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DOENÇAS AUTOIMUNES

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DOENÇAS AUTO-INFLAMATÓRIAS 
 São caracterizadas por episódios recorrentes de sinais e sintomas de inflamação sistêmica, crônica ou recorrente, 
geralmente sem um agente desencadeante. Ocorrem devido a mutações em genes que codificam proteínas, 
causando desregulação da imunidade inata. Por outro lado, é mínima ou inexistente a presença de autoanticorpos ou 
células T autorreativas. 
 Há doenças, porém, com alterações nas imunidades inata e adaptativa, como as proteassomopatias e o LES, 
sugerindo um possível overlap entre autoimunidade e autoinflamação. 
 As doenças autoinflamatórias diferenciam-se pela idade de início, etnia, agentes desencadeantes, duração dos 
episódios e intervalo entre os mesmos, manifestações clínicas e resposta à terapêutica. E têm em comum o risco 
aumentado para desenvolvimento de amiloidose, pois a inflamação crônica predispõe o depósito de proteína amiloide 
- proteína de fase aguda - nos tecidos, principalmente no fígado, rim e baço. 
 O termo síndrome da febre periódica não é adequado, pois muitas doenças não são verdadeiramente periódicas, 
enquanto que em outras a febre não é tão frequente. 
 
 Autoimunidade x autoinflamação 
 A resposta imune inata começa pelas barreiras físicas (epitélio, saliva) ou células fagocíticas, NK. Apresenta rápido 
início de ação e utiliza receptores padrão de reconhecimento; 
 A resposta imune adquirida é mediada por linfócitos B e T, com lento início de ação e utiliza receptores de antígeno-
anticorpos específicos. 
 
 Existem citocinas pró e anti-inflamatórias. Quando há predomínio de pró-inflamatórias, ocorre a inflamação. 
 Pró-inflamatórias: TNF a, IL1, 6, 12, 15, 18. A mais importante é a IL1. 
 Anti-inflamatórias: TGF B, IL 10. 
 
 Inflamassoma 
 Um patógeno ou molécula endógena (ácido úrico, colesterol e glicose) estimulam receptores de membrana que por 
sua vez, vão ativar o núcleo e a consequente produção IL1 e IL18 na forma inativa e quem é responsável por sua 
ativação é o inflamossoma. A IL1beta é a mais importante. 
 As ações da IL1beta são: 
 Estimulação da IL6 nas células endoteliais, que será responsável por aumentar a síntese de proteínas de 
fase aguda no hepatócito; 
 Atua diretamente no centro termorregulador do hipotálamo, provocando febre; 
 Reabsorção óssea, quebra de cartilagens... 
 
 Epidemiologia 
 As doenças auto-inflamatórias costumam se apresentar pela 1ª vez na infância. 
 
 Etiologia 
 As doenças auto-inflamatórias podem ser doenças autossômicas recessivas, dominantes, não genéticas e não 
genéticas parcialmente autoinflamatórias. 
 
 Quando suspeitar de síndromes auto-inflamatórias? 
 Crianças pequenas com febre recorrente não explicada por infecção, neoplasia ou doença 
autoimune; 
 Acometimento episódico de pele, TGI, olhos, SNC, sistema musculoesquelético e serosas; 
 Alterações persistentes de PFA, ainda que pacientes sejam assintomáticos; 
 História familiar de doenças autoinflamatórias, surdez inexplicada, insuficiência renal, amiloidose; 
“A anamnese e exame físico podem dar o diagnóstico antes de testes genéticos, pois estes são muito custosos”. 
 
 Manifestações clínicas – as doenças auto-inflamatórias podem potencialmente acometer qualquer órgão 
 Pele: rash (urticária, ictiosiforme, erisipelóide), paniculite, fasciite, lipodistrofia, pustulose/psoríase, pioderma 
gangrenoso, hidradenite supurativa; 
 Coração: pericardite, derrame pericárdico; 
 Ossos / articulações: osteomielite asséptica, osteíte, displasia óssea, artrite estéril piogênica, sinovite 
crônica/recorrente, contraturas articulares e amiloidose; 
 TGI: serosites, dor abdominal, diarreia, vômito e hepatoesplenomegalia; 
 SNC: meningite crônica, surdez neurossensorial e retardo mental; 
 Olhos: conjuntivite, ddema periorbitário, uveíte, papiledema e atrofia do nervo óptico; 
 Respiratório: dor torácica 
 
 Diagnóstico diferencial 
 Infecção - + importante; 
 Neoplasias; 
 Imunodeficiências; 
 Doenças auto-inflamatórias; 
 
