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1 Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Medicina PABLO BASTOS RODRIGUES ATM 2016/2 2 PATOLOGIA Patologia é o estudo das doenças. Ela se divide em: Geral: Patologia que estuda os fenômenos básicos: Lesão Celular, Alterações Hemodinâmicas, Alterações Inflamatórias e Neoplasias. Especial: Patologia que estuda as doenças relacionadas ao determinado órgão. A patologia agrupa os seguintes conhecimentos em seu estudo: etiologia, patogenia, morfologia e quadro clínico. A etiologia é a causa da doença, e há duas classes principais: as causas genéticas (mutações herdadas e doenças associadas a variantes genéticas) e as causas adquiridas (doenças infecciosas, nutricionais, etc.). A patogenia refere-se à sequência de eventos na resposta das células ou tecidos ao agente etiológico, desde o estímulo inicial à expressão final da doença. A morfologia refere-se às alterações estruturais nas células ou tecidos que são características de uma doença ou diagnósticas de um processo etiológico. O quadro clínico é o resultado final das alterações genéticas, bioquímicas e estruturais gerando anormalidades funcionais que levam a sinais e sintomas. LESÃO CELULAR Qualquer estímulo da natureza, dependendo de sua intensidade, do tempo de ação e da constituição do organismo (capacidade de reagir) pode produzir uma lesão. As lesões celulares, em geral, resultam da interação do agente lesivo com os mecanismos de defesa (resposta do organismo). Para que ocorra uma lesão a célula passa por etapas, são elas: 1. Homeostasia 2. Adaptação 3. Lesão Reversível: Tumefação celular (falha na bomba de íons da membrana plasmática) e degeneração gordurosa (formação de vacúolos lipídicos no citoplasma) são as características para reconhecer a lesão reversível. 4. Lesão Irreversível 5. Morte Celular Ainda não se sabe ao certo a transição da lesão reversível para a lesão irreversível. Geralmente, a perda da integridade da membrana associada com a entrada de muito cálcio na célula ativa enzimas que tornam a lesão irreversível. 3 Princípios da Lesão Celular Tipo de Estímulo: Mecânicos, químicos, isquêmicos. Tipo de Célula: Por exemplo, as células mesenquimais possuem uma maior resistência a lesão isquêmica quando comparada aos neurônios. Sistemas Bioquímicos: Deficiência no suprimento de O2, queda na produção de ATP, fluxo de cálcio, rompimento da membrana celular e mau funcionamento da mitocôndria são os principais causadores de lesões celulares. Efeitos Secundários Alterações Morfológicas Os estímulos lesivos podem ser: Exógenos: Agentes físicos (trauma mecânico, radiações, corrente elétrica, variação de pressão, variação de temperatura), agentes químicos (depende da dose, da via, da absorção, do transporte, do armazenamento, da metabolização e da excreção), agentes biológicos (protozoários, fungos, vírus, bactérias) e desvios nutricionais. Endógenos: Patrimônio genético, resposta imunológica, fatores emocionais. Criptogenético ou idiopático: Causa desconhecida. Os tipos mais comuns de lesão celular são causados por isquemia ou hipóxia. Isquemia é a falta de suprimento sanguíneo, é mais grave. Hipóxia é a diminuição do fornecimento de O2 às células. Anóxia é a parada total do suprimento de O2. MORTE CELULAR Proveniente de uma lesão irreversível. No padrão de morte celular permanece por algum tempo os vestígios do acontecimento, após são dissolvidos. Durante uma morte celular ocorrem: a) Alterações Bioquímicas: Alterações das funções biológicas. b) Alterações Morfológicas: Ultraestrutural (microscopia eletrônica), microscopia óptica e macroscopia. Ex: Lesão Isquêmica do Miocárdio Lesão Reversível: 0 a 30 minutos Lesão Irreversível: 20 a 60 minutos Microscopia Eletrônica: 30 minutos Aumento de enzimas séricas: 2 horas Microscopia Óptica: 4 a 12 horas Macroscopia: 12 a 24 horas 4 Obs: No fígado são necessárias 7 horas para as alterações celulares começarem a se desenvolver. HETERÓLISE: Enzimas provenientes de outros lugares matam uma célula. Ex: Células Inflamatórias. AUTÓLISE: Morte celular por enzimas próprias do organismo. Ex: Dissociação Enzimática. NECROSE É a morte celular seguida de autólise. São alterações morfológicas de morte celular no organismo vivo. FISIOPATOGENIA: Desnaturação proteica e digestão enzimática. MORFOLOGIA: (1) alterações citoplasmáticas perdendo a basofilia (porque perde o RNA) e aumenta a eosinofilia; (2) aumento da ligação da eosina com proteínas desnaturadas; (3) alterações nucleares que podem ser: PICNOSE que é a condensação da cromatima, ficando basofílica, puntiforme e contraída, CARIÓLISE que é a ativação de DNA lises que acabam por dissolver o DNA celular, e CARIORRÉXIS que é o núcleo com restos nucleares fragmentados no citoplasma. CAUSAS: (1) Isquemias; (2) físicas; (3) químicas; (4) biológicas; (5) imunitárias; (6) genéticas e (7) deficiências nutricionais. EVOLUÇÃO DA NECROSE 1) Regeneração: Tecido morto sofre um processo de mitose, sendo, então, substituído. 2) Cicatrização: Deposição do tecido conjuntivo a fim de melhorar a área de necrose. 3) Encistamento: Quando o material necrótico não é absorvido. 4) Eliminação: Origina uma cavidade no lugar da necrose. 5) Calcificação: O local da necrose sofre uma calcificação distrófica. TIPOS DE NECROSE NECROSE DE COAGULAÇÃO Também chamada de necrose isquêmica. Citoplasma com aspecto de substância coagulada com coloração esbranquiçada. Célula com aspecto de sombra que caracteriza a região necrótica circundada por um halo vermelho, porque a hiperemia tenta compensar a isquemia. O arcabouço celular mantém-se preservado, granuloso e homogêneo. DESNUTRIÇÃO PROTEÍCA > PROTEÓLISE Ex: Infarto Agudo do Miocárdio. 5 NECROSE LIQUEFATIVA Possui consistência mole, semifluída ou liquefeita. No locar de necrose encontram-se neutrófilos e piócitos (neutrófilos degenerados). É comum quando ocorrem infecções com bactérias pirogênicas (Staphylococos e Streptococos) que recrutam muitas células inflamatórias formando uma substância purulenta (ação das enzimas lisossômicas liberados pelos leucócitos exsudados). PROTEÓLISE > DESNATURAÇÃO PROTEÍCA. Ex: Furúnculo. NECROSE CASEOSA Padrão de inflamação crônica granulomatosa com apoptose de células inflamatórias. Alguns fungos com a blastomicose também causam esse tipo de necrose. Aparência semelhante a requeijão. Macroscopicamente: material fosco, branco e seco. Microscopicamente: Granuloso, acidofílico, núcleos fragmentados. DESNATURAÇÃO PROTEÍCA = PROTEÓLISE. Ex: Tuberculose. ESTEATONECROSE É a necrose do tecido adiposo. A célula adiposa morta libera uma substância que se liga ao cálcio (essa ligação pode simular malignidade, como os microtraumas com cápsula fibrosa nas mamas). É típica de lesão pancreática. Características: Lesão em pingo de vela e contorno basofílico. Ex: Trauma do tecido adiposo, principalmente mamas. NECROSE GOMOSA Clássica da fase terciária da sífilis, e é classificada com uma variedade da necrose isquêmica. NECROSE FIBRINÓIDE Clássica de doenças autoimune que envolve os vasos sanguíneos, e que tem a desnaturação proteíca como principal fator desencadeante da morte celular. GANGRENA É uma forma de evolução da necrose resultante da ação de agente externos sobre o tecido necrosado (isquemia acompanhada de putrefação e cheiro característico). Gangrena Seca: Ocorre desidratação, mumificação. Gangrena Úmida: Ocorre por ação de bactérias piogênicas com formaçãode pus. Gangrena Gasosa: Ocorre por ação de bactérias produtoras de gás (Clostridium) com presença de bolhas ao corte. 6 APOPTOSE É a morte celular programada, é um fenômeno em que a célula é estimulada a acionar os mecanismos que culminam com a sua morte. NÃO DESENCADEIA RESPOSTA INFLAMATÓRIA. Pode ser causada por irradiação. APOPTOSE COMO PROCESSO FISIOLÓGICO Embriogênese: Órgãos involuídos durante a organogênese, como a cauda. Involução Hormônio Dependente: Como a queda da concentração hormonal pós- menopausa o que leva uma redução do ovário e endométrio. Deleção em populações celulares proliferantes: Destruição de células sanguíneas, como hemácias e glóbulos brancos. Resposta Inflamatória: Como a morte de neutrófilos após o cumprimento de seu papel. Resposta Imune: Eliminando linfócitos potencialmente nocivos antes ou depois da sua maturação. APOPTOSE COMO PROCESSO PATOLÓGICO Estímulos lesivos variados: Como a lesão ao DNA (por radiações, drogas citotóxicas anticâncer e a hipóxia) ou acúmulo de proteínas anormalmente dobradas. Vírus. Atrofia patológica. Morte celular em tumores. Quando acompanha a necrose celular. MORFOLOGIA: Primeiramente ocorre o encolhimento celular, deixando o citoplasma mais denso. Após a cromatina se condensa e é disposta em grumos acoplados à carioteca. Então, ocorre formação de corpos apoptóicos e bolhas citoplasmáticas. As células parenquimatosas circundantes (geralmente macrófagos) realizam a fagocitose ou endocitose das células em apoptose. Necrose de Coagulação (Infarto Esplênico) Necrose Liquefativa (Abscesso cerebral) Necrose Caseosa (Pulmão) 7 VIA MITOCONDRIAL: Iniciada pela perda de sinais de sobrevivência da célula, após tem extravazamento de proteínas pró-apoptóticas para o citoplasma, que culminam na ativação das caspases. REMOÇÃO DAS CÉLULAS APOPTÓTICAS: Fosfatidilserina (passa a ser expressa no folheto externo da membrana) + Corpos apoptóticos (expressam glicoproteínas adesivas) = Reconhecimento Macrofagocitário -> FAGOCITOSE CELULAR ACHADOS NECROSE APOPTOSE Tamanho Celular Aumentado (tumefação) Reduzido (retração) Núcleo Picnose, Cariorrexis, Cariólise. Fragmentação Membrana Citoplasmática Ruptura Intacta Conteúdo Celular Digestão Enzimática Intacto Inflamação Frequente Ausente Ocorrência Patológica Fisiológica ou Patológica DEGENERAÇÕES (Deposições Intracelulares) São perturbações qualitativas do metabolismo celular, em geral reversíveis, cursando com acúmulos de substâncias no núcleo, citoplasma ou interstício. São, portanto, acumulações metabólicas onde há acumulo intracelular, transitório ou permanente, de substâncias (endógenas ou exógenas) em quantidades anormais, que podem ser inócuos ou causar dano. Os processos mais frequentes nos acúmulos celulares são: (1) velocidade de seu metabolismo diminuído (produz muito e elimina pouco); (2) defeitos genéticos, enzimas que faltam ou produzem demais; (3) fagocitose de substância exógena para dentro da célula com acúmulo. Ativação das CASPASES Enzimas que degradam o DNA e destroem as proteínas do citoesqueleto. VIA MITOCONDRIAL É a via intrínseca, por enzimas liberadas pela mitocôndria. VIA RECEPTOR DE MORTE É a via extrínseca, são ativados os fatores de necrose. 