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ASSISTENCIA VENTILATORIA EM UTI

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Página 250
Luciano Souza Muchagta
ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA EM U.T.I.
I – ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA MECÂNICA 
- Objetivos da Ventilação Mecânica
- Conclusões do II Consenso Brasileiro de VM
- Métodos de Ventilação Mecânica
- Ciclagem dos ventiladores a Pressão Positiva
- Ventilação ciclada a volume
- Ventilação ciclada a fluxo (Pressão de Suporte)
- Ventilação com Relação Inversa
- Hipercapnia Permissiva
- Indicações de Ventilação Mecânica
- Estratégia inicial de uso
- Monitorização do paciente em VM
- Complicações relacionadas a VM
II – SUPORTE VENTILATÓRIO NÃO INVASIVO
- Efeitos da Ventilação Mecânica Sobre Sistema Cárdio-Respiratório
- Aplicação na Insuficiencia Respiratória Aguda
- Aplicação na Insuficiencia Respiratória Crônica
- Contra indicações
- Complicações do SVNI
- Estratégia inicial de uso
- Falência do SVNI
III – PEEP
- Na Lesão Pulmonar Aguda
- DPOC
- Asma 
- Edema Agudo de Pulmão Cardiogênico
- Efeitos indesejáveis
- SARA
IV – DESMAME
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Página 251
 ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA MECÂNICA
Em certa época utilizada somente em procedimentos de emergência em reanimação ou em última instância no tratamento
do paciente crítico, hoje a ventilação pulmonar mecânica é um método de suporte respiratório ao paciente, podendo
ser utilizada até mesmo preventivamente (VNI) porém, não constituindo uma terapia curativa. Ventiladores de várias
gerações ainda são utilizados nas UTIs do Brasil. Desde ventiladores de 1ª geração (como o consagrado Bird Mark-
7) até os microprocessados de 3ª geração. Modalidades foram desenvolvidas, e hoje temos em nossas mãos terapias
menos agressivas ao paciente e ao mesmo tempo mais eficientes. Porém, o emprego da ventilação mecânica implica
riscos próprios, devendo sua indicação ser prudente e criteriosa, e sua aplicação cercada por cuidados específicos.
Este capítulo visa o entendimento básico da Assistência Ventilatória em UTI, baseado no II Consenso Brasileiro de
Ventilação Mecânica – Maio/2000 promovido pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e AMIB –
Associação de Medicina Intensiva Brasileira com o apoio da SBA - Sociedade Brasileira de Anestesiologia, SBP –
Sociedade Brasileira de Pediatria e SOBRAFIR – Sociedade Brasileira de Fisioterapia Respiratória e Terapia Intensiva.
OBJETIVOS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA
Objetivos Fisiológicos
A - Manter ou modificar a troca gasosa pulmonar;
1- Ventilação Alveolar (PaCO
2 
e pH);
O suporte ventilatório tem como objetivo intervir na ventilação alveolar. Em certas circunstâncias, o
objetivo pode ser aumentar a ventilação alveolar (hiperventilação para reduzir a pressão intracraniana)
ou reduzir a ventilação alveolar de maneira controlada (hipercapnia permissiva); porém, o objetivo
usualmente adotado é normalizar a ventilação alveolar.
2- Oxigenação Arterial (PaO
2
, SaO
2
 e CaO
2
);
O objetivo é atingir e manter valores aceitáveis de oxigenação arterial (PaO
2
 > 60 mmHg, SaO
2
 >
90%). A oferta de oxigênio aos tecidos (D’O
2
) deve ser considerada, corrigindo fatores como o
conteúdo arterial de oxigênio (hemoglobina) e o débito cardíaco.
B - Aumentar o volume pulmonar;
1- Insuflação pulmonar inspiratória final;
Visa prevenir ou tratar atelectasia;
2- Otimizar a Capacidade Residual Funcional (CRF);
Utilizar a PEEP em situações em que a redução na CRF pode ser prejudicial (redução da PaO
2
, maior
injúria pulmonar), como na SARA e em pós-operatório com dor;
C - Reduzir o trabalho muscular respiratório;
Objetivos Clínicos
- Reverter hipoxemia: aumentando a ventilação alveolar, aumentando o volume pulmonar, diminuindo o
consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio;
- Reverter a acidose respiratória aguda;
- Reduzir o desconforto respiratório;
- Prevenir ou reverter atelectasias;
- Reverter fadiga dos músculos respiratórios;
- Permitir sedação, anestesia ou uso de bloqueadores neuromusculares;
- Reduzir consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico;
- Reduzir pressão intracraniana;
- Estabilizar parede torácica;
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Conclusões
O II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica resume as recomendações e indicações do suporte ventilatório do
seguinte modo:
1. Importância da conceituação mais ampla de insuficiência respiratória (considerando a oxigenação tecidual) para que
o paciente seja abordado amplamente.
2. Na indicação, considerar a evolução das manifestações clínicas e da monitoração dos parâmetros fisiológicos.
3. A ventilação mecânica deve ser precoce e essencialmente baseada nas manifestações clínicas do paciente.
4. Os parâmetros considerados de maior aplicabilidade e os indicadores da falência ventilatória são PaO2, PaCO2,
P(A-a)O2 e PaO2/FIO2.
