:Trata-se de novidade introduzida pela CF/88, a exemplo do art. 71 da Carta italiana de 1948, estabelecendo a possibilidade de o eleitorado nacional deflagrar processo legislativo de lei complementar ou ordinária.
A autonomia popular para a elaboração de lei foi instituída apenas com a Carta Magna de 1988,tal mecanismo não existia no sistema brasileiro. Com isso, o cidadão passa a ficar no mesmo nível dos legisladores, no que toca a possibilidade de criar novas normas. 
O ato de criação de lei, o vem do animo, ou seja, da ação dos indivíduos, que terá como conseqüência o processo legislativo:
A iniciativa não é propriamente uma fase do processo legislativo, mas sim o ato que o desencadeia. Em verdade, juridicamente, a iniciativa é o ato por que se propõe a adoção de direito novo. Tal ato é uma declaração de vontade, que deve ser formulada por escrito e articulada; ato que se manifesta pelo depósito do instrumento, do projeto, em mãos da autoridade competente. (FERREIRA FILHO, 2014, p. 217)
Compreende-se pela posição do aludido autor que, diante da vontade popular, os cidadãos se comprometam a elaboram, de acordo com os critérios necessários, um projeto para que este seja colocado em deliberação no órgão competente. Sendo assim, a iniciativa popular de lei se caracteriza por ser uma forma de democracia direta, pois os cidadãos sem a necessidades dos seus representantes criam uma lei que pode fazer parte do ordenamento jurídico.
A iniciativa de lei por parte da população é de essencial importância para o sistema democrático vigente, a maioria dos país constitucionalista nas suas respectivas leis, garantem a possibilidades de iniciativa popular. Tal mecanismo destaca-se dos demais, pois garante a população maior liberdade diante dos governantes, ou seja, tal instrumento de soberania popular sobre sai devido a sua autonomia, ele não fica condicionado a vontades políticas.
Como citado anteriormente, o plebiscito o referendo possuem a fragilidade de ficaram restritos ao aval governamental. A força da iniciativa popular é maior, pois pelo referendo se pode impedir uma legislação não querida, mas pela iniciativa se pode conseguir impor uma verdadeira orientação governamental, configurandouma participação popular mais efetiva, destaca Ferreira Filho (2014, p. 125). 
A iniciativa popular de lei, portanto, funciona no Brasil da seguinte maneira, a população elabora um projeto de lei e o encaminha ao Congresso Nacional, juntamente com uma petição assinada, um por cento do eleitorado nacional, distribuído por cinco estados, com não mesmo que três décimos por cento dos eleitores dos respectivos estados. Portanto, em seu o artigo 61 parágrafo segundo a Constituição dispõem: 
Art. 61 § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Existe como visto no respectivo artigo, certos requisitos essenciais para que o projeto seja colocado em deliberação no Congresso Nacional. A necessidade de um número auto de assinaturas dificulta e muito o processo, além de que, estas devem estar muito bem distribuídas no território brasileiro (5 Estados), levando em consideração um mínimo fixado por cada Estado (0,3% do eleitorado).
 A norma que regulou a iniciativa popular foi a Lei 9.709 de 18 de novembro de 1998, e os parágrafos 1 e 2 prevê que :
§ 1o O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um só assunto.
§ 2o O projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação.
Nesse âmbito, o projeto de iniciativa popular deve se referir a apenas um assunto, com o intuito que este não prejudique a compreensão dos eleitores e facilite a coleta de assinaturas. Já, o parágrafo segundo vem no sentido de evitar a rejeição do projeto pela Câmara dos Deputados, por alguma impropriedade técnica. 
O projeto de iniciativa popular deve ser de grande relevância social, de maneira a integrar o maior numero de eleitores possíveis. Facilita muito o processo quando alguma entidade, associação ou ate mesmo um político toma frente ao projeto, devido aos empecilhos procedimentais que existe é importante essa ajuda.
Atualmente seguindo índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2014, a população brasileira estava entorno de 202.990.000 habitantes, dos quais, no mesmo período, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 142.822.046 eram aptos a vota. Dessa maneira, levando em consideração tal numeração podemos calcular o numero necessários de eleitores para assinar um projeto de iniciativa popular de lei. 