8 Categorias das substâncias Componentes celulares normais: Água, proteínas, carboidratos, lipídeos. Substâncias anormais: Minerais, agentes infecciosos. Pigmentos: Bilirrubina, hemossiderina. Acúmulos de origem LIPÍDICA Tipos de acúmulos: triglicerídeos, colesterol e fosfolipídeo. Os fosfolipídeos são componentes das figuras de mielina encontradas nas células necróticas. Coloração: Sudam III (vermelho) e IV (preto) ou Red Oil, evitar processo normal de parafinização, utilizar corte por congelamento. Utiliza-se o xilol sobre a faixa de tecido e observa-se uma enorme quantidade de vacúolos vazios, que eram antes do solvente, preenchidos com lipídeos. Para comprovar que há lipídeos, se pega o tecido fresco ou fixado em formalina aquosa e faz-se congelação, corando-se depois com Sudam III ou IV, que dará uma coloração alaranjada aos vacúolos. ESTEATOSE é a deposição de gorduras neutras (triglicerídeos) no citoplasma de células que normalmente não as armazenam. Ocorre principalmente no fígado, mas podem ocorrer nos rins, coração e músculos. ESTEATOSE HEPÁTICA Deposição anormal de triglicerídeos no citoplasma de células parenquimatosas. Causas principais: toxinas (o álcool é a principal delas), anóxia ou hipóxia (provoca porque não consegue oxidar a gordura pelo pouco aporte de oxigênio), desnutrição proteíca (produção de proteínas a partir de lipídeos, com isso provoca o deslocamento da gordura periférica para o fígado), diabetes melito (realização de gliconeogênese a partir dos triglicerídeos), obesidade, anorexia, corticoterapia, infecções e congestão hepática. A doença provoca alterações quando o acumulo for insuportável, alguns casos de esteatose podem progredir para hepatite (esteatohepatite). Pode ocorrer na obesidade, diabetes, corticoterapia, nutrição parenteral, rececção intestinal. No alcoolismo, a persistência do consumo pode progredir a esteatose em 10% dos casos à fibrose hepática e mais tarde a cirrose hepática. - Síndrome de Reye: Esteatose microvesicular na gravidez, através de um defeito mitocondrial na oxidação dos lipídeos no fígado. 9 Morfologia Hepática ESTEATOSE CARDÍACA Ocorre pela redução na utilização de ácidos graxos. Pode ser difusa na difteria por infiltração lipídica em faixa. A esteatose pode ter caráter “tigróide” (em listas) nas anemias graves causando alteração de cores. E também pode ser induzida por hipóxia, no caso das anemias profundas. ESTEATOSE RENAL Coloração amarelada dos rins por acumulo de triglicerídeos em vacúolos nos túbulos proximais. Ocorre lipidúria (por hiperlipidemia, glomerulonefrites e glomerulopatias), através de captação por pinocitose nas células tubulares renais do túbulo proximal. LIPIDOSES é o acúmulo de colesterol e ésteres de colesterol em alguma região corporal. ATEROSCLEROSE Acúmulo de vacúolos lipídicos contendo ésteres de colesterol no interior de macrófagos e músculo liso na camada íntima das paredes das artérias formando as PLACAS DE ATEROMA, que pode resultar em infartos e AVC. Ainda há calcificação da artéria no local do ateroma, com o aumento da camada média. Macroscópica: Órgão aumentado de volume, untoso, pouco consistente (macio), amarelado com bordas rombas, com aproximadamente 4 Kg (fígado normal = 1,5 Kg). Microscópica: Vacúolos claros nas células parenquimatosas e que progressivamente deslocam o núcleo para a periferia. 10 XANTOMAS Acúmulo de colesterol em hipercolesterolemias dentro de macrófagos situados no conjuntivo subepitelial de pele e tendões. XANTELASMAS São xantomas na região periorbital. COLESTEROLOSE Acúmulo de colesterol dentro de macrófagos situados na lâmina própria da vesícula biliar (vesícula em morango); não é patológico e os níveis de colesterol podem estar normais. ESFINGOLIPIDOSES são armazenamentos de esfingomielina decorrente da falta de enzimas lisossomais. DOENÇA DE NIEMAN-PICK Doença de armazenamento lisossomal de esfingomielina, resultado de uma mutação na enzima de transporte e produção, e que ao se acumular no intestino, fígado, rim e músculo estriado, principalmente, causa a doença. É uma doença autossômica recessiva que causa morte geralmentena infância, mas são extremamente raras. Acúmulos de origem GLICÍDICA GLICOGENOSES são depósitos intracelulares de glicogênio que parecem vacúolos citoplasmáticos claros. São doenças genéticas e raras que matam o individuo ainda jovem. As causas principais são deficiência enzimática e diabetes melito (crise hiperglicêmica). DOENÇA DE VON GIERKE É a glicogenose mais comum, afeta os hepatócitos deixando seus citoplasmas mais claros e vacuolados. Acúmulos de origem PROTEÍCA AMILOIDOSES É uma doença resultante do processo de depósito da substância amiloide fora das células em vários grupos de doença (infiltração), sendo a mais comum na parede de vasos. O amiloide é uma junção de proteína + glicoproteína (substância P), ele é uma substância homogênea, eosinofílica, extracelular, PAS +. Corado com vermelho congo tem a biorrefringência verde na luz polarizada como patognomônico da presença de amilóide. O principio de depósito é a produção aumentada da fração proteíca, base do amilóide, combinada com o erro da proteólise local. 11 Morfologia dos depósitos amiloides a) Rim: No mesângio glomerular, vasos peritubulares. Causas: Síndrome Nefrótica, Insuficiência Renal. b) Baço: Nos folículos e arteríola centro folicular, observa-se um baço com aspecto de sagu. Causa: Esplenomegalia. c) Fígado: Nos vasos, no espaço de Disse. Causas: Hepatomegalia, Insuficiência Hepática. d) Coração: Vasos, interfibras musculares. Causas: ICC, arritmias. e) Adrenal: No córtex (inicia na camada glomerular). Causas: Síndrome de Addison, Insuficiência Cortical. f) Intestinos: Vasos, lâmina própria, intermuscular. Causas: Diarréia, Síndrome da Má Absorção. g) Pâncreas: Vasos, Ilhotas de Langerhans. h) Demais órgãos: Sempre extracelular. Classificação das amiloidoses Sistêmica a) Primária: Compromete vasos, coração, tubo digestivo, pele e nervos. Sua origem é das imunoglobulinas de cadeia leve fabricadas pelos plasmócitos. No mieloma múltiplo (plasmocitoma) em 10-15% dos casos ocorre amiloidose. Tipo de amilóide “AL”. b) Secundária: Qualquer processo inflamatório crônico ou sistêmico pode causar amiloidose. Causas: Tuberculose, doença de Crohn, sífilis, abscessos crônicos. Sua distribuição é em vasos, rins, fígado, baço, tubo digestivo e adrenal. Tipo de amilóide “AA”, amilóide associado ao soro, produzido pelo fígado. c) Hemodiálise crônica: Distribuição pelas membranas sinoviais, articulações, bainhas de tendões. Sua origem é a partir da B2-microglobulina (não filtrada, retida e formadora de amilóide). d) Familiar Localizada a) Endócrina: Nas ilhotas de Langerhans em diabéticos, com origem a partir de um peptídeo da ilhota. Pode ocorrer também no estroma de carcinoma medular de tireóide. b) Senil: Na doença de Alzheimer, através de depósito de B2-globulina em vasos e placas “senis”. A forma cardíaca é por depósito de transtiretina (da globulina transportadora), de tiroxina e retinol. c) Tumoral: Depósito de amilóide “AL” na forma de tumores, distribuição pela pele, pulmão, trato urinário, pâncreas, língua e laringe. 