5. Indicações da ventilação mecânica
a) IRpA já estabelecida, decorrente de alterações da função pulmonar:
da mecânica ventilatória;
da troca gasosa.
b) Profilática: Conseqüente às condições clínicas que podem potencialmente levar à insuficiência respiratória.
Exemplo: pós-operatório.
c) Disfunção em outros órgãos e sistemas: Exemplo: choque, hipertensão intracraniana.
MÉTODOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA
Como métodos de ventilação mecânica devemos entender todo e qualquer método de suporte ventilatório capaz de
prover, com o menor dano e custo possível, a melhor ventilação e oxigenação capazes de suprir a demanda do
paciente.
Os métodos de suporte ventilatório mais praticados na rotina assistencial e, por isso, considerados convencionais, são os
seguintes:
- Ventilação com pressão positiva intermitente, assistida e/ou controlada, ciclada a volume ou pressão
(IPPV);
- Ventilação a pressão controlada (PCV);
- Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV);
- Ventilação com suporte pressórico (PSV);
- Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP);
- Associações: SIMV + PSV, PSV + CPAP, SIMV + CPAP.
Assim, temos como técnicas essenciais de suporte ventilatório aquelas que têm demonstrado melhorar a condução das
insuficiências respiratórias, principalmente na SARA, isto é, as técnicas de suporte ventilatório total ou parcial, com
respiradores de pressão positiva ciclados a tempo, pressão, volume ou fluxo, PEEP, CPAP, SIMV, suas associações,
PCV, VAPSV (ventilação com suporte pressórico e volume garantido).
Técnicas que ainda não se tornaram convencionais, mas tem seguidores e indicações, também devem ser consideradas
como recursos de suporte ventilatório. Entre elas estão a hipercapnia permissiva, a relação I:E invertida, a ventilação
com jatos de alta freqüência e a ventilação com liberação de pressão em vias aéreas.
CICLAGEM DOS VENTILADORES DE PRESSÃO POSITIVA
São classificados em quatro modalidades de acordo com o término da inspiração.
Ciclados a Tempo
A inspiração termina após um tempo inspiratório predeterminado. A quantidade de gás ofertada e a pressão das vias
aéreas vão variar, a cada respiração, dependendo das modificações da mecânica pulmonar. São ventiladores também
utilizados em domicílio. A ventilação a pressão controlada (PCV) é diferente neste modo, pois o fluxo desacelerado
proporciona uma pressão constante durante a inspiração, reduzindo os riscos de barotrauma. Isso possibilita aumentar
o tempo inspiratório, permitindo inverter a relação I:E.
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Ciclados a Pressão
A inspiração cessa quando é alcançada a pressão máxima predeterminada. Os volumes oferecidos variarão de acordo
com as mudanças da mecânica pulmonar. A ventilação-minuto não é garantida.
Ciclados a Volume
A inspiração termina após se completar um volume corrente predeterminado.
Ciclados a Fluxo
A inspiração termina quando determinado fluxo é alcançado. A ventilação por pressão de suporte é um exemplo.
Neste caso, uma pressão predeterminada em via aérea é aplicada ao paciente, o respirador cicla assim que o fluxo
inspiratório diminui e alcança um percentualpredeterminado de seu valor de pico (normalmente 25%).
VENTILAÇÃO CICLADA A VOLUME
Ventilação Controlada
Na ventilação controlada, o volume-minuto é completamente dependente da freqüência e do volume corrente do
respirador. Nenhum esforço respiratório do paciente irá contribuir para o volume-minuto.
Entre suas indicações estão os pacientes que não conseguem realizar esforço respiratório (traumatismo raquimedular,
depressão do SNC por drogas, bloqueio neuromuscular). A combinação de ventilação controlada e bloqueio
neuromuscular possibilita a redução do consumo de oxigênio, sendo freqüentemente empregada em pacientes com
SARA. Adicionalmente, esta combinação, especialmente quando associada à hipercapnia permissiva, é utilizada para
a redução do volutrauma em pacientes com SARA e, também, para a diminuição do barotrauma em asmáticos difíceis
de ventilar.
Ventilação Assisto-Controlada
No modo assisto-controlado, o ventilador “percebe” o esforço inspiratório do paciente e “responde” oferecendo-lhe
um volume corrente predeterminado. Esse esforço inspiratório deve ser o necessário para vencer o limiar de sensibilidade
da válvula de demanda do ventilador, desencadeando, a partir daí, a liberação do volume corrente. Assim, o paciente
“trabalha” para ciclar o respirador realizar a inspiração Na presença de auto-PEEP aumenta-se o trabalho respiratório
proporcional à quantidade de auto-PEEP presente. Um modo controlado de back-up de freqüência é necessário para
prevenir hipoventilação.
Ventilação Mandatória Intermitente (IMV, SIMV)
Na ventilação mandatória intermitente (IMV-SIMV), o grau de suporte ventilatório é determinado pela freqüência do
IMV. A intervalos regulares, o respirador libera um volume previamente determinado. Fora destes ciclos, o paciente
respira espontaneamente através do circuito do ventilador, portanto, com freqüência e volume corrente que variarão
de acordo com a necessidade e capacidade individuais. A SIMV representa a sincronização com o movimento inspiratório;
essa modificação, entretanto, cria a necessidade de uma modalidade de “disparo”, seja uma válvula de demanda ou um
mecanismo de flow-by. Ambas as situações aumentam o trabalho respiratório. São vantagens do SIMV em relação à
ventilação assisto-controlada:
- Melhor sincronismo com o ventilador;
- Menor necessidade de sedação;
- Menor tendência a alcalose respiratória;
- Menor pressão média de vias aéreas, com redução dos riscos de barotrauma e comprometimento
hemodinâmico, especialmente na vigência de PEEP;
- Manutenção da resistência muscular possibilitada pela respiração espontânea.