O eleitorado brasileiro esta distribuído da seguinte maneira no território nacional, segundo dados do TSE:
Figura 2 - eleitorado brasileiro
Fonte: (Dados do TSE, Julho de 2014)
Sendo, portanto, o eleitorado de 142.822.046 cidadãos, um por cento desse número corresponde há 1.428.220 eleitores. Lembrado que apenas um por cento do eleitorado não basta é necessário que este esteja distribuído por cinco diferentes estados da federação.
Tomando como exemplo os quatro estados da região sudeste, mais a Bahia, pode-se calcular o numero necessários de eleitores por estado, respectivamente 0,3% em cada. Sendo assim, uma suposta petição teria que possuir a assinatura de 45.746 eleitores de Minas Gerais, 95.995 de São Paulo, 36.423 do Rio de Janeiro, 7.960 do Espírito Santo e 30.556 da Bahia. Nota-se que, 0,3% do exemplo citado não alcança ainda o um por cento (1.428.220) necessário, a soma dos cinco estados mencionados daria 216.680, faltariam por tanto 1.211.540 assinaturas que deveria ser supridas, para que um projeto de lei elaborado pelo povo fosse aceito na Câmara dos Deputados. 
Existe uma dificuldade muito grande em coletar as assinaturas, não pela distancia geográfica, hoje com os meios de comunicação e principalmente com a Internet, tal empecilho não é problema, a questão esta nos limites estabelecidos pela norma. Poderia a petição até passar do ultrapassar o exigido, de um por cento do eleitorado nacional, porém não adiantaria se os demais critérios não fossem preenchidos. 
Atualmente tramita no Congresso Nacional varias leis que buscam facilitar o processo de iniciativa popular de lei. A Proposta de Emenda a Constituição (PEC) numero 2 de 1999  da deputada Luiza Erundina do Partido Socialista Brasileiro (PSB), visa diminuir o numero necessários de assinaturas para 0,5% do eleitorado nacional. Existe também a PEC 194/03, do deputado José Eduardo Cardozodo Partido dos Trabalhadores (PT), este visa que as assinaturas sejam correspondentes ao quociente mínimo necessário para eleição de vereadores e deputados.
A PEC número 203 de autoria da deputada Sueli Vidigal, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), visa que o projeto de iniciativa popular seja subscrito por 0,5% do eleitorado nacional, distribuído por ao menos que dois estados, com no mínimo 0,2% do eleitorado de cada um deles. Há também o Projeto de Lei (PL), número 6362 de 2002 do ex- deputado Waldir Pires, que visa uma maior agilidade quantos aos projetos de iniciativa popular. 
O deputado Lincoln Portela do Partido da República (PR), possui um projeto de lei, numero 7165 de 2010, que prevê, caso o abaixo assinado seja proposto por 2% do eleitorado nacional este devera ser automaticamente deliberado em regime de urgência. O projeto de lei, de 2002, da deputada Vanessa Grazziotin, visa criar um Estatuto para o Exercício da Democracia Participativa.
Entre tantos projetos pode-se destacar também, a PL 7003 de 2010, do deputado Dr. Rosinha do PT, que possui o intuito de utilizar urnas eletrônicas como meio de colher assinaturas. Existe outro projeto que prevê a admissão de assinaturas eletrônicas no processo, de autoria do deputado Paulo Pimenta do PT. De grande importância é também é a PEC da deputada Luiza Erundina, do PSB, que visa admitir a apresentação de projetos por entidades ou sindicatos. Tais projetos estão todos em tramite no Congresso Nacional, e visa meios nos quais a iniciativa popular de lei se torne mais acessível e pratica para a população. 