12 HIALINIZAÇÃO Alterações nas células ou espaço extracelular de aparência homogênea, vítrea e rósea quando corado com HE (acidófilo). Fazem parte do processo de hialinização acúmulos de proteínas intracelulares (Corpúsculo de Russel -> acúmulo em plasmócitos na inflamação, Corpúsculos de Mallory -> acumulo em hepatócitos de alcoólatras, Corpúsculos de Councilman -> acúmulo nos hepatócitos em apoptose na hepatite). Em indivíduos com proteinúria é encontrada degeneração hialina por endocitose. A hialinização arteriolar é típica de diabetes melitos. MUCINOSES Refere-se ao acúmulo de mucina citoplasmática, tratando-se de mucina epitelial (mucopolissacarídeos neutros, PAS +). Células típicas: São as células em “sinete” = “anel de grau”, possui citoplasma amplo com mucina basofílica, núcleo atípico e marginal. Causas: Hiperprodução por estímulo inflamatório sobre as mucosas mucosecretantes (brônquica, gástrica, colônica, endocervical); Produção de mucina por carcinomas mucinosas (gástrica, colônica, outras). MIXOMATÓIDES Refere-se ao acúmulo de mucina no interstício (tecido conjuntivo). Causas: Doenças reumáticas (artrite reumatoide); colagenoses (esclerodermia, lúpus); cisto sinovial; mixedema (hipotireoidismo); média “necrose” idiopática da aorta (degeneração mucóide da aorta ligada ao aneurisma dissecante); tumores no estroma (miomas, condromas, fibromas, osteomas, lipomas, mixomas). QUERATINOSES Tem sua ocorrência normal na pele, líquido amniótico (lamelas córneas em número crescente com o avanço da gravidez). HIPERCERATOSE Produção excessiva de queratina pura, com hipergranulose e com ocorrência exclusiva na pele. Causas: Calosidade, doenças congênitas (ictiose), papilomas cutâneos, algumas dermatites e dermatoses. Pode ser fisiológica (calosidades) ou patológica. PARACERATOSE Produção excessiva de queratina com restos de núcleos no seu interior; é uma queratinização imperfeita. Ex: Psoríase. 13 DISCERATOSE Produção excessiva e anômala de queratina no interior da célula; queratinização citoplasmática abortiva (eosinofílica), pérolas córneas (forma de cebola). Original: Pele, lábio, esôfago, ânus. Adquirida (por metaplasia escamosa): brônquios, colo uterino, vesícula biliar. PIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA PIGMENTO designa qualquer substância de origem, composição química e significados biológicos diversos que tem cor própria. São encontradas amplamente na natureza, nas células animais e vegetais. PIGMENTAÇÃO é o processo de formação ou acúmulo, normal ou patológico, desses pigmentos. PIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA: Pode ser o resultado de alterações bioquímicas pronunciadas, representando o acúmulo ou a redução de determinados pigmentos, sendo um dos aspectos mais marcantes em várias doenças. Acúmulos de PIGMENTOS ENDÓGENOS HEMOGLOBÍNICOS (Originados da lise do sangue) BILIRRUBINA Formada a partir da fração heme da hemoglobina, fração que contém o ferro. As causas do acúmulo de bilirrubina podem ter três vertentes: a) Pré-Hepática: Devido à alta taxa de hemólise (bilirrubinemia indireta). b) Hepática: Não consegue se conjugar. (Ocorre na cirrose e na hepatite). c) Pós-Hepática: Em doenças obstrutivas que não conseguem transformar a bilirrubina (bilirrubinemia direta). OBS: Se o paciente tiver uma hiperbilirrubinemia direta, indiretamente também terá uma hiperbilirrubinemia indireta. Sinal de Acúmulo: ICTERÍCIA, deposição de bilirrubina sob a pele, mucosas, fígado, rins, etc. O metabolismo da bilirrubina segue os seguintes passos: 14 1) Hiperbilirrubinemias indiretas em recém-nascidos podem implicar em KERNICTERUS, que é o acúmulo de bilirrubina nos núcleos da base causando deficiência motora. 2) Hiperbilirrubinemia elevada, tanto conjugada ou não conjugada, resulta em icterícia, com prurido. 3) Excesso de eliminação de bilirrubina pelo sistema canalicular biliar pode resultar em cálculos biliares (bilirrubinato de cálcio). HEMOSSIDERINA Resulta da degradação da hemoglobina, na presença de O2, e contém ferro (na forma intracelular do ferro), sendo considerado um pigmento agregado de micelas de ferritina. Portanto, HEMOSSIDEROSE é o acúmulo de hemossiderina nos tecidos podendo acontecer por (1) absorção aumentada de ferro alimentar, (2) anemias hemolíticas nas quais quantidades anormais de ferro são liberadas dos eritrócitos, (3) transfusões repetidas porque os eritrócitos transfundidos constituem uma carga exógena de ferro. A hemossiderose pode ser de doistipos: a) Local: Deposita-se no interior de macrófagos em locais de sangramento (equimoses). b) Sistêmica: Deposição difusa em quadros de anemia hemolítica e multitransfusões sanguíneas. Principais locais de acúmulo: macrófagos, fígado, baço, medula óssea, linfonodos, derme, pâncreas e rim. HEMOCROMATOSE (Tríade: Diabetes, Cirrose e coloração brônzea da pele) Doença genética rara, autossômica recessiva, com característica de ter a capacidade maior de absorver o ferro dietético. Aparece por volta dos 40/50 anos e o tratamento é com sangria periódica. Os principais locais de acúmulo são o fígado (causando fibrose -> cirrose), pâncreas (fibrose -> diabetes) e coração (arritmias). Para verificação dessa impregnação de ferro, realiza-se a coloração de Perls (ferro numa coloração azulada corada com Azul da Prússia). Hemólise LIberação do grupamento globina + heme A porção heme é então quebrada em biliverdina + Ferro A biliverdina é oxidada pela biliverdina oxidase até BILIRRUBINA NÃO CONJUGADA , que se liga à albumina No fígado a bilirrubina se combina com o ácido glucurônico e se transforma em BILIRRUBINA CONJUGADA No intestino delgado, por ação de bactérias, ela é transformada em urobilinogênio. O urobilinogênio formado tem sua maior parte absorvida no íleo terminal. A porção não absorvida de urobilinogênio da coloração a urina e fezes 15 Sintomas: Perda de cabelo, vertigem, diabetes, artrite, pele escura, cirrose hepática, cardiopatia, atrofia testicular. HEMOZOÍNA É um pigmento malárico, inerte e não tóxico. Resulta da degradação da hemoglobina pelos parasitas da malária (Plasmodium falciparum), com lise das hemácias afetadas. Esse pigmento induz a liberação de monócitos (macrófagos e pirógenos), o que pode ser a causa das crises de febre da malária. MELANINA Pigmento castanho enegrecido sintetizado pelos melanócitos (células derivadas da crista neural) e localizados sob a derme, base dos pêlos, íris, na substância negra do mesencéfalo, meninges e na mucosa intestinal. Ela tem dois tipos: EUMELANINA de coloração mais escura sendo encontrada mais frequente, e FEOMELANINA de coloração alaranjada, presente em ruivos e loiros. Plasmodium falciparum entra na hemácia Hemólise Hemozoína é liberada Os monócitos fagocitam a hemozoína, porque ela induz a quimiotaxia dessas células. Fenilalanina Tirosina •Através da enzima TIROSINASE Melanina 16 1) Hiperpigmentação de Melanina Aumento da quantidade de melanócitos por ação hormonal (principalmente estrogênio). Ex: Cloasma gravídico é reversível e acontece na região malar e buço. Neoplasma dos melanócitos. Ex: Nevos, melanomas (irreversíveis). Aumento da melanogênese por não produção hormonal da adrenal ou por aumento de ACTH (estimulador dos melanócitos) pela hipófise. Ex: Doença de Addison. 2) Hipopigmentação de Melanina Migração errátil dos melanócitos causando manchas hipopigmentadas. Diminuição da enzima tirosinase. Ex: Albinismo, eles tem melanócitos, mas não consegue produzir a melanina. Diminuição da transferência para os queratinócitos. Ex: Lesão Cicatricial. Destruição dos melanócitos. Ex: Parkinson (destruição dos melanócitos da substância negra do mesencéfalo) e Vitiligo (destruição definitiva dos melanócitos pelo sistema imune). Obs.: HALO NEVO: Ataque do sistema imune a um nevo com destruição provisória dos melanócitos da região. Pode evoluir ou involuir. ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Pigmento granular vermelho enegrecido formado pela conversão da TIROSINA em ÁCIDO HOMOGENTÍSICO, e que aparece na vigência de ocronose. OCRONOSE Doença genética rara, autossômica recessiva. Ocorrem por depósito de ácido homogentísico dando uma coloração azulada nas cartilagens, extremidades dos dedos, na pele do dorso da mão. Pode causar ALCEPTONÚRIA -> Urina baseidificada e negra por causa do acúmulo desse pigmento. Pode levar a artrites graves. LIPOFUCSINA Pigmento de desgaste ou envelhecimento das membranas celulares. Deposita-se em neurônios, miocárdio e fígado, e por si só não indica patologia. A lipofucsina é um fosfolipídeo derivado das membranas celulares que se acumulam na deficiência de antioxidantes, como na deficiência de vitamina E ou em uma atrofia celular por desnutrição. Pigmento insolúvel, pseudo-amarelado, fluorescente, PAS+, constituído por grânulos delicados intracitoplasmáticos por processos de destruição e envelhecimento celular. Cora-se com Sudam e Azul do Nilo. Sinônimos: Lipocromo, cromolípideo, ceróide. Laura Realce 17 Acúmulos de PIGMENTOS EXÓGENOS ANTRACOSE Acúmulo de carvão principalmente nos pulmões (alvéolos e linfáticos), deixando-os pétreos. Quem fuma tem no espaço subpleural acúmulo de poluentes, e esses pigmentos entram no sistema linfático e não conseguem ser eliminados. Causas: Fumo ou poluição ambiental. ARGIRIA Acúmulo de sais de prata (normal 1mg / Argiria 40mg) por terapêutica inadequada. O paciente fica com aspecto de “SMURF”, mas é parcialmente reversível. CRISÍASE Acúmulo de sais de ouro por medicamentos como os da artrite reumatoide. A pigmentação atinge as extremidades na pele, deixando em tom dourado. Não tem grande repercussão sistêmica, apenas dano estético. SATURNISMO Intoxicação por sais de chumbo, e é reversível. CAROTENODERMIA Não é uma pigmentação patológica, é caracterizada por quantidades supranormais de caroteno que se deposita na pele. CALCIFICAÇÕES É o processo de saturação tecidual com sais de carbonato de cálcio e hidroxiapatita por alteração no metabolismo do cálcio. Nosso corpo possui em torno de 1-2 kg de Ca++, sendo 90% na forma de hidroxiapatita. A absorção de cálcio ocorre no duodeno por transporte ativo com papel fundamental da vitamina D. Nas calcificações ou mineralizações patológicas os sais de cálcio são depositados em tecidos frouxos não osteóides, enrijecendo-os. Usualmente isso ocorre em áreas de necrose e degenerações, pois os sais de cálcio são tampões, portanto eles vão tentar tamponar a lesão. 