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VENTILAÇÃO CICLADA A FLUXO (PRESSÃO DE SUPORTE)
Modalidade ciclada a fluxo, em que, uma vez disparada pela válvula de demanda, uma pressão predeterminada é
mantida até que caia o fluxo inspiratório do paciente, habitualmente 25% do seu valor máximo. Tende a ser muito
confortável, uma vez que o paciente detém o controle sobre o ciclo respiratório. Pode ser adicionada ao suporte
ventilatório total ou parcial (SIMV), vencendo a resistência do tubo e do circuito durante a respiração espontânea.
A resistência ao tubo endotraqueal é função do diâmetro do tubo e do fluxo inspiratório. Valores superiores a 10
cmH
2
O podem ser necessários para vencer esta resistência, particularmente naqueles tubos de menor calibre (7 mm
ou inferior) ou em pacientes com DPOC. Sua aplicação possibilita o aumento do volume corrente e a redução da
freqüência respiratória.
O suporte ventilatório total exige altos valores de pressão de suporte (27 ± 5 cmH
2
O). Valores baixos aumentam o
risco de colabamento alveolar. A monitorização cuidadosa é necessária, uma vez que nem volume corrente ou minuto
são garantidos por esta modalidade. A PSV pode ser mal tolerada em pacientes com alta resistência de vias aéreas. O
seu uso em pacientes com DPOC não diminui a auto-PEEP, a qual, por aumentar o trabalho respiratório, pode
inviabilizar o uso de PSV nestes pacientes.
Assim como ocorre na ventilação A/C e SIMV, pode ocorrer assincronia durante o uso de PSV na modalidade total
de assistência ventilatória. No momento, a PSV não constitui uma modalidade adequada para a abordagem da
insuficiência respiratória aguda, entretanto, esforços têm sido feitos para contornar estes problemas, para que a PSV
possa ser utilizada em maior escala no futuro (ventilação assistida proporcional e PSV com volume garantido).
PEEP Define-se como sendo a manutenção da pressão alveolar acima da pressão atmosférica ao final da
expiração.
VENTILAÇÃO COM RELAÇÃO INVERSA
Na faixa etária pediátrica, os estudos prospectivos, randomizados e controlados não demostraram diminuição
da morbidade e da mortalidade com o uso da relação inversa.
Poderia ser utilizada nas condições caracterizadas por diminuição da complacência (SARA), com hipoxemia
refratária (SaO
2
 < 85%), apesar do uso de FIO
2
 > 0,8 e PEEP > 15 cmH
2
O.
HIPERCAPNIA PERMISSIVA
Recomenda-se hipercapnia permissiva na obstrução grave das vias aéreas inferiores (asma, bronquiolite), não-
responsivas ao modo convencional de ventilação.
Recomenda-se nas doenças pulmonares com diminuição da complacência (SARA) que necessitam de PIP > 30
a 35 cmH
2
O e FIO
2
 > 0,6.
É contra-indicada nos pacientes com risco de hipertensão intracraniana, nas arritmias cardíacas graves e na
hipertensão arterial grave.
Os níveis aceitáveis do pH sangüíneo devem situar-se acima de 7,1.
Indicações da Ventilação Mecânica
Mudança do paradigma in extremis traduzida pela morte da maioria , para situação atual, na qual o suporte
ventilatório constitui em importante e indispensável método para a recuperação do paciente grave sendo utilizado
inclusive de forma preventiva.
Parâmetros Auxiliares para Indicação de Ventilação Mecânica
 Normal Indicação de Suporte Ventilatório
Parametros Clinicos
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FR entre 12 e 20 irpm > 35
(pacientes adultos)
Capacidade Ventilatória
VC (mL/kg) 5-8 < 5
CV (mL/kg) 65-75 < 10-15
VEF1 (mL/kg) 50-60 < 10
VM (L/min) 5-6 > 10
VVM (L/min) 120-180 < 20, < 2 x CV
PiMax (cmH
2
O) (80-120) < - 20 a -30
Espaço morto (%) 25-40 >60
Gasometria Arterial
PaCO
2
 (mm Hg) 35-45 50-55
PaO
2
 (mmHg) ( FIO
2
 = 0,21) > 75 < 50
Estratégia Inicial de Uso 
A modalidade inicial da ventilação mecânica deve ser preferencialmente assitido-controlada. Os parâmetros poderão
ser ajustados inicialmente como protocolo a seguir:
FiO
2
 : 100% (Recomenda-se que no início do suporte ventilatório seja ofertado o valor máximo de
concentração de oxigênio, que posteriormente deverá ser adequado de acordo com o quadro do paciente, reduzindo
a FiO
2
 mais segura, em torno de 50% objetivando uma concentração de O
2
 suficiente para manter uma SpO
2 
> 90%.).
FR: 8 a 12irpm ( O valor estabelecido após os primeiros momentos de suporte ventilatório deverá estar de
acordo com parâmetros como a PaCO
2 
e pH desejados podendo variar e chegar a níveis de até 20 irpm. Porém deve-
se tomar cuidados para com o desenvolvimento de auto-PEEP em altas freqüências).