A iniciativa popular de lei também é garantida no âmbito estadual e municipal, a Constituição Federal em seu artigo 27 parágrafo 4º disserta sobre o assunto. Nesse sentido:
Interessante ressaltar que as Constituições estaduais devem prever, nos termos do § 4° do artigo 27 da Constituição federal, a iniciativa popular de lei estadual. Assim, por exemplo, a Constituição do Estado de São Paulo admite a possibilidade de sua alteração por proposta de cidadãos, mediante iniciativa popular assinada, no mínimo, por 1% dos eleitores. Igualmente, a Constituição do Estado da Bahia permite iniciativa popular para propositura de emenda constitucional, ao prever no art. 31 que “O controle dos atos administrativos será exercido pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e pela sociedade civil, na forma da lei e através de iniciativa popular de projeto de emenda a esta Constituição e de projeto de lei estadual. (MORAES, 2014, p. 670)
Lenza (2014, p. 634) expõe também:
Como outro exemplo podemos citar a PEC n. 3/98 à Constituição do Estado do Pará, que, de maneira inédita, por iniciativa popular, suspendeu a restrição do passe livre às pessoas portadoras de deficiência, nos transportes públicos rodoviários e aquaviários, intermunicipais e municipais, no Pará, modificando o art. 249, VI, “a”, da Constituição do Estado. (LENZA, 2014, p. 634) 
Nota-se que as propostas de iniciativa popular de lei em âmbito estadual circundam a assuntos de menos relevância, ou seja, não são tão abrangentes quantos os de iniciativa nacional. Os estados que não possuem Constituição adotam a própria Constituição Federal. 
4.1 Iniciativas concretizadas
A sociedade brasileira é muito tímida no que toca a iniciativa popular de lei, atualmente existem apenas quatro leis que se originaram dessa forma. Sendo que, tais leis apenas obtiveram sucessodevido a sua magnitude. 
São leis que surgiram da em decorrência da iniciativa popular: lei N° 8.930 de 6 de setembro de 1994, dos crimes hediondos; lei Nº 9.840 de 28 de setembro de 1999, contra a corrupção eleitoral; lei complementar Nº 11.124 de 16 de junho de 2005, que institui o Sistema Nacional de Habitação e Interesse Social (SNHIS); e por fim a lei complementar Nº 135 de 4 junho de 2010, Ficha Limpa. 
A Lei N° 8.930/94, alterou o disposto na Lei 8.072 de julho de 1990, que juntamente com o artigo 5o, inciso XLIII, da Constituição Federal, disserta sobre os crimes hediondos (crimes de grande relevância social). Assim, foi enquadrado o homicídios qualificado (praticado com brutalidade, crueldade) como crime hediondo.
O projeto foi criado pela escritora Glória Perez, que teve sua filha Daniella Perez, brutalmente assassinada, por Guilherme de Pádua, ambos atores que no momento do crime protagonizavam uma novela na Rede Globo de Televisão, devido a isso, quando o crime foi noticiado teve um grande repercussão nacional. A escritora em virtude da punição branda que o autor iria receber, ingressou com um projeto popular de lei, no qual enquadrava o crime de homicídio qualificada como crime hediondo. Dessa maneira, a punição por tais crimes passara a ser mais severas. 
Com isso:
Lei n. 8.930/94 — conhecido como o Projeto de Iniciativa Popular Glória Perez, em razão do homicídio de sua filha, o documento reuniu mais de 1 milhão e 300 mil assinaturas, culminando com a modificação da Lei de Crimes Hediondos. Cabe alertar, contudo, que, na prática, esse projeto foi encaminhado pelo Presidente da República, pela Mensagem n. 571, de 08.09.1993, que, autonomamente, já teria iniciativa para deflagrar o processo legislativo. No site da Câmara dos Deputados, o projeto aparece como sendo de co-autoria do Executivo e da Iniciativa Popular. No site do Senado Federal, contudo, na tramitação legislativa aparece como sendo somente do Executivo (LENZA, 2014, p. 630)
Nesse caso a coleta de assinaturas foi mais fácil, primeiramente pela repercussão do caso, em segundo pela credibilidade e empenho que a escritora possuía. Nota-se também que, o Poder Executivo tomou frente ao projeto, facilitando assim o processo. 
Lei Nº 9.840 de 28 de setembro de1999, dispõem sobre a corrupção eleitoral. Tal norma alterou a Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, e a Lei 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral).Visava-se um maior rigor quanto ao processo eleitoral, onde a compra de votos e as constantes falta de ordem no sistema prejudicava a integridade democrática nacional.
O sistema representativo brasileiro apresenta falhas desde sua implantação com a República, em 1889. Um exemplo claro disso foi o coronelismo do inicio do século XX, onde através dos chamados votos de cabresto, os coronéis obrigavam seus empregados a votarem de acordo com suas votantes, um sistema totalmente tirano. 