18 TIPOS CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA Afeta tecidos previamente lesados, independente dos níveis séricos de cálcio e de alterações no metabolismo desse elemento. É o tipo mais focal e mais frequente, e a lesão tecidual é necessária, que com o tempo forma osso heterotópico. Os sítios mais usuais desse tipo de calcificação são: Tecido conjuntivo hialinizado de lesões antigas (cicatrizações); Paredes de vasos, como na aterosclerose; Tendões; Válvulas cardíacas envelhecidas ou danificadas; Tumores, como nos leiomiomas uterinos, meningiomas, câncer de mama, câncer papilar de tireóide, câncer de ovário. Infartos antigos; Ao redor de parasitas, como na cisticercose cerebral; Na necrose enzimática, principalmente do pâncreas; Trombos venosos crônicos; Órgãos tubulares; Tecidos necrosados. Obs: O cálcio tende a induzir crise epiléptica por conduzir corrente elétrica. CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA Afeta os tecidos por precipitação resultante da hipercalcemia, sendo o tecido conjuntivo o mais frequente. É uma calcificação generalizada e menos frequente, mas acometem principalmente tecidos intersticiais da mucosa gástrica, rins, pulmões artérias sistêmicas e veias pulmonares. Chama-se CALCINOSE a calcificação metastática extensa. PATOGENIA DA CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA 1 - Absorção aumentada de cálcio no tubo disgestivo por excesso de vitamina D.2 - Mobilização do aumento de cálcio nos ossos por uma imolização prolongada. 3 - Osteólise, como ocorre no mieloma e nas metástases ósseas. 4 - Hiperparatireoidismo primário, que com o aumento desse hormônio, o cálcio é liberado dos ossos para o sangue em maior quantidade. 5 - Insuficiência Renal Crônica, porque retém fostato, com isso aumenta a ação do paratormônio (hiperpatireoidismo secundário) que coloca mais cálcio no sangue. 6 - Aumento da ingesta de cálcio. 19 Obs: O ASPECTO DO DEPÓSITO DE CÁLCIO É SIMILAR NAS DUAS FORMAS DE CALCIFICAÇÃO. HEMORRAGIA É a saída de sangue do espaço vascular para o compartimento extravascular (cavidades ou interstício) ou para fora do organismo. Sempre que as hemácias chegam ao interstício causam irritação aos tecidos promovendo uma resposta inflamatória. CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA Hemorragia Externa: Saída de sangue para o meio externo, independente de este ser visualizado ou não. Hemorragia Interna: Sangramento para órgãos ou cavidades fechadas. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA HEMORRAGIA POR REXE (Ruptura): Sangramento consecutivo à ruptura da parede vascular ou do coração que pode ser identificado. Causas: Traumatismos, enfraquecimento da parede vascular. Fisiopatogenia: (1) Por lesão do próprio vaso como nas vasculites; (2) por lesão de estruturas adjacentes como na tuberculose, úlcera péptica e neoplasias malignas, e (3) por aumento da pressão sanguínea como na hipertensão arterial. HEMORRAGIA POR DIAPEDESE: Sangramento sem ou com diminuta solução de continuidade vascular resultante da diapedese das hemácias entre as células endoteliais (microlesões, afastamento do endotélio). Causas: Anóxia (aumento da concentração de CO2 que é um vasodilatador), embolia gordurosa (os êmbolos de gordura consomem os agregantes do sangue, com isso as hemácias conseguem sair do vaso), septicemia por meningococos, alergia à drogas. Evolução: Hemácias extravasadas -> Lise ou fagocitose (20 dias) -> Hemoglobina -> Biliverdina -> Bilirrubina -> Hemossiderina = Estas modificações contemplam o Espectro Equimótico de Grand Du Sale. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA PETÉQUIA: Hemorragia intersticial puntiforme infiltrada entre os tecidos, com até 2 mm no maior eixo, é vista por transparência da pele, da mucosa ou da serosa. São provocadas por diapedese. Estão associadas à aumento da pressão intravascular, plaquetopenia (trombocitopenia) ou defeitos nas funções plaquetárias. 20 PÚRPURA: Hemorragia intersticial infiltrada entre os tecidos maior que a petéquia (de 2 mm à 2 cm), é um conjunto de várias lesões petequiais. Pode ocorrer pelas mesmas causas que a petéquia, e ainda podem ser secundárias como em traumas, vasculite e aumento da fragilidade vascular (amiloidose). EQUIMOSES: Hemorragia intersticial infiltrada entre os tecidos maior que 2 cm, a qual pode passar por diferentes fases (colorações -> Espectro Equimótico). (1) Vibices: equimoses longitudinais; (2) Sugilação: equimoses em forma pontilhada; (3) Sufusão: equimoses em mucosa. HEMATOMA: Acúmulo de sangue em uma cavidade, o sangue acaba por exercer uma pressão suficiente para afastar os tecidos e formar uma cavidade. SÍNDROME DE WATERHOUSE-FREDERIHKSEN É caracterizado por uma hemorragia de diapedese por sepse de meningococos, o que faz o consumo dos elementos de coagulação sanguínea. Observam-se púrpuras tegumentares e hemorragia de suprarrenais. Obs: Hemorragia Intracavitária = hemotórax, hemopericárdio, hemoperitônio, hemartrose (em articulações). Obs: Hiposfagma = Hemorragia subconjuntival. Obs: Pacientes com hemorragia excessiva podem desenvolver icterícia pela destruição intensa das hemácias e da hemoglobina. COMPLICAÇÕES DA HEMORRAGIA 1. Choque hipovolêmico quando abaixo de 20% do volume total de sangue. 2. Anemia ferropriva quando ocorre sangramento crônico repetitivo. 3. Asfixia por um sangramento pulmonar intra-alveolar. 4. Tamponamento cardíaco por uma quantidade exagerada de fluído dentro da cavidade pericárdico, com isso o coração não consegue realizar a diástole (porque não consegue se expandir), entra em choque cardiogênico e possível morte. 5. Hemorragia intracraniana causando um choque neurogênico. DIÁTESE HEMORRÁGICA É um sangramento desproporcional à causa, é um grupo de doenças que geram hemorragias. Causas: a) Por alterações vasculares: o Doença de Osler: Telangectasia hereditária hemorrágica -> mecanismos de telangectasias múltiplas, manifestações de epixtase, sangramento por rexe na pele e mucosas (principalmente gengiva). 21 o Escorbuto: O mecanismo é um defeito na membrana basal dos vasos, com manifestações de petéquias e/ou sangramento por rexe. o Púrpura Senil: O mecanismo é um defeito na síntese do colágeno e elastina em idosos. Geram manifestações purpúricas e equimóticas. b) Por alterações plaquetárias: o Aplasia de Medula Óssea: Ocorre hemorragia por redução da produção de plaquetas, e manifesta-se por petéquias, epixtase, sangramento gengival e menorragia. o Choque: Ocorre hemorragia por consumo de plaquetas nos microtrombos. Manifestações: Petéquias, epixtase, sangramento gengival e menorragia. c) Por alterações dos fatores de coagulação: o Hemofilia A: Ocorre hemorragia por diminuição da atividade do fator VIII da cascata de coagulação. Aparecem equimoses, hematomas espontâneos em tecidos moles e articulações. o Doença de Von Willebrand: Ocorre hemorragia por diminuição do fator Von Willebrand e da atividade do fator VIII. Manifesta-se com epixtase. o Hipoavitaminose K: Ocorre hemorragia por redução da síntese dos fatores II, VII, IX e X, e também se manifesta com a epixtase. CHOQUE É a hipoperfusão sistêmica secundária a redução do volume sanguíneo ou do débito cardíaco, resultando em hipotensão, hipoperfusão de células e tecidos e hipóxia celular. É OBRIGADO OCORRER HIPOTENSÃO (PA < 100/60 mmHg ou PAM < 800mmHg). TIPOS DE CHOQUE 1. CARDIOGÊNICO Mecanismo: Falha da bomba miocárdica por motivo “intrínseco” (infarto), compressão extrínseca (tamponamento cardíaco) ou por obstrução do fluxo (embolia pulmonar), com perda pequena e brusca de sangue na circulação sanguínea. Causas: IAM (infarto tem que ser extenso), ruptura cardíaca, arritmias (fibrilação ventricular), tamponamento cardíaco (acumulo rápido de sangue no pericárdio impedindo a diástole) e embolia pulmonar. 22 2. HIPOVOLÊMICO Mecanismo: Volume inadequado de sangue ou plasma, geralmente com perda acentuada do volume sanguíneo total. Causas: Hemorragias severas e desidratação (vômitos, diarréia, queimaduras). 3. SÉPTICO Mecanismo: Proliferação de germes na corrente sanguínea as quais formam microêmbolos. Ocorre vasodilatação periférica e coagulação intravascular disseminada com ativação das cascatas de citocinas e da lesão endotelial, e inicialmente a pele não apresenta palidez e sudorese pegajosa. Patogenia: Vários fatores contribuem para o choque séptico, são eles: (1) mediadores inflamatórios; (2) ativação de células endoteliais e lesão; (3) anormalidades metabólicas; (4) supressão imune e (5) disfunção do órgão. Causas: Infecções bacterianas disseminadas (septicemia). 4. NEUROGÊNICO Mecanismo: Vasodilatação periférica por perda do tônus muscular. Causas: TCE, aumento da pressão intracraniana, anestesia geral, lesão de medula espinhal. Obs: O CHOQUE ANAFILÁTICO significa uma vasodilatação sistêmica e um aumento da permeabilidade vascular causados por uma reação de hipersensibilidade mediada por IgE. ESTÁGIOS DO CHOQUE1º PRECOCE: Estágio compensado, o organismo através do sistema nervoso central tenta conter a hipotensão já instalada. Características: Descarga do sistema simpático, queda da pressão arterial, pulsação forte, palidez, diminuição da temperatura da pele, sede e sudorese pegajosa. 