VC: 8 - 10ml / kg ( Valores baseados em 10ml/Kg geralmente são satisfatórios, porém variações de acordo
com determinados quadros são necessárias. Em SARA, por exemplo, não raro é necessário basearmos o volume
corrente em 5ml/Kg e em quadros de pulmões mais estáveis poderemos chegar a volumes baseados em até 12ml/Kg.
É prudente, além de calcular-se adequadamente o VC, evitando que a Pins ultrapasse 35cmH
2
O como padrão de
segurança inicial).
Fluxo inspiratório: 40-60l/min ou manter a relação I/E desejada (Nos ciclos controlados, um fluxo entre 40
e 60l/min geralmente é suficiente, podendo chegar a níveis de até 90l/min. A relação I:E adequada (normal) é de 1:1,5
a 1:2 com tempo inspiratóriode 0,8 a 1,2 s. Em pacientes obstrutivos recomenda-se uma relação I:E < 1:3. Em
quadros de hipoxemia grave podemos usar esta relação invertida. Recomenda-se 3:1).
PEEP: 5 cmH
2
O (Iniciando a ventilação com PEEP em torno de 5cmH
2
O, recomenda-se aumenta-la
progressivamente objetivando manter uma SpO
2
 satisfatória (>90%). A monitorização hemodinâmica é recomendada
após 15cmH
2
O.
Sensibilidade: 1 cmH
2
O ( O consenso recomenda valores de 0,5 a 2,0cmH
2
O. O valor estipulado aqui é um valor
médio e seguro, porém pode ser ajustado de acordo com o quadro do paciente em questão. Existem ventiladores que
oferecem variações de até 10cmH
2
0 de sensibilidade de disparo.)
A estratégia de início apresentada pode sofrer alterações de acordo com o tipo de paciente atendido e também
de acordo com os recursos diagnósticos oferecidos pelo serviço de assistência.
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MONITORIZAÇÃO DE PACIENTE SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA
A Ventilação Mecânica visa substituir a função pulmonar momentaneamente. Durante este período de substituição
torna-se necessário um acompanhamento minucioso das condições de evolução do paciente verificando se os objetivos
estão sendo alcançados. A gasometria arterial com a medida direta da PaO
2
 é o método-padrão de avaliação da
oxigenação sangüínea. Para sua melhor caracterização, o dado mais simples e rápido consiste na relação PaO
2
/ FIO
2
.
O número de gasometrias necessárias depende das condições de cada paciente e das manipulações que forem feitas
no respirador, não existindo qualquer rotina recomendada. Entretanto, opina-se que ao menos uma gasometria por dia
deva ser realizada.
A oximetria de pulso é um dos avanços mais valiosos que dispomos na atualidade para a verificação constante
da condição respiratória do paciente. Baixo custo e acesso fácil permite seu uso à beira do leito e em transportes de
pacientes.
Quando o paciente estiver sob FiO
2
 de 100% o cálculo de outros parâmetros, como P(A-a)O
2
 e fração shunt
(Q’s/Q’t), pode ser útil na avaliação, não sendo, no entanto, recomendado como rotina.
Na avaliação da ventilação alveolar, utiliza-se diretamente a PaCO
2
, obtida através da gasometria arterial,
associada aos dados de volume corrente e freqüência respiratória (volume-minuto — VE). VE1 x (PaCO
2
)1 = VE
2
 x
(PaCO
2
)2.
A capnometria acoplada à capnografia é uma técnica bastante útil, devendo ser aplicada sempre que possível,
especialmente em pacientes neurológicos ou com hipercapnia. Recomenda-se que se disponha de, ao menos, um
capnógrafo por unidade de serviço.
A obtenção dos dados de mecânica respiratória é extremamente útil; para tanto, é preciso ventilar em volume
controlado, com fluxo constante (forma de onda quadrada) e com pausa inspiratória de pelo menos dois segundos.
Assim, é possível a obtenção dos valores de complacência e resistência do sistema respiratório. Recomenda-se sua
medida em todo paciente sob ventilação mecânica, desde que não se faça indispensável a sedação adicional apenas
para este fim, no paciente estável, com perspectiva de descontinuação da ventilação. Nos casos em que a sedação
adicional for imprescindível para estas medidas, a situação clínica e a experiência dos assistentes devem determinar a
propriedade da sua realização, assim como a sua periodicidade
É recomendada a medida da auto-PEEP, principalmente nos pacientes obstrutivos (resistência de vias aéreas
elevada).
Pela quantidade de informações obtidas com a análise das curvas de Pva, VT e VI’, sugere-se que se usem
monitores gráficos acoplados aos ventiladores.
Todo paciente sob VM deve ser submetido à radiografia de tórax diariamente.
Assim, a ficha de avaliação dos pacientes submetidos à VM deve conter os seguintes dados, quando uma gasometria for
colhida, para podermos otimizar ao máximo a monitorização dos parâmetros respiratórios:
- FIO2;
- Freqüência respiratória;
- Volume corrente;
- Modo ventilatório;
- Pico de pressão inspiratória;
- Pressão de platô;
- PEEP e auto-PEEP;
- Fluxo inspiratório;
- Hemoglobina;
- Gasometria;
Complicações Relacionadas à Ventilação Mecânica
O aplicação de suporte ventilatório mecânico requer alguns cuidados. Apesar dos benefícios, o mesmo não é isento
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de complicações, as quais, podem ser altamente lesivas ao indivíduo.