 Tratamento 
 Os objetivos do tratamento são: controle dos sintomas, melhorar a qualidade de vida, prevenir complicações a longo 
prazo, sendo a principal a amiloidose. 
 AINEs 
 Corticóides 
 Agentes citotóxicos, como ciclosporina e azatioprina. 
 Colchicina 
 Agentes biológicos, como anti-TNF, anti-IL6 e anti-IL1 – 1ª linha. No brasil, o único anti-IL1 disponível é o 
canaquimumabe. Este pode ser administrado a cada 1-2 meses. Porém, geralmente não começa direto com 
anti-IL1 (apesar de praticamente todos precisarem em algum momento). Assim, pode-se começar com 
AINES. 
 
PFAPA (Periodic fever, aphtous stomatitis, pharyngitis and adenitis) 
 Febre recorrente de origem não-infecciosa mais comum na infância; 
 É uma das poucas doenças em que a febre (alta) é periódica (todo mês); 
 Etiologia desconhecida; 
 Início antes dos 5 anos e tende a desaparecer; há poucos casos na fase adulta. 
 Crescimento e desenvolvimento normais; 
 Febre alta/ calafrios por 3 a 5 dias que recorre a cada 1 a 28 dias; 
 Intervalos completamente assintomáticos; 
 Adenopatia cervical; 
PFAPA não é uma 
imunodeficiência. 
 Faringite e úlceras orais, na ausência de IVAS; 
 Cefaléia; 
 Dor abdominal/ vômitos; 
 VHS elevado e leucocitose. 
 Pode-se realizar diagnóstico diferencial com: neutropenia cíclica, malária, deficiência de mevalonato quinase, 
TRAPS, hiper IgD... 
Na neutropenia cíclica, o quadro também recorre de 21 em 21 dias, porém para diferenciá-las de basta solicitar um 
hemograma, no qual se observa leucopenia com neutropenia, enquanto que na PFAPA há neutrofilia. 
 O tratamento da crise é realizado com corticóide, enquanto que a prevenção da mesma é realizado com cimetidina, 
colchicina ou amigdalectomia. 
 
DEFICIÊNCIA DE MEVALONATO QUINASE (SÍNDROME HIPER IgD) 
 Episódios com duração de 3-7 dias e recorrem a cada 4-6 semanas. 
 Em 80% dos casos, surge no primeiro ano de vida, com relação com imunização, trauma, estresse. 
 Mais frequente do que a PFAPA; 
 Se houver < 1% de mevalonato quinase, desenvolve-se acidúria mevalônica; 
 Se houver 1 - 10% de mevalonato quinase, há deficiência da mesma. 
 
FEBRE FAMILIAR DO MEDITERRÂNEO 
 Doença auto-inflamatória mais comum, com mais da ½ dos casos se manifestando antes dos 10 anos. 
 Afeta ascendentes do leste do mediterrâneo: judeus, armênicos, turcos e árabes. 
 Herança autossômica recessiva; 
 Início antes da 3ª década de vida com episódios recorrentes de febre alta de início súbito, dor abdominal 
(peritonite estéril), erisipela (melhora sem ATB e não obrigatoriamente aparece sempre que há febre) e artrite 
de grandes articulações (geralmente monoartrites), com 1-3 dias de duração. 
 Dor abdominal é muito importante; 
 Pode apresentar derrame pericárdico ou pleural; 
 Recorrências entre 1 semana e 1 ano; 
 Menos frequente: artrite crônica, mialgia de MIS, pleurite, pericardite, orquite, erisipela like (melhora 
espontaneamente em 2-3 dias e aparece e desaparece junto com a febre, embora não estejam sempre 
juntas). 
 Agente causal muito relacionado a amiloidose; 
 Laboratorialmente, apresenta-se com leucocitose, aumento da PFA durante as crises. 
 Tratamento com Colchicina, com melhora da maioria dos casos. 
 
CAPS (SÍNDROMES PERIÓDICAS RELACIONADAS A CRIOPIRINA) 
 1 único gene leva a 3 doenças completamente diferentes 
 NOMID: neonatal onset multisystem inflammatory disease ou CINCA: chronic Infantile Neurological 
Cutaneous and Articular Syndrome – forma mais grave, causada por excesso de IL1. 
 MWS: síndrome de Muckle-Wells (início na adolescência) - intermediária 
 FCAS: famílial cole autoinflammatory síndrome - forma mais benigna, com urticária relacionada ao 
frio. 
 Febredesde o 1º dia de vida, podendo permanecer constantemente. 
 Pode abranger qualquer faixa etária;

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