2º PROGRESSIVO: Estágio descompensado, os mecanismos do estágio 1 já não conseguem realizar mais suas funções. É a fase crítica pois ainda há chance de reversão de quadro. Características: hipoperfusão tecidual, agravamento circulatório e desequilíbrio metabólico (acidose). 3º IRREVERSÍVEL: Estágio final, com lesões teciduais francas que acabam em necrose. 23 REAÇÃO DO CHOQUE NOS ÓRGÃOS INTESTINO: Necroses da mucosa, podendo atingir a muscular (enterocolopatia hemorrágica por hipoperfusão esplâncnica). O local mais comum de acontecer é no cólon esquerdo e ângulo esplênico – cólon transverso com o cólon esquerdo – pois é a área de suprimento vascular pobre (encontro de vasos: artéria cólica esquerda e artéria cólica média). RINS: Pode resultar em necrose tubular aguda. É dividido em duas fases: (1) fase de oligúria por causa da necrose e provavelmente terá edema junto; e (2) fase diurética por causa da regeneração do epitélio tubular, recuperando-se do choque. Obs: o rim possui um baixo hematócrito, por isso sente qualquer alteração na pressão sanguínea sistêmica. FÍGADO: Pode ter áreas “geográficas” de necrose isquêmica, porém é difícil de acontecer por causa da circulação dupla. O sítio mais afetado é a região pericentrolobular, onde a concentração de oxigênio é mais baixa, portanto, mais afastados do suprimento arterial. ADRENAIS: Ocorre por esgotamento lipídico (depleção) e necrose cortical. Problemas: Doença de Addison e hiperpigmentação. HIPÓFISE: Necrose isquêmica da adenohipófise. Consequência: Insuficiência Hipofisiária (Síndrome de Sheehan). PULMÕES: É mais resistente a isquemia por causa da circulação dupla. Um choque pode causar a Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto com membranas hialinas e edema septal/alveolar. CORAÇÃO: Causada por hemorragias subendocárdicas, subepicárdicas (os miócitos subendocárdicos são os primeiros a sentir a hipotensão). Podem ocorrer também necroses focais de fibras como na endocardite verrucosa. CÉREBRO: É a lesão mais rápida de se instalar. Causa encefalopatia isquêmica por causa da hipóxia. EDEMA É o acúmulo de líquido no interstício ou nas cavidades celômicas. Cerca de 60% do peso corporal é água, destes 2/3 pertence ao LIC e 1/3 ao LEC. Apenas 5% da água total do organismo encontram-se no plasma sanguíneo. O edema ocorre por alterações nas pressões e/ou na integridade da célula endotelial. 24 Obs: Edemas localizados: Hidrotórax (Derrame Pleural), Hidroperitônio (Ascite) e Hidropericárdio (Derrame Pericárdico); Edema Generalizado = Anasarca. EXSUDATO: Saída de grandes moléculas, densidade alta (rico em proteínas). Ocorre em processos inflamatórios por alteração da permeabilidade vascular. PUS é um exsudato rico em células necróticas, piócitos, etc. TRANSUDATO: Ultrafiltrado do plasma, de densidade baixa (pobre em proteínas). Originado do aumenta da pressão hidrostática do vaso. Para ser transudato é necessária uma barreira endotelial íntegra. Geralmente é gerado pelo aumento da pressão hidrostática ou por redução das proteínas plasmáticas. MORFOLOGIA Ocorre aumento do tamanho, peso, aumento do volume, palidez ou vermelhidão. Pode ser ou não depressível (formação de cacifo). Subcutâneo: Pode ser difuso ou concentrado. Compressão sobre uma superfície óssea com difusão do líquido para áreas vizinhas e formação do cacifo. O edema subcutâneo sinaliza doenças mais graves como cardíacas ou renais. Pulmonar: O edema pulmonar impede a difusão de oxigênio e facilita a infecção bacteriana. Ocorre edema na ICE, SARA, infecções ou reações de hipersensibilidade. Cerebral: Pode ser localizado ou generalizado dependendo da natureza e da extensão da lesão. Ocorre edema em abscessos, neoplasias, encefalite, crises hipertensivas ou obstrução do fluxo venoso. FISIOPATOLOGIA Aumento da pressão hidrostática. Diminuição da pressão das proteínas plasmáticas (oncótica). Através de obstrução linfática ou diminuição do número de linfáticos. Retenção de sódio. Reação inflamatória por alteração da permeabilidade capilar e por deixar passar mais líquido para o interstício. EDEMA POR AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA 1. Vazamento maior de líquido em decorrência do aumento da pressão no vaso e na parede vascular. 2. Em gestantes porque o retorno venoso é diminuído. O sangue venoso estagnado no sistema venoso faz aumentar a pressão no lado arteriolar, o que aumenta a PH causando o edema localizado (membros inferiores, principalmente). 3. Nas veias varicosas ocorre por aumento do volume de sangue nos membros inferiores. Geralmente tem congestão, aumento da pressão hidrostática, aumenta da pressão interna do vaso favorecendo o edema. 25 4. Na insuficiência cardíaca, o coração não mantém o débito cardíaco, o sangue fica acumulado no sistema venoso, ocorrendo extravasamento de sangue devido o aumento da pressão. 5. No edema pulmonar aumenta a distância da parede do vaso e do alvéolo, dificultando as trocas gasosas, o sangue se desloca para o alvéolo ou para o septo alveolar. A árvore respiratória fica, portanto, ocupada por líquido, o pulmão se torna bolhoso e os alvéolos ficam encharcados de líquido de edema. 6. Por obstrução do retorno venoso, devido a formação de trombos, compressão extrínseca (neoplasias, torniquetes), imobilização (falta da bomba muscular de retorno) e gravidade (pela posição ortostática). EDEMA POR DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA 1. Diminuição da albumina e outras proteínas dos vasos (edema sistêmico). 2. Na glomerulonefrite (síndrome nefrótica) ocorre proteinúria, o que faz diminuir a concentração plasmática proteíca. 3. Na cirrose ou na desnutrição proteíca por causa da diminuição da síntese proteíca. 4. Nas doenças gastrointestinais por absorção inadequada fazendo uma alta perda de proteínas. 5. Acontecem edemas localizados em regiões mais frouxas como a periorbital (edema característica de uma doença renal grave). EDEMA POR RETENÇÃO DE SÓDIO 1. Excessiva ingestão de sal em pacientes com insuficiência renal. 2. Aumento da reabsorção tubular devido à hipoperfusão renal (ICC) e/ou aumento da secreção de renina-angiotensina-aldosterona (que aumenta a retenção de sódio e consequentemente água, e com isso provoca o aumento da pressão hidrostática -> expansão do LEC). EDEMA POR OBSTRUÇÃO LINFÁTICA 1. Por diminuição ou ausência de linfáticos, como em retirada de linfáticos no câncer de mama e em doenças inflamatórias do sistema linfático. 2. Fibrose linfática por radioterapia. 3. Filaríose. 4. Neoplasias em linfonodos. 5. O edema causado por obstrução linfática chama-se LINFEDEMA. EDEMA POR AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR 1. Característico da reação inflamatória. 26 CONGESTÃO É o aumento do volume de sangue em determinado órgão ou tecido. A congestão também pode ser chamada de hiperemia passiva por acontecer através de um processo passivo que decorre de uma diminuição do retorno venoso acumulando sangue pobre em O2, o local fica com coloração vermelho-azulada (cianótica), fria e edemaciada. CURSA COM EDEMA por aumento da pressão hidrostática. A congestão pode ser aguda (fígado, pulmão, órgão aumentado de tamanho) e crônica. Causas: Força da gravidade, trombose de veia, embolia de veia, garrote (compressão de umvaso). Consequências: Edema, infarto, trombose, embolia, hemorragia por diapedese. CONGESTÃO CRÔNICA CONGESTÃO PULMONAR: Hemácias deixam o vaso e vão para o interstício desencadeando o processo inflamatório. Os macrófagos tentam eliminar a inflamação e formam hemossiderina (e passam a ser chamados de células da insuficiência cardíaca) que entra no alvéolo. A hemossiderina no septo alveolar gera na célula uma formação de bolhas (líquidos nos alvéolos). CONGESTÃO HEPÁTICA: Ocorre na região central do lóbulo por uma veia centro lobular congesta, as células vão sofrer isquemia, atrofia e necrose com tonalidade escura no centro do lóbulo, além de uma área depressiva (processo ocorre na região da veia centro lobular). Na área periférica fica com tonalidade amarelada, com degeneração gordurosa. Fígado em aspecto de noz-moscada. HIPEREMIA É o processo decorrente de uma vasodilatação secundária e abertura de novos vasos. É um processo ativo que ocorre em território arterial. A coloração é mais viva (pois o sangue é rico em oxigênio), libera substâncias ativas que causam a vasodilatação. Têm maior aporte de sangue, vermelhidão (eritema), calor e rubor. Pode ocorrer edema. Causas: Inflamação, reflexos neurogênicos. Consequências: Aumenta o metabolismo, podendo levar a diversos processos progressivos como hiperplasias, hipertrofias, metaplasias. 