A instituição de ventilação mecânica em qualquer paciente altera a mecânica pulmonar e a função respiratória, podendo,
além de afetar outros órgãos, causar grande morbidade ou mortalidade. Os profissionais devem conhecer os aspectos
anatômicos fundamentais das estruturas envolvidas, a fisiologia de tais estruturas e as alterações patológicas.
Entre as principais complicações e intercorrências, destacam-se as seguintes:
Diminuição do Débito Cardíaco
A ventilação mecânica sob pressão positiva aumenta a pressão intratorácica média e, desta forma, reduz o
retorno venoso e a pré-carga ventricular direita, principalmente com a utilização da PEEP. A distensão pulmonar,
pela ventilação mecânica, associada ou não à PEEP, também aumenta a resistência vascular pulmonar (RVP).
Ressalte-se que ambos os efeitos diminuem o débito cardíaco, principalmente em pacientes hipovolêmicos.
Alcalose Respiratória Aguda
É uma das ocorrências mais comuns. Pode prejudicar a perfusão cerebral, predispor à arritmia cardíaca, além de
ser razão freqüente para insucesso do desmame. Comumente secundária à dispnéia, dor ou agitação, a
hiperventilação alveolar também pode resultar de uma regulagem inadequada do ventilador e ser corrigida por
ajustes da freqüência respiratória, do volume corrente, de acordo com as necessidades do paciente.
Elevação da Pressão Intracraniana
A ventilação com pressão positiva na presença de pressão intracraniana (PIC) elevada pode prejudicar o fluxo
sangüíneo cerebral, principalmente quando se utilizam altos níveis de PEEP, devido à diminuição do retorno
venoso do território cerebral e o conseqüente aumento da PIC.
Meteorismo (Distensão Gástrica Maciça)
Pacientes sob ventilação mecânica, principalmente aqueles com baixa complacência pulmão-tórax, podem
desenvolver distensão gasosa gástrica e/ou intestinal. Isto, presumivelmente, ocorre quando o vazamento do
gás ao redor do tubo endotraqueal ultrapassa a resistência do esfíncter esofágico inferior. Este problema pode
ser resolvido ou aliviado pela introdução de uma sonda nasogástrica ou ajustando-se a pressão do balonete.
Pneumonia
Uma epidemia de pneumonia nosocomial acompanhou o surgimento da ventilação mecânica. Pneumonia
nosocomial define-se por aquela que ocorre após 48 horas de hospitalização. Constatou-se que esta situação
deveu-se primariamente aos nebulizadores contaminados por flora polimicrobiana, e que os bacilos Gram-
negativos eram geralmente os predominantes. O reconhecimento do problema, a implementação de rotinas de
troca e cuidados com os circuitos e nebulizadores, além da adequada desinfecção de alto nível ou esterilização
dos mesmos, diminuíram a incidência de tal complicação.
A maioria dos ventiladores atuais de UTI utiliza umidificadores que não aerossolizam bactérias, ao contrário
dos nebulizadores. Entretanto, os nebulizadores de pequeno volume, utilizados para a administração de
broncodilatadores ou outras medicações, podem ser fontes de infecção quando não são manuseados, esterilizados
ou trocados adequadamente.
O condensado que se acumula no circuito expiratório é contaminado por microrganismos das vias respiratórias
do paciente e, se não for manuseado adequadamente, pode servir como fonte de infecção nosocomial. Outra
importante fonte de disseminação infecciosa, na unidade de terapia intensiva, são as mãos dos médicos,
enfermeiras e outras pessoas da equipe de saúde; esta fonte pode ser bastante reduzida pelo hábito de lavar as mãos
e pela utilização adequada de luvas.
Podemosclassificar as pneumonias associadas a VM em :
- Precoce (< 5 dias);
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- Por germes comunitários;
- Por germes nosocomiais;
- Tardia (> 5 dias);
Critérios mínimos para diagnóstico:
- Febre;
- Secreção purulenta;
- Leucocitose ou leucopenia;
- Infiltrado pulmonar novo ou progressivo ao RX de tórax;
Métodos complementares de diagnóstico:
- RX de tórax;
- Oximetria de pulso e hemogasimetria arterial;
- Hemocultura;
- Microbiologia do aspirado traqueal;
- Liquido pleural (se existir);
Diagnóstico para exclusão de Pneumonia:
- Ausência de infiltrado pulmonar;
- Ausência de germes ou em nº insignificantes;
- Outra possibilidade diagnóstica que possa explicar a presença de infiltrado pulmonar;
- Alterações anatomopatológicas sem evidência de pneumonia;
Atelectasia
As causas de atelectasia relacionadas à ventilação mecânica estão associadas à intubação seletiva, presença de
rolhas de secreção no tubo traqueal ou nas vias aéreas e hipoventilação alveolar.
Barotrauma
As situações como pneumotórax, pneumomediastino e enfisema subcutâneo traduzem a situação de ar extra-
alveolar. A existência de pressões ou de volumes correntes muito elevados foi correlacionada ao barotrauma
nos pacientes em ventilação mecânica.