Devido ao forte histórico negativo do sistema eleitoral brasileiro, e os constantes casos de corrupção vistos na ultima década do século XX, faz com que a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), ingressa-se primeiramente com uma campanha de luta contra a corrupção,"Combatendo a corrupção eleitoral", em fevereiro de 1997, e posteriormente com um projeto de iniciativa popular de lei, com o intuito de mudar o cenário eleitoral nacional.
 Ouve uma mobilização muito grande sobre o projeto, inúmeras associações e grupos apoiaram a iniciativa, mas sem duvidas a Confederação Nacional Dos Bispos Brasileiros (CNBB) teve papel fundamental no processo, pois um em 1996 a Campanha da Fraternidade, já havia abordado o tema como‘Fraternidade e Política:Justiça e Paz se abraçarão.’
A meta na época era alcançar o um milhão de assinaturas, ate 1° de outubro de 1999, data limite, caso fosse aprovado, para as regras entrarem em vigor já nas eleições municipais de 2.000. No entanto ate inicio de respectivo ano as assinaturas não tinham chegado nem aos 500.000, com o intuito de acelerar o processo ouve uma grande mobilização dos meios de comunicação em massa e das entidades envolvidas que conseguiram no dia 10 de agosto entregar o projeto a Congresso Nacional, este que foi aprovado antes de 1° de outubro, o que possibilitou que a nas eleições do ano seguinte a lei já fosse utilizada. Ao fim a iniciativa conseguiu colher 1.039.175 assinaturas.
Foi também muito bem repercutida a lei complementar 11.124 de 16 de junho de 2005, que institui o Sistema Nacional de Habitação e Interesse Social (SNHIS), e cria o Fundo Nacional de Habitação e interesse Social, juntamente com o Conselho Gestor. Tal iniciativa buscava solucionar o déficit habitacional existente no Brasil.
A moradia é um problema antigo no cenário habitacional brasileiro e afeta principalmente a população de baixa renda. A lei 11.124, vem nesse sentido tentar mudar esse panorama, ela redireciona os programas de habitação existente e institui novos com o intuito de proporcionar moradia mais digna aos necessitados.
Sua tramitação no Congresso Nacional iniciou-se em 1992, este foi o primeiro projeto de iniciativa popular a ser apresentado, porém demorou 13 anos para ser aprovada. Tal projeto teve o apoio do “Movimento Popular de Moradia”, e foram colhidas na época 800 mil assinaturas em dezessete estados diferentes da federação.
Por fim a lei complementar número 135 de quatro de junho de 2010, Ficha Limpa. Que altera a lei 64 de 18 de maio de 1990, que de acordo com o § 9o do artigo 14 da Constituição Federal, estabelece as normas de inelegibilidade e prazos de cassação de mandato além de outras providencias sobre o assunto.
A iniciativa popular foi uma espécie de complementação da lei 9.840/99, contra a corrupção eleitoral. Obteve ajuda dos mesmos órgãos que auxiliaram a lei anterior, ‘Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral’ outra vez teve papel determinante no processo. 
O projeto conseguiu obter um total de 1.604.815 assinaturas e teve inicio em abril de 2008. A iniciativa se destaca, pois a coleta de assinaturas foi mais fácil, sem duvidas em consequência da popularização da Internet e da ampla divulgação que o projeto teve nas demais mídias de comunicação, além é claro do assunto em questão ser de grande relevo social, onde as normas que ali estava dizia respeito diretamente aos representantes do povo, este que estava já em descrédito perante os cidadãos. Destaca-se também que a iniciativa se desdobrou ao passo que o escândalo político do Mensalão foi revelado, o que contribuiu muito para o processo. 
Destaca-se agora o posicionamento de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a lei Ficha Limpa, em julgamento sobre a constitucionalidade da lei, que foi reportada pela revista Veja em seu site em fevereiro de 2012:
Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal: 
"É chegada a hora de a sociedade ter o direito de escolher e o orgulhar-se poder votar em candidatos probos sobre os quais não recaia qualquer condenação criminal e não pairem dúvidas sobre mal versação de recursos públicos".