27 ISQUEMIA Sofrimento celular à custa de hipóxia causada por insuficiência circulatória, onde os sinais e sintomas decorrem de um desequilíbrio onde a oferta de oxigênio é menor que a sua demanda. A isquemia altera todo o funcionamento da célula. FISIOPATOGENIA INFARTO E INFARTAMENTO INFARTO é uma área localizada de NECROSE ISQUÊMICA em um órgão ou tecido, resultante da interrupção de seu suprimento arterial ou drenagem venosa insuficiente. O infarto pode ser causado por oclusão arterial ou oclusão venosa. A oclusão vascular é normalmente causada por trombose e/ou embolia (corpo estranho em movimento), contudo, nem sempre estes fenômenos produzirão necrose isquêmica. O infarto leva oito horas para ser visível macroscopicamente, o que muitas vezes já causou a morte do individuo, e ainda a cicatriz do infarto retrai, o que nos diz que a área afetada é maior que a cicatriz. Diminuição de O2 (Oxidação da membrana celular, oxidação de proteínas plasmáticas, podendo levar a morte) Glicólise aeróbica acaba e passa a ser realizada a glicólise anaeróbica Acúmulo de ácido lático e outros catabólitos (espécies reativas do metabolismo do O2, íons ferro, lesões oxidativas, estresses oxidativos) que irão induzir a dor e o desequilíbrio celular Queda na produção de ATP DANO CELULAR (Perioxidação lipídica das membranas; modificação oxidativa das proteínas e lesão do DNA). 28 TIPOS DE INFARTO a) Quanto à coloração: INFARTO BRANCO (OU ANÊMICO): É encontrado na oclusão arterial de tecidos sólidos. Em áreas de vascularização terminal, a isquemia provoca a destruição do parênquima e dos capilares, porém quando o tecido é sólido há mínima fluência de sangue para a área destruída, resultando no aspecto pálido (com orla hiperêmica) desta lesão. Ex: Órgãos com vascularização dicotômica -> Rim, baço, fígado, coração. INFARTO VERMELHO (OU HEMORRÁGICO): Característico das oclusões venosas, dos tecidos frouxos ou de dupla circulação. O pulmão é particularmente sujeito a este infarto por ter tecido frouxo e possuir dupla circulação, resultando em área infartada congesta de sangue. Ex: Pulmão, que é vascularizado pela artéria pulmonar e artéria brônquica que quando uma entope a outra continua mandando sangue para o local; e no intestino delgado. INFARTAMENTO (OU INFARTO VENOSO): Ocorre quando há oclusão total da drenagem venosa, resultando na seguinte sequência de eventos: Edema grave -> Congestão -> Hemorragia -> Pressão Tissular -> Obstrução Vascular - > INFARTO. Observa-se que os infartos venosos são sempre do tipo hemorrágico e mais lento que o arterial. Ex: Estrangulamento e torção de pedículo vascular (no testículo e no ovário por terem apenas uma veia eferente). b) Quanto ao aspecto: INFARTOS SÉPTICOS OU ASSÉPTICOS: Baseia-se na presença ou ausência de infecção na área de necrose, sendo que nos infartos sépticos há presença de lesão bacteriana secundária no tecido necrosado. Os infartos sépticos ocorrem quando se originam de isquemia por trombo micótico (êmbolo infectado) ou quando a infecção atinge a área necrótica por outras vias (sepse ou contiguidade). A infecção bacteriana secundária converte a necrose para a forma liquefativa ou para gangrena úmida (infarto isquêmico com bactéria patogênica piorando o quadro). c) Quando a densidade: A consistência do infarto depende da constituição do tecido infartado, e eles podem ser INFARTO SÓLIDO ou INFARTO LIQUEFEITO (coagulação do tecido). Os infartos liquefeitos ocorrem quando a parte interna do infarto é absorvida, o que forma um “buraco” dando aspecto liquefeito, isso ocorre no tecido cerebral. 29 MORFOLOGIA DO INFARTO Tendem a ter formato de cunha (triangular) com ápice voltado para a zona de oclusão vascular (vascularização término-terminal). Esta morfologia resulta da divisão dicotômica dos vasos nos órgãos. No cérebro e no miocárdio a forma do infarto é irregular, visto que há presença de complexa vascularização colateral. Os infartos agudos são mal definidos e levemente hemorrágicos. O rim é o órgão mais clássico do formato em cunha, a área da base fica “colada” a cápsula, assim como a causa do infarto normalmente está no ápice. EVOLUÇÃO DO INFARTO Obs: No encéfalo na área cistificada (vácuo) ocorre a gliose por astrócitos (gliose é o processo de organização de astrócitos ao redor do vácuo), em aproximadamente três meses fica uma cavidade oca no cérebro ainda com estas células na parede da cavidade. No sistema nervoso central não ocorre multiplicação, logo não ocorre cicatrização, com isso o tecido fica amolecido. A tendência do infarto é a cicatrização, resultante da resposta de morte celular, já a calcificação é resultante da cicatrização. Se houver infecção na área infartada provavelmente terá área com amolecimento. FATORES CONDICIONANTES DO GRAU DA LESÃO VASCULAR Estado geral do sangue e sistema cardiovascular. Ex: Anemia, hipóxia, choque. Padrão anatômico do suprimento arterial. Ex: Suprimento vascular único, duplo ou triplo (por exemplo, o infarto é pior no rim do que no pulmão). Velocidade de desenvolvimento da oclusão. Ex: Quanto mais lento for a oclusão melhor, porque se formam anastomoses no local (angiogênese). Vulnerabilidade do tecido à isquemia. Ex: O cérebro (porque não tem reserva de glicogênio) e o rim são mais suscetíveis, os ossos são mais resistentes. Idade. Ex: Infartos em idosos são menos letais por causa da vascularização anastomótica do decorrer da vida. INFARTO Área vísivel macroscopicamente Margem hiperêmica Heterólise Reparação fibroblástica Cicatrização (organização) 30 ADAPTAÇÕES CELULARES (Alterações do Crescimento) É um dos mecanismos de homeostasia que são mediados por alterações que influenciam a nossa adaptação normal ou patológica. São modificações tróficas das células, um fino ajuste para se preservar viva. CICLO CELULAR o Células Lábeis o Células Troncos o Células de Reserva: São células tronco unipotentes. Quando estas células entram em mitose elas dão origem a uma célula de reserva e uma célula especializada. Esse processomitótico é estimulado por fatores de crescimento: ciclinas e CDK4. TIPOS DE ADAPTAÇÕES CELULARES 1. De VOLUME: Ocorre com o aumento do tamanho celular. Ex: Hipertrofia e Hipotrofia (Atrofia). 2. De TAXA DE DIVISÃO: Ocorre com o aumento da divisão mitótico, que culmina com o aumento do número de células. Ex: Hiperplasia e Hipoplasia (a hipoplasia sempre ocorre por problemas embriogênicos ou por problemas de morte celular, morte > divisão mitótica). 3. De DIFERENCIAÇÃO: Quando as células em divisão se diferenciam em outras células, entretanto são células da mesma linhagem embriológica. Ex: Metaplasia. 4. De PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO: Quando ocorre um aumento do número de células, além de uma disfunção das mesmas. Ex: Displasia (É sempre patológico). TERMOS IMPORTANTES a) PLASIA: Sufixo de multiplicação celular. b) AGENESIA: O tecido ou órgão não se desenvolveu. c) ATRESIA: É uma agenesia em órgãos tubulares. d) DISTROFIA: É uma desorganização tecidual, que resulta de processos degenerativos. e) ECTOPIAS OU HETEROTOPIA: Tecido normal em outra topografia do organismo. f) HEMARTIAS (HEMARTOMAS): Tecidos que focalmente se desenvolvem, mas não apresentam formato organizado. g) CORISTIAS (CORISTOMAS): Presença de um tecido onde não deveria estar, porém pertence ao mesmo órgão. 31 ATROFIA É uma redução volumétrica adquirida de um órgão ou tecido à custa da redução do volume celular. Não retrai por ausência de células. Diferencia-se da hipoplasia, pois esta o órgão menor nunca cresceu, nunca se desenvolveu mais. A atrofia pode ter causas patológicas ou fisiológicas (envelhecimento, retração do útero após o parto). CAUSAS DA ATROFIA 1. Diminuição da carga de trabalho (Atrofia de Desuso) Ex: Membro gessado ou com tala: Atrofia Muscular, pois diminui o gasto energético, diminui o número de proteínas, RER e mitocôndrias na musculatura lisa. Ex: Idosos: Ocorre atrofia testicular por diminuição da espermatogênese, e atrofia cerebral verificado pelo aumento do ventrículo lateral e espaçamento dos sulcos do crânio. 2. Perda da inervação (Atrofia por Desnervação) Ex: Na poliomielite: Falta de tônus, que gera atrofia muscular e lipomatose (tecido adiposo se deposita nos espaços formados pela atrofia). Ex: Na neuropatia diabética e vasculopatia diabética: Atrofia muscular + lipomatose pélvica e de membros inferiores. 3. Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia) Ex: Aterosclerose da Carótida: Atrofia cerebral. Ex: Aterosclerose de Art. Renais: Atrofia Renal. 4. Nutrição Inadequada Ex: Menor oferta alimentar: Atrofiam-se por inanição (falta de substrato proteíco- calórico profundo = MARASMO), primeiramente o tecido adiposo, seguido pelo tecido muscular, tecido linfóide, pele, tecido glandular, tecido ósseo, tecido pulmonar, tecido cardíaco e tecido cerebral -> CAQUEXIA. 5. Perda da estimulação endócrina. Ex: Hipofisiária (central): Atrofia de órgãos alvo (tireóide, adrenais, gônadas), como na Doença de Sheehan. Ex: Ovariana: Após a menopausa ocorre diminuição da liberação de estrogênios, com isso culmina em atrofia de mamas, útero e genitália externa. 6. Envelhecimento Ex: Atrofia Senil: Por redução volumétrica orgânica e sanguínea, no cérebro, ossos, coração e mucosas. Ex: Atrofia Parda: Acúmulo do pigmento lipofucsina atingindo principalmente coração e fígado. 