Fístula Broncopleural
O escape broncopleural persistente de ar, ou fístula broncopleural (FBP), durante a ventilação mecânica, pode
ser conseqüente à ruptura alveolar espontânea ou à laceração direta da pleura visceral. A colocação de um
sistema de sucção conectado ao dreno de tórax aumenta o gradiente de pressão através do sistema e pode
prolongar o vazamento, principalmente se o pulmão não se expandir completamente.
É desconhecida a freqüência de desenvolvimento de FBP como complicação direta da ventilação mecânica.
Um estudo demostrando a heterogeneidade do padrão de comprometimento pulmonar na síndrome da angústia
respiratória do adulto (SARA) reforça a antiga noção de que o barotrauma pode ser mais uma manifestação da
doença do que de seu tratamento, principalmente quando ocorre tardiamente na evolução da síndrome e quando
existe sepse associada.
Lesões de Pele e/ou Lábios (TOT, TNT e TQT)
II - SUPORTE VENTILATORIO NÃO INVASIVO
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Estas ulcerações ocorrem devido ao modo de fixação do tubo, ao tipo de material utilizado (esparadrapos) e à falta de
mobilização da cânula em intervalos de tempos regulares.
Lesões Traqueais
Estas lesões podem ser provocadas por fatores como a alta pressão do cuff ou o tracionamento dos TOT ou TQT.
Pressões elevadas do balonete levam à diminuição de atividade do epitélio ciliado, isquemia, necrose até fístulas
traqueais.
Efeitos da Ventilação Mecânica sobre o Sistema Cárdio-respiratório
Durante o processo ventilatório artificial ocorrem alterações na Pressão Intratorácica (PIT) que repercutem direta-
mente no coração e grandes vasos. O aumento do volume pulmonar, reflexos neurais (receptores intrapulmonares) e
liberação de substâncias neuro-humorais também influenciam no sistema cardiovascular. Dentre todas, a que nos
chama mais a atenção são as mudanças de pressão dentro da parede torácica. Sendo a melhora do transporte de
oxigênio para os tecidos o principal objetivo da Ventilação Pulmonar Mecânica (VPM), a diminuição do Débito
Cardíaco pode-se contrapor a esta tarefa.
Pressão Positiva Submetendo o pulmão à pressão positiva observa-se aumento
na PIT e mudanças no volume pulmonar acarretando alteração
significativa da resistência e capacitância vascular pulmonar.
Com grandes variações de volume pode ocorrer compressão
do coração no mediastino e, consequentemente, alterações
hemodinâmicas importantes.
Débito Cardíaco O gradiente de pressão para o retorno venoso é a diferença
entre a pressão média de enchimento e a pressão atrial direita
(PAD). Acredita-se que o principal mecanismo pelo qual a
pressão positiva reduz o DC é a diminuição deste gradiente
de pressão. O aumento da PIT ou na pressão pleural (Ppl)
irá elevar a pressão do átrio direito, reduzindo o gradiente
de pressão para o retorno venoso.
Contratilidade Aumentos da PIT irão diminuir a pressão de ejeção do VE.
O suporte ventilatório irá favorecer a oferta de oxigênio aos
tecidos, inclusive para o coração.
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Suporte ventilatório não-invasivo (SVNI) é caracterizado pela não existência de via aérea artificial (VAA) para
realizar o suporte ventilatório. A ventilação é realizada através de máscaras faciais ou nasais, ou dispositivo semelhante,
que funciona como interface paciente/ventilador, em substituição às próteses endotraqueais. Tem como principais
objetivos fornecer adequada troca gasosa e reduzir o trabalho da respiração.
A SVNI diminui a necessidade de intubação e suas complicações associadas, como infecções nosocomiais, e
em situações específicas (por exemplo, DPOC agudizado) é capaz de reduzir a mortalidade. Assim, acreditamos
que SVNI deva ser parte integrante da abordagem terapêutica inicial em pacientes com insuficiência respiratória
aguda.
Suporte ventilatório não-invasivo inclui o uso de ventilação com pressão positiva (VPP), ventilação com pressão
negativa (VPN), leito cinésico (rocking bed), cinta pneumática (Pneumobelt), marcapasso diafragmático
(diaphragm pacing), respiração glossofaríngea e métodos não-invasivos usados na terapia de higiene brônquica.
Considerando as características de abrangência deste consenso, abordaremos, exclusivamente, os tópicos
relacionados à VPP.