Rosa Weber, Ministra do Tribunal Superior do Trabalho: 
"O homem público, ou que pretende ser público, não se encontra no mesmo patamar de obrigações do cidadão comum no trato da coisa pública. O representante do povo, o detentor de mandato eletivo, subordina-se à moralidade, à probidade, à honestidade e à boa-fé, exigências do ordenamento jurídico e que compõem um mínimo ético, condensado pela lei da Ficha Limpa, através de hipóteses concretas e objetivas de inelegibilidade".
Carlos Ayres Britto, então ministro do Supremo Tribunal Federal:
"A corrupção é o cupim da República, nossa tradição é péssima em matéria de respeito ao erário.O direito que tem o eleitor de escolher candidatos de vida biográfica de isenta de um passivo penal avultado é direito fundamental. A trajetória de vida do candidato não pode estar imersa em ambiência de nebulosidade no plano ético".
Nota-se a grande representatividade dessa lei para o ordenamento jurídico brasileiro. A necessidadede candidatos que possuam uma carreira integra e honesta é fundamental para a governabilidade do país. 
Da Constituição de 1988 ate os dias atuais percebe-se que a população brasileira é extremamente contraída quanto a elaboração popular de lei:
Por todo o exposto, percebe-se que a experiência brasileira é muito tímida. Reconhecemos que os requisitos rígidos contribuem para esta situação. Contudo, na pratica, temos certeza de que o instituto consagra a soberania popular e serve, ao menos, de pressão para o Congresso Nacional priorize as matérias, mesmo quando o projeto é encampado por algum parlamentar ou órgão que tenha a possibilidade da iniciativa legislativa.(LENZA,2014, p.632)
Fica evidente que, todas as iniciativas de projeto de lei que foram aprovadas até hoje, apenas tiveram êxito,devido a uma mobilização social, havendo assim uma grande pressão da população sobre seu tramite. Dessa maneira, nota-se que o povo quando unido sobre um ideal é capaz de transformar o ordenamento social e jurídico. 
4.2 Não Foi Acidente
Atualmente tramita no Congresso Nacional um projeto de lei, de iniciativa popular, que teve inicio com o movimento ‘NÃO FOI ACIDENTE’, este que tenta alterar o Código de Trânsito Brasileiro. O projeto consiste em aumentar a pena dos homicídios cometidos quando há embriagues na direção. O intuito principal do projeto é transforma os crimes cometidos no trânsito de ilícito administrativo para ilícito penal. 
O projeto surgiu por intermédio do pesquisador e palestrante Rafael Baltresca, que teve sua mãe e irmã mortas após um atropelamento, e juntamente com alguns amigos, criou o movimento, com o intuito de endurecer as penas dos crimes cometidos no trânsito. Nota-se, que a origem do projeto vem de uma necessidade social, em um país onde os crimes de trânsito são verdadeiramente altos e a legislação não agrada a população. 
O percussor do projeto desabafa no site do movimento:
“O Homem é o único ser do planeta que mata sua própria espécie. Temos que dar um basta nisso. Tantas e tantas mortes acontecem por pessoas embriagadas que, na hora da alegria, da bebedeira, não entregam a chave do carro para um amigo, não voltam de taxi, não colocam a mão na consciência e pensam na consequência. Quando deixamos de lado a possibilidade do desastre, ele acabou de começar. Quando você bebe e dirige, a violência viária já começou.” 
O projeto de lei, de iniciativa popular, é reflexo da insatisfação de indivíduos que não estão de acordo com o sistema vigente, e através de uma mobilização procuram alterar,parte do ordenamento jurídico. 
Os crimes cometidos no trânsito brasileiro recebem punições muito brandas, o intuito da lei é faz com que as sanções sejam mais severas. Um dos pontos centrais da lei é faz com que quem tenha cometido homicídio ao volante pegue a pena em regime fechado, pois a legislação brasileira entende que os homicídios cometidos no trânsito são culposos (Art. 18 - Diz-se o crime:II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.), ou seja, sem a intenção de matar. 
Segundo o artigo 302 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro):‘Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:  Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.’. 