32 7. Compressão mecânica ou vascular sobre um tecido ou órgão. Ex: Hidrocefalia: Atrofia cerebral pelo aumento da pressão intracraniana. Ex: Cálculos na vesícula: Atrofia da parede da vesícula biliar. Ex: Fecaloma no cólon: Atrofia a parede do cólon por dilatação causada pelo fecaloma. Ex: Pé de Gueixa: Atrofia do pé por compressão mecânica, através do uso dos mini sapatos. A atrofia resulta da diminuição da síntese proteíca e do aumento da degradação das proteínas das células, principalmente pela via ubiquitina-proteossoma. A síntese diminui pela atividade metabólica celular estar reduzida. Em muitos casos, a atrofia também é acompanhada por autofagia, com aumento do número de vacúolos autofágicos. HIPERTROFIA Aumento do volume de um tecido ou órgão à custa do aumento do volume celular, e não do aumento do número de células. Para que isso ocorra é necessário um aumento do suprimento sanguíneo, de saturação de oxigênio e do nível de glicose, ou também pelo aumento da estimulação de hormônios e fatores de crescimento. As células hipertróficas sintetizam mais proteínas e o número de miofilamentos. Pode ser fisiológica ou patológica. A hipertrofia comumente cursa com hiperplasia. Ex1) Braço de Ferreiro: Hipertrofia unilateral do músculo trabalhado. É uma hipertrofia fisiológica. Ex2) Hipertrofia Cardíaca Ventricular Esquerda: Uma hipertensão gera uma sobrecarga ventricular esquerda de até 500g, sendo que o normal é de 350g, o que diminui a cavidade ventricular, e gera uma insuficiência cardíaca. É uma hipertrofia patológica. Ex3) Hipertrofia Compensadora (Vicariante): Com a perda de um órgão o outro análogo hipertrofia-se para tentar compensar, característico do rim. Não acontece em todos os órgãos pares. É uma hipertrofia fisiológica, que ocorre após um processo patológico de perda de um órgão. As duas principais vias que estão envolvidas no mecanismo da hipertrofia são: fosfoinositídio 3-cinase/Akt (mais importante na hipertrofia fisiológica do exercício) e a de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores (induzida por fatores de crescimento e substâncias vasoativos, mais importantes na hipertrofia patológica). Uso de barbitúricos: Geram hipertrofia REL dos hepatócitos, e aumenta a quantidade de enzimas disponíveis para desintoxicar as drogas. E com o decorrer do tempo os pacientes respondem menos às drogas por causa dessa adaptação. 33 HIPERPLASIA É o aumento do volume de um órgão ou tecido à custa do aumento do número de células. O tecido muscular pode sofrer hiperplasia. a) Hiperplasia Fisiológica 1. Hiperplasia Hormonal: Aumenta a capacidade funcional de um tecido quando necessário. Ex: Ocorre no útero e nas mamas durante a gravidez. 2. Hiperplasia Compensatória: Aumenta a massa do tecido após lesão ou ressecção parcial. Ex: Regeneração hepática após um transplante. b) Hiperplasia Patológica A maioria das formas é causada por excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando em células-alvos. Pode ocorrer na endometriose (pólipos no útero, causada por indução hormonal, que causam sangramento menstrual anormal), uma hiperplasia de próstata benigna (multiplicação de glândulas e estroma), hiperplasia de gânglios linfáticos aumentados nas zonas de drenagem das inflamações (“íngua”). A hiperplasia patológica também pode ser resposta a certas infecções virais, como o papilomavírus que causam verrugas cutâneas e várias lesões de mucosa compostas por massas de epitélio hiperplásico, é estimulado por fatores de crescimento. METAPLASIA É a transformação de um tipo celular maduro (mais especializado e menos resistente) em outro tecido, também maduro, e de mesma linhagem embriológica, ou seja, é um tecido normal causado por uma anormalidade no tecido verdadeiro. A metaplasia pode ser reversível quando o estimulo para a formação do novo tecido cessa. Se a metaplasia vier de uma agressão celular ela é patológica. A agressão mecânica pode ser um desencadeante da metaplasia, como por exemplo, irritação pelo calor (como chimarrão e chá quente), irritação química ou inflamação crônica. LEUCOPLASIA: É uma metaplasia em mucosas. São exemplos de metaplasia: a) Transformação do epitélio pseudo-estratificadociliado brônquico em epitélio escamoso devido ao fumo excessivo. A deficiência de vitamina A (ácido retinóico) também estimula a metaplasia escamosa no epitélio respiratório. b) Transformação do epitélio colunar do colo do útero para epitélio escamoso em inflamações como vaginites ou vaginoses. 34 c) Transformação do epitélio escamoso do esôfago em epitélio glandular na doença do refluxo gastroesofágico. Formação do EPITÉLIO DE BARRET, um epitélio precursor de um carcinoma (adenocarcinoma), que está no terço distal do esôfago e tem uma alta probabilidade de transformar-se em uma neoplasia, ou se tornar uma região ulcerosa. d) Formação de tecido conjuntivo (cartilagem, ossos ou tecido adiposo) em tecidos que normalmente não contem esses elementos, como na miosite ossificante que é a formação de osso no tecido muscular, que pode ocorrer depois de uma hemorragia intramuscular. DISPLASIA É um crescimento desordenado do tecido. A displasia é uma lesão pré-cancerosa (maior potencial agressivo), porém nem sempre ela é progressiva (geralmente é), e o que determina essa progressão é o ERRO CELULAR. Elas podem ser reversíveis (com ou sem tratamento) e costumam preceder certas neoplasias malignas. a) Displasia de Baixo Grau: Células displásicas na base. Pode demorar cinco anos para tornar-se uma neoplasia. b) Displasia de Alto Grau: Células displásicas em todas as camadas do epitélio, próximo da evolução em carcinoma in situ (câncer sem capacidade de metástase porque não têm vasos, 100% curável quando se retira toda a lesão, entretanto pode ser maligno). Caracteriza-se por uma constelação de transformações celulares, que incluem: 1. Perda da uniformidade celular individual; 2. Perda da sua orientação arquitetural; 3. Pleomorfismo considerável; 4. Sem uniformidade normal do tecido. a) Núcleos hipercromáticos, com concentração de cromatina. b) Núcleos com aumento do volume -> Cariomegalia (aumento da carioteca). c) Mitoses mais frequentes e anormais (patológicas). Características das Células Displásicas Aumento conspícuo da razão núcleo/citoplasma; Anisocoriose: Células com diferentes formas e diferentes tamanhos dos núcleos; Hipercromasia Nuclear: Por aumento do material genético. Espessamento da membrana nuclear: Visto opticamente. Concentração da cromatina: Tendem a formar grumos, não deixando um aspecto uniforme. Presença eventual de binucleação, e nucléolos visíveis. 35 INFLAMAÇÃO É um mecanismo de defesa (efeito benéfico) que tenta neutralizar, diminuir ou excluir qualquer organismo ou lesão alheia do organismo. É desencadeada pelos mesmos eventos que desencadeiam uma lesão celular. A inflamação é uma reação complexa em tecidos que consiste principalmente nas respostas dos vasos sanguíneos (proteínas plasmáticas) e leucócitos. A inflamação é uma reação local na área lesada na forma de fenômenos irritativos, vasculares e exsudativos, podendo acompanhar-se de manifestações regionais ou sistêmicas. A inflamação é, portanto, uma reação dos tecidos vascularizados à lesão, e esta reação se desenvolve na microcirculação, com diferenciação dessa vascularização sanguínea da região. Os tecidos não vascularizados agem de uma forma secundária a inflamação. A inflamação esta intimamente ligada ao reparo tecidual, que começa com a destruição do agente lesivo e começa na fase aguda (fase ativa). Obs.: Os leucócitos (um dos principais mediadores da inflamação) agem sobre diferentes agentes flogísticos. E muitas vezes a reação inflamatória se dá de maneira exagerada, por isso usa-se tratamento com antiflamatório. SINAIS DE CELSUS: DOR, CALOR, RUBOR E TUMOR. São os quatro sinais cardinais do maior afluxo de sangue decorrente do processo de inflamação, mais encontrado na forma aguda do que na forma crônica. Tumor é qualquer aumento localizado de volume. Mais adiante, Virchow nomeia o 5º sinal cardinal da inflamação: PERDA DA FUNÇÃO. E Lewis descobre sobre os mediadores químicos da inflamação, que são aqueles que modulam a reação inflamatória. Hunter viu que a inflamação não é doença, mas uma resposta inespecífica do organismo. Metchinokoff verificou o processo de fagocitose na inflamação. EXSUDATO: É característico da inflamação. Tem densidade alta devido as proteínas. É resultado da luta entre os fatores agressivos e os fatores de defesa do organismo. TRANSUDATO: Pouco comum, tem baixa densidade, pois a parede vascular esta íntegra. EDEMA: Pode ser causada por exsudato ou transudato. PUS: Exsudato rico em neutrófilos e piócitos, por causa de restos celulares parenquimatosos. 36 INFLAMAÇÃO AGUDA A inflamação aguda é de curta duração (24-48h) e de rápida instalação, ela geralmente segue os cinco sinais cardinais. É estereotipada, pois os eventos iniciais da inflamação se desenvolvem geralmente da mesma forma, têm edema por fenômenos vasculares exsudativos devido à vasodilatação realizada após a lesão. Os neutrófilos (polimorfonucleados) são as primeiras células a chegar ao local da lesão celular para iniciar o processo de formação da inflamação. As reações inflamatórias agudas podem ser disparadas por uma variedade de estímulos: a) Infecções: Bacteriana, viral, fúngica, parasítica e toxinas microbianas. Os principais receptores de microrganismos são os do tipo Toll (TLRs). b) Necrose Tecidual: Isquemia, trauma, injúria física ou química. c) Corpos Estranhos: Começam a inflamação porque causam injúria tecidual traumática ou transportam micróbios. d) Reações Imunes: Pode ser uma doença autoimune ou uma reação excessiva contra uma substância agressora. O objetivo da inflamação é colocar proteínas plasmáticas e células circulantes para fora da circulação com dever de combater a inflamação, formando um exsudato. 