Aplicação na Insuficiência Respiratória Aguda
- Hipercapnia;
- Agudização da DPOC;
- Asma;
- Doenças neuromusculares;
- Alterações da caixa torácica (traumas);
- Pós-extubação;
- Agudização da fibrose cística;
- Pacientes terminais que recusam a intubação;
- Hipoxêmia;
- Edema pulmonar cardiogênico;
- Lesão pulmonar aguda;
- Insuficiência respiratória pós-operatória;
- Insuficiência respiratória pós-broncoscopia;
- Desmame;
- Retirada precoce da prótese traqueal;
- Doenças neuromusculares;
- Distúrbios respiratórios do sono;
Aplicação na Insuficiência Respiratória Crônica
- Doenças neuromusculares;
- Distúrbios respiratórios do sono;
- Alterações de caixa torácica;
- Pacientes em programa de transplante pulmonar;
- DPOC;
Contra-Indicações
- Insuficiência Respiratória absoluta;
- Instabilidade hemodinâmica e arritmias;
- Angina instável;
- Necessidade de intubação para proteger vias aéreas. Alto risco de aspiração (por exemplo, pacientes
 suscetíveis a vômitos e que apresentarem importante distensão abdominal);
- Trauma de face;
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- Pneumotórax não-tratado;
- Relativa;
- História recente de infarto do miocárdio;
- Paciente não-cooperativo;
- Pós-operatório do trato digestivo alto;
- Obesidade mórbida;
- Má adaptação a máscara;
- Necessidade de sedação;
- Necessidade de elevada FiO
2
;
- Considerar as seguintes condições:
- Fratura facial
- Limitação de movimentos nas articulações temporomandibulares
- Tubos nasogástricos;
- Pêlos faciais (barba e bigode);
- Escape aéreo;
- Inadequado pico de fluxo na tosse (< 3 L/s);
- Distúrbios da deglutição;
Complicações
- Necrose facial;
- Distensão abdominal (aerofagia);
- Aspiração do conteúdo gástrico;
- Hipoxemia transitória;
- Ressecamento nasal, oral e de conjuntiva;
- Barotrauma / Volutrauma;
Estratégia Inicial de Uso
- Escolha de um ventilador que atenda às necessidades do paciente;
- Escolha da interface adequada;
- Explicar a técnica e suas vantagens ao paciente;
- Fixar manualmente a máscara quando do início do método, mantendo o ventilador em modo assistido;
- Ajustar pressão (habitualmente < 25 cmH
2
O de Ppico) e/ou volume corrente (habitualmente 8-10
ml/kg);
- Ajuste da PEEP:
- Menor PEEP que possibilite SatO
2
 > 92% e FIO
2
 < 60% (habitualmente < 10-15 cmH
2
O);
- DPOC 85% auto-PEEP (quandonão disponível a medida da auto-PEEP usar PEEP de 5 a 8 cmH
2
O);
- PEEP mínima: 5 cmH
2
O;
- Fixar a máscara de forma confortável ao paciente, permitindo, se necessário, vazamentos que não
comprometam a eficácia do modo utilizado.
- Ajustar alarmes (pressão inspiratória mínima e máxima, PEEP mínima, mínimo volume corrente e
mínimo volume-minuto);
- Reavaliação constante na primeira hora;
- Utilizar o maior tempo possível, principalmente nas primeiras 24 horas;
Falência do SVNI
Considera-se como falência do SVNI, e portanto a necessidade de ventilação invasiva com a consequente
intubação do paciente, a presença dos seguintes parâmetros:
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- Necessidade de FIO
2
 > 60%;
- Queda do pH e/ou aumento da PaCO
2
;
- Elevação da freqüência respiratória ou persistência de FR maior ou igual a 35;
- Diminuição de consciência ou agitação ;
- Instabilidade hemodinâmica;
- Arritmias graves;
- Isquemia miocárdica;
- Distensão abdominal;
- Intolerância a máscara;
III – PEEP (Pressão Positiva ao Final da Expiração)
A pressão positiva ao final da expiração é definida como sendo a manutenção da pressão alveolar acima da
pressão atmosférica, no final da expiração. Utilizam-se valores de PEEP variados, de 5 a 30cmH
2
O e praticamente
pode ser utilizado em qualquer modalidade ventilatória. A PEEP mínima após intubação traqueal, ou PEEP
fisiológica é de 5cmH
2
O e tem a função básica de impedir o colabamento alveolar. A seguir, a relação dos
possíveis benefícios da PEEP em diferentes condições.
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SARA) e Lesão Pulmonar Aguda (LPA):
- Melhora da oxigenação.
- Diminuição da lesão pulmonar causada pelo ventilador.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
- Diminuição do trabalho ventilatório imposto pela PEEP intrínseca (Auto-PEEP).
- PEEP em torno de 85% da auto-PEEP
Edema Agudo de Pulmão Cardiogênico
- Diminuição do retorno venoso.
- Aumento da pressão intra-alveolar.
- Diminuição da pressão transmural do ventrículo esquerdo, favorecendo seu desempenho.
Efeitos Indesejáveis
- Diminuição do retorno venoso, podendo comprometer o débito cardíaco, principalmente em
situações de hipovolemia.
- Risco de hiperinsuflação em situações de ajustes inadequados da ventilação.
- Diminuição da força dos músculos inspiratórios.
Obs.: A realização destas manobras deve ser feita com cuidado, sendo contra-indicadas as situações de
hipertensão intracraniana, instabilidade hemodinâmica ou fístula broncopleural ativa.
PEEP na SARA
Métodos para a escolha da PEEP:
- obtenção de PaO
2
 > 60 mmHg com uma FIO
2
 < 0,6;
- obtenção de shunt < 15%;
- diminuição do espaço morto;
- curva pressão x volume;
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- curva PEEP x complacência;
- redução progressiva do valor da PEEP, após recrutamento máximo,avaliando-se a oximetria pulso.
O Consenso recomenda a realização curva pressão x volume (avaliando-se a pressão de abertura pela relação PEEP
x complacência).
As curvas “P x V” e “PEEP x complacência” podem ser realizadas nas fases inspiratória ou expiratória. Provavelmente
são mais fidedignas na parte expiratória, mas os dados de literatura ainda são insuficientes.
Iniciar com PEEP = 10 cmH
2
O, incrementos de 2 cmH
2
O a cada 30 minutos, baseando-se na SaO
2
 e na PaO
2
/ FIO
2
.