Portanto, a pena máxima que se pode receber em um crime de trânsito é de quarto anos, o projeto de lei visa aumentar em alguns pontos essa sanção, pois segundo o Código Penal em seu artigo 44, inciso I, dispõem:
Art. 44 - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
Portanto, aumentando a punição dos homicídios, de trânsito, para mais de quarto anos a pena não mais poderá ser substituída. Em suma, o individuo que comete crime de trânsito no Brasil, dificilmente será preso e mesmo que seja muito provavelmente não cumprira sua pena em regime fechado, pois segundo o artigo acima citado as punições ate 4 anos são passiveis de substituição. 
Nas palavras do Dr. Maurício Januzzi, presidente da comissão de trânsito da Ordem dos Advogado de São Paulo (OAB-SP) e autor do projeto, a intenção é a seguinte:
“A política de tolerância ZERO que o nosso projeto preconiza é no sentido de que aquele que for flagrado dirigindo com qualquer quantidade de álcool por litro de sangue estará sujeito a responder por CRIME DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (Artigo 306 do CTB). O projeto propõe que não haverá mais infração administrativa (artigo 165 do CTB) no que tange a embriagues ao volante. Hoje não existe tolerância ZERO. O que ocorre hoje é uma tolerância a embriaguez ao volante, isto porque a infração administrativa (artigo 165 do CTB) se dá quando comprovado a embriaguez de 0,2 dg/l até 0,6 dg/l, ou seja, multa de natureza grave, 7 pontos na carteira e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Já, se comprovado que o indivíduo está embriagado acima de 0,6 dg/l, ele estará sujeito a responder pelo crime de embriaguez ao volante (artigo 306 do CTB)”.
O movimento, NÃO FOI ACIDENTE, tenta á alguns anos colher as assinaturas necessárias á petição, para com isso ingressar com o projeto no Congresso Federal, porem devido as barreiras que dificulta o processo, a Deputada Federal Keiko Ota, juntamente com a equipe do movimento, encabeçou o projeto e o apresentou ao Congresso, facilitando assim, sua tramitação.
Apesar do projeto já ter sido apresentado a Câmara, e o mesmo já possui também o apoio de alguns deputados,ainda sim existe a necessidade de uma pressão popular, isso se da através da coleta de assinaturas que ainda o movimento tenta juntar, pois representara a vontade popular diante das questões normativas.Sendo portanto o projeto, apoiado por deputados e assinado por eleitores nos termos de uma iniciativa popular, como já visto, ela passa a possuir um grande peso no Congresso, tanto na Câmera dos Deputados, quanto no Senado Federal. 
5 CONCLUSÃO
A democracia é o caminho que os cidadãos possuem para faz com que o ordenamento social funcione de maneira a instituir uma espécie de senso geral, sobre o que é melhor para todos. No entanto, com a inúmera quantidade de indivíduos que cada Estado possui, é complicado empregar mecanismo que agradem a todos, mas se pode através da democracia chegar o mais perto disso possível. 
A democracia institui formas nas quais os indivíduos podem expressar e participar da vida política do país. Como foi colocado durante o trabalho, o estabelecimento e a permanência da democracia e de seus institutos, é uma árdua batalha contra a negligencia governamental, além é claro uma busca pela positivação dos direitos. 
Portanto:
A meta da lei é a paz. A forma de obter isso é a guerra. Enquanto a lei estiver compelida a se manter para resistir aos ataques do mal – e isso estará compelida a fazer até o fim dos tempos -, ela não pode dispensar a guerra. A vida da lei é uma batalha, - uma batalha das nações, do poder do estado, das classes e dos indivíduos. (JHERING, 1818 – 1892, p. 53)
 A busca pelo ideal democrático é um constante luta por direitos, estes que são compreendidos como um todo social, ou seja, a batalha pelas garantias democráticas é coletiva e não individual:
O interesse dessa batalha não esta confinado, de modo algum, á vida privada ou ao direito privado. Aliás, se estende muito além disso. Uma nação é, afinal, apenas a soma de todos os indivíduos que a compõem, e a nação pensa, sente e age como os indivíduos que a compõem. Se o sentido de direito legal dos indivíduos da nação é covarde, apático, se ele não encontra espaço para se desenvolver de forma livre e vigorosa, por causa dos empecilhos que leis injustas e instituições ruins colocam em seu caminho, se ela depara com perseguição onde deveria ter

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