1. ALTERAÇÕES VASCULARES Aumenta o calibre dos vasos e o fluxo sanguíneo. As alterações vasculares seguem, geralmente, uma sequência: Ocorre, primeiramente, uma vasocontrição das arteríolas pela ação da endotelina. Então, o fenômeno característico da inflamação (VASODILATAÇÃO) ocorre pela ação da histamina e óxido nítrico. A vasodilatação permite um aumento da pressão hidrostática do sangue, um aumento do fluxo sanguíneo (causa do calor e vermelhidão), uma contração do citoesqueleto endotelial e um aumento dos poros do endotélio (EXSUDAÇÃO). Ocorre uma transudação rápida, com saída para o plasma, o que diminui a concentração dos elementos celulares, de sódio e de proteínas. Mas logo essa transudação dá origem a uma exsudação pelo espassamento do endotélio. O fluxo sanguíneo sofre uma estase (fluxo lento -> pequenos vasos repletos de hemácias -> empilhamento de hemácias -> viscosidade aumentada). E com essa diminuição do fluxo ocorre marginação leucocitária (posição periférica), o que deixa as hemácias menores se deslocar mais rápido no centro do vaso. Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight 37 2. Aumento da Permeabilidade Vascular O principal fator para aumento da permeabilidade vascular é a contração da célula endotelial resultando em espaços interendoteliais aumentados, realizado pela histamina, bradicinina, óxido nítrico, leucotrienos, substância P e outros mediadores químicos na chamada resposta transitória imediata. A contração das células endoteliais ocorrer mais nas vênulas. Além disso, ocorre uma reorganização do citoesqueleto (a célula permanece inalterada, só muda a sua forma). Lesão Endotelial Direta: Encontrado em injúrias graves (queimaduras e algumas toxinas microbianas), permite a saída de líquido rico em proteínas-> EXSUDATO. Injúria Vascular: É a lesão endotelial mediada por leucócitos (marginação leucocitária). Associada com estágios tardios da inflamação. Transcitose: É o transporte aumentado de fluídos e proteínas. Dá um arranjo ordenado das vesículas leucocitárias no citoplasma, formando vacúolos e, posteriormente, formando canais (VEFG). São fenômenos celulares que ajudam na instalação do EDEMA por EXSUDATO. 3. Eventos Celulares 1. Marginação Leucocitária: Configuração periférica que os leucócitos assumem durante o processo inflamatório. 2. Aderência: Os leucócitos após chegarem na periferia do vaso aderem-se as celulas endoteliais, após realizarem o rolamento por ação das selectinas. A firme adesão é realizada pelas integrinas. 3. Migração: As células endoteliais biologicamente mais ativas passam a apresentar receptores na superfície, e com isso os leucócitos atravessam realizando a diapedese. 4. Quimiotaxia: Migração ordenada das células por um fator de atração que podem ser exógenos (produtos bacterianos) ou endógenos (C5a, leucotrieno B4, citocinas -> quimiocinas). 5. Fagocitose: Reconhecimento e adesão de partícula estranha (opsonização, opsoninas, IgG, C3b). Ocorrem naturalmente e tem a capacidade de reconhecer e fazer o englobamento da partícula estranha (regurgitação e lançamento de muitas enzimas lisossomais). Após isso ocorre degradação da partícula estranha. Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight 38 Obs: Macrófagos clássicos: disparam o processo de inflamação. Macrófagos alternativamente ativados: funcionam para limitar as reações inflamatórias. Obs: Reconhecimento dos microrganismos e tecidos mortos pelos leucócitos: receptores do tipo Toll, receptores acoplados a proteínas G, receptores para opsoninas e receptores para citocinas. Obs: Lesão Celular Induzida por Leucócitos: Produtos leucocitários agem não somente no fagolisossomo, mas também no espaço extracelular, promovendo dano celular. Defeitos nas funções dos leucócitos 1. Defeitos herdados na adesão dos leucócitos: Deficiência na adesão de leucócitos tipo I têm um defeito na biossíntese da cadeia β2 compartilhada pelas integrinas LFA-1 e Mac-1. Deficiência na adesão de leucócitos tipo II consequente a mutações na fucosil- transferase requerida para a síntese de oligossacarídeos sialilados (ligante para as selectinas). Principal problema: Infecções microbianas recorrentes. 2. Defeitos herdados na função do fagolisossoma: Síndrome de Chédiak-Higashi, condição autossômica recessiva caracterizada pela fusão defeituosa do fagossomo com o lisossomo. 3. Defeitos herdados na atividade microbicida: Doença Granulomatosa Crônica que é caracterizada por defeitos na morte microbiana, tornando suscetíveis a infecções recorrentes. Problema no gene fagócito-oxidase. 4. Deficiências adquiridas: Supressão da Medula Óssea que leva a redução na produção de leucócitos. MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO Os mediadores químicos são gerados a partir de células (sequestrados em grânulos intracelulares e secretados por exocitose) ou de proteínas plasmáticas (produzidas principalmente no fígado e presentes na circulação na forma inativa). Esses mediadores químicos são produzidos em resposta a vários estímulos, e um mediador pode estimular a liberação de outros mediadores da inflamação. Os mediadores químicos variam os seus alcances de alvos celulares (seletividade celular) e uma vez ativados e liberados da célula, a maioria desses mediadores tem curta meia-vida. MEDIADORES DERIVADOS DE CÉLULAS 1. AMINAS VASOATIVAS: HISTAMINA E SEROTONINA. Estão entre os primeiros mediadores a serem liberados na inflamação. As fontes mais ricas de histamina são os mastócitos (liberada através da desgranulação dos mastócitos), também sendo encontrada nos basófilos e plaquetas. A serotonina está presente nas plaquetas e em certas células neuroendócrinas. Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight 39 A HISTAMINA causa dilatação arteriolar e aumenta a permeabilidade das vênulas, é considerado o principal mediador da fase transitória imediata. A SEROTONINA é liberada quando as plaquetas se agregam após o contato com colágeno, trombina, ADP, e complexos anticorpo-antígeno. Ela aumenta a permeabilidade vascular. 2. METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO (AA): PROSTAGLANDINAS, LEUCOTRIENOS E LIPOXINAS. O ÁCIDO ARAQUIDÔNICO é um ácido graxo poli-insaturado com 20 carbonos. Estímulos liberam o AA da membrana fosfolipídica através da ação de fosfolipases celulares, principalmente a A2, que aumentam o cálcio citoplasmático e ativam várias cinases. As ciclo- oxigenases dão origem às prostaglandinas e as lipoxigenases dão origem aos leucotrienos e lipoxinas. As PROSTAGLANDINAS são produzidas por mastócitos, macrófagos, células endoteliais, entre outros, através da ação da COX1 (responsável pela produção de prostaglandinas de função inflamatória e hemostática) e da COX2 (responsável pela produção de prostaglandinas com função apenas inflamatória, sua inibição inclina para a produção de tromboxano -> trombose vascular). O tromboxano, um tipo de prostaglandina, é um importante agente agregante plaquetário e vasoconstritor é um mediador instável que logo retorna a sua forma inativa. Já a prostaciclina é formada no endotélio vascular, é vasodilatadora, potente inibidor plaquetário, e potencializa o aumento na permeabilidade vascular e os efeitos quimiotáticos de outros mediadores. A PGD2 é a principal prostaglandina produzida pelos mastócitos, causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade vascular, ajudando na formação do edema. Além disso, as prostaglandinas estão envolvidas na patogenia da dor e da febre durante a inflamação. Os LEUCOTRIENOS são secretados principalmente pelos leucócitos, sendo quimioatraentes para estas células. O leucotrieno B4 é um potente agente quimiotático, causa agregação e adesão das células ao endotélio vascular, geração de ERO (espécie reativa de oxigênio) e liberação de enzimas lisossômicas. O leucotrienos C4, D4 e E4 são vasoconstritores, broncoespasmáticos e aumenta a permeabilidade vascular (restrito às vênulas, e são muito mais potentes que a histamina). As LIPOXINAS são inibidoras da inflamação, inibindo o recrutamento de leucócitos e os componentes celulares da inflamação (inibindo a quimiotaxia e a adesão dos neutrófilos ao endotélio). É produzida pela ação conjunta entre leucócitos e plaquetas. 3. FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS (PAF) Derivado de fosfolipídeo, o PAF é produzido por plaquetas, basófilos, mastócitos, entre outros. O PAF realiza agregação plaquetária, vasoconstrição e broncoconstrição, entretanto em concentrações baixas realiza vasodilatação e aumento na permeabilidade venular com uma potência muito maior que da histamina. Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight Allan Highlight 40 O PAF também causa aumento na adesão de leucócitos ao endotélio (através da integrina), quimiotaxia, desgranulação (para liberação de prostaglandinas) e explosão oxidativa. 4. ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO A produção é dependente do NADPH oxidase. O ânion superóxido (O2-), o peróxido de hidrogênio (H2O2) e a radical hidroxila (OH-) são as principais espécies produzidas dentro da célula. E o O2- se combina com o NO para formar as
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