Periodicidade das medidas: dependente da monitorização da PaO
2
/ FIO
2.
Efeitos Hemodinâmicos da Pressão Positiva sobre o EAP Cardiogênico
Aumento da PIT
Efeitos Hemodinâmicos Efeitos Pulmonares
Diminuição do retorno Diminuição da Recruta unidades alveolares
venoso P. transmural colapsadas
 Diminui Pré-carga Diminui Pós-carga Melhora trocas Aumenta complacência
 gasosas pulmonar
 Melhora do desempenho cardíaco Diminui o W respiratório
 Diminui a carga imposta à musculatura Controle da hipoxemia
 respiratória
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IV - DESMAME
É o processo relacionado à retirada gradual do suporte ventilatório mecânico que era proporcionado ao paciente
restabelecendo a sua ventilação espontânea. O conceito de transição gradual da ventilação mecânica para a espontânea
está vinculado a técnicas ventilatórias que permitem ao paciente progressiva readaptação à ventilação espontânea em
função da redução dos ciclos de ventilação assistida do ventilador artificial (p.ex. VCV – VCV/A – SIMV – PSV – TT
– máscara facial). Recentes estudos mostraram que, na maioria dos pacientes com recuperação do evento agudo que
motivou a ventilação mecânica, o retorno gradual à ventilação espontânea é desnecessário e pode ser abreviado.
Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes criticamente enfermos e ventilados artificialmente podem ser extubados
após breve teste de duas horas de ventilação espontânea.
O protocolo de desmame deve estar programado já no início da VM. Atentar para o treinamento muscular,
principalmente diafragma, nutrição, correção da doença de base, hemodinâmica, estabilidade da relação oferta/
demanda ventilatória dentre outros parâmetros.
Os métodos mais usados de demame são: Peça em T, PSV, IMV, SIMV, CPAP e BiPAP. Segue abaixo tabelas
básicas com parâmetros preditivos de um bom desmame ou de um desmame complicado.
Critérios para dar início ao desmame
- Estabilidade hemodinâmica
- Arritmias cardíacas controladas
- Nível de consciência normalizado
- Padrão radiológico adequado
- Ausencia de distúrbios hidroeletrolíticos
- Nutrição adequada
- PO2/FiO2 > 200
- FiO2 < 40%
- FR < 28
Índices Preditivos de Sucesso no Desmame
Condições para Considerar o Desmame da Ventilação Mecânica
 Parâmetros Níveis Requeridos
1. Evento agudo que motivou a ventilação mecânica Reversibilidade ou controle do processo
2. Presença de estímulo (drive) respiratório Sim
3. Avaliação hemodinâmica Correção ou estabilização do débito cardíaco
4. Drogas vasoativas ou agentes sedativos Com doses mínimas
5. Equilíbrio ácido-básico 7,30 < pH < 7,60
6. Troca gasosa pulmonar PaO2 > 60mmHg com FIO2 ~0,40 e
 PEEP~ 5cmH2O
7. Balanço hídrico Correção de sobrecarga hídrica
8. Eletrólitos séricos (Na, K, Ca, Mg) Valores normais
9. Intervenção cirúrgica próxima Não
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Avaliação de Índices Preditivos para o Desmame
 Parâmetros Níveis Aceitáveis
 VC > 5mL/kg
 FR ~ 35ipm
 PiMax ~ - 25cmH
2
O
Na Tabela estão demonstrados os índices mais comumente utilizados em estudos de avaliação preditiva para o
desmame.
Sinais de Intolerância à Desconexão da Ventilação Mecânica
 Parâmetros Intolerância
 FR > 35 ipm
 SaO
2
 < 90%
 FC > 140bpm
 PA sistólica > 180mmHg e/ou < 90mmHg
Os índices que combinam mais de um dado fisiológico tentam englobar as interdependênciasde condições clínicas que
se associam ao aumento do trabalho respiratório relacionado à força e à endurância. A associação dos dados referentes
à complacência, FR, oxigenação e pressão (índice de CROP) trouxe a conclusão de que um ponto de corte maior ou
igual a 13 predizia sucesso no desmame.
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Referencia
Azeredo, C. A. - Técnicas para o Desmame no Ventilador Mecânico - 1a Edição - editora Manolé - São
Paulo - 2002
II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica - Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia & AMIB
-Maio/ 2000
Frownfelter, D. e Dean, E - Fisioterapia Cardiopulmonar - princípios e práticas - 3a Edição - Editora Revinter -
Rio de Janeiro - 2004
Knobel, Elias e Cols - Terapia Intensiva: Pneumologia e Fisioterapia Respiratória - 1a Edição - Editora Atheneu -
São Paulo - 2004
Net, Àlvar e Benito, Salvador - Ventilação Mecânica - 3a Edição - Editora Revinter - Rio de Janeiro - 2002
Regenga, Marisa - Fisioterapia em Cardiologia - da UTI à Reabilitação - Editora Roca - São Paulo - 2000
Scanlan, C., Wilkins,R. e Stoller, J. - Fundamentos da Terapia Respiratória de Egan - 7a Edição - Editora
Manolé - São Paulo - 2000
Stock, M. e Perel, A. - Suporte Ventilatório Mecânico - 2a Edição - Editora Manolé - São Paulo - 1999
West, John B. - Fisiopatologia Pulmonar Moderna - 4a Edição - Editora Manolé - São Paulo - 2003
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